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UNIVERSIDADE POTIGUAR – UnP PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA – NEaD Contabilidade Básica II Livro-texto EaD Natal/RN 2011 V877c Voges, Elaine Cristina Rodrigues. Contabilidade Básica II / Elaine Cristina Rodrigues Voges. – Natal: Edunp, 2011. 264p. : il.; 20 cm Ebook – Livro eletrônico disponível on-line. IBSN 978-85-8257-002-9 1. Contabilidade Básica. I. Título. RN/UnP/SIB CDU 657 DIRIGENTES DA UNIVERSIDADE POTIGUAR – UnP Reitoria Sâmela Soraya Gomes de Oliveira Pró-Reitoria de Graduação e Ação Comunitária Sandra Amaral de Araújo Pró-Reitoria de Pesquisa, Extensão e Pós-Graduação Aarão Lyra NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA DA UNIVERSIDADE POTIGUAR – UnP Coordenação Geral Barney Silveira Arruda Coordenação Acadêmica Luciana Lopes Xavier Coordenação Pedagógica Edilene Cândido da Silva Design Instrucional Priscilla Carla Silveira Menezes Coordenação de Produção de Recursos Didáticos Michelle Cristine Mazzetto Betti Revisão de Linguagem e Estrutura em EaD Priscilla Carla Silveira Menezes Thalyta Mabel Nobre Barbosa Úrsula Andréa de Araújo Silva Gravação e Edição de Vídeos Michelle Cristine Mazzetto Betti Coordenação de Logística Helionara Lucena Nunes Supervisão de Logística (Mossoró) Fábio Pereira da Silva Apoio Acadêmico Flávia Helena Miranda de Araújo Thalyta Mabel Nobre Barbosa Úrsula Andréa de Araújo Silva Assistente Administrativo Eliane Ferreira de Santana Gibson Marcelo Galvão de Sousa Miriam Flávia Medeiros de Araújo Ricardo Luiz Quirino da Silva Elaine Cristina Rodrigues Voges Contabilidade Básica II 1a Edição Natal/RN 2011 EQUIPE DE PRODUÇÃO DE RECURSOS DIDÁTICOS Organização Luciana Lopes Xavier Michelle Cristine Mazzetto Betti Coordenação de Produção de Recursos Didáticos Michelle Cristine Mazzetto Betti Revisão de Linguagem e Estrutura em EaD Thalyta Mabel Nobre Barbosa Ilustração do Mascote Lucio Masaaki Matsuno EQUIPE DE PRODUÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO Delinea - Tecnologia Educacional Coordenação Pedagógica Margarete Lazzaris Kleis Coordenação de Editoração Charlie Anderson Olsen Larissa Kleis Pereira Coordenação de Revisão Gramatical e Normativa Simone Regina Dias Eduard Marquardt Revisão Gramatical e Normativa Jacqueline Iensen Coordenação de Diagramação Alexandre Alves de Freitas Noronha Diagramação Regina C. Cortellini Ilustrações Alexandre Beck ELAINE CRISTINA RODRIGUES VOGES Caro aluno! Sou graduada em Ciências Contábeis pela Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul) e especialista em Auditoria de Gestão Empresarial pela Faculdade Estácio de Sá. Atualmente, leciono no ensino superior, nas modalidades presencial e a distância, em instituições privadas para os cursos de graduação, nas áreas de Contabilidade Geral, Contabilidade Comercial, Contabilidade de Custos, Elaboração e Análise das Demonstrações Contábeis, Controladoria e Auditoria, tanto para o curso de Ciências Contábeis quanto para o curso de Administração. Tenho experiência na implantação de sistemas de Custos de Produções, Gerenciamento de Escritório Contábil e Controladoria Pública e Privada. Atuo também na área de Gestão Pública. CO N H EC EN D O O A U TO R CONTABILIDADE BÁSICA II Bem-vindo! É com muita satisfação que apresento a você, aluno, a disciplina de Contabilidade Básica II, cujo objeto de estudo são as tecnologias da informação que possibilitam a utilização de diversas técnicas para elaborar as demonstrações contábeis. Muito além da apresentação das técnicas para a elaboração do Balanço Patrimonial e das demonstrações de resultado do exercício, das mutações do Patrimônio Líquido, de Fluxo de Caixa, do valor adicionado e das notas explicativas, a disciplina de Contabilidade Básica II está intimamente relacionada com o aprimoramento das técnicas de evidenciação para melhor satisfazer as necessidades dos usuários das informações contábeis. Como você pode perceber, o mundo empresarial vem passando ao longo dos anos por diversas transformações que afetam, diretamente, a estrutura organizacional, exigindo dos gestores, agilidade e flexibilidade da informação para a tomada de decisão. Diante desse contexto, nesta disciplina, com o intuito de melhor aprofundá-la, foi necessário buscar contribuições das principais alterações na harmonização das práticas contábeis, os principais usuários dessas demonstrações, bem como suas necessidades, as novas exigências da legislação societária, quais os métodos para mensuração e o reconhecimento dos elementos contábeis. Espero que, após o estudo desta disciplina, você desenvolva habilidades para a elaboração das demonstrações contábeis em concordância com a legislação societária e princípios contábeis, mas também, e principalmente, capacidade para a gestão da informação na tomada de decisão. Saliento que a disciplina está dividida em oito capítulos. Desta forma, você terá uma ampla visão sobre as bases teóricas e práticas para a elaboração das Demonstrações Contábeis e Notas Explicativas. CO N H EC EN D O A D IS CI PL IN A Caro aluno, desejo a você bons estudos! SU M Á RI OCapítulo 1 - Balanço patrimonial ............................................................... 131.1 Contextualizando ........................................................................................................... 131.2 Conhecendo a teoria ..................................................................................................... 14 1.2.1 Balanço Patrimonial ........................................................................................... 15 1.2.2 Critérios de classificação dos elementos patrimoniais ........................... 26 1.2.3 Contas redutoras do Balanço Patrimonial .................................................. 32 1.2.4 Elaboração do Balanço Patrimonial .............................................................. 32 1.3 Aplicando a teoria na prática ..................................................................................... 40 1.4 Para saber mais ............................................................................................................... 41 1.5 Relembrando ................................................................................................................... 42 1.6 Testando os seus conhecimentos ............................................................................. 42 Onde encontrar ...................................................................................................................... 43 Capítulo 2 - Demonstração do resultado do exercício ............................. 45 2.1 Contextualizando ........................................................................................................... 45 2.2 Conhecendo a teoria ..................................................................................................... 45 2.2.1 Critérios contábeis básicos ............................................................................... 47 2.2.2 Critérios básicos de apresentação ................................................................ 50 2.2.3 Receitas .................................................................................................................... 62 2.2.4 Custos dos produtos vendidos e dos serviços prestados ...................... 63 2.2.5 Despesas ................................................................................................................. 67 2.3 Aplicando a teoria na prática ..................................................................................... 69 2.4 Para saber mais ...............................................................................................................70 2.5 Relembrando ................................................................................................................... 70 2.6 Testando os seus conhecimentos ............................................................................. 71 Onde encontrar ...................................................................................................................... 72 Capítulo 3 - Demonstração de lucros ou prejuízos acumulados ............. 75 3.1 Contextualizando ........................................................................................................... 75 3.2 Conhecendo a teoria ..................................................................................................... 76 3.2.1 Conteúdo e forma de elaboração .................................................................. 77 3.2.2 Forma de apresentação ..................................................................................... 81 3.2.3 Origem das parcelas ........................................................................................... 83 3.2.4 Substituição pela Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) .............................................................................. 97 3.3 Aplicando a teoria na prática ..................................................................................... 98 3.4 Para saber mais .............................................................................................................100 3.5 Relembrando .................................................................................................................100 3.6 Testando os seus conhecimentos ...........................................................................101 Onde encontrar ....................................................................................................................101 Capítulo 4 - Demonstração das mutações do patrimônio líquido ........ 