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LÂMINAS DE DIREITO PENAL I
 
TEMPOS PRIMITIVOS: 
Vingança privada:
	O homem passou a fazer justiça com as próprias mãos, mas quase sempre retribuindo o mal recebido com brutalidade desproporcional. O direito penal consistia na autotutela, e esta se resumia à mera vingança. 
CARACTERÍSTICAS:
Justiça pelas próprias mãos;
Desproporcionalidade;
Autotutela (vingança);
Durante esse período, reinava a responsabilidade penal objetiva, e desconheciam-se princípios como o da proporcionalidade, humanidade e personalidade da pena;
As regras de comportamento eram desconexas e não escritas, calcadas apenas na moral, nos costumes, hábitos, crenças, magias e temores. A pena tinha caráter de defesa social, mas era sempre fundada no espírito da retribuição;
Existia um Direito Penal, mas era um direito arbitrário, sem critérios padronizados de aplicação e totalmente dependente da vontade e do humor dos líderes;
E porque este morticínio enfraquecia a tribo, continuamente exposta às agressões dos seus inimigos externos”, foi dando-se lenta e eficaz transformação no sentido de transferir-se das mãos do ofendido, ou de sua família, para as mãos do chefe do grupo, o poder de castigar o ofensor.
Vingança divina: 
O princípio que domina a repressão é a satisfação da divindade, ofendida pelo crime;
Pune-se com rigor, antes com notória crueldade, pois o castigo deve estar com relação com a grandeza do deus ofendido;
É o direito penal religioso, teocrático e sacerdotal
Vingança pública: 
Nesta fase, o objetivo é a segurança do príncipe ou soberano, através da pena, também severa e cruel, visando a intimidação. 
Direito Penal na Grécia:
Pitágoras entendia a punição como a contraposição do mal da pena ao mal do delito. 
Platão concebia a pena como útil à sociedade, pelo exemplo que servia a outros possíveis infratores; para ele, funcionava como meio de defesa social, muito embora também a entendesse como útil ao condenado, no sentido de corrigi-lo, atuando assim como uma medida da alma. 
Aristóteles também arrimava os fins da pena na necessidade de intimidação, afirmando que o homem se abstém de pecar por dois motivos: vergonha ou medo.
Direito Penal em Roma:
	
À análise dos melhores filósofos se opunha o direito romano casuístico, rigoroso e formal, que fazia prevalecer a tirania da regra jurídica por meio de lógica implacável.
Nos primórdios da civilização romana, o direito penal sofreu forte influência religiosa, confundindo-se a figura do rei e do sacerdote, que dispunha de poderes ilimitados, misturando-se direito com religião.
O direito penal era consuetudinário exercido sem controle, tendo o ódio de seus aplicadores como móvel precípuo. 
Período Republicano
Muitos dos poderes que eram de competência dos reis, passaram a ser exercidos por mais de uma pessoa;
Patrícios: classe privilegiada (gozavam de todos os direitos). A cidade era formada pelos Patrícios e clientes, não fazendo parte os plebeus;
Os cônsules eram cruéis, penalizando severamente os plebeus;
Surgimento do Império
 
Com o advento do império, afirmou-se a publicidade do direito penal, 
O fundamento da punição era a própria conservação da ordem estatal. O direito penal exercia o papel de instrumento mantenedor do status quo, bem como dos interesses do poder público;
A responsabilidade penal era objetiva; ultrapassava a pessoa do delinqüente e atingia os seus familiares;
‘Nessa época, o direito penal compreendia um conjunto assistemático de regras esparsas, a maioria não escrita, por meio das quais se exercia o controle sobre a classe dominada, com o fim de proteger as elites e reafirmar a autoridade central, sempre por meio da difusão do terror e de castigos cruéis e ilimitados.
Idade Média
Este período também foi marcado pela prevalência do direito consuetudinário sobre a lei escrita, agora pelo excesso de misticismo, pela irracionalidade do sistema penal e o domínio do arbítrio dos juízes. 
Houve notadamente, duas fases bem distintas. Na primeira, vigorava um sistema de provas irracionais, conhecidas por ordálias, baseado em jogos místicos, cuja solução ficava a cargo da manifestação das divindades.
Na segunda fase, os reis, trouxeram a si a tarefa de distribuir “justiça”. O direito penal não era mais aplicado por deuses, mas pelos reis, seus legítimos representantes na Terra;
Inquisitivo, sigiloso, comprometido com a tese acusatória, tendo a tortura como principal meio de obtenção da “verdade”,
Surge a “Santa” Inquisição: a confissão do acusado representava o objetivo primordial do procedimento inquisitório, pois somente ela podia fornecer a certeza moral a respeito dos fatos investigados. 
Inglaterra (marco na evolução dos direitos e garantias individuais)
Paralelamente, enquanto a Europa Continental ingressava em uma fase de obscurantismo, a Inglaterra inaugurava a adoção do princípio da reserva legal (Magna Carta de João Sem Terra, de 1215).
Surgia a instituição do júri popular, com maiores garantias de defesa e a incidência daquilo que, mais tarde, convencionou-se chamar princípios constitucionais de garantias do processo penal.
Era uma ilha de proteção em meio a um oceano de arbitrariedades e abusos individuais,
	A despeito disso, o continente europeu permanecia apegado à visão casuística do direito penal, como mecanismo unicamente repressivo, desprovido de conteúdo material ou de uma visão axiológica.
	A pena não guardava qualquer preocupação com proporcionalidade ou prévia cominação. Eram os ergástulos (cárcere, masmorra), as enxovias (cárcere subterrâneo, escuro úmido e sujo), as masmorras, pelourinhos, depósitos das câmaras de suplícios, a roda, o empalamento (espetar o condenado com um pau pontiagudo pelo ânus), a força ou a humilhação e o sofrimento perpétuo das galés, destinos, finais onde acusados em processos forjados, sem qualquer chance de defesa, acabavam sendo torturados, esquartejados, enforcados, queimados ou mantidos vivos até esvaírem todas as suas forças. 
	Era o direito de então, desvinculado de qualquer preocupação científica, dogmática ou metodologia, servindo apenas aos propósitos do detentor momentâneo ou vitalício do poder. O sofrimento imposto a título de expiatrários aos interesses dominantes.
	Pode-se resumir assim: a história do direito penal até o iluminismo é a história da constante afirmação da crueldade, da injustiça e da desigualdade humana. 
O Iluminismo:
O iluminismo buscava a superação das contingências humanas que sobretudo até a Idade Média faziam o homem desconhecer a razão e apegar-se a formas transcendentais, obscuras, de soluções para os problemas terrenos;
Ideais de igualdade e liberdade;
Resulta da tensão entre monarcas, a nobreza e a burguesia;
Surge em oposição ao absolutismo o liberalismo político;
Fundamentam novas formas de poder econômico e político 
Montesquieu (1689-1755): O Espírito das Leis.
Jean-Jaques Rousseau (1712-1778): escritor e pensador suíço de origem francesa, construiu a teoria de um “Contrato Social”. 
ESCOLA CLÁSSICA, IDEALISTA OU PRIMEIRA ESCOLA:
		Não houve uma Escola Clássica propriamente, entendida como um corpo de doutrina comum, relativamente ao direito de punir e aos problemas fundamentais representados pelo crime e pela sanção penal. A denominação “Escola Clássica” foi dada pelos positivistas, com conotação pejorativa. 
Só se admitia a penalização de que fosse desenvolvido e mentalmente são;
Surge uma cristalina noção de proporcionalidade, nascendo em razão disso a necessidade de uma pesquisa ontológica do Direito Penal (fundamentos, objeto, função e missão);
Na escola Clássica, dois grandes períodos se distinguiram: o filosófico ou teórico (Cesare Beccaria) e o jurídico ou prático (Francesco Carrara).
Período teórico: prevalece o racionalismo sobre o dogmatismo, inspirado em uma construção humanitária;
Períodoprático (Francesco Carrara): 
Estudo jurídico do crime e da pena, distinguiu-se a justiça humana da divina, realça os direitos e garantias individuais contra o estado absolutista de então;
Não havia preocupação com fatos exógenos ao ser humano, centrando a responsabilidade penal no livre arbítrio; 
Postulados:
Definição do crime e da pena;
Proporcionalidade da pena;
Defesa; decisão favorável (in dúbio pro réu); interpretação favorável e presunção de inocência;
ESCOLA POSITIVA 
	A nova escola proclamava outra concepção do direito. Enquanto para a Clássica ele preexistia ao homem (era transcendental, visto que lhe fora dado pelo Criador, para poder cumprir seus destinos), para os Positivistas, ele é o resultante da vida em sociedade e sujeito a variações no tempo e no espaço, consoante a lei da evolução.
Surge a individualização da pena, conceito de periculosidade, medidas de segurança e outras circunstâncias de valoração subjetiva da culpabilidade;
Responsabilidade social no evento delituoso;
A finalidade da pena não é punir o criminoso, mas sim ajusta-lo às condições de convivência social, prevenindo assim, novos delitos (instrumento de defesa social);
Estudo das disciplinas criminológicas (criminologia), da antropologia criminal e da sociologia criminal;
Crime deixa de ser um ente jurídico e torna-se fenômeno de desajuste social ou manifestação de deficiência inatas e insuperáveis;
Marcou essa fase o início da experimentação científica em matéria penal, começava a “diferenciação” entre os homens;
Seu pioneiro foi o médico-psiquiatra César Lombroso (1835 – 1909)
Lombroso baseava-se no atavismo, no crime por hereditariedade, na degenerescência da espécie;
 Presentes certos estigmas, em determinada pessoa e, esta estaria propensa ao cometimento de delitos (idéia da origem biopsíquica do criminoso);
Negava a importância do meio para a eclosão do crime;
Sua grande virtude foi ter dado origem à antropologia criminal;
Principal obra: O homem delinqüente;
Rafael Garofalo (Barão) 
Inaugura a fase jurídica da Escola Positiva;
Em 1855 lança a obra Criminologia;
Cria o conceito de periculosidade do réu como critério e medida para a repressão penal;
Para ele, o delinqüente não é um ser normal, mas portador de anomalia do sentimento moral. Embora limitadamente, aceita a influência do ambiente social na gênese da criminalidade;
Estranhamente, no tocante à repressão, afasta-se da escola: o fim da medida penal é principalmente a eliminação, seja pela pena de morte, seja pela deportação ou relegação;
Enrico Ferri (1856 – 1929) Advogado
 Inaugura a Sociologia Jurídica;
Negava o livre arbítrio da Escola Clássica;
Imprimiu à teoria lambrosiana o aspecto sociológico, aos fatores criminológicos, antropológicos e físicos, acrescentou os sociais;
Pugnava a responsabilidade social em substituição à responsabilidade moral;
Acenou com as medidas de segurança para os psicologicamente comprometidos;
Mais do que à repressão, deu ele importância à prevenção, sugerindo, então, medidas que denominou substitutivos penais, destinadas a modificar condições mesológicas, principalmente as sociais e econômicas, de efeitos criminógenos;
Principal obra: Sociologia Criminal (1880);
Foi o maior representante da Escola Positiva e o criador da Sociologia Criminal.
PRINCÍPIOS PENAIS DE GARANTIA
Consideram-se princípios jurídicos fundamentais os princípios historicamente objetivados e progressivamente introduzidos na consciência jurídica e que encontram uma recepção expressa ou implícita no texto constitucional. Pertencem à ordem jurídica positiva e constituem importante fundamento para a interpretação, conhecimento e aplicação do direito positivo. 
	
