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Codigo Penal Comentado v1 Da aplicação da Lei Penal

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Código Penal Comentado 
Da aplicação da Lei Penal 
CRÉDITO: LENOAR B. MEDEIROS HTTP://PENALEMRESUMO.BLOGSPOT.COM.BR/ MONTAGEM: ANA RÍFFEL 
 1 
 
Da aplicação da Lei Penal 
Art. 1.º - Anterioridade da Lei 
Art. 2.º - Lei penal no tempo 
Art. 3.º - Lei excepcional ou temporária 
Art. 4.º - Tempo do crime 
Art. 5.º - Territorialidade 
Art. 6.º - Lugar do crime 
Art. 7.º - Extraterritorialidade 
Art. 8.º - Pena cumprida no estrangeiro 
Art. 9.º - Eficácia da sentença estrangeira 
Art. 10.º - Contagem de prazo 
Art. 11 - Frações não computáveis na pena 
Art. 12 - Legislação especial 
Código Penal Comentado 
Da aplicação da Lei Penal 
CRÉDITO: LENOAR B. MEDEIROS HTTP://PENALEMRESUMO.BLOGSPOT.COM.BR/ MONTAGEM: ANA RÍFFEL 
 2 
Art. 1º - Anterioridade da Lei 
 
 
 
 
 
O teor da norma contida no artigo 1.º do Código Penal desdobra-se em dois enunciados tidos como 
garantias fundamentais no direito penal: a) o princípio da legalidade (reserva legal) e b) o da anterioridade da 
lei penal. 
 
 
a) princípio da legalidade (reserva legal): Além de previsto no Código Penal, o princípio da 
legalidade foi também recepcionado na Constituição Federal, sendo nela destacado em seu art. 5.º, inc. XXXIX, 
arrolado entre as garantia fundamentais da Carta Magna. Ele significa, em síntese, que somente a lei em sentido 
estrito pode descrever crimes e cominar penas. 
 
Por consequência, a reserva exclusiva da lei na disciplina da norma penal impede que os demais textos 
legais (Decretos, Medidas Provisórias, etc) sejam manejados para descrição de crimes e fixação de penas, assim 
como para a regulação dos institutos contidos na Parte Geral do Código Penal. 
 
Nesse aspecto, aliás, há tempos a doutrina destaca, de forma uníssona, que a Medida Provisória não 
pode versar sobre matéria de direito penal. 
 
Não obstante, tal entendimento restou incorporado à norma constitucional que, com a edição da EC 
n.º32 de 2001, contém agora a expressa proibição de se editar MP disciplinando direito penal, processual penal 
e processual civil (art. 62, §1.º, inc. I, "b", da CF - acrescido pela Emenda Constitucional n.º 32 de 2001). 
 
Efetivamente, se antes havia alguma controvérsia sobre a possibilidade de se editar MP em sede de 
direito penal, ela restou superada com a referida emenda à Carta Magna. 
 
Exemplo: A Medida Provisória n.º 1571-7/97, da qual se concluiu a existência de uma hipótese de 
extinção da punibilidade nos delitos de apropriação indébita de contribuições previdenciárias, pelo 
parcelamento na dívida após o recebimento da denúncia. O assunto foi enfrentado no REsp n.º253.147, MC 
1190 - STJ, sendo rejeitada a tese de que a aludida MP poderia tratar de matéria penal, ainda que mais benéfica 
ao autor do fato. 
 
De modo absoluto, então, agora se pode afirmar que somente através de lei, constituída a partir de 
regular processo legislativo na Câmara dos Deputados, Senado Federal e Presidência da República (art. 61 de 
seguintes da CF), admite-se a descrição de uma conduta como criminosa, fixação da respectiva pena ou mesmo 
inovação na disciplina dos institutos da Parte Geral do Código Penal. 
 
Outro aspecto relevante sobre o princípio da legalidade é a exigência de que a lei deve ser taxativa na 
descrição do delito, contendo condutas certas. A taxatividade da norma repugna o tipo delineado de forma vaga 
e indeterminada. A cominação da sanção, do mesmo modo, também não pode ser vaga, indefinida, sem 
definição de limites mínimos e máximos de pena. 
 
b) princípio da anterioridade da lei penal: Por tal princípio, a norma penal (diga-se, a mais severa) 
só se aplica aos fatos praticados após sua vigência. Novamente neste ponto a Constituição Federal recepcionou 
tal garantia penal, pois prevista no inc. XL do seu art. 5.º. 
 
Diz-se de tal princípio que ele implica também na irretroatividade da lei penal, já que ela não alcançará 
os fatos praticados antes de sua vigência, ainda que venham a ser futuramente tidos como crime. 
 
No entanto, surge situação interessante quando a lei penal mais severa entra em vigor no momento em 
que esta sendo praticado o crime continuado (art. 71 do Código Penal). Aquele que, por uma questão de política 
criminal, o legislador entendeu pela punição de apenas um dos delitos contidos na cadeia delitiva, majorando, 
contudo, a sanção dele, diante da pluralidade de fatos. 
 
