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A
 IG
R
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 JER
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Ç
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LV
ES
A IGREJA EM 
JERUSALÉM 
A IGREJA EM
Doutrina, Comunhão e Fé: 
A Base para o Crescimento da Igreja 
em meio às Perseguições
JOSÉ GONÇALVES
JERUSALÉM
Este livro serve de introdução à eclesiologia no livro de Atos dos Apóstolos ao 
dedicar o seu foco de estudo à Igreja de Jerusalém. Nele, o autor debruça-se 
sobre os quinze primeiros capítulos do livro de Atos, que é o espaço dedicado 
à igreja de Jerusalém na narrativa lucana. Escrevendo com rigor exegético e 
precisão acadêmica, porém mantendo uma linguagem simples e acessível, o 
pastor e escritor José Gonçalves procurou a cada capítulo trazer conhecimentos 
relevantes para compreendermos mais sobre a igreja nascente em Jerusalém. 
O capítulo 1, por exemplo, traz a análise de vários comentaristas bíblicos sobre 
o aspecto teofânico do Pentecostes. 
Já no capítulo 3, que trata da pregação, encontramos uma reflexão sobre o 
papel da pregação pentecostal no atual contexto da igreja. Com respeito ao 
capítulo 5, a questão moral envolvendo a mentira foi abordada não apenas com 
base na teologia, mas também na filosofia. 
Nos capítulos 7 e 12, que tratam, respectivamente, das questões relacionadas 
à perseguição e missão da Igreja, Gonçalves enriqueceu o trabalho ao transcrever 
algumas cartas dos missionários Gunnar Vingren e Daniel Berg, que retratam de 
forma dramática o sofrimento, a fé e a coragem desses pioneiros pentecostais 
na implantação da Assembleia de Deus no Brasil. Leia A Igreja em Jerusalém e 
descubra como, parafraseando Robert Menzies, essa história é a nossa história. 
José Gonçalves
É pastor da Assembleia de Deus em Água Branca, Piauí, 
escritor e articulista. É bacharel em Teologia pelo Se-
minário Batista de Teresina e em Filosofia pela Univer-
sidade Federal do Piauí. Também é pós-graduado em 
Interpretação Bíblica pela Faculdade Batista do Paraná 
e mestre em Teologia por essa mesma instituição. José 
Gonçalves também é comentarista de Lições Bíblicas de 
Jovens e Adultos da CPAD e autor de diversos livros, 
entre eles: Defendendo o Verdadeiro Evangelho, O 
Carisma Profético e o Pentecostalismo Atual e A Glossolalia e a Formação das 
Assembleias de Deus, todos publicados pela CPAD.
José Gonçalves
A IGREJA EM
JERUSALÉM
Doutrina, Comunhão e Fé: 
A Base para o Crescimento da Igreja 
em meio às Perseguições
1ª Edição
Rio de Janeiro
2025
A Igreja em Jerusalém.indd 3A Igreja em Jerusalém.indd 3 06/05/2025 15:5206/05/2025 15:52
Agradecimentos 
Sou grato a Deus que, em Cristo Jesus, meu Senhor, 
deu-me o privilégio de escrever mais este livro. Sem a 
sua rica e abundante graça, eu não o faria. Sou grato 
a minha esposa, Maria Regina, pelo amor, sugestões e 
apoio no processo de produção deste livro. Sou grato à 
Casa Publicadora das Assembleias de Deus (CPAD) por 
abrir-me as portas para a produção literária. Já são mais 
de 20 anos de parceria desde meu primeiro texto escrito. 
Sou grato à Assembleia de Deus de Água Branca, que 
pastoreio desde 2012, pelo apoio dado. A Deus toda 
honra e glória. 
A Igreja em Jerusalém.indd 5A Igreja em Jerusalém.indd 5 06/05/2025 15:5206/05/2025 15:52
Prefácio 
Toda instituição tem um começo e uma história, e com a 
Igreja de Jesus não foi diferente. Após o seu sacrifício, ressur-
reição e retorno aos céus, Ele enviou o seu Santo Espírito 
para edificar a sua Igreja, formada pelos seus apóstolos, 
juntamente com um grupo de irmãos e irmãs que Ele mesmo salvou 
mediante o seu sacrifício na cruz do calvário, derramando o seu sangue. 
A estes Ele deixou uma primordial tarefa: testemunhar a todos os povos, 
línguas e nações da poderosa salvação que Ele consumou. 
Esses primeiros judeus, que creram em Jesus como o seu Messias, 
o Ungido de Deus, após terem recebido de Jesus a ordem para que 
permanecessem em Jerusalém até que fossem revestidos de poder, 
receberam o batismo no Espírito Santo e originaram a Igreja como 
uma instituição física, visível e desafiada em diversos momentos. 
A Igreja em Jerusalém mostra a origem do corpo de Cristo, o seu 
desenvolvimento e as perseguições que tentaram silenciar o plano 
de Deus, mas também revela uma igreja cheia do Espírito, que vivia 
em constante oração, perseverava na doutrina da Palavra de Deus, 
A Igreja em Jerusalém.indd 7A Igreja em Jerusalém.indd 7 06/05/2025 15:5206/05/2025 15:52
vivia em unidade de propósitos, testemunhava com poder acerca de 
Jesus e presenciou milagres feitos para glorificar o nome do Senhor.