103 4.1 Contextualizando .........................................................................................................103 4.2 Conhecendo a teoria ...................................................................................................104 4.2.1 Mutações das contas patrimoniais ..............................................................106 4.2.2 Técnica de preparação .....................................................................................109 4.2.3 Apresentação.......................................................................................................113 4.2.3 Companhias abertas .........................................................................................118 4.3 Aplicando a teoria na prática ............................................................................................................125 4.4 Para saber mais ......................................................................................................................................127 4.5 Relembrando ..........................................................................................................................................127 4.6 Testando os seus conhecimentos ....................................................................................................128 Onde encontrar .............................................................................................................................................129 Capítulo 5 - Demonstração do fluxo de caixa .............................................................131 5.1 Contextualizando ..................................................................................................................................131 5.2 Conhecendo a teoria ............................................................................................................................132 5.2.1 Métodos de elaboração ............................................................................................................134 5.2.2 Conteúdo dos métodos e definições ...................................................................................137 5.2.3 Classificação, componentes e estrutura .............................................................................144 5.2.4 Roteiro para elaborar os fluxos de caixa .............................................................................150 5.3 Aplicando a teoria na prática ............................................................................................................158 5.4 Para saber mais ......................................................................................................................................160 5.5 Relembrando ..........................................................................................................................................160 5.6 Testando os seus conhecimentos ....................................................................................................161 Onde encontrar .............................................................................................................................................161 Capítulo 6 - Demonstração do valor adicionado ........................................................163 6.1 Contextualizando ..................................................................................................................................163 6.2 Conhecendo a teoria ............................................................................................................................164 6.2.1 Entendendo o que é valor adicionado ................................................................................166 6.2.2 Estrutura e composição da DVA ............................................................................................173 6.2.3 Modelo Básico da DVA ..............................................................................................................182 6.3 Aplicando a teoria na prática ............................................................................................................190 6.4 Para saber mais ......................................................................................................................................192 6.5 Relembrando ..........................................................................................................................................192 6.6 Testando os seus conhecimentos ....................................................................................................193 Onde encontrar .............................................................................................................................................194 Capítulo 7 - Notas explicativas .....................................................................................195 7.1 Contextualizando ..................................................................................................................................195 7.2 Conhecendo a teoria ............................................................................................................................196 7.2.1 As notas explicativas conforme a Lei das Sociedades Anônimas e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) 197 7.2.2 Comentários sobre as notas da Lei das Sociedades Anônimas e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) 215 7.2.3 Outras notas explicativas .........................................................................................................219 7.2.4 Notas explicativas em demonstrações contábeis comparativas ...............................220 7.2.5 Normas Brasileiras de Contabilidade ...................................................................................222 7.3 Aplicando a teoria na prática ............................................................................................................223 7.4 Para saber mais ......................................................................................................................................2247.5 Relembrando ..........................................................................................................................................225 7.6 Testando os seus conhecimentos ....................................................................................................225 Onde encontrar .............................................................................................................................................226 Capítulo 8 - Sociedades comerciais .............................................................................227 8.1 Contextualizando ..................................................................................................................................227 8.2 Conhecendo a teoria ............................................................................................................................228 8.2.1 Deveres legais do contador .....................................................................................................229 8.2.2 Empresa comercial .....................................................................................................................235 8.2.3 Principais alterações nas normas e práticas contábeis .................................................242 8.2.4 Livros obrigatórios e auxiliares ..............................................................................................247 8.2.5 Sistema de escrituração digital ..............................................................................................253 8.3 Aplicando a teoria na prática ............................................................................................................258 8.4 Para saber mais ......................................................................................................................................258 8.5 Relembrando ..........................................................................................................................................259 8.6 Testando os seus conhecimentos ....................................................................................................261 Onde encontrar .............................................................................................................................................262 Referências ....................................................................................................................263 Capítulo 1 13 Contabilidade Básica II Balanço patrimonial CAPÍTULO 1 1.1 Contextualizando Caro aluno, neste capítulo pretendo demonstrar a você, além das técnicas de elaboração do Balanço Patrimonial, as principais alterações ocorridas nos últimos anos nas práticas contábeis, que correspondem à normatização da contabilidade em consonância com o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC). Importante também apresentar a Norma Brasileira de Contabilidade Técnica (NBC-T 1), denominada estrutura conceitual para a elaboração e apresentação das demonstrações contábeis. Portanto, o texto se constitui dos seguintes tópicos: estrutura do Balanço Patrimonial; critérios de classificação dos elementos patrimoniais; contas