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i Fundamentos de Geotecnia UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE ESCOLA DE ENGENHARIA FUNDAÇÕES I Prof. Paulo R. M. Moura 2009 1º Semestre ii Universidade Presbiteriana Mackenzie – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo – Prof. Paulo R. M. Moura 1º Semestre - 2008 i Fundamentos de Geotecnia ÍNDICE 1. INVESTIGAÇÃO DO SUBSOLO ..................................................................................1 1.1 Objetivos ..............................................................................................................................................1 1.2 Principais tipos de sondagens e ensaios “in situ”................................................................................1 1.2.1 SPT: “Standard Penetration Test” ................................................................................................1 1.2.2 SPT-T: SPT com medição do torque............................................................................................1 1.2.3 Outros tipos...................................................................................................................................1 1.3 Sondagens SPT...................................................................................................................................1 1.3.1 Equipamento.................................................................................................................................1 1.3.2 Procedimento................................................................................................................................2 1.3.3 Amostragem..................................................................................................................................3 1.3.4 Revestimento................................................................................................................................3 1.3.5 Escavação ....................................................................................................................................3 1.3.6 Lençol freático...............................................................................................................................3 1.3.7 Relatório de sondagem.................................................................................................................3 1.3.8 Cálculo do Índice de Resistência à Penetração (N) .....................................................................4 1.3.9 Consistência e compacidade........................................................................................................4 1.4 Problemas ............................................................................................................................................4 2. TIPOS DE FUNDAÇÕES ..............................................................................................7 2.1 Classificação das fundações ...............................................................................................................7 2.1.1 Quanto à profundidade .................................................................................................................7 2.1.2 Quanto à transferência de carga ..................................................................................................7 2.2 Blocos e alicerces ................................................................................................................................7 2.3 Sapatas ................................................................................................................................................7 2.4 Tubulões ..............................................................................................................................................8 2.4.1 Tubulões a céu aberto ..................................................................................................................8 2.4.2 Tubulões a ar comprimido ............................................................................................................8 2.5 Estacas ................................................................................................................................................9 2.5.1 Características gerais dos tipos de estacas .................................................................................9 2.5.1.1 Estacas cravadas......................................................................................................................9 2.5.1.2 Estacas escavadas ...................................................................................................................9 2.5.1.3 Estacas de deslocamento e de substituição...........................................................................10 2.5.1.4 Estacas pré-moldadas e moldadas in loco .............................................................................10 2.5.2 Estacas de deslocamento...........................................................................................................10 2.5.2.1 De madeira..............................................................................................................................10 2.5.2.2 De concreto.............................................................................................................................11 2.5.2.3 De aço.....................................................................................................................................12 2.5.2.4 Estaca Franki ..........................................................................................................................13 2.5.3 De substituição ...........................................................................................................................16 2.5.3.1 Broca manual ..........................................................................................................................16 2.5.3.2 Trado mecânico ......................................................................................................................17 2.5.3.3 Estaca Strauss ........................................................................................................................18 2.5.3.4 Estaca escavada com lama bentonítica (barrete ou circular).................................................20 2.5.3.5 Estacas hélice contínua ..........................................................................................................22 ii Universidade Presbiteriana Mackenzie – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo – Prof. Paulo R. M. Moura 1º Semestre - 2008 3. Projeto geométrico de fundações sobre sapatas .................................................. 25 3.1 Notação ............................................................................................................................................. 25 3.2 Objetivo ............................................................................................................................................. 25 3.3 Pré-requisitos .................................................................................................................................... 25 3.3.1 Estrutura..................................................................................................................................... 25 3.3.2 Sub-solo ..................................................................................................................................... 25 3.4 Condicionantes.................................................................................................................................. 26 3.4.1 SEGURANÇA ............................................................................................................................26 3.4.2 Axialidade................................................................................................................................... 26 3.4.3 Executivas.................................................................................................................................. 26 3.4.4 Geométricas............................................................................................................................... 26 3.4.5 Econômicas................................................................................................................................ 27 3.5 Tipos de sapatas ............................................................................................................................... 27 3.5.1 Sapatas isoladas........................................................................................................................ 27 3.5.1.1 Sem interferências.................................................................................................................. 27 3.5.1.2 Com interferência ................................................................................................................... 28 3.5.2 Sapatas para pilares associados ............................................................................................... 28 3.5.2.1 Pilares com cargas iguais ...................................................................................................... 30 3.5.2.2 Pilares com cargas diferentes ................................................................................................ 