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Marcelle Souza – MED 118 
 
Medula espinhal 
O Sistema Nervoso Central é formado pelo encéfalo (protegido pelo crânio) e pela medula espinhal 
(protegida pelo canal vertebral). A medula espinhal é o órgão mais caudal do SNC, sendo, portanto, 
uma massa cilíndrica de tecido nervoso, levemente achatada ântero-posteriormente. Ela não ocupa 
totalmente o canal vertebral, de forma que, ao nível de L2, afila-se para formar o cone medular. 
Possui como limites: 
• Limite cranial: forame magno 
• Limite caudal: nível de L2 
 
Abaixo de L2, as raízes nervosas de segmentos medulares 
superiores formam a chamada cauda equina. 
 
A medula não possui calibre uniforme, de modo que algumas 
regiões, denominadas intumescências, possuem maior calibre. 
Isso ocorre porque é a partir das intumescências que saem as 
fibras nervosas responsáveis pela formação dos plexos braquial 
(intumescência cervical) e lombossacral (intumescência 
lombar). 
 
A medula ainda é percorrida por sulcos longitudinais, 
denominados: 
• Sulco mediano posterior 
• Sulco lateral anterior 
• Sulco lateral posterior 
• Fissura mediana anterior 
O sulco intermédio posterior, entre o sulco mediano posterior e o lateral posterior, está presente 
apenas na medula cervical. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Intumescência 
cervical 
Intumescência 
lombar 
Cone 
medular 
Sulco lateral anterior 
 
Fissura mediana 
anterior 
Sulco mediano 
posterior 
Sulco lateral 
posterior 
Sulco intermédio 
posterior 
 
Marcelle Souza – MED 118 
 
SUBSTÂNCIA CINZENTA 
Na medula, possui forma de “H” e é divida em colunas/cornos: 
• Coluna/corno anterior 
• Coluna/corno posterior 
• Coluna/corno lateral (medula torácica e lombar alta) 
• Substância cinzenta intermédia (central e lateral) 
No centro da substância cinzenta intermédia há o canal central 
da medula (canal do epêndima), preenchido por líquor. 
 
SUBSTÂNCIA BRANCA 
Na medula, é periférica e divida em funículos: 
• Funículo anterior: entre fissura mediana anterior e sulco lateral anterior 
• Funículo lateral: entre sulco lateral anterior e sulco lateral posterior 
• Funículo posterior: entre sulco lateral posterior e sulco mediano posterior 
• Comissura branca *: entre fissura mediana anterior e a substância cinzenta 
Na medula cervical, o sulco intermédio posterior divide o funículo posterior em fascículo grácil 
(medialmente) e fascículo cuneiforme (lateralmente). 
 
NERVO ESPINHAL 
O nervo espinhal é formado por uma raiz ventral (motora), com os corpos dos neurônios localizados 
na coluna anterior da medula, e uma raiz dorsal (sensitiva), com os corpos dos neurônios 
localizados nos gânglios espinhais. Essas raízes são formadas pela união dos filamentos 
radiculares que fazem conexão com os sulcos laterais anterior e posterior da medula. 
 
SEGMENTO MEDULAR 
Segmento medula é toda a parte da medula na qual fazem conexões os filamentos radiculares 
responsáveis pela formação de um único nervo espinhal. Como possuímos 31 pares de nervos 
espinhais, temos 31 segmentos medulares. 
 
TOPOGRAFIA VERTEBROMEDULAR 
Em virtude da coluna vertebral e da medula apresentarem ritmos diferentes de crescimento, a 
medula não ocupa totalmente o canal vertebral e, portanto, os segmentos medulares são mais 
superiores do que os nervos que eles originam. A partir do 4° mês de vida intrauterina, a coluna 
vertebral começa a crescer mais do que a medula, de forma que as raízes nervosas se alongam, 
afastando-se de seus segmentos medulares. 
Seguindo uma regra prática, tem-se que: 
• De C2 a T10: processo espinhoso da vértebra + 2 = segmento medular (ex.: o processo 
espinhoso de C7 está sobre o segmento de T2, então uma lesão de C7 pode acarretar em 
comprometimento da medula torácica); 
• T11-T12: 5 segmentos lombares (uma lesão de T12 não necessariamente afeta o segmento 
medular de T12, mas pode afetar a medula lombar) 
• L1: 5 segmentos sacrais 
Nesse sentido, o conhecimento da topografia vertebromedular, ou seja, a correspondência entre a 
vértebra e seu segmento medular subjacente, é de suma importância clínica no diagnóstico e 
tratamento de lesões vertebromedulares. 
 
Marcelle Souza – MED 118 
 
ENVOLTÓRIOS DA MEDULA 
A medula é revestida por três meninges, sendo elas: 
• Dura máter: é a meninge mais espessa e externa; 
forma o saco dural, o qual termina caudalmente em 
um fundo de saco no nível de S2. O saco dural é 
preenchido por líquor, filamento terminal (da pia 
máter) e cauda equina; 
• Aracnoide: meninge intermediária e está ligada a pia 
máter por meio de trabéculas; 
• Pia máter: é a meninge mais delicada e interna. 
Quando a medula termina, ela continua como um fino 
prolongamento, o filamento terminal, o qual, ao atravessar o fundo de saco, recebe 
prolongamentos da dura máter e passa a ser chamado de filamento da sura máter. Esse 
filamento continua até o cóccix, onde forma o ligamento coccígeo, um dos pontos de fixação 
da medula. O outro ponto de fixação é dado por meio dos ligamentos denticulados, que são 
pregas laterais da pia máter que formam processos triangulares, de forma que a margem 
medial está ligada à face lateral da pia máter e a margem lateral à dura máter e aracnoide. 
 
ESPAÇOS MENÍNGEOS 
• Epidural: entre dura máter e periósteo do canal vertebral; contém tecido adiposo e plexo 
venoso vertebral interno; 
• Subdural (virtual): entre dura máter e aracnoide; contém pequena quantidade de líquor; 
• Subaracnóideo: entre aracnoide e pia máter; contém líquor. 
 
ANESTESIAS NOS ESPAÇOS MENÍNGEOS 
Bloqueiam as raízes nervosas que atravessam esses espaços 
• Anestesia raquidiana: espaço subaracnóideo; 
• Anestesia epidural (peridural): espaço epidural; utilizada em partos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MICROSCOPIA DA MEDULA ESPINHAL 
 
Marcelle Souza – MED 118 
 
SUBSTÂNCIA CINZENTA 
 
• Coluna anterior: Grupo medial (grupo de neurônios que inervam a musculatura do 
esqueleto axial) + grupo lateral (grupo de neurônios que inervam a musculatura do esqueleto 
apendicular). O grupo lateral é ainda dividido em uma porção mais medial, na qual os 
neurônios inervam a musculatura proximal dos membros; e uma porção lateral, responsável 
pela inervação da musculatura mais distal. Como o grupo medial contém corpos de 
neurônios cujos axônios inervam os músculos do esqueleto axial, ele está presente em toda 
a extensão da medula. Já o grupo lateral, por inervar os membros, está presente apenas 
nas intumescências cervical e lombar, locais de origem dos plexos braquial e lombossacral, 
respectivamente. 
• Coluna posterior 
• Substância cinzenta intermédia – central (contém o canal central da medula) e lateral 
(contém a coluna lateral, na medula torácica e lombar alta) 
CLASSIFICAÇÃO DOS NEURÔNIOS 
1. Neurônios de axônio longo (tipo I de Golgi) 
1.1. Neurônios radiculares somáticos: possuem o corpo localizado na coluna anterior da 
medula. Somáticos, porque são responsáveis pela inervação da musculatura estriada 
esquelética. Subdividem-se em neurônios alfa, que inervam as fibras extrafusais, e gama, 
que inervam as fibras intrafusais (regula a sensibilidade do fuso neuromuscular). 
1.2. Neurônios radiculares viscerais: possuem o corpo localizado na coluna lateral da medula. 
Viscerais, pois são neurônios pré-ganglionares do Sistema Nervoso Autônomo 
responsáveis pela inervação da musculatura lisa, cardíaca e de glândulas. 
1.3. Neurônios cordonais 
• Associação (“fascículos próprios”): seus axônios dão origem aos fascículos próprios, que 
são vias de associação da medula e, portanto, integram segmentos medulares de diferentes 
níveis, formando os arcos reflexos intersegmentares da medula. 
• Projeção (“vias ascendentes”): possui axônios ascendentes longos que terminam fora da 
medula, projetando-se para segmentos superiores- O hipotálamo é sensível à ação dos hormônios circulantes que, por retroalimentação, regulam sua 
secreção. 
 
• Regulação dos ritmos circadianos 
O núcleo supraquiasmático é capaz de regular os ritmos circadianos do corpo com ou sem 
luminosidade. Quando há o ciclo claro-escuro, ele adapta os ritmos à presença ou ausência de 
luminosidade. Nesse sentido, recebe informações da retina a partir do trato retino-hipotalâmico. 
Esse núcleo também influencia na regulação do ciclo sono e vigília. Poucos antes do período de 
sono iniciar, o núcleo supraquiasmático mantém conexões com o núcleo pré-óptico ventrolateral, o 
qual tem ação inibitória sobre o SAA. Pouco antes de acordar, ele tem conexões com neurônios do 
hipotálamo lateral, que possuem a orexina (hipocretina) como neurotransmissor, a qual estimula o 
SAA. 
 
• Regulação do comportamento emocional 
Sistema límbico/área pré-frontal 
 
• Integração do comportamento sexual 
Sistema límbico/área pré-frontal 
SNA 
Prazer 
 
MICROSCOPIA DO TÁLAMO 
É um órgão predominantemente somático. A aderência intertalâmica une os dois tálamos e cada 
tálamo é dividido pela lâmina medular interna, a qual o divide em núcleos. O tálamo possui uma 
porção anterior, tubérculo anterior, e uma porção posterior, pulvinar. 
 
 
Marcelle Souza – MED 118 
 
1. GRUPO ANTERIOR 
• Circuito de Papez 
• No tubérculo anterior, protegido pela bifurcação da 
lâmina medular interna 
 
2. GRUPO MEDIANO 
• Próximo à aderência intertalâmica 
• Tende mais a funções viscerais 
 
3. GRUPO MEDIAL 
• Entre o grupo mediano e a lâmina medular interna 
• Núcleos intralaminares (SAA) – dentro da lâmina 
medular interna 
• Núcleo dorsomedial – conexões com a área pré-frontal 
 
4. GRUPO POSTERIOR 
• Pulvinar – atenção seletiva e parte sensitiva 
• Corpo geniculado medial – conecta-se com o colículo inferior e faz parte da via auditiva 
• Corpo geniculado lateral – conecta-se com o colículo superior e faz parte da via óptica 
 
5. GRUPO LATERAL 
• Núcleo reticular (SAA) 
• Núcleo ventral anterior (VA) – relaciona-se com o globo pálido, ligado à motricidade 
• Núcleo ventral lateral (VL) – relaciona-se com o cerebelo via dento-tálamo-cortical e 
interpósito-tálamo-cortical, ligado à motricidade 
• Núcleo ventral posteromedial – lemnisco trigeminal – sensibilidade geral da cabeça 
• Núcleo ventral posterolateral – lemniscos medial (propriocepção consciente, tato epicrítico, 
sensibilidade vibratória, tato epicrítico) e espinhal (tratos espinotalâmicos lateral e anterior – 
dor, temperatura, tato protopático e pressão) – sensibilidade geral do corpo 
 
MICROSCOPIA DO EPITÁLAMO 
É posterior no diencéfalo, superior ao hipotálamo e inferior ao tálamo. 
• Glândula pineal 
• Comissura posterior – cruza informações importantes para os reflexos oculares 
• Trígono das habênulas – habênulas (prazer) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Marcelle Souza – MED 118 
 
FUNÇÕES DA PINEAL 
• Secreção de melatonina – segue um ritmo circadiano – induz o sono 
• Sincronização do ritmo circadiano – menos luz → estimula supraquiasmático → estimula 
pineal 
• Função antigonadotrópica – inibe as gônadas – não é bem esclarecida na espécie humana 
• Regulação da glicemia 
• Regulação da morte celular 
• Ação antioxidante 
• Regulação do sistema imunitário 
 
MICROSCOPIA DO SUBTÁLAMO – Núcleo subtalâmico → conexões com o globo pálido 
 
EXERCÍCIOS DIENCÉFALO 
 
Situação Problema 1 
Paciente do sexo feminino, 45 anos, procura o Hospital Universitário indignada com o 
diagnóstico feito por um especialista do seu plano de saúde: stress emocional. Ela queixava-
se de fraqueza e cefaleia constante, episódios de síncope (desmaio), epigastralgia (queimação 
no estômago), polaciúria, descontrole da pressão arterial e irregularidade menstrual. Você tinha 
acabado de cursar neuroanatomia e discutiu o caso com o médico que a recebeu. Vocês 
optaram por encaminhar a paciente à Neurologia que solicitou uma ressonância magnética 
(RM) de crânio. O exame evidenciou um processo expansivo em III ventrículo com hidrocefalia 
e compressão de estruturas adjacentes. Sobre o caso responda: 
a) Considerando as queixas da paciente e a descrição da RM, o tumor está comprimindo 
qual região anatômica do SNC? 
 
 
b) Correlacione os sintomas da paciente com os aspectos morfofuncionais da região 
comprometida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
c) Como é denominado o feixe de fibras que perpassa a região comprometida dividindo-a 
em duas áreas? A compressão atingiu ambas? 
 
 
 
 
 
 
Marcelle Souza – MED 118 
 
Situação Problema 2 
Paciente do sexo masculino, 60 anos, portador da síndrome metabólica, tabagista inveterado, 
em acompanhamento no ambulatório de Neurologia do Hospital Universitário. Trata-se de uma 
sequela de acidente vascular encefálico (AVE). O laudo do exame complementar anexado ao 
prontuário descreve um comprometimento da porção lateral do tálamo esquerdo e do joelho da 
cápsula interna esquerda, decorrente do acometimento de pequenas, porém importantes, 
artérias cerebrais. Sobre o caso responda: 
 
a) Quais alterações sensitivas e motoras você esperaria encontrar nesse paciente? 
Explique o seu raciocínio, descrevendo os núcleos e as vias comprometidas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
b) Se o comprometimento se estendesse a região posterior do tálamo, qual seriam os 
déficits sensitivos e motores que se somariam ao quadro do paciente? Explique o seu 
raciocínio, descrevendo os núcleos e a vias comprometidas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Marcelle Souza – MED 118 
 
Telencéfalo 
É formado por dois hemisférios e pela lâmina terminal. Os dois hemisférios cerebrais são divididos 
pela fissura longitudinal do cérebro, sendo ligados uns aos outros pelo corpo caloso. 
 
FACES: 
• Dorsolateral 
• Medial 
• Inferior 
 
POLOS 
• Frontal 
• Temporal 
• Occipital 
 
LOBOS 
• Frontal 
• Parietal 
• Temporal 
• Occipital 
• Ínsula 
 
Os hemisférios cerebrais são compostos por sulcos que aumentam a superfície sem grandes 
alterações no volume. Os sulcos delimitam os giros. 
• Sulco central – divide anteriormente o lobo frontal do lobo parietal posteriormente 
• Sulco lateral – divide superiormente os lobos frontal e parietal do lobo temporal 
 
FACE DORSOLATERAL 
 
1. Lobo frontal 
SULCOS: 
• Pré-central 
• Frontal superior 
• Frontal inferior 
GIROS: 
• Pré-central 
• Frontal superior 
• Frontal médio 
• Frontal inferior – orbicular, triangular, opercular – 
giro de Broca 
 
 
2. Lobo parietal 
SULCOS: 
• Pós-central 
• Intraparietal 
GIROS: 
• Pós-central 
• Lobo parietal superior 
• Lobo parietal inferior – giros supramarginal e 
angular 
Face dorsolateral Face inferior Face medial 
 
Marcelle Souza – MED 118 
 
3. Lobo temporal 
SULCOS: 
• Temporal superior 
• Temporal inferior 
GIROS: 
• Temporal superior 
• Temporal médio 
• Temporal inferior 
*Afastando-se os lábios do sulco lateral, encontra-se o seu 
assoalho, o qual é atravessado por giros transversos – o 
giro transverso anterior contém a área da audição. 
 
4. Lobo occipital 
Pequenos sulcos e giros inconstantes 
 
5. Ínsula 
SULCOS: 
• Sulco central da ínsula 
• Sulco circular da ínsula 
GIROS: 
• Giros curtos da ínsula 
• Giro longo da ínsula 
 
FACE MEDIAL 
1. Formações inter-hemisféricas 
• Corpo caloso – rostro, joelho, tronco e esplênio 
• Fórnix – colunas, corpo, pernas e comissura 
• Septo pelúcido – faz a separação entre as duas cavidades ventriculares do telencéfalo 
 
2. Lobo occipital 
SULCOS: 
• Parietoccipital 
• Calcarino – em seus lábios encontra-se a área visual 
primária 
GIROS: 
• Cúneos 
• Occipito-temporal medial 
 
 
 
3. Lobo frontal e parietal 
SULCOS: 
• Sulco do corpo caloso 
• Sulco do cíngulo – sulco paracentral, ramo 
marginal, sulcosubparietal 
GIROS: 
• Giro do cíngulo 
• Lóbulo paracentral 
• Pré-cúneos 
• Face medial do giro frontal superior 
 
 
 
 
Marcelle Souza – MED 118 
 
FACE INFERIOR 
1. Lobo temporal 
SULCOS: 
• Occipito-temporal 
• Colateral 
• Do hipocampo 
GIROS: 
• Continuação do temporal inferior 
• Occipito-temporal lateral 
• Occipito-temporal medial 
• Para-hipocampal 
 
LOBO LÍMBICO – úncus + giro para-hipocampal + istmo do giro do cíngulo + giro do cíngulo 
 
2. Lobo frontal 
SULCOS: 
• Olfatório 
• Orbitários 
GIROS: 
• Reto 
• Trato olfatório 
• Bulbo olfatório 
 
 
VENTRÍCULOS LATERAIS 
Unem-se ao III ventrículo através dos forames 
interventriculares. 
 