redutoras do Balanço Patrimonial; elaboração do Balanço Patrimonial. Ao fim deste capítulo, você deverá estar apto a: • identificar as características e elementos conceituais do Balanço Patrimonial; • identificar os principais usuários das demonstrações contábeis e suas necessidades informais; • distinguir os elementos necessários para mensuração e reconhecimento dos fatos administrativos que devem ser contabilizados. Capítulo 1 14 Contabilidade Básica II 1.2 Conhecendo a teoria Você já pensou sobre o significado de patrimônio? Se não, chegou o momento de aprofundar seus conhecimentos. É muito importante compreender que a sua participação como aluno é fundamental para melhor aproveitar esta disciplina. Vamos começar? Conforme Marion (2008), patrimônio é o conjunto de bens, direitos e obrigações de uma determinada entidade, pessoa física ou jurídica. Como você pode observar, o conceito de patrimônio abrange os bens, os direitos e também as obrigações, vinculados a uma entidade (pessoa física ou jurídica). Os bens correspondem a tudo que pode ser avaliado economicamente; logo, bens são todos os objetos de uma empresa que sejam para uso, troca ou consumo, assim como os computadores, máquinas, equipamentos, software, móveis, imóveis etc. Os bens podem ser classificados em tangíveis (aqueles que possuem existência física, são corpóreos, são palpáveis, como por exemplo, móveis, veículos etc.) e intangíveis (aqueles que não possuem existência física, ou seja, não são palpáveis – softwares, patentes, marcas etc.). SAIBA QUE Ainda tratando do patrimônio da entidade, temos os direitos que correspondem aos valores a receber de terceiros. Esses direitos normalmente são denominados seguidos da expressão “a receber”. Como por exemplo, duplicata a receber, promissória a receber etc. Você percebe que deve considerar obrigações como patrimônio de uma empresa? Logo, as obrigações significam os compromissos que a empresa assumiu com terceiros, ou seja, dívidas a pagar. E para esse conceito podemos citar: fornecedores a pagar, contas a pagar, impostos a pagar, salários a pagar etc. Observe que, na denominação das obrigações usa-se a expressão “a pagar”. Capítulo 1 15 Contabilidade Básica II Figura 1 – Patrimônio da empresa Fonte: <www.sxc.hu> Segundo Crepaldi (1995), a contabilidade é uma ciência concebida para coletar, registrar, resumir e interpretar dados e fenômenos que afetam as situações patrimoniais, financeiras e econômicas de qualquer entidade. Você pode observar a amplitude dos estudos do patrimônio da entidade e o quanto a contabilidade auxilia no controle e na geração de informações para a tomada de decisão. Isto é ressaltado por Chiavenato (1999) quando afirma que o controle representa o acompanhamento, monitoramento e avaliação do desempenho organizacional para verificar se as coisas estão acontecendo de acordo com o que foi planejado, organizado e dirigido. Em tempo, a contabilidade possui um demonstrativo que possibilita a consolidação de todos os registros sobre a movimentação do patrimônio da entidade. Partindo disso, apresenta-se no tópico a seguir a estrutura do Balanço Patrimonial. 1.2.1 Balanço Patrimonial A estrutura onde os bens e os direitos são registrados no lado do ativo e as obrigações no lado do passivo denomina-se Balanço Patrimonial. Neste sentido, você pode observar que o registro do patrimônio da entidade é realizado de forma organizada e estruturada. No quadro a seguir apresento os itens que compõem bens, direitos e obrigações. Capítulo 1 16 Contabilidade Básica II Quadro 1 – Balanço Patrimonial BALANÇO PATRIMONIAL Bens Caixa Bancos Estoque Máquinas Marcas Veículos Direitos Contas a Receber obrigações Fornecedores a pagar Empréstimos bancários a pagar Salários a pagar Impostos a pagar Encargos sociais a pagar Fonte: adaptado de Marion (2008) O nome balanço surgiu da ideia de equilíbrio entre as contas, ou seja, o ativo e o passivo devem obter uma igualdade na estrutura elaborada, ativo igual a passivo (IUDICIBUS; MARION, 2002). Para Marion (2008), o Balanço Patrimonial é o mais importante relatório gerado pela contabilidade. Por meio dele, pode-se identificar a saúde financeira e econômica da empresa no fim do ano ou em qualquer data prefixada. PRATICANDO O que você diria sobre a saúde financeira das suas contas? Você está acumulando lucro ou prejuízo? Com as informações que já possui, elabore um balanço do seu patrimônio. O resultado poderá lhe indicar caminhos para saldaras dívidas e começar a acumular capital. O Balanço Patrimonial é considerado um dos principais relatórios na contabilidade, por isso quando se necessita de uma análise mais criteriosa, é fundamental procurar complementar as informações por meio de detalhamentos dos grupos deste balanço, como, por exemplo, as contas clientes, fornecedores, estoques, imobilizado etc., de acordo com o objetivo da análise. Capítulo 1 17 Contabilidade Básica II Os autores Iudícibus e Marion (2002) destacam que o balanço é uma sombra do passado que se projeta para o futuro. Os analistas deverão fazer as estimativas necessárias para ajustar o balanço às mudanças nas expectativas e transações. O que você pode concluir com isso? Que o Balanço Patrimonial reflete a posição do patrimônio em determinado instante, ou seja, é um relatório estático. Caro aluno, se o balanço reflete a situação financeira da entidade em determinado momento, podemos concluir que, a cada alteração de patrimônio registrada, temos um novo balanço. Isto é afirmado por Padoveze (2000) quando ele diz que o Balanço Patrimonial é um relatório que evidencia o patrimônio de uma entidade em determinado instante, e isso implica dizer que, no instante seguinte, um novo fato poderá alterar esse balanço. É importante que você tenha isso muito claro: o Balanço Patrimonial pode ser alterado a partir do cenário onde está inserido. Cabe destacar ainda que o Balanço Patrimonial mostra apenas os fatos registráveis, segundo os princípios contábeis, ou seja, os fatos objetivamente mensuráveis em dinheiro, como compras, vendas, pagamentos, recebimentos, depósitos, débito em conta, despesas incorridas, receitas faturadas etc. deixando de lado uma série inumerável de fatos, como marcas, participação de mercado, imagem, tecnologia etc. (MATARAZZO, 2003). Logo, caro aluno, podemos resumir que se o Balanço Patrimonial é uma representação estática do patrimônio, é também um reflexo da movimentação financeira da entidade em determinado momento. Com as informações a seguir e a observância de aspectos qualitativos e quantitativos, elabore o Balanço Patrimonial da Sr. José das Contas do mês de abril de 2011: Quadro 2 – Elenco dos gastos do Sr. José das Contas GASTOS DO SR. JOSé DAS CONTAS Prestações a pagar 180,00 Dinheiro no bolso 100,00 Salário a receber 980,00 Saldo banco conta corrente 750,00 Saldo poupança 1.200,00 Capítulo 1 18 Contabilidade Básica II Financiamento da casa a pagar 35.800,00 Mensalidade escola a pagar 480,00 Computador 3.500,00 Casa 80.000,00 Impostos a pagar 130,00 Plano de saúde a pagar 320,00 Veículo 20.000,00 Fonte: Voges (2011) A partir de agora, vamos aprofundar o estudo do patrimônio, no que diz respeito às configurações do Balanço Patrimonial e os estados qualitativos patrimoniais. Composição patrimonial Ao analisar qualitativamente o patrimônio de uma entidade, você percebe que este possui uma parte boa (positiva) e outra ruim (negativa). Esta nomenclatura se altera contabilmente, sendo expressa da seguinte forma: ativo (a) = parte positiva (bens + direitos) passivo (p) = parte negativa (obrigações) Então, o Balanço Patrimonial do Sr. José das Contas, elaborado anteriormente, ficaria assim representado: Capítulo 1 19 Contabilidade Básica II Quadro 3 – Balanço Patrimonial do Sr. José das Contas BALANÇO PATRIMONIAL – SR. JOSé DAS CONTAS – PERÍODO: ABRIL 20XX Ativo passivo Bens Caixa Bancos Estoque Máquinas Marcas Veículos Direitos Salario a Receber 100,00 750,00 1.200,00 3.500,00 80.000,00 20.000,00 980,00 obrigações Financiam. Casa a pagar Mensaidade escola a pagar Impostos a pagar Plano de Saúde a pagar Prestações a pagar patrimônio líquido Lucros 35.800,00 480,00 130,00 320,00 180,00 69.6200,00 total do ativo 106.530,00 total do passivo 103.530,00 Fonte: Voges (2011) O Balanço Patrimonial sempre deverá estar identificado com o nome da entidade e período apurado. SAIBA QUE Ao analisar a estrutura do Balanço Patrimonial do Sr. José das Contas, você nota que o total dos itens positivos (ativo = bens + direitos) é bem maior que o total dos itens negativos (passivo = obrigações), revelando uma diferença entre ambos de R$ 69.620,00 (106.530,00 – 36.910,00) que representa o lucro ou superávit do dinheiro investido pelo Sr. José das Contas. Contudo, o lucro ou superávit também possui uma representação dentro do Balanço Patrimonial a qual chamamos de Patrimônio Líquido. Desta forma, o Balanço Patrimonial do Sr. José das Contas ficará representado assim: Observe também que agora o total do ativo (positiva) está igual ao total do passivo (negativa), onde se pode concluir que: patrimônio (PL) = ativo – Capítulo 1 20 Contabilidade Básica II passivo, ou ainda, patrimônio (PL) = bens + direitos – obrigações. Essas fórmulas são denominadas de equação patrimonial. Contudo, para que haja equilíbrio entre os dois lados do Balanço Patrimonial, surge o Patrimônio Líquido ou também denominado, situação líquida, que demonstra o retorno ou a riqueza do patrimônio em