30 3.5.3 Sapatas para pilares de divisa................................................................................................... 32 3.6 Roteiro de trabalho............................................................................................................................ 34 3.6.1 Regras gerais............................................................................................................................. 34 3.6.2 Sapatas isoladas........................................................................................................................ 34 3.6.2.1 Sem interferências.................................................................................................................. 34 3.6.2.2 Com interferências ................................................................................................................. 34 3.6.3 Sapatas para pilares associados ............................................................................................... 35 3.6.3.1 Pilares com cargas iguais ...................................................................................................... 35 3.6.3.2 Pilares com cargas diferentes ................................................................................................ 35 3.6.4 Sapatas para pilares de divisa................................................................................................... 36 3.6.4.1 Sapata da divisa ..................................................................................................................... 36 3.6.4.2 Sapata do pilar central ........................................................................................................... 36 3.7 Problemas ......................................................................................................................................... 36 4. Projeto geométrico de fundações sobre tubulões................................................. 49 4.1 Notação e definições......................................................................................................................... 49 4.2 Objetivo ............................................................................................................................................. 50 4.3 Pré-requisitos .................................................................................................................................... 50 4.3.1 Estrutura..................................................................................................................................... 50 4.3.2 Sub-solo ..................................................................................................................................... 50 4.4 Condicionantes.................................................................................................................................. 50 4.4.1 SEGURANÇA ............................................................................................................................ 50 4.4.2 Axialidade................................................................................................................................... 51 4.4.3 Executivas.................................................................................................................................. 52 4.4.4 Geométricas............................................................................................................................... 52 4.4.5 Econômicas................................................................................................................................ 53 4.5 Tipos de tubulões .............................................................................................................................. 53 4.5.1 Tubulões isolados ...................................................................................................................... 53 4.5.1.1 Sem interferências.................................................................................................................. 53 4.5.1.2 Com interferências ................................................................................................................. 54 4.5.2 Tubulões para pilares associados ............................................................................................. 54 4.5.3 Tubulões para pilares de divisa ................................................................................................. 56 4.6 Roteiro de trabalho............................................................................................................................ 57 4.6.1 Regras gerais............................................................................................................................. 57 4.6.2 Tubulões isolados ...................................................................................................................... 57 4.6.2.1 Sem interferências.................................................................................................................. 57 4.6.2.2 Com interferências ................................................................................................................. 57 4.6.3 Tubulões para pilares associados ............................................................................................. 58 4.6.4 Tubulões para pilares de divisa ................................................................................................. 58 4.6.4.1 Tubulão da divisa ................................................................................................................... 58 4.6.4.2 Tubulão do pilar central.......................................................................................................... 59 4.7 Problemas ......................................................................................................................................... 59 iii Universidade Presbiteriana Mackenzie – Escola de Engenharia – Prof. Paulo R. M. Moura Fundamentos de Geotecnia II 5. Projeto geométrico de fundações sobre estacas ...................................................66 5.1 Notação e definições .........................................................................................................................665.2 Objetivo ..............................................................................................................................................66 5.3 Pré-requisitos .....................................................................................................................................66 5.3.1 Estrutura .....................................................................................................................................66 5.3.2 Sub-solo......................................................................................................................................66 5.4 Condicionantes ..................................................................................................................................67 5.4.1 SEGURANÇA .............................................................................................................................67 5.4.2 Axialidade ...................................................................................................................................67 5.4.3 Executivas...................................................................................................................................67 5.4.4 Geométricas................................................................................................................................67 5.4.5 Econômicas ................................................................................................................................69 5.5 Blocos típicos .....................................................................................................................................69 5.5.1 Blocos para pilares de divisa ......................................................................................................69 5.5.2 Blocos usuais para pilares centrais ............................................................................................70 5.5.3 Blocos alternativos para pilares centrais ....................................................................................70 5.6 Roteiro de trabalho ............................................................................................................................70 5.6.1 Pilares isolados...........................................................................................................................70 5.6.1.1 Dimensionamento: ..................................................................................................................70 5.6.1.2 Locação:..................................................................................................................................70 5.6.2 Pilares associados......................................................................................................................71 5.6.2.1 Dimensionamento: ..................................................................................................................71 5.6.2.2 Locação do centro de forças dos pilares. ...............................................................................71 5.6.2.3 Locação:..................................................................................................................................71 