Nesse aspecto, dois entendimentos são possíveis, pois já verificados nos tribunais: 
Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. 
Código Penal Comentado 
Da aplicação da Lei Penal 
CRÉDITO: LENOAR B. MEDEIROS HTTP://PENALEMRESUMO.BLOGSPOT.COM.BR/ MONTAGEM: ANA RÍFFEL 
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1º) A lei penal mais severa não alcança os fatos praticados antes de sua vigência. Logo, agravando-se o 
rigor da norma no curso da continuidade delitiva, os fatos anteriores à nova lei não seriam alcançados por ela. 
Então, ao menos o aumento da pena ocorreria com base nas sanções mais brandas, mais antigas (no exemplo da 
prática de dois delitos sob lei antiga e um sob lei nova - STJ - RHC - 3910/PA, HC 93751/SP). 
 
2º) O art. 71 do CP encerra uma ficção jurídica da qual se entende a prática de apenas um delito. Tendo 
o autor do fato praticado a conduta quando em vigor a lei mais severa, toda a continuidade delitiva submete-se 
a esta, quando for mais recente. Tal entendimento não viola o princípio da irretroatividade da lei penal mais 
severa, pois se entende que o delito foi praticado quando em vigor a nova norma (STF - HC - 81544/RS, HC 
76382/MG, HC 76978/RS). Compreendo correta esta, que deve prevalecer. 
 
Acrescentando, a partir dos comentários postados, a segunda posição restou efetivamente sumulada: 
 
Súmula 711 do STF: A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se 
sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência. 
 
 
Art. 2.º - Lei penal no tempo 
 
 
 
 
 
 
O caput do art. 2.º do Código Penal faz referência aos efeitos retroativos da abolitio criminis, "...fato que a 
lei posterior deixa de considerar crime". 
 
O parágrafo único trata da retroatividade da norma penal mais branda, "...que de qualquer modo 
favorecer o agente". 
 
Nas duas hipóteses a norma penal se apresenta mais benéfica ao autor do fato e, por isso, terá efeitos 
retroativos, atingindo fatos praticados antes de sua vigência. 
 
Por ter dado tratamento mais brando ao fato, ou por não mais considerá-lo crime, a norma retroagirá 
para beneficiar o autor. 
 
Também nessa situação, diante do princípio da reserva legal (só a lei em sentido estrito pode tratar de 
matéria penal), não se admite a via da Medida Provisória para tornar mais amena a sanção ou abolir o crime. 
Assim, o réu não pode ser beneficiado com a edição de MP que deixe de considerar criminosa determinada 
conduta, ainda que tal diploma legal o beneficie. 
 
publicada lei mais benéfica, e sendo ela revogada antes de entrar em vigor, não se cogita a hipótese de 
incidência de efeitos retroativos à norma, mesmo que já publicada, pois, se ainda não entrou em vigor, não 
produziu efeitos no mundo jurídico. 
 
A lei penal inconstitucional mais benéfica - compreende-se, nesta situação, que o vício de 
inconstitucionalidade não pode prejudicar o réu (STJ - RHC 3.337-1 - no caso, o DL - 2.457/88 registrava a 
extinção da punibilidade quando do pagamento de tributo de importação diante da entrada ilegal de veículo no 
país. Contudo, a constituição anterior já previa reserva exclusiva da lei em matéria penal. A extinção da 
punibilidade não poderia estar prevista em Decreto-Lei, ainda assim, compreendeu-se que tal circunstância não 
poderia vir em prejuízo ao réu). 
 
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fatoque lei posterior deixa de considerar crime, cessando em 
virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. 
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos 
anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado. 
 
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Normas mistas (com elementos de direito material e processual) - as disposições de direito 
material, mais favoráveis, devem ser retroativas, quando dissociáveis das de direito processual. Sendo elas 
indissociáveis, se a disciplina das matérias (processual/material) não admitir tratamento distinto, não se pode 
cogitar a retroatividade da norma mais benéfica. A exemplo: a hipótese do art. 366 do Código de Processo Penal 
foi interpretada como indissociável. Noutros termos, entendeu-se irretroativas tanto a suspensão do feito 
quanto a suspensão dos prazos prescricionais nos processos em curso mas iniciados antes da reforma do artigo 
366 do CPP, em face do réu revél citado por edital (STF - HC 74.695-SP). 
 
 
Art. 3º - Lei excepcional ou temporária 
 
 
 
O art. 3.º do CP descreve uma espécie de norma penal que, por se voltar apenas à tutela temporária de 
determinado bem jurídico, mantém puníveis os fatos praticados em situações sociais ou econômicas 
temporárias ou de exceção, mesmo após cessadas as causas que as determinaram. 
 
 Ao atribuir tal eficácia à lei excepcional, o legislador reserva ao Estado o direito de punir fatos que, já se 
sabe de antemão, deixarão de ser considerado crime, quando cessadas as circunstâncias excepcionais ou 
temporárias que determinaram a incidência da norma. Os exemplos correntes na doutrina são os crimes 
militares praticados em período de guerra (arts. 355 a 408 do CPM). Cessado o conflito, os delitos cometidos 
durante ele ainda serão puníveis, mesmo que fatos idênticos, ocorridos posteriormente não mais sejam 
entendidos como tais. 
 
