Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - UFPE CENTRO DE ARTES E COMUNICAÇÃO DEPARTAMENTO DE DESIGN Luis Arthur Leite de Vasconcelos Uma Investigação em Metodologias de Design Recife, Novembro de 2009 Luis Arthur Leite de Vasconcelos Uma Investigação em Metodologias de Design Projeto de Conclusão do Curso de Design apresentado como requisito para obtenção do título de Bacharel na Universidade Federal de Pernambuco – UFPE. Orientador: Professor Dr. André Neves Recife, Novembro de 2009 Dedico este trabalho a minha família, como um mínimo que eu poderia fazer. Não apenas ao pequeno círculo que me rodeia diariamente, mas também para aquele círculo familiar mais amplo e não menos importante: avós, tios, primos. Pelo pouco apego que eu possa demonstrar, me desculpem. Vocês foram, são e serão eternamente importantes e motivo de orgulho e muitas alegrias. Agradecimentos Por mais estranho que pareça ao normal leitor ocidental: chego à última parte deste trabalho, finalmente, aquela que tanto protelo — feia conjugação. O trabalho tido em ler e pesquisar, escrever e diagramar, agora me parece atividade recreativa perto da tarefa de agradecer devidamente a todos aqueles que influenciaram direta ou indiretamente na construção e desenvolvimento deste trabalho. Como contribuições diretas, devo iniciar os trabalhos por André, a mente mais pragmática e criativa, de infinitas soluções, e que está nessa comigo. O CNPq, pela oportunidade dada para que eu iniciasse esta pesquisa enquanto bolsista do PIBIC. Seu Clylton!, com quem mantive conversas constantes tão valiosas (e espero delas não sentir falta, por continuar as tendo) e por quem tenho enorme carinho e admiração. Dubberly, meu desconhecido mais agradecido. Ainda, os amigos e colaboradores Dennis, pela ajuda na sopa de letrinhas, Lucídio, pela discussão formal, Franklyn, por sua ortogonalidade, e Mateus e Vânia, pela atitude investigativa. Já as contribuições indiretas, parecem ser inúmeras. Para pensar um pouco melhor, acho válido dividi-las em duas classes: temporais — aquelas mais recentes, que aconteceram ao longo desses anos de faculdade — e atemporais — aquelas que já vêm de toda a vida. Utilizarei ainda como tática o uso de grupos em vez de nomes, para (tentar) não cair no erro provocado pelo esquecimento. Na primeira classe, encaixo todos dos laboratórios do Iraque, e principalmente aqueles do qual fiz (faço) parte, o GDRlab: grupo de pessoas bobas, amáveis e de ótimo humor e coração, disfarçado de grupo de pesquisa. Como fortes candidatos para este grupo: meus grandes amigos e futuros designers com quem muito me identifiquei logo no primeiro ano. Ainda no grupo dos bobos, eu poderia citar meus amigos “das Damas e agregados” — presente que me foi dado por Mari (essa fica pra mais adiante). Meus companheiros perronhas de longos anos e seu futebol arte (?), altamente nocivo para espectadores que sofrem do coração. O mestre Betão, João e todos os outros amigos e integrantes da relaxante capoeira das terças e quintas. E, por fim, o GRVM e todos os seus integrantes, que pouco sabem o quanto já foram importantes pra mim nesses poucos meses. Na segunda classe, e a quem eu queria agradecer desde o princípio, o Colégio de Aplicação da UFPE. Primeiramente pela estranha entidade que ele é, formador de tantas pessoas fantásticas e ambiente do qual sempre terei enorme saudade, onde creio ter vivido os melhores anos da minha vida. Depois, pelos professores e servidores que fazem aquilo tudo funcionar (ou não) de um jeito, como já diz a música... “xuxu beleza!”. E claro, agradeço enormemente aos alunos e amigos que lá fiz. Estes que, por sete intensos anos, fizeram parte da minha vida, e muitos que ainda fazem. Finalmente, aos “aldeiandos”: obrigado por me tornarem a pessoa que sou. Acho que nunca terei palavras que expliquem a importância de vocês. Bem, me recompondo, e continuando a segunda classe, agradeço ainda — e muito! — ao “Careca”, à “Véa”, “Juli” e “Tony”, meu pequeno círculo familiar que me acompanha já há quase 23 anos. Círculo este que apresenta alto potencial para crescimento, com a introdução de “Pedin” (e quaisquer outras “chegadas” dela decorrentes). E quem sabe, dona Mariana Arroxelas (a “gordinha”), talvez a pessoa mais fundamental para a elaboração deste trabalho, pela sua imensurável importância na minha vida e também por nela ter “reaparecido” em dois momentos cruciais, e, no segundo deles, me trouxe de volta ao mundo real, para que, entre outras coisas, eu pudesse concluir esta monografia. E me descomponho novamente. Enfim, obrigado a todos. Resumo Esta pesquisa é resultado de uma investigação dos processos e métodos de design empregados mundialmente em diversos segmentos da indústria, principalmente a partir da segunda metade do século vinte, utilizando uma abordagem histórica. Ela propõe uma classificação do material levantado, gerando assim um banco de dados claro e ágil, que visa facilitar o uso e esclarecimento dos processos de design para outras indústrias, bem como explicitar a evolução destes. Tem-se como resultado a criação de um documento que reúne vinte e seis metodologias criadas desde a década de sessenta até os dias atuais, classificadas de acordo com critérios bem definidos, com suas fases listadas e um breve resumo atrelado a cada uma delas, mostrando assim que as metodologias de design sofreram mudanças ao longo das décadas, mas que é possível identificar uma metodologia comum de design. Tal documento possibilita ainda a criação de dois outros artefatos apresentados neste trabalho. Por fim, apresentamos caminhos para estudos futuros e a possibilidade contínua do crescimento do conteúdo levantado. Palavras chaves: DESIGN; METODOLOGIA DE DESIGN; METODOLOGIA DE PROJETO; PROCESSOS DE DESIGN Abstract This research comes as a result of an investigation, using a historical approach, on design process and methods used world-wide by different sections of industry, especially after the sixties. It proposes a classification of the collected data by creating a neat and agile database which aims to make easier the understanding of design methods by other industries as well as the evolution of these methods. As a product, we have come to a document which contains twenty six design methods developed since the sixties until nowadays, properly labeled, having its phases listed and a short abstract attached. It demonstrates that design methods changed along the decades even though it is still possible to identify regular design methods among them all. The information on this document is also applicable on two other artifacts we show on this work: a .xml code and a design methods catalogue. Finally, we propose possible paths to forthcoming studies and the continuous possibility of increasing the collected data. Keywords: DESIGN; DESIGN METHODS; DESIGN PROCESS Sumário 1. Introdução.....................................................................................09 2. Modelos de classificação de metodologias de design.................................12 2.1 Modelo de Gui Bonsiepe...........................................................122.2 Modelo de Bomfim..................................................................14 2.3 Modelo de Ximenes e Neves.......................................................18 2.4 Modelo Proposto....................................................................19 3. Medologia de Design........................................................................22 3.1 Metodologia de Design na Década de 60........................................26 3.1.1 Morris Asimow............................................................28 3.1.2 Christopher Alexander..................................................30 3.1.3 Bruce Archer.............................................................31 3.1.4 Mihajlo Mesarovic........................................................33 3.1.5 Watts......................................................................35 3.2 Metodologia de Design na Década de 70........................................36 3.2.1 Thomas Marcus e Thomas Maver......................................38 3.2.2 John Chris Jones.........................................................39 3.2.3 John Chris Jones.........................................................41 3.2.4 Siegfried Maser...........................................................43 3.2.5 Don Koberg e Jim Bagnall.............................................45 3.2.6 Bernhard Bürdek.........................................................46 3.2.7 Cal Briggs e Spencer Havlick...........................................47 3.2.8 Bernd Löbach.............................................................49 3.3 Metodologia de Design na Década de 80........................................51 3.3.1 Bryan Lawson.............................................................52 3.3.2 Bruno Munari.............................................................54 3.3.3 Vladimir Hubka...........................................................56 3.3.4 Gui Bonsiepe.............................................................58 3.3.5 VDI – Verein Deutscher