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Apostila de Direito Civil para OAB

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XI EXAME DE ORDEM UNIFICADO 
Coordenação Pedagógica OAB 
 
EXAME DE ORDEM 
Complexo Educacional Damásio de Jesus 
 
 
 
 
RETA FINAL - XI EXAME DE ORDEM UNIFICADO 
 
Disciplina Direito Civil 
Aula Única 
 
1. PARTE GERAL 
����PESSOAS NATURAIS 
• Conceito de personalidade jurídica - A personalidade jurídica é um atributo essencial 
para ser sujeito de direito (art. 1º do CC). Para a teoria geral do direito civil a 
personalidade é uma aptidão genérica para titularizar direitos e contrair obrigações. 
• Início da personalidade jurídica da pessoa natural - O início da personalidade é 
marcado pelo nascimento com vida, conforme dicção do art. 2º do CC. Clinicamente o 
nascimento é aferível pelo exame de docimasia hidrostática de Galeno. 
• Proteção jurídica do nascituro - Nascituro é o ente já concebido, mas ainda não 
nascido. Deixando de lado as discussões teóricas sobre o início da personalidade 
jurídica, é certo que a segunda parte do art. 2º do CC expressamente “põe à salvo os 
seus direitos”. Assim, pode-se afirmar que na legislação em vigor o nascituro: 
a) É titular de direitos personalíssimos (como o direito à vida); 
b) Pode receber doação, conforme dispõe o art. 542 do CC: “A doação feita ao 
nascituro valerá, sendo aceita por seu representante legal”; 
c) Pode ser beneficiado por legado e herança (art. 1798 do CC); 
d) Pode ser-lhe nomeado curador para a defesa dos seus interesses (arts. 877 e 878 
do CPC); 
e) O Código Penal tipifica o crime de aborto; 
f) Tem direito a alimentos. 
 
• Capacidade de direito e capacidade de fato - Por capacidade de direito, também 
conhecida como capacidade de gozo ou capacidade de aquisição, pode ser entendida 
como a medida da intensidade da personalidade. Todo ente com personalidade 
jurídica possui também capacidade de direito, tendo em vista que não se nega ao 
indivíduo a qualidade para ser sujeito de direito. Personalidade e capacidade jurídica 
são as duas faces de uma mesma moeda. 
XI EXAME DE ORDEM UNIFICADO 
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EXAME DE ORDEM 
Complexo Educacional Damásio de Jesus 
 
 
 
A capacidade de fato, ao contrário da capacidade de direito possui estágios definidos 
no próprio Código Civil. Ele distingue duas modalidades de incapacidade, a saber: a 
incapacidade em absoluta e a relativa. Trata-se de um divisor quantitativo de compreensão do 
indivíduo. 
 
• De acordo com o art. 3º do CC são considerados absolutamente incapazes: 
a) Os menores de 16 anos (art. 3º, I) 
b) Aqueles que sofrem de doença ou deficiência mental (art. 3º, II) 
c) Os que por causa transitória não puderem exprimir sua vontade (art. 3º, III) 
 
• De acordo com o art. 4º do CC são considerados relativamente incapazes: 
a) Os maiores de 16 e menores de 18 anos (art. 4º, I); 
b) Os ébrios habituais e os viciados em tóxico (art. 4º, II); 
c) Os deficientes mentais que tenham o discernimento reduzido (art. 4º, II); 
d) Os excepcionais sem desenvolvimento mental completo (art. 4º, III) 
e) Os pródigos (art. 4º, IV). 
 
• Emancipação - Trata-se de um uma hipótese de antecipação da aquisição da 
capacidade civil plena antes da idade legal. Três são as formas de emancipação: 
a) Emancipação voluntária – É aquela concedida por ato unilateral dos pais em pleno 
exercício do poder parental, ou um deles na falta do outro. 
b) Emancipação judicial – Realiza-se mediante uma sentença judicial, na hipótese de um 
menor posto sob tutela. Antes da sentença o tutor será, necessariamente, ouvido pelo 
magistrado (Código Civil art. 5º, parágrafo único, I, segunda parte). 
c) Emancipação legal – Ocorre em razão de situações descritas na lei. O art. 5º do CC nos 
traz as seguintes situações: a) O Casamento; b) Exercício de emprego efetivo; c) 
Colação de grau em curso de ensino superior; d) Estabelecimento civil ou comercial, ou 
a existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor tenha 
economia própria. 
 
 
 
 
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• Extinção da personalidade jurídica da pessoa natural - A morte é o momento no qual 
a personalidade se extingue. 
Não se admite no ordenamento pátrio a hipótese de morte civil ou qualquer outro 
modo de perda da personalidade sem vida. Todavia é possível cogitar de uma presunção de 
morte, conforme se depreende da leitura do art. 7º do CC. 
O referido dispositivo trata de duas hipóteses de morte presumida. A primeira trata da 
probabilidade extrema de morte daquele que se encontre em perigo de vida. (CC art. 7º, I). A 
segunda hipótese trata dos desaparecidos em campanha de guerra ou feito prisioneiro, caso 
não seja encontrado até 02 dois anos após o término da guerra (CC art. 7º, II). 
 
• Ausência das pessoas naturais - Ausente é aquele que desaparece de seu domicílio, 
sem que dele se tenha notícias. Assim, para caracterizar a ausência a não-presença do 
sujeito deve somar-se com a falta de notícias. 
A ausência é um processo no qual a proteção dos bens do desaparecido dá lugar à 
proteção dos interesses dos sucessores. Este processo tem três estágios, conforme a menor 
possibilidade de reaparecimento do ausente: 
a) Declaração da ausência e curadoria dos bens; 
b) Sucessão provisória; e 
c) Sucessão definitiva. 
 
�PESSOA JURÍDICA - O art. 44 do CC prevê cinco espécies de pessoa jurídica de direito 
privado. São elas: 
• Associações: São entidades formadas pela união de indivíduos com o propósito de 
realizarem fins não-econômicos. A assembléia geral é o órgão máximo das associações. 
Ela possui poderes deliberativos e o art. 59 do CC estabeleceu-lhe competências 
absolutas: 1º) eleger os administradores; 2º) destituir os administradores; 3º) aprovar 
contas; e 4º) alterar o estatuto. 
 
• Sociedades: São as entidades formadas pela união de pessoas que exercem atividade 
econômica e buscam o lucro como objetivo. Dependendo do tipo de atividade 
realizada, as sociedades podem ser simples ou empresárias. As formas societárias 
previstas no nosso ordenamento são: 
a) Sociedade em nome coletivo; 
b) Sociedade em comandita simples; 
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c) Sociedade limitada; 
d) Sociedade anônima; 
e) Sociedade em comandita por ações. 
 
• Fundações: São entidades resultantes de uma afetação patrimonial, por testamento 
ou escritura pública, que faz o seu instituidor, especificando o fim para o qual se 
destina. Para a criação de uma fundação, há uma série ordenada de etapas que devem 
ser observadas, a saber: 
a) Afetação de bens livres por meio do ato de dotação patrimonial; 
b) Instituição por escritura pública ou testamento; 
c) Elaboração dos estatutos (Há duas formas de instituição da fundação: a direta, 
quando o próprio instituidor o faz, pessoalmente; ou a fiduciária, quando confia a 
terceiro a organização da entidade). 
d) Aprovação dos estatutos (É o órgão do Ministério Público que deverá aprovar os 
estatutos da fundação, com recurso ao juiz competente, em caso de divergência); 
e) Realização do registro civil. 
 