5.6.3 Pilares alavancados....................................................................................................................71 5.6.3.1 Esquema estático....................................................................................................................71 5.6.3.2 Determinação da excentricidade: ...........................................................................................72 5.6.3.3 Determinação das cargas nas fundações:..............................................................................72 5.6.3.4 Dimensionamento: ..................................................................................................................72 5.6.3.5 Locação:..................................................................................................................................72 5.7 Problemas ..........................................................................................................................................72 6. Capacidade de carga de fundações diretas ............................................................78 6.1 Notação e definições .........................................................................................................................78 6.2 Métodos de cálculo ............................................................................................................................79 6.3 Métodos de cálculo ............................................................................................................................79 6.3.1 Método teórico de Terzaghi (1943) ............................................................................................79 6.3.1.1 Para solos com ruptura geral ..................................................................................................79 6.3.1.2 Para solos com ruptura local...................................................................................................79 6.3.1.3 Fatores de capacidade de carga e fatores de forma ..............................................................79 6.3.1.4 Tensão admissível ..................................................................................................................80 6.3.2 Método teórico de Skempton (1951) ..........................................................................................80 6.3.2.1 Fatores de capacidade de carga ............................................................................................80 6.3.2.2 Tensão admissível ..................................................................................................................80 6.3.3 A partir de curvas carga-recalque (provas de carga) .................................................................80 6.3.4 Métodos empíricos .....................................................................................................................81 6.3.4.1 A partir de sondagens SPT.....................................................................................................81 6.4 Problemas ..........................................................................................................................................81 1 Universidade Presbiteriana Mackenzie – Escola de Engenharia – Prof. Paulo R. M. Moura Fundamentos de Geotecnia II 1. INVESTIGAÇÃO DO SUBSOLO 1.1 Objetivos • Determinar a geometria tridimensional de todas as camadas presentes até a profundidade que será permanente ou temporariamente afetada pela execução da obra; • Identificar o material constituinte de cada camada (tipo de solo, consistência ou compacidade, cor); • Detectar a presença e a posição de lençóis freáticos; • Identificar aspectos e feições que requeiram investigação mais detalhada. • A profundidade a ser atingida pela investigação depende não só do tipo e do porte da obra, mas também dos solos e lençóis freáticos presentes. 1.2 Principais tipos de sondagens e ensaios “in situ” 1.2.1 SPT: “Standard Penetration Test” Um amostrador é cravado por percussão com energia padronizada; a contagem do número de golpes necessários à introdução de um certo comprimento do amostrador fornece um “Índice de Resistência à Penetração”, que pode ser correlacionado com diversas propriedades dos solos (resistência, deformabilidade, permeabilidade). O ensaio permite a extração de amostras e a detecção do nível d’água. Está normalizado pela NBR 6484, e é analisado em detalhes no item 3. 1.2.2 SPT-T: SPT com medição do torque Ensaio idêntico ao SPT, no qual se faz a medição do torque necessário para provocar uma rotação do amostrador depoisde sua cravação. Esse dado adicional pode ser correlacionado com diversas propriedades do solo. 1.2.3 Outros tipos PMT (Ensaio Pressiométrico): ensaio sofisticado que consiste na expansão de uma bolsa instalada em uma perfuração do terreno. Permite a obtenção de dados sobre o estado de tensões natural (pressões horizontais e verticais), a resistência e a deformabilidade do solo ensaiado. DMT (Ensaio Dilatométrico): Crava-se no solo uma lâmina que contém uma membrana; medindo-se a pressão necessária para impor à membrana uma certa dilatação, pode- se obter dados sobre a deformabilidade do solo. Sondagens rotativas: permitem a perfuração de materiais rochosos. Investigações geofísicas (método sísmico de refração, método sísmico de reflexão, resistividade elétrica): permitem a identificação da geometria das camadas, mas não de sua composição. 1.3 Sondagens SPT 1.3.1 Equipamento Tripé com roldanas e cordas; Martelo de cravação (65 kgf) e cabeça de cravação; Amostrador padrão (φexterno = 51 mm, φinterno = 35 mm); 2 Universidade Presbiteriana Mackenzie – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo – Prof. Paulo R. M. Moura 1º Semestre - 2008 Trado cavadeira e trado espiral; Tubos de ferro galvanizado: hastes (25 mm) e revestimento do furo (64 mm); Bomba d’água, reservatório, ferramenta de lavagem (bico). Cravação da haste com amostrador Detalhe da cravação Trado cavadeira Trado espiral Martelo Revestimento Amostrador Haste 45 30 15 0 75 Martelo H as te Fig. 3: Equipamento para sondagem SPT 1.3.2 Procedimento 1.3.1) Escavação com trado cavadeira até 1,0 m de profundidade. 1.3.2) Instalação do primeiro metro de revestimento, com a “bica” (T) na extremidade superior. 1.3.3) Ensaio de penetração dinâmica e extração de amostra. 1.3.4) Introdução da composição (amostrador, haste e cabeça de cravação) no furo; o amostrador fica apoiado no fundo. 1.3.5) Marcação de três segmentos de 15 cm cada na haste da composição. 1.3.6) Marcação 75 cm (altura de queda) na haste-guia do martelo. 1.3.7) Apóia-se o martelo sobre a cabeça de cravação 1.3.8) Cravação do primeiro segmento de 15 cm; anotação do número de golpes. 1.3.9) Cravação do segundo segmento de 15 cm; anotação do número de golpes. 1.3.10) Cravação do último segmento de 15 cm; anotação do número de golpes. 1.3.11) Extração do amostrador. 1.3.12) Abertura do amostrador; recolhimento, identificação e embalagem de amostra. 1.3.13) Prosseguimento da escavação até o próximo metro redondo. Os passos 3.3.3 e 3.3.4 se repetem alternadamente até o final da sondagem. 3 Universidade Presbiteriana Mackenzie – Escola de Engenharia – Prof. Paulo R. M. Moura Fundamentos de Geotecnia II 1.3.3 Amostragem Sempre que a perfuração atinge uma nova camada de solo, registra-se no relatório de campo a profundidade e recolhe-se uma amostra da nova camada. A cada metro de profundidade coleta-se uma amostra com o amostrador. Assim, é feita pelo menos uma amostra a cada metro de profundidade (camadas espessas) e no mínimo uma amostragem de cada camada (camadas pouco espessas). As amostras são recolhidas não só com o amostrador, mas também da ferramenta de escavação (trado) ou da bica (escavação por circulação de água). As amostras recolhidas são embaladas em frascos plásticos, que recebem etiquetas de identificação e são remetidos ao laboratório da firma. No relatório de campo deve ser feito o registro de cada amostra, com a identificação tátil-visual do solo. No laboratório cada amostra será analisada por um técnico, que fará uma identificação tátil- visual mais acurada. 1.3.4 Revestimento O primeiro metro da sondagem é sempre revestido, e o topo do tubo de revestimento serve de referência para a medição da profundidade do fundo do furo e para a marcação dos três segmentos de 15 cm na haste da composição. Se as paredes do furo forem estáveis, não há necessidade de revestimento. Entretanto, ao perceber que o furo se fecha ou que suas paredes desbarrancam, o sondador deverá cravar tubos de revestimento até a profundidade necessária. 1.3.5 Escavação Até a profundidade do lençol freático, a escavação entre dois ensaios de penetração consecutivos tem que ser feita com o trado cavadeira ou o trado espiral. Depois de atingido o lençol freático, a escavação pode ser feita por circulação de água (lavagem). A água é introduzida sob pressão na haste, em cuja extremidade inferior se conecta a ferramenta de lavagem (bico); saindo do bico sob pressão, a água ajuda a desagregar o solo, e, ao ascender pelo espaço entre a haste e as paredes do furo (ou o revestimento), transporta o material escavado para a superfície do terreno. O bico, com o qual se fazem movimentos sucessivos para cima e para baixo e rotacionais, funciona também como trépano. Ao atingir a superfície, a água cai pela bica num reservatório, de onde é novamente bombeada para a haste. O solo escavado se deposita no reservatório. 