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Direito Constitucional 2 - Federalismo

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I.4 defesa da Federação. Intervenção Federal e Estadual. Estado de Defesa e Estado de Sítio
I.1 O Sentido e o Alcance do Federalismo: O Princípio Federativo
O estudo do Princípio Federativo deve ser precedido por um breve comentário sobre as formas de Estado.
I.1.1 Forma de Estado
Sob o seu conceito estrutural, é o modo de exercício do poder político em função do território .[1: DA SILVA, José Afonso. op. cit., p. 90.]
As formas de Estado podem ser de duas naturezas: a forma singular (Estado unitário) ou a forma plural (Estado federal). 
No Estado unitário, temos “uma única ordem política, uma única ordem jurídica e uma única administrativa”. Dessa unidade político-jurídico-administrativa, no dizer de Paulo Bonavides, resultaria ser o Estado unitário “a mais perfeita unidade orgânica, a que em geral corresponde a um só povo, um só território, um só titular do poder público”, se esta perfeição teórica se materializasse na prática .[2: BONAVIDES, Paulo Bonavides. “Formas de Estado...”, p. 29 e 30.]
O Estado plural pode ser resultado de uma formação artificial (divisão político-administrativa de um Estado unitário, denominada por alguns doutrinadores de formação “centrípeta”, com o surgimento da União e dos Estados Federados) ou da junção de vários Estados soberanos já existentes (ou formação “centrífuga”). 
I.1.2 Origens do Estado Federal
O Estado federal tem suas origens históricas na Grécia, onde as cidades-estados (Atenas, Tebas, Esparta e outras) se uniam militarmente para enfrentar as ameaças dos impérios orientais contra suas próprias existências como organizações político-administrativas soberanas. Embora essas alianças fossem temporárias e de natureza militar, não produzindo vínculos permanentes ou reflexos na autonomia das cidades-estados o que leva a ciência política a considerá-las como exemplo de confederação, e não de federação a essa união atribui-se a condição de exemplo histórico de união política de Estados autônomos, tanto que a própria expressão “Federação” tem sua raiz etimológica na palavra grega “foedus”, que significa aliança.
Considera-se que o sistema federativo tem sua origem efetiva nos trabalhos da Assembleia Constituinte da Filadélfia, dos quais resultou a Constituição americana.
I.1.3 Características da Federação
A Federação apresenta quatro características básicas que irão se constituir nos elementos essenciais do princípio federativo.
A primeira característica, relativa à natureza do Estado federal, que pode ser deduzida da definição de Federação ou Estado federal, de Jellinek (“Estado soberano, formado pela pluralidade de Estados, no qual o poder do Estado emana de Estados-membros, ligados numa unidade estatal”) , é a existência de dois tipos de entidade: a União e as coletividades regionais autônomas. [3: JELLINEK, Georg. Allgemeine Staatslehre. Berlim, 1922, apud BONAVIDES, Paulo in “Formas de Estado ...”, p. 15.]
A segunda característica é a indissolubilidade do laço federativo, uma característica teórica, mas que tem, historicamente, como exemplo mais notório a Guerra de Secessão americana, na qual a tentativa de secessão da federação americana pelos Estados do Sul – os confederados (denominação decorrente da intenção destes Estados de pôr fim à forma federativa, adotando a confederação de Estados) – sofreu oposição armada por parte dos Estados do Norte – os federalistas. 
A terceira característica básica é a concentração da soberania no Estado federal, a qual é exercida pela União, em proveito da coletividade. Esta característica constitui-se no aspecto unitário do Estado federal. Do exercício da soberania pela União temos que a ela cabe:
a) a representação do Estado federal, no plano internacional, em igualdade de condições com os demais Estados soberanos (monopólio da personalidade internacional do Estado); e
b) o exercício do poder supremo de impor, coercitivamente, sem oposição na ordem interna, obrigações a todos os cidadãos e às unidades federadas e de atuar administrativamente, nas unidades federadas, sob a forma prescrita no texto constitucional.
A quarta característica diz respeito à existência da autonomia das unidades federadas. Esta autonomia manifesta-se sob quatro formas: autonomia política, autonomia normativa, autonomia administrativa e autonomia financeira. A autonomia política refere-se à capacidade de auto-organização (Constituição Estadual ou Lei Orgânica) e à capacidade de autogoverno (eleição de Governadores e prefeitos e dos membros das Assembleias Legislativas ou das Câmaras de Vereadores). A autonomia normativa decorre da capacidade de autolegislação das unidades federadas (leis, decretos-legislativos e resoluções, estaduais e municipais, dentro de suas esferas de competência). Por autonomia administrativa deve ser entendida a capacidade de autoadministração das unidades federadas, que lhes permite manter e prestar serviços locais. Finalmente, autonomia financeira significa capacidade de estabelecimento de seus tributos e aplicação de suas rendas.
Do confronto entre a terceira e quarta características da federação deflui, claramente, a distinção entre a soberania do Estado federal e a autonomia da unidade federada. Enquanto o Estado, no exercício de sua soberania, não possui subordinação no plano internacional (relações de coordenação com os demais atores do cenário mundial) e não sofre oposição no plano interno, onde não existe outro poder que se lhe equivalha, a unidade federada exerce sua autonomia, que pode ser definida como a capacidade de, por governo próprio, gerir seus próprios negócios, em uma área de competência limitada pelo direito constitucional do Estado federal .[4: BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Direito Constitucional. 20. ed., São Paulo: Editora Saraiva, 1999, p. 248.]
As características básicas da federação têm reflexos sobre o funcionamento do sistema federativo, o qual se fundará em dois princípios essenciais: a lei da participação e a lei da autonomia .[5: BONAVIDES, Paulo. “Formas de Estado...”, p. 17 a 19.]
A lei da participação impõe a participação das unidades federadas na formação da vontade estatal materializada na ordem federal, obrigatória para toda a federação (União e unidades federadas, bem como para todos os cidadãos), o que assegura a participação das unidades federadas no exercício da soberania do Estado federal no plano interno.
A lei da autonomia refere-se à existência de competências próprias e primárias das unidades federadas, relativas à sua capacidade de auto-organização, autogoverno, autolegislação, autoadministração e à possibilidade de aplicação e gestão de suas receitas, na forma estabelecida e dentro dos limites definidos no texto constitucional do Estado federal. A lei da autonomia implica uma rígida e bem estruturada distribuição de competências entre a União e as unidades federadas, razão pela qual Celso Ribeiro Bastos considera a federação como “a forma mais sofisticada de se organizar o poder dentro do Estado” .[6: BASTOS, Celso Ribeiro. op. cit., p. 246]
A partir das características essenciais relativas à federação e das leis decorrentes do sistema federativo, podemos definir os elementos essenciais do Princípio Federativo:
a) a existência de dois tipos de entidades: a União e as unidades federadas;
b) a indissolubilidade da união existente entre essas unidades federadas;
c) a concentração da soberania no Estado federal;
d) o reconhecimento da autonomia das unidades federadas, com a definição, no texto constitucional, de sua autonomia política e de suas competências legislativas (autonomia normativa), administrativas (autonomia administrativa) e financeiras (autonomia para a criação de tributos e gestão de suas rendas).
I.1.4 O Princípio Federativo no caso brasileiro
O art. 1º da Constituição Federal de 1988, ao definir o Brasil como uma República Federativa, impõe que todas as quatro características do Princípio Federativo estejam presentes no texto constitucional brasileiro. E, efetivamente, encontramos materializados em distintosdispositivos constitucionais os elementos que possibilitam caracterizar como sendo federativa a forma do Estado brasileiro.
I.1.4.1 Existência da União e das unidades federadas
O art. 1º de nossa Lei Maior especifica que a República Federativa do Brasil é formada pela união de Estados, Distrito Federal e Municípios. Dessa união resulta o surgimento da entidade federal, a União. Por sua vez, o art. 18 da CF/88 define que integram a organização político-administrativa brasileira a União os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.