• Partidos Políticos: São entidades com liberdade de criação, tendo autonomia para 
definir sua estrutura interna, organização e funcionamento, devendo seus estatutos 
estabelecer normas de fidelidade e disciplina partidária (art. 17 da CF). 
O § 3º do art. 44 do CC estabelece que os partidos políticos serão organizados e 
funcionarão conforme o disposto na Lei n. 9.096/95. 
 
• Organizações religiosas: São entidadesque muito se assemelham às associações. 
Contudo, o § 1º do art. 44 do CC, garante-lhes liberdade de criação, organização, 
estruturação interna, sendo vedado ao poder público negar-lhes reconhecimento ou 
registro dos atos constitutivos. 
O art. 44 do CC não é um rol taxativo. Outras espécies como as cooperativas e as 
entidades desportivas não foram previstas neste dispositivo 
 
 
 
 
 
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2. FATO JURÍDICO 
�Conceito de fato jurídico lato sensu: Os acontecimentos, indistintamente considerados, que 
geram direitos subjetivos são chamados, em sentido amplo, de fatos jurídicos ou fatos 
jurígenos. 
 
�Fato jurídico em sentido estrito: São todos os acontecimentos naturais que determinam 
efeitos na órbita jurídica. Os fatos jurídicos em sentido estrito subdividem-se em: 
• Ordinários – São fatos da natureza de ocorrência comum, costumeira, cotidiana: o 
nascimento, a morte, o decurso do tempo. 
• Extraordinários – São fatos inesperados, às vezes imprevisíveis: um terremoto, uma 
enchente, o caso fortuito e a força maior. 
 
�Ato jurídico em sentido estrito: O ato jurídico em sentido estrito, constitui simples 
manifestação de vontade, sem conteúdo negocial, que determina a produção de efeitos 
legalmente previstos. 
 
�Negócio jurídico: Trata-se de uma declaração de vontade dirigida à provocação de 
determinados efeitos jurídicos. Com efeito, para apreender sistematicamente o tema faz-se 
mister analisá-lo sob os três planos em que o negócio jurídico pode ser visualizado: 
• Plano de existência – Um negócio jurídico não surge do nada, exigindo-se, para tanto 
que seja considerado como tal, o atendimento a certos requisitos mínimos. Neste 
plano “não se cogita de invalidade ou eficácia do fato jurídico, importa, apenas, a 
realidade da existência. 
Tudo aqui, fica circunscrito a se saber se o suporte fático suficiente se compôs, dando 
ensejo à incidência” (MELLO, Marcos Bernardes de. Teoria do Fato Jurídico (Plano da 
Existência). 
São Paulo: Saraiva, 2000, p. 83.), 
• Plano de validade – O C.C. no art. 104 enumera os pressupostos de validade do 
negócio jurídico: a) agente capaz; b) objeto lícito, possível, determinado ou 
determinável; c) forma prescrita ou não defesa em lei, 
• Plano de eficácia – Ainda que um negócio jurídico existente seja considerado válido, 
ou seja, perfeito para o sistema que o concebeu, isto não importa em produção 
imediata de efeitos, pois estes podem estar limitados por elementos acidentais de 
declaração. 
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�A lei civil dispõe sobre três tipos de elementos acidentais: 
• Condição – Elemento voluntário que subordina o nascimento ou extinção do direito 
subjetivo a acontecimento futuro e incerto. A modalidade suspensiva provoca a 
aquisição do direito, já a resolutiva, uma vez realizado o negócio, permite a extinção 
de seus efeitos na eventualidade de o fato previsto vir a acontecer. 
• Termo – É o marco temporal que define o começo ou o fim dos efeitos jurídicos de um 
negócio jurídico. Pode ser legal ou convencional. O primeiro decorre da lei o segundo, 
de cláusula contratual. O termo se caracteriza pela futuridade e certeza. O termo pode 
ser suspensivo ou resolutivo. O primeiro, também denominado inicial (dies a quo) é o 
dia a partir de quando os efeitos de um negócio jurídico começam a produzir. Ele não 
instaura a relação jurídica, que já existe. Neste sentido é a regra do art. 131, a qual 
informa que o termo inicial suspende o exercício, não a aquisição do direito. O 
segundo corresponde ao dia em que cessam os efeitos do ato negocial. O C.C. por seu 
art. 1923 prevê a hipótese de legado a termo inicial ou suspensivo. A doutrina registra 
ainda o termo de graça, que é concedido pelo juiz no curso dos processos mediante 
dilação de prazo. 
• Encargo ou modo – É a cláusula geradora de obrigação para a parte beneficiária em 
negócio jurídico gratuito e em favor do disponente, de terceiro ou do interesse 
público. É um peso atrelado a uma vantagem (uma restrição), e não uma prestação 
correspectiva sinalagmática. O encargo pode ser uma restrição no uso da coisa, ou 
pode ser uma obrigação imposta àquele que é beneficiário. 
 
�Defeitos do negócio jurídico: Trata-se dos defeitos dos negócios jurídicos, que se classificam 
em vícios de consentimento – aqueles em que a vontade não é expressada de maneira 
absolutamente livre – e vícios sociais – em que a vontade manifestada não tem, na realidade, a 
intenção pura e de boa fé que enuncia. 
 
�São vícios de consentimento: 
• Erro ou ignorância: Trata-se de uma falsa percepção da realidade, ao passo que a 
ignorância é um estado de espírito negativo, o total desconhecimento do declarante a 
respeito das circunstâncias do negócio. O erro, entretanto, só é considerado como 
causa de anulabilidade do negócio jurídico se for: a) essencial (substancial); e b) 
escusável (perdoável). 
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• Dolo: Trata-se de um artifício ou expediente astucioso, empregado para induzir 
alguém à prática de um ato jurídico que o prejudica, aproveitando ao autor do dolo ou 
a terceiro. Pode-se classificar o dolo em principal e acidental. O principal é quando a 
causa determinante do negócio. O acidental leva a distorções comportamentais que 
podem alterar o resultado final do negócio. A distinção tem relevo para fins que o 
principal enseja a anulação do negócio e o acidental só pode levar às perdas e danos. 
• Coação: Trata-se da violência apta a influenciar a vítima a realizar negócio jurídico que 
a sua vontade interna não deseja efetuar, daí a possibilidade de sua anulação. São dois 
tipos de coação: física (vis absoluta) e moral (vis compulsiva). Importante notar, que a 
doutrina entende que a vis absoluta neutraliza completamente a manifestação de 
vontade, tornando o negócio jurídico inexistente, e não simplesmente anulável. 
• Lesão: Trata-se de um vício que permite a deformação da declaração de vontade por 
fatores pessoais do contratante, diante da inexperiência ou necessidade, explorada 
indevidamente pelo locupletante. A lesão se compõe de dois requisitos: 1) objetivo ou 
material (desproporção das prestações avençadas); e 2) subjetivo, imaterial ou 
anímico (a premente necessidade, a inexperiência ou a leviandade da parte lesada e o 
dolo de aproveitamento da parte beneficiada). Suas características são: 1) a lesão só é 
admissível nos contratos comutativos; 2) a desproporção entre as prestações deve 
verificar-se no momento do contrato e não posteriormente; 3) a desproporção deve 
ser considerável. 
• Estado de perigo: Identifica-se como uma hipótese de inexigibilidade de conduta 
diversa, ante a iminência de dano por que passa o agente, a quem não resta outra 
alternativa senão praticar o ato. A expressão “meu reino por um cavalo”, da obra de 
Shakespeare, pode ser um exemplo para esse vício. 
 