1.3.6 Lençol freático Assim que perceba haver atingido o lençol freático, o sondador registra a profundidade no relatório de campo. Novas medições da profundidade do nível d’água são feitas com o pio elétrico logo após o fim da sondagem. Faz-se então o esgotamento do furo e, após um intervalo de pelo menos 12 horas, nova leitura da profundidade do NA. 1.3.7 Relatório de sondagem O relatório de sondagem pode ser apresentado na forma de perfis individuais (um para cada sondagem) ou como um perfil único, no qual aparecem todas as sondagens (nesse caso, as posições presumíveis das fronteiras entre camadas são interpoladas). O relatório deve conter informações sobre: • todas as camadas interceptadas, com identificação tátil-visual do solo constituinte de cada uma; • a posição de todas as fronteiras entre camadas; 4 Universidade Presbiteriana Mackenzie – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo – Prof. Paulo R. M. Moura 1º Semestre - 2008 • a profundidade do NA e data de sua detecção; • valores do índice de resistência à penetração; • a cota do terreno em cada ponto de sondagem em relação a um RN imutável e facilmente identificável (guia da sarjeta, por exemplo); • emprego de revestimento; • escavação por circulação de água. 1.3.8 Cálculo do Índice de Resistência à Penetração (N) O Índice de Resistência à Penetração (N) é a soma do número de golpes necessários para a cravação do segundo e do último segmentos de 15 cm do amostrador padrão. 1.3.9 Consistência e compacidade Compacidade de areias e siltes arenosos Consistência de argilas e siltes argilosos N Denominação N Denominação ≤ 4 fofa < 2 muito mole 5 a 8 pouco compacta 2 a 5 mole 9 a 18 medianamente compacta 6 a 10 média 19 a 41 compacta 11 a 19 rija > 41 muito compacta >19 dura 1.4 Problemas 1.1) A partir do relatório de campo de uma sondagem SPT fornecido abaixo, pede-se: a) Calcule o Índice de Resistência à Penetração (N) de cada ensaio; b) Determine a denominação dos solos presentes quanto à consistência ou à compacidade. Profundida de Solo Ensaio N Denominação 1,0 aterro de argila silto arenosa, marrom e cinza 80 1 2,0 aterro de argila silto arenosa, marrom e cinza 15 1 15 2 15 2 3,0 argila siltosa, com detritos vegetais, cinza escuro 15 1 15 1 15 1 4,0 silte arenoso, roxo e amarelo 15 1 15 1 15 2 5,0 silte arenoso, roxo e amarelo 15 1 15 4 15 5 6,0 silte arenoso, roxo e amarelo 15 4 15 5 15 6 7,0 silte arenoso, roxo e amarelo 15 4 15 6 15 6 8,0 silte arenoso, roxo e amarelo 15 4 15 5 15 7 9,0 silte arenoso, roxo e amarelo 15 4 15 5 15 8 10,0 silte arenoso, roxoe amarelo 15 5 15 7 15 10 11,0 areia siltosa com pedregulho, cinza 15 9 15 13 15 19 12,0 areia siltosa com pedregulho, cinza 15 9 15 13 15 18 13,0 areia siltosa com pedregulho, cinza 12 50 5 Universidade Presbiteriana Mackenzie – Escola de Engenharia – Prof. Paulo R. M. Moura Fundamentos de Geotecnia II 1.2) Com base nos resultados do problema anterior, e sabendo que se detectou um lençol freático a 8,70 m de profundidade, pede-se: a) Desenhe o perfil de sondagem; b) Determine o valor médio de N para cada camada. 1.3) Num terreno em zona urbana, cuja planta aparece abaixo, foram executadas as três sondagens ali indicadas. Desenhe o perfil do subsolo desse terreno a partir dos relatórios de campo fornecidos a seguir. 110 RN R ua S1 S2 S3 1188336 72 76 8 S1 S2 S3 Cota: +102,30 m Cota: +101,23 m Cota: +102,66 m z [m] N Solo z [m] N Solo z [m] N Solo 0,0 aterro de argila arenosa, com matéria orgânica, variegada 0,0 aterro de argila arenosa, com matéria orgânica, variegada 0,0 aterro de argila arenosa, com matéria orgânica, variegada 0,6 argila orgânica cinza escura e preta 0,5 argila orgânica cinza escura e preta 0,5 argila orgânica cinza escura e preta 1,0 1/80 1,0 1/83 1,0 1 2,0 1 2,0 2 2,0 1 2,8 areia fina argilosa cinza e amarela 2,5 areia fina argilosa cinza e amarela 3,0 1 3,0 14 3,0 16 3,6 areia fina argilosa cinza e amarela 4,0 17 4,0 19 4,0 19 5,0 21 5,0 23 5,0 20 6,0 18 6,0 22 6,0 24 6,8 NA: 20/09/1999 7,0 19 7,0 19 7,0 19 7,1 NA: 21/09/1999 7,5 NA: 19/09/1999 8,0 25 8,0 24 7,9 silte arenoso roxo 8,8 silte arenoso roxo 8,8 silte arenoso roxo 8,0 10 9,0 13 9,0 18 9,0 10 10,0 17 10,0 16 10,0 13 11,0 16 11,0 19 11,0 14 12,0 18 12,0 15 12,0 12 13,0 18 13,0 18 13,0 21 com pedregulhos 6 Universidade Presbiteriana Mackenzie – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo – Prof. Paulo R. M. Moura 1º Semestre - 2008 7 Universidade Presbiteriana Mackenzie – Escola de Engenharia – Prof. Paulo R. M. Moura Fundamentos de Geotecnia II 2. TIPOS DE FUNDAÇÕES Fundação é a estrutura ou elemento estrutural que transfere o carregamento da superestrutura para o solo. 2.1 Classificação das fundações Dependendo de sua geometria e do método executivo, distinguem-se os blocos e alicerces, as sapatas, os tubulões e as estacas. Além disso, as fundações podem ser classificadas quanto à profundidade que atingem e quanto à maneira como transferem carga ao solo. 2.1.1 Quanto à profundidade Podem ser rasas ou profundas. Consideram-se rasas as fundações assentadas a pouca profundidade, para cuja execução não são necessárias escavações complicadas. 2.1.2 Quanto à transferência de carga B L P σP τS Indireta L P Direta B σS Fig. 1: Diretas e indiretas. Podem ser diretas ou indiretas. As diretas transferem carga por simples compressão do solo de apoio (σs), enquanto as indiretas, além de comprimirem o solo sob sua base ou ponta (σp), transferem carga ao solo também por atrito ao longo de seu fuste (atrito lateral, τs). A distinção entre as fundações diretas e as indiretas se faz através da relação entre seu comprimento (L) e sua menor dimensão em planta (B): ⎩⎨ ⎧ > < indireta:10 direta:5 B L As fundações diretas podem ser rasas (sapatas) ou profundas (tubulões); as indiretas são sempre profundas (tubulões e estacas). 2.2 Blocos e alicerces α Fig. 2: Bloco. • Tipo de fundação muito usado desde a antiguidade, praticamente caiu em desuso após o advento do concreto armado. • São fundações diretas rasas. • Os blocos apóiam pilares, enquanto os alicerces apóiam paredes e muros. • Podem ser de concreto simples ou ciclópico, ou de alvenaria de tijolos ou de pedras, argamassadas ou não. • Têm formato de tronco de pirâmide ou de cone, escalonado ou não. • Por não serem armados, têm que ser rígidos à flexão, o que se garante através de um ângulo de arranque (α) de pelo menos 60º. 2.3 Sapatas • São fundações diretas rasas. • Sapata corrida: apóia um muro ou uma parede (carga linear), ou uma série de pilares alinhados (cargas pontuais). 8 Universidade Presbiteriana Mackenzie – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo – Prof. Paulo R. M. Moura 1º Semestre - 2008 • Sapata isolada: apóia um único pilar. • Sapata associada: apóia dois ou mais pilares solidarizados por uma viga de rigidez. • Radier: é um único, grande elemento de fundação para todos os pilares da obra. Corrida Isolada Associada Viga de rigidez Radier Fig. 3: Tipos de sapatas. 2.4 Tubulões Pilar Bloco Fuste Base Fig. 4: Tubulão. • São fundações profundas. • Podem ser diretas ou indiretas, dependendo da relação L/B (neste caso, B é o diâmetro da base). • Podem ter base alargada ou não. • O fuste pode ser integralmente armado para absorver esforços horizontais e momentos. • Fustes de tubulões solicitados à compressão simples levam apenas uma armadura de ligação, em seu trecho superior. • O fuste é encabeçado por um bloco, no qual se faz a transição da seção e da armação entre o fuste e o pilar. • A base não pode ser armada e, por isso, deve ser rígida à flexão, com ângulo de arranque (α) de pelo menos 60º. Campânula Cachimbo de entrada NA Cachimbo de saída Tubo de aço Camisa de concreto 2.4.1 Tubulões a céu aberto • A escavação do fuste pode ser manual ou mecânica; a escavação da base tem que ser manual. • A escavação do fuste pode ser total ou parcialmente revestida com camisa metálica ou anéis de concreto pré-moldado, quando atravessar aterros ou camadas de solo instável (areias puras, por exemplo). • Quando não for revestido, o tubulão é uma solução muito econômica. • A escavação não pode atingir o lençol freático. 2.4.2 Tubulões a ar comprimido • O ar comprimido possibilita a escavação abaixo do lençol freático e mesmo sob lâmina d’água (rios e lagos), limitada a 30 m abaixo do nível d’água. Fig. 5: Tubulão a ar comprimido. 9 Universidade Presbiteriana Mackenzie – Escola de Engenharia – Prof. Paulo R. M. Moura Fundamentos de Geotecnia II • A pressão do ar comprimido tem que ser suficiente para equilibrar a pressão da água no nível mais baixo da escavação. • O sistema tem que ser estanque para evitar a saída de ar comprimido e a entrada de água. • Aberturas da câmara hiperbárica e dos cachimbos são feitas através da operação de comportas para evitar a queda da pressão do ar. • O fuste é totalmente revestido por camisa de concreto armado ou de aço. 2.5 Estacas • São fundações indiretas profundas. • Podem ser: − Cravadas ou escavadas; − De deslocamento ou de substituição; − Pré-moldadas ou moldadas in loco. 2.5.1 Características gerais dos tipos de estacas 2.5.1.1 Estacas cravadas • A cravação pode ser feita à percussão (por martelo de gravidade ou diesel), por vibração (martelo vibratório) ou por prensagem (macacos hidráulicos). Torre Martelo Capacete Motor Guincho Roletes Estaca Fig. 6: Bate-estaca. • Martelos de gravidade: peso entre 5 e 50 MN; os golpes são aplicados por queda livre, à razão de cerca de 10 golpes por minuto. • Martelos diesel: peso entre 25 e 35 MN; subida por explosão diesel, com 40 golpes por minuto (simples efeito) ou 150 golpes por minuto (duplo efeito). • Em geral, a cravação de uma estaca termina quando ela “dá nega”. Diz-se que umaestaca “deu nega” quando, em um certo número (tipicamente 3) de séries consecutivas de 10 golpes do martelo, nenhuma delas provoca penetração da estaca superior a alguns milímetros (tipicamente 20). • As estacas cravadas são estacas de deslocamento; em geral, são pré-moldadas, mas há estacas cravadas moldadas in loco (estacas Franki). 