I.1.4.2 A indissolubilidade da união existente entre as unidades federadas
Esta característica está expressa no texto do caput art. 1º, in verbis: “A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal [...].” (grifamos).
I.1.4.3 Concentração da soberania no Estado federal
Esta característica está presente no texto constitucional brasileiro como resultado da combinação do disposto no art. 1º, I, com o art. 18, caput.
O art. 1º, I, estabelece:
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, [...] tem como fundamentos:
I – a soberania;”. (grifamos)
Por sua vez, o art. 18, caput, define que:
Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição.”. (grifamos)
1.1.4.4 Reconhecimento da autonomia das unidades federadas
Este reconhecimento se opera sob duas formas. Uma é o estabelecimento das competências da União; a outra é a definição, no texto constitucional, da autonomia política das unidades federadas e de suas competências legislativas (autonomia normativa), administrativas (autonomia administrativa) e financeiras (autonomia para a criação de tributos e gestão de suas rendas).
1.1.4.4.1 Autonomia política da União
As regras para organização do Poder Legislativo, Poder Executivo e Poder Judiciário da União estão definidas, respectivamente, nos Arts. 44 a 58, 76 a 88 e 92 a 124.
1.1.4.4.2 Autonomia política dos Estados
Os Estados regem-se por suas Constituições e leis, respeitado o disposto na Constituição Federal (Art. 25, caput). Na elaboração de suas Constituições, o Estado vale-se do poder constituinte derivado denominado decorrente.
Na organização de seu Poder Legislativo e do seu Poder Legislativo, os Estados obedecem às disposições constitucionais previstas, respectivamente, no art. 27 e no art. 28, da CF/88. Por sua vez, a organização do Poder Judiciário Estadual está definida no art. 125, da Constituição Federal de 1988.
1.1.4.4.3 Autonomia política do Distrito Federal
O Distrito Federal rege-se por lei orgânica, votada em dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e com quórum para aprovação igual a dois terços dos membros da Câmara Legislativa. Compete à Câmara legislativa promulgar a Lei Orgânica do Distrito Federal, a qual, apesar de ser uma Lei, tem status de Constituição Estadual. Na elaboração da Lei Orgânica do Distrito Federal deverão ser obedecidos os princípios e regras da Constituição Federal.
Na organização do seu Poder Legislativo, o Distrito Federal obedecerá ao disposto no Art. 32, § 2º e § 3º combinado com o Art. 27. A organização do Poder Executivo do Distrito Federal é feita nos termos do Art. 32, § 2º combinado com Art. 28. Por fim, na organização do Poder Judiciário do Distrito Federal ocorre uma particularidade. Como compete à União organizar e manter o Poder Judiciário do Distrito Federal e dos Territórios (art. 21, XIII, da CF/88), a organização judiciária do Distrito Federal é uma competência legislativa privativa da União (art. 22, XVII, da CF/88). As suas competências jurisdicionais serão as mesmas dos Tribunais de Justiça dos Estados, inclusive no concerne ao controle de constitucionalidade das leis distritais, em face da Lei Orgânica do Distrito Federal.
1.1.4.4.4 Autonomia política dos Municípios
Os Municípios reger-se-ão por lei orgânica, votada em dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara Municipal, que a promulgará. A lei orgânica obedecerá aos princípios das Constituições Federal e Estadual e os preceitos estabelecidos nos arts. 29, 29-A e 30, da Constituição Federal.
A Lei Orgânica do Município também deverá contemplar a cooperação das associações representativas no planejamento municipal (Art. 29, XII) e a iniciativa popular de projetos de lei de interesse específico do Município, da cidade ou de bairros, através de manifestação de, pelo menos, cinco por cento do eleitorado (Art. 29, XIII)
A organização do Poder Legislativo Municipal e a do Poder Executivo Municipal obedece às regras contidas no art. 29.
1.1.5 Histórico das Constituições Brasileiras
Consoante já vimos, ao tratarmos do tema “conceito de Constituição”, verificamos que, pela pluralidade de aspectos sob os quais se pode apreciar a questão, não é possível estabelecermos um conceito único, abrangente, de todos os sentidos possíveis de Constituição, sendo necessária a abordagem da matéria sob diversos ângulos – sociológico, político, normativista, materialista, formalista e sócio-jurídico ou valorativo.
Em assim sendo, e reconhecendo-se que os textos constitucionais espelham, relativamente, a verdadeira realidade de um país, em seus aspectos econômicos, étnicos, históricos, ideológicos, sociais, culturais, militares, políticos, religiosos etc. - temos que se pode, até mesmo, propor, com certas limitações e cuidados, o estudo da própria história de um Estado, tendo por base, exclusivamente, o estudo de seus diversos Diplomas Magnos.
Tal proposta ganha destaque no caso brasileiro que, ao longo de sua história constitucional, já experimentou oito constituições: 1824, 1891, 1934, 1937, 1946, 1967, Emenda Constitucional nº 1, de 1969 , e 1988.[7: Nota do Autor: Para alguns Autores, a Emenda Constitucional nº 01, que entrou em vigor em 30.10.69, pelo menos em termos técnicos, não pode ser considerada apenas como uma emenda constitucional, porquanto reformulou completamente a Constituição Federal de 1967. Tratou-se, consequentemente, de nova Constituição.]
Assim, ainda que o texto constitucional não se constitua no modelo perfeito para o estudo da história brasileira, não se deve desprezar que, por sua análise, podemos reconhecer os valores ideológicos e jurídicos e as aspirações, relativas ao “Estado ideal”, retratados em cada uma de nossas oito Cartas.
Com esse objetivo é que passamos ao estudo das principais características de cada uma das Constituições brasileiras.
1.1.5.1 Constituição de 1824
* Características:
- Constituição Outorgada, Escrita, Semirrígida (normas materialmente constitucionais eram rígidas; normas formalmente constitucionais, flexíveis);
- Marcada por grande liberalismo;
- Reconhecia extenso rol de direitos individuais (propriedade, princípio da reserva legal penal etc.).
* Divisão dos Poderes Políticos: 
- Quatro Poderes: Legislativo; Executivo; Judiciário; e Moderador; 
» Poder Legislativo: composto pela Câmara dos Deputados (eletiva e temporária) e pelo Senado (membros vitalícios, nomeados pelo Imperador, de lista tríplice por Província); 
» Poder Executivo: o Chefe do Poder Executivo era o Imperador, que nomeava os Ministros; 
» Poder Judiciário: composto pelos Juízes, que podiam ser suspensos mediante processo e audiência do Conselho do Estado; havia também os jurados; 
» Poder Moderador: era a chave de toda a organização política; agia sobre todos os outros poderes: 
1) em relação ao Poder Legislativo:
- direito de dissolução da Câmara;
- direito de adiamento e de convocação de eleições;
- direito de escolha na lista tríplice para o Senado;
2) em relação ao Poder Judiciário: - direito de suspender magistrados;
3) em relação ao Poder Executivo: - direito de escolha e demissão de Ministros.
* Estrutura do Estado 
- Vigorava uma forte centralização político-administrativa;- As Províncias eram subordinadas ao Poder Central;
- O Imperador nomeava o Presidente e o Chefe de Policia (funções policiais e judiciais); o "juiz de direito" e o "juiz municipal"; e o promotor público;
- Milícias locais passaram a constituir a Guarda Nacional;
- A votação era indireta e censitária.
* Conclusões:
- Méritos:
Direitos fundamentais;
Possibilidade de instituição do Parlamentarismo;
Manutenção da integridade territorial;
Sensibilidade para o social;
Texto de maior permanência na história constitucional.
- Críticas:
Absolutismo (poder moderador);
Dissociação entre o texto constitucional e a realidade nacional.