�São vícios sociais: 
• Simulação: È uma declaração enganosa de vontade, visando produzir efeito do 
ostensivamente indicado. É um defeito que não vicia a vontade do declarante, uma vez 
que este se mancomuna de livre vontade para atingir fins espúrios, em detrimento da 
lei ou da própria sociedade. Importante observar que a simulação deixou de ser uma 
causa de anulabilidade e passou a figurar entre as hipóteses de nulidade do ato 
jurídico. 
• Fraude contra credores: Consiste noato de alienação ou oneração de bens, assim 
como de remissão de dívidas, praticado pelo devedor insolvente, ou à beira da 
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insolvência, com o propósito de prejudicar credor preexistente, em virtude da 
diminuição experimentada pelo seu patrimônio. Dois elementos compõem a fraude, o 
primeiro de natureza subjetiva e o segundo objetiva. São eles, respectivamente, o 
consilium fraudis (o conluio fraudulento) e o eventus damni (o prejuízo causado ao 
credor). A anulação do ato praticado em fraude contra credores dá-se por meio de 
uma ação revocatório, denominada ação pauliana. 
 
�Invalidade do negócio jurídico: A previsibilidade doutrinária e normativa da teoria das 
nulidades impede a proliferação de atos jurídicos ilegais ou portadores de vícios, a depender 
da natureza do interesse jurídico violado. Sendo assim, é possível afirmar que o 
reconhecimento desses estados são formas de proteção e defesa do ordenamento jurídico 
vigente. Dentro dessa perspectiva, é correto dizer-se que o ato nulo (nulidade absoluta), viola 
norma de ordem pública, de natureza cogente, e carrega em si vício considerado grave. Por 
sua vez, o ato anulável (nulidade relativa), contaminado de vício menos grave, decorre de 
infringência de norma jurídica protetora de interesses eminentemente privados. 
 
����NULIDADE ABSOLUTA NULIDADE RELATIVA 
Nulidade Absoluta Nulidade Relativa 
1. O ato nulo atinge interesse público 
superior. 
1. O ato anulável atinge interesses 
particulares. 
2. Opera-se de pleno direito 2. Não se opera de pleno direito. 
3. Não admite confirmação 3. Admite confirmação expressa ou tácita. 
4. Pode ser argüida pelas partes, por terceiro 
interessado, pelo MP, ou até mesmo 
pronunciada pelo juiz 
4. Somente pode ser arguida pelos legítimos 
interessados. 
5. A ação declaratória de nulidade é decidida 
por sentença de natureza declaratória. 
5. A ação anulatória é decidida por sentença 
de natureza desconstitutiva. 
6. Pode ser reconhecida, segundo o CC, a 
qualquer tempo, não se sujeitando ao prazo 
prescricional ou decadencial. 
6. A anulabilidade somente pode ser argüida, 
pela via judicial, em prazos decadenciais de 
quatro (regra geral) ou dois (regra supletiva) 
anos, salvo norma especifica em sentido 
contrário. 
 
 
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3. PRESCRIÇÃO 
Direito subjetivo é o poder que o ordenamento jurídico reconhece a alguém de ter, 
fazer ou exigir de outrem determinado comportamento. É verdadeira permissão jurídica, ou 
ainda, é um poder concedido ao indivíduo para realizar seus interesses. Representa a estrutura 
da relação poder-dever, em que ao poder de uma das partes corresponde ao dever da outra. 
Importante observar que existem pretensões imprescritíveis, afirmando que a 
prescritibilidade é a regra e a imprescritibilidade a exceção. 
 
�Assim, não prescrevem: 
• As que protegem os direitos da personalidade; 
• As que se prendem ao estado das pessoas (estado de filiação, a qualidade de 
cidadania, a condição conjugal); 
• As de exercício facultativo (ou potestativo), em que não existe direito violado, como as 
destinadas a extinguir o condomínio, a de pedir meação no muro vizinho; 
• As referentes a bens públicos de qualquer natureza, que são imprescritíveis; 
• As que protegem o direito de propriedade, que é perpétuo (reivindicatória); 
• As pretensões de reaver bens confiados à guarda de outrem, a título de depósito, 
penhor ou mandato; 
• As destinadas a anular inscrição do nome empresarial feita com violação de lei ou do 
contrato (art. 1.167, CC). 
A pretensão e a exceção prescrevem no mesmo prazo (art. 189 e art. 190). 
O art. 191 não admite a renúncia prévia da prescrição, isto é, antes que se tenha 
consumado. Assim, dois são os requisitos para a validade da renúncia: 
• Que a prescrição já esteja consumada; 
• Que não prejudique terceiro. Terceiros eventualmente prejudicados são os credores, 
pois a renúncia à possibilidade de alegar a prescrição pode acarretar a diminuição do 
patrimônio do devedor. Em se tratando de ato jurídico, requer a capacidade do 
agente. Renunciar à prescrição consiste na possibilidade de o devedor de uma dívida 
prescrita, consumado o prazo prescricional e sem prejuízo a terceiro, abdicar do 
direito de alegar esta defesa indireta de mérito (a prescrição) em face de seu credor. 
A única conseqüência da tardia alegação da prescrição diz respeito aos ônus de 
sucumbência: são indevidos honorários advocatícios em favor do réu, se este deixou de alegar 
a prescrição de imediato, na oportunidade da contestação, deixando para fazê-lo somente em 
grau de apelação, nos termos do art. 22 do CPC. 
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Diz o mencionado art. 193 que a prescrição pode ser alegada “pela parte a quem 
aproveita”. A argüição não se restringe, pois, ao prescribente, mas se estende a terceiros 
favorecidos por ela. 
Registre-se que os “relativamente incapazes e as pessoas jurídicas têm ação contra os 
seus assistentes ou representantes legais, que derem causa à prescrição, ou não a alegarem 
oportunamente” (art. 195), regra também aplicável à decadência por força do art. 208 do CC. 
Finalmente, é permitida, também, a accessio praescriptionis, isto é, a soma do tempo 
corrido contra o credor ao que flui contra o seu sucessor (art. 196). O prazo, desse modo, não 
se inicia novamente. 
E com o principal prescrevem os direitos acessórios (art. 167 do CC/16), regra que deve 
ser acolhida pela doutrina e jurisprudência. 
O Código Civil agrupou as causas que suspendem e impedem a prescrição em uma 
mesma seção, entendendo que estão subordinadas a uma unidade fundamental. As mesmas 
causas ora impedem, ora suspendem a prescrição, dependendo do momento em que surgem. 
Impedimento da prescrição é o obstáculo ao curso do respectivo prazo, antes do seu 
início. 
Constitui-se em um fato que não permite comece o prazo prescricional a correr. Assim, 
se o prazo ainda não começou a fluir, a causa ou obstáculo impede que comece. 
Interrupção da prescrição é o fato que impede o fluxo normal do prazo, inutilizando o 
já decorrido. 
A interrupção depende, em regra, de um comportamento ativo do credor, 
diferentemente da suspensão, que decorre de certos fatos previstos na lei, como foi 
mencionada. Qualquer ato de exercício ou proteção ao direito interrompe a prescrição, 
extinguindo o tempo já decorrido, que volta a correr por inteiro, diversamente da suspensão 
da prescrição, cujo prazo volta a fluir somente pelo tempo restante. 
O efeito da interrupção da prescrição é, portanto, instantâneo: “A prescrição 
interrompida recomeça a correr da data do ato que a interrompeu, ou do último ato do 
processo para a interromper” (art. 202, parágrafo único). Sempre que possível a opção, ela se 
verificará pela maneira mais favorável ao devedor. 
O art. 202, caput, expressamente declara que a interrupção da prescrição “somente 
poderá ocorrer uma vez”. A restrição é benéfica, para não se eternizarem as interrupções da 
prescrição. 
 