Norma: É o mandamento de um comportamento normal, retirado do senso comum de justiça de cada coletividade. Exemplo: pertence ao senso comum que não se deve matar, roubar, furtar ou estuprar; logo, a ordem normal de conduta é não matar, não furtar, e assim por diante. A norma, portanto, é uma regra proibitiva não escrita, que se extrai do espírito dos membros da sociedade, isto é, do senso de justiça do povo.
Lei: É a regra escrita feita pelo legislador com a finalidade de tornar expresso o comportamento considerado indesejável e perigoso pela coletividade. É o veículo por meio do qual a norma aparece e torna cogente sua observância. Dessa forma, a norma cria o antijurídico e a lei cria o delito.
 Princípio da Intervenção Mínima
Com o princípio da intervenção mínima, procura-se evitar a criação de tipos penais, desnecessários e por vezes injustos, a condutas que não possuam dignidade penal, restringindo assim, o arbítrio do legislador;
O Direito penal como forma de tutelar condutas, deve ser a ultima ratio, jamais o contrário, sob pena de vermos triunfar o arbítrio legislativo;
 Não deve servir o Direito Penal para o equacionamento de todo e qualquer conflito social, transformando-o assim num expediente corriqueiro, de uso comum;
 Traduz-se num freio ao conteúdo expansivo do controle social penal;
Deve intervir o mínimo possível para conseguir o máximo de liberdade.” 
 
Princípio da Fragmentariedade
O Direito Penal não se destina a tutelar todo e qualquer bem jurídico, nem tampouco toda a ação ou omissão que venha a lesá-lo, mas apenas os bens jurídicos fundamentais, de vital relevância e, ainda assim, contra os ataques mais insuportáveis a esses bens;
O caráter fragmentário do Direito Penal não constitui uma deficiência desse mecanismo de intervenção, mas sim “uma necessidade social concorde com sua natureza e função”, pois “uma proteção penal absoluta e generalizada própria do Estado policial provocaria a angústia e a insegurança nos cidadãos”. 
Princípio da Subsidiariedade
O princípio da subsidiariedade põe em destaque o fato de que o Direito Penal não é o único controle social formal dotado de recursos coativos;
O princípio da subsidiariedade limita, portanto, o ius puniendi na medida em que só autoriza a intervenção penal se não houver outro tipo de intervenção estatal menos lesiva e menos custosa aos direitos individuais.
Fica, pois, esclarecido o caráter limitado do direito penal, sob duplo aspecto: primeiro, o da subsidiariedade de sua proteção a bens jurídicos; segundo, o dever de estar condicionada sua intervenção à importância ou gravidade da lesão, real ou potencial. 
Princípio da insignificância ou da bagatela: 
Introduzido no sistema penal pela primeira vez em 1964, por Claus Roxin, consiste no fato de o direito penal não dever preocupar-se com bagatelas, assim como não serão admitidos tipos incriminadores que descrevam condutas incapazes de lesar qualquer bem jurídico;
Condutas que se amoldam a determinado tipo penal sob o ponto de vista formal, mas não apresentam relevância material no caso concreto, devem ser excluídas do juízo de tipicidade;
Princípio da Lesividade ou Ofensividade
O Direito penal, pelo seu caráter subsidiário, só deve ser convocado a agir, quando a conduta lesiona ou expõe um bem jurídico a perigo de dano;
Caracteriza-se como uma limitação ao poder estatal, uma vez que só lhe é permitido penalizar condutas que tenham um caráter de relevância criminal, suscetível de que aquele bem seja lesionado ou posto em grave perigo, necessitando assim, da tutela penal;
Princípio da Culpabilidade
Nullum crimen sine culpa. A pena só pode ser imposta a quem, agindo com dolo ou culpa, e merecendo juízo de reprovação, cometeu um fato típico e antijurídico;
É um fenômeno individual: o juízo de reprovabilidade (culpabilidade), elaborado pelo juiz, recai sobre o sujeito imputável que, podendo agir de maneira diversa, tinha condições de alcançar o conhecimento da ilicitude do fato (potencial consciência da antijuridicidade);
O princípio da culpabilidade deve ser entendido, em primeiro lugar,como repúdio a qualquer espécie de responsabilidade pelo resultado, ou responsabilidade objetiva. 
Em primeiro lugar, pois, o princípio da culpabilidade impõe a subjetividade da responsabilidade penal;
Não há no Direito Penal, responsabilidade coletiva, subsidiária, solidária ou sucessiva; 
Por este princípio, que é um verdadeiro contraponto à teoria da responsabilidade penal objetiva, evidenciado fica que toda e qualquer norma que vise penalizar apenas a conduta, sem perquirir se o agente agiu com dolo ou ao menos com culpa, não atentando para os cuidados necessários à não realização da conduta tida como criminosa, deve ser varrida do mundo jurídico, pois carrega consigo o vício pernicioso da inconstitucionalidade.
Princípio da Proporcionalidade da Pena
Chamado também princípio da proibição do excesso, determina que a pena não pode ser superior ao grau de responsabilidade pela prática do fato, nem tão pouco estabelecer cominações legais e penalizações, que valorativamente não sejam compatíveis com o crime cometido;
O princípio da proporcionalidade exige que se faça um juízo de ponderação sobre a relação existente entre o bem que é lesionado ou posto em perigo (gravidade do fato) e bem de que pode alguém ser privado (gravidade da pena). Toda vez que, nessa relação, houver um desequilíbrio acentuado, estabelece-se, em conseqüência, uma inaceitável desproporção;
Assim, é vedado ao legislador estabelecer normas que penalizem desproporcionalmente condutas delituosas idênticas, bem como penalizar condutas de pouca relevância penal, com penas excessivamente altas e desnecessárias, valendo-se do Direito Penal, como meio de controle social
Princípio do “Ne Bis In Idem”
Ninguém pode ser punido pelo mesmo fato. Possui duplo significado: 
penal material: ninguém pode sofrer duas penas em face do mesmo crime; 
processual: ninguém pode ser processado e julgado duas vezes pelo mesmo fato.
Conectado, direta e imediatamente, com os princípios da legalidade e tipicidade encontra-se o princípio do ne bis in idem que obsta a aplicação de mais de uma pena a um mesmo fato ou a aplicação de uma agravante já considerada no tipo básico. O que o princípio “proscreve é a duplicidade de sanções para uma mesma pessoa, por um mesmo fato e por sanções que tenham o mesmo fundamento, ou dito de outra forma, que tutelam o mesmo bem jurídico. 
Princípio da alteridade ou da transcendentalidade: 
O fato típico pressupõe um comportamento que transcenda a esfera individual do autor e seja capaz de atingir o interesse do outro (altero), ou seja, que o fato se dê em prejuízo de outrem;
À conduta puramente interna, ou puramente individual – seja pecaminosa, imoral, escandalosa ou diferente, falta a lesividade que pode legitimar a intervenção penal. O bem jurídico tutelado pela norma é, portanto, o interesse de terceiros, pois seria inconcebível provocar a interveniência criminal repressiva contra alguém que está fazendo mal apenas a si mesmo. 
Princípio da materialização do fato		
Ninguém pode ser punido pelo que pensa (mera cogitação) ou pelo modo de viver (vadio mendigo, prostituta, judeu, homossexual);
Só responde penalmente quem realiza um fato (Direito Penal do fato);
Veda-se assim, o chamado Direito Penal do autor (punir alguém não pelo que fez, mas pelo que é);
Princípio da adequação social:
Todo o comportamento que, a despeito de ser considerado criminoso pela lei, não afronta o sentimento social de justiça (aquilo que a sociedade tem por justo) não pode ser considerado crime;
O tipo penal pressupõe uma seleção de comportamentos, escolhendo somente aqueles que sejam contrários e nocivos ao interesses públicos para serem erigidos à categoria de infrações penais.
Princípio da humanidade:
	Aparece na vedação constitucional da tortura e do tratamento desumano ou degradante a qualquer pessoa, impondo ao legislador e ao intérprete mecanismos de controle de tipos legais. Disso resulta ser inconstitucional criação de um tipo ou cominação de alguma pena que atente desnecessariamente contra a incolumidade física ou moral de alguém. 
Princípio da exclusiva proteção do bem jurídico: 
	A função principal do princípio da exclusiva proteção de bens jurídicos é a de delimitar uma forma de direito penal, o direito penal do bem jurídico, daí que não seja tarefa sua proteger a ética, a moral, os costumes, uma ideologia, uma determinada religião, estratégias sociais, valores culturais como tais, programas de governo, a norma penal em si etc.	 	
	
