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2. PROCESSO E DIREITO PROCESSUAL
 
 
“Modernamente, pode-se afirmar que “o Direito e o Estado se consolidam juntos”, conforme Aloízio Gonzaga de Andrade Araújo: 
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Instrumentalidade do processo
Processo e Procedimento (coisas diferentes)
Processo e procedimento não se confundem jamais, em que pese a íntima relação que se instaura entre os dois institutos jurídicos.
Processo seria a relação jurídica que envolve o autor, réu e juiz, formando a relação jurídico-processual.
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Procedimento diversamente, para que as partes obtenham a tutela jurisdicional, é necessário que percorram um “caminho” processual previamente fixado por lei (interprocedimental), de acordo com o princípio do due process of law. 
Processo é o instrumento para se chegar à resolução da lide, e o procedimento é o meio pelo qual se chega até ela.
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Processo e autos processuais
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Os autos do processo são as peças processuais de naturezas diversas que materializam os diversos atos processuais e os respectivos documentos. 
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Processo Digital: Mesmo que o processo seja digital, continua a haver autos processuais, só que em forma digital.
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DEFINIÇÕES DE PROCESSO
Processo: soma de atividades que serão necessárias para se chegar a um provimento final, com todos os poderes, faculdades, deveres, ônus, penalidades e sujeições que essa atividades demandará. (Ada Pellegrini).
Processo: Procedimento em contraditório: (Fazzalari).
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Princípios Gerais de Direito Processual
Esses princípios são normativos, e não informativos, ou seja, eles determinam uma conduta a ser seguida pelas partes (autor e réu) e pelos juízes.
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3.1 Princípio da Imparcialidade do Juiz
 
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O juiz é quem preside a audiência e o destinatário da prova, devendo esclarecer o que entender pertinente para a elucidação dos fatos e para firmar sua convicção. O fato das perguntas terem sido realizadas diretamente pelo juiz não invalida a prova, pois o Poder Judiciário busca o esclarecimento do caso e a verdade.
Portanto, inexiste violação ao princípio da imparcialidade e ao artigo 212 do Código de Processo Penal.
Nesse sentido é o entendimento do 4º Grupo Criminal deste Tribunal.
(Apelação Crime Nº 70062613377, Sétima Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Jucelana Lurdes Pereira dos Santos, Julgado em 17/12/2014)
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Princípio da Igualdade
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	Ex1: Assim, quando não há provas que garantam a condenação, o mesmo deve ser absolvido por insuficiência de provas. Ou seja, quando o interesse do acusado prevaleceu sobre a acusação. Foi um mecanismo de direito processual, e não de direito material.
 Ementa: APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME CONTRA O PATRIMÔNIO. FURTO QUALIFICADO PELO ROMPIMENTO DE OBSTÁCULO E CONCURSO DE PESSOAS. PRELIMINARES. AUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO DA DEFESA E DO RÉU ACERCA DA EXPEDIÇÃO DE CARTA PRECATÓRIA. NULIDADE DE CITAÇÃO. NULIDADE DA DECISÃO QUE SUSPENDEU O TRANSCURSO DO PRAZO PRESCRICIONAL. REJEIÇÃO. MÉRITO. PLEITO ABSOLUTÓRIO POR INSUFICIÊNCIA DE PROVAS. ACOLHIMENTO. RECONHECIMENTO DO PRINCÍPIO DOIN DUBIO PRO REO. REFORMA DA SENTENÇA. ABSOLVIÇÃO DECRETADA. (...) Caso dos autos em que inexistem testemunhas presenciais da subtração, havendo apenas indícios de que o acusado, na companhia de outros indivíduos, tenha participado da empreitada delitiva, o que não restou confirmado na fase judicial. Contexto probatório que autoriza aplicação do princípio do in dubio pro reo. Apelação provida. (Apelação Crime Nº 70062575790, Sétima Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: José Antônio Daltoe Cezar, Julgado em 26/02/2015)
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Ex2: Quando o consumidor não consegue provar a sua pretensão em razão de provas que estariam com a Empresa/Ré, ou mesmo que esta deveria guardar em seu poder (p.e. ações de caderneta de poupança), o juiz aplica a inversão do ônus da prova. É um mecanismo de direito processual. 
 
Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. DECISÃO MONOCRÁTICA. SEGUROS. AÇÃO DE COBRANÇA. SEGURO DE VIDA. NEGATIVA DE COBERTURA SECURITÁRIA. ALEGAÇÃO DE DOENÇA PREEXISTENTE E MÁ-FÉ DO SEGURADO NÃO COMPROVADAS. OMISSÃO INTENCIONAL. INOCORRÊNCIA. INDENIZAÇÃO DEVIDA. Trata-se de ação de cobrança de indenização securitária decorrente de contrato de seguro de vida celebrado pelo genitor da autora, julgada improcedente na origem. (...) Tendo em vista que a seguradora aceitou as informações prestadas pelo segurado na proposta, sem contestá-las, firmando o contrato e recebendo os respectivos prêmios, por quase três anos (contratação em 20.11.1997 - óbito em 08.10.2000), mostra-se desarrazoada a negativa de pagamento da indenização securitária, mormente porque a mesma assumiu os riscos da contratação, até pela natureza do pacto. A interpretação do contrato de seguro, típico contrato de adesão, deve pautar-se pelo "in dubio promisero", ou seja, sempre a favor do consumidor, conforme os artigos 6º, incisos IV e VIII, e 47, ambos do CDC. Assim, não comprovado o dolo ou a má-fé do segurado, deve ser provido o apelo da beneficiária, com a condenação da demandada ao pagamento da cobertura securitária, relativamente ao contrato de seguro cuja apólice recebeu o número MONOCRATICAMENTE. (Apelação Cível Nº 70047022736, Sexta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Niwton Carpes da Silva, Julgado em 07/04/2014) 
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Ex3: Quando o trabalhador não consegue comprovar sua hora-extra em razão de inexistência de cartões de ponto, que deveriam existir, o juiz aplica o a inversão do ônus da prova.
 
Acrescenta-se, finalmente, que se alguma ainda restar quanto ao ponto, cabe a aplicação do princípio in dubio pro misero a autorizar o entendimento sufragado pelo Tribunal de origem. (Recurso Especial nº 1.111.686 ? RN (2009/0041464-3, publicado no DJ em 25/06/2010, grifo nosso)
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Esses exemplos são variações do Princípio da igualdade que chegam a assumir contorno próprios e específicos, ou sejam, são gerados outros princípios, respectivamente: in dubio pro réu, in dubio pro consumidor e in dubio pro misero.
 
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Da mesma forma o Estatuto do Idoso dá prioridade aos processos judiciais e administrativos em que configurem pessoas com idade igual ou superior a 65 anos.
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Princípios do contraditório e da ampla defesa
Esses princípios garantem a possibilidade de as partes se manifestarem igualmente em um processo, tendo ciência dos atos praticados pelo adverso e pelo Juiz (inciso LV, art. 5º, da CR/88).
 