Este livro, fruto do trabalho do Pastor José Gonçalves, mestre e 
conhecedor profundo das Sagradas Escrituras e que tem-se dedi-
cado a conhecer a história do Movimento Pentecostal desde o seu 
nascedouro, é um presente ao público que deseja conhecer mais 
sobre a Igreja de Jesus Cristo na cidade de Jerusalém. O escritor 
mostra os desafios com que nossos primeiros irmãos depararam-se, 
como também a forma como a presença constante do Jesus entre 
o seu povo fez a diferença para que pudéssemos chegar até aqui. 
Diversos desses desafios são semelhantes aos que enfrentamos em 
nossos dias, e os acontecimentos relatados por Lucas apresentam-
-nos princípios que precisamos obedecer para, a exemplo da Igreja 
Primitiva, sermos vitoriosos em Cristo e vivenciarmos as promessas 
que Ele fez a nós.
“Jesus Cristo é o mesmo ontem, e hoje, e eternamente” (Hb 13.8).
Este livro de apoio foi preparado para auxiliar os professores das 
Lições Bíblicas, que serão estudadas por toda a Igreja ao longo de todo 
um trimestre. Certamente, é o que esperamos e oramos, pois essas 
lições trarão despertamento e renovação espiritual e de propósito ao 
povo de Deus, ensinando-nos, vinte séculos depois, acerca do modelo 
de Igreja que se deixa ser usada pelo Espírito Santo. 
Que Deus o abençoe grandemente por meio dessa leitura.
No amor de Jesus.
Ronaldo Rodrigues de Souza
Diretor Executivo da CPAD
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Agradecimentos 5
Prefácio 7
Introdução 11
Capítulo 1
A Igreja que Nasceu no Pentecostes . ... ... ... ... ... ... ... .15
Capítulo 2
A Igreja de Jerusalém: Um Modelo a Ser Seguido .. ... ... .29
Capítulo 3
Uma Igreja Fiel à Pregação do Evangelho... ... ... ... ... .41
Capítulo 4
Uma Igreja Cheia do Espírito Santo ... ... ... ... ... ... ... .55
Capítulo 5
Uma Igreja Cheia de Amor ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... .67
Sumário
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Capítulo 6
Uma Igreja não Conivente com a Mentira ... ... ... ... ... .77
Capítulo 7
Uma Igreja que não Teme a Perseguição .. ... ... ... ... ... .87
Capítulo 8
Uma Igreja que Enfrenta os seus Problemas ... ... ... ...99
Capítulo 9
Uma Igreja que se Arrisca .. ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... 109
Capítulo 10
A Expansão da Igreja ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... 119
Capítulo 11
Uma Igreja Hebreia na Casa de um Estrangeiro ... ... ... 127
Capítulo 12
O Caráter Missionário da Igreja de Jerusalém... ... ... ... 139
Capítulo 13
Assembleia de Jerusalém.. ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... 153
Referências 158
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Este é um livro de apoio às Lições Bíblicas de Adultos da 
Escola Dominical produzidas pela Casa Publicadora da 
Assembleia de Deus (CPAD). Esse fato faz com que esta 
obra tenha as suas características próprias. Em primeiro 
lugar, é um livro que tem o propósito de discipular, isto é, de ajudar 
na formação do caráter cristão. Em segundo lugar, é um livro que 
serve de manual para o professor da EBD, fornecendo-lhe um 
conteúdomais robusto, de forma que ele possa ter maior subsídio 
no preparo das suas aulas. Em terceiro lugar, é um livro que serve 
de introdução à eclesiologia no livro de Atos dos Apóstolos, sendo 
que o seu campo de pesquisa ficou restrito à Igreja de Jerusalém. 
Dessa forma, esse comentário está limitado aos quinze primeiros 
capítulos do livro de Atos, que é o espaço dedicado à igreja de 
Jerusalém na narrativa lucana. Portanto, para aqueles que querem 
maior aprofundamento, outros comentários sobre o livro de Atos 
dos Apóstolos devem ser consultados. 
Introdução
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12 | A Igreja em Jerusalém
Antes de tratar especificamente sobre o conteúdo deste livro, 
torna-se necessário fazer referência ao comentário das lições bíblicas 
às quais este livro serve de apoio. A metodologia usada nas lições 
bíblicas foi a expositiva, isto é, todas as ideias foram extraídas do texto 
bíblico de Atos dos Apóstolos e do seu contexto. Acredito ser essa 
metodologia a mais adequada para o entendimento do sentido e 
significado tencionados pelo autor sagrado. Dessa forma, a exposi-
ção do texto foi feita a partir de uma análise indutiva do texto, isto 
é, partindo do particular para o geral. Assim, portanto, a estrutura 
dos comentários adotados nas lições bíblicas assemelha-se com as 
adotadas num sermão expositivo. Não há dúvida, portanto, que essa 
metodologia reflete com mais precisão o pensamento do autor bíblico, 
além do fato de trazer maior edificação à Igreja do Senhor. 