Princípio da Legalidade:
Surgiu historicamente com a revolução burguesa e exprime, por um lado resposta pendular aos abusos do absolutismo e, por outro, afirmação da nova ordem, o princípio da legalidade a um só tempo garantia o indivíduo perante o poder estatal e demarcava este mesmo poder como o espaço exclusivo da coerção penal, constituindo a chave mestra de qualquer sistema penal que se pretenda racional e justo. 
O legislador deixou bastante claro, não admitir em termos de penalização, a criação de figuras criminosas através de outras fontes do Direito;
 O princípio da legalidade, além de interferir nas fontes, nas formas de interpretação da lei penal dá ainda fundamento a quatro garantias do cidadão, a saber:
garantia criminal: o princípio da legalidade significa a necessidade de prévia descrição, sem cláusulas gerais ou conceitos porosos ou, mesmo, indefinidos de uma conduta humana lesiva (ou que ponha em perigo) a bens de vital importância para a vida societária ou para o pleno desenvolvimento da pessoa humana; 
garantia penal: a garantia penal compreende a necessidade de explicitação da modalidade de pena e da quantidade de pena, dentro de balizas não dilatadas, cominadas para a prática do comportamento lesivo. 
Garantia Processual: Sob a ótica da garantia processual, o princípio da legalidade exige o reconhecimento do fato criminoso e a imposição individualizada e motivada de pena, respeitados os princípios atinentes à jurisdição, à ampla defesa, ao contraditório, à igualdade de armas, à liberdade de provas, à presunção de inocência etc;
Garantia de execução penal: a aplicação do princípio constitucional da legalidade, como garantia executiva, implica, assim, o reconhecimento de que o preso não pode ser manipulado pela administração prisional como se fosse um objeto; e de que a jurisdição deve fazer-se presente não apenas nos incidentes próprios da fase executória da pena, como também nos conflitos que possam eventualmente resultar da relação tensional preso-administração. 
Essa função “função de garantia da lei penal”, provoca o desdobramento do princípio em exame em quatro outros princípios, a saber:
nullum crimen, nulla poena sine lege praevia: proibição de edição de leis retroativas que fundamentem ou agravem a punibilidade;
nullum crimen, nulla poena sine lege script: proibição da fundamentação ou do agravamento da punibilidade pelo direito consuetudinário;
nullum crimen, nulla poena sine lege stricta; a proibição da fundamentação ou do agravamento da punibilidade pela analogia (analogia in malam partem)
 nullum crimen, nulla poena sine lege certa: a proibição de leis penais indeterminadas.
LEI PENAL: 
Norma: É o mandamento de um comportamento normal, retirado do senso comum de justiça de cada coletividade. Exemplo: pertence ao senso comum que não se deve matar, roubar, furtar ou estuprar; logo, a ordem normal de conduta é não matar, não furtar, e assim por diante. A norma, portanto, é uma regra proibitiva não escrita, que se extrai do espírito dos membros da sociedade, isto é, do senso de justiça do povo.
Lei: É a regra escrita feita pelo legislador com a finalidade de tornar expresso o comportamento considerado indesejável e perigoso pela coletividade. É o veículo por meio do qual a norma aparece e torna cogente sua observância. Dessa forma, a norma cria o antijurídico e a lei cria o delito.
Partes da lei: Preceitoprimário (descrição da conduta) e secundário (sanção).
Classificação da Lei penal: A lei penal pode ser classificada em duas espécies: leis incriminadoras e não incriminadoras. Estas, por sua vez, dividem-se em permissivas e finais, complementares ou explicativas.
Leis incriminadoras: são as que descrevem crimes e cominam penas.
Leis não incriminadoras: não descrevem crimes, nem cominam penas. Ex: Parte Geral do CP. 
Leis não incriminadoras permissivas: Tornam lícitas determinadas condutas tipificadas em leis incriminadoras. Ex: legítima defesa.
Leis não incriminadoras finais, complementares ou explicativas: esclarecem o conteúdo de outras normas e delimitam o âmbito de sua aplicação: Ex: todos os artigos da Parte Geral, com exceção das causas de exclusão de ilicitude.
Características das Leis Penais: 
	1ª) Exclusividade: só elas definem crimes e cominam penas.
2ª) Anterioridade: As que descrevem crimes somente têm incidência se já estavam em vigor na data de seu cometimento.
3ª) Imperatividade: impõem-se coativamente a todos, sendo obrigatória sua observância.
4ª) Generalidade: Têm eficácia erga omnes, dirigindo-se a todos, inclusive inimputáveis.
5ª) Impessoalidade: dirigem-se impessoal e indistintamente a todos. Não se concebe a elaboração de uma norma para punir especificamente uma pessoa.
6ª) Igualitariedade: Advém da clara disposição constitucional que proclama a igualdade de todos perante a lei.
7ª) Descritiva: utiliza-se da técnica de descrever a conduta, associando-a a uma pena (contrário da proibitiva).
8ª) Constitucionalidade: A inconstitucionalidade de uma lei exclui sua aplicação ou a invalida erga omnes
Leis penais em branco: normas penais em branco são as de conteúdo incompleto, vago, lacunoso, que necessitam ser complementadas por outras normas jurídicas.
Dividem-se em:
Homogêneas: quando o complemento provém da mesma fonte formal (outra lei);
Heterogêneas: o complemento provém de fonte formal diversa (portaria, decreto, resolução) 
INTERPRETÇÃO DA LEI PENAL
Considerações preliminares:
		
		Toda a norma penal demanda interpretação, uma vez que o sentido jurídico de um preceito legal pode estar em dissonância com aquele entendimento meramente literal; em outras palavras, o entendimento sugerido pela simples leitura do texto legal que em um primeiro momento se evidencia claro pode ensejar compreensão jurídica diversa.
Conceito:é a atividade que consiste em extrair da norma penal seu exato alcance e real significado.
Espécies
Quanto ao sujeito que a elabora:
Autêntica ou legislativa: feita pelo próprio órgão encarregado da elaboração do texto. Pode ser contextual, quando feita dentro do próprio texto interpretado, ou posterior, quando a lei interpretadora entra em vigor depois da interpretada. 
Doutrinária ou científica: Feita pelos estudiosos e cultores do direito.
Judicial: Feita pelos órgãos jurisdicionais. Não tem força obrigatória, ressalvado o caso concreto para o qual sobrevenha a coisa julgada. Adquire tanto mais força quanto mais alta seja a instância decidente e quanto mais pacífica e constante, recebendo, então o nome de jurisprudência. 
Quanto aos meios empregados
Gramatical, literal ou sintática: Leva-se em conta o sentido literal das palavras.
Lógica ou teleológica: Busca-se a vontade da lei atendo-se a seus fins e a sua posição dentro do ordenamento jurídico. Convêm para a aplicação desse método, buscar a intenção do legislador, sobretudo nos trabalhos preparatórios anteriores à edição da lei.
Sistêmica: Com a interpretação sistêmica, o exegeta analisa o dispositivo legal no sistema no qual ele está contido, e não de forma isolada. Interpreta-se com os olhos voltados para o todo, e não somente para as partes.
Bobbio define a interpretação sistêmica como: ‘’aquela forma de interpretação que tira os argumentos do pressuposto de que as normas de um ordenamento (como o Direito Privado, o Direito Penal) constituam uma totalidade ordenada (mesmo que depois se deixe um pouco no vazio o que se deve entender com essa expressão), e, portanto, seja lícito esclarecer uma norma deficiente recorrendo ao chamado ‘espírito do sistema’. Mesmo indo contra aquilo que resultaria de uma interpretação meramente literal’’.
Interpretação conforme a Constituição: A interpretação conforme a constituição é o método de interpretação mediante o qual o intérprete, de acordo com uma concepção penal garantista, procura aferir a validade das normas mediante o seu confronto com a constituição.
As normas infraconstitucionais devem, sempre, ser analisadas e interpretadas de acordo com os princípios informadores da Carta Constitucional, não podendo, de modo algum, afronta-los, sob pena de ver judicialmente declarada a sua invalidade.
Como bem destacou Paulo de Souza Queiroz: “como guardião da legalidade constitucional, a missão primeira do juiz, em particular criminal, antes de julgar, enfim, a sua compatibilidade – formal e substancial – com a constituição, para, se a entender lesiva à Constituição, interpretá-la conforme a Constituição ou, não sendo isso possível, deixar de aplicá-la, simplesmente, declarando-lhe a inconstitucionalidade”.
Quanto ao resultado
 