1.1.5.2 Constituição de 1891
* Histórico:
- Golpe de Estado de 15/11/1889;
- Decreto nº 1, de 15/nov/1889 (Rui Barbosa)
* Forma de governo: República
* Organização Político-administrativa 
- Províncias: transformaram-se em Estados e podiam, posteriormente, elaborar suas Constituições;
- Nomeação de Comissão Especial (“Comissão dos Cinco”) que elaboraria anteprojeto da Constituição Republicana (influência Rui Barbosa);
- Decreto nº 510, de 22/06/1890: Constituição aprovada pelo Executivo;
- 15/Set/1890: eleição da Assembleia-Geral constituinte;
- Limitações impostas aos Constituintes:
proibição de interferência no governo;
discussão a respeito da República e da Federarão.
- A Constituição brasileira sofreu influências dos textos da Constituição norte-americana (principal inspiração) e das Constituições da Argentina e da Suíça.
* Estrutura do Estado 
- Vigorava uma forte centralização político-administrativa;
- As Províncias eram subordinadas ao Poder Central;
- O Imperador nomeava o Presidente e o Chefe de Policia (funções policiais e judiciais); o "juiz de direito" e o "juiz municipal"; e o promotor público;
- Milícias locais passaram a constituir a Guarda Nacional;
- A votação era indireta e censitária.
* Conclusões:
- Méritos:
Direitos fundamentais;
Possibilidade de instituição do Parlamentarismo;
Manutenção da integridade territorial;
Sensibilidade para o social;
Texto de maior permanência na história constitucional.
- Críticas:
Absolutismo (poder moderador);
Dissociação entre o texto constitucional e a realidade nacional.
* Características da Constituição
- democrática, escrita, rígida, formal
* Forma do Estado, Sistema de Governo e Divisão dos Poderes
- Forma do estado: Federal
- Sistema de Governo: Presidencialista
- autonomia política e financeira dos Estados e autonomia Municipal
* Divisão dos Poderes
- Legislativo
1) Senado (mandato de nove anos; três Senadores por Estado); 
2) Câmara dos Deputados (número de Deputados proporcional ao número de habitantes);
3) Judiciário: acrescenta às suas competências o controle dos atos legislativos e administrativos e os juízes passam a ser vitalícios, com vencimentos irredutíveis;
- Executivo: 
1) Presidente e Vice-Presidente são eleitos por sufrágio direto e maioria absoluta de votos;
2) Possibilidade de serem processados por crime de responsabilidade;
3) Abandonado o voto censitário.
* Direitos Fundamentais
- Abrandam-se as penas criminais (supressão das penas de galés, banimento judicial e de morte);
- Habeas Corpus ganha "status" constitucional (fora instituído pelo Código Criminal de 1830) e por construção doutrinária e jurisprudencial é utilizado de forma ampla (não existia o Mandado de Segurança) como, por exemplo, na defesa da inviolabilidade do domicilio, na defesa da situação e direitos dos funcionários públicos, na defesa da liberdade do exercício de profissão.
* Reforma Constitucional de 1926:
- Teve concepção racionalista e autoritária;
- Foram promovidas alterações no instituto da “intervenção” por parte da União, com fortalecimento do Executivo, que passa a ter maiores poderes para intervir nos Estados, no Poder Legislativo, no processo legislativo, nos direitos e garantias fundamentais e na Justiça Federal.
* Conclusões:
- Problemas:
- dissociação entre a Constituição formal e a realidade social;
- foco de conflito entre os poderes;
- enfraquecimento do Poder Central e fortalecimento do poder estadual (“política dos Governadores”);
- encorajamento do "coronelismo";
- surgimento de confrontação entre a “constituição real” (realidade nacional) e a “constituição escrita”.
1.1.5.3 Constituição de 1934
* Antecedentes Históricos:
- Quatro anos após a Emenda Constitucional de 1926 irrompe a revolução que pôs fim à Primeira República (deposição de Washington Luiz por Getúlio Vargas);
- Getúlio Vargas inicia desmonte do "coronelismo" e intervém nos Estados;
- Decreto no 19.398, de 11 de novembro de 1930, institui juridicamente o governo provisório;
- é instituído, por Decreto, o novo Código Eleitoral (3.2.32), criando a Justiça Eleitoral (retira das Assembleias a fiscalização das eleições);
- Convocada Assembleia Constituinte por decreto (3.5.32) com eleições em 3.5.33;
- “Revolução Constitucionalista” de 1932 (7.32);
- Promulgação da Constituição em 16.7.34.
* Causas da Revolução que pôs fim à Primeira República:
- Sistema eleitoral não confiável;
- Reconhecimento dos eleitos feito pelo Legislativo;
- Voto a descoberto, desorganização e indisciplina dos partidos políticos que eram controlados por "coronéis", industriais e banqueiros;
- Não permissão de votos às mulheres;
- Submissão do Judiciário (vitaliciedade e inamovibilidade eram garantias de uso precário);
- Crise econômica e surgimento de movimentos sociais reivindicando melhores condições de trabalho.
* A Constituição de 1934:
- Instituiu a democracia social (Constituição de Weimar);
- É escrita; dogmática; democrática; rígida; formal;
- Tem como principais características:
1) Quanto à forma:
- introdução do nome de Deus no preâmbulo.
- incorporação de preceitos de direito civil, social e administrativo.
- Constituição analítica;
2) quanto à matéria:
- manteve a República, a Federação e a divisão de poderes (independentes e coordenados entre si), o presidencialismo e o regime representativo;
- reforçou os vínculos federais com a ampliação dos poderes da União;
- rompeu com o bicameralismo; a atividade legislativa ficou a cargo da Câmara, cabendo ao Senado prover a coordenação dos poderes, manter a continuidade administrativa, velar pela Constituição;
- instituiu a responsabilidade solidária dos Ministros de Estado e a obrigatoriedade de comparecerem ao Congresso Nacional para prestarem esclarecimentos ou pleitearem medidas legislativas;
- criou a Justiça Eleitoral como Órgão do Poder Judiciário e a Justiça Militar;
instituiu representação corporativa no Legislativo;
- criou o Ministério Público, o Tribunal de Contas e os Conselhos Técnicos (que tinham poder de veto nas decisões ministeriais);
- instituiu normas reguladoras da ordem econômica e social; da família; da educação e cultura; dos funcionários públicos; de segurança nacional; e da Previdência Social;
- criou o Mandado de Segurança e ação popular.
* Conclusões:
- a Constituição representava as forcas político-sociais da época;
- Sua curta duração se deve à radicalização do clima social (disputa extrema direita x extrema esquerda).
1.1.5.4 Constituição de 1937
* Antecedentes Históricos:
- Descompasso entre o texto constitucional (liberal) e a realidade do Pais;
- Confronto entre extremistas de direita (integralistas) e de esquerda (comunistas);
- Eleição de Getúlio Vargas pela Assembleia Constituinte;
- Dissolução da Câmara e do Senado;
- Revogação da CF de 1934 e outorga da Carta de 1937 (10.11.37), com a condição de submetê-la a plebiscito, que nunca se realizou.
* A Constituição de 1937:
- inspirada no modelo fascista (Constituição Polonesa), de cunho eminentemente autoritário;
- formal, dogmática, outorgada, rígida.
* Principais características:
- fortalecimento do Poder Executivo (decretos-leis);
- redução do papel do Legislativo e Judiciário;
- retirados do texto constitucional os princípios da legalidade, da irretroatividade da lei e o Mandado de Segurança;
- reinseridas a pena demorte (por motivo político e homicídios fúteis, cruéis);
* Conclusão:
- na prática a CF/37 não teve aplicação, imperando no Brasil uma ditadura pura e simples.