 
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�São efeitos da interrupção da prescrição: 
• Inutiliza-se todo o tempo prescricional decorrido, começando a correr novo prazo. 
• O direito subjetivo atingido é beneficiado pela interrupção,dilatando-se o período 
para composição do dano; essa vantagem para o titular do direito subjetivo ofendido 
corresponde às desvantagens para o prescribente, que vê retardado o benefício que 
lhe poderia advir da prescrição; 
• A interrupção da prescrição por um credor não aproveita aos outros; igualmente, a 
Interrupção operada contra o co-devedor, ou seu herdeiro, não prejudica os demais 
coobrigados (art. 204 do CC). 
A interrupção por um dos credores solidários, aproveita aos outros; assim como a 
interrupção efetuada contra o devedor solidário envolve os demais e seus herdeiros (CC, art. 
204, § 1º). 
 
4. DECADÊNCIA 
Existem direitos subjetivos que não fazem nascer pretensões, porque destituídos dos 
respectivos deveres. São direitos potestativos. 
O direito potestativo é o poder que o agente tem de influir na esfera jurídica de 
outrem, constituindo, modificando ou extinguindo uma situação subjetiva sem que esta possa 
fazer alguma coisa se não sujeitar-se. São direitos potestativos o do patrão dispensar o 
empregado, o do doador revogar a doação simples, o de aceitar ou não a proposta de 
contratar, o de aceitar ou não herança. 
O lado passivo da relação jurídica limita-se a sujeitar-se ao exercício de vontade da 
outra parte. E não havendo dever, não há o seu descumprimento, não há lesão. 
Consequentemente, não há pretensão. 
O tempo limita o exercício dos direitos potestativos pela inércia do respectivo titular, a 
qual recebe o nome de caducidade. Esta, em sentido amplo, significa extinção de direitos em 
geral, e em sentido restrito, perda dos direitos potestativos quando toma o nome de 
decadência. Seu fundamento é o princípio da inadmissibilidade de conduta contraditória. 
A decadência traduz-se, portanto, em uma limitação que a lei estabelece para o 
exercício de um direito, extinguindo-o e pondo a termo ao estado de sujeição existente. 
Aplica-se às relações que contêm obrigações, sendo objeto de ação constitutiva. 
A decadência é estabelecida em lei ou pela vontade das partes em negócio jurídico, 
desde que se trate de matéria de direito disponível e não haja fraude às regras legais. 
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Enquanto a prescrição deve ser alegada pela parte interessada, a decadência não é “suscetível 
de oposição, como meio de defesa”. 
Sendo matéria de ordem pública, dispõe a lei (CC, art. 209) que é nula a renúncia à 
decadência fixada em lei, sendo de admitir-se, a contrario sensu, ser válida a renúncia à 
decadência estabelecida em negócio jurídico pelas partes. 
No caso de decadência legal, deve o juiz conhecê-la de ofício (CC, art. 210). 
 
5. DIREITO DAS OBRIGAÇÕES 
�Conceito e elementos: Obrigação é a relação jurídica em virtude da qual uma ou mais 
pessoas determinadas devem, em favor de outra ou de outras, uma prestação de caráter 
patrimonial. 
• Por outras palavras: Obrigação é o vínculo jurídico temporário pelo qual a parte 
credora (uma ou mais pessoas) pode exigir da parte devedora (uma ou mais pessoas) 
uma prestação patrimonial e agir judicialmente ou mediante instauração de juízo 
arbitral sobre o seu patrimônio, se não for satisfeita espontaneamente. 
 
�Os elemento são: os sujeitos, o objeto e o vínculo jurídico. 
• Os sujeitos são: a parte credora (uma ou mais pessoas físicas ou jurídicas) e a parte 
devedora (uma ou mais pessoas físicas ou jurídicas). 
• O objeto é a prestação (dar, fazer ou não fazer alguma coisa). 
• A prestação deve ter conteúdo patrimonial e ser lícita, possível e determinada ou 
determinável. 
 
�Obrigações naturais: São as que não podem ser reclamadas em juízo, embora lícitas. A idéia 
de obrigação imperfeita ou natural também é válida para as dívidas de jogo e de aposta, agora 
tratadas no art. 814 do Código Civil 
A obrigação natural confere hoje juridicidade à obrigação moral e ao dever de 
consciência reconhecido e cumprido pelo devedor, que, posteriormente, não pode reaver o 
pagamento feito conscientemente. 
 
�Pagamento: Pagamento é todo cumprimento de obrigação, importando em dar, fazer ou 
não fazer. O pagamento é feito na forma estipulada, não podendo o credor ser obrigado a 
receber parcialmente o débito, salvo em casos especiais previstos pela lei, como na 
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substituição do devedor por seus herdeiros, que só são responsáveis pelo débito na proporção 
dos seus quinhões (art. 1.997 do CC). 
Qualquer pessoa pode pagar uma dívida, sua ou de outrem. Mas o Código Civil 
distingue: o pagamento pode ser feito por terceiro interessado ou por terceiro não 
interessado. O termo interessado aí tem sentido técnico: é aquele que pode ser 
responsabilizado pelo débito, como, por exemplo, o avalista ou um terceiro garantidor da 
dívida. No entanto, se alguém é parente ou amigo do devedor e deseja auxiliá-lo, também 
pode pagar, mas os efeitos são diversos. 
 
�Inadimplemento e mora: 
• O inadimplemento ou não-cumprimento da obrigação na maneira estipulada pode 
revestir formas diversas. A destruição da coisa e a ilicitude do negócio jurídico, em 
virtude de lei nova, importam em impedir de modo definitivo o cumprimento da 
obrigação. O inadimplemento total, cabal e definitivo pode ser fortuito ou culposo, 
ensejando, na última hipótese, a responsabilidade do inadimplente. Pode, 
diversamente, ter havido um simples atraso no adimplemento da obrigação, que não 
foi cumprida no tempo fixado, mas o foi posteriormente. Esse atraso ou retardamento 
importa num inadimplemento temporário, quer por parte do devedor (mora debitoris 
ou mora solvendi), quer por parte do credor (mora creditoris ou mora accipiendi). 
• Mora é o retardamento culposo no cumprimento da obrigação, quando a prestação 
ainda é útil para o credor. A mora debitoris pressupõe uma dívida líquida e certa, 
vencida e não paga em virtude de culpa do devedor. Uma vez que haja mora, o 
devedor responde também pela impossibilidade da prestação resultante de caso 
fortuito ou força maior, salvo se provar a isenção de culpa ou que o dano ainda 
sobreviria se a obrigação fosse oportunamente desempenhada. A constituição em 
mora se realiza de pleno direito, ou seja, pelo simples advento do termo ou decurso do 
prazo, sem necessidade de qualquer interpelação judicial. É o princípio dies interpellat 
pro homine (art. 397 do CC). 
Há mora do credor quando este se recusa a receber o que lhe é devido, na forma 
contratual ou legal (art. 394 do CC). Os efeitos da mora creditoris importam em 
transferir a responsabilidade pela conservação da coisa ao credor, como se tradição 
tivesse havido, devendo o credor ressarcir o devedor pelas despesas que teve, depois 
da mora, pela conservação do bem e sujeitando-se ainda a recebê-lo pelo seu maior 
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valor, se este oscilar entre o tempo do vencimento e o do pagamento, interrompendo, 
outrossim, o curso dos juros (art. 400 do CC). 
 