Pois bem, tendo feito esses esclarecimentos, o comentário 
adotado neste livro de apoio parte do tema proposto em cada lição 
bíblica, tendo, contudo, a sua exposição e conteúdo próprios. Assim, 
por exemplo, o capítulo 1 traz como subsídio a análise de vários 
comentaristas bíblicos que põem em relevo o aspecto teofânico do 
Pentecostes como sendo relevante para uma correta compreensão 
do que ocorreu naquele dia em que o Espírito de Deus foi derra-
mado de forma copiosa. O capítulo 3, que trata da pregação, foi 
subsidiado com uma longa reflexão sobre o papel da pregação 
pentecostal no atual contexto da igreja. Com respeito ao capítulo 
5, agreguei a contribuição não só da teologia, mas também da 
filosofia a fim de que a questão moral envolvendo a mentira fosse 
mais bem compreendida. Nos capítulos 7 e 12, que tratam respec-
tivamente das questões relacionadas à perseguição e missão da 
igreja, achei apropriado transcrever algumas cartas dos missionários 
Gunnar Vingren e Daniel Berg que retratam de forma dramática 
o sofrimento, a fé e a coragem desses pioneiros pentecostais na 
implantação da Assembleia de Deus no Brasil. 
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 | 13
Tenho, ainda, uma palavra final sobre o conteúdo e contex-
to da escrita deste livro. Procurei escrever com rigor exegético e 
precisão acadêmica, mantendo, contudo, uma linguagem simples 
e acessível, de forma que, mesmo aqueles que não tiveram acesso 
a uma educação formal possam assimilar o texto e o seu conteúdo 
sem prejuízos de entendimento. 
Boa leitura.
Água Branca, Piauí, 28 fevereiro de 2025. 
José Gonçalves 
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A Igreja nasce no dia de Pentecostes e na cidade de Jerusa-
lém.1 Quando, portanto, tratamos do nascimento da Igre-
ja no dia de Pentecostes, há ao menos três fatos a serem 
levados em conta. Um é de natureza geográfica, outro é 
de natureza histórica e, por último, temos um de natureza teológica. 
Geograficamente, a Igreja nasceu na histórica cidade de Jerusalém. 
Foi na antiga cidade de Davi, durante os primeiros anos do primeiro 
século, que Deus derramou o seu Espírito de forma copiosa no dia 
de Pentecostes.2 Podemos dizer, então, que a cidade de Jerusalém 
foi historicamente o berço da primeira Igreja. Jerusalém, portanto, 
é o local de origem da Igreja-mãe de todas as outras igrejas cristãs. 
Nosso estudo neste capítulo privilegiará o aspecto teológico do 
nascimento da Igreja no dia de Pentecostes. Partindo do capítulo 
1 Veja uma análise detalhada sobre o nascimento da Igreja no dia de Pentecostes no livro de minha 
autoria, O Corpo de Cristo: origem, natureza e vocação da igreja no mundo. Rio de Janeiro: CPAD, 2022. 
2 Veja CARSON, Donald. “Jerusalém”. In: ELWELL, Walter A. Enciclopédia Histórico-Teológica da 
Igreja Cristã. Vol. 2. São Paulo: Vida Nova, 1992, p. 362, 367.
C A P Í T U L O
1
A Igreja que Nasceu
no Pentecostes
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16 | A Igreja em Jerusalém
2 do livro de Atos dos Apóstolos, faremos uma análise expositiva 
do texto bíblico a fim de que possamos assimilar melhor as suas 
verdades teológicas. Destacaremos que o Pentecostes bíblico foi um 
evento de natureza teofânica, isto é, visível e audível, demonstrando, 
dessa forma, a presença de Deus no meio do seu povo. Isso está 
demonstrado pelo barulho do som como de um vento impetuo-
so e da manifestação das línguas como de fogo. Por outro lado, 
também destacaremos tanto o propósito como as características 
do Pentecostes bíblico. Assim, o testemunho cristão aparece como 
um dos principais propósitos do Pentecostes, enquanto a presença 
de uma experiência específica e definida aparece como uma das 
suas principais características e marcas. 
O PentecOstes e as Línguas de FOgO 
cOmO maniFestaçãO teOFânica
“Cumprindo-se o dia de Pentecostes [...]” (At 2.1). O Pentecostes 
era uma das principais festas judaicas e era comemorado cinquen-
ta dias depois da Páscoa. A palavra grega pentekosté (Pentecostes), 
também conhecida como Festa das Semanas ou Festa da Colheita, é uma 
referência ao quinquagésimo dia depois da Páscoa (cf. Êx 34.22; 
Dt 16.10). No contexto do antigo pacto, o livro de Deuteronômio 
16.9-12 destaca que, durante essa festa, o povo de Deus deveria 
apresentar ofertas voluntárias (v. 10), expressar alegria (v. 11) e demonstrar 
gratidão (v. 12). No contexto do novo pacto, foi esse dia que Deus 
escolheu para derramar o seu Espírito. 
“[...] e, de repente, veio do céu um som, como de um vento veemente e impe-
tuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados. E foram vistas por eles 
línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles” 
(vv. 2,3). Os fenômenos destacados aqui como “um som, como de 
um vento veemente e impetuoso” e as “línguas repartidas, como que 
de fogo”, devem ser vistos como sendo de natureza teofânica. J. C. 