1.1.5.5 Constituição de 1946
* Antecedentes Históricos:
- Fim da II Guerra Mundial, derrota das forcas do eixo (fascistas e alemães, com os quais Getúlio Vargas simpatizava);
- Tentativa de atualização de nosso direito constitucional por Getúlio Vargas;
- Lei Constitucional nº 9: introduz emendas na Carta de 1937; fixa eleições para 2.12.1945;
- A acirramento da campanha eleitoral;
- Deposição de Getúlio Vargas: 29. 10. 1945;
- Lei Constitucional nº 13, de 12.11.45, atribui ao Parlamento poderes constituintes;
- 2.2.46: convocação da Assembleia Nacional Constituinte
* Principais aspectos da Constituição de 1946:
- É dogmática, democrática, formal e rígida;
- Revitalização da Federação (autonomia estadual e previsão mais limitada de intervenção);
- Fortalecimento do municipalismo;
- Fortalecimento da divisão de poderes:
> Executivo: eleição direta, cinco anos, maioria relativa;
> Vice Presidente era o Presidente do Senado;
> Legislativo: bicameral;
- Fim dos Decretos-Leis;
- Judiciário: vitaliciedade, irredutibilidade e inamovibilidade; julga a constitucionalidade das leis (controle de constitucionalidade);
- Liberdade de organização partidária (com restrição ao Partido Comunista);
- Tentativa de conciliação do principio da liberdade econômica com o principio da justiça social;
- Direito de greve;
- Excluídas as penas de morte, banimento e confisco
1.1.5.6 Constituição de 1967
* Antecedentes Históricos:
- De 1946 a 1961 houve apenas três emendas (apesar das atribulações no período: suicídio de Getúlio; oposição à posse de Café Filho; oposição ao governo de Juscelino Kubitschek de Oliveira);
- Eleição e renúncia de Jânio Quadros;
- Oposição a João Goulart (Emenda nº 4, de 2.9.61 - Parlamentarismo);
- Rejeição do parlamentarismo em plebiscito;
- Emenda Constitucional n° 6, de 21.1.63, retorno do Presidencialismo;
- Revolução de 31.3.64;
- Edição do Al nº 1 que manteve a CF/46 (9.4.64) com modificações;
- Al nº 2: extinção dos partidos políticos;
- Al nº 4: regula os procedimentos do Congresso Nacional para votar a nova Constituição cujo projeto o Governo apresentou;
- Entre o Al nº 4 e a promulgação da CF/67 houve uma série de Emendas Constitucionais, sendo as mais importantes a Emenda Constitucional nº 10 (reforma agrária); Emenda Constitucional nº 16 (reforma do Judiciário, com criação da Justiça Federal e a instituição do controle abstrato de normas estaduais e federais tui); Emenda Constitucional nº 18 (reforma tributaria);
- Promulgação da CF/67 em 24.1.67.
* A Constituição de 1967:
- Formal, dogmática, democrática, rígida;
- Centralizadora (União retirou competências dos Estados e Municípios);
- Reforço dos poderes do Presidente da República;
- Redução dos poderes do Legislativo e do Judiciário;
- Manutenção do Sistema Tributário Nacional, contudo houve um aumento da participação da União na receita estadual e municipal;
- Criação do orçamento-programa, o Plano Plurianual de Investimento e atualização do sistema orçamentário;
- Redução da autonomia individual (suspensão de direitos e garantias);
- Redução da intervenção estatal no domínio econômico, mas aumenta a intervenção estatal na propriedade, com a possibilidade de desapropriação para fins de reforma agrária;
- Aumento da representação legislativa de Estados menos populosos;
- Supervalorização dos Decretos-Leis, maior ação legislativa do Poder Executivo.
* Edição do Ato Institucional Nº 5
- Antecedentes:
Crescimento dos movimentos de oposição; 
Mobilização estudantil; 
Crescimento dos movimentos de oposição; 
Mobilização estudantil. 
- AI nº 5
Editado em 13.12.68; 
Autoritarismo (poder de fechar o Congresso Nacional e Assembleia Estadual e Câmara de Vereadores);
Fundação de uma nova ordem jurídica;
Possibilidade de cassação de mandatos e suspensão de direitos políticos;
Suspensão das garantias dos juízes e dos funcionários públicos;
Suspensos o Habeas Corpus nos crimes políticos contra a segurança nacional, a ordem econômica e social e a economia popular;
Não submissão de apreciação pelo Judiciário dos atos praticados com base no Al.
- AI nº 12 (31.08.69)
Doença de Costa e Silva;
Assinado por Junta Militar (ignorado o Vice-Presidente Pedro Aleixo).
- AI nº 16 (14.10.69)
Declarados vagos os cargos de Presidente e Vice-Presidente;
Convocada eleição no Congresso Nacional para 25.10.69.
* Emenda Constitucional nº 1/69
- Antecedentes: 
Congresso em recesso; 
Poder de editar emendas durante recesso (AI nº 5);
Promulgação da Emenda Constitucional n° 1, de 17.10.69.
- Conteúdo: 
Por sua extensão e abrangência, constituiu-se em um novo texto constitucional;
Fiscalização financeira e orçamentária dos municípios (Tribunal de Contas dos Municípios);
Audiência do Executivo para empréstimo, operação, acordos externos;
Mandato Presidente: cinco anos;
Conselho de Segurança Nacional;
Lei complementar sobre direitos políticos.
* Período Médici
- Intenção de restaurar a democracia (retórica);
- Milagre econômico e apoio popular;
- combate à guerrilha urbana e rural.
* Período Geisel
- Abertura política;
- Crise econômica (petróleo);
- Derrota nas eleições de 1974;
- Lei Falcão (06.76);
- Legislação eleitoral;
- Derrota nas eleições municipais de 1976;
- “Pacote” de abril de 1977:
> dissolução do Congresso;
> 14 emendas; 6 decretos;
> redução do quórum para Emenda Constitucional (maioria absoluta);
> Senadores biônicos;
> mandato para 6 anos;
- junho/78: revogação AI 5.
* Período Figueiredo
- Anistia;
- Pluripartidarismo;
- Obrigação de apresentação de candidatos a todos os cargos em disputa na eleição;
- Proibida coligação;
- Voto vinculado;
- Cisão no PDS (Mario Andreaza x Paulo Maluf);
- Adesão à candidatura Tancredo Neves (capitaneada por José Sarney).
* Período Sarney
- Emenda Constitucional nº 26 (27.11.85) convocação da Assembleia Nacional Constituinte (um ato político e não uma emenda constitucional, no entendimento de José Afonso da Silva);
- Congresso Nacional x Constituinte autônoma;
- Promulgada a atual Constituição Federal, em 5 de outubro de 1988.
I.1 O Sentido e o Alcance da Federalismo. Noções Históricas. As constituições Brasileiras
I.2.1 Integrantes da Organização Político-administrativa
* Art. 18. caput : 
- União
» entidade federal formada a partir da reunião das partes componentes da Federação brasileira;
» pessoa jurídica de Direito Público interno
» autônoma em relação aos Estados
» exerce as prerrogativas da soberania do Estado federal brasileiro
- Estados-membros e Distrito Federal
» unidades federadas;
» autonomia
» personalidade jurídica de Direito Público interno
- Municípios
» componentes da estrutura federativa brasileira
» autonomia
» personalidade jurídica de Direito Público
I.2.2 Forma de Criação, incorporação, fusão e desmembramento de Estados e Municípios
	ESTADOS
(Art. 18, § 3º)
	1. Aprovação da incorporação, subdivisão ou desmembramento de um Estado para se anexar a outro ou formar um novo Estado ou Território, por plebiscito, do qual participa a população diretamente interessada. (Plebiscito convocado por Decreto Legislativo do Congresso Nacional, quorum para aprovação maioria simples);
2. Nos termos da lei 9.709/98: população interessada é tanto a do território que se pretende desmembrar, quanto à do que sofrerá desmembramento; em caso de fusão ou anexação, tanto a população da área que se quer anexar quanto à da que receberá o acréscimo;
	
	3. Aprovação, pelo Congresso Nacional, ouvida a Assembleia Legislativa do Estado (art. 48, VI), de projeto de lei complementar, determinando a incorporação, subdivisão ou desmembramento de um Estado para se anexar a outro ou formar um novo Estado ou Território; a aprovação pelo Congresso Nacional do projeto de lei complementar não está vinculada ao resultado do plebiscito ou à manifestaçãoda Assembleia; e
4. Sanção do projeto de lei complementar pelo Presidente da República, o qual não está vinculado à decisão do Congresso Nacional.