�Pagamento em consignação: Pagamento em consignação é o depósito judicial da coisa 
devida ou depósito em estabelecimento bancário, se for débito em dinheiro, para liberar o 
devedor, nos casos legais (art. 334 do CC). 
 
�Pagamento com sub-rogação: 
• A sub-rogação é a substituição de uma pessoa ou de uma coisa por outra pessoa ou 
coisa, numa relação jurídica. 
• Sub-rogação pessoal pode ser: a) por força de lei, a transferência do crédito ao 
pagador de dívida alheia (casos do art. 346 doCC); b) por força de contrato ou de 
recibo com tal fim, a transferência do crédito próprio ou alheio, pelo pagamento (art. 
347 do CC). Distingue-se da cessão de crédito, porque esta se faz antes do pagamento 
e a sub-rogação se faz por causa do pagamento. 
 
�Imputação do pagamento: Imputação é a escolha da parcela a ser quitada num pagamento 
parcial do devedor que tem vários débitos em relação a um só credor. 
Quando o devedor tem vários débitos em relação ao mesmo credor e paga quantia 
insuficiente para a liquidação de todos, o problema que surge é o de saber quais os débitos 
que devem ser considerados pagos, ou seja, com relação a que débitos o pagamento deve ser 
imputado. 
A imputação pode decorrer de acordo entre os interessados ou de determinações 
legais. 
 
�Dação em pagamento: Os elementos necessários da dação em pagamento são, pois, a 
existência de uma dívida e o pagamento desta pela entrega de uma coisa diferente da 
prometida, com assentimento do credor e visando à extinção da obrigação. A dação em 
pagamento extingue a obrigação, pouco importando que a coisa dada em pagamento tenha 
valor maior ou menor do que a prestação originariamente devida. 
 
�Novação: A novação é a transformação de uma obrigação em outra, ou melhor, a extinção 
de uma obrigação mediante a constituição de uma obrigação nova que se substitui à anterior, 
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distinguindo-se a prestação antiga da nova, seja pelo valor ou natureza da prestação, seja por 
modificação do credor ou do devedor. 
Para que haja novação são elementos necessários: a) uma obrigação anterior, embora 
possa ser simples obrigação natural, condicional ou anulável; b) uma obrigação nova que 
extingue a anterior; c) a vontade de realizar novação (animus novandi) extinguindo a obrigação 
anterior, em virtude da criação da obrigação nova; e d) capacidade das partes para novar e 
para dispor. 
 
�Compensação - A compensação é meio de extinguir as dívidas de pessoas que, ao mesmo 
tempo, são credora e devedora uma da outra até o limite da existência do crédito recíproco 
(art. 368 do CC). 
 
�Confusão - A confusão é a extinção da obrigação decorrente da identificação numa mesma 
pessoa das qualidades de credor e devedor (art. 381 do CC). Como a compensação, a confusão 
só pode ser alegada entre credor e devedor. 
 
�Remissão de dívida - Remissão das dívidas é a renúncia do credor ao crédito que existe em 
seu favor, necessitando, para se tornar irrevogável, o acordo de vontades do credor e do 
devedor. A simples declaração do credor importa em extinção da dívida, mas pode ser 
revogada até o momento em que o devedor aceita a remissão. 
 
�Transação - A palavra “transação” é utilizada em sentidos diversos. Na acepção mais ampla 
e menos técnica, significa qualquer espécie de negócio. Em sentido restrito, é o negócio 
jurídico bilateral pelo qual os interessados, por concessões mútuas, evitam ou terminam um 
litígio (art. 840 do CC). 
 
�Cláusula penal - A cláusula penal é um pacto acessório, regulamentado pela lei civil (arts. 
408 a 416 do CC), pelo qual as partes, por convenção expressa, submetem o devedor que 
descumprir a obrigação a uma pena ou multa no caso de mora (cláusula penal moratória) ou 
de inadimplemento (cláusula penal compensatória). 
A cláusula penal se apresenta geralmente sob a forma de pagamento de determinada 
quantia em dinheiro, admitindo-se todavia a cláusula cujo conteúdo seja a prática de ato ou 
mesmo uma abstenção por parte do inadimplente. 
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A multa é convencionada no momento da realização do ato jurídico ou 
posteriormente, revertendo em favor da parte inocente ou de terceiro (v. g., obra 
beneficente). O valor da multa deve ser determinável, recorrendo-se eventualmente a vários 
fatores para a fixação definitiva do seu montante. 
A cláusula penal é moratória quando se aplica em virtude de mora do devedor e sem 
prejuízo da exigência da prestação principal. 
 
6. RESPONSABILIDADE CIVIL 
 A responsabilidade civil é definida como a situação de quem sofre as conseqüências 
da violação de uma norma, ou como a obrigação que incumbe a alguém de reparar o prejuízo 
causado a outrem, pela sua atuação ou em virtude de danos provocados por pessoas ou coisas 
dele dependentes. 
 
�Elementos da responsabilidade civil - São elementos estruturais da responsabilidade civil: 
• Ação ou omissão do agente: A responsabilidade pode derivar de ato próprio, de ato de 
terceiro que esteja sob a guarda do agente, e ainda de danos causados por coisas e 
animais que lhe pertençam, 
• Culpa ou dolo do agente: A obrigação de indenizar não existe, em regra, só porque o 
agente causador do dano procedeu objetivamente mal. É essencial que ele tenha 
agido com culpa. Agir com culpa significa atuar o agente em termos de, pessoalmente, 
merecer censura ou reprovação do direito. (Primeira parte do art. 927 do CC), 
• Relação de Causalidade: É a relação de causa e efeito entre a ação ou omissão do 
agente e o dano verificado. Vem expressa no verbo “causar”, utilizado no art. 186. As 
principais teoria sobre a relação de causalidade são: 1) Teoria da equivalência das 
condições – toda e qualquer circunstância que haja concorrido para produzir o dano é 
considerada uma causa. A sua equivalência resulta de que, suprimida uma delas, o 
dano não se verifica. O ato do autor do dano era condição sine qua non para que o 
dano se verificasse. 2) Teoria da causalidade adequada – Somente considera como 
causadora do dano a condição por si só apta a produzi-lo. 
Se existiu no caso em apreciação dano somente por força de uma circunstância 
acidental, diz-se que a causa não era adequada. 
• Dano: Sem a prova do dano, ninguém pode ser responsabilizado civilmente. O dano 
pode ser material ou simplesmente moral 
 
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7. DIREITOS REAIS 
�Características dos direitos reais: Os direitos reais se apóiam na relação entre homem e 
coisa, sendo que esta deve possuir valor econômico e suscetível de apropriação. 
No dizer de Silvio Rodrigues, são os direitos que se prende à coisa, prevalecendo com a 
exclusão de concorrência de quem quer que seja, independendo para o seu exercício da 
colaboração de outrem e conferindo ao seu titular a possibilidade de ir buscar a coisa onde 
quer que ela se encontre, para sobre ela exercer o seu direito. 
 
