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Direito Civil IV Contratos

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NOÇÃO GERAL DE CONTRATO
1 CONSIDERAÇÕES PRÉVIAS
	A divisão do trabalho é princípio de organização social e que induz o ser humano a recorrer, necessariamente, à prática dos contratos, a fim de obter os meios indispensáveis ao suprimento de suas necessidades.
	
Fora o ser humano auto-sufuciente não haveria fundamento para a divisão do trabalho e nem para a sua decorrência natural: os contratos.
FATO JURÍDICO E CONTRATO
Contrato 
	É modalidade de fato jurídico, mais especificamente de negócio jurídico bilateral ou plurilateral, pelo qual duas ou mais vontades se harmonizam a fim de produzirem resultados jurídicos obrigacionais, de acordo com o permissivo e limites da lei.
						Fato Jurídico
* gera;
* modifica;
* conserva ou
* extingue.
Todo negócio jurídico não uni-lateral , constitui contrato?
	O contrato resulta da conjunção da vontade declarada em lei. Esta fixa as condições essenciais a formação, bem como alguns dos efeitos jurídicos que produz; a declaração de vontade personaliza a aplicação do instituto jurídico, individuando o seu objeto e os deveres das partes.
	
	Os contratantes amoldam a lei, dentro do que esta apresenta de flexível, aos seus interesses, criando o seu dever ser (Dasein).
	
	Os contratos tem força de lei, pois geram uma gama de obrigações e direitos para as partes e são tutelados pela ordem jurídica. Para os contratantes o jus positum não se compõe apenas da totaliddade de leis, mas ainda das regras oriundas dos negócios jurídicos, especialmente dos contratos.
ANTEDECEDENTES HISTÓRICOS
Contractus = unir, contrair;
Conventio = Convenção, provém de cum venire, vir junto;
Pacto = provém de de pacis si, estar de acordo 
	O contrato, convenção e o pacto foram conhecidos no Direito Romano. 
	Como linguagem figurativa, modernamente podemos usar como sinônimos, embora só contrato tenha sentido técnico. Convenção é o termo mais genérico, aplicável a toda espécie de ato ou negócio bilateral. 
	O termo pacto fica reservado para cláusulas acessórias que aderem a uma convenção ou contrato, modificando seu efeitos naturais, como o pacto de melhor comprador na compra e venda e o pacto antinupcial no casamento. Pacto, usado singelamente, não tem a mesma noção de contrato. Utiliza-se para denominar um acordo de vontades sem força cogente.
	Pacto de melhor comprador e pacto comissório - O pacto de melhor comprador é a faculdade concedida ao vendedor, pelo contrato, de rescindir a venda já realizada se dentro de certo prazo aparecer melhor comprador, aplicando-se somente aos imóveis. Vale o pacto de melhor comprador como verdadeira condição resolutiva, assegurando-se, todavia, ao primeiro comprador a preferência para manter a venda feita em seu favor, caso pague preço igual ao do melhor comprador encontrado no prazo de exercício do
pacto.
 
	O Código Civil deixou de disciplinar o pacto de melhor comprador, sob a justificativa do desuso dessa figura contratual tipificada pelo Código de 1916. Entretanto, nada impede que as partes, usando da sua autonomia da vontade, estipulem de forma similar, observado o regime dos negócios jurídicos.
 
	
	No Direito Romano primitivo, os contratos, como todos os atos jurídicos, tinham caráter rigoroso e sacramental. As formas deviam ser obedecidas, ainda que não expressassem exatamente a vontade das partes. 
	
	No Direito Romano, convenção e pacto eram conceitos equivalentes e significavam o acordo de duas ou mais pessoas a respeito de um objeto determinado. Para que se criasse uma obrigação, havia a necessidade de certas formas que se exteriorizassem à vista dos interessados.
	A solenidade dava forças às convençòes. Cada uma dessas convenções , sob certas formalidades, constituía um contractus. Não conhecia portanto, o Direito Romano uma categoria geral de contrato, mas somente alguns contratos em particular.
	