questão. Aqui, dê atenção para este detalhe: a contabilidade existe de forma individual (por entidade), ou seja, a diferença está entre as diversas formas de transações econômico-financeiras efetuadas. E, para a elaboração do Balanço Patrimonial, é necessária a execução de lançamentos contábeis, registrando em contas específicas e livros as operações da entidade. Sendo assim, procure visualizar sempre o patrimônio da entidade por meio do Balanço Patrimonial, fazendo uma análise comparativa entre o ativo e o passivo, e como também a sua situação líquida demonstrada no Patrimônio Líquido. Situações e estados patrimoniais Observe, caro aluno, que no Balanço Patrimonial estudado até o momento, do Sr. José das Contas, o ativo está superior ao passivo, apresentando uma situação líquida positiva, ou seja, lucro. Mas, podemos ter casos onde a situação será inversa, como segue: • situação líquida positiva: ativo > passivo (a soma dos bens e direitos é maior que soma das obrigações); • situação líquida negativa: ativo < passivo (a soma dos Bens e Direitos é menor que soma das obrigações); • situação líquida nula: ativo = passivo (a soma dos Bens e Direitos é igual a soma das obrigações). Caro aluno, a partir deste momento vamos estudar o processo de contabilização, ou seja, como efetuar os registros no Balanço com base nos fatos administrativos ocorridos na empresa. Para isto, será aplicada a metodologia de balanços sucessivos, em que o aluno elabora o balanço a cada fato administrativo gerando pela empresa. Capítulo 1 21 Contabilidade Básica II Contabilizando com balanços sucessivos Neste momento, vamos proceder à contabilização das principais operações econômico-financeiras de uma entidade, por meio da metodologia de “balanços sucessivos”. Assim, ficará mais fácil entendermos todo o processo de modificação do patrimônio da entidade. Antes de iniciarmos a confecção dos balanços, precisamos ter o conhecimento de como as empresas são criadas. Toda empresa surge de uma grande ideia. Porém, para que a grande ideia se concretize, precisamos saber se o negócio a ser explorado é viável economicamente. Para isto, faz-se necessário um “Plano de negócio”, onde se obtém todas as variáveis favoráveis e desfavoráveis ao sucesso do empreendimento, como, por exemplo: clientes por região, aceitabilidade do produto/serviço, possíveis fornecedores, ponto comercial, entre outras. Outro estudo deve ser quanto ao investimento (capital) disponível e necessário para dar inícioàs atividades. Existem diversos conceitos de capital. Mas inicialmente basta entender que capital representa o investimento necessário para abrir o negócio, ou seja, é o recurso aplicado na empresa pelos sócios (proprietário ou donos). Contabilmente, é denominado de Capital Social ou Capital Subscrito ou ainda, Capital Nominal. • Contabilizando a criação de uma empresa: os senhores Pedro Pimenta e Ágil das Cruzes resolveram em 01/03/2008 abrir uma empresa. A empresa será denominada Cia. Aprendiz e terá um investimento inicial dos sócios de R$ 80.000,00. Tabela 1 – Balanço Patrimonial 1 BAlAnço PAtrimoniAl – CiA. APrendiz – 01.03.2008 Ativo PAssivo Caixa 80.000,00 patrimônio líquido Capital Social 80.000,00 total do ativo 80.000,00 total do passivo 80.000,00 Fonte: Voges (2011) Capítulo 1 22 Contabilidade Básica II Diante desta situação, temos o primeiro Balanço Patrimonial da empresa, onde os sócios fizeram um investimento inicial de 80.000,00 e em dinheiro. O recurso inicialmente aplicado ficou em caixa até que outra operação altere seu saldo. Sendo assim, também podemos dizer que temos uma origem proveniente dos sócios e uma aplicação colocada à disposição da empresa em caixa. • Contabilizando a aquisição de imóvel: no dia 05/03/2008 eles resolveram comprar um imóvel onde será instalada a sede da empresa. O imóvel será uma sala comercial no valor de R$ 30.000,00, com pagamento no ato. Tabela 2 – Balanço Patrimonial 2 BAlAnço PAtrimoniAl – CiA. APrendiz – 05.03.2008 Ativo PAssivo Caixa Sala Comercial 50.000,00 30.000,00 patrimônio líquido Capital Social 80.000,00 total do ativo 80.000,00 total do passivo 80.000,00 Fonte: Voges (2011) Observe que a empresa adquiriu o seu primeiro bem sendo pago totalmente à vista, com o recurso disponível em caixa. O Capital Social não sofreu alteração, pois os sócios apenas compraram um imóvel com o dinheiro do caixa. • Contabilizando a aquisição computadores: no dia 10/03/2008 eles decidem comprar dois computadores no valor de R$ 2.500,00 cada, com pagamento à vista. Capítulo 1 23 Contabilidade Básica II Tabela 3 – Balanço Patrimonial 3 BAlAnço PAtrimoniAl – CiA. APrendiz – 10.03.2008 Ativo PAssivo Caixa Sala Comercial Computadores 45.000,00 30.000,00 5.000,00 patrimônio líquido Capital Social 80.000,00 total do ativo 80.000,00 total do passivo 80.000,00 Fonte: Voges (2011) Verifica-se que a empresa adquiriu mais um bem sem precisar de novos investimentos dos sócios. Nota-se também que o seu Patrimônio Líquido ainda não sofreu alteração, ou seja, PL = A – P • Contabilizando a aquisição de móveis e utensílios: no dia 11/03/2008 os sócios resolvem comprar os móveis para a sede da empresa, num total de R$ 8.000,00 com pagamento em cinco parcelas. Tabela 4 – Balanço Patrimonial 4 BAlAnço PAtrimoniAl – CiA. APrendiz – 11.03.2008 Ativo PAssivo Caixa Sala Comercial Computadores Móveis 45.000,00 30.000,00 5.000,00 8.000,00 Contas a Pagar patrimônio líquido Capital Social 8.000,00 80.000,00 total do ativo 88.000,00 total do passivo 88.000,00 Fonte: Voges (2011) A empresa efetua a sua primeira compra a prazo. Logo, o passivo que até momento não havia sofrido nenhuma alteração, passou a ter a sua primeira conta registrada (contas a pagar). Nota-se que tanto o ativo quanto o passivo aumentaram em R$ 8.000,00, sendo que o PL continua o mesmo. Capítulo 1 24 Contabilidade Básica II PL = A – P PL = 88.000 (-) 8000 = 80.000 • Contabilizando a venda de um imóvel: no dia 15/03/2008 os sócios tomam a seguinte decisão, vender a sala comercial e ir para uma sede alugada. O valor da venda foi de R$ 32.000,00 sendo R$ 2.000,00 recebidos a vista e o restante a prazo. Tabela 5 – Balanço Patrimonial 5 BAlAnço PAtrimoniAl – CiA. APrendiz – 15.03.2008 Ativo PAssivo Caixa Duplicatas a Receber Computadores Móveis 47.000,00 30.000,00 5.000,00 8.000,00 Contas a Pagar patrimônio líquido Capital Social Lucro 8.000,00 80.000,00 2.000,00 total do ativo 90.000,00 total do passivo 90.000,00 Fonte: Voges (2011) O grande destaque nesta operação é para o lucro na venda do imóvel, o qual fez o patrimônio da empresa crescer. Destaque também para o aumento do PL para R$ 82.000. Caso a venda fosse realizada por R$ 28.000,00, a empresa teria um prejuízo de R$ 2.000,00, resultando num efeito negativo diante do patrimônio da empresa. Capítulo 1 25 Contabilidade Básica II Tabela 6 – Balanço Patrimonial 6 BAlAnço PAtrimoniAl – CiA. APrendiz – 01.03.2008 Ativo PAssivo Caixa Duplicatas a Receber Computadores Móveis 47.000,00 26.000,00 5.000,00 8.000,00 Contas a Pagar patrimônio líquido Capital Social Prejuízo 8.000,00 80.000,00 (2.000,00) total do ativo 86.000,00 total do passivo 86.000,00 Fonte: Voges (2011) • Contabilizando o pagamento da dívida: no dia 25/03/2008 os sócios quitam a 1ª parcela da compra adquirida no dia 11/03/2008. Tabela 7 – Balanço Patrimonial 7 BAlAnço PAtrimoniAl – CiA. APrendiz – 25.03.2008 Ativo PAssivo Caixa Duplicatas a Receber Computadores Móveis 45.400,00 30.000,00 5.000,00 8.000,00 Contas a Pagar patrimônio líquido Capital Social Lucro 6.400,00 80.000,00 2.000,00 total do ativo 88.400,00 total do passivo 88.400,00 Fonte: Voges (2011) A dívida adquirida foi no total de R$ 8.000,00, em 5 parcelas iguais, logo: => 8.000 ÷ 5 = 1.600 cada parcela. A origem de recurso é o caixa e a aplicações são as Contas a Pagar. • Contabilizando o recebimento de um direito: no dia 28/03/2008 a empresa recebe em dinheiro a primeira parcela da venda realizada no dia 15/03/2008. Capítulo 1 26 Contabilidade Básica II Tabela 8 – Balanço Patrimonial 8 BAlAnço PAtrimoniAl – CiA. APrendiz – 28.03.2008 Ativo PAssivo Caixa Duplicatas a Receber Computadores Móveis 50.400,00 25.000,00 5.000,00 8.000,00 Contas a Pagar patrimônio líquido Capital Social Lucro 6.400,00 80.000,00 2.000,00 total do ativo 88.400,00 total do passivo 88.400,00 Fonte: Voges (2011) A venda foi realizada em 6 parcelas iguais => 30.000 ÷ 6 = 5.000 cada parcela. Contudo, finalizamos por aqui a contabilização por meio de balanços sucessivos do mês de março de 2008 da atividade da empresa CIA APREDIZ, a qual obteve um ativo de R$ 88.400,00 e um passivo de R$ 6.400,00, logo, o Patrimônio Líquido de R$ 82.000,00. Agora, antes de aprofundar os conhecimentos sobre o processo de contabilização do Balanço Patrimonial, faz- se necessário o estudo dos critérios de classificação dos elementos patrimoniais. 