�Direitos Reais sobre coisa alheia 
• Da superfície: Trata-se de direito real de fruição ou gozo sobre coisa alheia, de origem 
romana. Surgiu da necessidade prática de se permitir edificação sobre bens públicos, 
pertencendo o solo em poder do Estado. 
• Das servidões: Servidão é um encargo que suporta um prédio denominado serviente, 
em benefício de um outro prédio chamado dominante, conferindo ao titular o uso e 
gozo do direito ou faculdade. 
• Do usufruto: Trata-se de um direito real sobre coisa alheia conferido a alguém de 
retirar, temporariamente, da coisa alheia os frutos e utilidades que ela produz, sem 
alterar-lhe a substância (Art. 1225, IV, CC). 
• Do uso: O usuário usará da coisa e perceberá os seus frutos, quando o exigirem as 
necessidades pessoais suas e de sua família (art. 1412). No que diz respeito às 
necessidades pessoais, deve-se ter em consideração a condição social do usuário, bem 
como o lugar onde vive. 
• Da habitação: A habitação pode ser entendidacomo uma modalidade especial de uso 
à moradia. O titular desse direito pode usar a cada para si, residindo nela, mas não 
alugá-la nem emprestá-la. E se for conferido a mais de uma pessoa, qualquer delas 
que a ocupar estará no exercício de direito próprio, nada devendo às demais a título 
de aluguel. 
• Do direito do promitente comprador: Com o advento do Decreto-Lei n. 58/37, o 
compromisso tornou-se irretratável, conferindo direito real ao comprador, desde que 
levado ao registro imobiliário. O promitente comprador não recebe o domínio da 
coisa, mas passa a ter direitos reais sobre ela. A Lei n. 6.766/79 veio derrogar o 
Decreto-Lei n. 58/37, que hoje se aplica somente aos loteamentos rurais. O art. 25 da 
referida lei declara irretratáveis e irrevogáveis os compromissos de compra e venda de 
imóveis loteados. Qualquer cláusula de arrependimento, nesses contratos, ter-se-á, 
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pois, por não escrita. Em se tratando, porém, de imóvel não loteado, lícito afigura-se 
convencionar o arrependimento, afastando-se, com isso, a constituição do direito real. 
Inexistindo cláusula nesse sentido, prevalece a irretratabilidade. 
• Das concessões: A lei 11.481/07 introduziu dois novos direitos reais no Código Civil 
brasileiro, a saber: a concessão de uso especial para fins de moradia e a concessão de 
direito real de uso.Não se trata propriamente de um direito real novo. Desde a edição 
da Medida Provisória n. 2.220, de 4 de setembro de 2001, editada como diploma 
substitutivo ao veto dos arts. 15 a 20 do Estatuto da Cidade (Lei n. 10.257/2001), a 
concessão de uso especial para fins de moradia compõe o rol dos direitos reais. Ocorre 
que a Lei n. 11.481/2007, responsável pela introdução do instituto no CC, pouco, ou 
melhor, praticamente nada acrescentou sobre o instituto, o qual continua submetido 
ao conteúdo e contornos normativos da Med. Prov. n. 2.220/2001. Isso porque não foi 
inserido no CC, ao contrário dos demais direitos reais, um título específico sobre esse 
direito. Pela MP n. 2.220/2001, o direito à concessão de uso especial para fins de 
moradia só será outorgado àquele “que, até 30 de junho de 2001, possuiu como seu, 
por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, até duzentos e cinqüenta metros 
quadrados de imóvel público situado em área urbana, utilizando-o para sua moradia 
ou de sua família, tem o direito à concessão de uso especial para fins de moradia em 
relação ao bem objeto da posse, desde que não seja proprietário ou concessionário, a 
qualquer título, de outro imóvel urbano ou rural” (art. 1.º da referida Medida 
Provisória). A concessão exige praticamente os mesmos requisitos do usucapião 
urbano previsto no art. 183 da CF e no art. 1.240 do CC. Ocorre que a concessão, ao 
contrário do usucapião, nada mais é do que contrato administrativo pelo qual a 
Administração faculta ao particular a utilização privativa de bem público, para que a 
exerça conforme a sua destinação. O que era faculdade, porém, passa a ser direito do 
possuidor, e a Administração não pode recusar o contrato. 
O art. 5.º da MP estabelece que "É facultado ao Poder Público assegurar o exercício do 
direito de que tratam os arts. 1.º e 2.º em outro local na hipótese de ocupação de imóvel: 
I – de uso comum do povo; 
II – destinado a projeto de urbanização; 
III – de interesse da defesa nacional, da preservação ambiental e da proteção dos 
ecossistemas naturais; 
IV – reservado à construção de represas e obras congêneres; ou 
V – situado em via de comunicação". 
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Há, como se vê, tentativa de trazer essa camada desfavorecida da população ao 
mundo legalizado, buscando outorgar-lhe títulos de direito real, inclusive dispondo, no art. 7.º 
da Med. Prov. n. 2.220/2001, que "O direito de concessão de uso especial para fins de moradia 
é transferível por ato inter vivos ou causa mortis". O direito de concessão de uso especial para 
fins de moradia pode ser reconhecido por ato administrativo ou por decisão judicial e tem 
publicidade, de caráter declaratório, com o registro no Registro Predial (art. 167, I, n. 37, da Lei 
n. 6.015/73). 
 
8. DIREITO DE FAMÍLIA 
�Casamento: 
• Conceito de casamento: Casamento é o vínculo jurídico entre o homem e a mulher 
que se unem material e espiritualmente para constituírem uma família. Estes são os 
elementos básicos, fundamentais e lapidares do casamento. 
• Pressupostos de existência jurídica do casamento 
a) Diversidade de Sexo – Nesse sentido a lei é clara e não abre espaço a qualquer 
exegese extensiva (art. 1517). As uniões estáveis de natureza homossexual podem ter 
relevância jurídica em outros planos e sob outras formas, mas não como modalidade 
de casamento. 
b) Consentimento – A falta de consentimento torna inexistente o casamento. 
c) Celebração por Autoridade Competente – Inexiste casamento se o consentimento é 
manifestado perante quem não tem competência para celebrar o ato matrimonial. 
Casamento celebrado perante autoridade incompetente (perante prefeito municipal 
ou delegado de polícia) não é nulo, mas simplesmente inexistente. 
 
• Pressupostos de validade: 
a) Puberdade: No art. 1517 o legislador fixou idade núbil aos 16 anos, 
independentemente do sexo do nubente. Todavia, a capacidade matrimonial não se 
confunde com a capacidade civil (18 anos). Desse modo, se um ou ambos os 
pretendentes não tiverem atingido a maioridade civil, será necessária a autorização 
dos pais ou dos seus representantes legais para a celebração do ato. Havendo 
divergência entre os pais, o interessado poderá obter do juiz o suprimento judicial 
correspondente (parágrafo único do art. 1517 c/c o art. 1519). A regra do art. 1517 
comporta, porém, uma exceção: admissibilidade do casamento para evitar 
cumprimento de pena criminal ou em caso de gravidez (art. 1520). 
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b) Potência: É a aptidão para conjunção carnal. Fora as exceções legais (casamento de 
anciãos e casamento in extremis – art. 1540) os nubentes devem ter aptidão para a 
vida sexual. Dois são os tipos de impotência que interessam ao direito matrimonial: a) 
Impotentia Coeundi (de concepção ou de cópula) – Pode gerar a anulação do 
casamento, desde que interesse a um dos cônjuges anulá-lo (art. 1557, III); b) 
Impotentia Generandi (de gerar, ou, de procriar) – Não justifica a anulação do 
casamento, confirmando-se a idéia de que a prole não é finalidade do casamento, 
c) Sanidade – O CC não previu a sanidade dos nubentes como condição necessária à 
validade do casamento. O exame pré-nupcial não é obrigatório, salvo no caso de 
casamento de colaterais de 3º grau (tios e sobrinhos), conforme disposto no Decreto-
Lei 3.200 de 1941. 
 