2.5.1.2 Estacas escavadas • São executadas através da concretagem (estacas moldadas in loco) de uma escavação feita previamente (estacas de substituição). • A escavação pode ser feita por: - Sondas a percussão - Sondas rotativas - Trados mecânicos - Clam-shell hidráulico ou mecânico - Haste giratória com caçamba - Hélice contínua - Entubadeiras • A sustentação da escavação pode ser: - com revestimento · perdido · recuperado - sem revestimento · com lama estabilizante · sem lama estabilizante 10 Universidade Presbiteriana Mackenzie – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo – Prof. Paulo R. M. Moura 1º Semestre - 2008 2.5.1.3 Estacas de deslocamento e de substituição • Este aspecto da execução de uma estaca é fundamental na determinação de seu comportamento carga-recalque. • Estacas de deslocamento são introduzidas no terreno sem remoção prévia do solo, provocando o deslocamento de partículas sólidas, que desocupam o espaço onde se introduz o corpo da estaca e passam a se alojar nos poros do solo a ela circunvizinho e subjacente; sua execução provoca uma densificação do solo que estará em contato imediato com a estaca, tornando-o mais resistente e menos compressível. • As estacas de substituição são instaladas em espaços de onde o solo foi previamente removido (escavação); o solo vizinho à estaca sofre um desconfinamento que provoca aumento de sua porosidade, diminuindo sua resistência e aumentando sua compressibilidade. • Embora o comportamento carga-recalque das estacas dependa de muitos outros fatores e seja muito complexo, pode-se afirmar que, se duas estacas de geometria idêntica forem instaladas no mesmo terreno, sendo uma de deslocamento e outra de substituição, a primeira deverá apresentar capacidade de carga superior e, sob a mesma carga, recalque menor que a de substituição. 2.5.1.4 Estacas pré-moldadas e moldadas in loco • Estacas pré-moldadas são elementos pré-fabricados que se introduz no terreno; podem ser de madeira, de concreto armado ou protendido, ou de aço; normalmente são cravadas e de deslocamento, mas também podem ser instaladas em pré-furos. • Estacas moldadas in loco são de concreto (armado ou não); em geral são escavadas e de substituição, mas há também estacas moldadas in loco que são cravadas e de des- Bloco Cota de arrasamento Lastro de concreto magro Estaca 5 5 Fig. 7: Cota de arrasamento. locamento (estacas Franki). A maioria das estacas moldadas in loco pode ser concretada apenas em seu trecho útil (abaixo da cota de arrasamento), evitando desperdício de material. A cota de arrasamento corresponde ao topo da estaca e fica alguns centímetros acima do fundo do bloco. 2.5.2 Estacas de deslocamento 2.5.2.1 De madeira • São usadas principalmente em obras provisórias. • Sua durabilidade é duvidosa. • É comum o uso de eucalipto. • Deve-se usar troncos retilíneos e evitar árvores com defeitos, nós grandes e apodrecidos. • O topo da estaca é sempre a extremidade de maior diâmetro. • O comprimento em geral não passa de 10 metros. • As emendas podem ser feitas com anel metálico, por sembladura (encaixe com pino de aço) ou talas. • Diâmetros mínimos: topo 25 cm e ponta 15 cm. • O topo deve ser protegido durante a cravaão. • Em obras definitivas as estacas devem resultar total e permanentemente imersas abaixo do N. A.. • Em águas livres, as estacas precisam ser protegidas contra o ataque de fungos e bactérias. 11 Universidade Presbiteriana Mackenzie – Escola de Engenharia – Prof. Paulo R. M. Moura Fundamentos de Geotecnia II • Em obras marinhas definitivas, as estacas de madeira não podem ser usadas sem tratamento, pois os fungos marinhos atacam mesmo abaixo do N. A.. • O rebaixamento do lençol freático nos grandes centros urbanos, devido à impermeabilização da superfície, tem provocado a necessidade de reforço de muitas fundações antigas, executadas sobre estacas de madeira. • Cravação: em geral, é feita por martelo de queda livre, com a maior relação possível entre os pesos do martelo e da estaca (no mínimo 1,0). • Dimensionamento: - Depende do tipo de madeira; - Tensão nominal de trabalho da ordem de 4 MPa (40 kgf/cm2). Vantagens Desvantagens • Muito econômicas; • Fácil cravação e fácil transporte; • Boa duração para obras provisórias (máximo 5 anos); • Fácil corte e emenda. • Ataques por fungos acima do A. A., ou em obras marítimas, ou em águas livres; • O tratamento é oneroso, de eficácia duvidosa, e só é aceito para obras provisórias; • Só resistem a pequenas cargas. 2.5.2.2 De concreto • Podem ser fabricadas na própria obra ou industrializadas. • Podem ser de concreto armado e vibrado ou centrifugado, ou de concreto protendido. • Podem ser maciças ou vazadas. • Suas seções podem ser circulares, sextavadas, oitavadas, quadradas ou em estrela. • Podem ser emendadas por luva metálica ou por solda elé- trica de extremidades previamente preparadas com anéis metálicos. • É costume buscar seção que aumente a área de contato com o solo, obtendo-se perímetro elevado para área redu- Fig. 8: Anel de emenda. zida da seção transversal, reduzindo o custo e aumentando a capacidade de transferência de carga para o solo. • Armaduras: - São reforçadas junto ao topo e à ponta para suportar os esforços da cravação; - São dimensionadas para os esforços causados pelo levantamento da peça no estaleiro e na obra; - São dimensionadas, também, para suportar os esforços de tração causados pela propagação de ondas de choque durante a cravação; - São instalados ganchos para que o levantamento respeite as condições de cálculo. • Cravação: - Em geral são cravadas à percussão, por martelos de queda livre, mas podem também ser cravadas por martelos diesel ou vibratórios, ou por prensagem; - Martelos de queda livre, nos casos de estacas para até 1000 kN (100 tf), devem apresentar a maior relação possível entre os pesos do martelo e da estaca (no mínimo 0,7), e seu peso não deve ser inferior a 15 kN (1,5 tf); com isso se pretende conduzir a estaca até a profundidade prevista sem danificá-la, o que tem sido obtido, em geral, usando martelos bem pesados e pequenas alturas de queda; - Para estacas com capacidade superior a 1000 kN (100 tf) é conveniente que a escolha do equipamento de cravação seja controlada ayravés de 12 Universidade Presbiteriana Mackenzie – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo – Prof. Paulo R. M. Moura 1º Semestre - 2008 provas de carga; - A conclusão da cravação deve ser controlada com medidas de negas e de repiques elásticos estabelecidos em função das condições do estaqueamento; - A norma estabelece que ao menos uma em cada dez estacas tenha sua cravação acompanhada com a contagem do número de golpes necessários para a cravação de cada metro, manrendo-se constante a altura de queda; - O objetivo dessas contagens é o registro da cravação, para comparação com os dados das sondagens, de forma a caracterizar o “embutimento” da estacas em solos fortes, aspecto de grande influência na capacidade de carga. Vantagens Desvantagens • Custo bastante competitivo, que torna a solução muito atraente; • Grande durabilidade; • Disponibilidade no mercado de peças de várias dimensões de seção transversal, podendo receber cargas desde 150 kN até 2200 kN (15 a 220 tf); • Possibilidade de preparar previamente,com armadura reforçada, as estacas que deverão receber esforços transversais significativos; • Facilidade e confiabilidade nas emendas soldadas. • Sobras em terrenos muito heterogêneos representam perdas; • Necessidade de realizar a cravação a partir de um nível que seja próximo do arrasamento para minimizar perdas; • Em comparação com estacas moçdadas in loco, nas quais freqüentemente apenas o trecho superior é armado, as estacas pré- moldadas de concreto precisam ser integralmente armadas, para transporte, manuseio, levantamento e cravação; • A vibração durante a cravação é de média a alta; • Exige operação de corte e preparo para ligação com o bloco. 