	MUNICÍPIOS
(Art. 18, § 4º)
	1. Apresentação e divulgação do Estudo de Viabilidade Municipal, na forma da lei (doutrina majoritária entende ser esta lei uma lei estadual);
2. Aprovação, da criação, incorporação, fusão ou desmembramento de municípios, por plebiscito, convocado pela Assembleia Legislativa do Estado, do qual participa a população do(s) município(s) envolvido(s) (mesmo conceito de população interessada aplicado para os Estados); e
3. A criação, incorporação, fusão ou desmembramento, por lei estadual, só poderá ocorrer dentro do período fixado em lei complementar federal (a Assembleia Legislativa não está vinculada ao resultado do plebiscito). 
JURISPRUDÊNCIA: O STF considerou que esta é uma norma constitucional de eficácia limitada. Em consequência, como a lei complementar nela citada não foi promulgada e publicada, os Estados não podem criar, incorporar, fundir ou desmembrar municípios. Como diversas leis estaduais haviam criado municípios, em desarmonia com o comando do dispositivo, o STF estabeleceu prazo para que o Congresso publicasse a lei complementar citada na Constituição, sob pena de essas leis serem declaradas inconstitucionais. Como o Congresso continuou em mora, após o prazo estabelecido pelo STF, o ato de criação do novo município deveria ter sido considerado nulo, por inconstitucionalidade. Para evitar a anulação da criação dos novos municípios, o Congresso promulgou a Emenda Constitucional n° 57, de 2008, que alterando o art. 96, do ADCT, convalidou “os atos de criação, fusão, incorporação e desmembramento de Municípios, cuja lei tenha sido publicada até 31 de dezembro de 2006, atendidos os requisitos estabelecidos na legislação do respectivo Estado à época de sua criação”.
Os Territórios não integram a organização político-administrativa da República Federativa do Brasil. Eles possuem as seguintes características:
- Dos Territórios
» integram a União (são autarquias federais);
» não possuem autonomia
» sua forma de criação, transformação em Estado ou reintegração ao Estado de origem será regulada em lei complementar
» a criação de um Território depende de realização de um plebiscito, nos termos do art. 18, § 3º
I.2 Integrantes da Organização Político-administrativa. Forma de Criação, Incorporação, Fusão e Desmembramento de Estados E Municípios
I.3.1 Classificação das competências previstas na Constituição brasileira para a União
I.3.1.1 Quanto à espécie
* Competência material > exclusiva (art. 21);
* Competência legislativa > privativa (art. 22); e
> concorrente (art. 24).
I.3.1.2 Quanto à forma
* Competência enumerada ou expressa > estabelecida de modo explícito, direto, pela Constituição, para a União (arts. 21 e 22); e;
* Competência residual > a qual consiste no eventual resíduo que exista após enumeração da competência de todas as entidades (exemplo: art. 154, I); ela surge apesar da enumeração exaustiva; e
* Competência implícita ou resultante > decorrente da natureza do ente, referindo-se à competência para a prática de ato ou atividade considerados necessários ao exercício de poderes expressos ou reservados (exemplo: a possibilidade da União legislar privativamente sobre as polícias civil e militar e sobre o corpo de bombeiros militar do Distrito Federal, uma vez que lhe cabe a competência material para organizar e manter esses órgãos de segurança pública).
I.3.1.3 Quanto ao Conteúdo
* Competência econômica;
* Competência social;
* Competência político-administrativa; e
* Competência tributária.
I.3.1.4 Quanto à Extensão
* Competência exclusiva > atribuída à União com exclusão das demais (art. 21 – competência material exclusiva da União);
* Competência privativa > enumerada como própria da União, mas que pode ser objeto de delegação e de competência complementar (art. 22, parágrafo único, competência legislativa privativa da União, passível de delegação)
* Competência comum, cumulativa ou paralela > implica a faculdade de legislar ou praticar certos atos em igualdade de condições com Estados, Distrito Federal e Municípios (art. 23); e
* Competência concorrente > há o estabelecimento de setores concorrentes entre União e Estados (art. 21, XIX, XX, XXI; art. 22, IX, XXI, XXIV; e art. 24, § 1º), nos quais a competência para estabelecer políticas gerais, diretrizes gerais ou normas gerais cabe à União.
	ENTIDADE DA ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA
	COMPETÊNCIA
	CONSEQÜÊNCIAS
	
	Tipo
	Ausência de Normas Gerais
	Superveniência de Normas Gerais
	UNIÃO
	Normas Gerais (Art. 24, § 1º)
	-
	
	Estados e DF
	Competência suplementar (Art. 24, § 2º)
	competência legislativa plena (Art. 24, § 3º)
	suspensão da eficácia da norma estadual, ou de dispositivos da norma estadual, no que contrariar a norma geral federal (Art. 24, § 4º)
I.3.1.4 Quanto à Origem
As competências da União são sempre originárias, uma vez que as competências da União são sempre estabelecidas diretamente pela Constituição, com exceção da competência implícita ou resultante.
I.3.2 Classificação das competências previstas na Constituição brasileira para os Estados
Princípio da Simetria
Uma vez que as Constituições Estaduais têm de respeitar os princípios da Constituição Federal, há dispositivos constitucionais que são de reprodução obrigatória, aplicado, na transposição do texto constitucional federal para o texto constitucional estadual, conforme o caso, o princípio da simetria. Assim, pelo princípio da simetria, é feita a reprodução do dispositivo constitucional federal adaptando-se seu conteúdo ao nível estadual.
São exemplos de aplicação do princípio da simetria:
* conteúdo do art. 60, incisos I, II e III, ao caput, da CF/88, é de reprodução obrigatória, aplicado o princípio da simetria. Assim, terão legitimidade ativa para propor emendas à Constituição Estadual os Deputados Estaduais, o Governador do Estado e as Câmaras Municipais. Feita a reprodução obrigatória, não há restrições a que a Constituição Estadual amplie as hipóteses de legitimidade ativa para a apresentação de propostas de emendas à Constituição Estadual .[8: Nota do Autor: Por exemplo, as Constituições de São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Santa Catarina, entre outras, admitem que cidadãos, obedecidos os critérios nelas estabelecidos, encaminhem à Assembleia propostas de emendas ao texto constitucional estadual.]
* Pelo princípio da simetria, as Constituições Estaduais repetem, feitas as adaptações necessárias, em seus Capítulos ou Seções reservados para a definição da ”Fiscalização Contábil, Financeira e Orçamentária”, as disposições constantes dos arts. 70 a 74, da Constituição Federal. 
* Pelo princípio da simetria, a Lei Orgânica do Distrito Federal, em seus Arts. 77 a 86, repete, feitas as adaptações necessárias, em seus Capítulos ou Seções reservados para a definição da ”Fiscalização Contábil, Financeira e Orçamentária”, as disposições constantes dos Arts. 70 a 74, da Constituição Federal.
Competências previstas na Constituição brasileira para os Estados
I.3.2.1 regras Gerais > regem-se por suas constituições e leis, respeitado o disposto na constituição federal (Art. 25, caput)
na elaboração de suas Constituições, o Estado vale-se do poder constituinte derivado denominado decorrente (art. 11, ADCT)
I.3.2.2 Quanto à Espécie
* Competência material > exclusiva (art. 25, § 2º); e
comum, cumulativa ou paralela (art. 23).