Declarativa: Há perfeita correspondência entre a palavra da lei e a sua vontade.
Restritiva: Quando a letra escrita da lei foi além de sua vontade (a lei disse mais do que queria, e, por isso, a interpretação vai restringir seu significado). Costuma-se dizer que a lei pecou pelo excesso.
Extensiva: A letra escrita da lei ficou aquém de sua vontade (a lei disse menos do que queria, e, por isso, a interpretação vai ampliar seu significado).
OBS: Em matéria penal, o uso da interpretação extensiva somente é permitido quando para beneficiar o réu, jamais o contrário.
Princípio “In dúbio pro reo”
		Havendo dúvida insuperável, deve-se sempre optar pela interpretação mais favorável ao réu (princípio do favor rei ou in dubio pro libertate). Esse mesmo juízo pode não ser adotado pelo promotor no momento da denúncia. Mas na sentença é diferente. Ainda vigora o aforismo poena lia sunt restringenda, isto é, as disposições que cominam penas (ou que criminalizam condutas) devem ser interpretadas restritivamente. 
Interpretação progressiva : A lei deve ser interpretada de acordo com os progressos da cultura, da sociedade, dos recursos tecnológicos etc.
Interpretação analógica:
		Após uma seqüência casuística, segue-se uma formulação genérica, que deve ser interpretada de acordo com os casos anteriormente elencados. Na interpretação analógica, existe uma norma regulando a hipótese (o que não ocorre na analogia) expressamente (não é o caso da interpretação extensiva), mas de forma genérica, o que torna necessário o recurso à via interpretativa. 
Analogia:
		A analogia (também conhecida por integração analógica, suplemento analógico e aplicação analógica) consiste em aplicar a uma hipótese não regulada por lei disposição relativa a um caso semelhante. Na analogia, o fato não é regido por qualquer norma, e por essa razão, aplica-se uma de caso análogo.
		Divide-se em:
In bonam partem: quando a analogia é empregada em benefício do agente;
In malam partem: quando a analogia é empregada em prejuízo do agente;
OBS: Não se admite o emprego de analogia para normas incriminadoras, uma vez que não se pode violar o princípio da reserva legal. 
VIGÊNCIA DA LEI PENAL
		Conforme reza o art. 1º da lei de introdução do Código Civil Brasileiro, salvo disposição em contrário, a lei começa vigorar em todo o país 45 dias depois de oficialmente publicada. A lei começa a produzir efeitos após sua entrada em vigor, passando a regular todas as situações futuras (regra) e passadas (exceção). A entrada em vigor equivale ao nascimento da lei. Após esse momento, a lei vige até que outra posterior a revogue (art. 2º da LICC), não se admitindo que o costume, o decurso do tempoou regulamentos do Poder Executivo possam cancelar-lhe a vigência ou retirar-lhe a eficácia. 
		A revogação pode ser expressa ou tácita:
revogação expressa: a lei posterior declara textualmente que a anterior não mais produz efeitos;
revogação tácita: a lei posterior não determina expressamente a revogação da anterior, mas com esta é incompatível ou regula inteiramente a matéria antes tratada. 
EFICÁCIA DA LEI PENAL NO TEMPO 
		Desde que uma lei entra em vigor, rege todos os atos abrangidos por sua destinação, até que cesse a sua vigência. Não alcança dos fatos ocorridos antes ou depois dos dois limites extremos: não retroage nem tem ultra-atividade, como regra.
Irretroatividade da lei penal
		Há uma regra dominante em termos de conflito de leis penais no tempo. É a da irretroatividade da lei penal, sem a qual não haveria nem segurança nem liberdade na sociedade, num flagrante desrespeito ao princípio da legalidade e da anterioridade da lei (arts. 1º do CP e 5º, XXXIX, da CF).
Retroatividade da lei penal mais benigna
		 O princípio da irretroatividade vige, entretanto, somente em relação à lei mais severa. Admite-se, no direito transitório, a aplicação retroativa e ultrativa da lei mais benigna. Somente o exame acurado de cada caso concreto poderá demonstrar a maior benignidade de uma lei.
Hipótese de choques entre a lei nova e a anterior:
“Abolitio criminis”: ocorre abolitio criminis quando a lei nova deixa de considerar crime fato anteriormente tipificado como ilícito penal. A lei nova retira a característica de ilicitude penal de uma conduta precedentemente incriminada (art. 2º do CP). Conseqüentemente, retroage, extinguindo o jus puniendi do Estado, eliminando todos os efeitos penais, subsistindo os civis. Com a abolitio criminis a “vida penal” do agente fica inteiramente “limpa”, mesmo que tenha se formado a coisa julgada, portanto, se o réu estiver preso deverá ser imediatamente posto em liberdade;
Novatio legis incriminadora: Ao contrário da abolitio criminis, considera crime fasto anteriormente não incriminado. A novatio legis incriminadora é irretroativa e não pode ser aplicada a fatos praticados antes da sua vigência, segundo o velho aforisma nullum crimen sine praevia lege, hoje erigido em dogma constitucional (art. 5º, XXXIX, da CF);
Novatio legis in pejus: Lei posterior, que de qualquer modo agravar a situação do sujeito, não retroagirá (art. 5º, XL, da CF). Se houver um conflito entre duas leis, a anterior, mais benigna, e a posterior, mais severa, aplicar-se-á a mais benigna: a anterior será ultra-ativa, por sua benignidade, e a posterior será irretroativa, por sua severidade;
Novatios legis in mellius: Pode ocorrer que a lei nova, mesmo sem descriminalizar, de tratamento mais favorável ao sujeito. Mesmo que a sentença condenatória se encontre em fase de execução, prevalece a lex mitior que, de qualquer modo, favorecer o agente, nos estritos termos do parágrafo único do art. 2º do CP. O dispositivo citado deixa claro que a irretroatividade é incondicional. 
TEMPO DO CRIME: 
Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado.
Teorias sobre o momento do crime:
Atividade ou da ação: considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão;
Resultado: considera-se praticado o crime no momento em que é produzido o resultado;
Ubiqüidade ou mista: considera-se praticado o crime no momento da conduta e no momento do resultado
Teoria adotada: ........................................
Tempo do crime para a fixação da lei aplicável
Crimes permanentes: aplica-se a lei penal mais nova, ainda que mais gravosa, pois, como a conduta se protrai no tempo, a todo o momento renovam-se a ação e a incidência da nova lei.
Crimes continuados: Há dois entendimentos:
Se uma nova lei intervém no curso da série delitiva, deve ser aplicada, ainda que mais grave, a toda a série continuada. (Fernando Capez, STF: Súmula 711);
 O crime continuado é uma ficção jurídica concebida por razões de política criminal, como um crime único, estabelecendo, em outros termos, um tratamento unitário a uma pluralidade de atos delitivos, determinando uma forma especial de puni-los, com o objetivo primordial de beneficiar o réu. Com efeito o instituto do crime continuado, teve a finalidade exclusiva de beneficiar o infrator e jamais prejudica-lo. (César Roberto Bitencourt) 
 LEIS DE VIGÊNCIA TEMPORÁRIA
Lei excepcional: é aquela promulgada para satisfazer e enquanto persistir situação anormal (terremoto, guerra, epidemia, seca prolongada etc.). Terminada a situação que a deu ensejo, deixa de vigorar a norma, que tem sua duração condicionada ao protraimento da situação anormal.
Lei temporária: é a norma cuja vigência é previamente determinada pelo legislador. Findo o período para o qual foi promulgada, deixa de existir, sem necessidade de uma nova lei ab-rogatória (tabelamento de preços).
Característica comum: São leis ultra-ativas, pois regulam os fatos ocorridos durante sua vigência, mesmo após a revogação. Aqui, mesmo que a lei posterior, vigente à época do julgamento do fato, seja mais benéfica, não retroagirá
APLICAÇÃO DA LEI PENAL NO ESPAÇO (art. 5º, do CP)
Territorialidade da lei brasileira
Princípio da territorialidade: a lei penal só tem aplicação no território do estado que a editou, pouco importando a nacionalidade do sujeito ativo ou passivo.
Territorialidade absoluta: Somente a lei penal brasileira é aplicável aos crimes cometidos no território nacional;
Territorialidade temperada: a lei penal brasileira aplica-se, em regra ao crime cometido no território nacional. Excepcionalmente, a lei estrangeira é aplicada a crimes cometidos em território nacional.
Princípio adotado pelo nosso CP:..............................................
Conceito de território:
Aspecto material: especo delimitado por fronteiras geográficas;
Aspecto jurídico: é todo espaço em que o Estado exerce a sua soberania.
Componentes do território:
Solo;
Rios, lagos, baías etc;
Mar territorial: 12 milhas marítimas;
Espaço aéreo: soberania sobre a coluna atmosférica;
Navios e aeronaves: quando públicos consideram-se extensão do território nacional estejam onde estiverem, quando privados também, desde que estejam em alto-mar ou no espaço aéreo correspondente. 
LUGAR DO CRIME (art. 6º, do CP)
Teorias:
Teoria da atividade ou da ação: lugar do crime é o da ação ou omissão, sendo irrelevante o local da produção do resultado
Teoria do resultado: lugar do crime é aquele em que foi produzido o resultado, sendo irrelevante o local da conduta;
Teoria mista ou da ubiqüidade: lugar do crime é tanto o da conduta quanto o do resultado.
Teoria adotada: ............................................................................
Crime à distância ou de espaço máximo: é quando a conduta é realizada no território nacional e o resultado ser produzido no estrangeiro;
EXTRATERRITORIALIDADE (art. 7º, do CP)
Conceito: consiste na aplicação da lei penal brasileira aos crimes cometidos fora do Brasil.
Extraterritorialidade incondicionada: diz-se incondicionada porque não se subordina a qualquer condição para atingir um crime cometido fora do território nacional (art. 7º, I, do CP);
Extraterritorialidade condicionada: a lei nacional só se aplica ao crime cometido no estrangeiro se satisfeitas determinadas condições. (art. 7º, II, §2º e 3º, do CP)
Princípios inerentes à extraterritorialidade 
Princípio da nacionalidade ou personalidade ativa: aplica-se a lei nacional ao cidadão brasileiro que cometeu o crime no estrangeiro, independente da nacionalidade do sujeito passivo (art. 7º, II, letra h);
Princípio da nacionalidade ou personalidade passiva: aplica-se a lei nacional ao cidadão que comete crime no estrangeiro contra bem jurídico deseu próprio Estado ou contra sujeito passivo de sua nacionalidade;
Princípio da defesa, real ou de proteção: leva-se em conta a nacionalidade do bem lesado, independentemente do local em que o crime é praticado ou da nacionalidade do sujeito ativo (art. 7º, I, a,b, c, do CP);
Princípio da justiça universal: Toso estado tem do direito de punir qualquer crime, seja qual for a nacionalidade do delinqüente e da vítima, ou o local de sua prática, desde que o criminoso esteja dentro de seu território. (art. 7º, II, letra a, do CP);
Princípio da representação: delitos cometidos em aeronaves e embarcações privadas, quando realizados no estrangeiro e aí não venham a ser julgados. (art. 7º, II, letra c, do CP) 
EFICÁCIA DA LEI PENAL EM RELAÇÃO ÀS PESSOAS
Imunidade Diplomática: o diplomata é dotado de inviolabilidade pessoal, pois não pode ser preso, nem submetido a qualquer procedimento ou processo, sem autorização de seu país;
Sedes diplomáticas: não são consideradas extensão do país em que se encontram, mas são dotadas de inviolabilidade, não podendo ser objeto de busca, requisição, embargo etc;
Entes abrangidos: 
agentes diplomáticos (embaixador, secretários, pessoal técnico e administrativo);
componentes da família do embaixador;
funcionários de organizações internacionais (OEA, ONU, etc);
chefes de Estado estrangeiro em vista ao país, inclusive os membros de sua comitiva.
Imunidades parlamentares: 
Imunidade material: deputados e senadores, são invioláveis, civil e penalmente, em quaisquer de suas manifestações proferidas no exercício ou desempenho de suas funções.
OBS: A imunidade material estende-se também a deputados estaduais e aos vereadores. 
Imunidade processual: Art. 53, § 3º da CF;
Imunidade prisional: desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Neste caso, os autos serão remetidos dentro de 24 horas à casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão;
Prisão: somente em crime inafiançável;
Prisão cautelar: não são admitidas. 
Inviolabilidade do advogado
Art. 7º, do Estatuto da OAB: “o advogado tem imunidade profissional, não constituindo injúria, difamação ou desacato puníveis, qualquer manifestação de sua parte, no exercício de sua atividade, em juízo ou fora dele”.
OBS: a jurisprudência tem entendido que a imunidade acima, alcança somente a injúria e difamação irrogadas em juízo, não alcançando a calúnia. Também se tem entendido que não abrange a ofensa dirigida ao juiz, limitando-se às partes.
Pena cumprida no estrangeiro
Art. 8º. A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas. 
Princípio adotado:................................................................
Eficácia de sentença estrangeira
Art. 9º. A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na espécie as mesmas conseqüências, pode ser homologada no Brasil para:
I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos civis;
II - sujeitá-lo à medida de segurança.
Parágrafo único. A homologação depende:
a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte interessada;
b) para os outros efeitos, da existência de tratado de extradição com o país de cuja autoridade judiciária emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de requisição do Ministro da Justiça.
Contagem do prazo
Art. 10. O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum.
Prazos penais: sempre que houver interferência no poder punitivo ou, de qualquer modo, atingir o direito de liberdade do indivíduo, será considerado prazo penal.
	