Moyer observa que uma “teofania” diz respeito a uma manifestação 
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A Igreja que Nasceu no Pentecostes | 17
visível ou audível de Deus. É, portanto, uma demonstração de que o 
Senhor está presente. Nesse aspecto, ele destaca que as teofanias no 
Antigo Testamento incluem o “aparecimento de um anjo em forma 
humana (Jz 13); uma chama na sarça ardente (Êx 3.2-6); ou fogo, 
fumaça e trovões no monte Sinai (Êx 19.18-20)”.3
O teólogo Alessandro Barreto observa que: 
A conexão entre o Sinai e o Pentecoste ressalta a continui-
dade da revelação divina e a progressão do plano redentor 
de Deus. No Sinai, Deus deu a Lei a Moisés, estabelecen-
do a aliança com Israel. No Pentecoste, Deus derramou o 
Espírito Santo sobre os crentes, inaugurando a nova aliança 
e capacitando a Igreja para sua missão global. Assim, as 
manifestações de fogo e som em Atos 2 não apenas ecoam 
as teofanias do Antigo Testamento, mas também simbolizam 
a nova era do Espírito, onde a presença de Deus habita em 
todos os crentes, guiando-os e fortalecendo-os para viverem 
de acordo com Sua vontade.4
Da mesma forma, I. Howard Marshal, quando trata da ocorrên-
cia desses fenômenos como manifestações teofânicas no contexto do 
livro de Atos dos Apóstolos, destaca que Lucasdescreve o som como 
de um vento “enchendo toda a casa” como algo quase que palpável. 
Ele observa que fica em relevo o aspecto sobrenatural da teofania, o 
que relembra, sem sombra de dúvidas, as manifestações de natureza 
teofânica no Antigo Testamento (2 Sm 22.16; Jó 37.10; Ez 13.13). 
Nesse aspecto, Marshal ainda observa que o vento é visto como um 
sinal da presença de Deus como Espírito. Assim, os fenômenos das 
línguas como de fogo põem em relevo o peso dessa analogia, mostrando mais uma 
3 MOYER, J. C. In: ELWELL, Walter A. Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã. Vol. 3. São 
Paulo: Vida Nova, 1992, p. 451.
4 BARRETO, Alessandro. Protopentecostes: ações do Espírito Santo no Antigo Testamento. Recife: Editora 
Bereia, 2024. O livro de Barreto é um excelente comentário sobre as ações carismáticas do Espírito 
de Deus no Antigo Testamento, possuindo forte fundamentação exegética e rigor acadêmico. 
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18 | A Igreja em Jerusalém
vez que esse “fenômeno relembra as teofanias do Antigo Testamento, especialmente 
aquela do Sinai (Êx 19.18)”.5 
a HabitaçãO de deus na igreja 
cOmO seu nOvO temPLO
Essa relação existente entre o Cenáculo6 e o Sinai também é 
explorada de forma mais exaustiva pelo expositor bíblico G. K. Beale. 
No entendimento de Beale, é possível perceber-se com clareza as 
semelhanças entre a teofania do Sinai e os fenômenos do Pentecostes. 
Beale destaca, por exemplo, que o entendimento que via os fenômenos 
ocorridos no Sinai como sendo de natureza teofânica era compar-
tilhado tanto por Filo de Alexandria, um judeu contemporâneo de 
Jesus e de Paulo, como pelos Manuscritos do Mar Morto. 
Dessa forma, Beale observa que
A aparição de “línguas como de fogo” em Atos 2 ao que 
parece é uma manifestação do Espírito que reflete uma 
teofania associada ao templo celestial. Várias considerações 
indicam isso. Em primeiro lugar, a menção de que “veio 
do céu um som, como de um vento impetuoso” e de que 
apareceram “línguas como de fogo” traz à lembrança as 
teofanias típicas do AT. Deus aparecia nessas teofanias com 
som de trovão e na forma de fogo. A primeira grande teofa-
nia do AT foi no Sinai, onde Deus apareceu em meio a um 
estrondo de “vozes e relâmpagos”, “fogo”, “fumaça” e uma 
5 MARSHAL, I. H. Atos: introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 2008, p. 68, 69.
6 Sobre o local onde ocorreu o Pentecostes, alguns autores, como Roger Stronstad, argumen-
tam que ele teria ocorrido no Templo (cf. STRONSTAD, Roger. Teologia Lucana sob Exame. 
Natal: Carisma). Contudo, aqui em Atos 2.2, Lucas usa o vocábulo oikos (casa), e não ieros 
(templo). Por outro lado, muitos outros autores entendem que a expressão “reunidos no 
mesmo lugar” (v. 1) seria uma referência ao Cenáculo (gr. uperôn, “habitação de cima”, cf. 
At 1.13). Foi nesse local, por exemplo, onde os discípulos encontravam-se reunidos antes 
do Pentecostes (At 1.13). O termo uperon, usado aqui por Lucas, ocorre novamente em Atos 
9.37,39 e 20.8 (veja: FITZMYER, Joseph. Los Hechos de Los Apóstoles, vol. 1. Salamanca: 
Ediciones Sígueme: 2003; HUGO, M. Petter. Concordancia Greco-española del Nuevo Testamento. 
Barcelona: CLIE, 2006). 