CENTRO BRANCO MEDULAR 
Fibras mielínicas: 
• De associação 
- Intra-hemisféricas: curtas (arqueadas ou em U) e longas 
(fascículos) 
- Inter-hemisféricas: corpo caloso, comissura anterior e 
comissura do fórnix 
• De projeção 
- Fórnix 
- Cápsula interna – joelho: trato corticonuclear; perna anterior: trato corticopontino; perna posterior: 
trato corticoespinhal + radiações talâmicas + radiações ópticas e auditivas 
 
NÚCLEOS DA BASE 
1. Corpo estriado ventral – funções psíquicas superiores 
• Corpo amigdaloide 
• Núcleo accumbens 
• Núcleo basal de Meynert 
 
2. Circuito motor - motricidade 
• Núcleo lentiforme – putâmen e globo pálido – divididos pela 
lâmina medular externa. Globo pálido medial e lateral divididos pela 
lâmina medular interna 
• Núcleo caudado 
• Claustrum – dividido do lentiforme pela cápsula externa e do 
córtex da ínsula pela cápsula extrema. 
LOBO LÍMBICO 
 
Marcelle Souza – MED 118 
 
MICROSCOPIA TELENCÉFALO 
 
CÓRTEX CEREBRAL 
 
1. Citoarquitetura 
• Células granulares – células receptoras, predomínio em áreas sensitivas 
• Células piramidais – células efetuadoras, predomínio em áreas motoras – as gigantes: Betz 
• Células fusiformes – células efetuadoras, predomínio em áreas motoras 
 
• I – camada molecular 
• II – camada granular externa 
• III – camada piramidal externa 
• IV – camada granular interna 
• V – camada piramidal interna 
• VI – camada de células fusiformes 
 
A camada IV é a camada receptora de projeção, predomina na área somestésica primária. A 
camada V é a camada efetuadora de projeção, predomina na área motora primaria. As demais 
camadas são caracteristicamente de associação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Marcelle Souza – MED 118 
 
2. Classificação 
 
• Filogenética: arquicórtex (mais antigo; hipocampo); paleocórtex (úncus e parte do giro para 
hipocampal); neocórtex (mais recente; restante do córtex) 
 
• Citoarquitetural: 
 
 
 
 
 
 
 
 
CÓRTEX 
 
 
 
 
 
• Funcional 
 
 
 
 
 
 
 
SENSIBILIDADE SOMÁTICA 
• GERAL 
 
1. ÁREA SOMESTÉSICA PRIMÁRIA (S1) 
Localizada no giro pós-central, nas áreas 1, 2 e 3 de Brodmann. É a área da sensibilidade somática 
geral, chegando radiações talâmicas dos núcleos ventrais posterolateral e posteromedial 
carregando informações de tato, propriocepção, dor e temperatura. Existe correspondência no 
corpo e na área somestésica (somatotopia) – homúnculo de Penfield – áreas maiores representam 
as regiões com mais aferências – representado na face dorsolateral e existe um prolongamento até 
a face medial (membros inferiores e genitais). 
2. ÁREA SOMESTÉSICA SECUNDÁRIA (S2) 
Localizada no lobo parietal superior, nas áreas 5 e 7 de Brodmann. Interpreta as informações vindas 
de S1, permitindo pelo tato a identificação de objetos – lesões geram agnosias táteis, nas quais a 
pessoa perde a capacidade de reconhecer um objeto pelo tato. 
Isocórtex 
(neocórtex) 
exibe as 6 camadas 
Alocórtex (arqui e 
paleo) 
não exibe as 6 
camadas 
Heterotípico – característico 
das áreas de projeção – 
predomínio de uma camada 
Homotípico – característico 
das áreas de associação 
Agranular: 
motora 
Granular: 
sensitiva 
Áreas 
funcionais 
corticais 
 
Projeção 
(primárias) 
informações saem 
dos limites do córtex 
Associação 
dentro do córtex 
Motoras 
Sensitivas 
Terciárias 
(supramodais) 
Sensitivas 
interpretação de 
estímulos sensitivos Sensitivas Secundárias 
(unimodais) 
Motoras 
planejamento 
 
Marcelle Souza – MED 118 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
• ESPECIAL 
 
1. ÁREA VISUAL PRIMÁRIA (V1) 
Localizada nos lábios do sulco calcarino, na área 17 de Brodmann. Lesão nessa área leva à 
cegueira. Há retinotopia. 
2. ÁREAS VISUAIS SECUNDÁRIAS 
Apresentam duas vias de processamento: 
• Via ventral: identificação das características do objeto, cores, reconhecimento de faces; 
• Via dorsal: identificação espacial, percepção do espaço, velocidade e movimento. 
Lesões nessas áreas levam a agnosias visuais. Lesões na via ventral fazem com que o paciente 
deixe de reconhecer objetos pela visão, cores e até mesmo reconhecer faces conhecidas 
(prosopagnosia). Lesões na via dorsal fazem com que o paciente deixe de perceber o movimento 
(acinetopsia). 
3. ÁREA AUDITIVA PRIMÁRIA (A1) 
Está no giro temporal transverso anterior e corresponde às áreas 41 e 42 de Brodmann. Lesões 
unilaterais não causam surdez, mas sim déficits de audição, uma que as vias auditivas possuem 
componentes cruzados e não cruzados, de forma que as cócleas têm representação em ambos os 
hemisférios. Há tonotopia. 
4. ÁREA AUDITIVA SECUNDÁRIA (A2) 
No lobo temporal, área 22 de Brodmann. 
5. ÁREA VESTIBULAR 
No lobo parietal, próxima ao giro pós-central, relacionando-se mais com à posição da 
cabeça/propriocepção do que com a audição. 
 
 
 
Marcelle Souza – MED 118 
 
SENSIBILIDADE VISCERAL 
• ESPECIAL 
 
1. ÁREA OLFATÓRIA PRIMÁRIA 
Parte anterior do úncus e do giro para hipocampal; córtex piriforme. 
2. ÁREA GUSTATIVA PRIMÁRIA 
Parte posterior da ínsula 
3. ÁREA GUSTATIVA SECUNDÁRIA 
Região orbitofrontal da área pré-frontal 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MOTRICIDADE SOMÁTICA 
1. ÁREA MOTORA PRIMÁRIA 
Localiza no giro pré-central e corresponde à área 4 de Brodmann. Isocórtex heterotípico piramidal 
– células de Betz – menor limiar para desencadear movimentos. Somatotopia – há uma parte do 
giro na face medial (membros inferiores) – áreas maiores indicam movimentos mais delicados. 
Movimento voluntário, tratos corticoespinhal e corticonuclear. 
2. ÁREAS MOTORAS SECUNDÁRIAS 
 
• Área pré-motora 
Área 6 de Brodmann na face dorsolateral. Relacionada principalmente ao planejamento motor. 
Também tem relação com o sistema de neurônios espelhos (sistema frontoparietal que é a base 
para a aprendizagem motora por imitação). 
• Área motora suplementar 
Área 6 de Brodmann na face medial. Relacionada principalmente ao planejamento motor. 
 
Marcelle Souza – MED 118 
 
PLANEJAMENTO MOTOR 
• A área terciária determina a intenção do movimento 
• Essa intenção é levada para as áreas motoras secundárias para que elas montem o plano 
motor 
• Plano motor levado à área motora primária para execução do movimento 
O plano motor recebe tanto influências das áreas motoras secundarias, quanto do cerebelo e dos 
núcleos da base. A área terciária envia a intenção para o cerebelo via córtico-ponto-cerebelar, de 
forma que o cerebrocerebelo desenvolve um plano motor que é passado às áreas secundárias via 
dento-tálamo-cortical. Os núcleos da base estabelecem um circuito em alça com o córtex, de forma 
que a partir da via córtico-estriado-tálamo-cortical há passagem de informações do circuito motor 
para as áreas secundárias. As áreas secundárias reúnem os três planos motores, os compara e 
forma um plano motor final, o qual será enviado para a área motora primária para execução. As 
áreas motoras secundárias, todavia, não são ativadas ao mesmo tempo, havendo uma distinção 
quanto ao motivo que levou à intenção de movimento: se for uma decisãoprópria, a área motora 
suplementar é ativada; se for de influência/comando externo, a área envolvida é a pré-motora. 
Lesões nessas áreas levam a apraxias, que são falta de planejamento e portanto, falta de precisão 
dos movimentos. 
ÁREAS TERCIÁRIAS 
1. ÁREA PRÉ-FRONTAL 
Compreende a área não motora do lobo frontal. É subdividida em área dorsolateral e orbitofrontal. 
• Dorsolateral 
- Estratégias comportamentais 
- Comportamento inteligente 
- Memória operacional 
• Orbitofrontal 
- Supressão de comportamentos inadequados 
- Manutenção da atenção – concentração 
- Processamento das emoções – ligado a áreas do sistema límbico 
Tamponamento psíquico – lobotomias pré-frontais – quando a pessoa deixa de reagir a situações 
que normalmente resultam em alegria ou tristeza; além do déficit de atenção e comportamentos 
inadequados. 
 
 
 
 
 
Marcelle Souza – MED 118 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2. ÁREA PARIETAL POSTERIOR 
“Integração das áreas secundárias somestésica, visual e auditiva” 
FUNÇÕES: 
- Percepção espacial – lesão leva à desorientação espacial 
- Esquema corporal – lesão leva à negligência corporal e/ou espacial, contralaterais e geralmente 
à esquerda, uma vez que essas áreas geralmente são mais desenvolvidas à direita. 
3. CÓRTEX INSULAR ANTERIOR 
- Empatia 
- Reconhecimento da própria fisionomia como diferente da dos outros – área ativada quando nos 
olhamos no espelho ou em fotos 
- Sensação de nojo 
- Percepção do aspecto subjetivo das emoções 
4. ÁREAS LÍMBICAS 
Processamento das emoções e memória 
5. ÁREAS DA LINGUAGEM 
Lesões nessas áreas desencadeiam afasias. 
• Área de Broca (anterior) 
“Expressão da linguagem” – se expressar falando e escrevendo – áreas opercular e triangular do 
giro frontal inferior. 
LESÃO: afasia motora ou de expressão – frases telegráficas, monossilábicas (...). 
 
 
Marcelle Souza – MED 118 
 
• Área de Wernick (posterior) 
“Percepção da linguagem” – compreende o que está sendo falado e o que está escrito – na junção 
dos lobos parietal e temporal 
LESÃO: afasia sensitiva ou de percepção – pessoa não compreende 
• Fascículo longitudinal superior 
Liga essas duas áreas 
LESÃO: afasia de condução – não se mantém uma conversa pois a pessoa não linka o que está 
sendo falado com o que vai falar. 
As áreas de linguagem estão geralmente no hemisfério esquerdo – “dominante” – devido à 
importância da linguagem para a nossa espécie. Hemisfério esquerdo – linguagem e habilidades 
matemáticas. Hemisfério direito – habilidades artísticas e processos visoespaciais. 
NÚCLEOS DA BASE 
• Claustrum 
• Núcleo caudado – acompanha os traçados dos ventrículos laterais – possui cabeça, corpo 
e cauda 
• Putâmen 
• Globo pálido – medial e lateral 
A junção de Putâmen + globo pálido forma o núcleo Lentiforme, e a junção do núcleo lentiforme 
com o núcleo caudado forma o corpo estriado dorsal. 
• Corpo amigdaloide – emoções – sistema límbico 
• Núcleo accumbens – prazer – sistema mesolímbico 
• Núcleo basal de Meynert – SARA/Doença de Alzheimer 
O núcleo accumbens + o núcleo basal de Meynert forma o corpo estriado ventral. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Marcelle Souza – MED 118 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CORPO ESTRIADO DORSAL 
• Striatum (neoestriado) – núcleo caudado + putâmen 
• Pallidum (paleoestriado) – globo pálido 
Das áreas motoras do córtex descem informações para o corpo estriado dorsal, que passam pelo 
tálamo e retornam ao córtex – circuito em alça – córtico-estriado-tálamo-cortical – modula a 
atividade dos neurônios motores. 
CIRCUITO MOTOR 
• Do córtex descem estímulos excitatórios para o Striatum (porta de entrada), de forma que 
essas informações devem seguir para o globo pálido medial (porta de saída) – o qual tem 
função inibitória sobre o tálamo. Existem duas vias para o circuito motor: via direta e via 
indireta. 
• Na via direta: as informações do Striatum vão direto ao pálido medial, inibindo-o. A inibição 
do pálido medial cessa as inibições deste sobre o tálamo, o qual, uma vez livre, estimula o 
córtex e permite o movimento. 
• Na via indireta: as informações do Striatum vão ao pálido lateral, inibindo-o. A inibição do 
pálido lateral cessa a inibição deste sobre o subtálamo, o qual, uma vez livre, exerce ação 
excitatória sobre o pálido medial. Isso desencadeia maior inibição sobre o tálamo, o qual 
deixa de estimular o córtex e, portanto, cessa o movimento. 
• É o equilíbrio dessas duas vias que permite a execução precisa dos movimentos. 
• Existe um circuito subsidiário ligado ao circuito motor que envolve a substância negra, a qual 
possui conexões recíprocas com o Striatum, tanto com fibras estriatonigrais, quanto fibras 
nigroestriatais (dopaminérgicas). Essas últimas se ligam a dois tipos de receptores no 
Striatum, D1 excitador (via direta) e D2 inibidor (via indireta). Ou seja, influencia a favor do 
movimento, seja estimulando a via direta ou inibindo a via indireta. 
 
 
Marcelle Souza – MED 118 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FUNÇÕES E DISFUNÇÕES 
• HIPERCINESIAS – predomínio da via direta 
- Hemibalismo: execução de movimentos involuntários, rápidos e fortes, como se estivesse 
arremessando um objeto. Ocorre devido a lesões no subtálamo, o qual deixa de excitar o pálido 
medial, o qual passa a não inibir o tálamo que, por sua vez, leva à maior ativação do córtex motor. 
- Coreia de Sydenham: execução de movimentos involuntários rápidos, como se fosse uma dança. 
Doença autoimune ligada à lesão do estriado/caudado. 
• HIPOCINESIAS – predomínio da via indireta 
Doença de Parkinson: tremor de repouso, hipertonia padrão rigidez e bradicinesia. Ocorre devido 
a lesões na substancia negra, de forma que há diminuição da quantidade de dopamina das fibras 
nigroestriatais, que leva à menor excitação da via direta e menor inibição da via indireta. Isso 
favorece a via indireta, uma vez que menos inibida passa a excitar mais o pálido medial, causando 
menor ativação do córtex. Isso explica, dentre outros sintomas, a lentidão para realização dos 
movimentos. 
MOVIMENTOS VOLUNTÁRIOS 
1. INTENÇÃO – áreas corticais terciárias 
2. PLANEJAMENTO – áreas corticais motoras secundárias, cerebelo e núcleos da base 
3. EXECUÇÃO – área cortical motora primária 
4. CORREÇÃO – cerebelo 
 
 
 
 
 
 
 
Marcelle Souza – MED 118 
 
CENTRO BRANCO MEDULAR 
 
Composto por fibras mielínicas, sendo chamado, em cada hemisfério, de centro semioval. Podem 
ser de associação ou de projeção. 
 
ASSOCIAÇÃO 
 
• Fibras inter-hemisféricas 
 
- Corpo caloso – liga o restante 
- Comissura anterior – liga as partes olfatórias e os lobos temporais 
- Comissura do fórnix – liga os hipocampos 
 
 
• Fibras intra-hemisféricas 
 
- Fibras arqueadas ou em U – curtas 
- Fascículo longitudinal superior – liga as áreas anterior e posterior da linguagem 
- Fascículo unciforme – liga os lobos frontal e temporal pelo sulco lateral na face dorsolateral 
- Fascículo do cíngulo – circuito de Papez 
- Fascículo longitudinal inferior – liga os lobos occipital e temporal na face medial 
 
PROJEÇÃO 
 
• Fórnix 
 
Liga o hipocampo ao corpo mamilar 
 
• Cápsula interna 
 
Abriga a maior parte das fibras que entram e saem do córtex. Continuam acima do núcleo lentiforme 
como coroa radiada e abaixo com a base do pedúnculo cerebral. 
- Perna anterior: trato corticopontino 
- Joelho: trato corticonuclear 
- Perna posterior: trato corticoespinhal e radiações talâmicas (aferentes) 
Lesões na cápsula interna, em AVC, por exemplo, há hemiparesia e hemiparestesia 
proporcionadas na metade oposta do corpo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Marcelle Souza – MED 118 
 
EXERCÍCIOS TELENCÉFALO 
Situação Problema 1 
Paciente do sexo masculino,59 anos, obeso, diabético, hipertenso e dislipidêmico, chega ao 
Pronto Socorro com queixa de perda súbita dos movimentos, além de alterações na fala. Ao 
exame físico o paciente estava afásico e com paresia facio-braquial à direita (diminuição 
importante de força na face e no membro superior). Foi realizada uma tomografia 
computadorizada de crânio que evidenciou um acidente vascular encefálico. 
a) Em quais áreas corticais está localizado o comprometimento isquêmico? 
 
 
 
 
 
 
b) Qual o tipo de afasia do paciente? 
 
 
c) Descreva a(s) via(s) cuja lesão foi responsável pela paresia facio-braquial. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Situação Problema 2 
Paciente do sexo feminino, 42 anos, procura o Hospital Universitário queixando-se de dores 
de cabeça, náuseas e vômitos, além de perda visual com piora progressiva. Após avaliação do 
neurologista e a realização de exames de neuroimagem, constatou-se que ele apresentava um 
tumor cerebral com compressão de estruturas adjacentes. Sobre esse caso, responda: 
a) Considerando a anatomia dos hemisférios cerebrais e as queixas da paciente cite o lobo 
onde provavelmente se encontra o tumor. Explique. 
 
 
b) Qual a localização da área visual primária? 
 
 
c) Além da área visual primária, existem áreas visuais secundárias que se interligam, 
gerando duas vias que contribuem para interpretação do estímulo visual. Cite quais são 
essas vias, suas localizações e as principais funções em relação à percepção visual. 
 
 
 
 
 
Marcelle Souza – MED 118 
 
 
 
 
 
d) Cite exemplos de agnosias resultantes das lesões destas vias. 
 
 
 
 
Situação Problema 3 
Paciente do sexo masculino, 68 anos, procurou o neurologista com queixa de tremor na mão 
esquerda há cerca de dois anos, que começou leve, mas acentuou-se nos últimos meses. 
Relatou também que “tem a sensação que os seus movimentos estão lentos e os músculos 
travados”. No exame físico, o médico detectou tremor de repouso na mão esquerda, rigidez 
muscular e bradicinesia. 
a) Qual é a causa mais provável do quadro clínico descrito e qual a estrutura do SNC está 
comprometida neste caso? 
 
 
 
b) Como esta estrutura interage com o circuito motor? 
 
 
 
 
c) Qual via do circuito motor que ficou prejudicada? Descreva esta via. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Marcelle Souza – MED 118 
 
Emoções e memória 
SISTEMA LÍMBICO: o sistema límbico reúne estruturas corticais e subcorticais que estão 
interligadas morfologicamente e funcionalmente e relacionadas ao processamento das emoções e 
memória. Também se relacionam aos processos motivacionais (de sobrevivência). 
 
EMOÇÕES: são sentimentos subjetivos que suscitam manifestações fisiológicas e 
comportamentais. Possuem dois componentes: 
• Central – subjetivo – é o sentir; 
• Periférico – expressivo – é o manifestar. Há as manifestações fisiológicas, ligadas ao SNA, 
e as manifestações comportamentais, ligadas ao sistema nervoso somático. 
 
1. Componentes das emoções 
 
• Corticais: 
o córtex cingular anterior – relacionado ao processamento da tristeza – em pessoas 
com depressão está atrofiado; 
o córtex insular anterior; 
o córtex pré-frontal (orbitofrontal). 
 
• Subcorticais: 
o hipotálamo; 
o área septal; 
o núcleo accumbens; 
o habênulas; 
o amígdala. 
 
- Hipotálamo 
• Processamento da raiva e medo 
• Coordena o componente periférico das emoções, a partir do seu controle sobre o SNA e 
Sistema Endócrino. 
 