Ex: execução de penas, sursis, prescrição, decadência, Liberdade condicional, prisões provisórias
OBS: São prazos fatais e improrrogáveis, mesmo que terminem em sábados, domingos ou feriados.
Frações não computáveis da pena
Art. 11. Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de direitos, as frações de dia, e, na pena de multa, as frações de cruzeiro.
Frações das penas temporais: privativas de liberdade e privativas de direito, não são computáveis as frações de dias, Istoé, as horas e minutos dessas penas. As frações de mês e ano não podem ser desprezadas (as de ano devem ser reduzidas há meses e as de meses a dias);
Frações das penas pecuniárias: nas penas pecuniárias, não são computadas as frações da unidade da moeda nacional.
Legislação especial (art. 12, CP)
CONFLITO APARENTE DE NORMAS
Conceito: é o conflito que se estabelece entre duas ou mais normas (ou tipos), aparentemente aplicáveis ao mesmo fato;
Elementos:
Unidade de fato – há somente uma infração penal;
Pluralidade de normas: duas ou mais normas pretendendo regulá-lo;
Aparente aplicação de todas as normas à espécie;
Efetiva aplicação de apenas um delas
Princípios solucionadores:
Princípio da especialidade (lex specialis dorogat generali): especial é a norma que possui todos os elementos da geral e mais alguns, denominados especializantes.
princípio da subsidiariedade: existe relação de subsidiariedade entre duas normas quando houver graus diversos de ofensa de um mesmo bem, de modo que a ofensa maior absorve a menor e portanto a aplicabilidade desta é condicionada à na aplicação da outra
b.1) Subsidiariedade tácita: quando o crime definido numa norma é elemento ou circunstância legal de outro crime;
b.2) Subsidiariedade expressa: quando a própria norma revela seu caráter subsidiário, contendo nela a expressão “se o fato não constitui crime mais grave” 
É indispensável a análise do caso concreto, ao contrário da especialidade, onde a basta a comparação das normas;
 Deve-se verificar que crime foi praticado e qual a intenção do agente, para só então sabermos qual norma incidirá;
Não existe como na especialidade, elementos especializantes, mas descrição típica de fato mais abrangente e mais grave;
Uma norma penal é mais ampla do que a outra, mas não necessariamente especial;
Um fato (subsidiário) está dentro de outro (primário)
Princípio da Consunção: É o princípio segundo o qual um fato mais amplo e mais grave consome, isto é, absorve, outros fatos menos amplos e graves, que funcionam como fase normal de preparação ou execução ou como mero exaurimento. Verifica-se quando um crime é meio indispensável à execução de outro, ou sua fase normal de preparação. Por isso, o crime consumado absorve o crime tentado, o crime de perigo é absorvido pelo crime de dano.
Hipóteses em que se verifica a consunção:
1º) Crime progressivo: ocorre quando o agente, objetivando, desde o início, produzir o resultado mais grave, pratica, por meio de atos sucessivos, crescentes violações ao bem jurídico. O último ato, causador do resultado inicialmente pretendido, absorve todos os anteriores.
Elementos: 
unidade de elemento subjetivo;
unidade de fato;
pluralidade de atos;
progressividade na lesão ao bem jurídico.
2º) Crime complexo: é o que resulta da fusão de dois ou mais delitos autônomos que passam a funcionar como elementos ou circunstâncias no tipo complexo.
3º) Progressão criminosa: 
Progressão criminosa em sentido estrito: aqui o agente deseja inicialmente produzir um resultado e, após atingi-lo, decide prosseguir e reiniciar a sua agressão, produzindo lesão mais grave;
Fato anterior (“antefactum”) não punível: sempre que um fato anterior menos grave for praticado como meio necessário para a realização de outro mais grave e, desde que esteja na mesma linha de desdobramento causal, ficará por este absorvido;
Fato posterior (“postfactum”) não punível: ocorre quando, após realizada a conduta, o agente pratica novoataque contra o mesmo bem jurídico, visando apenas tirar proveito da prática anterior. No entanto, a absorção só ocorrerá quando a nova agressão for direcionada ao mesmo bem jurídico.
TEORIA DO CRIME
Objeto do crime:
Objeto jurídico: é o interesse individual ou coletivo ou o valor (bem jurídico) atingido pela conduta delituosa e protegido pela lei penal;
Objeto material: é o ser (pessoa ou coisa) sobre a qual recai concretamente a conduta delituosa. 
OBS: Nos crimes de mera conduta ou formais, não existe objeto material, pois se consumam sem um resultado naturalístico.
Divisão das infrações penais:
Divisão tripartida:França, Bélgica etc.
a.1) Crime: condutas ilícitas mais graves;
a.2) Delito: infrações intermediárias;
a.3) Contravenções: as menos graves.
Divisão bipartida: Brasil, Alemanha, Itália, Argentina etc.
b.1) Crimes:infrações infrações a que a lei comina pena de reclusão ou detenção;
b.2) Contravenções: infrações penalizadas com prisão simples ou multa.
b.3) Delitos: gênero do qual os outros dois são espécies.
CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES SEGUNDO A DOUTRINA OU A PRÓPRIA LEI
Crime comum: é a infração penal que pode ser cometida por qualquer pessoa;
Crime próprio: Só podem ser cometidos por determinados sujeitos ativos;
Crimes de mão própria: o sujeito ativo não pode praticá-lo através de outra pessoa;
Crime doloso: é o crime praticado com vontade dirigida para a realização do resultado típico;
Crime culposo: o resultado punível ocorreu involuntariamente (imprudência, negligência ou imperícia);
Crime preterdoloso: caracteriza-se por ser um misto de dolo e culpa;
Crime material: constituem-se de ação e resultado previsto no tipo penal;
Crime formal ou de mera conduta: o resultado se realiza (se consuma) com a prática da própria conduta;
Crimes de perigo: se consumam independentemente de um dano concreto ao bem jurídico lesado, bastando a possibilidade ou probabilidade de real prejuízo ou lesão ao bem jurídico. Subdividem-se em:
Crimes de perigo abstrato: não se faz necessária a demonstração do perigo. É a própria lei quem presume a sua existência;
Crimes de perigo concreto: a lei não presume o perigo, sendo necessária a sua comprovação. 
Crimes de dano: somente se consuma com a concretização de efetiva lesão (dano) ao bem jurídico protegido pela norma penal;
Crime comissivo: a maioria das infrações penais é praticada mediante uma ação positiva. Por isso que se diz que o crime é comissivo, pois sua realização exige o cometimento de uma conduta ativa;
Crime omissivo: aqui, o direito pune aquele que deixa de realizar uma conduta determinada imperativamente pela norma penal;
Crime instantâneo: a consumação é concretizada num momento certo ou num instante determinado;
Crime permanente: alguns crimes têm a sua consumação prolongada no tempo, permanecendo enquanto perdurarem as circunstancias realizadoras do tipo penal;
Crime habitual: esta categoria de crime exige para a sua configuração, que a conduta incriminada seja praticada de forma reiterada;
Crime simples: a conduta delitiva ofende apenas um bem jurídico;
Crimes complexos: são chamados de complexos os crimes constituídos de dois ou mais tipos penais;
Crime progressivo: sua realização passa necessariamente pela prática de outro menos grave, que é por ele absorvido;
Crime unissubjetivo: podem ser praticados por um único sujeito ativo;
Crimes plurissubjetivos ou de concurso necessário: exigem obrigatoriamente a participação de duas ou mais pessoas para a sua realização;
Crime de ação única: o tipo penal descreve uma única forma de ação;
Crime de ação múltipla: pode ser praticado através de diversas condutas distintas (emprego de vários verbos);
Crime impossível: quando por ineficácia absoluta do meio empregado ou impropriedade do objeto é impossível o crime se consumar. O crime só existe na cabeça do autor;
Crime hediondo: Art. 5º, XLIII da CF e lei 8072/90;
Crime de menor potencial ofensivo: lei 9099/95(art. 61) e 10.259/01(art. 2º);
Quanto à gravidade:
 