2.5.2.3 De aço • São usadas em obras definitivas, muitas vezes associadas à necessidade de contenção de escavações. • São perfis laminados ou soldados industrialmente, ou ainda tubos ou trilhos aproveitados de ferrovias. • São bastante onerosas, mas encontram aplicação sempre que houver um condicionante forte, como esforços transversais, presença de pedregulhos, camadas intercaladas de alta resistência, necessidade de reduzis vibrações. • Quando totalmente enterradas em terreno natural, independentemente da posição do lençol freático, dispensam tratamento especial anticorrosivo, bastando descontar no cálculo uma película teórica, de sacrifício, de 1,5 mm. • Em aterros com materiais capazes de atacar o aço, ou em trechos desenterrados, é obrigatória a proteção com camisa de concreto ou pintura antioxidante. • As emendas são feitas por solda, com uso obrigatório de talas. • Podem ser cravadas até grandes profundidades, inclusive até camadas rochosas, sem risco de quebra. • Em terrenos muito moles, com um substrato muito resistente, são ideais, pois reduzem o distúrbio da argila e atingem cargas de ponta elevadas. • Para ligação das estacas que trabalhem exclusivamente à compressão é suficiente uma penetração de 20 cm no interior do bloco de coroamento, eventualmente com 13 Universidade Presbiteriana Mackenzie – Escola de Engenharia – Prof. Paulo R. M. Moura Fundamentos de Geotecnia II uma armadura de fretagem em espiral ou com uma chapa metálica soldada em seu topo. • Para estacas que trabalhem à tração é necessário soldar armadura capaz de transmitir esses esforços entre o bloco e a estaca. • Cravação: - Martelos de queda livre, nos casos de estacas para até 1000 kN (100 tf), devem apresentar a maior relação possível entre os pesos do martelo e da estaca (no mínimo 0,5), e seu peso não deve ser inferior a 10 kN (1 tf); com isso se pretende conduzir a estaca até a profundidade prevista sem danificá-la, o que tem sido obtido, em geral, usando martelos bem pesados e pequenas alturas de queda; - É preciso cuidado quando se usa relação alta entre o peso do martelo e o da estaca, para não ocasionar excesso de cravação, além da profundidade necessária; - O uso de suplemento metálico para conduzir o topo da estaca abaixo da superfície do terreno é limitado a 2,5 m; - As emendas deverão ser executadas, obrigatoriamente, com talas soldadas ou parafusadas. • Dimensionamento: - Tensão admissível à compressão de 100 MPa (1000 kgf/cm2); - Quando totalmente enterradas em solo natural, deve-se descontar uma película de 1,5 mm por face em contato com o solo, exceto se a estaca tiver recebido tratamento anticorrosivo especial; - Tensão admissível à flexão de 140 MPa (1400 kgf/cm2). Tabela resumo de capacidade de carga em flexão simples Tipo Seção Peso [kgf/m] Momento fletor máximo admissível[kN · m (tf · m)] Perfil “I”-10” 37,80 56 (5,6) Perfil “I”-12” 60,71 103 (10,3) Trilho TR-25 25,00 11 (1,1) Trilho TR-32 32,00 17 (1,7) Trilho TR-45 45,00 21 (2,1) Vantagens Desvantagens • Resistência a esforços transversais; • Bom reaproveitamento de sobras por corte e emenda; • Fácil transporte, manuseio e cravação (não quebram); • Fácil corte e solda no canteiro; • Podem atingir grandes cargas; • Pouco distúrbio do terreno e pouca vibração na crava- ção. • Muito onerosas; • Problemas de corro- são em ambientes agressivos. 2.5.2.4 Estaca Franki • É uma estaca cravada, de deslocamento, moldada in loco; • É executada com revestimento metálico recuperado; • Apresenta diâmetros entre 30 e 70 cm, e pode suportar cargas de 400 até 2300 kN (40 a 230 tf); • Já foi empregada com muita freqüência e ainda hoje é bastante usada, mas sua aplicação em grandes centros urbanos é prejudicada devido às vibrações excessivas; • Sua característica principal é o fato de ter uma base alargade, que se produz através de golpes enérgicos de um pilão. 14 Universidade Presbiteriana Mackenzie – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo – Prof. Paulo R. M. Moura 1º Semestre - 2008 • Equipamento: - É bastante pesado, envolvendo um bate-estacas com base metálica, motor diesel, um par de guinchos e uma torre metálica; - O pilão é pesado, com cerca de 20 a 40 MN (2 a 4 tf); - O tubo metálico tem parede grossa e apresenta comprimento da ordem de 12 a 20 m, podendo ser emendado por encaixe para atingir, em casos especiais, até 30 m de profundidade; - O sistema de remoção do tubo metálico compreende um conjunto de cabos de aço e polia em talha para ampliação do esforço; - Além do equipamento central, acompanham também pesada para a produção de concreto no local e um carro para transporte de concreto; - A equipe de trabalho compreende cerca de 12 pessoas. (a) (b) (c) (d) (e) NA Fig. 9: Execução de uma estaca Franki. • Execução: (as letras entre parênteses se referem às fases indicadas na Figura 9) - Inicialmente o bate-estacas é posicionado no local, otubo é centrado no piquete de locação da estaca e perfeitamente aprumado (a); - No interior do tubo se lança pequena quantidade de areia e brita que, compactada com golpes do pilão, forma a “bucha” na extremidade inferior, com cerca de um metro de altura (a); - A bucha é introduzida no terreno através de golpes do pilão, e arrasta consigo, por atrito, o tubo metálico (b); - Sem remoção de solo (estaca de deslocamento), o tubo é introduzido no terreno por cravação, como as estacas pré-moldadas, mas, ao invés de golpear a cabeça da estaca, o pilão atua sobre a bucha na extremidade inferior do tubo (b); - A altura da bucha é controlada permanentemente, através de uma marca no cabo de aço, e, se necessário, ela é completada com adição de areia e brita; - Em casos especiais de solos muito coesivos, ou em locais com 15 Universidade Presbiteriana Mackenzie – Escola de Engenharia – Prof. Paulo R. M. Moura Fundamentos de Geotecnia II restrições a vibrações, pode-se usar uma piteira (ferramenta de escavação) por dentro do tubo, sem bucha, para que o avanço do tubo seja feito por escavação; - Esse sistema mantém o tubo estanque, não permitindo a entrada de água; - Atingido o solo de apoio, prende-se o tubo e se expulsa a bucha com golpes do pilão (c); - Com a expulsão da bucha se inicia a execução da base alargada, usando-se concreto seco (“farofa”), com fator água-cimento entre 0,2 e 0,3; - A Norma Brasileira estabelece que os últimos 150litros de concreto da base alargada sejam introduzidos com energia de, no mínimo, 2,5 MN · m, o que corresponde a 20 golpes de um pilão de 25 MN (2,5 tf) caindo livre de 5 metros de altura (para estacas de diâmetros superiores a 45 cm, essa energia deve ser dobrada); - Concluída a base alargada, coloca-se a armadura que deve atingir o fundo da estaca e se inicia a concretagem do fuste, com concreto de baixo fator água-cimento (0,4 a 0,5), com apiloamento e retirada simultânea do tubo (d); - A extremidade inferiordo tubo jamais deve ser puxada acima do nível do concreto; - Em argilas duras saturadas é comum ocorrer o fenômeno de levantamento de estacas já prontas, quando da execução de estacas próximas, podendo ocorrer, em estacas Franki, a separação da base e do fuste; - Se ocorrerem levantamentos, pode-se fazer um pré-furo de alívio antes da introdução do tubo; - A Norma Brasileira estabelece que, em locais propícios a levantamentos, uma nova estaca só pode ser executada se em um raio de 6 vezes seu diâmetro não houver nenhuma estaca concretada a menos de 24 horas; - Em locais sujeitos a levantamentos, deve-se ancorar a armadura à base alargada; - A escavação por piteiragem evita o levantamento, mas aumenta o tempo de execução e o custo; - Observando-se encurtamento da armadura, deve-se considerar a estaca suspeita, pois pode ter havido esmagamento ou desvio da armadura durante a concretagem; - O controle final da cravação envolve dois tipos de negas: de 10 golpes do pilão com altura de queda de 1 m e de um golpe com altura de queda de 5m. • Dimensionamento: - No cálculo estrutural a resistência do concreto é limitada a 20 MPa e o coeficiente de minoração deve ser de pelo menos 1,5; - A tensão nominal de trabalho é da ordem de 6 MPa; - A armadura é calculada em função dos esforços transversais; - Quando não houver esforços transversais, usa-se apenas uma armadura mínima padrão, constituída por 4 barras longitudinais para controle de encurtamento; - O aço das barras da base e dos estribos deve ser sempre CA- 25, devido aos impactos e à necessidade de soldas; - O consumo mínimo de cimento, no preparo do concreto, é de 350 kgf/m3. 16 Universidade Presbiteriana Mackenzie – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo – Prof. Paulo R. M. Moura 1º Semestre - 2008 Vantagens Desvantagens • São próprias para cargas elevadas; • Sua superfície rugosa, resultante do apiloamento do concreto, lhe confere boa resistência por atrito lateral; • Sua base alargada amplia a capacidade de carga em relação a uma estaca pré-moldada; • Por ser moldada in loco, pode-se concretar apenas o trecho útil da estaca (abaixo da cota de arrasamento); • Pode receber armadura especial para maior resistência a esforços transversais. • As vibrações são muito intensas durante a execução; • Não deve ser usada para atravessar camada muito espessa de argila muito mole, pois corre-se o risco de seccionamento do fuste; • Em terrenos com camadas de argilas duras saturadas, o fenômeno do levantamento acarreta custos e riscos adicionais • Em casos especiais podem atingir até 30 m de profundidade, mas em geral não costumam avançar além de 17 ou 18 metros. 2.5.3 De substituição 2.5.3.1 Broca manual • É executada sem revestimento e sem lama estabilizante; • A perfuração é executada com trado manual, com lâminas em forma de conchas; • São usadas apenas em pequenas construções térreas ou pequenos muros de fechamento de terreno; • Diâmetros de 20 a 30 cm; • Dificilmente se consegue avançar com este tipo de perfuração por mais de 5 ou 6 metros de profundidade, e é praticamente impossível penetrar camadas de boa resistência; • Não devem avançar abaixo do nível d´água, exceto em solos pouquíssimo permeáveis; • Capacidade de carga limitada a 50 kN (5 tf); • Na concretagem é bom usar funil-guia, para evitar contaminação do concreto por terra; • Costuma-se usar armadura de ligação com o bloco no topo da estaca (4 barras de 6,3 mm com 1,5 m de comprimento); • A execução é pouco confiável, especialmente quanto à profundidade atingida, exigindo controle rigoroso e contínuo por pessoa de confiança. • Dimensionamento: - A tensão nominal de trabalho é da ordem de 1 MPa; - fck de pelo menos 15 MPa e coeficiente de minoração da resistência de 1,8. Vantagens Desvantagens • são muito econômicas e de fácil execução; • não exigem equipamento específico; • podem ser executadas em locais de difícil acesso para máquinas; • não causam vibrações durante a execução; • Por ser moldada in loco, pode-se concretar apenas o trecho útil da estaca (abaixo da cota de arrasamento). • Só resistem a pequenas cargas (no máximo 50 kN); • O comprimento é limitado a 5 ou 6 m; • Confiabilidade quanto à profundidade é muito baixa; • Abaixo do N. A. só em solo de permeabilidade muito baixa. 