- Área septal 
• Núcleos septais 
• Lesão bilateral nessa área levam à raiva septal 
• Regulação de atividades viscerais 
• Prazer – sistema mesolímbico 
 
- Núcleo accumbens 
• Prazer – sistema mesolímbico 
• Faz parte do corpo estriado ventral 
 
- Habênula 
• Situa-se no Trígono das habênulas no epitálamo 
• Tem ação inibitória sobre o sistema mesolímbico de recompensa (dopaminérgico) e sobre o 
sistema serotoninérgico de projeção difusa (associado ao humor) 
• A hiperfunção habenular desencadeia casos graves de depressão, uma vez que há queda 
da atividade dopaminérgica da via mesolímbica e serotoninérgica do sistema serotoninérgico 
de projeção difusa. 
• É ativada na não recompensa – ativada na frustração. 
 
 
 
Marcelle Souza – MED 118 
 
SISTEMA DE RECOMPENSA 
Sistema dopaminérgico mesolímbico – tem origem na área tegmentar ventral da formação reticular 
do mesencéfalo (fibras dopaminérgicas), passa pelos núcleos accumbens e septais, chegando à 
área pré-frontal orbitofrontal para processamento das emoções; através do feixe prosencefálico 
medial. Recompensa com prazer: 
• Comportamentos motivacionais (para sobrevivência – fome, sede e sexo) 
• Situações cotidianas 
• Abuso de drogas – núcleo accumbens – há receptores nesse núcleo para drogas como crack 
e cocaína, de forma que a continuidade do uso diminui a sensibilidade desses receptores, 
exigindo doses cada vez mais altas para dar prazer – toxicidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
- Amígdala 
 
• É o principal componente processador das emoções – subcortical – processamento do 
componente subjetivo das emoções 
 
• Possui 12 núcleos divididos em três regiões 
o basolateral (aferências); 
o corticomedial (conexões olfatórias e comportamento sexual, ligada a instintos); 
o central (eferências). 
 
• Recebe aferências de várias estruturas, como: 
o áreas secundárias; 
o áreas terciárias; 
o núcleos hipotalâmicos; 
o núcleo dorsomedial do tálamo; 
o núcleos septais; 
o núcleo do trato solitário. 
 
• Envia eferências a partir de duas vias: 
o via amigdalofuga dorsal, através da estria terminal, para núcleos hipotalâmicos, 
núcleo accumbens, habênula e núcleos septais; 
o via amigdalofuga ventral, para as vias aferentes + núcleo basal de Meynert. 
 
• Reações defensivas e agressivas; comportamento sexual (hiperssexualidade) – 
CORTICOMEDIAL; 
 
• Reconhecimento de faces com expressões emocionais 
 
• Reações de medo e fuga – BASOLATERAL – síndrome de emergência de Cannon – reação 
de alarme: aferências auditivas e/ou visuais são enviadas para as áreas primárias, onde são 
processadas e enviadas a áreas secundárias, onde são interpretadas. Daí, partem ou 
 
Marcelle Souza – MED 118 
 
diretamente para a amígdala ou para o córtex pré-frontal. Se vão para a amígdala 
diretamente, desencadeia ativação generalizada do SNA simpático e liberação de adrenalina 
pela medula da suprarrenal. Indo para a área pré-frontal, há análise consciente da situação, 
que pode ou não, dependendo da situação, bloquear o sistema desencadeado pela 
amígdala. 
 
• Medo no ser humano se faz por CONDICIONAMENTO – a gente aprende a ter medo 
 
ESTRUTURAS COMPLEMENTARES 
 
• Tálamo – núcleo dorsomedial e núcleos anteriores 
• Tronco encefálico – formação reticular (área tegmentar ventral e núcleos da rafe) e núcleos 
de nervos cranianos (choro) 
 
ANSIEDADE E ESTRESSE 
 
A ansiedade é uma resposta/expressão inapropriada do medo, pode ativar o simpático e elevar o 
nível de cortisol do corpo. Apesar de o hipocampo bloquear esse sistema, os altos níveis de cortisol 
podem bloquear as ações do hipocampo, reiniciando o ciclo. 
 
 
MEMÓRIA: é a capacidade de adquirir (aprendizagem), armazenar e evocar (lembrança) uma 
informação. Pode ser declarativa, quando pode ser narrada, ou não declarativa, que é a memória 
de procedimento, que não pode ser descrita. 
 
MEMÓRIA DECLARATIVA 
 
• Operacional (de trabalho): dura segundos a minutos até que a tarefa seja finalizada. É 
processada no córtex pré-frontal na região dorsolateral; 
• Curta duração: dura algumas horas até que possa ser formada a memória de longa duração. 
Está no hipocampo; 
• Longa duração: é processada no hipocampo e armazenada nas áreas de associação; 
• É o córtex pré-frontal que faz a seleção das memórias que serão de curta ou longa duração. 
 
COMPONENTES 
 
• Telencefálicos: córtex cingular posterior (memória topográfica);córtex pré-frontal 
dorsolateral; parte medial do lobo temporal e áreas de associação; 
• Diencefálicos: corpos mamilares, trato mamilo-talâmico e núcleos anteriores do tálamo. 
 
Porção medial do lobo temporal 
 
• Córtex para-hipocampal 
Memória topográfica associada a cenários novos 
 
• Córtex entorrinal 
Porta de entrada para o hipocampo 
 
• Giro denteado 
Memória temporal 
 
• Hipocampo 
Principal processador da memória (curta e longa duração, além da espacial); está associado ao 
corno inferior do ventrículo lateral. Recebe aferências de todas as regiões do neocórtex e manda 
eferências principalmente para o fórnix, que vão aos corpos mamilares do hipotálamo. Emoção 
(amígdala) e prazer (núcleo accumbens, área tegmentar ventral) são importantes reforçadores da 
memória. 
 
Marcelle Souza – MED 118 
 
CIRCUITO DE PAPEZ 
 
Corpo mamilar – trato mamilo-talâmico – núcleos anteriores do tálamo – córtex cingular posterior 
(pela cápsula interna) – córtex para-hipocampal – hipocampo – corpo mamilar (através do fórnix). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CORRELAÇÕES ANATOMOCLÍNICAS 
 
Amnésia anterógrada (esquece o que vai acontecer daqui pra frente) x retrógrada (esquece tudo 
que já aconteceu). 
 
• Síndrome de Korsakoff 
Devido ao alcoolismo crônico – lesão dos corpos mamilares e dos núcleos anteriores do tálamo – 
interrompe o circuito de Papez – as duas amnésias. 
 
• Doença de Alzheimer 
Disfunção no córtex entorrinal – passa a isolar o hipocampo – pessoa não cria mais memorias de 
curta e longa duração. As memórias estabelecidas nas áreas de associação são as últimas a serem 
perdidas, mas também são perdidas, pois a doença evolui com degeneração de todas funções 
psíquicas superiores. Compromete também o núcleo basal de Meynert, o qual projeta fibras 
colinérgicas para todo o córtex. Sua ocorrência depende de fatores genéticos e ambientais. 
 
EXERCÍCIOS EMOÇÃO E MEMÓRIA 
 
Situação Problema 1 
Os livros de Neuroanatomia descrevem sempre um famoso caso ocorrido em 1968, quando um 
funcionário de uma ferrovia americana, P. T. Gage, foi vítima de um acidente, no qual teve 
parte do seu córtex cerebral transfixado por uma barra de ferro. Ele conseguiu sobreviver ao 
acidente, sem déficits motores ou sensitivos, mas sua personalidade, antes caracterizada pela 
responsabilidade e seriedade, mudou dramaticamente. Ele passou a ser desatento, a agir sem 
pensar nas consequências, perdeu totalmente o senso de responsabilidades sociais. Vagueava 
de um emprego a outro dizendo grosserias, palavrões e profanidades. Foi demitido por 
indisciplina. “Sua mente estava tão radicalmente mudada que seus amigos diziam que ele não 
era mais o mesmo Gage”. Sobre este famoso caso responda: 
a) Considerando a anatomia dos hemisférios cerebrais cite o lobo e a área funcional 
cortical onde provavelmente ocorreu a lesão. 
 
 
 
 
Marcelle Souza – MED 118 
 
b) Correlacione as alterações observadas no paciente com as funções atribuídas a essa 
área. 
 
 
 
 
 
 
 
 
c) O paciente poderia ter um déficit de memória associado? Se sim, qual tipo? Explique. 
 
 
 
 
Situação Problema 2 
Paciente de 71 anos chega ao ambulatório de Neurologia, acompanhada pela filha. A filha 
relata que a mãe sempre foi independente e morava sozinha em Maripá, uma pequena cidade 
próxima à Juiz de Fora. Há cerca de cinco anos ela começou a ter pequenos esquecimentos. 
Não se lembrava de fatos ocorridos durante o dia, como o que comera nas refeições ou onde 
guardou os remédios, e dos compromissos, mas todos achavam que era natural da idade. Há 
aproximadamente dois anos ela veio morar com a filha porque começou a ficar perdida na 
cidade (os vizinhos que a ajudavam) e quase incendiou a casa porque esqueceu as panelas 
no fogo. Mais recentemente o quadro está ainda mais acentuado: ela já esquece até o nome 
das pessoas mais próximas e está cada vez mais apática. O médico, após realizar um exame 
físico e testes específicos para memória, suspeitou de Doença de Alzheimer. Sobre o caso 
responda: 
a) Qual estrutura do SNC é inicialmente comprometida pela Doença de Alzheimer? 
 
 
 
b) Relacione as alterações apresentadas pela paciente ao tipo de memória ou função 
cognitiva comprometida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
c) Com o avançar da doença pode haver outras áreas do SNC afetadas? 
 
 
 
 
 
 
Marcelle Souza – MED 118 
 
Nervos cranianos 
As fibras nervosas podem ser aferentes ou eferentes. 
As aferentes se subdividem em: 
• Aferente somática geral: exteriocepção (tato, dor, temperatura, pressão) e propriocepção; 
• Aferente somática especial: órgãos dos sentidos não viscerais – visão, audição e 
equilíbrio; 
• Aferente visceral geral: dor visceral; visceroreceptores; 
• Aferente visceral especial: órgãos dos sentidos viscerais – olfação e gustação; 
 
As fibras eferentes se subdividem em: 
• Eferente somática: musculatura estriada esquelética; 
• Eferente visceral geral: glândulas, m liso, m estriado cardíaco; 
• Eferente visceral especial: musculatura de origem branquiomérica – músculos da mímica, 
mastigação e deglutição. 
 
NERVOS CRANIANOS 
 
1. NERVO OLFATÓRIO (I) 
• Exclusivamente sensitivo 
• AFERENTE VISCERAL ESPECIAL – olfação 
• Origem aparente no encéfalo: bulbo olfatório 
• Origem aparente no crânio: lâmina crivosa do osso etmoide 
• Trajeto: região olfatória da cavidade nasal – lâmina crivosa do osso etmoide – bulbo olfatório 
 
2. NERVO ÓPTICO (II) 
• Exclusivamente sensitivo 
• AFERENTE SOMÁTICO ESPECIAL – visão 
• Origem aparente no encéfalo: quiasma óptico 
• Origem aparente no crânio: canal óptico 
• Trajeto: as fibras da retina convergem para formar o nervo óptico – nervo óptico – quiasma 
óptico – corpo geniculado lateral 
 
VIA ÓPTICA 
 
• Retina: 
o neurônio I (fotossensíveis – cones (dia e cores) e bastonetes (escuro)); 
o neurônio II (bipolares); 
o neurônio III (ganglionares) – o prolongamento dos axônios ganglionares dá origem ao 
nervo óptico; 
• Nervo óptico 
• Quiasma óptico 
• Trato óptico 
• Corpos geniculados laterais 
• Radiação óptica 
• Lábios do sulco calcarino em V1 
 
A retina contém fibras da retina nasal e da retina temporal. As fibras da retina nasal cruzam no 
quiasma óptico e nelas se projeta o campo visual temporal. As fibras da retina temporal não cruzam 
e nelas se projeta o campo visual nasal. 
 
 
 
 
Marcelle Souza – MED 118 
 
LESÕES DA VIA ÓPTICA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Marcelle Souza – MED 118 
 
3. NERVO OCULOMOTOR (III) 
• EFERENTE SOMÁTICO: músculos extrínsecos do olho (exceto RL e OS) 
• EFERENTE VISCERAL GERAL: músculos intrínsecos do olho 
• LESÕES: ptose palpebral; midríase; estrabismo divergente; diplopia. 
• Origem aparente no encéfalo: sulco medial do pedúnculo cerebral 
• Origem aparente no crânio: fissura orbital superior 
 
4. NERVO TROCLEAR (IV) 
• EFERENTE SOMÁTICO: inerva OS 
• Origem aparente no encéfalo: posterior; véu medular 
• Origem aparente no crânio: fissura orbital superior 
 
5. NERVO ABDUCENTE (VI) 
• EFERENTE SOMÁTICO: inerva RL 
• LESÃO: estrabismo convergente 
• Origem aparente no encéfalo: sulco bulbo pontino 
• Origem aparente no crânio: fissura orbital superior 
 
6. NERVO TRIGÊMEO (V) 
• AFERENTE SOMÁTICO GERAL: sensibilidade geral da cabeça 
• EFERENTE VISCERAL ESPECIAL: músculos da mastigação 
• Ramos: oftálmico, maxilar e mandibular. 
• Origem aparente no encéfalo: transição da ponte com o pedúnculo cerebelar médio 
• Origem aparente no crânio: fissura orbital superior (V1); forame redondo (V2) e forame oval 
(V3) 
 
7. NERVO FACIAL (VII) 
• EFERENTE VISCERAL ESPECIAL: músculos da mímica 
• EFERENTE VISCERAL GERAL: nervo intermédio – glândulas lacrimal, submandibular e 
sublingual 
• AFERENTE VISCERAL GERAL: dor visceral da cavidadenasal – nervo intermédio 
• AFERENTE VISCERAL ESPECIAL: sensibilidade gustativa dos 2/3 anteriores da língua 
• AFERENTE SOMÁTICO GERAL: sensibilidade de parte do pavilhão auditivo e do meato 
acústico externo 
• LESÕES: paralisia facial periférica – homolateral, toda a face e total 
• Origem aparente no encéfalo: sulco bulbo pontino 
• Origem aparente no crânio: forame estilomastoideo 
 
8. NERVO VESTIBULOCOCLEAR (VIII) 
• AFERENTE SOMÁTICO ESPECIAL: audição e equilíbrio 
• Geralmente sua lesão é conjunta com a do nervo facial 
• Origem aparente no encéfalo: sulco bulbo pontinho e penetra o crânio pelo meato acústico 
interno 
• Exclusivamente sensitivo 
 
9. NERVO GLOSSOFARÍNGEO (IX) 
• AFERENTE SOMÁTICO GERAL: sensibilidade de parte do pavilhão auditivo e do meato 
acústico externo 
• AFERENTE VISCERAL GERAL: sensibilidade geral do 1/3 posterior da língua, faringe e 
corpo carotídeo 
• AFERENTE VISCERAL ESPECIAL: sensibilidade gustativa do 1/3 posterior da língua 
• EFERENTE VISCERAL GERAL: inervação da glândula parótida 
 
Marcelle Souza – MED 118 
 
• EFERENTE VISCERAL ESPECIAL: deglutição – orofaringe 
• Origem aparente no encéfalo: sulco lateral posterior do bulbo 
• Origem aparente no crânio: forame jugular 
 
10. NERVO VAGO (X) 
• AFERENTE SOMÁTICO GERAL: sensibilidade de parte do pavilhão auditivo e do meato 
acústico externo 
• AFERENTE VISCERAL GERAL: dor visceral da faringe, laringe, traqueia e esôfago 
• AFERENTE VISCERAL ESPECIAL: sensibilidade gustativa da epiglote 
• EFERENTE VISCERAL ESPECIAL: deglutição e fonação 
• EFERENTE VISCERAL GERAL: vísceras torácicas e abdominais 
• Origem aparente no encéfalo: sulco lateral posterior do bulbo 
• Origem aparente no crânio: forame jugular 
 
11. NERVO ACESSÓRIO (XI) 
• RAIZ CRANIANA – EFERENTE VISCERAL ESPECIAL E GERAL – faringe e vísceras 
torácicas – acompanha o nervo vago 
• RAIZ ESPINHAL – EFERENTE VISCERAL ESPECIAL – trapézio e esternocleidomastoideo 
• Origem aparente no encéfalo: sulco lateral posterior do bulbo 
• Origem aparente no crânio: forame jugular 
• Exclusivamente motor 
 
12. NERVO HIPOGLOSSO (XII) 
• EFERENTE SOMÁTICO – motricidade da língua 
• LESÃO: paralisia ipsilateral, atrofia e desvio para o lado lesado 
• Origem aparente no encéfalo: sulco lateral anterior do bulbo 
• Origem aparente no crânio: canal do hipoglosso 
 
INERVAÇÃO DO OLHO 
• Motricidade: nervo oculomotor (ES e EVG), nervo troclear (ES) e nervo abducente (ES) 
• Sensibilidade: óptico (ASE) e trigêmeo (ASG – ramo oftálmico) 
 
INERVAÇÃO DA LÍNGUA 
• 2/3 anteriores: facial (especial) e trigêmeo (geral) 
• 1/3 posterior: glossofaríngeo (especial e geral) 
• Epiglote: vago (especial) 
• Motricidade: hipoglosso (somático) 
 
EXERCÍCIOS NERVOS CRANIANOS 
 
Situação Problema 1 
Paciente do sexo masculino, 40 anos, procurou o Pronto Socorro alegando estar com a boca 
“torta” e “babando” no canto da boca à direita, além de não conseguir assoviar. Durante a 
anamnese, o paciente relatou que os sintomas apareceram de forma aguda. 
a) Após ouvir o relato do paciente, qual a principal hipótese diagnóstica a ser pensada? 
Justifique. 
 
 
 
 
 
 
 
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b) O que precisa ser avaliado no exame físico para definir o tipo de acometimento do 
paciente? Justifique. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
c) Cite os locais do SNC que poderiam estar comprometidos nos dois tipos de 
acometimento e as principais causas em cada um deles. 
 
 
 
 
 
 
Situação Problema 2 
Paciente do sexo feminino, 62 anos, procurou atendimento médico com dor intensa na 
hemiface esquerda, acompanhada de hipersensibilidade da pele da região ao toque e à 
temperatura. No exame físico, foram detectadas hiperemia conjuntival e congestão nasal à 
esquerda, bem como alguns cachos de lesões vesiculares semelhantes a espinhas no lado 
esquerdo da testa. Durante a anamnese, a paciente revelou que teve catapora na infância e 
que tem passado por um período de grande estresse. Estes dados ajudaram a definir o 
diagnóstico de herpes zóster. Sobre o caso responda: 
a) Qual o nervo craniano acometido pela infecção viral? 
 
 
b) Qual a classificação (componentes funcionais) das fibras acometidas? Justifique. 
 
 
 
c) Estes tipos de estímulos sensitivos alterados na paciente são processados em quais 
núcleos do tronco encefálico? 
 