Ingenieure....................................60 3.3.6 Bruno Munari.............................................................62 3.4 Metodologia de Design na Década de 90........................................64 3.4.1 John Gero.................................................................65 3.4.2 Steven Eppinger e Karl Ulrich..........................................66 3.4.3 Norbert Roozenburg e Johan Eekels..................................68 3.4.4 Nigel Cross................................................................69 3.5 Metodologia de Design no Século XXI (2000 - 2009)...........................70 3.5.1 RSC – Rational Software Corporation.................................72 3.5.2 Ernst Eder e Stanislav Hosnedl........................................74 3.5.3 André Neves..............................................................76 3.6 Considerações.......................................................................78 4. Resultados ou Artefatos Gerados.........................................................80 4.1 Padrão .xml para Descrição das Metodologias.................................80 4.2 Catálogo de Metodologias.........................................................83 5. Contribuições e Desdobramentos....................................................88 6. Referências...................................................................................89 9 1. Introdução A motivação para se fazer esta pesquisa em metodologias de design é a busca pela facilidade na compreensão e uso dos processos de design para os próprios designers, bem como para outros profissionais da indústria, tornando os processos de design mais comunicáveis, como comentou Bürdek (2006): “Por meio de intensa discussão com a metodologia, o Design se tornou quase que pela primeira vez ‘ensinável’, ‘aprendível’ e, com isto, comunicável. O contínuo e constante significado da metodologia do design para o ensino é hoje a contribuição para o aprendizado da lógica e sistemática do pensamento. [...]” Porém, quando se trata de uma investigação a respeito de metodologias de design, é comum se ter como resultado uma longa lista de autores com seus esquemas e processos, geralmente de maneira extensa e de acesso pouco ágil às informações, e estas informações ainda se apresentam de maneira não padronizada. Este trabalho tem seu início desta maneira, através de um levantamento de vinte e seis metodologias diferentes utilizadas como auxílio para concepção de soluções para problemas desde a segunda metade do século passado. Entretanto, é fundamental tornar as informações adquiridas padronizadas, possibilitando uma consulta eficiente e de fácil compreensão. Assim, uma vez que tal base de dados é formada, percebe-se a necessidade, e possibilidade, de estruturar a informação em classes que permitam cumprir tal objetivo, não apenas oferecendo uma compreensão mais ampla do cenário das metodologias de design como tornando clara a informação coletada, gerando uma ferramenta que auxilia a aperfeiçoar os processos de design e guia o desenvolvimento de novas metodologias. O nosso trabalho é uma extensão de trabalhos anteriores, desenvolvidos em 1984 por Bonsiepe [BOSNSIEPE 1984] e revisitado em 1995 por Bomfim [BOMFIM 1995]. Especificamente, estendemos um trabalho de pesquisa iniciado por Ximenes em 2008, sob a orientação do professor André Neves [XIMENES & NEVES 2008]. No trabalho atual, foram inseridos novos instrumentos para classificação que tornam mais claras as associações entre as metodologias. 10 O modelo proposto nesse trabalho utiliza quatro características importantes na definição de esquemas metodológicos: � A atitude metodológica ou tipologia da metodologia; � A estrutura das etapas das metodologias; � A flexibilidade dessas etapas; e, � A presença ou ausência de feedbacks entre as etapas. Deste modo, tem-se como objetivo principal dessa investigação a definição de tais características e o agrupamento das metodologias de design de acordo com estes conceitos, consolidando então um modelo de classificação para os demais esquemas metodológicos de design e gerando dados padronizados e bem estruturados. Além dos conceitos utilizados para classificar e diferenciar as metodologias, foram adicionados também dados referentes ao autor do modelo, desenvolvimento da metodologia e sua estrutura, para que pudessem ser mais bem compreendidas. Desde modo, foram associados à base de dados: � O Nome da metodologia, quando identificado, pois para algumas metodologias apenas seus autores foram passíveis de identificação; � O Autor ou autores da metodologia investigada; � Uma breve biografia sobre o(s) autor(es); � A Data de elaboração da metodologia, podendo ser representada por um ano específico ou um grupo de anos de até uma década, quando não foi possível identificar um ano preciso ou diferentes fontes se chocavam; � As Fases da metodologia, que definem o número de fases ou etapas, quais são estas fases e ainda, as subfases que as formam, quando possível identificá- las. Geralmente, as metodologias descritivas não possuem ou possuem poucas subfases; e, � Um resumo do processo, que consiste numa breve explicação sobre a metodologia em si e o contexto no qual ela foi desenvolvida. Para se trabalhar com os dados levantados e apresentá-los, foi constatado que o nome do autor que desenvolve a metodologia se mostra a maneira mais indicada, já que as metodologias são mais associadas aos seus criadoresque aos nomes dados por eles, ao contrário de métodos como o “brainstorming” ou a “caixa morfológica”. Como resultado final deste trabalho, construímos um fichário ou catálogo de metodologias que traz como principais contribuições a facilidade na consulta e manuseio das fichas de maneira conjunta ou individual, e possibilidade do uso desse material para auxílio no ensino da teoria no design. 11 Ao concluirmos o trabalho, apontamos uma série de desdobramentos possíveis, dentre os quais destacamos a investigação mais ampla de outros autores que propõem modelos para classificação de metodologias de design, ampliando nossa base de estudos. Este documento está dividido em cinco seções. Na seção 1 foi feita a introdução ao trabalho realizado. Na seção 2 temos os modelos de classificação de metodologias propostos por Bonsiepe, Bomfim e Ximenes e Neves, finalizando com a proposta apresentada com este trabalho. Na seção 3 é trabalhado o conceito de design e metodologia de design, tanto num âmbito geral como através de uma evolução histórica ao longo de cinco décadas. Ainda nesta seção, são apresentadas todas as metodologias pesquisadas e classificadas dispostas em fichas, e considerações decorrentes da análise dos dados metodológicos. Na seção 4 temos dois artefatos ou produtos que foram gerados como resultados da pesquisa realizada. Por fim, na seção 5 são discutidas as contribuições de todo o trabalho realizado e desdobramentos futuros aos quais ele dá margem. 12 2. Modelos de Classificação de Metodologias de Design 2.1 Modelo de Gui Bonsiepe O modelo de classificação de metodologias proposto por Bonsiepe (1984), gera quatro grupos, definidos por ele como tipos de classificação de macroestrutura do processo projetual. Estes grupos levam em conta a linearidade, para o tipo um, a presença de feedback, para o tipo dois, a circularidade, para o tipo três, e flexibilidade entre etapas, para o tipo quatro. Para cada um desses tipos, Bonsiepe dá um exemplo metodológico ilustrado com o nome do seu respectivo autor. Temos então: � Tipo 1: Linear Processo de Bruce Archer � Tipo 2: Feed Back Processo de Bernhard E. Bürdek 13 � Tipo3: Circular Processo de Bob Borzak � Tipo 4 Processo alemão VDI Este modelo apresenta parâmetros que não são ortogonais, não ficando claro assim quais os critérios que diferenciam as metodologias. As metodologias só poderiam então ser classificadas em quatro grandes grupos, de acordo com um único parâmetro. Além disso, outro aspecto que carece de informação é sobre os conceitos em si, que não são apresentados com uma explicação prévia — apenas com um exemplo ilustrativo — para que o modelo possa ser aplicado corretamente. 14 2.2 Modelo de Bomfim Em seu modelo, Gustavo Amarante Bomfim (1995) define tipos de metodologias, chamadas por ele de “métodos”, como procedimentos lógicos auxiliares no desenvolvimento de projetos. As definições, segundo o próprio autor, foram baseadas em citações de John Christopher Jones [BOMFIM 1995]. São apresentados ao todo oito diferentes tipos de procedimentos: � Método 1: linear, no qual há sequência de ações ou etapas nas quais cada etapa sempre dependerá do resultado da etapa anterior, podendo apresentar feedbacks no interior das etapas. � Método 2: cíclico, que apresenta como característica principal a possibilidade de retornos entre etapas, porém o retorno não é predeterminado ou obrigatório. 15 � Método 3: cíclico com retornos pré-determinados, semelhante ao modelo cíclico, diferenciando-se pelo fato de que os retornos aqui são determinados previamente pelo autor. � Método 4: de ramificações, que apresenta etapas independentes que podem ser realizadas paralelamente, possibilitando mais atividades em menos tempo durante o processo de design. Entretanto, próximas etapas só podem ser iniciadas depois de finalizadas etapas anteriores. 