17 Universidade Presbiteriana Mackenzie – Escola de Engenharia – Prof. Paulo R. M. Moura Fundamentos de Geotecnia II 2.5.3.2 Trado mecânico • É executada sem revestimento e sem lama estabilizante; • A perfuração é feita por trado helicoidal acionado por motor diesel independente, montado sobre a carroceria de um caminhão; • Alguns equipamentos de pequeno porte se deslocam com o próprio motor, sem usar a carroceria de caminhão; Torre Mesa rotativa Motor Trado helicoidal • Uma haste de aço, guiada por uma torre, leva em sua extremidade o trado que tem um metro de altura; • A perfuração pode ser feita com diâmetros entre 25 e 70 cm, podendo atingir até 12 metros de profundidade; • Só podem ser usadas em solos não saturados, pois não há como esgotar a água e remover a lama do fundo; • A concretagem é realizada com lançamento direto a partir da superfície, usando-se um funil-guia; • Sua capacidade de carga pode variar entre 150 e 700 kN (15 e 70 tf); • Em geral a armadura é aplicada só no topo da estaca e tem função de ligação com o bloco; Fig. 10: Trado mecânico. • Estacas com diâmetro superior a 30 cm podem ser integralmente armadas para resistir a esforços transversais; • Integralmente armadas, podem ser usadas em estruturas de contenção; • A Norma Brasileira admite o emprego de estacas não armadas, desde que submetidas à compressão simples e que a tensão de trabalho não supere os 5 MPa; • Para ligação com o bloco de coroamento é indispensável o desbaratamento do trecho superior, para remoção do concreto superficial, contaminado com terra e de má qualidade. • Dimensionamento: - A tensão nominal de trabalho é da ordem de 4 MPa; - Para esforços transversais, calcular a armadura conforme critérios de flexo-compressão ou flexo-tração; - Como o concreto é lançado a partir da superfície do terreno, a Norma Brasileira limita o valor do fck do concreto a 14 MPa, para efeito de cálculo estrutural. Vantagens Desvantagens • São muito econômicas e de fácil execução; • A velocidade de perfuração é muito alta (da ordem de 10 metros em 20 minutos); • A produção, assim, é muito boa; • Não causam vibrações durante a execução; • Por ser moldada in loco, pode-se concretar apenas o trecho útil da estaca (abaixo da cota de arrasamento); • Podem ser convenientemente armadas para resistir esforços transversais expressivos. • O terreno deve ser plano para permitir o acesso e a movimentação do caminhão ou do equipamento; • São antieconômicas para cargas maiores (diâmetros acima de 35 cm), pois consomem muito concreto; • A profundidade atingida só pode ser garantida através de controle permanente e rigoroso, por pessoa de confiança; • Não podem ser usadas abaixo do N. A. 18 Universidade Presbiteriana Mackenzie – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo – Prof. Paulo R. M. Moura 1º Semestre - 2008 2.5.3.3 Estaca Strauss • É uma estaca escavada, de substituição, moldada in loco; • É executada com revestimento metálico recuperado; • Apresenta diâmetros de 25 a 45 cm e pode suportar cargas entre 200 e 600 kN (20 e 60 tf); • É empregada com freqüência, pois existem inúmeras empresas capazes de executá- las, em diversas regiões do país. • Equipamento: - Compreende um tripé metálico para a fixação de roldana paraguia do cabo de aço de movimentação do sistema; - Sobre uma base de madeira ou de perfis metálicos, é montado um motor diesel ou elétrico, que aciona um guincho para movimentação do cabo de aço; - A ferramenta de escavação é uma piteira, com válvula na extremidade inferior e aberturas laterais diametralmente opostas para limpeza; - Um conjunto de tubos com roscas nas extremidades é usado como revestimento, sendo um deles (o primeiro, chamado “tubo coroa”) dentado na extremidade; - Um peso de cerca de 300 kgf em forma de pilão, denominado “soquete”, é usado para .socar o concreto • Execução: (as letras entre parênteses se referem às fases indicadas na Figura 11) - Inicialmente posiciona-se o tripé de maneira que o soquete, preso ao cabo de aço, penda sobre o piquete de locação da estaca; - A perfuração é iniciada com golpes do soquete, até 2,0 m de profundidade (a); - Introduz-se, então, o tubo coroa, e a escavação prossegue usando-se a piteira (b); - A piteira cai livre até o fundo, cortando o solo, que penetra pela válvula na extremidade inferior, a qual se fecha quando a piteira sobe, impedindo a saída do solo (b); - Usa-se água (2 latas de 18 litros a cada manobra), para facilitar o avanço da perfuração; - O revestimento é cravado em segmentos de 3,0 m, aos quais se rosqueia uma cabeça de cravação com dois orifícios diametralmente opostos, por onde se passa uma ponta de eixo que recebe os golpes da piteira; - Atingida a profundidade de projeto, faz-se uma limpeza do fundo com a piteira, sem adição de água, até remover toda a lama e toda a água; - Nesta situação, o revestimento deve ter descido até 1,0 m acima do fundo do furo; - Quando o furo não for totalmente revestido (até 1,0 m acima do fundo), o controle da profundidade se torna muito difícil; - O concreto é preparado na obra, ao lado do tripé; - No início da concretagem (primeiro metro da perfuração), o concreto é mais seco e mais apiloado; - A concretagem prossegue com concreto bem plástico, com fator água- cimento superior a 0,55 e consumo de cimento de no mínimo 300 kgf/m3, levemente apiloado a cada carrinho lançado; - À medida que a concretagem progride, os tubos de revestimento vão sendo sacados, evitando-se sempre que sua extremidade inferior suba acima do nível do concreto; - O concreto deve apresentar fck de, no mínimo, 15 MPa. 19 Universidade Presbiteriana Mackenzie – Escola de Engenharia – Prof. Paulo R. M. Moura Fundamentos de Geotecnia II a b c d Fig. 11: Execução de uma estaca Strauss. • Dimensionamento: - No cálculo estrutural, deve-se considerar o concreto com fck de 15 MPa e coeficiente de minoração da resistência de 1,80; - A tensão nominal de trabalho é da ordem de 3,5 a 4,0 MPa; - Normalmente a armadura é introduzida após a concretagem, só no topo, sem estribos, apenas para ligação com o bloco, mas, para estacas com diâmetro a partir de 38 cm, pode-se usar armadura integral, com estribos helicoidais, para resistir a esforços transversais, de flexão e horizontais. Vantagens Desvantagens • É muito econômica; • Por ser moldada in loco, pode-se concretar apenas o trecho útil da estaca (abaixo da cota de arrasamento); • Não causa vibrações durante a execução; • Pode ser usada em locais de difícil acesso, pois o equipamento é leve. • Só deve ser usada para cargas pequenas e médias (pilares de até 1500 kN ou 150 tf); • O controle da profundidade precisa ser rigoroso e permanente, feito por pessoa de confiança; • Não pode ser usada em areias aluvionares saturadas ou atravessando camadas de argilas moles; • É preciso muito cuidado para evitar o seccionamento da estaca por invasão de terra ou aderência do concreto ao revestimento, durante a retirada da camisa metálica, pois isso depende da experiência do operador e é de difícil controle. Tripé Guincho Motor Soquete Piteira Revestimento Soquete Concreto 20 Universidade Presbiteriana Mackenzie – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo – Prof. Paulo R. M. Moura 1º Semestre - 2008 2.5.3.4 Estaca escavada com lama bentonítica (barrete ou circular) • É uma estaca escavada, de substituição, moldada in loco; • É executada sem revestimento, sendo a estabilização do furo assegurada por lama tixotrópica; • As circulares apresentam diâmetros de 70 a 180 cm e podem suportar cargas entre 1.500 e 10.000 kN (150 e 1.000 tf); • As retangulares (barretes) têm lado de 150 ou 250 cm e espessura de 40 a 130 cm, e suportam cargas de 2.400 a 13.000 kN (240 a 1.300 tf); • A escavação de estacas circulares pode, com emprego de ferramenta adequada, penetrar o substrato rochoso; • Exceto em estacas com ponta em rocha, considera-se que a transferência de carga para o solo seja predominantemente por atrito lateral. Tanque Lama Clam Shell ou caçamba Tremonha Armação (a) (b) (c) Fig. 12: Execução de uma estaca com lama bentonítica. • Equipamento: - É bastante pesado, ocupa muito espaço e tem custo de instalação elevado; - A escavação das estacas circulares é feita através de uma caçamba, enquanto as barretes são escavadas por um “clam-shell”; - Envolve pelo menos um guindaste sobre esteiras, com lança treliçada extensa e uma plataforma rotativa, que aciona uma haste “Kelly” (no caso das estacas circulares), ou um conjunto de cabos que acionam o “clam-shell” (para as estacas barretes); - Nas estacas circulares, é possível exercer, além do torque, um esforço vertical para baixo (“pull down”) sobre a caçamba; - São necessários tanques para armazenamento de água, e para o preparo e armazenamento da lama bentonítica; - São usadas bombas submersíveis potentes, para