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A ampla defesa pressupõe a produção de todas as formas admitidas em Direito.
Ementa: AGRAVO EM EXECUÇÃO. FALTA GRAVE. AUSÊNCIA DE DEFESA TÉCNICA NO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR, PAD. NULIDADE RECONHECIDA DE OFÍCIO. DESNECESSIDADE DE INSTAURAÇÃO DE PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR, PAD, PARA RECONHECIMENTO DE FALTA GRAVE. INDEPENDÊNCIA DAS ESFERAS ADMINISTRATIVA E JUDICIAL. PRINCÍPIO DA INAFASTABILIDADE DA APRECIAÇÃO JURISDICIONAL. Verificada a falta de defesa técnica, no PAD, para aferição de falta disciplinar do apenado, impõe-se a declaração de nulidade do aludido procedimento, porquanto desrespeitado o princípio da ampladefesa e do contraditório. Assegurados a ampla defesa e o contraditório ao agravante, nos termos do § 2º, do artigo 118, da LEP, com suas declarações prestadas em juízo, sob o amparo de defesa técnica, desimporta a declaração de nulidade do PAD, tendo em vista a independência das esferas administrativa e judicial. (Agravo Nº Tribunal de Justiça do RS, Relator: Isabel de Borba Lucas, Julgado em 25/02/2015)
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Princípio da ação
A jurisdição é inerte, sendo que a “ação” é um direito e um poder das partes em ativar os órgãos jurisdicionais, que exigem um provocação. Este é o princípio da ação.
 
A sentença extra petita poderá ocorrer em três casos distintos: quando o juiz conceder algo diverso do pedido formulado na inicial; quando o magistrado se utilizar de fundamento de causa de
pedir não ventilada pelas partes; ou quando a sentença atingir terceiro estranho à relação jurídica processual instaurada, deixando de decidir em relação a quem dela participou.
Ocorre o julgamento ultra petita quando o magistrado concede a tutela jurisdicional correta, entregando o bem da vida perseguido pelo autor, sobrepujando, contudo, a sua quantidade.
Por outro lado, a sentença citra petita – ou infra petita – é aquela que não decide todos os pedidos realizados pelo autor, que deixa analisar causa de pedir ou alegação de defesa do demandado ou que não julga a demanda em relação a todos os sujeitos processuais que dela fazem parte. Em brilhante definição, Didier Jr. (2010, p. 319) ensina que “se na decisão ultra petita o juiz exagera e, na extra petita, ele inventa, na decisão citra petita o magistrado se esquece de analisar algo que tenha sido pretendido pela parte ou tenha sido trazido como fundamento do seu pedido ou da sua defesa”
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Princípio da Disponibilidade e Indisponibilidade
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Princípio dispositivo e princípio da livre investigação das provas – verdade formal e verdade real.
Quod non est in actis non est in mundo (O que não está no processo não está no mundo). 
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Princípio da oralidade
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Princípio da persuasão racional do juiz
A convicção do juiz é formada livremente, após a apreciação das provas constantes nos autos.
 
Antecederam este princípio:
O sistema da prova legal: as provas eram tarifadas, ou seja, tinham um valor pré-fixado;
Julgamento secundum conscientiam (segundo a consciência do Julgador): o julgador encontrava a verdade após uma invocação a Deus, independentemente das provas auferidas. O recurso ao Tribunal poderia ser utilizado somente em relação às provas.
 
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Foi muito utilizado pelo Tribunal da Santa Inquisição. 
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Princípio da motivação das decisões judiciais: A decisão deve ser motivada, sob pena de nulidade. Além de controle da imparcialidade, isso possibilita o recurso das decisões.
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Princípio da publicidade
 
As exceções a este princípio, ou melhor sua restrição, ocorre quando a própria natureza do caso o determinar (divórcios, interesses de incapaz, ações de curatela, ações criminais, etc.), sendo os autos restritos às partes e aos seus procuradores.
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Princípio da lealdade processual
Se as partes ou demais atores do processo não atuam com a devida e esperada lealdade processual, o processo adquire outros contornos: ilícito processual, com responsabilidade civil, administrativa (OAB) e criminal (799 e 801 do CP).
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Princípio da economia processual e da instrumentalidade das formas
Máximo de resultados processuais com o mínimo de emprego de meios processuais.
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Princípio do duplo grau de jurisdição
Possibilidade de Revisão por via de recursos das causas já julgadas pelo Juiz de Primeiro Grau ou a quo: busca pela jurisdição justa; revisão por julgadores mais experientes e controle dos atos do Estado-Juiz.
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