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A Igreja que Nasceu no Pentecostes | 19
“nuvem espessa” (Êx 19.16-20; 20.18). Esse era o modelo de 
teofania da maior parte das aparições divinas semelhantes 
que ocorreram depois no AT. De certa forma, a aparição 
de Deus no Sinai funciona como pano de fundo quando o 
Espírito desce no Pentecostes. O Pentecostes comemorava 
não só as primícias da colheita, mas também, a partir do 
segundo século a.C., a entrega da Lei por Deus a Moisés 
no Sinai, o que indica além disso a presença desse pano de 
fundo em Atos 2 [...]. Se nossa análise estiver correta até 
aqui, segue que a teofania do Pentecostes também pode ser 
compreendida como a irrupção de um novo Templo que 
acaba de surgir no meio do antigo Templo de Jerusalém, 
que estava sendo superado.7
Assim, a teofania do Pentecostes, como foi aquela do Sinai, 
a partir da qual a presença de Deus certamente se faria real no 
Tabernáculo, está diretamente associada com a experiência de Deus 
habitando na Igreja, que é o seu novo templo. A Igreja, portanto, 
formada por todos os crentes salvos em Cristo e cheios do Espírito, é 
a nova habitação de Deus, e não mais o antigo templo judaico. Beale 
pontua que essa compreensão que associa as “línguas como de fogo” 
com a presença de Deus na parte mais interior do Tabernáculo, o 
Santo dos Santos, pode ser encontrada nos Manuscritos do Mar 
Morto da comunidade de Qumran.
Beale destaca que: 
O fato mais surpreendente ainda nesse documento de Qumran 
é que as “línguas” são uma ocorrência não apenas da presença reveladora 
de Deus, mas também de sua comunicação profética. Certamente, é isso 
que acontece no Pentecostes: não apenas as “línguas de fogo” são uma 
manifestação da presença de Deus em Espírito, mas essa presença também 
leva as pessoas a “profetizarem” (como está claro em At 2.17,18). 
O local de onde desce o Espírito de Deus no Pentecostes não 
7 BEALE, G. K. Manual do Uso do Antigo Testamento no Novo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 2013. 
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20 | A Igreja em Jerusalém
apenas parece que é “do céu”, de modo genérico, mas também 
do Santo dos Santos ou templo celestial.8
Como destacou Beale, a presença de Deus em Espírito entre 
o seu povo trouxe consigo manifestações teofânicas do som como 
de um vento impetuoso e veemente e as línguas como que de fogo. 
Contudo, não foi apenas isso; essa mesma presença também trouxe 
consigo o dom profético (At 2.17,18). Dessa forma, fica em evidên-
cia o aspecto carismático do Pentecostes. A presença de Deus em 
Espírito enche o seu povo. 
uma cOmunidade de PrOFetas
O teólogo pentecostal Roger Stronstad tem chamado a aten-
ção para o significado dessa teofania do Pentecostes em contraste 
com a do Sinai. Assim como no antigo pacto, na aliança do Sinai, 
quando o povo de Deus foi feito um “reino de sacerdotes” (Êx 
19.6), assim também o povo de Deus debaixo do novo pacto, no 
Pentecostes, é transformado em uma comunidade de profetas. 
Dessa forma, destaca Stronstad:
enquanto a teofania no Monte Sinai estabeleceu Israel como 
um reino de sacerdotes, a do Pentecostes estabelece os discí-
pulos como uma comunidade de profetas. Por conseguinte, a 
teofania no dia de Pentecostes combina os sinais dessas teofa-
nias anteriores: o barulho do vento forte e violento ecoa o 
vento violento da experiência de Elias; o fogo ecoa o fogo das 
duas teofanias anteriores; a fumaça ecoa a fumaça de quando 
Deus apareceu no Monte Sinai diante de Israel na entrega 
da Lei. Esses prodígios e sinais da teofania do Pentecostes 
— que ecoam a teofania do recebimento da Lei no Monte 
Sinai — somente podem indicar que o que está acontecendo 
no Pentecostes não é apenas tão dramático, mas também tão 
8 Idem.
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A Igreja que Nasceu no Pentecostes | 21
significativo como o que ocorreu no Monte Sinai. Em outras 
palavras, a criação dos discípulos como uma comunidade de 
profetas é tão memorável como a criação anterior de Israel 
na condição de um reino de sacerdotes. Ou seja, no dia de 
Pentecostes, e pela segunda vez na história de seu povo, Deus o 
está visitando em sua montanha sagrada e mediando uma nova 
vocação para ele — a profecia, em vez do sacerdócio real.9
A experiência do Pentecostes, portanto, marca o nascimento da 
Igreja como uma comunidade de profetas assim como a teofania do 
Sinai assinalou o início do povo sacerdotal! Isso significa dizer que, 
no novo pacto, Deus, pelo seu Espírito, veio habitar na sua Igreja 
(o seu novo templo), fazendodela uma comunidade de profetas. 
Esse entendimento reflete o que haviam dito os antigos profetas que 
viveram debaixo da antiga aliança: “E porei dentro de vós o meu 
espírito e farei que andeis nos meus estatutos, e guardeis os meus 
juízos, e os observeis” (Ez 36.27); “Mas este é o concerto que farei 
com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o Senhor: porei a 
minha lei no seu interior e a escreverei no seu coração; e eu serei 
o seu Deus, e eles serão o meu povo” (Jr 31.33), e mostra também 
que o anseio de Moisés de que todo o povo de Deus fosse profeta 
tornara-se uma realidade (Nm 11.29). 