16 � Método 5: adaptativo, no qual apenas a primeira etapa é decidida. A decisão sobre etapas posteriores vem em função dos resultados apresentados pela primeira etapa. � Método 6: tradicional, tido como o modelo em que o designer se utilizará de sua carga de experiência em projetos anteriores, sendo cada variável do problema tratada isoladamente, uma por vez. É geralmente empregado em redesign de produtos. � Método 7: aleatório, que se caracteriza pelo não planejamento de todas as etapas, como quando há vários pontos de partida para diversas pesquisas em campos complexos. Cada etapa pode ser definida sem haver conexão com as demais. 17 � Método 8: de controle, funcionando como um sistema auto-organizado, apresentando técnicas que avaliem a eficiência do próprio método empregado de acordo com prioridades estabelecidas anteriormente. Assim como o modelo proposto por Bonsiepe, o modelo de Bomfim apresenta tipos de metodologias com parâmetros classificativos independentes e não ortogonais — os “métodos” são definidos de acordo com critérios que não se opõem, não apresentando correlações claras entre os que foram utilizados. Apesar de apresentar oito diferentes tipos de processos metodológicos, o modelo oferece apenas a possibilidade de enquadrar a metodologia de design de acordo com um único conceito, não havendo assim a possibilidade de atribuir outras características simultâneas às metodologias, assim como o modelo de Bonsiepe. 18 2.3 Modelo de Ximenes e Neves Para o modelo de Mateus Ximenes e André Neves, foram adotadas quatro características como elementos de diferenciação e ao mesmo de agrupamento das metodologias pesquisadas [XIMENES & NEVES 2008]: � [1] quanto à atitude adotada na concepção da metodologia, podendo ser Descritiva ou Prescritiva; � [2] quanto à ordem das etapas, podendo ser Linear ou Cíclica; � [3] quanto à flexibilidade das etapas, podendo ser Temporal ou Atemporal; e, � [4] quanto à sua estrutura, podendo ser Instrumental ou Processual. Ao contrário dos modelos estudados anteriormente, esta estrutura criada possibilita classificar as metodologias de acordo com quatro parâmetros claros, podendo assumir valores distintos e bem definidos. As metodologias podem então ser classificadas quatro vezes, apresentando características diferentes em cada uma das classificações. Esta possibilidade de classificação é interessante por oferecer agrupamentos e relações entre as metodologias, além de possibilitar um melhor detalhamento quanto a sua macroestrutura. Entretanto, não ficaram claras as definições utilizadas para estabelecer os parâmetros gerados, tornando a classificação bastante subjetiva, principalmente no que se refere ao último parâmetro: estrutura instrumental ou processual. Todas as metodologias pesquisadas pelos próprios autores, de acordo com tal modelo, apresentaram estrutura processual [XIMENES & NEVES 2008], sendo seu uso portanto não significativo. 19 2.4 Modelo Proposto Para a criação do modelo de dados e geração das fichas de metodologias apresentadas mais adiante, as metodologias pesquisadas foram classificadas principalmente por quatro características ou parâmetros que as diferenciavam. O parâmetro chave para a classificação das metodologias, em dois grandes grupos, se refere à atitude adotada pela metodologia. Tais parâmetros e os possíveisvalores que podem assumir são listados e explicados abaixo, e, quando necessário, um esquema ilustrativo os acompanha, para oferecer uma maior compreensão: � Atitude metodológica ou tipologia da metodologia, podendo ela ser: [1] descritiva — quando a metodologia apenas descreve um processo que já era anteriormente feito — ou [2] prescritiva — quando a metodologia funciona de maneira “normativa”, prescrevendo métodos e passos os quais devem ser seguidos para alcançar o desenvolvimento do produto; � Estrutura das etapas das metodologias, podendo ser: [1] linear — quando os processos internos seguem um fluxo vertical, com início e fim delimitados, nos quais cada fase só se inicia ao fim da anterior, ou 20 [2] cíclica — no caso das metodologias que apresentam retornos ou ciclos no interior de suas etapas, podendo ser repetidos várias vezes; � Flexibilidade dessas etapas, podendo assumir o valor de: [1] temporal — quando o fluxo das etapas é necessariamente contínuo e uniforme, não permitindo retornos flexíveis e processos concomitantes — ou, [2] atemporal — agora quando o fluxo das etapas pode ser constantemente interrompido, favorecendo retornos e avanços flexíveis e até mesmo a possibilidade de processos concomitantes; e, 21 � Presença ou ausência de feedback, agora podendo apresentar três estados: [1] sem feedbacks entre fases – que significa que a metodologia não possui retornos entre suas fases; [2] com feedbacks predeterminados entre fases — quando os feedbacks existem, porem são definidos anteriormente pelo autor, de maneira restritiva; e, [3] com feedbacks flexíveis entre fases — que favorecem retornos diversos, basicamente entre todas as fases do processo. Nesta proposta, em relação ao modelo proposto por Ximenes e Neves foi adicionada uma definição textual dos conceitos utilizados para a criação dos parâmetros bem como uma representação esquemática que exemplifica as estruturas das metodologias de acordo com os parâmetros; e, o último parâmetro, que se mostrou insignificante, foi substituído pela classificação das metodologias quanto aos seus retornos durante o processo. 22 3. Metodologia de Design Para uma melhor discussão sobre o tema de metodologias de design, é fundamental que seu conceito geral seja entendido e a compreensão de que há diversas definições sobre o termo. Tais definições, por mostrar diferentes pontos de vista de diferentes autores, dão margem a um uso diferenciado da metodologia de projetos, colaborando assim para o desenvolvimento de diferentes esquemas metodológicos. Visando prover a maior quantidade de opiniões e definições diferentes — e relevantes —, são apresentadas aqui em ordem cronológica as visões de diversos pesquisadores e autores em relação aos conceitos de design, processo de design e metodologia de design. De acordo com o dicionário Oxford, o conceito de design foi utilizado pela primeira vez em 1588, havendo três definições para o termo. A primeira delas, diz que design é um plano desenvolvido pelo homem ou um esquema que possa ser realizado. A segunda define design como o primeiro projeto gráfico de uma obra de arte. Finalmente, a definição de que o design seria um objeto das artes aplicadas ou que seja útil para a construção de outras obras [BÜRDEK 2006]. Nesse contexto, entende-se a metodologia de design como um conjunto de métodos ou processos que auxiliam o sujeito em tais atividades. Para Alexander (1964), o processo de design é o ato de inventar estruturas ou objetos reais que apresentam nova ordem física, organização e forma, em resposta à função. Ele comenta ainda que o problema de design possui requerimentos que devem ser definidos, mas também possui interações e relações entre estes, o que dificulta tal definição. Asimow (1968), na mesma década, define resumidamente o design como a progressão do abstrato para o concreto, sendo um processo iterativo de desenvolvimento de problemas. O design industrial, por sua vez, é uma atividade cujo propósito é direcionado ao preenchimento e satisfação das necessidades humanas, especialmente aquelas que se relacionam com fatores tecnológicos ou culturais. Entretanto, é cada vez mais frequente o redesign de produtos que já existem, o que implica na necessidade em se desenvolver novas ferramentas e métodos de design. Löbach (2001) comenta que o design poderia ser deduzido como uma idéia, projeto ou plano para a solução de um problema, e o ato de design, então, seria dar corpo à idéia e transmiti-la aos a outros. 23 A elaboração de esboços, projetos, amostras e modelos, é o meio de tornar perceptível e visível a solução desse problema, finalizando com sua produção industrial. Dessa forma, o processo de design é entendido como um processo configurativo. Por design industrial, pode-se entender qualquer atividade que transforme uma idéia em produto industrial fabricável, sendo ainda um processo de comunicação, entre designer, empresário, objeto. Essa idéia, por sua vez, deve visar à satisfação de necessidades do público-alvo. Para Cross, a metodologia de design é caracterizada pelo estudo de princípios, práticas e procedimentos de design, com o objetivo de aprimorar a prática do design e apresentando uma orientação fortemente voltada ao processo [CROSS 1993 apud KROES 2002]. Após algum tempo de discussão e desenvolvimento em metodologias de design, na década de noventa se começa a ressaltar que as metodologias não eram determinantes para o sucesso do desenvolvimento de produtos, mas sim um processo auxiliar. Como exemplo de tal discurso, Bomfim (1995) defende que métodos devem ser considerados apenas como instrumentos de trabalho, de modo que sua utilização em projetos não é garantia de sucesso. Por mais que os métodos auxiliem na capacidade técnica e criativa de projetistas, oferecendo um suporte lógico ao desenvolvimento de produtos, o resultado de um projeto depende da capacidade técnica e criativa daquele que o desenvolve. Bomfim define ainda que metodologia é “a ciência que se ocupa do estudo de métodos, técnicas ou ferramentas e de suas aplicações na definição, organização, e solução de problemas teóricos e práticos”, sendo a metodologia de design “a disciplina que se ocupa da aplicação de métodos a problemas específicos e concretos.” De acordo com Roozenburg (1996), a metodologia de design "é o ramo da ciência que criticamente estuda a estrutura, métodos e regras para projetar produtos, no senso de artefatos materiais e sistemas." A metodologia pode se apresentar de duas maneiras: sendo descritiva — quando revelar o método aplicado à “estrutura lógica analítica” do pensamento do design é o principal objetivo — ou prescritiva (ou normativa) — quando a metodologia forma opinião com embasamentos em análises descritivas, recomendando ou demandando para determinados problemas a aplicação de certos métodos. 