1.2.2 Critérios de classificação dos elementos patrimoniais Caro aluno, neste momento, é com muita satisfação que aprofundamos os conhecimentos sobre os critérios de classificação dos elementos patrimoniais. A estrutura do Balanço Patrimonial é formada por um elenco de contas ordenadas em grupos e subgrupos conforme sua liquidação. Portanto, neste momento, percebe-se a necessidade de uma relação destas contas, denominado contabilmente, Plano de contas. O Plano de contas é um agrupamento ordenado de contas que serão utilizadas pela contabilidade de uma determinada empresa. Cada empresa possui um Plano de contas específico, o qual é constituído de acordo com seu porte e ramo de negócios. Capítulo 1 27 Contabilidade Básica II Para Marion (2008), o contador tem de planejar e participar da estruturação do Plano de contas, de maneira que a sua principal ferramenta seja criada para lhe possibilitaro melhor dos resultados no trato com as informações contábeis. O Plano de contas é constituído da descrição de cada conta, as quais são elencadas por grupo de contas e codificadas conforme a ordem liquidez no ativo, e ordem de exigibilidade no passivo. Ainda para Marion (2008, p. 62), colocando-se todas as contas de forma desordenada, ainda que respeitando as noções de passivo e ativo, somando-se caixa com máquinas, duplicatas a receber com veículos e assim por diante, haveria muita dificuldade para interpretar e analisar o balanço. Portanto, as contas no ativo serão classificadas seguindo a ordem de liquidez, ou seja, a conta que se transforma em dinheiro mais rápido, fique em primeiro lugar, e assim sucessivamente. Já para o passivo temos a classificação das contas por ordem de exigibilidade, ou seja, as contas que possuem prioridade de pagamento, conforme a data de vencimento do pagamento deve ser classificada em primeiro lugar. Contudo, percebe-se que não é a empresa que deve se adequar ao Plano de contas, mas sim o Plano de contas que se ajusta às necessidades da empresa. Diante do exposto, conclui-se que a construção do Balanço Patrimonial é feita com a classificação dos registros em quatro grandes grupos: Ativo Circulante, Ativo Não Circulante, Passivo Circulante e Passivo Não Ccirculante. Ativo Circulante Para Marion (2008, p. 63), “[...] o Ativo Circulante é o grupo que gera dinheiro para a empresa pagar suas contas a curto prazo. Esse grupo é conhecido como capital de giro, pois seus itens estão sempre se renovando”. O Ativo Circulante é subdividido em alguns grupos, dentre os quais, segundo a NBC-T 3.2, destacam-se: • disponível: são os recursos financeiros que se encontram à disposição imediata da Entidade, por exemplo: caixa e bancos; Capítulo 1 28 Contabilidade Básica II • direitos e créditos: são valores a receber decorrentes da atividade da empresa, como, por exemplo, vendas a prazo de mercadorias. São registrados nesse grupo também os títulos de crédito, quaisquer valores mobiliários e os outros direitos; • investimentos temporários: são as sobras disponíveis que podem ser aplicadas com a intenção de obter rendimento futuro, por exemplo: certificados de depósitos bancários, fundos de aplicação imediata, títulos do Banco Central etc; • estoques: são os valores referentes às existências de produtos ou mercadorias disponíveis para produção ou venda; • despesas antecipadas: são as aplicações em gastos que tenham realização no curso do período subsequente à data do Balanço Patrimonial, como, por exemplo, prêmios de seguro, assinaturas de jornais e/ou revistas etc. Ativo Não Circulante No Ativo Não Circulante são classificadas as demais contas que não poderiam ser classificadas no Ativo Circulante, pois seu prazo de vencimento ultrapassa 12 meses, como, por exemplo: créditos a receber, máquinas e equipamentos, veículos, investimentos permanentes em sociedade coligadas e/ou controladas etc. O Ativo Não Circulante é subdividido em: realizável a longo prazo, investimentos, imobilizado e intangível. Cabe destacar que, conforme a NBC-T 19.1, o imobilizado, o valor residual e a vida útil de um ativo imobilizado são revisados pelo menos ao final de cada exercício e, se as expectativas diferirem das estimativas anteriores, a mudança deve ser contabilizada como mudança de estimativa contábil, segundo a NBC-T 19.11 – Políticas Contábeis, Mudança de Estimativa e Retificação de Erro. No ativo intangível estão classificados os direitos que tenham por objeto bens incorpóreos destinados à manutenção da companhia ou exercidos com essa finalidade, como, por exemplo: softwares, patentes, direitos autorais, direitos sobre filmes cinematográficos, franquias, relacionamentos com clientes ou fornecedores, fidelidade de clientes, participação no mercado e direitos de comercialização, goodwil etc. Capítulo 1 29 Contabilidade Básica II Passivo Circulante No Passivo Circulante estão classificadas as obrigações da entidade com terceiros, cujo vencimento ocorrerá até 12 meses. Conforme Iudícibus, Martins e Gelbcke (2007), estas obrigações podem representar valores fixos ou variáveis, vencidos ou a vencer, em uma data ou em diversas datas futuras. O Passivo Circulante é subdividido em alguns grupos de obrigações. Os principais são: • fornecedores: decorrentes de compras de mercadorias ou produtos utilizados no processo de produção ou comercialização da entidade; • obrigações trabalhistas: representam os valores devidos aos empregados bem como encargos incidentes sobre os valores, como por exemplo, salários a pagar, férias a pagar, INSS e FGTS a pagar 13º salário a pagar etc; • obrigações fiscais: correspondem os compromissos assumidos junto ao governo federal, estadual e municipal oriundos das atividades de compra e venda de produtos, mercadorias e prestação de serviços, como, por exemplo, PIS, COFINS, IRPJ, CSLL, ICMS, ISS a pagar; • empréstimos e financiamentos: correspondem aos valores captados pela entidade junto a entidades financeiras. Por exemplo: empréstimos bancários, financiamentos etc. Passivo Não Circulante No Passivo Não Circulante são classificadas as obrigações da entidade com terceiros, cujo vencimento ocorrerá após 12 meses. Patrimônio Líquido Patrimônio Líquido representa o valor contábil da entidade, uma vez que: ativo (bens e direitos) menos passivo (obrigações) = Patrimônio Líquido. Segundo Perez e Begalli (2002), “O Patrimônio Líquido de uma empresa representa a riqueza pertencente aos proprietários [...] e está formalmente dividido em lei”. Esta divisão está demonstrada da seguinte forma: capital Capítulo 1 30 Contabilidade Básica II social, reservas de capital, ajustes de avaliação patrimonial, reservas de lucros e prejuízos acumulados. Apresenta-se a seguir, um modelo de Plano de contas: 1. Ativo 1.1 Ativo circulante 1.1.1 Ativo circulante – disponível 1.1.1.1 Ativo circulante – disponível – caixa 1.1.1.2 Ativo circulante – disponível – bancos 1.1.1.2.1 Ativo circulante – disponível – bancos – Banco do Brasil Tabela 9 – Planos de Contas PlAno de ContAs Código ContAs 1. 1.1 1.1.1 1.1.1.1 1.1.1.2 1.1.1.2.1 ATIVO ATIVO CIRCULANTE DISPONÍVEL Caixa Bancos Banco do Brasill Fonte: Voges (2011) Após os conhecimentos adquiridos sobre o Plano de contas, salienta-se que o Balanço Patrimonial é estruturado de acordo com as normas estabelecidas pela legislação brasileira. Sendo oportuno salientar que, recentemente, o Balanço Patrimonial sofreu mudanças significativas na sua estrutura e forma de apresentação com o advento da Lei 11.638/11 e Medida Provisória 449/08. A globalização dos negócios e os crescimentos dos investimentos estrangeiros fez com que surgisse a necessidade de unificar os demonstrativos financeiros, corroborando, então, com a adequação às melhores práticas contábeis internacionais – IASB (Internacional Accounting Standards Board). Outra classificação muito importante do Balanço Patrimonial diz respeito à tempestividade das contas, sendo essas classificadas entre circulante e não circulante. Para as contas do circulante, deve-se considerar os itens com prazo até 12 meses, de recebimento ou pagamento. Para aquelas que ultrapassarem 12 meses, consideradas de longo prazo, essas devem ser classificadas como não circulante. Capítulo 1 31 Contabilidade Básica II Diante do exposto, veja as principais mudanças introduzidas no Balanço Patrimonial: Quadro 4 – Evolução do Balanço Patrimonial (Como Era) BALANÇO PATRIMONIAL ativo ativo Circulante (aC) ativo realizável a longo prazo (arlp) ativo permanente InvestimentoImobilizado Diferido passivo passivo Circulante (pC) passivo Exigível a longo prazo (pElp) patrimônio líquido (Como FiCou) BALANÇO PATRIMONIAL ativo ativo Circulante (aC) ativo não-Circulante (anC) Realizável a Longo Prazo Investimentos Imobilizado Intangível passivo passivo Circulante (pC) passivo não-Circulante (pnC) Exigível a Longo Prazo patrimônio líquido Fonte: Voges (2011) Em suma, pode-se observar que as principais mudanças foram: • apresentação do ativo e do passivo em dois grandes grupos denominados circulante e não circulante; • extinção da nomenclatura do Ativo Permanente, sendo substituído pelo Ativo não Circulante; • criação do grupo ativo intangível; • incorporação dos grupos realizável a longo prazo e exigível a longo prazo no Passivo Não Circulante. Capítulo 1 32 Contabilidade Básica II 1.2.3 Contas redutoras do Balanço Patrimonial As contas redutoras ou retificadoras do Balanço Patrimonial são as contas que têm saldo contrário ao saldo do grupo ao qual pertencem. Logo, as contas redutoras do ativo possuem saldo credor, as quais são: duplicatas descontadas, depreciação acumulada, amortização acumulada, provisão para crédito de liquidez duvidosa etc. Já as contas redutoras do passivo têm saldo devedor, tais como: prejuízos acumulados, ações em tesouraria, custos de exercícios futuros etc. As contas redutoras de valores do ativo e do passivo devem ser posicionadas no Balanço Patrimonial, logo abaixo da conta a que se refere, ativa ou passiva, precedidas do sinal indicativo de subtração. Apresenta-se a seguir um exemplo de conta retificadora do ativo: Quadro 5 – Exemplo de Conta Retificadora do Ativo Não Circulante ATIVO ATIVO NÃO CIRCULANTE Permanente Imobilizado Veículos (-) Depreciação acumulada) Fonte: Voges (2011) Contudo, as contas redutoras ou retificadoras do Balanço Patrimonial possuem a finalidade de ajustar o saldo do patrimônio (ativo ou passivo), corroborando com os princípios e práticas contábeis. 