Crime simples: crime na sua forma simples e elementar;
Crime qualificado: quando ao tipo básico, a lei acrescenta uma circunstância significativamente grave;
Crime privilegiado: a lei prevê uma circunstância redutora do juízo de censura;
CONCEITO DE CRIME:
a)Aspecto material: todo o fato humano que, propositada ou descuidadamente, lesa ou expõe a perigo bens jurídicos considerados fundamentais para a existência da coletividade e da paz social;
b) Aspecto analítico: É aquele que busca, sob um prisma jurídico, estabelecer os elementos estruturais do crime. Sob esse enfoque, crime passa a ser um fato:
 TÍPICO + ILÍCITO (ANTIJURÍDICO) + CULPÁVEL = CRIME 
		 (Concepção tripartida de crime)
					OU
TÍPICO + ILÍCITO = CRIME 
 CULPABILIDADE = pressuposto para aplicação da pena (Concepção bipartida) 
Fato típico
Conceito: é o fato material que se amolda perfeitamente aos elementos constantes do modelo previsto na lei penal.
Elementos do fato típico:
Conduta;
Resultado;
Nexo causal (só nos crimes materiais)
Tipicidade.
Conduta:
Conceito: conduta penalmente relevante é toda ação ou omissão humana, consciente e voluntária, dolosa ou culposa, voltada a uma finalidade, típica ou não, mas que produz ou tenta produzir um resultado previsto na lei penal como crime. Funda-se no princípio da evitabilidade, só interessando as condutas que poderiam ser evitadas 
Teorias da conduta: 
Naturalista ou causal:
O conceito causal de ação foi elaborado por Franz Von List no final do séc. XIX;
A conduta era vista como uma simples exteriorização de movimento ou abstenção de comportamento, desprovida de qualquer finalidade;
O único nexo que importa estabelecer é o natural (causa e efeito), desprezando-se os elementos volitivo (dolo) e normativo (culpa);
Dolo e culpa são irrelevantes para o enquadramento típico da conduta, só importando pra o exame da culpabilidade;
Fato típico (abarcava somente os aspectos objetivos do crime);
Culpabilidade (aspectos subjetivos);
Esta teoria foi amplamente adotada pelos regimes totalitários (função utilitária do Direito Penal);
Tal teoria era inaplicável à omissão, pois falta nesta uma relação de causalidade entre a não realização de um movimento corporal e o resultado, bem como ao crime culposo, uma vez que o decisivo do injusto nos crimes culposos é o desvalor da ação.
Teoria Finalista da ação:
Começou a ser elaborada no final da década de 20 e início da de 30, tendo como principal defensor Hanz Welzel;
Surgiu como uma reação diante do chamado dogma naturalista;
Distinguiu-se a finalidade da causalidade, concluindo-se que não existe conduta típica sem vontade e finalidade;
Não é possível separar dolo e culpa da conduta típica;
A causalidade é a relação de causa e efeito que enxergamos externamente, ao passo que a finalidade é o fim visado pelo agente em sua conduta, invisível a nossos olhos;
Não existe conduta relevante para o Direito Penal, se não for animada pela vontade humana;
Não existindo vontade, no caso da coação física, atos reflexos, caso fortuito ou força maior;
No tocante aos crimes culposos a teoria finalista aplica-se integralmente, pois o resultado não foi querido, mas a conduta era animada pela vontade.
A direção final de uma ação realiza-se em duas fases:
1ª) Subjetiva (ocorre na esfera intelectiva): 
antecipação do fim que o agente quer realizar (objetivo pretendido);
seleção dos meios adequados para a consecução do fim (meios de execução);
consideração dos efeitos concomitantes relacionados à utilização dos meios e o propósito a ser alcançado (conseqüência da relação meio/fim);
2ª) Objetiva (ocorre no mundo real): execuçãoda ação real, dominada pela determinação do fim e dos meios na esfera do pensamento. Em outros termos, o agente põe em movimento, segundo um plano, o processo causal, dominado pela finalidade, procurando alcançar o objetivo proposto. Se por qualquer razão, não se consegue o domínio final ou não se produz o resultado, a ação será apenas tentada. 
 
Teoria social da ação
Para Hans Heinrich Jescheck, a ação é definida como comportamento humano socialmente relevante;
A teoria finalista é insuficiente, uma vez que não leva em consideração o aspecto social do comportamento humano;
O Direito penal só deve cuidar daquelas condutas voluntárias que produzam resultados típicos de relevância social;
A ação socialmente adequada está desde o início excluída do tipo, porque se realiza dentro do âmbito de normalidade social;
Principais aspectos de cada uma das teorias ora estudadas: 
A teoria causal leva à imputação do resultado e ao desvalor do resultado; a teoria finalista destaca a natureza intencional da ação e o desvalor desta; e, finalmente, a teoria social insere o contexto social geral na valoração da ação. 
Elementos da conduta:
Vontade;
Finalidade;
Exteriorização;
Consciência;
 Formas de conduta: ação e omissão
A conduta omissiva
	Quando a norma impõe a realização de uma conduta positiva, a omissão dessa imposição legal gera a lesão da norma mandamental
Teorias da omissão:
a) Teoria Naturalística:
A omissão é um fenômeno causal (causa e efeito);
Não deve ser considerada uma inatividade (non facere), mas sim, uma verdadeira espécie de ação (quem se omite faz alguma coisa);
O omitente, ao permanecer inerte, fez coisa diversa da que deveria ser feita;
Para esta teoria, aquele que se omite também da causa ao resultado e por ele deve responder;
b) Teoria Normativa:
A omissão é um nada, logo, não pode causar coisa alguma;
Assim, o omitente não pode responder pelo resultado, pois não o provocou, só responde pelo crime quando a omissão for penalmente relevante;
A omissão será penalmente relevante quando a omissão, vier acompanhada do “dever de agir”;
O Código penal prevê três hipóteses:
dever legal (art. 12, § 2º, “a”);
dever de garantidor (art. 13, § 2º, “b”);
dever por ingerência na norma (art. 13, 2º “c)
Há necessidade de uma norma impondo, na hipótese concreta, o dever jurídico de agir
Formas de condutas omissivas:
Crimes omissivos próprios: aqui, exige-se uma atividade do agente (comportamento positivo), no sentido de salvaguardar um bem jurídico. O omitente só praticará crime se houver tipo incriminador descrevendo a omissão. Nesses crimes omissivos, basta a abstenção, é suficiente a desobediência ao dever de agir para que o delito se consume. O resultado que eventualmente surgir dessa omissão será irrelevante para a consumação do crime, podendo apenas configurar uma majorante ou uma qualificadora. No entanto, se houver essa majoração também é indispensável que se analise a relação de causalidade. 
Crimes omissivos impróprios ou comissivos por omissão: 
Nesses crimes, o agente não tem simplesmente a obrigação de agir, mas a obrigação de agir para evitar um resultado, isto é, deve agir com a finalidade de impedir a ocorrência de determinado evento;
A lei considera que o não fazer tem o mesmo valor do fazer;
O agente responde pelo resultado não porque o causou com a omissão, mas porque não o impediu realizando a conduta que estava obrigado.
Pressupostos fundamentais do crime omissivo
Poder agir: o poder agir é um pressuposto básico de todo o comportamento humano. Também na omissão, é necessário que o sujeito tenha a possibilidade física de agir, para que se possa afirmar que não agiu voluntariamente;
 Evitabilidade do resultado: mas, ainda que o omitente tivesse a possibilidade de agir, fazendo-se um juízo hipotético de eliminação, imaginando-se que a conduta foi realizada, é preciso verificar se o resultado teria ocorrido ou não;
Dever de impedir o resultado: mas, se o agente podia agir e o resultado desapareceria com a conduta omitida, ainda assim não se pode imputar o resultado ao sujeito que se absteve. É necessária uma terceira condição, ou seja, é preciso que o sujeito tivesse o dever de evitar o resultado, em outros termos, que ele fosse garantidor da sua não ocorrência.
Fontes originárias da posição de garantidor:
Ter por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância: é um dever legal, decorrente de lei. Nesses casos, se o sujeito, em virtude de sua abstenção, descumprindo o dever de agir, não obstruir o processo causal que se desenrola diante dele, é considerado, pelo Direito Penal, como se o tivesse causado;
De outra forma, assumir a responsabilidade de impedir o resultado: Durante muito tempo se falou em dever contratual, o que é um equívoco, pois o contrato não esgota todas as possibilidades de assunção de responsabilidades. De qualquer forma, o que importa é que o sujeito voluntariamente se tenha colocado na condição de garantidor;
Com o comportamento anterior, criar o risco da ocorrência do resultado: Nesses casos, o sujeito coloca em andamento, com sua atividade anterior, um processo de risco, ou, então, com seu comportamento, agrava um processo já existente. 
	CRIME OMISSIVO PRÓPRIO
	CRIME OMISSIVO IMPRÓPRIO
	O agente tem o dever genérico de agir (recai sobre todos indistintamente);
	O agente tem um dever específico de evitar o resultado (se não evitar, responderá pelo crime, como se tivesse agido) – recai sobre determinadas pessoas (art. 13, parágrafo 2º, do CP);
	Subsunção direta de fato e norma (há um tipo descrevendo uma omissão e o fato é uma omissão) – crime de mera conduta.
	Subsunção indireta de fato e norma (o fato é uma omissão, porém o tipo descreve uma ação) – crime material.
	Não admite tentativa.
	Admite tentativa.
Ausência de conduta:
Coação física irresistível (“vis absoluta”)
Quem atua obrigado por uma força irresistível não age voluntariamente. Quem atua, nessas circunstâncias, não é dono do ato material praticado, não passando de mero instrumento realizador da vontade do coator. 
Movimentos reflexos
São atos reflexos, puramente somáticos, aqueles em que o movimento corpóreo ou sua ausência é determinado por estímulos dirigidos diretamente ao sistema nervoso. Nestes casos, o estímulo exterior é recebido pelos centros sensores, que o transmitem diretamente aos centros motores, sem intervenção da vontade.
Estado de inconsciência: 
Em termos jurídico-penais, consciência, na lição de Zaffaroni: “é o resultado da atividade das funções mentais. Não se trata de uma faculdade do psiquismo humano, mas do resultado do funcionamento de todas elas”. Quando essas funções mentais não funcionam adequadamente se diz que há estado de inconsciência, que é incompatível com a vontade, e sem vontade não há ação. 
		