 
 
d) Quais são os outros componentes funcionais do nervo craniano acometido? É provável 
que eles também estejam comprometidos no caso do paciente? Justifique. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Meninges e vascularização 
INTRODUÇÃO À VASCULARIZAÇÃO 
 O sistema nervoso é formado por estruturas nobres e altamente especializadas que exigem 
suprimento permanente e elevado de glicose e oxigênio para seu metabolismo. Isso requer um 
fluxo sanguíneo contínuo e intenso. A parada da circulação cerebral após cerca de cinco minutos 
gera lesões irreversíveis. No sistema nervoso não há circulação linfática, há circulação liquórica – 
que não se relaciona com a linfática. 
 Acidentes vasculares cerebrais (AVCs) – interrompem a circulação de determinadas áreas 
encefálicas, levando à necrose do tecido nervoso e, consequentemente, alterações motoras, 
sensoriais ou psíquicas. 
VASCULARIZAÇÃO ARTERIAL DO ENCÉFALO 
o Artérias carótidas internas 
o Artérias vertebrais 
Na base do crânio, essas artérias dão origem ao polígono de Willis, de onde saem as principais 
artérias para a vascularização cerebral. 
SISTEMA CAROTÍDEO INTERNO 
- Artérias carótidas internas 
Origem: artéria carótida comum; penetra no crânio pelo canal carotídeo, atravessa o seio 
cavernoso, no interior do qual descreve um S, o sifão carotídeo. Perfura a dura máter e a aracnoide 
e, no início do sulco lateral, bifurca-se em seus dois ramos terminais: artéria cerebral média (D e 
E) e artéria cerebral anterior (D e E). Elas se subdividem em ramos menores superficiais e 
profundos. Ela também dá origem aos ramos: 
• Artéria oftálmica: emerge da carótida quando ela atravessa a dura máter – irriga bulbo ocular 
e formações anexas 
• Artéria comunicante posterior: anastomosa com a artéria cerebral posterior, ramo da basilar, 
e contribui para o polígono de Willis 
• Artéria corióidea anterior: dirige-se ao longo do trato óptico, penetrando no corno inferior do 
ventrículo lateral para irrigação dos plexos corioides, parte da cápsula interna, núcleos da 
base e diencéfalo 
SISTEMA VÉRTEBRO BASILAR 
- Artérias vertebrais: 
Origem: artérias subclávias. Sobem no pescoço pelos forames transversos das vértebras e 
penetram no crânio pelo forame magno. Percorrem a face ventral do bulbo e no nível do sulco bulbo 
pontinho unem-se para formar a artéria basilar. As artérias vertebrais dão origem a duas artérias 
espinhais posteriores (1/3 da medula) e uma artéria espinhal anterior (2/3 da medula) que 
vascularizam a medula. Além disso, originam também a artéria cerebelar inferior posterior que irriga 
a porção inferior e posterior do cerebelo. A artéria basilar percorre anteriormente a ponte no sulco 
basilar e termina bifurcando-se para formar as artérias cerebrais posteriores esquerda e direita. 
Além disso, a artéria basilar durante seu trajeto emite outros ramos, sendo eles: 
 
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• Artéria cerebelar superior – mesencéfalo e parte superior do cerebelo 
• Artéria cerebelar inferior anterior – irriga parte anterior e inferior do cerebelo 
• Artéria do labirinto – penetra no meato acústico interno junto com o nervo facial e 
vestibulococlear vascularizando estruturas do ouvido interno 
• Ramos pontinos: irrigam boa arte da ponte. Comprometimento da basilar ou interrupção do 
fluxo nesses ramos – comprometimento da ponte para baixo – tratos motores e sensitivos 
interrompidos – pescoço para baixo – aspectos relacionados aos nervoscranianos 
comprometidos (audição, gustação, etc) – permanecem alguns movimentos oculares 
(mesencéfalo) – movimento vertical dos olhos – síndrome do encarceiramento 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
POLÍGONO DE WILLIS 
Círculo arterial do cérebro – anastomose arterial em forma de polígono na base do cérebro que 
circunda o quiasma óptico e o túber cinéreo e relaciona-se com a fossa interpeduncular. 
• Artérias cerebrais anteriores 
• Artérias cerebrais médias 
• Artérias cerebrais posteriores 
• Artéria comunicante anterior 
• Artérias comunicantes posteriores 
As artérias cerebrais anteriores, médias e posteriores dão ramos corticais e ramos centrais. 
• Ramos corticais: córtex e substância branca 
• Ramos centrais: diencéfalo, núcleos da base e cápsula interna 
 
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TERRITÓRIO CORTICAL DAS TRÊS ARTÉRIAS CEREBRAIS 
• Artéria cerebral anterior: faz uma curvatura no joelho do corpo caloso e se distribui na face 
medial do cérebro, desde o lobo frontal até o sulco parietoccipital, além da parte superior da 
face dorsolateral, fazendo limite com o território da artéria cerebral média. A obstrução de 
uma das artérias cerebrais anteriores causa paralisia e parestesia no membro inferior 
contralateral, uma vez que ela irriga áreas corticais motoras e sensitivas correspondentes às 
pernas (porção alta dos giros pré e pós-central); déficit comportamental. A artéria cerebral 
anterior possui uma porção pré comunicante (A1 – dá apenas ramos centrais) e porção pós 
comunicante (A2 – ramos corticais). Dá dois ramos: artéria pericalosa e artéria caloso 
marginal. 
• Artéria cerebral média: percorre o sulco lateral em toda sua extensão, distribuindo ramos 
que vascularizam a maior parte da face dorsolateral do cérebro. Sintomatologia da 
obstrução: paralisia e parestesia do corpo do lado oposto (exceto membros inferiores), 
podendo haver graves distúrbios da linguagem. Quadro especialmente grave quando a 
obstrução atinge ramos profundos da artéria cerebral média (artérias estriadas), as quais 
vascularizam núcleos da base e cápsula interna (local de passagem de grande parte das 
fibras de projeção do córtex). O segmento anterior ao córtex insular é o M1 (ramos centrais) 
e pós ínsula é o M2 (ramos corticais). O M1 dá artérias estriadas que irrigam os núcleos da 
base e cápsula interna. A lesão de M2 leva ao déficit motor e sensitivo de tudo menos 
membros inferiores; déficit cognitivo. Se for no hemisfério esquerdo pode causar déficit de 
linguagem. 
• Artéria cerebral posterior: percorre a face inferior do lobo temporal e ganha o lobo occipital, 
irrigando a área visual nos lábios do sulco calcarino. Sua obstrução causa cegueira em uma 
parte do campo visual. 
 
 
 
 
 
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MENINGES 
• São membranas conjuntivas que envolvem o Sistema Nervoso Central (SNC) 
• Dura máter, aracnoide e pia máter 
• Leptomeninge: aracnoide + pia máter 
• Paquimeninge: dura máter 
• Proteção de centros nervosos 
 
1. DURA MÁTER 
É a meninge mais superficial, espessa e resistente, formada por tecido conjuntivo rico em fibras 
colágenas, contendo vasos e nervos. 
No encéfalo: 2 folhetos (interno e externo) – folheto externo atuando como periósteo dos ossos do 
crânio – sem capacidade osteogênica – dificulta consolidação de fraturas no crânio. Não existe 
espaço epidural, mas alguns traumas podem levar ao deslocamento do folheto externo da dura 
máter do osso e levar a um hematoma epidural. 
Na medula: 1 folheto (interno) 
A dura máter é muito vascularizada. No encéfalo, a principal artéria que a irriga é a artéria meníngea 
média – ramo da artéria maxilar interna. É ricamente inervada, ao contrário das outras meninges. 
O encéfalo não possui terminações nervosas sensitivas, então a sensibilidade intracraniana se 
localiza na dura máter e nos vasos sanguíneos, responsáveis pela maioria das dores de cabeça. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PREGAS DA DURA MÁTER 
Folheto interno se destaca do externo e forma pregas que dividem a cavidade craniana em 
compartimentos. 
 
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• Foice do cérebro: em forma de foice, vertical e mediano, ocupa a fissura longitudinal do 
cérebro e o separa em dois hemisférios. 
• Tenda do cerebelo: septo transversal entre os lobos occipitais e o cerebelo. Separa a fossa 
posterior da fossa média do crânio, dividindo a cavidade craniana em um compartimento 
supratentorial (superior) e infratentorial (inferior), importante clinicamente na diferenciação 
das sintomatologias. A borda anterior da tenda do cerebelo é denominada incisura da tenda 
e ajusta-se ao mesencéfalo. Em certas circunstâncias, a incisura da tenda pode lesionar o 
mesencéfalo e nervos que surgem nessa região – III e IV. 
• Foice do cerebelo: abaixo da tenda do cerebelo, divide o cerebelo em hemisférios direito e 
esquerdo. 
• Diafragma da sela: pequena lâmina horizontal que fecha a sela túrcica, deixando apenas 
um pequeno orifício para a passagem da haste hipofisária. Isola e protege a hipófise, ao 
mesmo tempo em que dificulta a cirurgia desta glândula. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAVIDADES DA DURA MÁTER 
Folhetos da dura máter separam-se delimitando cavidades. 
• Cavo trigeminal (de Meckel) – loja do gânglio trigeminal: contém o gânglio trigeminal 
SEIOS DA DURA MÁTER 
Canais venosos revestidos de endotélio e situados entre os folhetos interno e externo da dura 
máter. O sangue proveniente das veias do encéfalo e do globo ocular é drenado para os seios da 
dura máter, de onde vão para as veias jugulares internas. Os seios comunicam-se com veias da 
superfície externa do crânio através de veias emissárias. 
a. Seios da abóbada 
 
• Seio sagital superior: ímpar e mediano, percorre a margem de inserção da foice do cérebro. 
Termina na confluência dos seios, próximo à protuberância occipital interna, formada pela 
confluência dos seios sagital superior, reto e occipital e pelo inicio dos seios transversos 
esquerdo e direito. 
 
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• Seio sagital inferior: margem inferior da foice do cérebro, termina no seio reto. 
• Seio occipital: margem da foice do cerebelo 
• Seio transverso: é par, dispõe-se de cada lado da inserção da tenda do cerebelo no osso 
occipital, desde a confluência dos seios até a parte petrosa do osso temporal, onde passa a 
ser denominado seio sigmoide. 
• Seio reto: ao longo da linha de união entre a foice do cérebro e a tenda do cerebelo. Recebe 
anteriormente o seio sagital inferior e veia cerebral magna, terminando na confluência dos 
seios 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SEIOS DA BASE 
• Seio cavernoso: situado de cada lado do corpo do esfenoide e da sela túrcica. Recebe o 
sangue das veias oftálmica superior e central da retina, além de algumas veias do cérebro. 
Drena através dos seios petroso inferior e superior e comunica-se com o seio cavernoso do 
outro lado através do seio intercavernoso. É atravessado pela artéria carótida interna, nervo 
abducente, troclear, oculomotor e ramo oftálmico do trigêmeo. 
• Seios intercavernosos: unem os dois seios cavernosos, envolvendo a hipófise. 
• Seio esfenoparietal: percorre a face inferior da pequena asa do esfenoide e desemboca no 
seio cavernoso. 
• Seio petroso superior: na porção petrosa do osso temporal, ao longo da inserção da tenda 
do cerebelo, drena o sangue do seio cavernoso para o seio sigmoide. 
• Seio petroso inferior: percorre o sulco petroso inferior e termina na veia jugular interna 
• Plexo basilar: comunica-se com o seio petroso inferior e cavernoso, liga-se ao plexo do 
forame occipital e, através deste, ao plexo venoso vertebral interno. 
• Seio sigmoide – em forma de S, continuação do seio transverso até o forame jugular, onde 
continua com a veia jugular interna.Marcelle Souza – MED 118 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2. ARACNOIDE 
Separa-se da dura máter por um espaço virtual denominado subdural, o qual contém pequena 
quantidade de líquido para lubrificação entre as duas membranas. Separa-se da pia máter pelo 
espaço subaracnóideo, que contém o líquor, havendo ampla comunicação entre o espaço 
subaracnóideo do encéfalo e da medula. Presença de trabéculas aracnoideas entre a pia máter e 
aracnoide. 
CISTERNAS SUBARACNOIDEAS 
Dilatações do espaço subaracnóideo que contém grandes quantidades de líquor. 
• Cisterna cerebelo-medular ou cisterna 
magna: a maior e mais importante. Entre 
a face inferior do cerebelo, o teto do IV 
ventrículo e a face dorsal do bulbo. 
Continua caudalmente com o espaço 
subaracnóideo da medula e liga-se ao IV 
ventrículo pela sua abertura mediana. 
Punções suboccipitais para retirada de 
líquor. 
• Cisterna pontina 
• Cisterna interpeduncular 
• Cisterna quiasmática 
• Cisterna superior 
• Cisterna da fossa lateral do cérebro 
 
 
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GRANULAÇÕES ARACNOIDEAS 
Prolongamento do espaço subaracnóideo em direção a um seio da dura máter. Absorção do líquor. 
Passagem do líquor para o sangue. Predominam no seio sagital superior. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3. PIA MÁTER 
Mais interna das meninges, aderida intimamente à superfície do encéfalo. Membrana pio-glial – 
recebe prolongamentos dos astrócitos em sua porção mais profunda. Dá resistência aos órgãos 
nervosos. 
LÍQUOR 
• Fluido aquoso e incolor 
• Ocupa o espaço subaracnóideo e as cavidades ventriculares 
• Proteção mecânica do SNC 
• Volume total: 100-150 ml – renova-se 
completamente a cada 8 horas 
• Formação, circulação e absorção do líquor – 
plexos corioides e epêndima das paredes 
ventriculares 
o Ventrículos laterais (corno inferior e parte 
central) 
o Forames interventriculares 
o III ventrículo 
o Aqueduto cerebral 
o Aberturas laterais e mediana do IV 
ventrículo 
o Espaço subaracnóideo 
o Granulações aracnoideas 
o Seios da dura máter 
o Circulação sistêmica 
 
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HEMATOMAS 
 
a. Hematoma extradural: entre osso e dura máter – origem arterial; evolução rápida 
b. Hematoma subdural: entre dura máter e aracnoide. As pequenas veias que drenam para o 
encéfalo precisam sair da região do parênquima e atingir os seios da dura máter – podem 
se romper e gerar o hematoma – origem venosa; evolução lenta 
 
CORRELAÇÕES CLÍNICAS 
 
a. Hidrocefalias 
a. Acúmulo de líquor no SNC 
i. Comunicante: pouco frequentes; não há problema na circulação; excesso de 
produção ou déficit de absorção 
ii. Não comunicante: mais frequentes; existe obstrução 
 
b. Hipertensão craniana 
a. Estojo ósseo + meninges formam um compartimento inexpansível e tem que abrigar 
o parênquima, vasos sanguíneos e líquor 
b. Causas: 
i. ↑ parênquima – tumores 
ii. ↑ sangue – hematomas 
iii. ↑ líquor – hidrocefalias 
c. Caso não resolvida, pode levar a hérnias – deslocamento de tecido nervoso por uma 
compressão não resolvida 
 
c. Hérnias intracranianas 
a. Cíngulo – giro do cíngulo passa por baixo da foice do cérebro e vai para o lado 
oposto. Comprime a artéria cerebral anterior dos dois lados 
b. Úncus – maior pressão no compartimento supratentorial – empurra úncus pela 
incisura da tenda do cerebelo e comprime a região posterior do mesencéfalo – SARA 
e oculomotor – coma 
c. Tonsilas – aumento generalizado de pressão dentro da caixa craniana e força a 
tonsila do cerebelo a passar pelo forame magno – comprime a região posterior do 
bulbo comprimindo a formação reticular com seus centros respiratório e vasomotor 
– parada cardiorrespiratória 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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EXERCÍCIOS MENINGES E VASCULARIZAÇÃO 
 
Situação Problema 1 
Paciente do sexo masculino, 50 anos, após ter passado por uma extensa cirurgia para exérese 
de um tumor cerebral, evoluiu com quadro de febre, cefaleia intensa, náuseas, vômitos e sinais 
de irritação meníngea (rigidez de nuca). O quadro foi abrupto, tendo início poucas horas após 
o procedimento cirúrgico. Foi realizada uma punção liquórica que evidenciou mais de 1000 
células/mm3 (normal até 05 células/mm3), com predomínio de polimorfonucleares, além de 
hipoglicorraquia sugerindo um processo infeccioso. Com base em seus conhecimentos de 
neuroanatomia, responda: 
a) Qual estrutura do SNC está comprometida? 
 
b) A principal queixa do paciente era a cefaleia intensa. O que justifica este sintoma? 
 
 
c) A punção liquórica foi realizada provavelmente em que local? Explique. 
 
 
 
 
d) Onde o líquor é produzido? E absorvido? 
 
 
 
 
e) Esquematize a circulação liquórica. 
 
 
 
 
 
 
Situação Problema 2 
Paciente do sexo feminino, 67 anos, hipertensa, diabética, em uso irregular de medicação, 
chega acompanhada pela filha ao setor de emergência, com queixa de quadro súbito de 
“fraqueza na perna” e dificuldade de caminhar. Ao exame foi detectada paresia e diminuição 
de sensibilidade em membro inferior direito com prejuízo da deambulação. A filha ainda relatou 
que a mãe estava estranha, distraída e mais agressiva, desde que tudo começou pela manhã. 
O exame de imagem confirmou um acidente vascular encefálico obstrutivo. Sobre o caso 
responda: 
a) Qual a provável artéria acometida e o lado da lesão? 
 
 
b) Qual a origem dessa artéria no Polígono de Willis? Seria possível um mecanismo 
compensatório? 
 
 
 
 
 
Marcelle Souza – MED 118 
 
 
 
c) Qual o território cortical de irrigação dessa artéria? 
 