* Competência legislativa > exclusiva (art. 25, § 1º);
 suplementar (art. 24, § 2º); e
 concorrente (art. 24, § 1º c/c § 3º).
I.3.2.3 Quanto à Forma
* Competência reservada ou remanescente > competindo-lhes dispor sobre toda matéria não expressamente incluída nas competências expressamente enumeradas ou indicadas para os outros entes (art. 25, § 1º);
* Competência legislativa provisória condicionada > prevista no Art. 4º, da Emenda Constitucional nº 33, de 11 de dezembrode 2002, o qual determina que, enquanto não entrar em vigor a lei complementar que irá definir os combustíveis e lubrificantes sobre os quais o ICMS incidirá uma única vez, qualquer que seja a sua finalidade, os Estados, mediante convênio celebrado nos termos do art. 155, § 2º, XII, g, fixarão normas para regular provisoriamente a matéria.
I.3.2.4 Quanto ao Conteúdo
* Competência econômica
* Competência social
* Competência político-administrativa
* Competência tributária
I.3.2.5 Quanto à Extensão
* Competência exclusiva > prevista no art. 25, § 1º;
* Competência comum, cumulativa ou paralela > faculdade de legislar ou praticar certos atos em igualdade de condições com outras entidades federativas. Está prevista no art. 23;
* Competência concorrente > mesmos dispositivos apontados para a competência concorrente da União (art. 21, XIX, XX, XXI; art. 22, IX, XXI, XXIV; e art. 24);
* Competência suplementar > art. 24, § 2º.
I.3.2.6 Quanto à Origem
* Competência reservada ou remanescente > Art. 25, § 1º;
* Competência delegada pela União > Art. 22, parágrafo único, observado o disposto no Art. 19, III - proibição de preferências entre os entes da Federação.
I.3.2.7 Competências Executivo-administrativas Explícitas
* exploração, direta ou por concessão, dos serviços locais de gás canalizado na forma da lei (reserva legal absoluta – lei em sentido formal) – Art. 25, § 2º
* ordenamento territorial, com a instituição, por lei complementar estadual, de regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por agrupamentos de Municípios limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum (Art. 25, § 3º)
I.3.3 Classificação das competências previstas na Constituição brasileira para o Distrito Federal
I.3.3.1 regras Gerais > vedada sua divisão em municípios;
rege-se por lei orgânica, votada em dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara Legislativa, que a promulgará;
a lei orgânica, que tem status de Constituição Estadual, obedece aos princípios da Constituição Federal
I.3.3.2 Quanto à espécie
* Competência material > exclusiva (aplicação ao Distrito Federal, por interpretação lógico-sistemática, do disposto no art. 25, § 2º);
comum, cumulativa ou paralela (art. 23).
* Competência legislativa > exclusiva (art. 25, § 1º combinado com o art. 32, § 1º); 
 suplementar (art. 24, § 2º); e
 concorrente (art. 24).
I.3.3.3 Competências Legislativas Quanto à Forma
* Competência legislativa reservada ou remanescente > pela qual lhe cabe dispor sobre toda matéria não expressamente incluída nas competências expressamente enumeradas para a União (art. 25, § 1º combinado com o art. 32, § 1º);
* Competência legislativa indicada > que lhe assegura a competência para legislar sobre assuntos de interesse local (art. 30, I, combinado com o art. 32, § 1º); e
* Competência legislativa provisória ou condicionada > prevista no Art. 4º, da Emenda Constitucional nº 33, de 11 de dezembro de 2002, o qual determina que, enquanto não entrar em vigor a lei complementar que irá definir os combustíveis e lubrificantes sobre os quais o ICMS incidirá uma única vez, qualquer que seja a sua finalidade, os Estados, mediante convênio celebrado nos termos do art. 155, § 2º, XII, g, fixarão normas para regular provisoriamente a matéria.
I.3.3.4 Quanto ao Conteúdo
* Competência econômica;
* Competência social;
* Competência político-administrativa; e
* Competência tributária;
I.3.3.5 Quanto à Forma
* Competência privativa > prevista no art. 23, parágrafo único, que estabelece a possibilidade de atuação complementar de União, Estados, DF e Municípios, na realização de competências materiais comuns;
* Competência comum, cumulativa ou paralela > a qual implica a faculdade de legislar ou praticar certos atos em igualdade de condições com outras entidades federativas, prevista no art. 23;
* Competência concorrente > materializada nos mesmos dispositivos apontados para a competência concorrente da União (art. 21, XIX, XX, XXI; art. 22, IX, XXI, XXIV; e art. 24); e
* Competência suplementar > prevista tanto no art. 24, § 2º, como no art. 30, II, 1ª figura.
I.3.3.5 Quanto à Origem
* Competência reservada ou remanescente > Art. 25, § 1º;
* Competência delegada pela União > Art. 22, parágrafo único.
I.3.3.6 Competências Executivo-administrativas Explícitas
* exploração, direta ou por concessão, dos serviços locais de gás canalizado na forma da lei (competência atribuídas aos Estados, nos termos do Art. 25, § 2º); 
* organização e a prestação de serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo;
* ordenação territorial mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano (competências atribuídas aos Municípios, nos termos do Art. 30, V e VIII).
I.3.4 Peculiaridades do Distrito Federal na Federação Brasileira
I.3.4.1 Utilização das Polícias Civil e Militar e do Corpo de Bombeiros Militar do DF
* organizadas e mantidas pela União (art. 21, XIV);
* utilizadas pelo Governo do Distrito Federal nos termos de lei federal (Art. 32, § 4º);
* competência legislativa sobre os órgãos de segurança pública do Distrito Federal é da União (competência implícita ou resultante);
* membros das policiais militares e dos corpos de bombeiros militares são militares do Distrito Federal (art. 42, caput);
* as polícias civil e militar e o corpo de bombeiros militar do Distrito Federal subordinam-se ao Governador do Distrito Federal (art. 144, § 6º).
Interpretação desses dispositivos
* membros das polícias civil e militar e do corpo de bombeiros militar, para fins administrativos e disciplinares, estão subordinados administrativamente ao Governador do Estado;
* membros das polícias civil e militar e do corpo de bombeiros militar, para fins administrativos e disciplinares, estão subordinados administrativamente ao Governador do Estado;
* subordinação, no que concerne, em especial, a gastos, sofre restrições estabelecidas nas normas federais que disponham sobre a organização destes órgãos de segurança pública, sua remuneração e seus recursos orçamentários para manutenção de sua atividade e para investimentos;
* não há competência normativa plena do Distrito Federal em relação a suas polícias e em relação ao seu corpo de bombeiros militar é afastada;
* subordinação operacional ao Governador do Distrito Federal se dá nos estritos limites da lei a que se refere o art. 32, § 4º .[9: Nota do Autor: Como a lei a que se refere o art. 32, § 4º, ainda não foi promulgada, pragmaticamente, é admitida a utilização das polícias civil e militar e do corpo de bombeiros militar, pelo Distrito Federal, para o cumprimento das missões constitucionais atribuídas a estes órgãos de segurança, conservando a União, no entanto, a prerrogativa de requisitar, quando necessário, com prioridade, efetivos destes órgãos para a execução de ações de segurança pública, na jurisdição da capital federal, que atendam a interesses federais.]
I.3 Da Repartição de Competências entre a União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal. Princípio da Simetria. Peculiaridades do Distrito Federal na Federação Brasileira
I.4.1 Limites à autonomia regional
I.4.1.1 Objetivo: garantia do equilíbrio federativo
I.4.1.2 Natureza da intervenção ato político
medida excepcional (exceção ao princípio da não intervenção)
hipóteses de intervenção devem ser taxativamente enumeradas no texto constitucional
I.4.1.3 Intervenção da União nos Estados e no Distrito Federal
I.4.1.3.1 Pressupostos para a intervenção nos Estados e Distrito Federal
I.4.1.3.1.1 Pressupostos de fundo defesa do Estado brasileiro
defesa do princípio federativo
defesa do princípio da separação dos poderes
defesa das finanças estaduais
defesa da ordem institucional.