1.2.4 Elaboração do Balanço Patrimonial Caro aluno, nos tópicos anteriores, vimos o funcionamento da contabilidade por meio de balanços sucessivos. A partir de agora, vamos utilizar uma metodologia que nos permitirá mais agilidade e segurança na contabilização. Vou abordar os conceitos e mecanismos de débito e crédito e, também, a apuração de saldos das contas patrimoniais e de resultado. Capítulo 1 33 Contabilidade Básica II Para isto, precisamos relatar que a ciência contábil teve seu marco histórico em 1494 quando foi publicado, na Itália, pelo Frade Franciscano Luca Pacioli, o tractatus de Computis et scripturis, parte da obra intitulada summa de arithmética, proportionati et proporcionalitá que descreve o método das partidas dobradas. método das partidas Dobradas = para todo débito existe um crédito O método das partidas dobradas é um procedimento que permite o controle individual de cada conta contábil, registrando individualmente os aumentos e diminuições de valores que nelas ocorrerem. Este controle individual é realizado por meio de razonetes, que nada mais são que uma representação da movimentação de valores ocorridos em cada conta. O razonete é representado da seguinte forma: Tabela 10 – Razonete nome da Conta Débito Crédito Fonte: Voges (2011) Nota-se que o razonete em sua estrutura possui bastante semelhança com o Balanço Patrimonial. O método das partidas dobradas consiste no fato de que para qualquer operação há um débito e um crédito de igual valor. Portanto, não existe débito sem crédito. Logo, observa-se que no mundo dos negócios as ações seguem uma “estrada de mão dupla”. Capítulo 1 34 Contabilidade Básica II Exemplo do mecanismo das partidas dobradas: A empresa JJ Aprendiz solicita ao banco um empréstimo no valor de R$ 400 mil. Figura 2 – Razonetes na prática Aumento do Ativo (D) Entrada do valor na conta bancária da empresa Aumento do Passivo (C) Registro da obrigação diante da aquisição do empréstimo ATIVO D Banco cta. Movim. C Razonetes PASSIVO D Emprest. Bancários C 400.000,00 400.000,00 Lançamentos DUPLOS => Débito 400.000 Crédito 400.000 Fonte: Voges (2011) Como já vimos, o fato contábil necessita de registro, o qual ocorre por meio de um lançamento em contas, conforme o fluxo de informações abaixo: Fato Contábil lançamento Contábil Conta Contábilregistro Contábil • fato contábil: é uma ação que provoca uma alteração nos elementos do Patrimônio ou Resultado da entidade; • registro contábil: a necessidade da contabilidade em registrar os fatos contábeis; • lançamento contábil: ato de registrar a ocorrência de um ou mais fatos contábeis; • contas contábeis: são representações gráficas que evidenciam os lançamentos contábeis de diversas naturezas. Diante do estudo da contas contábeis, é importante ressaltar que essas são classificadas em contas patrimoniais e contas de resultados. As contas patrimoniais representam a situação do patrimônio da entidade (bens, direitos, obrigações e Patrimônio Líquido), logo, estão localizadas no Balanço Patrimonial. Capítulo 1 35 Contabilidade Básica II Já as contas de resultado representam as situações que modificam o Patrimônio Líquido (despesas e receitas). O resultado entre receita menos despesas é transportado para o Patrimônio Líquido na forma de lucro ou prejuízo. Portanto, analisando o razonete acima, você vai concluir que: • as contas do ativo têm saldo devedor, onde os débitos são superiores aos créditos. O débito significa aplicação dos recursos. Sempre que os recursos são aplicados, como compra de bens, pagamento de dívidas, existe um débito na conta correspondente; • as contas de passivo têm saldo credor, onde os créditos são superiores aos débitos. O crédito significa origem de recursos. Esta origem pode ser proveniente dos sócios, a venda de serviços, a obtenção de um empréstimo, entre outros, implicará sempre num crédito na conta referente; • as contas de Patrimônio Líquido têm saldo credor, onde os créditos são superiores aos débitos. Portanto, as contas de receitas provocam aumento no Patrimônio Líquido, que normalmente possui saldo credor, logo as receitas só podem ter saldo credor; as despesas, por sua vez, diminuem no Patrimônio Líquido, que normalmente possui saldo credor, logo as despesas só podem ter saldo devedor. Figura 3 – Calculando o saldo credor e devedor Fonte: Christian Ferrari <www.sxc.hu> Capítulo 1 36 Contabilidade Básica II As contas são movimentadas individualmente, registrando-se seus aumentos ou diminuições de acordo com o método das partidas dobradas. Contudo, podemos no quadro abaixo resumir que: Quadro 5 – Método das partidas dobradas natUrEZa Das Contas para o salDo saldo aumentar Diminuir ativo = BEns E DirEitos passivo = oBriGaçÕEs Com tErCEiros patrimÔnio lÍQUiDo rECEitas DEspEsas D C C C D D C C C D C D D D C Fonte: Voges (2011) As contas do ativo, por terem saldo devedor, são aumentadas com lançamento de débito e diminuídas com um lançamento de crédito, como, por exemplo, no momento do recebimento de uma duplicata de clientes à vista, onde o débito será registrado na conta caixa, no ativo, pela entrada do valor do dinheiro. Já o crédito será realizado na conta duplicatas a receber, no ativo, pela baixa do saldo de duplicatas a receber. Já as contas do passivo, por terem saldo credor, são aumentadas com lançamento de crédito e diminuídas com lançamento de débito. Por exemplo, a compra de mercadorias para o estoque a prazo, onde o débito é realizadona conta estoque, no ativo, pela entrada de mercadorias, e o crédito na conta de fornecedores, no passivo, pelo registro da compra a prazo. As contas de receitas e despesas, chamadas de contas de resultado também são movimentadas pela contabilidade por meio de razonetes, da mesma forma que as contas de ativo, passivo e Patrimônio Líquido (contas patrimoniais). SAIBA QUE Capítulo 1 37 Contabilidade Básica II Após o lançamento dos fatos nos razonetes você deve então proceder a apuração do saldo de cada razonete, ou seja, a apuração de débitos menos créditos. Feito isso, chegou a hora de encerrar as contas de resultado para então elaborar do Balanço Patrimonial. Mas como fica a contabilidade agora, com o registro em razonetes de todas as contas contábeis, de patrimônio e de resultado? Vamos exemplificar com as operações que seguem: • imagine que a Cia. Aprendiz foi criada com a finalidade de prestar serviço. Foi constituída com um imóvel alugado e um capital total de R$ 10.000,00 em dinheiro; • em seguida, adquire à vista, móveis e utensílios no valor de R$ 1.000,00; • posteriormente, a Cia. Aprendiz vende um serviço por R$ 3.000,00 a vista; • pagou salário de funcionário no valor de R$ 1.200,00; • paga aluguel no valor de R$ 600,00 Diante destes fatos, pergunto: A Cia. Aprendiz é lucrativa? E como fica o seu Balanço Patrimonial? Para obter estas respostas, primeiramente você tem que registrar os fatos nos razonetes, utilizando o método das partidas dobradas, onde para todo crédito existe um débito corresponde. Após os lançamentos deve-se apurar o saldo individual de cada conta, por meio da soma dos débitos menos créditos. Capítulo 1 38 Contabilidade Básica II Tabela 11 – Resolução das operações da Cia. Aprendiz Caixa - aC Débito Crédito a c 10.000,00 3.000,00 1.000,00 1.200,00 600,00 b d e 13.000,00 2.800,00 saldo 10.200,00 Capital social - pl Débito Crédito 10.000,00 a - 10.000,00 saldo 10.000,00 móveis/Utensílios - aC Débito Crédito b 1.000,00 1.000,00 saldo 1.000,00 venda de serviços - r Débito Crédito 3.000,00 c 3.000,00 saldo 3.000,00 Desp. com aluguel - r Débito Crédito e 600,00 600,00 saldo 600,00 Desp. com salários - r Débito Crédito d 1.200,00 1.200,00 saldo 1.200,00 Fonte: Voges (2011) Após a apuração dos saldos, você vai concluir o exercício, transferindo os saldos das contas de resultado para razonete, ou seja, o resultado. Tabela 12 – Encerramento das contas de resultado da Cia. Aprendiz venda de serviços - r Débito Crédito 3.000,00 c 1 – 3.000,00 saldo 3.000,00 3.000,00 Desp. com aluguel - r Débito Crédito e 600,00 600,00 – saldo 600,00 600,00 2 Desp. com salários - r Débito Crédito d 1.200,00 1.200,00 – saldo 1.200,00 1.200,00 3 rEsUltaDo Despesas receitas 2 3 600,00 1.200,00 3.000,00 1 1.800,00 3.000,00 saldo 1.200,00 Fonte: Voges (2011) Capítulo 1 39 Contabilidade Básica II Note que efetuamos a transferência dos valores das contas de receitas e despesa, por meio de lançamentos contábeis (lançamentos 1, 2 e 3), para a conta de resultado. Agora o próximo procedimento é transferir o saldo da conta de resultado para a conta de lucros acumulados, do Patrimônio Líquido. Tabela 13 – Transferência do Resultado para o Patrimônio Líquido lucros acumulados – pl Débito Crédito 1.200,00 4 1.200,00 rEsUltaDo Despesas receitas 2 3 600,00 1.200,00 3.000,00 c 1.800,00 3.000,00 4 1.200,00 Fonte: Voges (2011) Caro aluno, nesta ocasião podemos responder à primeira pergunta que questiona se a Cia. Aprendiz é lucrativa, e como vimos na apuração do resultado acima, a Cia. Aprendiz obteve um lucro de R$ 2.400,00, sendo uma empresa lucrativa até o momento. Após isso, poderemos elaborar o Balanço Patrimonial, em resposta à segunda