 
 
 
 
d) Considerando os sintomas da paciente, em quais áreas corticais está bem caracterizado 
o comprometimento isquêmico? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Marcelle Souza – MED 118 
 
Sistema nervoso autônomo 
Sistema nervoso somático: sistema nervoso da vida de relação 
o Aferente: leva impulsos dos receptores periféricos aos centros nervosos 
o Eferente: leva aos músculos esqueléticos o comando dos centros nervosos 
Sistema nervoso visceral: sistema nervoso da vida vegetativa 
o Aferente: conduz impulsos dos visceroreceptores a áreas específicas do SNC 
o Eferente: traz impulsos de centros nervosos a estruturas viscerais, terminando em 
glândulas, músculo liso e músculo estriado cardíaco – SISTEMA NERVOSO 
AUTÔNOMO – fibras eferentes viscerais gerais 
Somático eferente Visceral eferente 
Músculos esqueléticos Músculo cardíaco, músculo liso e glândulas 
Voluntário Involuntário 
1 neurônio – neurônio motor somático – corpo 
na coluna anterior da medula 
2 neurônios – corpo do neurônio pré-
ganglionar presente no SNC e corpo do 
neurônio pós-ganglionar no SNP (em gânglios) 
 
ORGANIZAÇÃO DO SNA 
Diencéfalo e telencéfalo regulam as funções viscerais, sendo o hipotálamo o mais importante. 
Corpo do neurônio pré-ganglionar Corpo do neurônio pós-ganglionar 
Medula – T1 a L2 (toracolombar – coluna 
lateral), S2-S4 
Gânglios do SNA, fora do SNC, envolvidos por 
células neurogliais denominadas anficitos 
Tronco encefálico – agrupa-se formando 
núcleos de origem de alguns nervos 
cranianos, como o nervo vago 
Neurônios multipolares 
Fibra pré-ganglionar mielínica – mielina + 
neurilema 
Fibra pós-ganglionar amielínica – só 
neurilema – fibra de Remak – terminam nas 
vísceras em contato com glândulas, músculo 
liso ou cardíaco 
 
DIFERENÇAS ENTRE SISTEMA NERVOSO SIMPÁTICO E PARASSIMPÁTICO 
Diferenças anatômicas e farmacológicas 
Critério Simpático Parassimpático 
Posição dos neurônios pré-
ganglionares 
Na coluna lateral da medula, 
de T1 a L2 – 
TORACOLOMBAR 
No tronco encefálico (núcleos 
de nervos cranianos) ou 
medula (S2-S4) – 
CRANIOSACRAL 
Posição dos neurônios pós-
ganglionares 
Gânglios paravertebrais e pré-
vertebrais – longe da vísceraGânglios próximos ou dentro 
das vísceras 
Tamanho das fibras pré-
ganglionares 
Curtas Longas 
Tamanho das fibras pós-
ganglionares 
Longas Curtas 
Classificação farmacológica 
das fibras pré-ganglionares 
Colinérgicas Colinérgicas 
 
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Classificação farmacológica 
das fibras pós-ganglionares 
Adrenérgicas – noradrenalina 
– exceto: glândulas 
sudoríparas e vasos dos 
músculos estriados 
esqueléticos, que são 
colinérgicas 
Colinérgicas – acetilcolina 
 
DIFERENÇAS FISIOLÓGICAS 
De maneira geral, os SNA simpático e parassimpático possuem ações antagônicas, mas trabalham 
em harmonia para promover a homeostase. 
Maioria das estruturas corporais tem inervação autônoma mista, exceto glândulas sudoríparas, 
eretores do pelo e pineal (inervação simpática). 
• Simpático 
o 1 pré ativando vários pós 
o Reação de alarme – “to fight or to flight” 
o Ações difusas e amplas 
• Parassimpático 
o 1 pré ativando poucos pós 
o Ações mais localizadas 
o Geralmente associadas ao relaxamento 
Órgãos Simpático Parassimpático 
Íris Midríase Miose 
Coração Taquicardia e dilatação das 
coronárias 
Bradicardia e constrição das 
coronárias 
Vasos sanguíneos Vasoconstrição - 
Brônquios Dilatação Constrição 
Tubo digestivo Menor peristaltismo e 
fechamento dos esfíncteres 
Maior peristaltismo e abertura 
dos esfíncteres 
Bexiga Relaxamento da parede e 
enchimento 
Contração da parede e 
esvaziamento 
Glândula suprarrenal Secreção de adrenalina - 
Glândula lacrimal Pouco efeito sobre a secreção Secreção abundante 
Glândulas salivares Secreção viscosa e pouco 
abundante 
Secreção fluida e abundante 
Glândulas sudoríparas Secreção copiosa - 
Músculos eretores do pelo Ereção - 
Genitais masculinos Vasoconstrição e ejaculação Vasodilatação e ereção 
 
SISTEMA NERVOSO SIMPÁTICO 
 
1. Tronco simpático 
Duas cadeias de gânglios (pós-ganglionares) unidos por ramos interganglionares localizados a 
cada lado da coluna vertebral – gânglios paravertebrais. Da base do crânio até o cóccix, onde se 
unem. 
• Cervicais: 3 – cervical superior, médio e inferior 
• Torácicos: 10 
• Lombares: 3 a 5 
 
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• Sacrais: 4 a 5 
• Coccígeo: 1 – ímpar – onde convergem e terminam as duas cadeias simpáticas 
 
2. Nervos esplâncnicos 
• Formados a partir de T5: maior (termina nos gânglios celíacos), menor (termina nos gânglios 
aórtico-renais) e imo. 
• Possuem trajeto descendente, atravessam o diafragma e penetram na cavidade abdominal, 
onde terminam nos gânglios pré-vertebrais. 
• São fibras pré-ganglionares que passaram pelo tronco simpático sem fazer sinapse, já que 
fazem sinapse nos gânglios vertebrais. 
 
3. Gânglios vertebrais 
• Localizados anteriormente à coluna vertebral e artéria aorta abdominal 
• Dois gânglios celíacos 
• Dois gânglios aórtico-renais 
• Um gânglio mesentérico superior 
• Um gânglio mesentérico inferior 
 
4. Ramos comunicantes 
• Brancos 
o Unem medula ao tronco 
o Fibras pré-ganglionares 
o T1 a L2 
• Cinzentos 
o Unem o tronco aos nervos espinhais 
o Fibras pós-ganglionares 
o Todos os nervos espinhais 
o Como o número de gânglios do tronco simpático é frequentemente menor que o 
número de nervos espinhais, de um gânglio pode emergir mais de um ramo 
comunicante cinzento 
 
5. Filetes vasculares e nervos cardíacos cervicais 
• Nervos cardíacos cervicais superior, médio e inferior, que se destacam dos gânglios 
cervicais correspondentes, dirigindo-se ao coração 
• Nervos acompanhando vasos – colando nas adventícias – ex.: nervo e plexo carotídeo 
interno 
 
INERVAÇÃO DA PUPILA 
1. Neurônio pré-ganglionar 
a. T1 e T2 
2. Fibra pré-ganglionar 
a. Ramo comunicante branco 
3. Neurônio pós-ganglionar 
4. Tronco simpático 
a. Gânglio cervical superior 
5. Fibra pós-ganglionar 
a. Nervo e plexo carotídeo interno 
6. Músculo dilatador da pupila 
 
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Lesões: Síndrome de Horner 
• Miose 
• Queda da pálpebra 
• Vasodilatação cutânea e deficiência de sudorese 
 
SISTEMA NERVOSO PARASSIMPÁTICO 
 
1. Parte craniana 
• Neurônio pré-ganglionar 
o Tronco encefálico – núcleos de nervos cranianos (que compõem a coluna eferente 
visceral geral) 
▪ Núcleo de Edinger-Westphal 
▪ Núcleo lacrimal 
▪ Núcleo salivatório superior 
▪ Núcleo salivatório inferior 
▪ Núcleo dorsal do vago 
• Fibra pré-ganglionar 
o Nervos cranianos III, VII, IX, X 
• Neurônio pós-ganglionar 
o Gânglio ciliar – nas proximidades do ramo oftálmico do trigêmeo 
o Gânglio óptico – nas proximidades do ramo mandibular do trigêmeo 
o Gânglio pterigopalatino – nas proximidades do ramo maxilar do trigêmeo 
o Gânglio submandibular – nas proximidades da glândula submandibular 
• Fibra pós-ganglionar 
• Vísceras 
Núcleo Nervo craniano Gânglio Órgão inervado 
Edinger-Westphal – 
mesencéfalo 
III Ciliar Músculo esfíncter da 
pupila e músculo ciliar 
Lacrimal – ponte VII Pterigopalatino Glândula lacrimal 
Salivatório superior 
– ponte 
VII Submandibular Glândulas 
submandibular e 
sublingual 
Salivatório inferior – 
bulbo 
IX Óptico Glândula parótida 
Dorsal do vago – 
bulbo 
X Viscerais Vísceras torácicas e 
abdominais 
 
2. Parte sacral 
• Neurônio pré-ganglionar 
o S2-S4 
• Fibra pré-ganglionar 
o Raízes ventrais dos nervos espinhais sacrais 
▪ Nervos esplâncnicos pélvicos se destacam dos espinhais – eretores 
• Neurônio pós-ganglionar 
o Vísceras pélvicas 
• Fibra pós-ganglionar 
• Vísceras 
 
Marcelle Souza – MED 118 
 
INERVAÇÃO DA BEXIGA 
• Quando a bexiga está cheia, o músculo detrusor da bexiga se distende 
• A informação dessa distensão é levada por fibras aferentes até a medula 
o Simpático – T10 A L2 
o Parassimpático – S2 a S4 
• A informação é passada para o parassimpático sacral – S2-S4 – raízes ventrais → nervos 
espinhais sacrais → nervos esplâncnicos pélvicos 
• Dos esplâncnicos vão ao gânglio parassimpático na víscera 
• Esvazia bexiga 
Até o primeiro ano de vida, a fibra que chega à medula trazendo a informação sensitiva se comunica 
com o sistema motor diretamente através de um arco reflexo e desencadeia o esvaziamento da 
bexiga. 
Com o desenvolvimento e maturidade das estruturas do sistema nervoso – quando essa informação 
chega à medula, ela sobe em direção ao cérebro, tomamos a consciência de que a bexiga está 
cheia – podemos segurar se quisermos. 
Simpático + parassimpático + parte aferente do sistema nervoso visceral constituem os plexos 
viscerais, que existem nas cavidades torácica, abdominal e pélvica. 
EXERCÍCIOS SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO 
Situação Problema 1 
Paciente do sexo feminino, 67 anos, internada na enfermaria de cuidados paliativos com câncer 
avançado em ápice de pulmão direito, evoluiu com miose, vasodilatação cutânea e rubor 
associados à deficiência de sudorese em hemiface direita. Foi avaliada pelo médico assistente 
que suspeitou de Síndrome de Horner com comprometimento da inervação da pupila. 
a) Qual inervação foi comprometida? Esquematize esta inervação. 
 
 
 
 
 
 
b) Aponte o provável local da lesão considerando o histórico da paciente. 
 
 
 
c) Os sinais e sintomas da paciente estão associados à atividade de que parte do sistema 
nervoso autônomo? Explique. 
 
 
 
 
Marcelle Souza – MED 118 
 
d) Qual a origem e trajeto das fibras responsáveis pela miose apresentada pela paciente.do SNC e, assim, formando a via 
ascendente da medula. 
 
2. Neurônios de axônio curto (tipo II de Golgi) 
2.1. Neurônios internunciais: seu axônio é curto e, portanto, permanece na substância 
cinzenta. Faz conexão com as fibras aferentes que penetram pela raiz dorsal e os neurônios 
motores da coluna anterior, formando os arcos reflexos polissinápticos medulares. 
 
SUBSTÂNCIA BRANCA 
 
1. VIAS DESCENDENTES 
São formadas por fibras que se originam no córtex ou de várias áreas do tronco encefálico e que 
terminam fazendo sinapse com os neurônios medulares. A divisão dessas vias ocorre em dois 
sistemas, sendo eles: sistema lateral e sistema medial. 
• Sistema lateral 
 
Marcelle Souza – MED 118 
 
Composto por fibras nervosas que terminam nos neurônios do grupo lateral da coluna anterior, em 
sua porção mais lateral, ou seja, a porção que contém o grupo de neurônios responsáveis pela 
inervação da musculatura do esqueleto apendicular distal – motricidade voluntária, com 
movimentos precisos e delicados. 
- Trato corticoespinhal lateral: motricidade voluntária da musculatura distal 
- Trato rubroespinhal (involuído no homem) 
A MOTRICIDADE VOLUNTÁRIA É CRUZADA, o trato corticoespinhal lateral cruza antes de chegar 
à medula. 
• Sistema medial 
Composto por fibras nervosas que terminam nos neurônios restantes da coluna anterior, ou seja, 
os do grupo medial e os da porção mais medial do grupo lateral – motricidade voluntária, inervação 
da musculatura do esqueleto axial e apendicular proximal, funções predominantemente 
relacionadas à manutenção do equilíbrio e da postura básica. 
- Trato corticoespinhal anterior 
- Trato vestibuloespinhal lateral 
- Trato vestibuloespinhal medial 
- Trato reticuloespinhal bulbar 
- Trato reticuloespinhal pontino 
- Trato tetoespinhal 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2. VIAS ASCENDENTES 
Trato corticoespinhal lateral 
Trato rubroespinhal 
 
Marcelle Souza – MED 118 
 
São formadas por fibras cordonais de projeção ou ramos ascendentes de fibras da raiz dorsal 
(fascículos grácil e cuneiforme). Cada filamento radicular da raiz dorsal, ao ganhar o sulco lateral 
posterior, divide-se em dois grupos de fibras: grupo medial e grupo lateral. Essas fibras se 
bifurcam em um ramo ascendente, mais longo, e um descendente, mais curto, além de ramos 
colaterais. Ao entrar na medula, há várias possibilidades de sinapses, dentre elas: 
- sinapses com neurônios motores, na coluna anterior: arco reflexo somático; 
- sinapses com neurônios pré-ganglionares, na coluna lateral: arco reflexo visceral; 
- sinapses com neurônios internunciais, na coluna posterior: arco reflexo polissináptico; 
- sinapses com neurônios cordonais de associação, na coluna posterior: arco reflexo 
intersegmentar; 
- sinapses com neurônios cordonais de projeção, na coluna posterior: vias ascendentes; 
- passar pela medula sem fazer sinapse, ascendendo até o bulbo e, lá, fazendo sinapse nos núcleos 
grácil e cuneiforme: fibras dos fascículos grácil e cuneiforme, que são fibras ascendentes do grupo 
medial. 
• Vias ascendentes do funículo posterior 
- Fascículo grácil (medialmente): identificado em toda extensão da medula, conduz impulsos dos 
membros inferiores e metade inferior do tronco; DIRETO; 
- Fascículo cuneiforme (lateralmente): identificado na medula cervical e torácica alta, conduz 
impulsos dos membros superiores e metade superior do tronco; DIRETO. 
* funções: 
- propriocepção consciente; 
- tato epicrítico (discriminativo); 
- sensibilidade vibratória; 
- estereognosia: capacidade de perceber, com as mãos, a forma e tamanho de um objeto. 
• Vias ascendentes do funículo lateral 
- Trato espinocerebelar anterior: propriocepção inconsciente e detecção dos níveis de atividade 
do trato corticoespinhal; CRUZADO; 
- Trato espinocerebelar posterior: propriocepção inconsciente; DIRETO; 
- Trato espinotalâmico lateral: temperatura e dor (aguda e de localização precisa); CRUZADO. 
• Vias ascendentes no funículo anterior 
- Trato espinotalâmico anterior: pressão e tato protopático (mais grosseiro); CRUZADO. 
 
 
 
Marcelle Souza – MED 118 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
• A sensibilidade tátil tem duas vias na medula, uma direta, no funículo posterior, e uma 
cruzada, no funículo anterior, sendo, portanto, difícil perder toda a sensibilidade tátil nas 
lesões medulares, com exceção de quando há transecção completa do órgão. 
• Observando o quadro, podemos ver que estruturas situadas mais posteriormente tendem a 
ter trajeto direto, enquanto que as anteriores, cruzado. 
CORRELAÇÕES ANATOMOCLÍNICAS 
• Paralisias flácidas: hiporreflexia + hipotonia + atrofia = síndrome do neurônio motor inferior. 
A hiporreflexia é devido à perda da eferência do reflexo, de modo que o neurônio motor que 
desencadeia a contração está lesionado. A hipotonia é a perda da resistência normal 
(“membro bobo”). 
• Paralisias espásticas: hiperreflexia + hipertonia + sinal de Babinski positivo = síndrome do 
neurônio motor superior. 
↓ 
O tônus é o estado de tensão elástica que o músculo em repouso apresenta e que permite iniciar 
a contração mais rapidamente. Durante a manutenção da postura, por exemplo, por ação da 
gravidade, o tronco tende a cair, o que gera um reflexo de estiramento, estirando as fibras 
intrafusais, o que sensibiliza fibras sensitivas ali presentes que mandam o estímulo para a medula. 
Na coluna anterior, fazem sinapses com os motoneurônios alfa que determinam a contração das 
fibras extrafusais. O neurônio motor superior é responsável por modular esse processo, 
estabelecendo vias inibitórias e excitatórias que geram o balanço entre inibição e estímulo da 
contração. Por isso, mesmo havendo um estiramento natural causado pela gravidade nos nossos 
membros, não há flexão, por exemplo, dos braços de forma involuntária, pois há vias inibitórias 
 
Marcelle Souza – MED 118 
 
ativadas pelo neurônio motor superior. Todavia, em uma síndrome do neurônio motor superior, há 
a perda desse balanço entre estímulo e inibição e, como a via eferente do neurônio motor inferior 
está integra, haverá reflexo, porém, com uma resposta acentuada (podendo apresentar clônus). A 
hipertonia é encontrada no padrão espasticidade, sendo que, nos membros superiores, a 
musculatura flexora é hipertônica (resistência para a extensão) e nos membros inferiores a 
musculatura hipertônica é a extensora (resistência para a flexão). A explicação de afetar diferentes 
grupos musculares está ligada à ação da gravidade. Nos membros superiores: a gravidade leva ao 
estiramento das fibras, estimulando a contração e, como não há regulação por vias inibindo o 
motoneurônio alfa, a musculatura permanece contraída (flexão de punho, flexão do cotovelo, 
adução do ombro e rotação medial do ombro). Nos membros inferiores: a gravidade tende a fletir o 
joelho e o quadril, o que estira a musculatura antagonista extensora, de forma que o membro inferior 
fique em extensão. O sinal de Babinski está relacionado a uma extensão do hálux durante o reflexo 
cutâneo-plantar. Essa extensão indica lesão do neurônio motor superior, com comprometimento do 
funículo lateral, por onde passa o trato corticoespinhal lateral. 
 
→ Lesões das raízes nervosas 
- Hérnia de disco 
- Tabes Dorsalis: associada à neurosífilis, com comprometimento das fibras que formam os 
fascículos grácil e cuneiforme – perda de propriocepção consciente, sensibilidade vibratória, 
estereognosia e tato epicrítico. 
 
→ Lesões na medula 
• Coluna anterior 
- Poliomielite e Esclerose lateral amiotrófica (ELA) 
• Canal central 
- Siringomielia: alargamento do canal central, o que comprime a comissura branca e as fibras do 
trato espinotalâmico lateral que ali cruzam, causando perda de sensibilidade térmica e dolorosa. O 
tato épreservado e, portanto, há uma “dissociação sensitiva”. 
• Lesões traumáticas 
 
- HEMISSECÇÃO 
Síndrome de Brown-Séquard: sintomas do mesmo lado são decorrentes de tratos não cruzados na 
medula, como o corticoespinhal lateral e fascículos grácil e cuneiforme; sintomas do lado oposto 
são decorrentes de tratos que cruzam na medula, como os tratos espinotalâmicos lateral e anterior. 
- TRANSECÇÃO 
“Choque espinhal” – perda absoluta da sensibilidade, movimentos e do tônus nos músculos 
inervados pelos segmentos medulares abaixo da lesão. 
- COMPRESSÃO 
• Intervenções cirúrgicas 
Secção cirúrgica dos tratos espinotalâmicos laterais (cordotomias) – em caso de dores resistentes 
aos medicamentos. A secção é feita acima e do lado oposto ao processo doloroso. 
 
 
 
 
 
Marcelle Souza – MED 118 
 
EXERCÍCIOS MEDULA ESPINHAL 
 
Situação Problema 1 
Paciente de 56 anos de idade, vítima de acidente automobilístico, foi levado pelo SAMU ao 
Hospital de Pronto Socorro com quadro de hemiplegia direita, perda de propriocepção e 
sensibilidade vibratória no tronco e nos membros também à direita, associada à perda 
contralateral da sensibilidade térmico-dolorosa e percepção de pressão. O diagnóstico foi de 
traumatismo raquimedular. Responda as questões abaixo interpretando os achados clínicos do 
paciente: 
a) Associe os achados clínicos do paciente às vias medulares comprometidas. 
 
 
 
 
 
 
b) Associe o trajeto das vias (cruzadas ou diretas) com a antimeria (lado) da lesão. 
 
 
 
 
 
c) Qual a localização destas vias na substância branca da medula? 
 
 
 
 
d) Em qual nível (região) está localizada a lesão medular? 
 