24 Ainda, analisando num contexto mais funcional, o autor diz que a metodologia de design dá ao designer maiores conhecimentos sobre o processo de design, como a compreensão dos modelos de design, representando a ação em projetar e a estrutura de pensar, além de oferecer método e técnicas que possam ser utilizadas no processo, concepção e terminologias correspondentes. A metodologiade design também oferece regras a serem usadas para projetar, “ensinando” o projetista como agir em determinadas situações [ROOZENBURG 1996 apud DEMARCHI 2002]. Kroes (2002) discorre sobre a metodologia de design, gerando uma discussão sobre as diferenças entre as metodologias de design e de pesquisa, ou científica. Ele defende que a metodologia de design apresenta uma postura normativa com respeito ao design e é muito orientada ao processo, enquanto que a metodologia de pesquisa é descritiva e fortemente orientada ao produto. Comenta ainda que, comparada à metodologia de pesquisa, a metodologia de design se apóia num tipo bem diferente de “reconstrução racional”, uma descrição esquematizada de procedimentos de design reais, com etapas racionalmente prescritas, que deve levar o desenvolvimento do produto a melhores resultados se comparado ao desenvolvimento sem o uso de metodologia. Para Bürdek (2006), o design é um processo criativo, porém a configuração do produto não ocorre num ambiente vazio. Cada resultado advém de um processo de desenvolvimento e seu andamento é determinado por condições e decisões, não apenas a configuração em si. Sobre os estudos em design, o autor comenta: “Teoria e metodologia do design são reflexos objetivos de seus esforços que se destinam a otimizar métodos, regras e critérios e, com sua ajuda, o design poderá ser pesquisado, avaliado e também melhorado. Uma visão mais próxima nos mostra que o desenvolvimento de teoria e método também é embebido de condições histórico-culturais e sociais. Praticar a teoria no design significa, em primeiro lugar, se voltar para a teoria do conhecimento. [...]” Deste modo, através de uma análise comum de definições de diversos autores, é possível estabelecer uma geral e mais abrangente de metodologia de design. A metodologia de design poderia ser entendida então como um processo esquematizado apoiado em etapas distintas, com o objetivo de aperfeiçoar e auxiliar 25 o designer (ou a equipe de design) no desenvolvimento ou concepção de soluções para um determinado problema através de um produto ou artefato, oferecendo um suporte de métodos, técnicas ou ferramentas. 26 3.1 Metodologia de Design na Década de 60 Até meados da década de cinquenta, procedimentos metodológicos que guiassem o desenvolvimento de novos produtos eram inexistentes ou insuficientemente claros. Foi exatamente a partir desse momento que se iniciou o desenvolvimento da metodologia de design como hoje a conhecemos [JONES 1992], principalmente na Inglaterra e na Alemanha [BOMFIM 1995]. Em Setembro de 1962, no Imperial College, Londres, aconteceu a “Conferência de Métodos Sistemáticos e Intuitivos da Engenharia, Desenho Industrial, Arquitetura e Comunicação”. Nomes como Jones, Alexander e Archer participaram da conferência [JONES 2001], que pode ser considerada o ponto de partida para uma maior discussão sobre metodologias e seu desenvolvimento, bem como a transição do designer como projetista individual para uma equipe multidisciplinar de desenvolvimento [XIMENES & NEVES 2008]. A Escola de Ulm teve um papel fundamental para o desenvolvimento em metodologias de design, se dedicando à pesquisa e teoria do design com grande intensidade e desenvolvendo um novo princípio de estilo: “o funcionalismo ulminiano”. Um dos motivos para tal foi o aumento das tarefas que eram conferidas aos designers na indústria daquela época [BÜRDEK 2006]. Christopher Alexander (1964) já escrevia naquela época (tradução nossa): “Os problemas funcionais estão se tornando menos simples a todo o momento. Entretanto, designers raramente confessam a sua inabilidade para resolvê-los. Em vez disso, quando um designer não entende um problema claramente o suficiente para achar a ordem que ele realmente precisa, ele recua para alguma ordem formal arbitrária. O problema, por conta da sua complexidade, permanece não resolvido. Hoje, mais e mais problemas de design estão alcançando níveis insolúveis de complexidade. Apesar da simplicidade superficial de alguns problemas, mesmo estes têm um background de necessidades e atividades as quais estão se tornando muito complexas para serem tomadas intuitivamente.” Alexander enumerou assim argumentos para a definição de uma metodologia própria para o design, que comentavam sobre a complexidade dos problemas e a 27 maneira intuitiva com a qual eles eram antes resolvidos, a quantidade de informações com os quais o designer teria que lidar, a quantidade de problemas por si só, e a espécie dos problemas, que já não se resolviam facilmente com o experiências anteriores do designer [ALEXANDER 1964; BOMFIM 1995]. Tais argumentos foram posteriormente trabalhados por Jones, porém agora em forma de perguntas, levantando principalmente questão da complexidade dos novos problemas em oposição à antiga maneira de se fazer design tradicional [JONES 1992]. Desta maneira e com tais motivações, nomes como Asimow, Archer, Alexander, Mesarovic, e Watts se destacaram no desenvolvimento em metodologias de design na década de sessenta. Entretanto, tais nomes foram fortemente influenciados pela pesquisa aeroespacial, que apresentava problemas complexos, mostrando o esforço em seus modelos em dividir o processo em passos discretos e bem definidos [BÜRDEK 2006]. Archer, que desenvolveu uma metodologia sistemática em design, alertava que o fato de ser sistemático não é o mesmo de ser automatizado. Quando tudo estivesse dito e feito em relação à definição do problema de design e a análise dos dados, é aí então que restaria a dificuldade do ato de design — o salto criativo entre a compreensão da questão e a proposta de uma solução [DUBBERLY, 2004]. Por fim, na década de sessenta, percebem-se metodologias de atitude majoritariamente descritiva, seguindo o processo de explicitação das atividades que ocorriam na “caixa preta”. Tais metodologias apresentavam igualmente modelos cíclicos e lineares, completamente temporais, não apresentando ainda o conceito de feedback entre fases — exceto pelo modelo de Archer. Os seus autores advinham principalmente da engenharia, colaborando para que as metodologias criadas apresentassem um caráter mais matemático e lógico, numa busca pela melhor descrição dos métodos que ocorriam dentro das indústrias, focando-se no processo de produção em si e não apresentando cuidados relacionados ao usuário ou ao produto em seu pós venda, por exemplo. 28 3.1.1 (1) Morris Asimow Morris Asimow (1906—1982) foi, durante 30 anos, professor da University of California, e teve uma carreira distinta e versátil. Nascido nos Estados Unidos, filho de emigrantes da Rússia, cresceu e formou-se numa escola politécnica em Los Angeles, onde seguiu até seu Ph.D. em engenharia e desenvolveu várias pesquisas na área de gerenciamento e processos de produção [UNIVERSITY OF CALIFORNIA 2009]. Nome: Morphology of Design Data de apresentação da proposta metodológica: 1962 Atitude metodológica: Descritiva Estrutura das etapas: Cíclica Flexibilidade entre as etapas: Temporal Presença, tipo ou ausência de feedback: Sem feedbacks entre fases Número e nome das fases: (3) (1) Estudo de viabilidade e parâmetros de design [geração de alternativas | análise conforme suas características estruturais (no caso de artefatos físicos) | viabilidade econômica | noção de custo] (2) Fase preliminar de design, na qual se escolhe as possíveis soluções [uso de modelos matemáticos | testes minuciosos (produtos físicos), como estabilidade,resistência dos componentes] (3) Escolha da solução [detalhamento do design | definição de custo e tempo para realização | construção de protótipo e avaliação]. Sobre o processo: Numa época em que não havia muitas publicações sobre processos e métodos de design, Asimow desenvolveu o que conhecemos hoje como a primeira metodologia de design, um conjunto descritivo de processos de produção industrial. Motivado pelo aumento da complexidade dos problemas e da quantidade destes, o desenvolvimento em teoria do design saía da ocultação da caixa preta, [BÜRDEK, 2006; NEVES, 2008]. gerando as primeiras metodologias descritivas na época. Entretanto, percebe-se o caráter mais físico e matemático em seus processos oriundos da engenharia de produção, focados no desenvolvimento dos artefatos em si, pouco explicitando técnicas de exploração do problema, geração de alternativas e seleção destas, por exemplo. 