• Pressupostos de regularidade: 
São os que se referem às formalidades do casamento, que é ato jurídico 
eminentemente formal. A lei soleniza-o, prescrevendo formalidades de observância 
obrigatória para a sua regularidade. 
a) Formalidades Preliminares – São as que antecedem o casamento. Elas são de três 
ordens: habilitação – art. 1525 e 1526 -(nesta fase ocorre a apreciação dos 
documentos e apuração da capacidade dos nubentes e a inexistência dos 
impedimentos matrimoniais); a publicação dos editais – art. 1527 -(a dispensa dos 
editais é possível nas seguintes hipóteses: se ficar comprovada a urgência (grave 
enfermidade, parto eminente, viagem inadiável) etambém no caso de casamento 
nuncupativo); e emissão do certificado da habilitação – arts. 1533 a 1538 – (o oficial 
extrairá o certificado de habilitação durando a eficácia da habilitação por 90 dias). 
b) Formalidades Concomitantes – São as que acompanham a cerimônia e vêem 
detalhadamente previstas nos art. 1533 ao art. 1538. Importante notar que sua 
inobservância determina-lhe a nulidade do ato. 
 
• Dos impedimentos matrimoniais: São as circunstâncias que impossibilitam a 
realização de determinado casamento, noutras palavras, é a ausência de requisito ou 
ausência de qualidade que a lei articulou entre as condições que invalidam ou apenas 
proíbem a união civil. 
 
 
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• Da eficácia do casamento: Pelo art. 1565 do CC., homem e mulher, em absoluta 
igualdade de direitos e deveres, pelo casamento, assumem mutuamente a condição de 
consortes, companheiros e responsáveis pelos encargos da família. Instaura-se o 
regime da co-gestão na sociedade familiar. E para reafirmar a recepção do princípio 
constitucional da igualdade, o legislador estatui, no parágrafo 1º. do citado artigo que, 
qualquer dos nubentes, querendo, poderá acrescer ao seu o sobrenome do outro. 
Os efeitos que produz o casamento podem ser encarados como restrições que cada 
um dos cônjuges impôs voluntariamente à sua liberdade pessoal e que, uma vez assumidas, 
devem ser respeitadas enquanto durar a união, os quais dão origem aos chamados deveres 
conjugais (art. 1.566 do CC). 
 
• Da invalidade do casamento: 
a) Casamento inexistente - O casamento é inexistente quando lhe faltam um ou mais 
elementos essenciais à sua formação. O ato, não adquirindo existência, nenhum efeito 
pode produzir. 
b) Casamento nulo - Segundo o disposto no art. 1548 nulo é o casamento contraído pelo 
enfermo mental sem o necessário discernimento para os atos da vida civil (por não 
estar em seu juízo perfeito) e por infringência de impedimentos (previstos no CC., art. 
1521, incisos I a VII). A decretação da nulidade pode ser promovida pelo Ministério 
Público, ou por qualquer interessado (art. 1549). A sentença de nulidade do 
casamento tem caráter declaratório, uma vez que reconhece apenas o fato que o 
invalida, produzindo efeitos ex tunc (art. 1563). 
c) Casamento anulável - O art. 1550 o CC trata dos casos de casamento anulável que 
substituem, em linhas gerais, os outrora denominados impedimentos dirimentes 
relativos. Seis são as hipóteses legais de anulação do casamento. Não existem outras, 
logo, trata-se de uma enumeração taxativa e não exemplificativa. 
 
• Dissolução da sociedade conjugal - Segundo o disposto no art. 1571 do CC., a 
sociedade conjugal termina: pela morte de um dos cônjuges, pela nulidade ou 
anulação do casamento ou pelo divórcio. 
 
 
 
 
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9. PARENTESCO 
 Toda pessoa se enquadra numa família por quatro ordens de relações: o vínculo 
conjugal; o parentesco; a afinidade; e o vínculo sócio-afetivo. 
 
�Espécies de parentesco: 
• Parentesco natural: É o que se origina da consangüinidade. 
• Parentesco civil: É o decorrente da adoção, isto é, o vínculo legal que se estabelece à 
semelhança da filiação consangüínea, mas independente dos laços de sangue. É por 
força de uma ficção legal que se estabelece este parentesco. Em decorrência do art. 
227, parágrafo 6º. a CF, no atual sistema codificado, o adotado tem os mesmos 
direitos do filho consangüíneo. 
• Parentesco por afinidade: Inicialmente vale ressaltar que o casamento não cria 
nenhum parentesco entre o homem e a mulher. Marido e mulher são, simplesmente, 
afins. Embora haja simetria com a contagem dos graus no parentesco, a afinidade não 
decorre da natureza, nem do sangue, mas tão somente da lei. A afinidade, assim como 
o parentesco por consangüinidade, comporta duas linhas: a reta e a colateral. São 
afins em linha reta ascendente: sogro, sogra, padrasto e madrasta (no mesmo grau 
que pai e mãe). São afins na linha na linha reta descendente: genro, nora, enteado, 
enteada (no mesmo grau que filho e filha). A afinidade na linha reta é sempre mantida 
(art. 1595, parágrafo 2º.); mas a afinidade colateral (ou cunhado) extingue-se com o 
término do casamento. Em assim sendo, inexiste impedimento do viúvo (ou 
divorciado) casar-se com a cunhada. 
• O vínculo sócio-afetivo: É a proposta inédita, não visualizada pelo C/C 1916 e que 
ganha legítimo reconhecimento na singela fórmula do art. 1593 quando se refere ao 
parentesco que resulta de outra origem. 
 
10. UNIÃO ESTÁVEL 
O termo “união estável” admite dois sentidos, um amplo (lato sensu) e um restrito 
(stricto sensu). No sentido amplo, desde a posse do estado de casados, com notoriedade de 
longos anos, até a união adulterina, tudo se incluiria na noção maior de concubinato. No 
sentido restrito, é a convivência more uxorio, ou seja, o convívio, de homem e mulher, como 
se fossem marido e mulher. A jurisprudência do STF reconheceu a possibilidade da união 
homoafetiva, com as mesmas garantias da união heteroafetiva. 
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O termo união estável, empregado pelo constituinte de 1988 refere-se à união livre, 
entre homem e mulher desimpedidos, tanto é que o texto constitucional – art. 226, parágrafo 
3 º - refere-se à possibilidade de conversão em casamento. Só se converte em casamento, 
união entre homem e mulher não inquinada de impedimento. 
O concubinato não se confunde com a união estável (ou, união livre), porque naquele 
há sempre impedimento, enquanto nesta a convivência pode ser convertida em casamento. 
 
11. ALIMENTOS 
Alimentos, na linguagem jurídica, tem uma conotação amplíssima, que não pode ser 
reduzida à noção de mero sustento (alimentação) mas envolve, também, vestuário, habitação, 
saúde, lazer, educação, profissionalização. Logo, podemos afirmar que alimentos são os 
auxílios prestados a uma pessoa para prover as necessidades da vida. 
 