Situação Problema 2 
Paciente de oito anos de idade, recém-imigrado do Afeganistão, foi levado a Unidade Básica 
de Saúde com dificuldade de movimentação do membro inferior esquerdo, associada a febre, 
mal-estar e dor de garganta. O exame físico evidenciou flacidez muscular e paralisia do 
membro inferior esquerdo, com abolição de reflexos. A suspeita diagnóstica foi de 
comprometimento medular associado à poliomielite, doença erradicada no Brasil, mas que 
persiste em alguns países do mundo, o que impede a erradicação global. Sobre este caso, 
pergunta-se: 
a) Qual estrutura da medula foi comprometida? 
 
 
b) Como se classificam os neurônios afetados? 
 
 
c) Qual tipo de paralisia o paciente apresentou? Como você chegou a esta conclusão? 
 
 
 
d) Explique porque o paciente apresentou arreflexia (abolição de reflexos). 
 
 
 
 
Marcelle Souza – MED 118 
 
Tronco encefálico 
O tronco encefálico é a estrutura que se limita cranialmente com o diencéfalo e inferiormente com 
a medula, situando-se anteriormente ao cerebelo. Ele se subdivide em: 
• Bulbo: mais caudal 
• Ponte: entre bulbo e mesencéfalo 
• Mesencéfalo: mais cranial 
No tronco encefálico há conexão com 10 dos 12 pares de nervos cranianos (do III ao XII) 
 
NERVOS CRANIANOS 
 
I – nervo olfatório 
II – nervo óptico 
III – nervo oculomotor 
IV – nervo troclear 
V – nervo trigêmeo 
VI – nervo abducente 
VII – nervo facial 
VIII – nervo vestibulococlear 
IX – nervo glossofaríngeo 
X – nervo vago 
XI – nervo acessório 
XII – nervo hipoglosso 
 
Limite inferior: forame magno 
Limite superior: sulco bulbo-pontino 
 
A superfície do bulbo é percorrida por sulcos longitudinais que continuam com os sulcos da medula, 
de forma a delimitar as áreas anterior, lateral e posterior do bulbo (continuação dos funículos 
medulares). 
 
- Área anterior: percorrida pela FISSURA MEDIANA 
ANTERIOR. De cada lado dessa fissura há uma eminência 
denominada pirâmide (entre fissura mediana anterior e 
sulco lateral anterior), a qual é formada pelas fibras 
descendentes que formam o trato corticoespinhal. As fibras 
desse trato cruzam o plano mediano obliquamente na 
decussação das pirâmides (inferior às pirâmides). 
 
- Área lateral: situada entre o SULCO LATERAL 
ANTERIOR e o SULCO LATERAL POSTERIOR, contém 
uma eminência oval, a oliva, formada essa por substância 
cinzenta (núcleo olivar inferior). 
• Sulco lateral anterior: dele emergem filamentos radiculares do nervo hipoglosso (XII) 
XI 
X 
IX 
XII 
 
Marcelle Souza – MED 118 
 
• Sulco lateral posterior: dele emergem filamentos radiculares dos nervos glossofaríngeo 
(IX), vago (X) e a raiz craniana do nervo acessório (XI). 
 
- Área posterior: situada entre o SULCO LATERAL POSTERIOR e o SULCO MEDIANO 
POSTERIOR, subdividindo-se, assim como o funículo posterior da medula, em fascículo grácil e 
cuneiforme pelo SULCO INTERMÉDIO POSTERIOR. As fibras ascendentes dos fascículos grácil 
e cuneiforme terminam, respectivamente, nos núcleos grácil (tubérculo do núcleo grácil) e 
cuneiforme (tubérculo do núcleo cuneiforme). 
• Sulco mediano posterior: termina a meia altura do bulbo e o afastamento dos seus lábios 
contribui para a formação dos limites laterais do IV ventrículo. 
O grosso feixe de fibras que conecta o bulbo ao cerebelo é o pedúnculo cerebelar inferior. 
 
Limite inferior: sulco bulbo-pontino 
Limite superior: mesencéfalo 
Limite lateral: pedúnculo cerebelar médio (as fibras 
transversais da superfície da ponte, que formam suas 
estriações, se convergem para formar o pedúnculo de 
cada lado). 
Longitudinalmente e ventralmente, é percorrida pelo 
sulco basilar, o qual abriga a artéria basilar. 
 
Conexão com nervos: 
• Nervo trigêmeo (V): emerge entre a ponte e o 
pedúnculo cerebelar médio, possui uma raiz 
sensitiva (maior) e uma raiz motora (menor); 
• No sulco bulbo-pontino (de medial para lateral): 
nervo abducente (VI), nervo facial (VII) – raiz 
sensitiva (nervo intermédio) e raiz motora (maior) 
– e nervo vestibulococlear (VIII). 
 
Síndrome do ângulo ponto-cerebelar: muitas raízes nervosas em uma área pequena 
desencadeia uma riqueza de sintomas. 
 
Limite inferior: ponte 
Limite superior: diencéfalo 
 
É atravessado pelo aqueduto cerebral, canal que liga o III ao IV ventrículo. Em volta do aqueduto 
há a substância cinzenta periaquedutal. 
 
- Posteriormente ao aqueduto: teto do mesencéfalo 
- Anteriormente ao aqueduto: dois pedúnculos cerebrais 
 
 
VII 
V 
VIII
 
VI 
 
Marcelle Souza – MED 118 
 
• Teto do mesencéfalo – vista dorsal 
Quatro colículos (dois superiores, que fazem conexão com o 
corpo geniculado lateral, da via óptica; e dois inferiores que se 
conectam ao corpo geniculado medial, da via auditiva). 
Caudalmente a cada colículo inferior emerge o nervo troclear 
(IV), único nervo craniano que emerge dorsalmente. 
 
• Pedúnculos cerebrais – vista ventral 
Parte posterior: tegmento e parte anterior: base; separados 
pela substância negra. A partir da substância negra é possível 
delimitar dois sulcos, um lateral e um medial. Do sulco medial 
emerge o nervo oculomotor (III). Delimitam uma depressão, 
a fossa interpeduncular, limitada esta anteriormente pelos 
corpos mamilares. No fundo da fossa há a substância 
perfurada posterior. 
 
 
 
→ IV VENTRÍCULO 
Continua caudalmente com o canal central do bulbo e cranialmente com o aqueduto cerebral. Sua 
comunicação com o espaço subaracnóideo se dá através de duas aberturas laterais e uma abertura 
mediana dos recessos laterais. 
• Assoalho 
É formado pela parte dorsal da ponte e porção aberta do bulbo. 
Limite ínfero-lateral: pedúnculo cerebelar inferior, tubérculos do núcleo grácil e cuneiforme. 
Limite súpero-lateral: pedúnculo cerebelar superior. 
 
• Teto 
Metade cranial: véu medular superior (fina lâmina de substância branca). 
Metade caudal: véu medular inferior, tela corioide e plexo corioide – produz líquor (líquido 
cerebroespinhal). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
IV 
Sulco mediano 
Colículo facial 
Eminência medial 
Sulco limitante 
Trígono do 
hipoglosso 
Locus ceruleus 
Estrias medulares do IV 
ventrículoÁrea vestibular 
III 
 
Marcelle Souza – MED 118 
 
MICROSCOPIA DO TRONCO ENCEFÁLICO 
O sulco mediano posterior do bulbo, continuação do presente na medula, afasta seus lábios para 
a abertura do IV ventrículo. Na medula, a substância cinzenta era disposta em colunas, de forma 
que a coluna anterior é eferência somática (ES), a coluna lateral eferência visceral geral (EVG) e 
coluna posterior aferência somática e visceral geral (ASG e AVG). Com a abertura do IV ventrículo, 
há uma rotação dessa estrutura, de forma que a eferência, antes anterior, passa a ser medial, 
enquanto que a aferência, antes posterior, passa a ser lateral. Os núcleos motores (mediais) são 
separados dos núcleos sensitivos (laterais) por meio do sulco limitante do IV ventrículo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A substância cinzenta do tronco é fragmentada (núcleos), 
sendo divida em substância cinzenta homóloga e 
substância cinzenta própria. A homóloga é composta por 
colunas de nervos cranianos, como disposto na imagem ao 
lado. A coluna de eferência somática (ES) é a mais medial 
de todas. A coluna de eferência visceral geral (EVG), 
representada em amarelo, é aquela relacionada ao SNA. A 
de eferência visceral especial (EVE) é que inerva músculos 
de origem branquiomérica (mastigação, deglutição e 
músculos da mímica/expressão facial). A de aferência 
visceral é dividida em geral (SNA) e especial (gustação e 
olfação, sendo no tronco apenas gustação). A de aferência 
somática geral (ASG) está relacionada à sensibilidade geral 
da cabeça (dor, temperatura, propriocepção e tato). Já a 
coluna de aferência somática especial (ASE) relaciona-se 
com a visão, audição e equilíbrio (a visão não se inclui no 
tronco). 
 
 
Marcelle Souza – MED 118 
 
MICROSCOPIA DO BULBO 
1. Substância cinzenta homóloga 
 
• Eferência somática: núcleo do hipoglosso – 1 – 
motricidade voluntária da língua; 
• Eferência visceral geral: núcleo do vago – 2 – inerva 
vísceras torácicas e abdominais e núcleo salivatório 
inferior – 3 – inervação da parótida; 
• Eferência visceral especial: núcleo ambíguo – 4 – 
deglutição e fonação (faringe e laringe); 
• Aferência visceral geral e aferência visceral especial: 
núcleo do trato solitário – 5 – gustação; 
• Aferência somática geral: núcleo do trato espinhal do 
trigêmeo – 6 – dor e temperatura; 
• Aferência somática especial: núcleos vestibulares inferior (7) e medial (8) – equilíbrio. 
Macete para memorizar os núcleos: ato de tomar sorvete: 
• Coloca a língua para fora: núcleo do hipoglosso (músculos da língua); 
• Percebe que está frio: núcleo do trato espinhal do trigêmeo (sensibilidade geral da cabeça; 
dor e temperatura); 
• Sente o gosto do sorvete: núcleo do trato solitário (gustação); 
• Começamos a salivar: núcleo salivatório inferior (inerva parótida); 
• Engole o sorvete: núcleo ambíguo (deglutição); 
• Sorvete vai para o estômago sofrer ação do suco gástrico: núcleo dorsal do vago (inerva 
vísceras torácicas e abdominais); 
• Mantemos o equilíbrio durante todo o processo: núcleos vestibulares inferior e medial 
(equilíbrio). 
 
2. Substância cinzenta própria 
 
• Núcleo grácil e núcleo cuneiforme: recebem fibras do funículo posterior da medula. Nos 
núcleos grácil e cuneiforme, essas fibras cruzam o plano mediano na decussação sensitiva 
formando as fibras arqueadas internas, as quais se fletem cranialmente para formar o 
lemnisco medial (carrega informações de tato epicrítico, estereognosia, sensibilidade 
vibratória e propriocepção consciente). O lemnisco medial leva essas informações ao 
tálamo. 
• Complexo olivar inferior: recebe aferências do córtex cerebral, núcleo rubro e medula. 
Também cruzam o plano mediano na decussação sensitiva e, através das fibras 
olivocerebelares, se dirigem ao cerebelo (via pedúnculo cerebelar inferior). Está associado 
à aprendizagem motora. 
 
3. Substância branca 
FIBRAS TRANSVERSAIS 
• Fibras arqueadas internas (do núcleo grácil e cuneiforme para formar o lemnisco medial e 
as fibras olivocerebelares em direção ao cerebelo) e fibras arqueadas externas. 
1 
3 
2 
4 
5 
8 
7 
6 
 
Marcelle Souza – MED 118 
 
FIBRAS LONGITUDINAIS 
- Vias ascendentes: tratos e fascículos 
ascendentes oriundos da medula + lemnisco 
medial 
• Fascículos grácil e cuneiforme 
• Trato espinotalâmico lateral 
• Trato espinotalâmico anterior 
• Trato espinocerebelar anterior 
• Trato espinocerebelar posterior 
• Lemnisco medial 
- Vias descendentes: tratos que vão em direção à 
medula + trato corticonuclear 
• Trato corticoespinhal 
• Trato rubroespinhal 
• Trato tetoespinhal 
• Tratos reticuloespinhais pontino e bulbar 
• Tratos vestibuloespinhais lateral e medial 
• Trato corticonuclear: origem no córtex e 
termina nos núcleos motores do tronco 
encefálico, homólogo ao trato 
corticoespinhal 
- Vias de associação 
• Fascículo longitudinal medial: transita informações entre diferentes segmentos do tronco 
encefálico – corresponde ao fascículo próprio. Está na porção medial e dorsal do tronco. 
MICROSCOPIA DA PONTE 
ESTRUTURA INTERNA 
Possui uma parte anterior (BASE) e uma parte 
posterior (TEGMENTO), que são separados pelo 
corpo trapezoide. 
- Base da ponte: fibras longitudinais (trato 
corticoespinhal, trato corticonuclear e trato 
corticopontino) e fibras transversais (associadas 
aos núcleos pontinos). Com relação às fibras 
transversais: fibras do córtex chegam à ponte via trato 
corticopontino, de forma que as fibras corticopontinas 
fazem sinapse nos núcleos pontinos. Dos núcleos 
pontinos saem as fibras transversais da ponte (pontinas ou pontocerebelares) que vão em direção 
ao cerebelo via pedúnculo cerebelar médio. Há formação da via córtico-ponto-cerebelar, de 
importância associada ao planejamento e correção de movimentos no cerebelo. 
Fascículo 
longitudinal medial 
 
Marcelle Souza – MED 118 
 
- Tegmento da ponte: substância cinzenta homóloga 
• Eferência somática: núcleo do abducente – 1 – 
inerva musculo extrínseco do olho responsável por sua 
abdução (retolateral); 
• Eferência visceral geral: núcleo lacrimal – não está 
representado na figura (inerva glândulas lacrimais) – e 
núcleo salivatório superior – 2 – submandibular e 
sublingual; 
• Eferência visceral especial: núcleo motor do 
trigêmeo – 3 – mastigação – e núcleo facial – 4 – 
músculos da mímica/expressão facial; 
• Aferência somática geral: núcleo sensitivo 
principal – 5 – tato; 
• Aferência somática especial: núcleos vestibulares 
superior – 6 – e lateral – 7 – equilíbrio – e núcleos 
cocleares – 8 – audição. 
Não há aferência visceral, a qual está presente apenas no 
bulbo (trato solitário). 
• Nervo trigêmeo (V) 
Responsável pela eferência visceral especial (nervo motor do trigêmeo, mastigação) e pela 
aferência somática geral (núcleo sensitivo principal, tato). As informações de sensibilidade geral 
veiculadas pelo trigêmeo, tanto na ponte, como também no bulbo e mesencéfalo, sobem ao tálamo 
através do lemnisco trigeminal. 
• Nervo vestibulococlear (VIII) 
Possui uma parte coclear relacionada à audição e uma parte vestibular relacionada ao equilíbrio. 
Ambas têm origem no ouvido interno. 
- AUDIÇÃO: fibras partem do gânglio espiral e, através da parte coclear do nervo vestibulococlear, 
chegam aos núcleos cocleares dorsal e ventral, na ponte. Partindo desses núcleos, a maioria das 
fibras cruza o plano mediano no corpo trapezoide, contornam o núcleo olivar superior e chegam ao 
colículo inferior (mesencéfalo) pelo lemnisco lateral. Do colículo inferior se ligam ao corpo 
geniculado medial, no tálamo, compondo a via auditiva. A via auditiva possui tanto componentes 
cruzados como não cruzados, dificultando a perda total da audição. 
- EQUILÍBRIO: fibras partem do gânglio vestibular e, através da parte vestibular do nervovestibulococlear, chegam à área vestibular, nos núcleos: superior, lateral – ponte – e inferior e 
medial – bulbo. A partir desses núcleos, mandam informações para: fascículo longitudinal medial 
(coordenação dos movimentos dos olhos com a cabeça); fascículo vestibulocerebelar (conexões 
reciprocas com o cerebelo); tratos vestibuloespinhais (equilíbrio e postura) e fibras 
vestibulotalâmicas. 
 
 
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MICROSCOPIA DO MESENCÉFALO 
ESTRUTURA INTERNA 
O mesencéfalo é dividido, a partir do aqueduto cerebral, em uma parte anterior (PEDÚNCULOS 
CEREBRAIS) e posterior (TETO MESENCEFÁLICO). 
- PEDÚNCULOS CEREBRAIS 
A substância negra os divide em base do pedúnculo e tegmento do pedúnculo. A base é formada 
por vias descendentes motoras (tratos corticoespinhal, corticonuclear e corticopontino), enquanto 
que o tegmento é formado por substância cinzenta homóloga e própria. 
- Tegmento: substância cinzenta homóloga 
• Eferência somática: núcleo do nervo troclear – 1 – 
inervação do músculo oblíquo superior – e núcleo do 
nervo oculomotor – 2 – inervação da maior parte dos 
músculos extrínsecos do olho; 
• Eferência visceral geral: núcleo de Edinger-
Westphal – 3 – inervação dos músculos intrínsecos 
do olho, também através do nervo oculomotor. 
Circuito oculomotor: parte eferente somática do oculomotor 
+ eferente visceral (núcleo de Edinger-Westphal) 
• Aferência somática geral: núcleo do trato 
mesencefálico – 4 – propriocepção. 
- Tegmento: substância cinzenta própria 
• Substância negra: tem conexões recíprocas com o 
corpo estriado, através das fibras estriatonigrais e 
nigroestriatais (dopaminérgicas) – a diminuição das 
fibras nigroestriatais e, portanto, do nível de 
dopamina, levam à doença de Parkinson. 
• Núcleo rubro: associado à motricidade voluntária; recebe aferências do córtex e do 
cerebelo, compondo o trato rubroespinhal (em direção à medula) e as fibras rubro-olivo-
cerebelares (em direção ao cerebelo). 
• Substância cinzenta periaquedutal: associada ao portão da dor. 
- TETO MESENCEFÁLICO 
• Colículos superiores – controle do olhar vertical; recebem aferência da retina (pelo nervo 
óptico – II) e do córtex visual, mandando informações para o núcleo do nervo oculomotor e 
para a medula (trato tetoespinhal). 
• Colículos inferiores – núcleo do colículo inferior recebe as fibras do lemnisco lateral e leva 
essas informações para o corpo geniculado medial. 
- ÁREA PRÉ TETAL: controle dos reflexos pupilares. 
 
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CORRELAÇÕES ANATOMOCLÍNICAS 
- Lesão de área anterior: comprometimento motor 
- Lesão de tegmento: comprometimento sensitivo 
1. Bulbo 
• Lesão da área anterior: hemiparesia oposta + lesão do XII (hipoglosso). A hemiparesia 
oposta ocorre, pois há comprometimento das pirâmides bulbares e, portanto, do trato 
corticoespinhal (cruza na decussação das pirâmides – hemiparesia oposta). A lesão do XII 
leva a um desvio da língua para o lado da lesão. 
• Síndrome de Wallemberg: comprometimento isquêmico da área dorsolateral do bulbo 
devido à oclusão da artéria cerebelar inferior posterior (ACIP), que irriga essa área. O 
comprometimento do pedúnculo cerebelar inferior e dos tratos espinocerebelares anterior e 
posterior cursam com incoordenação motora. O comprometimento do trato e núcleo espinhal 
do trigêmeo leva à perda de sensibilidade da face do lado lesado. A lesão do trato 
espinotalâmico lateral leva à perda de sensibilidade do lado oposto do corpo. Por fim, 
também podem ocorrer disfonia e disfagia devido ao comprometimento do núcleo ambíguo. 
Então, resumindo: incoordenação motora, perda de sensibilidade da face do lado lesado, 
perda de sensibilidade do corpo do lado oposto, disfonia e disfagia. 
 