O PrOPósitO dO batismO PentecOstaL 
O que foi dito até aqui revela que os eventos ocorridos no dia 
de Pentecostes, notadamente marcado por manifestações teofânicas, 
destacam a realidade da presença de Deus no meio do seu povo. 
Lucas não tenciona na sua narrativa apresentar um Deus teórico, 
mas vivo e real. Deus estava ali. Quem se encontrava ali, por exem-
plo, podia até não compreender o que estava acontecendo (At 2.12), 
mas também não podia duvidar de que Deus estava lá (At 2.11). O 
9 STRONSTAD, Roger. Teologia Lucana sob Exame. Natal, RN: Carisma, 2018. 
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Senhor era um Deus ouvido e visto. Tudo isso demonstra que havia 
um propósito sublime na presença divina no Pentecostes. 
“E todos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras 
línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem” (At 2.4). Esse 
é, sem dúvidas, um dos fenômenos mais extraordinários manifestado 
no Pentecostes. De fato, a sua ocorrência deixou os presentes ator-
doados (At 2.6). A pergunta feita por aqueles que não pertenciam à 
comunidade cristã foi: “Que quer isto dizer” (At 2.12). Pedro traz 
uma resposta contundente a essa pergunta a partir da exposição 
das Escrituras do Antigo Testamento. Citando o profeta Joel, Pedro 
demonstra como essa profecia teve o seu real cumprimento no 
Pentecostes (At 2.17; Jl 2.28). 
Por outro lado, convém dizer que os cristãos ali reunidos, embora 
não haja indicação de que tivessem conhecimento prévio dos fenôme-
nos que ocorreriam por ocasião da vinda do Espírito, já aguardavam 
com expectativa o cumprimento da promessa do Espírito feita a eles 
por Jesus (Lc 24.49; At 1.5,8). Quando, portanto, perceberam que, 
inspirados pelo Espírito, estavam falando em outras línguas totalmen-
te desconhecidas para eles, tiveram a certeza de que a promessa feita 
a eles por Jesus estava tendo o seu real cumprimento. Pedro confirma 
esse entendimento quando associa essa fala inspirada no Pentecostes, 
expressa no falar em outras línguas, com a fala profética predita pelo 
profeta Joel (At 2.17,18; cf. Jl 2.28). Não resta dúvida, portanto, de 
que o falar em línguas no dia de Pentecostes foi percebido pelos 
discípulos como uma evidência física de que eles haviam recebido o 
batismo pentecostal predito por Jesus. 
Stanley Horton destaca que: 
Assim, com todo o ser rendido ao poder e à pessoa do Espírito 
de tal forma que os efeitos do Seu grande poder pudessem 
ser vistos, as línguas tornaram-se a evidência convincente de 
que Jesus estava à direita do Pai, que a profecia estava sendo 
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cumprida e que o Espírito Santo havia realmente enchido os 
crentes de uma nova maneira. A multidão não tinha dúvidas 
sobre o que Pedro quis dizer quando disse: “Isto é aquilo!”. 
Essa mesma evidência de línguas também convenceu Pedro, as 
testemunhas que ele levou consigo e os cristãos judeus em Jeru-
salém de que os gentios deveriam ser admitidos na comunhão 
da igreja. Aqui estava um lugar onde uma evidência convin-
cente era realmente necessária, e a que o Senhor escolheu dar 
foi línguas. Nada mais poderia ter superado o preconceito dos 
crentes judeus, a não ser essa prova de que os gentios haviam 
recebido o dom semelhante (literalmente, o dom idêntico). Atos 
11.17,18. Paulo em Éfeso encontrou crentes (cristãos de acordo 
com o uso do termo por Lucas) aparentemente convertidos 
de Apolo, que não tinham ouvido falar do Espírito. Eles rece-
beram uma experiência que removeu todas as dúvidas, pois 
eles também falaram em línguas e profetizaram. Atos 19.6.10
Esse entendimento de que o livro de Atos dos Apóstolos demons-
tra que o batismo no Espírito é acompanhado ou evidenciado por 
sinais exteriores, em que o falar em línguas pode ser visto como um 
padrão, possui forte fundamentação bíblica e exegética. Em Atos 
11.15-17, por exemplo, Pedro recorre à experiência dos gentios na 
casa de Cornélio, onde o falar em línguas aparece como evidência 
inconfundível desse batismo pentecostal (At 10.44-46) para convencer 
os seus colegas da aceitação da fé gentílica. Em Atos 19.1-6, a narra-
tiva lucana mostra que o fenômeno glossolálico entre os cristãos de 
Éfeso é a evidência de que o Espírito, que eles nem mesmo sabiam 
que existia, agora está sobre eles. 