Caso fortuito:
São acontecimentos imprevisíveis e inevitáveis, que escapam do domínio da vontade humana. 	
Conseqüências da ausência de conduta: sem conduta, não há fato típico, uma vez que ela é seu elemento, e, conseqüentemente, não há crime.
SUJEITOS DO CRIME:
Sujeito passivo material ou eventual: é o titular do bem jurídico atingido pela conduta criminosa, podendo ser o ser humano (ex. crimes contra a pessoa), o Estado (ex: crimes contra a Administração Pública); a coletividade (ex: crime contra a saúde pública); e, inclusive, pode ser a pessoa jurídica (ex: crime contra o patrimônio).
Sujeito passivo formal: é o Estado, pois é atingido pela violação do preceito contido na norma penal.
Sujeito ativo do crime: 
Para alguns somente a pessoa humana pode ser considerada como sujeito ativo de um crime:
A pena criminal tem funções retributiva, preventiva e de recuperação social do delinqüente;
É a pessoa humana que pratica a figura típica descrita na lei, isolada ouconjuntamente com outros autores;
A conduta, pedra angular da Teoria do Crime, é produto exclusivo do homem;
A capacidade de ação, de culpabilidade, exige a presença da vontade, entendida como faculdade psíquica da pessoa individual, que somente o ser humano pode ter.
Responsabilidade penal da pessoa jurídica (art. 173, § 5º e 225, § 3º, CF – art. 3º da Lei 9605/98)
Teoria da ficção (não admite)
A pessoa jurídica tem existência fictícia, irreal ou de pura abstração, carecendo de vontade própria;
Falta-lhe consciência, vontade e finalidade (requisitos para a configuração do fato típico);
Falta-lhe também: imputabilidade e possibilidade de conhecimento do injusto (requisitos da culpabilidade), não possuindo assim, capacidade de pena;
Ausência de justificativa para a pena: a sanção penal tem por escopo a idéia de retribuição, intimidação e recuperação social do delinqüente;
Em sede conclusiva: não se admite que a pessoa jurídica possa delinqüir. 
Teoria da realidade ou da personalidade real:
Para essa corrente a pessoa jurídica não é um ser artificial, criado pelo Estado, mas sim, um ente real independente dos indivíduos que a compõem;
A vontade coletiva que a anima é capaz de cometer crimes tanto quanto a vontade individual;
Concluindo: em face aos argumentos expostos acima, para esta corrente, a pessoa jurídica pode ser sujeito ativo da conduta criminosa.
RESULTADO
Conceito: é a modificação no mundo externo, provocada pela conduta humana voluntária, apresentando-se de diversas formas:
		Efeitos físicos: destruição de um objeto (art. 163, CP);
		Efeitos fisiológicos: a morte de um homem (art. 121, do CP);
		Efeitos psicológicos: crime de ameaça (art. 147, do CP)
Teorias que fundamentam o resultado:
naturalística: 
nem todo o crime possui resultado naturalístico, uma vez que há infrações penais que não produzem qualquer alteração no mundo natural;
Crimes classificam-se em materiais, formais e de mera conduta;
Jurídica ou normativa:
Todo o crime tem resultado jurídico porque sempre agride um bem jurídico tutelado;
Se um crime não tiver resultado jurídico é porque não existe crime.
NEXO CAUSAL OU RELAÇÃO DE CAUSALIDADE 
Conceito: É o elo físico (material, natural) que se estabelece entre a conduta do agente e o resultado naturalístico.
Teoria da equivalência dos antecedentes ou das condições (conditio sine qua non)
Para esta teoria, causa é toda ação ou omissão anterior que contribui para a produção do resultado;
Tudo que retirado da cadeia de causa e efeito, provocar a exclusão do resultado, considera-se sua causa.
Limitações ao alcance da teoria da conditio sine qua non
Localização do dolo e culpa no tipo penal: Com a consagração da teoria finalista da ação, situando o dolo ou, quando for o caso, a culpa, no tipo penal, já se estabelece um primeiro limite à teoria da equivalência dos antecedentes, uma vez que alguém pode ter dado causa a um resultado, mas não ter agido com dolo ou culpa. E fora do dolo ou da culpa entramos na órbita do acidental, portanto, fora dos limites do Direito Penal;
Superveniência causal
Causa: é toda condição que atua paralelamente à conduta, interferindo no processo causal, divide-se basicamente em duas espécies.
Causa dependente: é aquela que, originando-se da conduta, insere-se na linha normal de desdobramento causal da conduta.
Causa Independente: é aquela que refoge ao desdobramento causal da conduta, produzindo, por si só, o resultado. Seu surgimento não é uma decorrência esperada, lógica, natural do fato anterior, mas, ao contrário, um fenômeno totalmente imprevisível. 
		b.1) Causa absolutamente independente: são aquelas que tem origem totalmente diversa da conduta que, por serem independentes, atuam como se estivessem, por si só, produzido o resultado.
Espécies de causas absolutamente independentes:
Preexistentes: aquelas que ocorrem antes da realização da conduta;
Concomitantes: ocorrem simultaneamente com a conduta;
Supervenientes: ocorrem após a conduta.
Conseqüência do seu reconhecimento: rompem o nexo causal, respondendo o agente pelos atos até então praticados 
	