2. Mesencéfalo 
• Lesão da base (síndrome de Weber): hemiparesia oposta + lesão do III (oculomotor). A 
hemiparesia oposta ocorre em decorrência do comprometimento dos tratos corticoespinhal 
e corticonuclear. A lesão do III cursa com grande alteração no movimento dos olhos, diplopia, 
estrabismo divergente (o músculo retolateral deixa de ter o balanço/oposição), midríase (por 
perda dos músculos intrínsecos). 
• Lesão do tegmento (síndrome de Benedikt): hemianestesia oposta + lesão do III. A 
hemianestesia oposta ocorre em virtude da lesão dos lemniscos medial, espinhal (tratos 
espinotalâmicos lateral e anterior) e trigeminal. Os medial e espinhal afetam a sensibilidade 
do corpo, enquanto que o trigeminal a da face. A lesão do III tem as mesmas consequências 
citadas anteriormente. 
 
3. Ponte 
• Lesão da base: hemiparesia oposta + lesão do VI (estrabismo convergente, diplopia) 
• Síndrome de Millard-Gubler: hemiparesia oposta + lesão do VI + lesão do VII 
• Lesão da base: hemiparesia oposta + lesão do V (anestesia da face e desvio da mandíbula 
em virtude da perda da inervação dos músculos mastigatórios). 
 
• PARALISIAS FACIAIS 
A parte superior da face recebe, através do nervo facial, fibras oriundas dos dois lados do córtex 
(contralaterais e ipsilaterais). A parte inferior da face, também através do nervo facial, recebe fibras 
apenas contralaterais, oriundas do lado oposto do córtex. 
- PARALISIA FACIAL PERIFÉRICA: lesão do nervo facial e, portanto, das fibras que chegam às 
metades inferior e superior do rosto – homolateral, total e flácida (síndrome do neurônio motor 
inferior). 
- PARALISIA CENTRAL: lesão do trato corticonuclear ou do próprio córtex – afeta apenas a 
metade inferior contralateral do rosto, portanto é uma paralisia parcial e espástica (síndrome do 
neurônio motor superior). 
 
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EXERCÍCIOS TRONCO ENCEFÁLICO 
Situação Problema 1 
Paciente de 60 anos de idade, diabético, hipertenso, submetido à angioplastia coronariana há 
10 anos. Evoluiu com quadro de incoordenação motora à direita, perda da sensibilidade 
térmico-dolorosa facial à direita e perda de sensibilidade térmico-dolorosa no dimidio esquerdo 
do corpo, disfagia importante associada à disfonia. Sobre o caso, responda: 
a) Que parte do tronco encefálico está comprometida? O comprometimento desta parte é 
total ou apenas de uma região? Qual a antimeria (lado)? 
 
 
b) Associe os achados clínicos do paciente às estruturas acometidas. 
 
 
 
 
c) Como é denominada esta síndrome e qual a sua principal causa? 
 
 
Situação Problema 2 
Paciente de 49 anos de idade, previamente hígida. Comparece ao Hospital Universitário 
relatando quadro de seis meses de zumbido e redução da audição à direita. Evoluiu com 
cefaleia intensa com vômitos frequentes não precedidos necessariamente de náuseas. Queixa-
se também de tontura e de que sua boca está torta. Ao exame apresenta audiometria alterada 
à direita, provas de equilíbrio alteradas, hemiparesia facial também à direita com desvio da 
comissura labial para esquerda. Sem demais observações no exame neurológico. Pergunta-
se: 
a) Que parte do tronco encefálico está provavelmente comprometida? 
 
b) Associe os achados clínicos do paciente às estruturas acometidas e sua antimeria. 
 
 
 
 
Situação Problema 3 
Paciente de 37 anos de idade chega ao pronto atendimento do Hospital Universitário com os 
seguintes sinais e sintomas: hemiparesia direita, impossibilidade de mover o olho esquerdo 
para cima, para baixo e medialmente, diplopia, ptose palpebral e midríase. Relata que estes 
sinais tiveram aparecimento súbito. Não apresenta outras alterações no exame neurológico. 
a) Que parte do tronco encefálico está provavelmente comprometida? 
 
 
b) Associe os achados clínicos do paciente às estruturas acometidas e sua antimeria. 
 
 
 
 
 
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Formação reticular 
E reflexos integrados no tronco encefálico 
 
A formação reticular é um agregado de neurônios 
de diferentestipos e tamanhos que ocupa a porção 
central do tronco encefálico. Continua com o 
diencéfalo superiormente e com a medula 
inferiormente, é uma estrutura heterogênea e 
intermediária entre substância branca e cinzenta. 
Núcleos importantes: 
• Núcleos da rafe, em destaque o núcleo 
magno da rafe: serotonina; 
• Locus ceruleus: noradrenalina; 
• Núcleo pedúnculo pontino: acetilcolina; 
• Área tegmentar ventral: dopamina. 
 
Mantém conexões recíprocas com: 
• Cérebro 
• Cerebelo 
• Nervos cranianos 
• Medula: tratos reticuloespinhais, fibras espinoreticulares e fibras rafe espinhais. 
 
Funções: 
• Controle da atividade elétrica cortical – ciclo sono e vigília 
• Controle eferente da sensibilidade 
• Controle da motricidade 
• Controle do SNA 
• Controle neuroendócrino 
• Integração de reflexos 
 
1. Controle da atividade elétrica cortical 
 
- Sistema Ativador Reticular Ascendente (SARA): sistema de fibras ascendentes que tem uma 
ação ativadora sobre o córtex cerebral. São elas: 
• Fibras serotoninérgicas (núcleos da rafe) 
• Fibras noradrenérgicas (locus ceruleus) 
• Fibras colinérgicas (núcleo pedúnculo pontino) 
 
O SARA se divide, quando no limite entre mesencéfalo e diencéfalo, em um ramo dorsal (vai ao 
tálamo e depois ao córtex) e um ventral (se agregam fibras histaminérgicas do núcleo 
tuberomamilar do hipotálamo posterior, indo direto ao córtex). 
 
- Sistema Ativador Ascendente: 
• Fibras serotoninérgicas 
• Fibras noradrenérgicas 
 
Marcelle Souza – MED 118 
 
• Fibras colinérgicas 
• Fibras histaminérgicas 
 
- Coma: lesão no Sistema Ativador Ascendente ou lesão difusa no cérebro. 
 
• Ciclo vigília-sono 
 Durante o estado de vigília, o Sistema Ativador Ascendente (SAA) transmite impulsos 
ativadores para o córtex continuamente. Um pouco antes de dormirmos, o núcleo pré-óptico 
ventrolateral do hipotálamo anterior envia impulsos inibitórios ao SAA, que deixa de ativar o córtex. 
Paralelamente, o núcleo reticular do tálamo envia impulsos inibitórios aos núcleos sensitivos 
talâmicos, de forma que barra a passagem de estímulos sensoriais ao córtex. Dessa forma, 
entramos no estado de sono de ondas lentas e de grande amplitude, no qual o eletroencefalograma 
é sincronizado e a atividade elétrica do córtex é devida a circuitos intrínsecos, sem influência de 
aferências sensoriais externas. Pouco antes de despertarmos, os neurônios do Sistema Ativador 
Ascendente voltam a disparar, cessando a inibição dos núcleos talâmicos sensitivos e iniciando um 
novo estado de vigília. Neurônios do locus ceruleus, noradrenérgicos, são os responsáveis pela 
interrupção do sono e, portanto, são chamados de neurônios do despertar. 
 O período de sono não é uniforme, de forma que é divido em sono REM e sono não REM. 
O sono REM (rapid eye movement) é o estado de sono no qual há intensa atividade cortical, com 
alto consumo de oxigênio. Esse período também é chamado de sono paradoxal, configura cerca 
de ¼ do tempo total de sono e é durante ele que temos os nossos sonhos e consolidação da 
memória. Esse sono é gerado por neurônios colinérgicos do núcleo pedúnculo pontino. Durante o 
sono REM, o corpo está em atonia, ou seja, os neurônios motores estão inibidos, a fim de que, 
dentre outros, não vivenciemos fisicamente os sonhos. O sono não REM, os outros ¾ restantes, é 
o sono de ondas lentas, no qual há baixo consumo de oxigênio, sendo um período de repouso. 
2. Controle eferente da sensibilidade 
 
• Atenção seletiva: capacidade de selecionar informações sensoriais, dentre as diversas que 
recebemos, e concentrar em algumas e outras não de acordo com o nosso interesse. 
• Habituação: deixamos de perceber estímulos apresentados continuamente. 
- Vias da analgesia: “portão da dor” 
 
• Controle espinhal da dor (substância gelatinosa): 
pela raiz dorsal, entram tanto estímulos táteis 
(fibras mais grossas), quanto os estímulos 
dolorosos (fibras mais finas). As fibras mais 
grossas do tato podem bloquear a entrada das 
fibras mais finas da dor. Ex.: quando batemos em 
algum lugar e esfregamos a mão no local, gerando 
um estímulo tátil para tentar parar/amenizar a dor. 
• Controle supraespinhal da dor: as fibras se 
originam na substância cinzenta periaquedutal, 
fazem sinapse no núcleo magno da rafe na ponte 
e, através de fibras serotoninérgicas, atingem a 
substância gelatinosa na medula. Lá, fazem 
sinapse com neurônios encefalinérgicos, os quais 
 
Marcelle Souza – MED 118 
 
liberam encefalina (analgésico endógeno), a qual impede a sinapse entre o neurônio da raiz 
dorsal e o neurônio do trato espinotalâmico lateral. 
Morfina: tem receptores na região da substância cinzenta periaquedutal e na região dos núcleos 
da rafe, de forma que ativa esse sistema. 
Antidepressivos que atuam na inibição da recaptação da serotonina aumentam a sua 
disponibilidade nas sinapses, de forma que atuam como analgésicos nessa via. 
3. Integração de reflexos 
 
• Atividade motora estereotipada: 
- centro do vômito (bulbo) 
- núcleo parabducente (ponte) – OLHAR HORIZONTAL 
- centro locomotor (mesencéfalo) – locomoção 
• Centro respiratório 
Continuamente, os níveis de oxigênio do sangue, captados por receptores do corpo carotídeo, e o 
nível de distensão dos alvéolos são passados, por fibras aferentes viscerais geria do nervo vago, 
ao núcleo do trato solitário. Desse núcleo, as informações são passadas ao centro respiratório da 
formação reticular do bulbo, de onde saem fibras reticuloespinhais que farão sinapse com fibras 
que inervam os músculos respiratórios (diafragma – nervo frênico – e músculos intercostais – 
nervos intercostais). Os neurônios motores relacionados com os nervos frênico e intercostais 
também recebem fibras do trato corticoespinhal, o que permite o controle, até certo ponto, voluntário 
da respiração. 
• Centro vasomotor 
Coordena os mecanismos que regulam o calibre vascular, do qual depende basicamente a pressão 
arterial, influenciando também no ritmo cardíaco. Informações sobre a pressão arterial captada por 
barorreceptores do seio carotídeo chegam ao núcleo do trato solitário através de fibras aferentes 
viscerais gerais do nervo vago. Do trato solitário, partem tanto fibras para o núcleo dorsal do vago 
(impulsos parassimpáticos) quanto fibras reticuloespinhais para a coluna lateral da medula 
(impulsos simpáticos). Nesse sentido, o SNA, tanto simpático quanto parassimpático, faz a 
adequação do calibre vascular. 
As fibras para as conexões reflexas podem passar através da formação reticular ou do fascículo 
longitudinal medial. 
 
1. Reflexo mandibular ou mentoniano 
 
• Pesquisa: percutir o mento de cima para baixo 
• Resposta esperada: fechamento súbito da boca 
• Via aferente: ramo mandibular do nervo trigêmeo. Esse ramo faz conexão no núcleo do 
trato mesencefálico do trigêmeo (aferência somática geral). 
 
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• Via eferente: ramo mandibular do nervo trigêmeo. Do núcleo do trato mesencefálico do 
trigêmeo saem fibras para o núcleo motor do trigêmeo (eferência visceral especial), do qual 
sai a eferência para contração dos músculos mastigadores, em especial o masseter. 
• Função: manter a boca fechada. A gravidade tende a estirar os músculos da mastigação, o 
que leva à contração do masseter. Dessa forma, é possível manter a boca fechada sem 
atividade voluntária para esse fim. 
 
2. Reflexo corneano ou corneopalpebral 
 
• Pesquisa: mecha de algodão na córnea 
• Resposta esperada: fechamento bilateral dos olhos 
• Via aferente: ramo oftálmico do nervo trigêmeo. Desse ramo → gânglio trigeminal → raiz 
sensitiva do trigêmeo → núcleo sensitivo principal e núcleo do trato espinhal do trigêmeo. 
• Via eferente: nervo facial. Dos núcleos do trigêmeo, seguem fibras cruzadas e não 
cruzadas aos núcleos faciais, de onde sai o nervo responsávelpelo fechamento dos olhos. 
• Lesão: a lesão do trigêmeo abole a resposta reflexa de ambos os lados quando a córnea 
lesada é tocada, mas não quando se toca a córnea bilateral. A lesão do facial de um lado 
abole a resposta reflexa desse mesmo lado, qualquer que seja o olho tocado. 
• Função: proteção 
 
3. Reflexo lacrimal 
 
• Pesquisa é feita da mesma forma que o corneano e a resposta esperada é o lacrimejo. Os 
dois reflexos geralmente acontecem ao mesmo tempo 
• Via aferente: mesma via do reflexo corneano 
• Via eferente: nervo intermédio (facial), mas a partir do núcleo lacrimal. 
• Função: proteção 
• Reflexo SOMATOVISCERAL, uma vez que tem aferência somática geral e eferência visceral 
geral. 
 
4. Reflexo de piscar 
 
• Via aferente: fibras aferentes da retina vão ao colículo superior (através do nervo óptico, 
trato óptico e braço do colículo superior); 
• Via eferente: núcleo facial (músculo orbicular); medula (tetoespinhal) – proteção com a mão 
quando o estimulo é muito forte; 
• Função: proteção. 
• Resposta esperada: piscar bilateralmente. 
 
5. Reflexo de movimentação dos olhos 
 
• Função: permite a adequação do movimento e posição dos olhos ao movimento da cabeça 
• Nistagmo: movimento oscilatório de vaivém dos olhos devido a uma super estimulação 
(endolinfa continua girando dentro dos canais semicirculares); 
• Via aferente: gânglio vestibular → parte vestibular do nervo vestibulococlear → núcleos 
vestibulares → registrar a posição da cabeça; 
• Via eferente: pelo fascículo longitudinal medial, essas informações chegam aos nervos que 
determinam o movimento dos olhos → troclear, oculomotor e abducente. 
6. Reflexos pupilares 
 
Marcelle Souza – MED 118 
 
 
• Pesquisa: estimula o olho com luz 
• Resposta esperada: miose 
 
6.1. Fotomotor direto: observa-se a miose do lado estimulado 
6.2. Consensual: observa-se a miose do lado contralateral 
 
• Os dois reflexos devem ocorrer simultaneamente, ou seja, a miose deve ocorrer 
bilateralmente, independente do olho estimulado. 
• Via aferente e eferente: retina → nervo óptico → quiasma óptico (as fibras do reflexo 
consensual cruzam o plano mediano no quiasma e na comissura posterior) → trato óptico → 
colículo superior → área pré-tetal → comissura posterior → núcleos Edinger-Westphal → 
nervo oculomotor → contração da pupila. As fibras que cruzam o quiasma se relacionam com 
o núcleo de Edinger-Westphal do lado contralateral. 
• Aferência → retina, nervo óptico, trato óptico. 
• Eferência → nervo oculomotor. 
• Lesão: se um estímulo luminoso direcionado ao olho direito não causar miose em nenhum 
dos dois olhos, o problema está na aferência. Se um estimulo luminoso direcionado ao olho 
direito e causar miose apenas no olho contralateral, a aferência está íntegra, o que sugere 
comprometimento da eferência (nervo oculomotor). 
 
7. Reflexo do vômito 
 
A irritação da mucosa gastrointestinal ativa 
visceroreceptores ali presentes que levam essa 
informação ao núcleo do trato solitário a partir de 
fibras aferentes gerais do nervo vago. Do trato 
solitário, essas informações seguem ao centro do 
vômito, de onde saem fibras que farão conexão 
com as fibras que desencadearão as respostas 
motoras necessárias. Elas vão para: 
• O núcleo dorsal do vago (SNA 
parassimpático): abertura da cárdia (entre 
estomago e esôfago) e aumento da 
contração do estômago; 
• A medula, na sua coluna lateral: 
fechamento do piloro (entre estômago e 
intestino); 
• Neurônios motores da medula cervical e 
toracolombar: contração dos músculos da 
parede abdominal, aumentando a pressão 
intra-abdominal; 
• O núcleo do hipoglosso: protrusão da 
língua. 
 
 
 
 
 
 
Marcelle Souza – MED 118 
 
EXERCÍCIOS FORMAÇÃO RETICULAR 
 
Situação Problema 1 
Paciente de 70 anos de idade, com tumor de pâncreas avançado e múltiplas metástases 
ósseas em coluna vertebral, é internado na enfermaria de cuidados paliativos, com dor não 
responsiva a medicamentos. A proposta é realizar instilações intracerebrais de morfina, 
propiciando um controle da dor e maior conforto ao paciente. Sobre o caso pergunta-se: 
a) Como o tratamento proposto age no controle da dor? Esquematize a via. 
 
 
 
 
 
 
 
b) Neste caso o controle do “portão da dor” é espinhal ou supraespinhal? 
 
 
c) Cite e explique outro exemplo de controle eferente da sensibilidade. 
 
 
 
 
 
Situação Problema 2 
Paciente de 49 anos de idade é encaminhada ao ambulatório de Neurologia do Hospital 
Universitário para aprofundar a investigação diagnóstica de quadro de perda de sensibilidade 
em hemiface direita. Ao exame apresenta perda de sensibilidade tátil, térmica e dolorosa na 
face à direita, sem déficit motor associado. Antes de prosseguir no exame neurológico, o 
professor pergunta aos alunos presentes: 
a) Qual nervo craniano está comprometido? O comprometimento é total ou parcial? 
 
 
b) Quais reflexos podem estar alterados? Uni ou bilateralmente? 
 
 
 
 
c) Qual deles é um reflexo monossináptico ou simples? Esquematize as vias envolvidas 
neste reflexo. 
 
 
 
 
 
 
 
d) Qual deles é somatovisceral? Explique. 
 
 
 
Marcelle Souza – MED 118 
 
Cerebelo 
O cerebelo é um órgão do sistema nervoso suprassegmentar, localizado dorsalmente ao tronco 
encefálico e contribuindo para formar o teto do IV ventrículo. É responsável pela manutenção do 
equilíbrio, postura, coordenação de movimentos e aprendizagem motora. Possui manifestações 
ipsilaterais e involuntárias. É separado do lobo occipital do cérebro pela tenda do cerebelo, uma 
prega de dura máter. Liga-se à medula e ao bulbo através do pedúnculo cerebelar inferior, 
à ponte pelo pedúnculo cerebelar médio e ao mesencéfalo pelo pedúnculo cerebelar superior. 
 