Myer Pearlman observa que: 
Acompanhando o cumprimento desta promessa (Atos 1:8) 
estavam manifestações sobrenaturais (Atos 2:1-4), a mais 
importante e comum das quais foi a declaração milagrosa 
10 HORTON, Stanley. Into All Truth. Springfield: Gospel Publishing, 1955. 
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em outras línguas. Que esta declaração sobrenatural foi um 
acompanhamento do recebimento de poder espiritual, confor-
me declarado em dois outros casos (At 10.44-46; 19.1-6) e 
implícito em outro (At 8.14-19).11
A expectativa de que os apóstolos esperavam a presença de 
sinais externos por ocasião da recepção do Espírito é claramente 
mostrada em Atos 8.14-20. Embora não haja menção aqui ao 
fenômeno do falar em línguas, a presença de sinais externos fez-se 
presente (At 8.18). Mas que sinais? Muitos intérpretes, incluin-
do metodistas e reformados, que viveram antes do advento do 
pentecostalismo, como Adam Clark, Matthew Henry e Jonh Gill, 
defendiam a glossolalia como sendo esse sinal.12 
Assim, o teólogo britânico James D. Dunn destacou que: 
Neste século a questão [do falar em línguas] ressurgiu de forma 
mais incisiva no pentecostalismo. Sua resposta foi simples e 
direta: a glossolalia é o sinal peculiar da presença do Espírito 
que inicia uma vida de poder apostólico. “Nos tempos apostó-
licos, falar em línguas era considerado a prova física inicial de 
que uma pessoa havia recebido o batismo no Espírito Santo… 
Foi essa determinação que fundou o Movimento Pentecostal 
do século XX”. A resposta pentecostal é o que motivou nossa 
pergunta. Em favor da tese pentecostal, deve-se dizer basica-
mente que sua resposta está enraizada no Novo Testamento 
mais firmemente do que muitas vezes se pensa. É certamente 
verdade que Lucas considera a glossolalia do Pentecostes como 
um sinal exterior do derramamento do Espírito.13
11 PEARLMAN, Myer. Pentecostal Truth. Springfield: Gospel Publishing, 1968. 
12 Cf. CLARK, Adam: “vendo que falavam em diferentes idiomas”, Nuevo Testamento, Tomo III, p. 
253); HENRY, Matthew: “nenhum deles havia recebido o dom de línguas, que era então o efeito imediato 
mais habitual do derramamento do Espírito”, Acts, vol. 6, p. 81); GIL, Jonh: “ele viu, que com isso, homens 
começaram a profetizar e a falar em diversas línguas”, Acts, vol. 5, p. 860). 
13 DUNN, James D. G. Jesus e o Espírito: A experiência carismática de Jesus e seus apóstolos (Estudios 
Teologicos) (edição em espanhol) (p. 369-370). Editora CLIE. 
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“[...] temos ouvido em nossas próprias línguas falar das grandezas de Deus” 
(At 2.11). O Pentecostes, aqui entendido como o batismo no Espírito 
Santo, está associado diretamenteao recebimento de poder para 
testemunhar. Está, portanto, associado ao serviço cristão. Há duas 
esferas desse serviço cristão que precisamos levar em conta. Uma está 
relacionada ao testemunho cristão lá fora; outra, com a vida privada 
do cristão. Têm, portanto, relação com o testemunho público e a 
vida privada do crente.
Lucas diz que, por ocasião da experiência pentecostal, quan-
do os crentes falaram em outras línguas, eles estavam com esse ato 
proclamando as grandezas de Deus (At 2.11). Havia, portanto, uma 
expressão de louvor na experiência de Pentecostes. Posteriormente, 
na casa de Cornélio, quando os crentes foram cheios do Espírito, fala-
ram em línguas e magnificavam a Deus (At 10.46). Não há dúvida, 
portanto, de que um dos propósitos do batismo pentecostal é levar 
o cristão a uma profunda adoração a Deus. 
Sobre o lugar das línguas na adoração, Herald Bredsen, antigo 
pastor da North County Center, São Marcos, Califórnia, EUA, disse: 
1. As línguas capacitam nosso espírito a se comunicar direta-
mente com Deus acima e além da capacidade de compreensão 
de nossa mente. 2. As línguas liberam o Espírito de Deus em 
nós. 3. As línguas possibilitam nosso espírito de assumir ascen-
dência sobre a alma e o corpo. 4. As línguas são uma provisão 
de Deus para fazermos catarse, pelo que são importantes para 
nossa saúde espiritual. 5. As línguas satisfazem nossa necessidade 
de toda uma nova linguagem de adoração, oração e louvor.14 
Essas afirmações são bem claras. Não há como duvidar de que 
refletem a autopercepção de alguém que possui e usa o dom de 
línguas na adoração a Deus. Paulo, quando regulamentou o uso dos 
14 GONÇALVES, José. Rastros de Fogo. Rio de Janeiro: CPAD, 2012. 
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dons na igreja de Corinto, destacou esse lado devocional do uso das 
línguas. Ele deixou claro o propósito da adoração a Deus por meio 
da oração em outras línguas (1 Co 14.14-17). 
Quando o crente expressa-se em adoração em outras línguas, 
ele está falando consigo mesmo e com Deus (1 Co 14.2; 14.28). 
Através da oração em línguas, o crente edifica a sua fé (1 Co 14.4). 
Nesse texto, fica claro o uso privativo do falar em línguas. Assim, as 
Escrituras mostram que a igreja que dava testemunho público com 
poder lá fora (At 4.33; 6.3,8; 8.5) era a mesma igreja que antes se 
edificava a si mesma na adoração privada. Não existe testemunho 
público sem adoração privada.15 
Convém destacar aqui que a experiência pentecostal é especí-
fica, definida e contínua. Muitos autores gastaram muita tinta na 
tentativa de negar a separabilidade do batismo pentecostal. Em 
outras palavras, contrariamente aquilo que é meridianamente claro 
em Atos dos Apóstolos, eles negam que o batismo no Espírito Santo 
seja uma experiência separada da conversão. No entendimento 
desses autores, o batismo no Espírito é recebido no momento da 
regeneração. Assim, quando alguém é salvo, também é batiza-
do no Espírito. Nesse aspecto, o batismo no Espírito é visto pela 
perspectiva da iniciação cristã, e não de uma capacitação cristã, como 
defendem os pentecostais. Embora a experiência pentecostal possa 
acontecer concomitantemente com a regeneração (At 10.44-46), 
são, contudo, experiências distintas.