	O elemento subjetivo da vontade só vai sobrepujar o formalismo representado pela exteriorização de formulas na época de Justiniano, quando de certo modo se unifica o conceito de contrato com o de convenção. Não chegou, porém, a ser uma unificação completa.
	Afora os contratos formais, em época posterior passaram a ser conhecidas outras figuras:
Contratos reais (depósito, comodato, mútuo e penhor);
Consensuais (venda, arrendamento, mandato e sociedade);
	De qualquer modo, qualquer convenção poderia tornar-se obrigatória, se vestida das formalidades legais do stipulation. Isso criou tendência de aumentar as convencões vinculativamente obrigatórias. Na fase final da codificação, já o que importa para a validade do contrato é a convention, o acordo de vontades, ficando acima das formalidades.
Stipulation: Na verba, as palavras trocadas entre as partes constituem a obrigação, mediante a prolação das palavras certas, de caráter solene [46]. A principal é a stipulatio, considerado o mais importante dos contratos no Direito Romano. Abstrato por natureza, se estabelece a partir de perguntas e respostas, proferidas oral e solenemente, entre os futuros credor, denominado stipulator, e o devedor, promissor. Empregava-se o verbo spondere: Spondes? (prometes?) – Spondeo! (prometo!). Assim, a stipulatio se considerava sponsio, ou seja, "prometida". Na esteira desta fórmula, surgiram outras, específicas para cada tipo de contrato verbal: dabis? dabo!; promittis? Promitto; fidepromittis? Fidepromitto!; fideiubes? Fideiubeo!; fácies? Faciam!.
A sipulatio tem como requisitos: a oralidade, a presença das partes, a unidade do ato (unitas actus) e a conformidade rigorosa entre pergunta e resposta. [47]
FONTES DAS OBRIGAÇÕES E CONTRATOS
Obrigação
	
	
	É o conjunto de normas jurídicas reguladoras das relações entre credor e devedor.
	
	Sob o ângulo subjetivo, o vocábulo refere-se à própria relação entre o sujeito ativo e o sujeito passivo e, mais restritamente, como dever jurídico de conteúdo patrimonial.
	
	Fonte de uma obrigação no dizer de Franzen de Lima “é o fato ou a causa que lhe dá origem”. Não há crédito e débito sem que lhes antecede algum acontecimento do mundo fático regulado por norma jurídica.
Sào fontes específicas das obrigações:
* Os contratos; 
as declarações de vontade e;
Os atos ilícitos civis.
	O Código Civil de 2002, além dos contratos e dos atos ilícitos, dispõe sobre as seguintes modalidades de declaração unilateral da vontade:
Promessa de recompensa
 gestão de negócios;
 pagamento indevido;
Enriquecimento sem causa.
	Cuida, ainda, dos títulos de crédito, que são negócios jurídicos formados por declaração unilateral de vontade e que, por sua peculiaridade, recebem tratamento específico do legislador – arts. 887 a 926 da Lei Civil.
Nomen iuris
	Contrato é vocábulo de significação estritamente jurídica e rico de conteúdo, pois se refere ao acordo de vontades, ao instrumento assinado pelas partes, ao campo normativo disciplinador das diferentes espécies e, ainda, ao departamento da ciência jurídica que estuda os princípios básicos atinentes à matéria.
Conceito de contrato
Ad rubricam. De sua origem romana à época atual, o conceito de contrato passou por uma expressiva mutação. A distinção com o pacto foi aos poucos desaparecendo em Roma, diante das ações que eram conferidas a este ultimo, persistindo a existente entre convenção e contrato.
	