c) Causas relativamente independentes: produzem por si só o resultado, mas por serem relativamente independentes, encontram sua origem na própria conduta do agente. Há portanto, aquilo que se diria um soma de esforços, uma soma de energias, que produz o resultado.
Espécies:
Preexistentes, b) concomitantes, c) supervenientes.
Conseqüências: 
Preexistentes e concomitantes: pelo fato de se manter íntegro o nexo causal, o agente responderá pelo resultado, a menos que não tenha ocorrido dolo ou culpa;
Supervenientes: nesta hipótese, a lei manda desconsiderá-la, não respondendo o agente pelo resultado, mas somente por tentativa (se o crime for doloso) 
TIPO E TIPICIDADE:
Tipo: é o conjunto dos elementos do fato punível descrito na lei penal. O tipo exerce uma função limitadora e individualizadora das condutas humanas penalmente relevantes. Tipo é um modelo abstrato que descreve um comportamento proibido. Cada tipo desempenha uma função particular, e a ausência de um tipo não pode se suprida por analogia ou interpretação extensiva.
Juízo de tipicidade: Há uma operação intelectual de conexão entre a infinita variedade de fatos possíveis da vida real e o modelo típico descrito na lei. Essa operação, que consiste em analisar se determinada conduta apresenta os requisitos que a lei exige, para qualificá-la como infração penal, chama-se “juízo de tipicidade”.
Tipicidade: é a perfeita correspondência entre o fato praticado pelo agente e a descrição de cada espécie de infração contida na lei penal incriminadora (Tipicidade Formal). Embora tenha feito a seleção dos bens que, por meio de um critério político, reputou como os de maior importância, não podia o legislador, quando da elaboração dos tipos penais incriminadores, descer a detalhes, cabendo ao intérprete delimitar o âmbito de sua abrangência. De maneira que, devem ser excluídos dos tipos penais aqueles fatos reconhecidos como de bagatela, nos quais têm aplicação o princípio da insignificância. Assim, pelo critério da tipicidade material é que se afere a importância do bem no caso concreto, a fim de que possamos concluir se aquele bem específico merece ou não ser protegido pelo Direito Penal. 
Adequação típica de subordinação imediata ou direta: ocorre quando o fato se subsume imediatamente no modelo legal.
Adequação típica de subordinação mediata ou indireta: necessita da concorrência de outra norma, secundária, de caráter extensivo, que amplia a abrangência da conduta típica.
Funções do tipo penal:
Função indiciária: A realização do tipo já antecipa que, provavelmente, também há uma infringência do Direito, embora esse indício não integre a proibição;
Função de garantia: o tipo de injusto é a expressão mais elementar, ainda que parcial, da segurança decorrente do princípio da reserva legal. Todo cidadão, antes de realizar um fato, deve ter a possibilidade de saber se sua ação é ou não punível;
Função diferenciadora do erro: o autor somente poderá ser punido pela prática de um fato doloso quando conhecer as circunstâncias fáticas que o constituem. O eventual desconhecimento de um outro elemento constitutivo do tipo constitui erro de tipo, excludente do dolo.
Função fundamentadora: se, por um lado, o tipo exerce uma função garantista, também é certo afirmar que o Estado, por intermédio do tipo penal, fundamenta suas decisões, fazendo valer o seu ius puniendi. 
Elementos estruturais do tipo
Elementos objetivos: 
a.1) descritivos: são identificados pela simples constatação sensorial, isto é, podem facilmente ser compreendidos somente com a percepção dos sentidos;
		 a.2) normativos: são aqueles para cuja compreensão é insuficiente desenvolver uma atividade meramentecognitiva, devendo-se realizar uma atividade valorativa (juízo de valor);
Elementos subjetivos: são dados ou circunstâncias que pertencem ao campo psíquico-espiritual e ao mundo de representação do autor. Como deixou entrever Cirino dos Santos, ao lado do dolo e da culpa há outros elementos subjetivos que dizem respeito às intenções e as tendências do agente (crimes de tendência). Geralmente, visualizamos essas intenções e tendências por meio de expressões indicativas do especial fim de agir com que atua o agente. 
Elementares: são dados essenciais à figura típica, sem os quais ocorre uma atipicidade absoluta ou uma atipicidade relativa.
Atipicidade absoluta: fala-se em atipicidade absoluta quando, por faltar uma elementar indispensável ao tipo, o fato praticado pelo agente torna-se um indiferente penal.
Atipicidade relativa: diz-se relativa a atipicidade quando, pela ausência de uma elementar, ocorre a desclassificação do fato para uma outra figura típica. 
O TIPO PENAL NOS CRIMES DOLOSOS
Dolo: é a vontade e a consciência de realizar os elementos constantes dos elementos do fato típico.
Teorias:
Da vontade: dolo é a vontade de realizar a conduta e produzir o resultado;
Da representação: dolo é a vontade de realizar a conduta, prevendo a possibilidade de o resultado ocorrer, sem, contudo, desejá-lo;
Do assentimento: é a previsão do resultado, com aceitação dos riscos de produzi-lo. Não basta representar, é preciso aceitar como indiferente a produção do resultado.
Teoria adotada pelo CP: para a nossa lei penal, portanto, age dolosamente aquele que, diretamente, quer a produção do resultado, bem como aquele que, mesmo não o desejando de forma direta, assume o risco de produzi-lo. Com isso, a simples representação mental do resultado não poderá fazer com que o agente seja responsabilizado dolosamente, uma vez que deve, no mínimo, aceita-lo, não se importando com sua ocorrência. 
Espécies de Dolo:
Dolo direito ou determinado: é a vontade de realizar a conduta e produzir o resultado (teoria da vontade), divide-se em dois:
				
				a.1) Dolo direto de primeiro grau: ocorre em relação ao objetivo diretamente desejado pelo agente, expressando a finalidade ou o propósito direto e imediato do agente;
				a.2) Dolo direito de segundo grau: ocorre em relação a um efeito colateral típico decorrente do meio escolhido e admitido como certo ou necessário.
Dolo indireto ou indeterminado:
					b.1) Dolo eventual: o agente não quer diretamente o resultado, mas aceita a possibilidade de produzi-lo;
					b.2) Dolo alternativo: o agente não se importa em produzir este ou aquele resultado.
Dolo geral (hipótese de erro sucessivo): Fala-se em dolo geral, segundo Welzel, “quando o autor acredita haver consumado o delito quando na realidade o resultado somente se produz por uma ação posterior, com a qual buscava encobrir o fato”.
O TIPO PENAL NOS CRIMES CULPOSOS
Culpa: é a inobservância do dever objetivo de cuidado manifestada numa conduta produtora de um resultado não querido, objetivamente previsível;
Elementos do fato típico culposo:
 
Conduta (sempre voluntária);
Resultado (sempre involuntário);
Nexo causal (entre a conduta e o resultado);
Tipicidade;
Previsibilidade objetiva: existe previsibilidade objetiva quando o agente, nas circunstâncias que se encontrou, podia, segundo a experiência geral, ter-se representado, como possíveis as conseqüências do seu ato;
Quebra do dever objetivo de cuidado (quebra do princípio da confiança);
Modalidades de culpa:
Imprudência: é a prática de uma conduta arriscada ou perigosa e tem caráter comissivo, caracterizando-se pela intempestividade, precipitação, insensatez ou imoderação;
Negligência: é a displicência no agir, a falta de precaução, a indiferença do agente, que, podendo e devendo adotar as cautelas necessárias, não faz;
Imperícia: é a falta de capacidade, despreparo ou insuficiência de conhecimentos técnicos para o exercício de arte, profissão ou ofício.
Espécies de culpa:
Culpa consciente: há culpa consciente, também chamada culpa com previsão, quando o agente, deixando de observar a diligência a que estava obrigado, prevê um resultado, previsível, mas confia convictamente que ele não ocorra;
Culpa inconsciente: ocorre quando o agente nem sequer prevê (não representa) o resultado lesivo, embora fosse previsível. O sujeito cria ou incrementa um risco proibido relevante para o bem jurídico, inobservando o cuidado objetivo necessário, mas não prevê a lesão ou perigo concreto de lesão a esse bem jurídico.
Culpa imprópria: Fala-se em culpa imprópria nas hipóteses das chamadas descriminantes putativas em que o agente, em virtude de erro evitável pelas circunstâncias, dá causa dolosamente a um resultado, mas responde como se tivesse praticado um delito culposo. Art. 20, § 1º, do Código Penal. 
Compensação de culpas: Eventual culpa da vítima não exclui a do agente, elas não se compensam, devendo cada qual responder de acordo com a sua culpabilidade.
Graus de culpa: Inexiste diferença para efeito de cominação abstrata da pena. 
Excepcionalidade do crime culposo: um crime só será punido como culposo quando houver expressa previsão legal (art. 18, parágrafo único, CP).
CRIME PRETERDOLOSO OU PRETERINTENCIONAL:
Conceito: caracteriza-se por ser um misto de dolo e culpa, o agente quer um resultado e acaba dando causa a um outro mais grave, este involuntário. Há dolo no antecedente (menos gravoso) e culpa no conseqüente (resultado mais gravoso e não querido pelo agente).
				Ex: art. 129, § 3º, do CP (lesão corporal seguida de morte)
		
 
CRIMES QUALIFICADOS PELO RESULTADO: 
				Nestes, o legislador após descrever a figura típica, acrescenta-lhe um resultado, com a finalidade de aumentar abstratamente a pena.
Espécies: 
Conduta inicial dolosa e resultado agravador doloso:
		Ex. art. 157, § 3º (roubo qualificado pelo resultado morte)
		 art. 129, § 2º, IV (lesão corporal gravíssima);
Conduta inicial culposa e resultado agravador doloso:
Ex. art. 303, parágrafo único do CTB (lesão corporal culposa com pena aumentada);
CRIME CONSUMADO:
Conceito: é aquele em que forem realizados todos os elementos constantes de sua definição legal;
Crime exaurido: é aquele em que a conduta continua a produzir efeitos no mundo concreto, mesmo após ter atingido a consumação. 
Iter criminis (caminho do crime): divide-se em 04 etapas:
Cogitação: o agente mentaliza, planeja, representa o crime;
Preparação: pratica atos imprescindíveis à execução do crime;
Execução: o bem jurídico começa a ser agredido, o agente inicia a realização do núcleo do tipo;
Consumação: todos os elementos que se encontram descritos no tipo penal foram realizados.
 
TENTATIVA:
Conceito: ocorre a tentativa, quando a não consumação de um crime, cuja execução foi iniciada se dá em razão de circunstâncias alheias à vontade do agente.
Natureza jurídica: Norma de extensão, caracterizando-se como um dos casos de adequação típica de subordinação mediata ou indireta.
Punibilidade da tentativa: duas teorias 
Teoria subjetiva: Para essa teoria o elemento moral, a vontade do agente é decisiva, porque esta é completa, perfeita. Imperfeito é o delito sob o aspecto objetivo, que não chega a consumar-se. Por isso, segundo essa teoria, a pena da tentativa deve ser a mesma do crime consumado;
Teoria objetiva: a punibilidade da tentativa fundamenta-se no perigo a que é exposto o bem jurídico, e a repressão se justifica uma vez iniciada a execução do crime. Como a lesão foi menor ou não ocorreu qualquer resultado lesivo ou perigo de dano, o fato cometido pelo agente deve ser punido menos severamente.
Elementos da tentativa:
Início de execução: a tentativa só é punível a partir do momento em que a ação penetra

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