29 Neste processo, dentro de cada fase há a possibilidade de análise, síntese, avaliação, decisão, aperfeiçoamento e revisão, se mostrando assim um modelo cíclico, porém pouco explícito. A primeira fase é criativa e analítica, pois começa com a geração de alternativas seguida da análise de características estruturais e de custo. A segunda fase se inicia com a escolha dos modelos e testes físicos e matemáticos. Na terceira fase os detalhes são definidos, bem como o custo e cronograma; seguido da construção do protótipo para avaliação [EVBUOMWAN, 1995 apud CREDIDIO 2007]. 30 3.1.2 (2) Christopher Alexander Christopher Alexander (1936) é professor da University of California desde 1963. Nascido em Viena, Áustria, cresceu na Inglaterra, formou-se em arquitetura, obteve o grau de mestre em matemática e Ph.D. em arquitetura em Harvard. Suas pesquisas abrangem as áreas da arquitetura, design e ciência da computação, onde é conhecido como pai da linguagem dos padrões [EN.WIKIPEDIA 2009]. Nome: Unself-conscious and self-conscious design Data de apresentação da proposta metodológica: 1962 - 1964 Atitude metodológica: Descritiva Estrutura das etapas: Linear Flexibilidade entre as etapas: Temporal Presença, tipo ou ausência de feedback: Sem feedbacks entre fases Número e nome das fases: (3) (1) Fase inconsciente (2) Fase consciente (3) Fase mediada. Sobre o processo: Assim como as outras metodologias que datam do início do processo descritivo do que se era feito em design, o modelo Unself-conscious and self-conscious design, abordado no livro “Notes on the Synthesis of Form”, tem fortes relações com as ciências formais da matemática e da lógica. Alexander se focou na problemática da forma e do contexto, e afirmou a necessidade da inclusão do racionalismo no design, possibilitando uma divisão cartesiana dos problemas e, ao mesmo tempo, um procedimento dedutivo [BÜRDEK 2006]. Neste modelo, o problema pode ser estruturado de modo que a forma será desenvolvida por meio de sua composição hierárquica. O processo busca a decomposição dos problemas em seus menores componentes e reagrupamento destes em três níveis [DUBBERLY 2004]: 1. no mundo real; 2. no mundo real já com uma figura mental; e, 3. no mundo real já com uma figura mental formalizada. 31 3.1.3 (3) Leonard Bruce Archer Leonard Bruce Archer (1922—2005) foi professor na Hochschule für Gestaltung, Ulm, e no Royal College of Art, onde ensinou pesquisa em design e foi responsável por estabelecer o Design como uma disciplina. Nascido em Londres, Inglaterra, Archer formou-se engenheiro mecânico, porém a maior parte de seu trabalho foi realizada em escolas de Arte e Design [EN.WIKIPEDIA 2009]. Ele promoveu o uso de análises de níveis de sistemas, design baseado em evidências e avaliações através de experimentos em campo no design industrial. Para tal, treinou uma geração de pesquisadores de design para aplicar seus métodos e estudos em prática. [ALLEXPERTS 2009; MACMILLAN 2009]. Nome: A Systematic Method for Designers Data de apresentação da proposta metodológica: 1963 - 1965 Atitude metodológica: Descritiva Estrutura das etapas: Linear Flexibilidade entre as etapas: Temporal Presença, tipo ou ausência de feedback: Com feedbacks predeterminados entre fases Número e nome das fases: (6) (1) Estabelecimento de um programa [estabelecimento de pontos cruciais | proposição de uma linha de ações] (2) Coleta de dados [recebimento instruções | coleta de documentos | classificação e armazenamento da informação] (3) Análise [identificação e análise de subproblemas | preparação das especificações de performance] (4) Síntese [recebimento de instruções e solução de problemas remanescentes | desenvolvimento de soluções | definição de especificações gerais das soluções] (5) Desenvolvimento [validação da hipótese] (6) Comunicação [definição dos requisitos de comunicação | seleção do meio de comunicação | preparação da comunicação]. Sobre o processo: Apesar da sua formação acadêmica, o modelo de Archer inicia o processo de distanciamento dos modelos mais matemáticos elaborados até então, transformando as metodologias de design mais centradas na engenharia de produção em metodologias de design industrial. Entretanto, seu modelo ainda era bastante rígido. 32 O processo tem sua fase inicial mais analítica, passando para a fase criativa e a posterior execução do projeto. Em seguida, uma fase de observação na qual são feitas "medições" e o raciocínio é indutivo, e a fase de avaliação, na qual o julgamento é realizado e o raciocínio é dedutivo. Finalmente, a descrição e transmissão de detalhes do projeto são feitas [BONSIEPE et al 1984]. 33 3.1.4 (4) Mihajlo D. Mesarovic Mihajlo D. Mesarovic (1928) é professor de engenharia de sistemas e matemática na Case Western Reserve University. Nascido na antiga Iugoslávia, já lecionou em mais de 60 países, embora a sua formação tenha sido realizada basicamente na própria Iugoslávia, onde obteve o grau de mestre em engenharia elétrica e Ph.D. em ciências técnicas na Universidade de Belgrado, hoje, Sérvia [EN.Wikipedia 2009]. Seu perfil, como a maioria dos outros autores estudados daquela época, vem de bases mais matemáticas e científicas, embora isso já não refletisse tanto nos modelos criados por eles. Nome: Iconic model of the design process Data de apresentação da proposta metodológica: 1964 Atitude metodológica: Descritiva Estrutura das etapas: Cíclica Flexibilidade entre as etapas: Temporal Presença, tipo ou ausência de feedback: Sem feedbacks entre fases Número e nome das fases: (6) (1) Definição de necessidades [análise | síntese | avaliação | comunicação] (2) Estudo de aplicabilidade [análise | síntese | avaliação | comunicação] (3) Design preliminar [análise | síntese | avaliação | comunicação] (4) Design detalhado [análise | síntese | avaliação | comunicação] (5) Plano de produção [análise | síntese | avaliação | comunicação] (6) Produção [análise | síntese | avaliação | comunicação]. Sobre o processo: Mesarovic foi fundador do periódico: “Teoria Matemática dos Sistemas Gerais”, e seus estudos abordavam a complexidade e sistemas complexos, sistemas hierárquicos e de larga escala. Talvez por tais estudos seja que seu modelo metodológico tenha sido o primeiro a apresentar um caráter cíclico mais explícito, apresentando um novo esquema no campo das metodologias de design, claramente circular e evolutivo. O modelo consiste em uma estrutura cíclica tanto para os passos quanto para o progresso do processo. No início (topo) temos a definiçãodas necessidades como o 34 mais abstrato, finalizando com a produção (base) como o ponto mais concreto. Em todas as fases, há o processo de análise, síntese, avaliação e comunicação [ROWE 1987 apud DUBBERLY 2004]. 35 3.1.5 (5) Watts (Não foi achada informação suficiente para Watts). Nome: Não Identificado Data de apresentação da proposta metodológica: 1966 Atitude metodológica: Prescritiva Estrutura das etapas: Cíclica Flexibilidade entre as etapas: Temporal Presença, tipo ou ausência de feedback: Sem feedbacks entre fases Número e nome das fases: (3) (1) Análise (2) Síntese (3) Avaliação. Sobre o processo: Trata-se um processo cíclico e temporal, com o formato imaginário de um cilindro, sendo a base o nível mais abstrato que evolui até o nível mais concreto no qual se encontra a solução. Nessa transição de abstrato para o concreto, o designer passa por três fases distintas, a análise, a síntese e a avaliação [JONES 1992]. 