R. A. Torrey (1856–1928), ministro batista e autor prolífico, 
escreveu: 
O Batismo com o Espírito Santo é uma obra do Espírito Santo 
separada e distinta de Sua obra regeneradora. Ser regenerado 
pelo Espírito Santo é uma coisa, ser batizado com o Espírito 
Santo é algo diferente, algo adicional. Isso é evidente em Atos 
15 Veja uma exposição sobre o propósito do falar em línguas no capítulo 11. 
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1:5. Ali Jesus disse: “Sereis batizados com o Espírito Santo, 
não muitos dias depois.” Eles ainda não estavam “batizados 
com o Espírito Santo.” Mas eles já estavam regenerados. O 
próprio Jesus já os havia pronunciado assim. Em João 15:3, 
Ele havia dito aos mesmos homens: “Agora estais limpos pela 
Palavra.” (Comp. Tg 1:18; 1 Pe 1:23) e em Jo 13:10: “Vós 
estais limpos, mas não todos”, exceto, pelo “mas não todos”, 
o único homem não regenerado na companhia apostólica, 
Judas Iscariotes, da declaração “Vós estais limpos”. (Veja Jo. 
13: 11.) Os apóstolos, exceto Judas Iscariotes, já eram homens 
regenerados, mas ainda não eram “batizados com o Espírito 
Santo”. Disto fica evidente que a regeneração é uma coisa, 
e que o batismo com o Espírito Santo é algo diferente, algo 
adicional. Alguém pode ser regenerado e ainda não ter sido 
batizado com o Espírito Santo.16
Torrey, cuja teologia teve enorme efeito sobre o movimento 
pentecostal, destacava a separação entre a regeneração e a capacita-
ção do Espírito. Assim, o batismo no Espírito era por ele considerado 
uma obra distinta da salvação e que tinha como propósito capacitar 
o cristão para o serviço. Sem dúvidas, essa interpretação ajusta-se 
ao contexto bíblico de Atos dos Apóstolos. Através do batismo no 
Espírito, o crente é capacitado por Deus para viver poderosamente 
tanto na esfera pública como na privada. Não devemos contentar-nos 
com nada menos do que isso. 
16 TORREY, R. A. The Baptism with the Holy Spirit. Chicago, EUA: Fleming H. Revell Company, 
1897, p. 12.
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A IGREJA EM 
JERUSALÉM 
A IGREJA EM
Doutrina, Comunhão e Fé: 
A Base para o Crescimento da Igreja 
em meio às Perseguições
JOSÉ GONÇALVES
JERUSALÉM
Este livro serve de introdução à eclesiologia no livro de Atos dos Apóstolos ao 
dedicar o seu foco de estudo à Igreja de Jerusalém. Nele, o autor debruça-se 
sobre os quinze primeiros capítulos do livro de Atos, que é o espaço dedicado 
à igreja de Jerusalém na narrativa lucana. Escrevendo com rigor exegético e 
precisão acadêmica, porém mantendo uma linguagem simples e acessível, o 
pastor e escritor José Gonçalves procurou a cada capítulo trazer conhecimentos 
relevantes para compreendermos mais sobre a igreja nascente em Jerusalém. 
O capítulo 1, por exemplo, traz a análise de vários comentaristas bíblicos sobre 
o aspecto teofânico do Pentecostes. 
Já no capítulo 3, que trata da pregação, encontramos uma reflexão sobre o 
papel da pregação pentecostal no atual contexto da igreja. Com respeito ao 
capítulo 5, a questão moral envolvendo a mentira foi abordada não apenas com 
base na teologia, mas também na filosofia. 
Nos capítulos 7 e 12, que tratam, respectivamente, das questões relacionadas 
à perseguição e missão da Igreja, Gonçalves enriqueceu o trabalho ao transcrever 
algumas cartas dos missionários Gunnar Vingren e Daniel Berg, que retratam de 
forma dramática o sofrimento, a fé e a coragem desses pioneiros pentecostais 
na implantação da Assembleia de Deus no Brasil. Leia A Igreja em Jerusalém e 
descubra como, parafraseando Robert Menzies, essa história é a nossa história. 
José Gonçalves
É pastor da Assembleia de Deus em Água Branca, Piauí, 
escritor e articulista. É bacharel em Teologia pelo Se-
minário Batista de Teresina e em Filosofia pela Univer-
sidade Federal do Piauí. Também é pós-graduado em 
Interpretação Bíblica pela Faculdade Batista do Paraná 
e mestre em Teologia por essa mesma instituição. José 
Gonçalves também é comentarista de Lições Bíblicas de 
Jovens e Adultos da CPAD e autor de diversos livros, 
entre eles: Defendendo o Verdadeiro Evangelho, O 
Carisma Profético e o Pentecostalismo Atual e A Glossolalia e a Formação das 
Assembleias de Deus, todos publicados pela CPAD.
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