�Fontes da obrigação alimentar: A dívida de alimentos pode provir de várias fontes: 
• Vontade das partes: Embora hipótese rara ela pode se materializar nos casos de 
separação consensual, na qual o marido (ou a mulher) convenciona a pensão a ser 
paga ao outro cônjuge. Também pode derivar de disposição testamentária (art. 1920). 
• Parentesco: A lei impõe aos pais o encargo de prover a mantença da família e, por 
decorrência jurídica, a eles compete sustentar e educar os filhos. Da mesma forma, aos 
filhos compete sustentar os pais, na velhice e quando necessitam de auxílio. 
• Casamento e União Estável: Por força do princípio constitucional que inseriu as uniões 
estáveis como espécie do gênero maior entidades familiares, os companheiros 
também podem pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem para viver (art. 
1694). 
• Ato Ilícito: Quando o causador do dano fica obrigado a reparar o prejuízo mediante 
pagamento de uma indenização, a pensão alimentar decorre da responsabilidade civil. 
É o que decorre do disposto no art. 948, II. 
 
12. DIREITO DAS SUCESSÕES 
�Aspectos gerais - A sucessão em sentido restrito designa a transmissão de bens de uma 
pessoa (autor da herança, também chamado de cujus) em decorrência de sua morte para uma 
outra (chamado genericamente de sucessor). 
 
 
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�Existem duas formas de sucessão no direito brasileiro (art. 1.786 do CC): 
• A legítima: Resultante de lei. Ocorre sempre que o autor da herança morre sem deixar 
disposição de última vontade; diz-se sucessão ad intestato (art. 1788 do CC). 
• A testamentária: Resultante da vontade do testador. Deriva do testamento, isto é, da 
manifestação de vontade do testador que, além da legítima, abre espaço à vontade 
soberana do testador, quanto à cota disponível. O direito brasileiro consagrou o 
sistema da limitada liberdade de testar. É o que deflui do disposto nos arts. 1.789 c/c 
1.846 do CC. Com efeito, havendo herdeiros necessários (art. 1.845) diz o art. 1.789 
que o testador só pode dispor da metade da herança. 
 
�Característica da herança: A herança é uma universalidade de direito. Até a partilha todos 
os herdeiros encontram-se frente ao espólio como condôminos, ou seja, possuidores e 
proprietários de uma cota ideal, abstrata, que só se materializará (ou concretizará) no 
momento da partilha. O estado de indivisão, decorrente da abertura da sucessão, desaparece 
via inventário que, minucioso e exato, faz conhecer o complexo de bens transmitido pelo de 
cujus aos herdeiros. Ele garante a igualdade de quinhões, prepara a partilha e põe fim ao 
estado condominial. O art. 1.792 ainda precisa que o herdeiro nunca responde ultra vires 
hereditatis, ou seja, ele não responde pelos encargos superiores às forças da herança. Em 
outras palavras, a responsabilidade da herança pelas dívidas do defunto limita-se às suas 
forças. 
 
�Ordem de vocação hereditária: O critério da vocação é a proximidade do vínculo familiar. 
Assim, os herdeiros mais próximos excluem os mais remotos (salvo hipótese de representação) 
e os herdeiros de grau igual, quando herdam em nome próprio, recebem uma cota igual da 
herança. 
Assim: a) Herdeiros de grau igual: herdam por cabeça; b) Herdeiros de grau diferente: 
herdam por estirpe. 
 
�Herdeiros legítimos: São as pessoas indicadas na lei (art. 1.829) como sucessores, na 
sucessão legal, a quem se transmite a totalidade ou cota parte da herança. 
A existência de herdeiros legítimos necessários impede a disposição testamentária dos 
bens constitutivos da legítima (art. 1.846). São eles: os descendentes; os ascendentes, e o 
cônjuge sobrevivente (concorrendo com as duas categorias, conforme prevê o inciso I do art. 
1829) e o companheiro. 
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Os herdeiros legítimos facultativos são os herdeiros que podem vir a herdar, quando 
faltarem herdeiros necessários. Para excluí-los da sucessão basta que o testador disponha dos 
bens, sem os contemplar. Nesta categoria incluem-se os colaterais até o quarto grau. 
 
�Sucessão dos descendentes: A sucessão dos descendentes ocorre por cabeça (quando os 
herdeiros se encontram no mesmo grau de parentesco do de cujus) ou por estirpe (quando 
herdeiros de graus diferentes). 
 
�Sucessão do cônjuge: De acordo com o art. 1.830 o chamamento do cônjuge está 
condicionado a que, na data do óbito, não estivesse separado judicialmente de de cujus, nem 
deste separado de fato há mais de dois anos, “salvo prova, neste caso, de que essa convivência 
se tornara impossível sem culpa do sobrevivente”. Agora, o cônjuge sobrevivente concorre à 
divisão da legítima, em igualdade com os descendentes ou ascendentes do falecido. Em três 
hipóteses, todavia, a lei deixa de reconhecer vocação hereditária ao cônjuge, atribuindo a 
herança, em sua totalidade, aos descendentes: 
• Se o regime de bens do casal era o da comunhão universal; 
• Se o regime de bens era o da separação obrigatória; e 
• Se o regime de bens era o da comunhão parcial, sem que o falecido tenha deixado 
bens particulares. 
 A ausência de patrimônio particular do de cujus importa serem comuns todos os seus 
bens: por uma circunstância fática, essa última situação se equipara à primeira (de comunhão 
universal) e, portanto, deve merecer igual tratamento. Diante de tais exceções à regra da 
concorrência entre descendentes e cônjuge, ao último caberá participar da sucessão em três 
hipóteses: 
• Se o regime de bens do casal era o da separação convencional, isto é, aquele 
livremente adotado pelos cônjuges mediante pacto antenupcial válido; 
• Se o regime de bens era o da comunhão parcial, e o de cujus tinha bens particulares 
(caso em que o cônjuge será, ao mesmo tempo, herdeiro e meeiro, incidindo a 
meação, obviamente, apenas sobre o patrimônio comum); 
• Se o regime de bens era o da participação final nos aquestos. Também aqui haverá 
herança e meação. Quando o cônjuge concorrer com ascendentes, será irrelevante o 
regime de bens. 
A nova lei previu, ainda, com maior extensão, o direito real de habitação sobre o 
imóvel residencial familiar para o cônjuge sobrevivente (art. 1.831). 
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�Sucessão dos ascendentes 
Não havendo descendentes, a sucessão devolve-se aos ascendentes. Aqui, também, o 
princípio da proximidade é a regra, mas não se admite a representação. 
E no caso dos pais do de cujus estarem mortos, mas ainda vivos seu avô paterno C e 
seus avós maternos E e F, como se dividirá a herança? C receberá metade da herança cabendo 
a outra metade a E e F conjuntamente (art. 1.836, parágrafo 2o. do C.C.). 
A sucessão do filho adotivo por seus ascendentes cria duas situações distintas, a saber: 
• Adoção plena: A herança do filho adotivo devolve-se aos seus pais adotivos (art. 41, 
§2º do ECA); 
• Adoção Simples: A herança beneficiará os ascendentes naturais. 
 
�Sucessão na união estável: A sucessão do convivente está prevista no art. 1790 do CC. Sua 
participação está limitada aos bens adquiridos onerosamente na constância da convivência, 
ficando excluído os bens particulares deixados pelo de cujus. 
Concorrendo com descendentes comuns receberá quota igual a que for paga ao 
descendente. Se concorrer com descendentes só do falecido receberá metade do que cada 
descendente receber. 
Não havendo descendentes do falecido, o convivente concorrerá à herança com os 
outros parentes porventura existentes, tendo direito a no mínimo 1/3 (um terço) da herança. 
O convivente somente irá receber a totalidade da herança caso o falecido não tenha 
deixado nenhum parente suscetível de receber a herança. Neste montante incluem-se os bens 
particulares.

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