36 3.2 Metodologia de Design na Década de 70 Depois da Ulm, não apenas foi aceita de maneira séria a possibilidade de uma abordagem “científica” e objetiva em relação ao design, como se tornou sua meta. Um sentimento de confiança no determinismo racional prevaleceu; o processo de design poderia então ser clara e explicitamente determinado, dados relevantes coletados, parâmetros estabelecidos e um artefato ideal produzido [ROWE 1987 apud DUBBERLY 2004]. Entretanto, ao longo da década de setenta, foi iniciada uma nova orientação quanto à metodologia de design. O pensamento de que um método determinado deveria ser aceito de maneira geral encontrava agora oposições. Era defendida a necessidade de um método que privilegiasse a variedade de idéias. Bürdek (2006) escreveu: “[...] até os anos setenta, os métodos empregados eram orientados na sua maioria dedutivamente, isto é, era desenvolvida para um problema geral uma solução especial (de fora pra dentro). No novo design, trabalha-se de forma mais indutiva, isto significa se perguntar pra quem (para que grupo específico) um projeto especial deva ser colocado no mercado (de dentro para fora).” Na década de setenta, tivemos uma mudança brusca não apenas quanto às classificações metodológicas propostas nesse trabalho, mas também quanto o processo de design e seu contexto. Tínhamos agora autores de diversas áreas do conhecimento que colaboravam com o desenvolvimento de metodologias. Isso trouxe também ao processo outros enfoques contextuais, como estudos ergonômicos, de custos e a preocupação com o usuário [JONES 1992]. Havia um esforço para estabelecer o design como uma ciência, se apoiando bastante em metodologias científicas para que fosse criada uma metodologia autônoma de design [BÜRDEK 2006]. Quanto à estrutura das metodologias, pode-se perceber a maioria das metodologias estudadas apresentava valores distintos daqueles apresentados na década de sessenta. As metodologias agora eram, em sua maior parte, de atitude prescritiva, deixando de lado o caráter descritivo que acontecia anteriormente e mostrando que 37 os autores já demonstravam maior segurança para propor modelos como “normas” para o design. Apresentavam ainda estrutura mais linear de etapas e bastante flexibilidade atemporal em suas etapas e feedbacks flexíveis entre elas. 38 3.2.1 (6) Thomas A. Marcus e Thomas W. Maver (Não foi achada informação suficiente para Thomas A. Marcus). Thomas W. Maver é professor doutor e pesquisador da Glasgow School of Art, Escócia, onde também fez seus estudos em arquitetura pela University of Glasgow [LINKEDIN 2009]. Nome: Não Identificado Data de apresentação da proposta metodológica: 1970 Atitude metodológica: Prescritiva Estrutura das etapas: Cíclica Flexibilidade entre as etapas: Temporal Presença, tipo ou ausência de feedback: Com feedbacks predeterminados entre fases Número e nome das fases: (3) (1) Proposta [análise | síntese | avaliação | decisão] (2) Esquematização [análise | síntese | avaliação | decisão] (3) Detalhamento [análise | síntese | avaliação | decisão]. Sobre o processo: Finalmente, na década de setenta, se vê o desenvolvimento de metodologias de design partindo de outras áreas que até então não haviam participado da evolução dos modelos de design, neste caso, a arquitetura, campo de estudo de dos dois autores. Normalmente, em modelos de processos de design, a avaliação segue a análise e síntese. Marcus e Maver pensaram o processo como séries de decisões. Estas decisões formam três camadas: esboço da proposta, esquema de design e design detalhado. Deste modo, é formada uma estrutura de três níveis nos quais cada nível possui quatro passos: análise, síntese, avaliação e decisão. O primeiro nível é responsável por uma proposta pouco trabalhada. Após o processo de decisões que se repete em todos os níveis, se alcança à segunda fase, mais esquemática, para finalmente, no último nível, o detalhamento final [DUBBERLY 2004]. 39 3.2.2 (7) John Chris Jones John Christopher Jones (1927) trabalha hoje unicamente pela internet através de um “blog movel”, chamado “Softopia” (http://www.softopia.demon.co.uk/). É apontado como o primeiro professor de Design na British University e vem escrevendo e lecionando independentemente desde 1974. Nascido em Aberystyth, País de Gales — Reino Unido, estudou engenharia na University of Cambridge [MITCHELL 2009; EN.WIKIPEDIA 2009]. Nome: Design Methods Data de apresentação da proposta metodológica: 1970 Atitude metodológica: Prescritiva Estrutura das etapas: Linear Flexibilidade entre as etapas: Atemporal Presença, tipo ou ausência de feedback: Com feedbacks flexíveis entre fases Número e nome das fases: (3) (1) Divergência [estabelecimento de objetivos | pesquisa bibliográfica | pesquisa de inconsistências visuais | entrevista com usuários | investigação do comportamento do usuário | teste sistemático | seleção de escalas de medidas | armazenamento e redução de informações] (2) Transformação [matriz interativa | rede interativa | (AIDA) Análise de áreas de decisão interconectadas | transformação de sistema | inovação por deslocamento de fronteira/limites | inovação funcional | método de Alexander de determinação de componentes | classificação da informação de design] (3) Convergência [checklists | critérios de seleção | ranqueamento e peso | especificações escritas | índice de confiança/segurança de Quirk]. Sobre o processo: Jones é conhecido como o fundador do movimento em prol dos métodos em design e seu livro, “Design Methods” (1970), é tido como um dos principais livros em metodologia de design. Em sua proposta, pela primeira vez a ergonomia e o usuário foram observados como conteúdo de uma metodologia de design. Como ele mesmo disse, “não é uma maneira diferente de fazer design, é uma maneira de fazer o que os designers não fazem”. Nesta metodologia, que questiona o foco, objetivos e propósitos do design, ele retorna a discussão da ergonomia, que já tinha sido levantada por ele em 1959. 40 Neste processo, a primeira fase, "divergência", se refere aos métodos de pesquisa para estender os limites de conhecimento sobre o produto. Nesta fase o designer terá liberdade de explorar as possibilidades existentes no mercado e os desejos do consumidor. A transição para a segunda fase possui métodos compartilhados pela "divergência", e "transformação" visando à exploração criativa, divertida e inspirada. Nafase de "transformação", além da criatividade também há um estado de crítica e contextualização das idéias no ambiente político e ambiental. Na terceira e última fase, a "convergência", o designer busca a redução das incertezas progressivamente a fim de chegar a uma solução final ótima. As fases definidas por Jones podem ser traduzidas também como: “quebrar o problema em pedaços, reagrupá-los de uma maneira nova e testar para descobrir as conseqüências da aplicação prática do novo arranjo dos pedaços” [JONES 1992]. 41 3.2.3 (8) John Chris Jones John Christopher Jones (1927) trabalha hoje unicamente pela internet através de um “blog movel”, chamado “Softopia” (http://www.softopia.demon.co.uk/). É apontado como o primeiro professor de Design na British University e vem escrevendo e lecionando independentemente desde 1974. Nascido em Aberystyth, País de Gales — Reino Unido, estudou engenharia na University of Cambridge [MITCHELL 2009; EN.WIKIPEDIA 2009]. Nome: Value Analysis Data de apresentação da proposta metodológica: 1970 Atitude metodológica: Prescritiva Estrutura das etapas: Linear Flexibilidade entre as etapas: Atemporal Presença, tipo ou ausência de feedback: Com feedbacks flexíveis entre fases Número e nome das fases: (4) (1) Fase de definição [definição do elemento | definição da função | análise de custo | análise de valor] (2) Fase Criativa [considerar alternativas | combinar elementos | novos conceitos | susbtituição parcial | redução | escolha e classificação preliminares | análise de custo] (3) Seleção e análise [análise técnica | seleção da melhor idéia | análise de custo final] (4) Apresentação. Sobre o processo: Embora datadas da mesma época e do mesmo autor, a proposta do livro Design Methods se difere bastante deste modelo. Jones descreveu Value Analysis como um método de design focado em auxiliar designers e organizações produtoras a aprenderem a reduzir o custo de um produto. Deste modo, esta metodologia de design, ao contrário da sua proposta anterior, Jones foca agora os processos de design, acima de tudo, nos custos do projeto. Jones definiu este processo de maneira que os custos fossem sempre analisados no decorrer das fases. Ao fim de casa fase, e depois de realizada a análise de custo, o resultado da fase é avaliado, podendo ser eliminado ou rejeitado. Na primeira fase se define a idéia existente, na segunda a idéia se modifica e até novas idéias são geradas, na terceira fase a melhor idéia é escolhida através de análises e finalmente, na quarta e última fase, a apresentação detalhada da idéia. No processo 42 não há qualquer menção ao desenvolvimento ou produção do produto em si, apenas uma evolução do trabalho com as idéias e conceitos destes [DUBBERLY 2004]. 43 3.2.4 (9) Siegfried Maser Siegfried Maser (1938) é um filósofo, matemático e físico alemão. Nascido em Stuttgart, cresceu e realizou seus estudos na própria Alemanha. Em 1965 adquiriu seu Ph.D. Lecionou e realizou muita pesquisa e trabalhos na área da estética e arte computacional e comunicação. Lecionou sobre a teoria geral da comunicação no então College of Design, Ulm, bem como sobre design ambiental experimental no College of Fine Arts e teoria do design na University of Wuppertal [DE.WIKIPEDIA 2009]. Nome: Trans-classical Science Data de apresentação da proposta metodológica: 1972 Atitude metodológica: Descritiva Estrutura das etapas: Linear Flexibilidade entre as etapas: Temporal Presença, tipo ou ausência de feedback: Sem feedbacks entre fases Número e nome das fases: (3) (1) Problema (2) Objetivos gerais (3) Definição do problema. Sobre o processo: Neste modelo, percebe-se a união dos pensamentos filosóficos e matemáticos com o estudo da estética, da arte e, finalmente, do design, união esta que colaborou para que fosse gerada uma metodologia bem apoiada na ciência, apesar de seu esquema extremamente abstrato e simples. Maser aplicou os critérios “objetivo”, “progresso”, “princípio”, “caminho”, “consequência” e “crítica”, para determinar quais ciências poderiam servir de base para o estabelecimento de uma teoria do design autônoma. Como tais critérios contêm partes das ciências clássicas, ele concebeu uma teoria do design como uma “ciência trans-clássica” na linha das ciências do planejamento, como por exemplo, a cibernética. Desta maneira, a prática está para a ação assim como a teoria para a argumentação. O papel da teoria então é prover razões para a ação ou questão, e justificá-las ou criticá-las [BÜRDEK 2006]. O procedimento de Maser pode ser formulado da seguinte maneira: 1. Condições existentes (ônticas) inicialmente deveriam ser descritas tão precisamente e compreensivamente quanto permita a linguagem. 