ASPECTOS ANATÔMICOS 
• Vérmis, porção ímpar e mediana; 
• Hemisférios cerebelares; 
• Sulcos transversais que delimitam as folhas do 
cerebelo; 
• Fissuras do cerebelo que delimitam lóbulos 
(conjunto de folhas). 
 
FISSURAS PRINCIPAIS 
• Prima: divide o corpo do cerebelo em porção anterior e posterior 
• Horizontal: divide o cerebelo em porção superior e inferior 
• Póstero-lateral: separa o lóbulo flóculo-nodular do resto do corpo 
 
LÓBULOS PRINCIPAIS 
• Folium: mais posterior 
• Flóculo: se estende transversalmente 
• Nódulo: mediano 
• Tonsilas: ventrais e projetam-se medialmente sobre a face dorsal do bulbo – se deslocadas 
caudalmente podem ir para o forame magno e comprimir o bulbo – hérnia de tonsila 
 
SUBSTÂNCIA BRANCA E CINZENTA 
A substância branca é central, formando o corpo medular do cerebelo, enquanto que a substância 
cinzenta é periférica, formando o córtex cerebelar. No interior do corpo medular há aglomerados de 
substância cinzenta, os núcleos centrais do cerebelo. 
 
NÚCLEOS CENTRAIS (de medial para lateral) 
• Fastigial 
• Globoso 
• Emboliforme 
• Denteado 
 
DIVISÃO ANATÔMICA 
• Fissura póstero-lateral: divide o cerebelo em 
lóbulo flóculo nodular e corpo do cerebelo 
• Fissura prima: divide o corpo do cerebelo em 
anterior e posterior 
Interpósito 
 
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MICROSCOPIA DO CEREBELO 
 
CITOARQUITETURA DO CÓRTEX CEREBELAR 
• Camada molecular: composta por fibras paralelas e contém as células estreladas e as 
células em cesto. 
• Camada de células de Purkinje (média): formada pelas células de Purkinje, que são 
células grandes, com formato piriforme, possuindo dendritos que se alongam até a camada 
molecular e um axônio descendente que faz sinapse nos núcleos centrais, agindo de forma 
inibitória (ação GABAérgica). 
• Camada granular: composta por pequenas células, as células granulares, as quais 
possuem axônios que atravessam a camada de média e se bifurcam em T na camada 
molecular. Essas fibras são as fibras paralelas e fazem sinapse com os dendritos das célulasde Purkinje, de ação excitatória (ação glutamatérgica). Há também as células de Golgi, 
menos numerosas que as granulares. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONEXÕES INTRÍNSECAS 
As fibras que penetram no cerebelo se dividem em: 
• Fibras trepadeiras: axônios de neurônios do complexo olivar inferior. Enrolam-se ao redor 
dos dendritos das células de Purkinje exercendo ação excitatória glutamatérgica. Ligadas, 
junto às fibras olivocerebelares, à aprendizagem motora. 
• Fibras musgosas: demais feixes. Quando entram no cerebelo emitem ramos colaterais que 
se dirigem aos núcleos centrais, excitando-os (glutamatérgicas). Dirigem-se à camada 
granulosa, onde fazem sinapse excitatória com as células granulares, que por sua vez 
também excitam os dendritos das células de Purkinje na camada molecular a partir das fibras 
paralelas. As células de Purkinje, por sua vez, possuem função inibitória sobre os núcleos 
centrais. Forma-se, assim, o circuito cerebelar básico. 
 
CIRCUITO CEREBELAR BÁSICO 
As fibras musgosas, ao adentrar o cerebelo, excitam os núcleos centrais pelos seus ramos 
colaterais, estimulando o envio de eferências por eles. Essa resposta é modulada pela ação 
inibitória das células de Purkinje. Células estreladas, de Golgi e em cesto também interferem no 
circuito, tendo ação inibitória. 
 
Marcelle Souza – MED 118 
 
DIVISÃO FUNCIONAL DO CEREBELO 
Além da divisão transversal, na qual o cerebelo é dividido pela fissura póstero-lateral em flóculo-
nodular e corpo do cerebelo, há também uma divisão longitudinal do corpo do cerebelo. A divisão 
longitudinal o divide em: 
• Zona medial: corresponde ao vérmis; os axônios das células de Purkinje dessa região 
terminam nos núcleos fastigial e vestibular lateral; 
• Zona intermédia: núcleo interpósito; 
• Zona lateral: núcleo denteado. 
A divisão funcional tem por base a divisão longitudinal, sendo, portanto o cerebelo dividido em: 
• Vestibulocerebelo: corresponde ao lóbulo flóculo-nodular e manda eferências para os 
núcleos fastigial e vestibulares; 
• Espinocerebelo: engloba as zonas medial e intermédia, possui conexões com a medula e 
manda eferências para os núcleos fastigial e interpósito; 
• Cerebrocerebelo: corresponde à zona lateral, possui conexões com o córtex cerebral e 
manda eferências para o núcleo denteado. 
 
Divisão anatômica Divisão funcional 
 
Corpo do cerebelo 
Zona medial Espinocerebelo 
Zona intermédia Espinocerebelo 
Zona lateral Cerebrocerebelo 
Lóbulo flóculo-nodular Vestibulocerebelo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONEXÕES EXTRÍNSECAS 
1. Vestibulocerebelo 
• Aferência: vem dos núcleos vestibulares através de fibras do fascículo vestibulocerebelar. 
Trazem informações sobre a posição da cabeça para equilíbrio e postura básica. 
• Eferência: do vestibulocerebelo, as informações vão para os núcleos vestibulares medial e 
lateral. Do medial, partem fibras através do fascículo longitudinal medial que coordenam o 
movimento da cabeça e dos olhos. Do lateral partem tratos vestibuloespinhais que controlam 
a musculatura axial e proximal dos membros, objetivando equilíbrio e postura. 
 
2. Espinocerebelo 
• Aferência: vem dos tratos espinocerebelares. O trato espinocerebelar anterior penetra o 
cerebelo pelo pedúnculo cerebelar superior e traz informações sobre a atividade elétrica do 
trato corticoespinhal e propriocepção inconsciente. O trato espinocerebelar posterior penetra 
 
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no cerebelo pelo pedúnculo cerebelar inferior e traz informações principalmente acerca da 
propriocepção inconsciente. Atingem a zona medial e intermédia. 
• Eferência: da zona medial: as informações saem do núcleo fastigial pelo trato fastigiobulbar, 
chegando aos núcleos vestibulares e formação reticular do bulbo. Dos primeiros, saem tratos 
vestibuloespinhais, e dos segundos o trato reticuloespinhal, de forma que ambos atuam na 
medula no grupo medial de neurônios da coluna anterior, que controla a musculatura 
axial/proximal e fornece equilíbrio e postura. Da zona intermédia: as informações saem pelo 
núcleo interpósito, de onde saem fibras para o núcleo rubro (trato rubroespinhal, via 
interpósito-rubro-espinhal) e para o tálamo do lado oposto – do tálamo para o córtex (trato 
corticoespinhal, via interpósito-tálamo-cortical). Ambos atuam sobre neurônios motores do 
grupo lateral da coluna anterior da medula, controlando a musculatura distal e, portanto, 
movimentos delicados. 
 
3. Cerebrocerebelo 
• Aferência: córtex cerebral – núcleos pontinos – pedúnculo cerebelar médio – zona lateral – 
via córtico-ponto-cerebelar – chegam informações motoras e não motoras do córtex; 
• Eferência: informações chegam ao núcleo denteado e chegam ao tálamo pelo lado oposto, 
seguindo para as áreas motoras do córtex, de onde se origina o trato corticoespinhal e se 
direciona para o grupo lateral da medula – via dento-tálamo-cortical. 
 
FUNÇÕES DO CEREBELO 
• O cerebelo é um órgão fundamentalmente motor, inconsciente, ipsilateral e involuntário 
• Manutenção do equilíbrio e postura –vestibulocerebelo e espinocerebelo 
• Manutenção do tônus muscular – espinocerebelo 
• Controle dos movimentos voluntários – cerebrocerebelo e espinocerebelo 
• Aprendizagem motora – fibras olivocerebelares e fibras trepadeiras 
• Funções cognitivas – cerebrocerebelo com área pré-frontal 
 
CONTROLE DOS MOVIMENTOS VOLUNTÁRIOS 
 
1. PLANEJAMENTO 
• Das áreas terciárias do córtex sai a intenção do movimento, que é direcionada ao 
cerebrocerebelo via córtico-ponto-cerebelar; 
• Do cerebrocerebelo é formado um plano motor, que vai para as áreas motoras secundárias 
via dento-tálamo-cortical; 
• Nas áreas motoras secundárias também houve a formação de um plano motor, o qual é 
comparado com o desenvolvido no cerebrocerebelo, chegando a um plano motor final; 
• O plano motor final é enviado à área motora primária, que inicia o movimento. 
 
2. CORREÇÃO 
• Ao iniciar o movimento, fibras dos tratos espinocerebelares enviam ao espinocerebelo 
informações da atividade elétrica do trato corticoespinhal; 
• Espinocerebelo compara o movimento que está sendo executado com o que foi planejado 
e, caso necessite de correção, envia essa informação via interpósito-tálamo-cortical às áreas 
motoras do córtex. Delas, uma ordem diferente desce para os neurônios motores da medula 
via trato corticoespinhal. 
 
 
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CORRELAÇÕES ANATOMOCLÍNICAS 
 
• Lesão do cerebelo por completo 
Perda de equilíbrio + perda de tônus muscular + incoordenação dos movimentos 
A perda de equilíbrio gera um alargamento da base e a diminuição do tônus afeta a postura 
(oscilante), parece um andar de bêbado – “embriaguez aguda” (curiosidade: a intoxicação aguda 
por álcool lesiona reversivelmente as células de Purkinje do cerebelo). 
 
• Síndrome do vestibulocerebelo 
Perda de equilíbrio, marcha com base alargada e movimentos irregulares das pernas (ataxia) 
Tendência a quedas 
Sugere tumor no teto do IV ventrículo 
 
• Síndrome do espinocerebelo 
Perda de tônus muscular e da precisão dos movimentos (dismetria) 
Tremor terminal 
 
• Síndrome do cerebrocerebelo 
Incoordenação de movimentos (membros): atraso, decomposição, rechaço, tremor terminal, 
disdiadococinesia, dismetria. 
 
- lesão do vérmis: equilíbrio + fala 
- lesão dos hemisférios: coordenação dos movimentos 
 
O cerebelo tem grande capacidade de recuperação funcional, já que possui citoarquitetura 
homogênea e as áreas intactas aos poucos assumem as funções das lesionadas. Quando há lesão 
dos núcleos centrais não há recuperação. 
 
EXERCÍCIOS CEREBELO 
Situação Problema 1 
Criança de quatro anos de idade comparece ao ambulatório de neurologia acompanhada da 
mãe que relata que a menina sofre quedas frequentes enquanto caminha e nos últimos meses 
quase não conseguemais ficar de pé. Relata também que a criança queixa-se frequentemente 
de dores de cabeça e tem tido vômitos não precedidos de náuseas principalmente no período 
da manhã. Ao exame você se depara com uma menina ativa, que responde a comandos e 
reage a estímulos. O exame neurológico com a paciente deitada está completamente normal. 
Não foram encontrados ataxia, dismetria, decomposição ou quaisquer outros dados relevantes. 
Apenas quando a criança fica de pé é notada relevante redução de equilíbrio. O exame de 
imagem trazido pela mãe evidencia lesão expansiva em fossa posterior do crânio com 
compressão de estruturas adjacentes. Levando em consideração seus conhecimentos de 
neuroanatomia, responda: 
a) Qual a localização mais provável do tumor? Qual estrutura do sistema nervoso está 
provavelmente comprimida? 
 
 
b) O comprometimento desta estrutura é total ou parcial? Explique correlacionando com 
os sintomas da paciente. 
 
 
 
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c) Descreva as conexões eferentes da parte acometida. 
 
 
 
 
 
 
Situação Problema 2 
Paciente de 55 anos de idade, natural e residente de Bias Fortes, trabalhador rural. Etilista 1L 
de destilado/dia desde os 15 anos de idade. Comparece à consulta no ambulatório de 
neurologia acompanhado da esposa. Paciente relata que há aproximadamente 1 ano tem tido 
dificuldade no trabalho (“tirar leite”). Revela que não é mais capaz de realizar a ordenha nas 
vacas de forma precisa e que suas mãos estão “bobas” (sic). Também relata que seus patrões 
já lhe chamaram a atenção mais de uma vez, dizendo que andava bêbado no pasto em horário 
de serviço, o que ele nega: “só bebo a noite doutor, mas minhas pernas também estão bobas, 
mesmo de dia parece que estou tonto o tempo todo”. Ao exame apresenta hipotonia global 
importante e ataxia grave nos quatro membros, além de marcha oscilante com alargamento da 
base de sustentação. Não há tremor ou rechaço, há leve dismetria e sutil disdiadococinesia. 
Não há queda quando o paciente permanece de pé parado, mas você nota que há esforço para 
não oscilar na posição. Sobre o caso responda: 
a) O comprometimento do cerebelo é total ou parcial? Explique correlacionando com os 
sintomas do paciente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
b) As manifestações de qual das três síndromes cerebelares são mais evidentes? 
 
c) Explique a possível etiologia do acometimento cerebelar do paciente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Diencéfalo 
O cérebro é composto pelo diencéfalo e telencéfalo. O diencéfalo é mediano e ímpar, sendo 
subdivido em: tálamo, hipotálamo, epitálamo e subtálamo. Essas estruturas possuem relações com 
o III ventrículo. 
 
III VENTRÍCULO 
É uma cavidade mediana e ímpar. Comunica-se inferiormente com o aqueduto cerebral e 
superiormente com os forames interventriculares direito e esquerdo – ventrículos laterais. 
 
• Assoalho: quiasma óptico, infundíbulo, 
túber cinéreo, corpos mamilares; 
• Teto: estrias medulares do tálamo, tela e 
plexo corioide; 
• Parede lateral: sulco hipotalâmico, que vai 
desde o aqueduto cerebral até os forames 
interventriculares e delimita, superiormente, 
o tálamo e inferiormente o hipotálamo; 
• Parede anterior: lamina terminal (pertence 
ao telencéfalo e está situada entre o quiasma 
óptico e a comissura anterior); 
• Parede posterior: epitálamo 
• Recessos: recesso do infundíbulo, óptico, 
pineal e supra pineal. 
 
 
TÁLAMO 
Duas massas ovoides de substância cinzenta unidas pela aderência intertalâmica (ausente em 30% 
das pessoas). São perpassadas por um feixe de fibras que forma a lâmina medular interna. Sua 
extremidade anterior é composta pelo tubérculo anterior do tálamo e sua porção posterior pelo 
pulvinar, o qual mantém relações com os corpos geniculados medial e lateral. É separado do 
telencéfalo pela cápsula interna. 
 
HIPOTÁLAMO 
Importante, dentre outras funções, para regulação do Sistema 
Nervoso Autônomo e de glândulas endócrinas, sendo o principal 
responsável pela homeostase. Formado por: quiasma óptico, 
infundíbulo, túber cinério e corpos mamilares (núcleos mamilares). 
O fórnix é um feixe de fibras que parte do hipocampo e vai até os 
corpos mamilares, de forma que divide o hipotálamo em medial e 
lateral. O hipotálamo medial contém os núcleos hipotalâmicos, 
enquanto que o lateral é formado pelo feixe prosencefálico medial. 
 
EPITÁLAMO 
• Glândula pineal (epífise) 
• Comissura posterior 
• Comissura das habênulas – continua anteriormente formando as estrias medulares do 
tálamo 
 
SUBTÁLAMO 
É delimitado medialmente pelo hipotálamo e lateralmente pela capsula interna. Não possui relações 
diretas com as paredes do III ventrículo por se situar profundamente ao hipotálamo. 
Lâmina terminal 
Corpo mamilar 
Túber cinéreo 
Infundíbulo 
Quiasma óptico 
Forame interventricular 
 
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MICROSCOPIA DO HIPOTÁLAMO 
O hipotálamo é um órgão predominantemente visceral. Ele é dividido pelo fórnix em hipotálamo 
medial, que contém os núcleos hipotalâmicos, e hipotálamo lateral, que contém fibras longitudinais, 
sendo local de passagem do feixe prosencefálico medial (liga a área septal do telencéfalo à 
formação reticular do mesencéfalo). 
 
HIPOTÁLAMO MEDIAL 
1. Hipotálamo supra-óptico – do quiasma óptico para 
cima 
• Núcleo supraquiasmático 
• Núcleo supra-óptico 
• Núcleo paraventricular 
 
2. Hipotálamo tuberal – do infundíbulo/túber cinéreo para 
cima 
• Núcleo arqueado (infundibular) 
• Núcleo ventromedial 
• Núcleo dorsomedial (+ superior) 
 
3. Hipotálamo mamilar – dos corpos mamilares pra cima 
• Núcleos mamilares (circuito de Papez) 
• Núcleo tuberomamilar (SAA) 
• Núcleo posterior 
 
Há ainda uma divisão por um feixe de fibras que determina a divisão do hipotálamo em anterior 
(hipotálamo supra-óptico e tuberal) e posterior (hipotálamo mamilar). 
 
FUNÇÕES 
• Regulação do Sistema Nervoso Autônomo 
O hipotálamo anterior (destaque para os núcleos dorsomedial e ventromedial) tem ação 
parassimpática, enquanto que o posterior (núcleo posterior) tem ação simpática. 
 
• Regulação da temperatura corporal 
O hipotálamo anterior contém o centro de perda de calor (vasodilatação, sudorese, etc.) enquanto 
que o posterior contém o centro de conservação de calor (promove vasoconstrição, calafrios, etc.). 
Lesões no hipotálamo anterior levam à não dissipação do calor, o que acarreta a febre central (é 
letal). 
 
• Saciedade, fome e sede 
O hipotálamo anterior (também medial), no seu núcleo ventromedial, contém o centro da saciedade. 
O hipotálamo lateral contém o centro da fome e o da sede. Se há lesão desses centros no 
hipotálamo lateral, deixamos de comer e há morte por inanição, deixamos de ter sede e há morte 
por desidratação. Ele está de alguma forma relacionado ao equilíbrio hidrossalino, pois se há 
demanda de reter água e aumentar a PA, há comandos para comer comida salgada e beber mais 
água. 
 
 
 
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• Regulação do sistema endócrino 
 
- Relações do hipotálamo com a neurohipófise 
Nos núcleos supra-óptico e paraventricular há 
presença de neurônios neurossecretores que 
produzem ADH (vasopressina, hormônio 
antidiurético) e ocitocina (estimula contração 
muscular lisa do útero e ejeção do leite). Esses 
hormônios, através do trato hipotalâmico-hipofisário, 
passam à neurohipófise, onde são liberados para a 
corrente sanguínea. 
 
- Relações do hipotálamo com a adenohipófise 
No núcleo arqueado há produção de hormônios que 
vão para a adenohipófise a fim de inibir ou estimular 
a liberação de hormônios adenohipofisários. Os 
hormônios produzidos no núcleo arqueado vão para 
o trato túbero-infundibular, passam ao sistema porta 
hipofisário e chegam na adenohipófise. Alguns 
hormônios da adenohipófise são: ACTH, GH, FSH, 
GH, LH, MSH, prolactina.

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