circulação da lama no interior do furo; - Na superfície também opera bomba para o lançamento de lama no furo; - A lama bentonítica, que é uma mistura de água e argila de altíssima atividade coloidal, tem duas propriedades que contribuem para a 21 Universidade Presbiteriana Mackenzie – Escola de Engenharia – Prof. Paulo R. M. Moura Fundamentos de Geotecnia II estabilização da escavação: o A T IXOT ROPIA, que é a capacidade de adquirir consistência gelatinosa, quando em repouso, apesar de se comportar como um líquido, quando em movimento; o A formação do CAKE, que é uma película impermeável junto às paredes do furo; - Para a concretagem se usa um conjunto de tubos (tremonha) de 20 cm de diâmetro, que desce até o fundo da perfuração; - A equipe de trabalho é de cerca de 8 pessoas. • Execução: (as letras entre parênteses se referem às fases indicadas na Figura 12) - Para estacas circulares, faz-se uma perfuração inicial de 2,0 m de profundidade, na qual se encaixa um “tubo-guia” curto, com diâmetro 5 cm superior ao da caçamba, centrado na posição da estaca; - Para estacas retangulares (barretes), é necessário construir uma “mureta-guia” em concreto armado, centrada na posição da estaca, com folga de 3 cm nas laterais e 10 cm no sentido do comprimento, com profundidade de 1,0 m; - A escavação das estacas circulares é feita com uma caçamba cortante acionada por uma plataforma rotativa; - A escavação das barretes é feita um “clam-shell”, que é uma ferramenta pesada, munida de duas mandíbulas; - À medida que se remove o solo, lança-se lama bentonítica para manter estáveis as paredes do furo (a); - O avanço da perfuração prossegue, penetrando em solos fortes, até a profundidade de projeto; - Concluída a escavação, faz-se a limpeza do fundo, com escavação cuidadosa, e instala-se a armadura e o tubo tremonha (b); - Em seguida, faz-se a descontaminação da lama (desarenação) ou sua substituição por circulação, sempre como furo repleto de lama; - Antes do início da concretagem, a qualidade da lama bentonítica é testada através de cinco ensaios, e deve satisfazer as seguintes especificações: o Peso específico entre 1,025 e 1,100 gf/cm3; o Viscosidade entre 30 e 90 segundos no funil de Marsh; o pH de 7 a 11; o Teor de areia inferior a 3%; o Espessura do “cake”, medida no filtro prensa, de 1 a 2 mm; - A concretagem é feita pela tremonha, do fundo para o topo, com o tubo sempre imerso em concreto (pelo menos 1,5 m), sem descontinuidade de fornecimento (c); - O concreto deve satisfazer as seguintes especificações: o Consumo de cimento não inferior a 400 kgf/m3; o Slump entre 20 e 22 cm; o Preparado com brita 1; - O preenchimento com concreto deverá avançar 50 cm acima da cota de arrasamento, para que depois se remova este excesso, que fica contaminado por lama e terra; - É comum ocorrer um consumo adicional de cerca de 10% em relação ao volume teórico, devido às imperfeições da escavação; - A fase final da escavação e a concretagem devem ser rigorosamente controladas, para garantir a qualidade da estaca; - A consistência ou compacidade do solo pode ser verificada através 22 Universidade Presbiteriana Mackenzie – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo – Prof. Paulo R. M. Moura 1º Semestre - 2008 do exame tátil-visual do material escavado; - A desarenação da lama e a verificação de suas propriedades são requisitos fundamentais para a concretagem; - A subida do concreto na escavação deve ser controlada a cada caminhão betoneira descarregado, para verificação da seção transversal da peça. Vantagens Desvantagens • Suportam cargas elevadas, de forma que, em geral, usa-se uma só estaca para cada pilar, reduzindo o volume dos blocos; • Não produzem vibrações; • Podem ser usadas para atingir camadas abaixo do lençol freático; • Podem avançar em solos fortes e até mesmo em rocha (com equipamento especial); • Têm inércia elevada, dispensando vigas de travamento; • Podem ser fortemente armadas para resistir a esforços transversais e de tração; • Por ser moldada in loco, pode-se concretar apenas o trecho útil da estaca (abaixo da cota de arrasamento). • Alto custo (equipamento, instalação, concreto especial, remoção de lama, remoção de terra, fornecimento de água); • Impróprias para atravessar camadas espessas de argilas moles; • Exigem canteiro amplo; • Inadequadas para terrenos com lençol freático muito próximo à superfície, pois, para garantir a estabilidade do furo, a coluna de lama bentonítica deve estar sempre pelo menos 3 metros acima do N. A. 2.5.3.5 Estacas hélice contínua • É uma estaca escavada, de substituição, moldada in loco; • É executada sem revestimento, sendo a estabilidade do furo assegurada pelo concreto, que é introduzido ao mesmo tempo em que se remove o solo; • As circulares apresentam diâmetros de 40 a 70 cm e podem suportar cargas entre 500 e 1.500 kN (50 e 150 tf); • Considera-se que a transferência de carga para o solo seja predominantemente por atrito lateral. • Equipamento: - É bastante pesado, ocupa muito espaço e tem custo de instalação elevado; - Envolve um guindaste sobre esteiras, com torre alta, que suporta a hélice sobre guias laterais por onde corre a mesa rotativa de acionamento hidráulico; - Os equipamentos em uso no Brasil permitem atingir profundidade de, no máximo, 24 metros; - A equipe de trabalho é de cerca de 5 pessoas. • Execução: (as letras entre parênteses se referem às fases indicadas na Figura 13) - Posicionado o equipamento no ponto e verificada a verticalidade da haste, inicia-se a perfuração com movimento rotativo, alto torque e esforço axial para baixo, cortando o terreno com o trecho inicial da ferramenta helicoidal, que possui, na extremidade inferior, dentes de aço de alta resistência; - A haste da hélice é oca, para posterior aplicação do concreto, e sua extremidade inferior é vedada por uma tampa; - O avanço da ferramenta é sempre inferior a um passo por giro; - Atingida a profundidade de projeto e penetrando em solos de resistência elevada, sem a remoção da hélice, inicia-se a aplicação de 23 Universidade Presbiteriana Mackenzie – Escola de Engenharia – Prof. Paulo R. M. Moura Fundamentos de Geotecnia II concreto, que é bombeado pelo tubo central, expulsando a tampa da extremidade inferior; - À medida que se aplica o concreto sob pressão, a hélice é extraída sem rotação; - Um transdutor de pressão, instalado no topo da haste, envia informações para um indicador digital na cabine, permitindo controlar a integridade da estaca; - A concretagem prossegue necessariamente até a superfície do terreno, não sendo possível interrompê-la na cota de arrasamento; - O concreto empregado é de fck não inferior a 20 MPa, é bombeável, deve ser preparado com agregado graúdo correspondente a brita 1, com consumo de cimento de pelo menos 350 kgf/m3, slump entre 22 e 24 cm, fator água-cimento de 0,5 e aditivado com plastificante apropriado; - A armadura é constituída por barras longitudinais grossas (16 mm, no mínimo) e por estribos soldados de, pelo menos, 12,5 mm, e é introduzida após a concretagem, com o auxílio de um pilão e de vibradores. (a) (b) (c) Fig. 13: Execução de uma estaca hélice contínua. • Dimensionamento: - No cálculo estrutural da peça, o fck do concreto é limitado a 20 MPa, e o coeficiente de minoração deve ser de, no mínimo, 1,8; - A tensão nominal de trabalho é da ordem de 3 a 4 MPa; - Estacas carregadas apenas à compressão simples são usualmente armadas somente nos 5 metros superiores; - Para esforços transversais, calcular a armadura conforme critérios de flexo-compressão ou flexo-tração. 24 Universidade Presbiteriana Mackenzie – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo – Prof. Paulo R. M. Moura 1º Semestre - 2008 Vantagens Desvantagens • São interessantes sempre que for possível usar uma única estaca por pilar, reduzindo o volume dos blocos; • Não produzem vibrações; • Podem ser usadas para atingir camadas abaixo do lençol freático; • Podem avançar em solos fortes, devido ao torque e ao esforço axial que o equipamento aplica; • Têm inércia elevada, dispensando vigas de travamento; • Podem ser fortemente armadas para resistir a esforços transversais e de tração. • Alto custo (equipamento, instalação, concreto especial); • Impróprias para atravessar camadas espessas de argilas moles. 25 Universidade Presbiteriana Mackenzie – Escola de Engenharia – Prof. Paulo R. M. Moura Fundamentos de Geotecnia II 3. Projeto geométrico de fundações sobre sapatas 3.1 Notação Pi - Carga do pilar i Smín - Área mínima da sapata sσ - Tensão admissível no solo de apoio a0 - Lado da seção transversal do pilar (lado maior) b0 - Lado da seção transversal do pilar (lado menor) p0 - Um dos lados do pilar (a0 ou b0) A - Dimensão maior da sapata B - Dimensão menor da sapata L - Um dos lados da sapata (A ou B) ℓ - Distância entre os centros de dois pilares vizinhos xCG - Distância do CG de uma sapata ao eixo do pilar mais próximo yCG - Distância do CG de uma sapata ao eixo do pilar mais distante f - Espaço para forma (em geral 2,5 cm) b - Balanço 3.2 Objetivo Determinar as dimensões em planta e a locação de sapatas para todos os pilares da obra. O dimensionamento é um problema de duas incógnitas (A e B), cuja solução requer duas equações. Os próximos parágrafos tratam de como obtê-las. 3.3 Pré-requisitos 3.3.1 Estrutura • Planta de locação e de cargas nos pilares 3.3.2 Sub-solo • Materiais (solos) constituintes das camadas
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