pergunta. Quadro 6 – Balanço Patrimonial da Cia. Aprendiz BALANÇO PATRIMONIAL – CIA. APRENDIz Ativo passivo ativo Circulante - aC Disponibilidades Caixa ativo não Circulante - anC Imobilizado Móveis e Utensílios 10.200,00 980,00 passivo Circulante - pC patrimônio líquido Capital Social Lucros Acumulados 10.000,00 1.200,00 total 11.200,00 total 11.200,00 Fonte: Voges (2011) Capítulo 1 40 Contabilidade Básica II O Balanço Patrimonial tem por finalidade apresentar a situação patrimonial da empresa em um determinado momento, dentro de determinados critérios de avaliação. Sendo assim, é a demonstração que encerra a sequência dos procedimentos contábeis, apresentando de forma ordenada o três elementos do patrimônio: Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido. 1.3 Aplicando a teoria na prática Para melhor vislumbrar o que você estudou até agora, sugiro o acompanhamento do caso a seguir, que poderíamos intitular “O controle do Fluxo de Caixa e o papel do contador como gerador de informações”, para que você possa refletir sobre o conteúdo que estudou neste capítulo. Vimos nos tópicos anteriores que a contabilidade possui o controle e registro dos fatos administrativos e, por este motivo, segue seu papel na tomada de decisão. Vamos exercitar o conhecimento? Uma empresa do ramo de doces realizava com frequência vendas por encomenda. O cliente adiantava 20% do valor do valor devido, sendo o restante pago em 12 parcelas de igual valor. Porém, esta empresa, ao realizar suas compras, também utilizava a forma de adiantamento de 30% do valor da compra e o restante dividido em 6 parcelas de igual valor. Outra prática utilizada pela empresa é o adiantamento de 20% do salário aos funcionários. Que análise você faz deste panorama? Caro aluno, perceba, num primeiro momento, que empresa utiliza da forma adiamento para quase todas das suas atividades, o que gera um descontrole total do Fluxo de Caixa. Outro ponto de relevância seria a diferença entre os percentuais de adiantamento, e também a diferença no número de parcelas negociadas a prazo tanto para o cliente quanto para o fornecedor. Ou seja, a empresa recebe adiantado dos seus clientes 20%, mas paga adiantado aos seus fornecedores o percentual de 30%, gerando uma possível saída de caixa maior que a entrada. Fato também relevante seria a negociação das parcelas do cliente numa tempestividade maior que a negociação com fornecedores, dificultando a gestão do capital de giro diante do Fluxo de Caixa. Capítulo 1 41 Contabilidade Básica II Contudo, o empresário, a fim de atender as suas próprias necessidades para dar suporte ao processo de tomada de decisões, tem o privilégio e o direito de obter informações muito mais detalhadas ou adicionais às apresentadas nas demonstrações contábeis. Iudícibus e Marion (2002) dizem que a tarefa básica do contador é produzir e/ou gerenciar tais informações úteis, sempre levando em consideração a prontidão, clareza e precisão. Então, caro aluno, diante deste caso, o contador tem o dever de orientar o empresário nas negociações e, principalmente, no controle do Fluxo de Caixa. 1.4 Para saber mais título: Contabilidade comercial: atualizado conforme a Lei n° 11.638/07 e Lei n° 11.941/09 Autores: IUDíCIBUS, S.; MARION, J. C. Editora: Atlas Ano: 2010 Nesta obra os autores abordam de forma completa o tema as novas normas e práticas contábeis. Vale a pena a leitura e para complementar seus estudos. título: Pai rico e pai pobre Autores: KIyOSAKI, R. J.; LECHTER L. S. Editora: Elsevier Ano: 2004 Segundo os autores, a educação formal não prepara as crianças para a vida real, e boas notas e formação não bastam para garantir o sucesso de alguém.A diferença está entre ter o controle do próprio destino ou não. O livro traz lições para controlar o destino e tornar- se bem sucedido. site: Conselho Federal de Contabilidade URL: <http://www.cfc.org.br> Neste site você encontra informações complementares sobre as Normas Brasileiras de Contabilidade, além de acompanhar a evolução das mudanças ocorridas com o advento da Lei das Sociedades Anônimas, Lei nº 11.638/07. Capítulo 1 42 Contabilidade Básica II 1.5 Relembrando Neste capítulo, você aprendeu que: • o Balanço Patrimonial é uma demonstração ordenada e estática; • para elaborar o Balanço Patrimonial, são necessários conhecimentos sobre o método das partidas dobradas, em que para todo crédito existe um débito correspondente; • na elaboração dos registros contábeis é imprescindível a noção sobre os elementos necessários para mensuração e reconhecimento dos fatos administrativos que devem ser contabilizados; • a contabilidade assume um papel importante na tomada de decisão, devido a sua amplitude de controle e registros. 1.6 Testando os seus conhecimentos Agora, por meio das atividades acadêmicas propostas a seguir, você irá colocar em prática o conteúdo estudado. Resolva as operações contábeis utilizando o método das partidas dobradas. Posteriormente, elabore o Balanço Patrimonial e analise se a empresa é lucrativa e se consegue pagar duas dívidas com recursos gerados. Bom trabalho! 1) Dia 04/05 – a Comercial TUBIAS, empresa constituída nesta data, recebe de seus sócios R$ 15.000,00 para integralização do capital inicial, composto por depósito em Banco do Brasil C/c da empresa no valor de R$ 10.000,00 e R$ 5.000,00 em móveis para o escritório; 2) Dia 05/05 – adquire mercadorias para estoque, no total de R$ 4.000,00, sendo R$ 3.000,00 pagos a vista em cheque e o restante pago em 09/05; 3) Dia 07/05 – adquire um veículo, para entrega de mercadorias, no valor de R$ 6.000,00 sendo 50% pago à vista em cheque e o restante com financiamento bancário a curto prazo; Capítulo 1 43 Contabilidade Básica II 4) Dia 09/05 – pagamento da dívida do dia 05/05 em cheque; 5) Dia 12/05 – compra de mercadorias para estoque por R$ 5.000,00, sendo 50% à vista com cheque e o restante para 60 dias; 6) Dia 14/05 – os sócios aumentam o capital social em R$ 5.000,00 em dinheiro, depositados em banco; 7) Dia 18/05 – adquire um terreno no valor de R$ 5.000,00, tendo sido entregue um cheque de R$ 2.000,00 no ato e o restante será pago em 24 parcelas iguais; 8) Dia 24/05 – compra mobília para o escritório no valor de R$ 600,00, pago em cheque. Onde encontrar CREPALDI, S. A. Curso básico de contabilidade. São Paulo: Atlas, 2010. CHIAVENATO, I. Gestão de pessoas. Rio de Janeiro: Campos, 1999. IUDÍCIBUS, S.; MARION, J. C. introdução à teoria da contabilidade. São Paulo: Atlas, 2002. ______.; MARTINS, E.; GELBCKE, E. R. manual de contabilidade das sociedades por ações. São Paulo: Atlas, 2007. MARION, J. C. Contabilidade básica. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2008. PADOVEZE, C. L. manual de contabilidade básica: uma introdução à prática contábil. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2000. PEREZ, J. H.; BEGALLI, G. A. Elaboração das demonstrações contábeis. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2002. Capítulo 1 44 Contabilidade Básica II Capítulo 2 45 Contabilidade Básica II DEmonstração Do rEsUltaDo Do ExErCÍCio CAPÍTULO 2 2.1 Contextualizando Caro aluno! Neste capítulo apresentarei a você as técnicas de elaboração da Demonstração do Resultado do Exercício, também conhecida pela sigla DRE. Sua estrutura segue uma forma resumida da movimentação econômica da empresa em um determinado período, com a intenção de demonstrar o resultado líquido deste. O resultado pode ser positivo, negativo ou nulo. Por este motivo, o conteúdo deste capítulo seguirá as normas e práticas contábeis, desde as receitas brutas até o resultado líquido do exercício. Ao fim, você será capaz de: • identificar os elementos estruturais e conceituais da Demonstração do Resultado do Exercício (DRE); • distinguir os principais elementos para a apuração do Resultado do Exercício; • manusear as ferramentas necessárias para mensuração e reconhecimento dos fatos administrativos diante da Demonstração do Resultado do Exercício. Mãos à obra! 2.2 Conhecendo a teoria Você já refletiu sobre os aspectos que influenciam no resultado das empresas? E que o Patrimônio Líquido, apresentado no Balanço Patrimonial, representa a riqueza líquida da entidade? Assim, chegou o momento de Capítulo 2 46 Contabilidade Básica II aprofundar seus conhecimentos. É fundamental a sua participação, caro aluno, para o melhor aproveitamento da disciplina. Vamos começar então? LEMBRETE Enquanto o Balanço Patrimonial busca apresentar a situação financeira da empresa, como, por exemplo, investimentos, capacidade de pagamento, contas a receber e contas a pagar, entre outros, a Demonstração do resultado do Exercício evidencia a situação econômica da empresa, ou seja, lucro ou prejuízo, por meio da relação entre receitas, custos e despesas. Como você pode observar, o Balanço Patrimonial tem um papel importante na avaliação da situação financeira da empresa, ou seja, quanto à disponibilidade de recursos e de endividamento. Já a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) reafirma a situação econômica da empresa, isto é, a situação de ganho ou de perda em suas atividades operacionais. De acordo com Marion (2008), a Demonstração do Resultado do Exercício é um resumo ordenado das receitas e despesas da empresa em determinado período, normalmente 12 meses. A imagem ao lado representa o conceito do autor. Hoje, cada vez mais, é preciso que a empresa mantenha seus recursos em equilíbrio. O desafio do empresário é manter a paridade entre receitas