I.4.1.3.1.2. Pressupostos formais
* modo de sua efetivação e limites decreto do Presidente da República, que especificará amplitude, prazoe condições de execução e nomeará um interventor, se for o caso (Art. 36, § 1º)
* requisitos variam de acordo com cada caso de pressuposto de fundo
	PRESSUPOSTO DE FUNDO
	PRESSUPOSTO FORMAL
	Defesa do Estado Brasileiro
	Repelir invasão estrangeira - Art. 34, II, 1ª figura
	A simples verificação dos motivos que a autorizam
	Defesa do princípio federativo
	Manter a integridade nacional - Art. 34, I
	A simples verificação dos motivos que a autorizam
	
	Repelir a invasão de uma unidade federativa em outra - Art. 34, II, 2ª figura
	
	
	Pôr termo a grave comprometimento da ordem pública - Art. 34, III
	
	
	PRESSUPOSTO DE FUNDO
	PRESSUPOSTO FORMAL
	Defesa do Princípio da Separação dos Poderes
	Garantir o livre exercício de quaisquer dos Poderes nas unidades da Federação - Art. 34, IV
	De solicitação do Poder Legislativo ou do Poder Executivo coacto ou impedido ou de requisição do Supremo Tribunal Federal, se o Poder coacto ou impedido for o Judiciário - Art. 36, I 
	Defesa das finanças estaduais
	Reorganizar as finanças da unidade federativa que suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos, salvo força maior, e deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas na Constituição, dentro dos prazos estabelecidos em lei - Art. 34, V[10: Dívida fundada é a dívida de exigibilidade superior a doze meses, proveniente de recursos obtidos pelo governo sob a forma de financiamentos ou empréstimos, mediante celebração de contratos, emissão ou aceite de títulos ou concessão de quaisquer garantias que representam compromisso assumido para resgate em exercício subsequente e com a destinação de atender a desequilíbrio orçamentário ou a financiamento de obras e serviços públicos ]
	Da simples verificação dos motivos que a autorizam
	Defesa da ordem institucional
	Prover a execução de lei federal - Art. 34, VI, 1ª figura
	De provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de representação do Procurador-Geral da República, quando a intervenção for motivada para prover a execução de lei federal (Art. 36, III)
	
	Prover a execução de ordem ou decisão judicial - Art. 34, VI, 2ª figura
	De requisição do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do Tribunal Superior Eleitoral, conforme for a competência ratione materiae, quando se tratar de descumprimento de ordem ou decisão judicial (Art. 36, II)
		
	PRESSUPOSTO DE FUNDO
	PRESSUPOSTO FORMAL
	Defesa da ordem institucional
	Assegurar a observância dos princípios constitucionais: da forma republicana, sistema representativo e regime democrático; dos direitos da pessoa humana; da autonomia municipal; da prestação de contas da administração pública, direta e indireta; da aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde - Art. 34, VII, alíneas “a” a “e”.
	De provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de representação do Procurador-Geral da República (ação direta de inconstitucionalidade interventiva) (Art. 36, III)
I.4.1.3.1.3 Jurisprudência do STF
I.4.1.3.1.3.1 Intervenção federal em razão de descumprimento de ordem judicial
- facultada à parte interessada a possibilidade de provocar o Tribunal competente a requisitar a intervenção estadual ou federal, conforme o caso, mas a iniciativa do interessado, nesse caso, não é exercício do direito de ação, sim, de petição (CF, Art. 5º, XXXIV), uma vez que na hipótese não há jurisdição contenciosa ou voluntária
- parte interessada na causa, cuja decisão transitada em julgado não está sendo cumprida pelo Estado, somente pode se dirigir diretamente ao Supremo Tribunal Federal, com pedido de intervenção federal, quando a decisão for do próprio Supremo Tribunal Federal; tratando-se de decisão de Tribunal de Justiça, o requerimento de intervenção deve ser dirigido ao Presidente desse Tribunal, a quem incumbe, se for o caso, encaminhá-lo ao Supremo Tribunal Federal, para que este requisite ao Presidente da República a intervenção da União no Estado 
- Cabe exclusivamente ao STF a requisição de intervenção federal nos Estados para assegurar a execução de decisões da Justiça do Trabalho ou da Justiça Militar, ainda quando fundadas em direito infraconstitucional, devendo o pedido de requisição de intervenção – motivado quanto à procedência e à necessidade da intervenção – ser dirigido pelo Presidente do Tribunal de execução ao STF
I.4.1.3.2 Controle político e jurisdicional da intervenção
I.4.1.3.2.1 Controle político
- decreto de intervenção será submetido ao Congresso Nacional no prazo de vinte e quatro horas - Art. 36, § 1º, parte in fine, combinado com Art. 49, IV; se o Congresso estiver de recesso ele será convocado extraordinariamente em vinte e quatro horas - Art. 36, § 2º
- decreto de intervenção por descumprimento de lei, ordem ou decisão judicial – Art. 34, VI - e decreto de intervenção por descumprimento de princípio constitucional sensível – Art. 34, VII decreto limita-se a suspender a execução do ato impugnado, se isto for suficiente para restabelecer a normalidade; não há necessidade de apreciação do decreto de intervenção pelo Congresso Nacional.
- caso de rejeição pelo Congresso Nacional do decreto de intervenção suspensão imediata da intervenção, sob pena de incorrer o Presidente da República em crime de responsabilidade - Art. 85, II
I.4.1.3.2.2 Controle jurisdicional
- não há controle jurisdicional sobre o ato de intervenção (é ato político), salvo quanto aos seus aspectos de constitucionalidade e legalidade
- atos do interventor são passíveis de controle jurisdicional
I.4.1.3.3 Consequências da cessação da intervenção
- as autoridades afastadas retornam a seus cargos, salvo impedimento legal – Art. 36, § 4º
I.4.1.4 Intervenção dos Estados nos Municípios e da União nos Municípios dos Territórios
I.4.1.4.1 Pressupostos para a intervenção nos municípios
I.4.1.4.1.1 Pressupostos de fundo
* defesa das finanças municipais deixar de ser paga, sem motivo de força maior, a dívida fundada por dois anos consecutivos - Art. 35, I
* defesa da ordem constitucional
- não forem prestadas contas devidas na forma da lei - Art. 35, II
- não for aplicado o mínimo exigido da receita municipal na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde - Art. 35, III
- o Tribunal de Justiça der provimento a representação para assegurar a observância dos princípios indicados na Constituição estadual ou para prover a execução de lei ou de ordem ou decisão judicial - Art. 35, IV
* Jurisprudência do STF
- em caso de descumprimento de ordem judicial, não se subordina a intervenção estadual nos municípios à iniciativa do interessado, o que implicaria despir o Judiciário da prerrogativa de Poder de requisitar ex officio a medida necessária à imposição da autoridade de suas ordens ou decisões;
- descumprimento, pelos Municípios, de lei federal ou de ordem ou decisão judicial da Justiça Federal, da Justiça Trabalhista e da Justiça Militar.