2. Deste conhecimento, uma 44 condição alvo deve ser determinada, acompanhada de pelo menos um plano para converter a condição existente na condição alvo. 3. A efetiva modificação da realidade é baseada no plano transmitido [BÜRDEK 2006]. 45 3.2.5 (10) Don Koberg e Jim Bagnall Donald Koberg é arquiteto e professor aposentado da California Polytechnic State University (Cal Poly), em San Luis Obispo, Estados Unidos. James R. Bagnall, também arquiteto, ainda leciona arquitetura na mesma universidade [CAL POLY 2009]. Pesquisadores da área dos processos e análises em design, escreveram juntos, em 1981, um livro popular chamado The All New Universal Traveler: A Soft-Systems Guide To Creativity, Problem-Solving, And The Process Of Reaching Goals, no qual novamente expuseram seu modelo proposto anteriormente [CAL POLY 2009]. Nome: Seven-step process as a cascade with feedback Data de apresentação da proposta metodológica: 1972 Atitude metodológica: Prescritiva Estrutura das etapas: Cíclica Flexibilidade entre as etapas: Atemporal Presença, tipo ou ausência de feedback: Com feedbacks flexíveis entre fases Número e nome das fases: (7) (1) Aceitação do problema (2) Análise (3) Definição do problema (4) Criação (5) Seleção das alternativas (6) Implementação (7) Avaliação. Sobre o processo: Koberg e Bagnall definiram nesse modelo que não haveria necessidade de uma fase seguir outra. Em todas as fases é feita uma avaliação que define o uso ou não de retornos a quaisquer fases. Desde modo, os autores definiram que o processo nunca termina, numa espiral ad infinitum. Durante as sete etapas descritas, se tem a aceitação da situação ou problema como um desafio, a análise como uma descoberta do problema, a definição dos principais requisitos e metas, a idealização ou criação como forma de gerar opções, a seleção entre as opções, a implementação como maneira de dar forma física para a idéia e, finalmente, avaliação ao se rever e planejar tudo novamente [DUBBERLY 2004]. 46 3.2.6 (11) Bernhard E. Bürdek Bernhard Bürdek (1947) é professor no departamento de design de produtos na Escola de Arte e Design de Offenbach am Main, na Alemanha, colaborador permanente da revista Form e autor de inúmeros artigos e publicações. Foi um dos últimos alunos da Ulm Design School e desde 1971 trabalha como designer, autor, consultor e professor. Como professor, já lecionou em diversos países, incluindo o Brasil [BÜRDEK 2006]. É famoso por várias publicações, entre elas, a Einführung in Die Designmethodologie se destaca, em que ele aborda a falta de ferramentas elementares de metodologia em design, atribuindo isso ao modelo de processos de design direcionados à prática. Nesta publicação, ainda incluiu alguns métodose técnicas fáceis de usar, segundo o próprio autor [BÜRDEK 2006]. Nome: Einführung in Die Designmethodologie Data de apresentação da proposta metodológica: 1975 Atitude metodológica: Prescritiva Estrutura das etapas: Linear Flexibilidade entre as etapas: Atemporal Presença, tipo ou ausência de feedback: Com feedbacks flexíveis entre fases Número e nome das fases: (6) (1) Problematização (2) Análise da situação atual (3) Definição do problema (4) Concepção e geração de alternativas (5) Avaliação e escolha (6) Planejamento de desenvolvimento e realização. Sobre o processo: Bürdek (2006) procurou estabelecer regras básicas de métodos para sua metodologia, porém afirma que o repertório metodológico a ser utilizado é dependente da complexidade do problema. A necessidade de saber em que casos se deve aplicar qual repertório deve ser conseguida através de um treinamento em métodos de projeto. Este modelo enfatiza o processo de design como um sistema de processamento de informações. Ele é caracterizado por várias possibilidades de realimentação que ilustram o quão distante fica o processo de projeto do modelo linear [BÜRDEK 2006]. 47 3.2.7 (12) Cal Briggs e Spencer W. Havlick (Não foi achada informação suficiente para Cal Briggs). Spencer W. Havlick é professor doutor do College of Environmental Design, na University of Colorado. Sua área de interesse em pesquisa é a urbanização do meio- ambiente, havendo escrito o livro The Urban Organism: The City's Natural Resources from an Environmental Perspective [HAMMOND et al 1978]. Nome: Scientific problem solving process Data de apresentação da proposta metodológica: 1976 Atitude metodológica: Descritiva Estrutura das etapas: Linear Flexibilidade entre as etapas: Atemporal Presença, tipo ou ausência de feedback: Com feedbacks flexíveis entre fases Número e nome das fases: (8) (1) Estabelecimento do problema (2) Investigação e pesquisa (3) Estabelecimento da importância (4) Definição de objetivos (5) Geração de hipóteses alternativas e seleção da melhor hipótese (6) Desenvolvimento de parâmetros (7) Síntese de parâmetros (8) Avaliação da solução. Sobre o processo: Havlick e Cal Briggs, utilizaram este modelo para ensinar design para graduandos do College of Environmental Design. O nome da escola implica em ligações com a College of Environmental Design, na Berkeley, bem como com a Ulm, e, deste modo, com o crescente movimento das metodologias em design. Ambos compartilharam, nestes primeiros anos, o desejo em estabelecer design como uma ciência [DUBBERLY 2004]. Eles escreveram que o papel do designer de ambientes é solucionar problemas ambientais humanos através da criação e implementação da forma física e, deste modo, o método científico é o processo central. Escreveram ainda que, neste modelo, o método científico foi adaptado das ciências tradicionais para o desenvolvimento de soluções ideais. Briggs e Havlick afirmaram que esta metodologia era uma adaptação do método científico para o desenvolvimento de soluções. Deste modo, se pode ter uma 48 abordagem mais analítica, sistemática e precisa para o desenvolvimento das soluções [DUBBERLY 2004]. 49 3.2.8 (13) Bernd Löbach Bernd Löbach-Hinweiser (1941) é professor aposentado, fundador de dois museus, crítico de Arte e Design e autor. Nascido em Wuppertal, Alemanha, cedo estudou arte e escultura em metais e logo, em 1963, cursou desenho industrial na Art College of Wuppertal. Durante sete anos, ensinou Design em Bielefeld, onde estabeleceu o departamento de Desenho Industrial e posteriormente lecionou em Brunswick, ainda na Alemanha, até sua aposentadoria em 2007 [DE.WIKIPEDIA 2009]. Na década de setenta, Löbach inicia seus estudos relacionados ao movimento ecológico e problemas ambientais, o que culminou, posteriormente, no nascimento da sua environmentally critical art, ou “arte ecologicamente crítica”. Também realiza estudos e leciona sobre a história e teoria do design, trabalhando com seus alunos a fundamentação teórica do ato criativo [DE.WIKIPEDIA 2009]. Nome: Não Identificado Data de apresentação da proposta metodológica: 1976 Atitude metodológica: Descritiva Estrutura das etapas: Linear Flexibilidade entre as etapas: Temporal Presença, tipo ou ausência de feedback: Sem feedbacks entre fases Número e nome das fases: (4) (1) Análise do problema [conhecimento do problema | coleta de informações | análise das informações | definição e clarificação do problema e definição de objetivos] (2) Geração de alternativas [escolha dos métodos de solucionar problemas | produção de idéias | geração de alternativas] (3) Avaliação das alternativas [exame das alternativas | processo de seleção de alternativas | processo de avaliação de alternativas] (4) Realização da solução do problema [realização da solução do problema | nova avaliação da solução | prototipagem | documento com as definições técnicas]. Sobre o processo: Em seu famoso livro, “Design Industrial”, de 1976, ele discorre sobre os fundamentos teóricos do design industrial, abordando os princípios e a natureza da atividade dentro de um contexto sócio-econômico, além de aspectos práticos do 50 processo de design, sendo uma referência dos princípios de design defendidos pela “escola funcionalista” . Löbach definiu o processo de design como um processo criativo e de solução de problemas ao mesmo tempo. Há um problema que pode ser bem definido, são reunidas informações sobre o problema, alternativas de soluções para o problema são geradas e julgadas, e finalmente a alternativa mais adequada é desenvolvida. O trabalho consiste em encontrar uma solução do problema, concretizada em um projeto de produto industrial, incorporando as características que possam satisfazer as necessidades humanas, de forma duradoura [LÖBACH 2001]. 