e despesas. Lembre-se que, apesar do Brasil estar numa situação econômica estável, o mundo é globalizado. A Lei Federal n° 11.638, 28 de dezembro de 2007, que conduz as Sociedades Anônimas por Ações e as demais sociedades, estabelece em seu Art. 187 a ordem que a Demonstração de Resultado do Exercício deve ser apresentada e publicada. Figura 1 – Na empresa, equilibrar receitas e despesas é fundamental Fonte: Zadorozhnyi Viktor <www.sshutterstock.com> Capítulo 2 47 Contabilidade Básica II Ainda tratando do resultado da entidade, e diante da complexidade deste assunto, você deve levar em consideração o princípio da Realização da Receita e a Confrontação com a despesa. Logo, só se caracteriza a despesa com a Realização da Receita. Segundo a Norma Brasileira de Contabilidade Técnica (NBCT 1), as receitas e despesas podem ser evidenciadas na Demonstração do Resultado do Exercício de várias maneiras, sempre com a intenção de colaborar com o usuário da informação contábil na tomada de decisão. No capítulo anterior, você estudou os elementos que compõem o patrimônio de uma empresa. Você já refletiu sobre como apurar a riqueza de uma entidade? Em primeiro lugar, é necessário que você conheça alguns conceitos básicos sobre quais itens compõem a apuração do resultado ou da riqueza de uma entidade, tais como: as receitas que representam o ato de comercializar produtos, serviços e ativos, e as despesas que representam os esforços na geração das referidas receitas. Portanto, para avaliar o desempenho de uma entidade, ou ainda, a riqueza por ela gerada, a contabilidade é viabilizada por meio da Demonstração do Resultado do Exercício, a consolidação de todos os registros sobre a movimentação das receitas e despesa, e, o resultado final das atividades operacionalizadas. Partindo disto, apresento notópico a seguir os critérios básicos e a estrutura da Demonstração do Resultado do Exercício. 2.2.1 Critérios contábeis básicos Antes de aprofundar os conhecimentos sobre a elaboração e a estrutura da Demonstração do Resultado do Exercício, você deve conhecer os regimes de contabilização que são: Regime de Competência e Regime de Caixa. Tais regimes de contabilização levam em consideração o princípio da Realização da Receita e da Confrontação da despesa, ou seja, determinam quando as receitas e as despesas serão efetivamente contabilizadas. O Regime de Competência considera as receitas e despesas contabilizadas no momento que estas foram geradas, não importando o recebimento ou o pagamento. Já o Regime de Caixa considera a receita e a despesa, mas apenas aquelas efetivamente recebidas e pagas. A diferença entre o Regime de Capítulo 2 48 Contabilidade Básica II competência e Regime de Caixa, segundo Iudícibus e Marion (2002), é quando se escolhe como ponto normal de reconhecimento da receita aquele em que produtos ou serviços são transferidos ao cliente e não, propriamente, o ponto em que o dinheiro é recebido. Diante disto, existem duas formas de apurar e demonstrar o resultado da empresa: pelo Regime de Competência, que evidencia um resultado econômico, ou Regime de Caixa, que apresenta um resultado financeiro. Agora, caro aluno, após o entendimento sobre as formas de apurar o Resultado do Exercício, é importante também conhecer as contas de resultados, aquelas utilizadas na apuração do resultado (lucro ou prejuízo) e da riqueza gerada em determinado exercício social. Contabilmente, o patrimônio de uma entidade é constituído de bens, direitos e obrigações, mas ninguém irá investir em uma empresa sem pensar no lucro que ela gera. Portanto, este lucro, ou riqueza gerada, é apurado por meio das contas de resultado, denominadas receitas, custos e despesas. As entradas de itens no Ativo podem ser consideradas como receitas derivadas de uma venda de produto, mercadoria ou serviço. Ou ainda, uma entrada no Ativo originada de um ganho de aplicação financeira. As atividades operacionais das entidades, venda de mercadoria ou serviço, ou ainda as atividades não operacionais que possuem a intenção de ganho, aplicação financeira e juros recebidos, devem ser classificadas como receita, pois ambas têm o propósito de um benefício econômico. SAIBA QUE As despesas representam o oposto das receitas, sendo a redução dos benefícios econômicos da entidade que surgem normalmente, por meio das atividades operacionais, por meio dos custos ou redução de ativos e aumento de passivos que corroboram com a redução do Patrimônio Líquido. Por exemplo: despesa com energia elétrica, custo da mercadoria vendida, descontos concedidos aos clientes, juros pagos, despesa com salários, entre outros. Capítulo 2 49 Contabilidade Básica II Para Iudícibus (2009), a despesa representa a utilização ou consumo de bens e serviços no processo de produzir receitas. Logo, as despesas surgem da necessidade de geração de receitas. Por exemplo: as despesas com salários e encargos existem pelo fato dos funcionários estarem colaborando para a venda de produtos e serviços e que, consequentemente, irão gerar receita ou ganho. As despesas com as compras de mercadoria ou matéria-prima que serão revendidas ou utilizadas no processo produtivo, onde ambas contribuirão para a geração de receita, seriam outro exemplo. Vamos imaginar uma cena muito comum nos canteiros de obras. Na sexta-feira à tarde, o administrador faz o pagamento semanal dos operários. O que queremos mostrar com esta ideia? Que as despesas de salários e encargos só existem pelo fato de os colaboradores estarem contribuindo para a venda de produtos e serviços – o que, consequentemente, irá gerar receita. Figura 2 – Salários são contabilizados no item despesa da DRE Fonte: Svilen Milev <www.sxc.hu> Segundo Iudícibus (2009), o que caracteriza a despesa é o fato dela tratar de expirações de fatores de serviços, direta ou indiretamente relacionados com a produção e a venda do produto ou serviço da entidade. Portanto, todas as despesas devem ser geradas com o foco de gerar de receita, se não agora, mas num futuro próximo. Capítulo 2 50 Contabilidade Básica II LEMBRETE As despesas provocam diminuições no Ativo, quando pagas, ou aumentos no passivo quando geradas e não pagas imediatamente. Saliento que receitas e despesas só existem quando são confrontadas. Vamos saber um pouco mais sobre isso? Quando compramos uma mercadoria para revenda, encontramos a situação do custo com a compra e, também, o pagamento desta com a redução de um Ativo, normalmente caixa ou banco. Contudo, o confronto entre receitas menos despesas resulta na apuração do Resultado do Exercício, podendo ser positivo (lucro), quando as receitas forem superiores as despesas, e quando o inverso, o resultado é negativo (prejuízo). A composição deste resultado é apresentada na Demonstração de Resultado do Exercício (DRE) que será abordada no próximo item. 2.2.2 Critérios básicos de apresentação Na determinação do Resultado do Exercício, e para melhor entendimento sobre a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) é preciso considerar os princípios contábeis que norteiam a contabilidade das entidades no que tange ao reconhecimento das receitas, custos e despesas. Este assunto é expresso no § 1º do Art. 187 da Lei 11.638/2007, como segue: na apuração do resultado você deve considerar as receitas e os rendimentos ganhos no período, independentemente da sua realização em moeda; os custos, despesas, encargos e perdas, pagos ou incorridos, correspondentes a essas receitas e rendimentos. Desta forma, os elementos citados fazem referência ao princípio da Realização da Receita e do Confronto da Despesa, como você já viu anteriormente. Cabe ressaltar que, com base nesse princípio contábil, as receitas são reconhecidas a partir do momento em que são realizadas, ou seja, quando há o repasse de mercadorias, produtos ou serviços, indiferente se nestas transações houver ou não o pagamento à vista. Capítulo 2 51 Contabilidade Básica II Segundo Iudícibus e Marion (2002), escolhe-se como ponto normal de reconhecimento da receita aquele em que produtos ou serviços são transferidos ao cliente e não, propriamente, o ponto em que o dinheiro é recebido. Já as despesas estão intimamente ligadas à Realização da Receita, ou seja, as despesas devem ser confrontadas e reconhecidas contabilmente a partir do momento em que gerarem receitas. Assim, observa-se a aplicação do Regime da Competência para realização das receitas e confrontação das despesas. Conforme Iudícibus, Martins e Gelbcke (2007), as receitas e despesas são apropriadas ao período em função de sua incorrência e da vinculação da despesa à receita, independente de seus reflexos no caixa. SAIBA QUE Os critérios de apresentação da evolução das receitas e despesas por meio da Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) estão descritos na Lei 6.404, de 15 de dezembro de 1976, que regula as Sociedades por Ações e, por conseguinte, as demais sociedades, inclusive as Sociedades Limitadas. Essa legislação foi alterada pela Lei 11.638, de 28 de dezembro de 2007, que estabelece em seu Art. 187 a organização que a Demonstração de Resultado do Exercício deve ser apresentada, para fins de publicação, além de outras providências. Em conformidade com o Art. 187 da Lei das Sociedades por Ações, que trata sobre correta apresentação da Demonstração do Resultado do Exercício, destacam-se os principais pontos: • a receita bruta das vendas e serviços, as deduções das
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