Não é possível ao STF requisitar intervenção federal porque a Constituição Federal não autoriza a intervenção da União em Municípios localizados em Estados, somente nos municípios localizados em Territórios Federais (Art. 35, caput) 
I.4.1.4.1.2 Pressupostos formais
* modo de sua efetivação e limites na intervenção do Estado em Município, decreto do Governador do Estado que especificará amplitude, prazo e condições de execução e nomeará um interventor, se for o caso (Art. 36, § 1º) 
* intervenção federal nos Municípios dos Territórios efetiva-se por meio de decreto do Presidente da República, que também especificará amplitude, prazo e condições de execução e nomeará um interventor, se for o caso (Art. 36, § 1º) 
* requisitos variam de acordo com cada caso de pressuposto de fundo
I.4.1.4.2 Controle político e jurisdicional da intervenção
I.4.1.4.2.1 Controle político
*decreto de intervenção será submetido à Assembleia estadual (intervenção do Estado no Município) ou ao Congresso Nacional (no caso de Município de Território Federal), no prazo de vinte e quatro horas - Art. 36, § 1º - que o aprovará ou rejeitará; se a Assembleia ou o Congresso Nacional estiverem de recesso, será feita uma convocação extraordinária em vinte e quatro horas - Art. 36, § 2º
* decreto de intervenção por descumprimento de princípio sensível da constituição estadual ou de lei, ordem ou decisão judicial decreto limita-se a suspender a execução do ato impugnado, se isto for suficiente para restabelecer a normalidade;, não sendo submetido à Assembleia Legislativa
* caso de rejeição pelo Congresso Nacional do decreto de intervenção suspensão imediata da intervenção da União no município do Território, sob pena de incorrer o Presidente da República em crime de responsabilidade - Art. 85, II 
* caso de rejeição pela Assembleia Legislativa do decreto de intervenção suspensão imediata da intervenção; se ela for mantida for mantida, poderá o Estado ser objeto de intervenção pela União, por impedimento do livre exercício do Poder Legislativo estadual, e poderá o Governador responder por crime de responsabilidade, se houver previsão desta hipótese na Constituição estadual.
I.4.1.4.2.2 Controle jurisdicional
* Controle jurisdicional não há controle jurisdicional sobre o ato de intervenção (é ato político), salvo quanto aos seus aspectos de constitucionalidade e legalidade
atos do interventor são passíveis de controle jurisdicional
I.4.1.4.3 Consequências da cessação da intervenção
* as autoridades afastadas retornam a seus cargos, salvo impedimento legal – Art. 36, § 4º
I.4.2 Da Defesa do Estado e Das Instituições Democráticas
I.4.2.1 Do Estado de Defesa (Art. 136)
I.4.2.1.1 Competência para decretação do Estado de Defesa e requisitos formais para sua decretação (Art. 136, caput)
Presidente da República, ouvido o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, decretar o estado de defesa
I.4.2.1.2 Objetivos da decretação do Estado de Defesa (Art. 136, caput)
* preservação ou pronto restabelecimento, em locais restritos e determinados, da ordem pública ou a paz social: 
- ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional 
- atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza.
I.4.2.1.3 Requisitos formais do decreto de instituição do Estado de Defesa (Art. 136,§§ 1º)
* determinar o tempo de sua duração;
* especificar as áreas a serem abrangidas; e
* indicar, nos termos e limites da lei, as medidas coercitivas a vigorarem.
I.4.2.1.4 Medidas restritivas de direitos individuais ou coletivos que podem ser adotadas no Estado de Defesa (art. 136, § 1º, I)
* restrição do:
- direito de reunião, ainda que exercida no seio das associações;
- sigilo de correspondência;
- sigilo de comunicação telegráfica e telefônica;
- direito de propriedade de outros entes estatais ou de empresas privadas prestadoras de serviço público, em razão da possibilidade de ocupação e uso temporário de bens e serviços públicos, na hipótese de calamidade pública, respondendo a União pelos danos e custos decorrentes.
I.4.2.1.5 Tempo de duração do Estado de Defesa (art. 136, § 2º)
* não será superior a trinta dias
* prorrogável uma vez, por igual período, se persistirem as razões que justificaram a sua decretação
I.4.2.1.6 Apreciação do decreto que instituir o Estado de Defesa pelo Congresso Nacional (Art. 136, §§ 4º a 7º)
* Presidente da República, dentro de vinte e quatro horas, submeterá o ato de decretação do Estado de sítio com a respectiva justificação ao Congresso Nacional, que decidirá por maioria absoluta;
* Congresso Nacional em recesso convocado extraordinariamente no prazo de cinco dias;
* Congresso Nacional apreciará o decreto dentro de dez dias contados de seu recebimento, devendo continuar funcionando enquanto vigorar o estado de defesa;
* Rejeitado o decreto, cessa imediatamente o estado de defesa, respondendo o Presidente da República por crime de responsabilidade no caso de descumprimento da decisão do Congresso Nacional (art. 85, II).
I.4.2.1.7 Regras gerais (Arts. 140 e 141)
* Mesa do Congresso Nacional designará Comissão composta de cinco de seus membros para acompanhar e fiscalizar a execução das medidas referentes ao estado de defesa
* Cessado o estado de defesa, cessarão também seus efeitos, sem prejuízo da responsabilidade pelos ilícitos cometidos por seus executores ou agentes
* fim do estado de defesa medidas aplicadas em sua vigência serão relatadas pelo Presidente da República, em mensagem ao Congresso Nacional, com especificação e justificação das providências adotadas, com relação nominal dos atingidos e indicação das restrições aplicadas
I.4.2.2 Do Estado de Sítio (Art. 137)
I.4.2.2.1 Motivos determinantes e requisitos formais do decreto de Estado de Sítio (Arts. 137 e 138)
Presidente da República, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, pode solicitar ao Congresso Nacional autorização para decretar o estado de sítio
I.4.2.2.2 Hipóteses
- comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada durante o estado de defesa; e
- declaração de estado de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira.
I.4.2.2.3 Apreciação pelo Congresso Nacional da solicitação para decretar Estado de Sítio
Presidente da República relatará os motivos determinantes do pedido, decidindo o Congresso Nacional sobre o estado de sítio por maioria absoluta
I.4.2.2.4 Requisitos do Decreto do Estado de Sítio
Indicação de:
- sua duração; as normas necessárias a sua execução; e 
- garantias constitucionais que ficarão suspensas.
Publicado o Decreto do Estado de Sítio, o Presidente da República designará o executor das medidas específicas e as áreas abrangidas.
I.4.2.2.5 Prazo de duração do Estado de Sítio (Art. 138, § 1º)
I.4.2.2.5.1 Comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada durante o estado de defesa
- estado de sítio não poderá ser decretado por mais de trinta dias, podendo ser prorrogado, de cada vez, por, no máximo, igual período.
I.4.2.2.5.2 Declaração de estado de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira
- poderá ser decretado por todo o tempo que perdurar a guerra ou a agressão armada estrangeira
1.4.2.2.6 Solicitação de decretação de Estado de Sítio durante o recesso parlamentar (Art. 138, § 2º)
- Presidente do Senado Federal, de imediato, convocará extraordinariamente o Congresso Nacional para se reunir dentro de cinco dias, a fim de apreciar o ato
1.4.2.2.7 Não interrupção da sessão legislativa durante o Estado de Sítio (Art. 138, § 3º)
- O Congresso Nacional permanecerá em funcionamento até o término das medidas coercitivas.
1.4.2.2.8 Medidas contra as pessoas autorizadas no caso de Estado de Sítio por comoção grave de repercussão nacional ou de ineficácia das medidas adotadas no Estado de Defesa (Art. 139)
- obrigação de permanência em localidade determinada;
- detenção em edifício não destinado a acusados ou condenados por crimes comuns;
- restrições, na forma da lei, relativas à inviolabilidade da correspondência, ao sigilo das comunicações, à prestação de informações e à liberdade de imprensa, radiodifusão e televisão (não atinge a difusão de pronunciamentos de parlamentares efetuados em suas Casas Legislativas, desde que liberada pela respectiva Mesa);
- suspensão da liberdade de reunião;
- busca e apreensão em domicílio;
- intervenção nas empresas de serviços públicos; e
- requisição de bens
1.4.2.2.9 Regras gerais (Arts. 140 e 141)
- Mesmas do Estado de Defesa

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