51 3.3 Metodologia de Design na Década de 80 O movimento da metodologia de design na década de oitenta foi de continuação e propagação das mudanças que ocorriam na década de setenta. A oposição ao modelo racional, matemático e determinístico ganhava cada vez mais força, principalmente quando por meio dos pós-modernos, novas tendências de design foram propagadas [BÜRDEK 2006]. Numa década em que o próprio conceito de design não apresentava mais uma definição comum — que, por meio de argumentos pós-modernos, o conceito geral foi promovido e diluído em diversas disciplinas —, os anos oitenta podem ser então definidos como um estado de transição entre correntes da metodologia de projeto, como disse Bürdek (2006), passando esta a ter um caráter mais representativo das ciências humanas, enquanto anteriormente apresentava um caráter das ciências naturais. Após a década de setenta, que apresentou a maior quantidade de metodologias desenvolvidas pesquisadas, nos anos oitenta esse número mostrou redução, apresentando uma quantidade semelhante aos primeiros anos do desenvolvimento de metodologias. As metodologias deste período apresentaram números mais equilibrados quanto aos parâmetros utilizados na classificação em relação à década passada. A atitude metodológica mais presente é de caráter prescritivo, como na década anterior, mas não é possível perceber um tipo mais comum quanto à flexibilidade. A estrutura linear das etapas permanece como modelo vigente. Entretanto, percebe-se uma mudança relevante quanto à presença de feedbacks. Ao contrário do que aconteceu na década de setenta, os feedbacks entre fases eram então determinados pelos autoresou simplesmente não aconteciam, mostrando uma clara redução à alta flexibilidade dos processos no período anterior. 52 3.3.1 (14) Bryan Lawson Bryan Lawson é professor doutor da School of Architecture, na University of Sheffield. Em sua carreira, inicialmente trabalhou como arquiteto e logo retornou para a universidade, onde chefiava o departamento de arquitetura. Hoje, faz pesquisa e ainda leciona disciplinas relacionadas à percepção e processos de design, bem como à linguagem do espaço [UNIVERSITY OF SHEFFIELD 2009]. Tendo como áreas de principal interesse a arquitetura e psicologia, esta última relacionada tanto à psicologia dos lugares criados para homens e por homem como a psicologia dos processos criativos do design, Lawson produziu bastante durante sua vida: é autor de “How Designers Think”, “Language of Space” e “What Designers Know”, e publicou diversos artigos sobre Design, Arquitetura — e o paralelo entre ambos —, Ergonomia, métodos em design, etc [UNIVERSITY OF SHEFFIELD 2009]. Nome: Creative process Data de apresentação da proposta metodológica: 1980 Atitude metodológica: Descritiva Estrutura das etapas: Linear Flexibilidade entre as etapas: Temporal Presença, tipo ou ausência de feedback: Com feedbacks predeterminados entre fases Número e nome das fases: (5) (1) Compreensão do problema (2) Preparação (3) Incubação (4) Iluminação (5) Verificação. Sobre o processo: No modelo proposto por Lawson, de fases com termos genéricos, temos na primeira fase uma formulação do problema, como fase crítica. Este período deve ser o mais longo e perdurar por horas, dias ou semanas, pois, segundo o autor, os problemas de design raramente são iniciados inteiramente claros, se empregando muito esforço para entendê-los completamente. Posteriormente, há um esforço consciente para se chegar a uma idéia que solucione o problema. Na terceira fase, o esforço é inconsciente. Logo após, a idéia deve "emergir" na penúltima fase e 53 finalmente, se alcança o desenvolvimento consciente, quando a idéia é testada e desenvolvida [DUBBERLY 2004]. 54 3.3.2 (15) Bruno Munari Bruno Munari (1907—1998) foi um artista e designer italiano que contribuiu em muitos fundamentos das artes visuais — tais como a pintura, escultura, arquitetura e cinema —, das não visuais — como a literatura, poesia, didática —, e também, no Design Industrial e Gráfico [EN.WIKIPEDIA 2009]. Nascido em Milão, passou muito da sua juventude em Badia Polesine, Itália, e regressou em 1925, quando começou a trabalhar com seu tio engenheiro. Munari seguiu Marinetti e os futuristas, participando de muitas exposições. Ao mesmo tempo em que trabalha como designer gráfico e diretor de arte, ele escrevia livros para crianças. Em 1948, junto a outros nomes, fundou o movimento da “arte concreta”, que apresentava muitas semelhanças com a arte abstrata [EN.WIKIPEDIA 2009]. Nome: Não identificado Data de apresentação da proposta metodológica: 1981 Atitude metodológica: Prescritiva Estrutura das etapas: Linear Flexibilidade entre as etapas: Atemporal Presença, tipo ou ausência de feedback: Sem feedbacks entre fases Número e nome das fases: (10) (1) Definição do Problema [briefing] (2) Componentes do Problema [decomposição do problema em partes] (3) Coleta de dados [pesquisa de similares] (4) Análise dos dados [análise das partes e qualidades funcionais dos similares | compreensão do que não se deve fazer no projeto] (5) Criatividade (6) Materiais e Tecnologia [coleta de dados sobre materiais e tecnologias disponíveis para o projeto em questão] (7) Experimentação [dos materiais e das técnicas para novas aplicações] (8) Modelo [esboços e desenhos | modelos] (9) Verificação [focus group] (10) Desenho de Construção [comunica todas as informações para a construção de um protótipo | construção de um modelo em tamanho natural]. Sobre o processo: Munari defendia uma metodologia para qualquer tipo de Design. Os passos de sua metodologia parecem vigentes ainda hoje, depois de quase trinta anos. Defendia ainda o fundamento teórico que dizia que o processo de design está mais além de uma simples inspiração, mas sim do trabalho cotidiano de um artista científico. 55 O processo parte do principio cartesiano de decomposição dos problemas e análise das partes, o que se assemelha ao modelo proposto por Alexander na década de sessenta, para em um processo criativo reconstruir o produto sintetizando as soluções possíveis, e por fim chegar a uma solução através da experimentação e verificação dos modelos [MUNARI 1998]. 56 3.3.3 (16) Vladimir Hubka Vladimir Hubka (1924—2006) foi professor doutor do Eidgenössische Technische Hochschule (Instituto Federal Tecnológico de Zurique, na Suíça) e é autor de livros no campo do design, como “Principles of Engineering Design”, “Theory of Technical Systems: A Total Concept Theory for Engineering Design” e “Practical Studies in Systematic Design” [ICED’09 2009]. Nome: General Procedural Model of Design Engineering Data de apresentação da proposta metodológica: 1982 Atitude metodológica: Prescritiva Estrutura das etapas: Linear Flexibilidade entre as etapas: Temporal Presença, tipo ou ausência de feedback: Sem feedbacks entre fases Número e nome das fases: (6) (1) Atribuição do problema [pesquisa de mercado | checklists | questionários] (2) Especificação do problema [abstração | caixa preta | procedimentos técnicos] (3) Estabelecimento da estrutura Funcional [caixa morfológica | catálogo de efeitos] (4) Elaboração do conceito [variação de características | análise de valor] (5) Elaboração do layout [análise de valor] (6) Modelo tridimensional. Sobre o processo: Hubka é conhecido como pioneiro dos estudos sobre a Teoria dos Sistemas Técnicos, que vem se desenvolvendo desde a década de sessenta. Tal teoria guiou seus estudos para um modelo científico mais compreensível o qual incluiu uma teoria coordenada do processo de design, a Engineering Design Science, teoria esta da qual surgiu este modelo proposto. A primeira fase deste modelo deve gerar especificações de design e uma lista de requerimentos, com o objetivo de completar a "base" para todas as tarefas. A segunda fase, por sua vez, deve produzir um diagrama da estrutura funcional, uma representação mais abstrada, com o intuito de formalizar o que foi feito na fase anterior. Na fase seguinte, uma estrutura ainda abstrata, mas que satisfaça as necessidades do projeto, que devem ser alcançadas. Na quarta fase, o foco é se chegar a uma descrição dimensional. Na penúltima fase, a completa descrição de praticamente todas as características deve existir e, finalmente, a completa 57 descrição de todas as características bem como detalhamento técnico e visual é alcançada na última fase, quando o projeto pode ser elaborado [EVBUOMWAN 1995 apud CREDIDIO 2007; WTEC 2009]. 58 3.3.4 (17) Gui Bonsiepe Gui Bonsiepe (1934) é formado em design pela Hochschule für Gestaltung (Escola Superior da Configuração), de Ulm, onde foi professor entre 1960 e 1968. Nascido em Gluecksburg, Alemanha, estudou Design e Arquitetura na Bavarian Academy of Fine Arts e também na Technical University of Munich, é considerado por muitos como um dos maiores teóricos do Design da atualidade e nome para o reconhecimento e melhora da profissão na América do Sul e Brasil, onde também foi professor na Escola Superior de Desenho Industrial (ESDI) [DE.WIKIPEDIA 2009; FUKUSHIMA 2009]. O
Compartilhar