	O conceito de contrato, formulado pelo Code Napoleon sob a influência de Domat e Pothier, foi uma herança da Jurisprudêntia, ao distinguir da convenção aquela fonte das obrigações.
	Na acepção atual, contrato é acordo de vontades que visa a produção de efeitos jurídicos de conteúdo patrimonial. Por ele, cria-se, modifica-se ou extingue-se a relação de cunho econômico. Embora previsto e regulado no Direito das Obrigações, os contratos não se referem, necessariamente, aos negócios jurídicos entre credor e devedor; estendem-se a outras províncias jurídicas, como Direito das Coisas, Direito de Família, Direito das Sucessões, Direito Administrativo e Direito Internacional.
	Pelo
contrato as partes apenas podem criar obrigações para si próprias. Na lição de Pothier: 
“somente aquilo que uma das partes contratantes estipula para si mesma e aquilo que uma delas promete à outra pode ser objeto dos contratos:
		 alteri stipulari nemo potest.”
O Código Civil Italiano preceitua, pelo artigo 1.372 que: 
“O contrato não produz efeito em relação a terceiros a não ser nos casos previstos em lei.”
Setores da doutrina distinguem três conceitos de contrato:
1) Acordo de vontades para produzir efeitos jurídicos os mais diversos; 
2) Acordo de vontades que visa a obter resultados jurídicos de conteúdo econômico;
3) Reunião de vontades, que tem por objeto a produção de efeitos jurídicos na órbita do Direito das Obrigações.
	Em um contrato, as partes, necessariamente, devem participar de uma relação de coordenação, ou seja, em igualdade jurídica. Destarte, não se terá contrato se o poder público participa de um vínculo de subordinação, impondo o seu imperium. O Estado pode, por sua vez, despojando-se de seu manto soberano, integrar a relação jurídica de coordenação, como um particular, celebrando contratos.
	As regras contratuais configuram-se mediante cláusulas, que personalizam a relação jurídica. O contrato não deve, necessariamente, fixar o seu inteiro regulamento e efeitos, pois o ordenamento jurídico o complementa por intermédio de normas supletivas. A lei atua, portanto, como processo de integração do contrato e dos negócios jurídicos em geral.
	O Código Civil português , ex vi do art. 239, dispõe sobre o preenchimento de lacunas dos atos negociais: “Na falta de disposição especial, a declaração negocial deve ser integrada de harmonia com a vontade que as partes teriam tido se houvessem previsto o ponto omisso, ou de acordo com os ditames da boa-fé, quando outra seja a solução por ela imposta.”
Conteúdo Patrimonial dos Contratos
	
	Nem todos autores assimilam a tríplice acepção do vocábulo contrato, anteriormente exposta, optando pela formulação pela formulação de um sentido unitário.
Os contratos devem ter, necessariamente, conteúdo patrimonial?
Doutrina:
A declaração de vontades que visa à produção de efeitos jurídicos;
Roberto de Ruggiero considera contrato qualquer acordo de vontade capaz de produzir efeitos jurídicos : ”…para que se crie um vínculo contractual entre duas ou mais pessoas basya que as vontades se tenham encontrado, basta que haja o consenso, desde que (compreende-se) seja justificado pela existência de um fim lícito e protegido.”
Clóvis Beviláquia: O acordo de vontades para o fim de adquirir, resguardar, modificar ou extinguir direitos.
	
	Sopesados os argumentos e observações, havemos de concordar com Darcy Bessone, no sentido de limitar a abrangência dos contratos às relações patrimoniais.
As normas contratuais
	Os interesses são disciplinados nos contratos mediante normas, que se assemelham às integrantes da ordem jurídica e presentes em leis e costumes.
	
	As normas jurídicas, por sua vez, visando alcançar o maior número de destinatários, apresentam-se com variado grau de abstratividade, enquanto que as normas contratuais tendem a um maior coeficiente de concreção.
	Enquanto a lei de locações refere-se, por exemplo, a prédio urbano, a norma contratual faz alusão ao prédio urbano, indicando-o especificamente. O contrato, todavia, pode apresentar normas abstratas como a que vedasse ao inquilino a instalação de máquinas ou aparelhos que pudessem comprometer a conservação do imóvel.
	Não se tem neste caso, a exata indicação do que é proibido. Trata-se portanto, de norma com alto índice de abstratividade.
	 Uma distinçao importante diz respeito à fonte das normas. Enquanto as contratuais se originam de um ato de autonomia da vontade, as jurídicas emanam do poder público.
	Quanto à interpretação, há elementos comuns e diferenciais. Em ambos processos heremenêuticos o fundamental é a revelação do sentido e alcance das normas. Tanto a lei quanto o contrato possuem espírito e corpo. Mas enquanto na Interpretação da lei o intérprete visa a revelar a mens legis, na contratual a pesquisa busca a intenção das partes a partir da análise do elemento textual.

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