 Pretende-se evitar aqui a expectativa de que o autor do fato será contemplado por eventual abolitio 
criminis, quando cessar a situação que determinou a vigência da lei. 
 Situação peculiar ocorre quando sob análise as normas penais em branco (elas podem ser homogêneas 
ou heterogêneas, caso advenham ou não da mesma fonte legislativa), entendidas como tais aquelas que pedem 
uma complementação em seu conteúdo para que possam incidir sobre determinada conduta: 
 
 a) Se a variação da norma complementadora ocorrer por motivo excepcional ou temporário, é de se 
aplicar a regra do art. 3.º do Código Penal. 
Exemplos: 
 
- art. 334 do Código Penal - Tornando-se permitida a importação ou a exportação de determinada 
mercadoria, cuja entrada ou saída era proibida no território nacional, mantém-se a ultratividade da lei e a 
punibilidade do agente que praticou o crime quando a norma estava em vigor, tendo em vista as circunstâncias 
políticas ou econômicas sociais que determinaram tal vedação (STF - HC 73.168 - SP - Trata-se de julgamento 
de Habeas Corpus contra decisão do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, entendendo que a 
superveniência de portaria administrativa, admitindo a importação de determinada motocicleta, não afasta a 
incidência do art. 3.º do Código Penal. Quanto a este delito, portando, a portaria administrativa que 
complementa a norma não tem efeitos retroativos, ainda que menos severa); 
 
- Crimes contra a economia popular - Tabelas de preços editadas pelo governo para controlar a 
economia interna. Praticando o comerciante o preço superior ao previsto na tabela oficial, os fatos promovidos 
na vigência desta permanecerão puníveis, mesmo que sobrevenha posteriormente outra tabela mais branda, da 
qual se verifique a adequação daqueles preços praticados na vigência da norma mais antiga (mais severa). 
 
 b) Se a variação da norma complementadora não ocorrer por algum motivo excepcional ou temporário 
não se aplica a regra do art. 3.º do Código Penal, tendo, então, efeitos retroativos quando for mais benéfica. 
Exemplo: 
Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as 
circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência. 
 
 
Código Penal Comentado 
Da aplicação da Lei Penal 
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 Lei de tóxicos - deixando de ser proibido tráfico de determinada substância, a conduta quanto a esta não 
é mais punível, pois se compreendeu que tal substância nunca foi nociva a ponto de determinar a incidência da 
norma penal. 
 
 
 
Art. 4º - Tempo do crime 
 
 
 
 
 
 
A lei em si já sintetiza a teoria adotada pelo Código Penal, que é a da atividade. A doutrina também 
destaca a existência da teoria do resultado e a mista (nas quais se considera praticado o crime no momento do 
resultado ou no momento da ação e do resultado, simultaneamente). No entanto, no Brasil, considera-se 
praticado o crime no momento em que o autor do fato praticou a conduta, sendo irrelevante o momento em que 
se deu o resultado. 
 
Exemplo: 
- Vítima atingida por disparo de arma de fogo vem a falecer dois dias após o fato, considera-se praticado o 
crime no momento em que a vítima foi atingida e não no momento em que faleceu. 
 
 
Art. 5º - Territorialidade 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Como regra geral, como expressão da soberania, no Brasil se adota o princípio da territorialidade. 
 
 Independentemente da nacionalidade do autor e da vítima do delito, aplica-se a lei brasileira ao crime 
praticado no território nacional. A exceção, entretanto, está prevista no próprio caput do art. 5.º (convenções, 
tratados e regras de direito internacional podem prever exceções à territorialidade), o que se considera como 
uma territorialidade temperada. 
 Como exemplo de exceção ao princípio da territorialidade da lei brasileira, tem-se as imunidades diplomáticas. 
 Para efeitos penais, o §1.º do art. 5.º do CP estabelece como extensão do território nacional as embarcações ou 
aeronaves brasileiras nas seguintes condições: 
a) as de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro consideram-se parte do território nacional 
onde quer que se encontrem; 
b) as mercantes ou de propriedade privada consideram-se parte do território nacional desde que estejam 
no alto-mar ou no espaço aéreo correspondente ao alto-mar. 
Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o 
momento do resultado. 
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito 
internacional, ao crime cometido no território nacional. 
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e 
aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se 
encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade 
privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. 
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou 
embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território 
nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil. 
 
Código Penal Comentado 
Da aplicação da Lei Penal 
CRÉDITO: LENOAR B. MEDEIROS HTTP://PENALEMRESUMO.BLOGSPOT.COM.BR/ MONTAGEM: ANA RÍFFEL 
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 É o que se chama de lei da bandeira (ou do pavilhão), resume ela que a nacionalidade sustentada pela 
embarcação ou aeronave define a incidência da lei brasileira. 
 O marterritorial compreende a faixa de 12 milhas náuticas medidas a partir da linha de baixa-mar do litoral 
continental e insular brasileiro. Para as aeronaves se compreende como espaço aéreo nacional a coluna 
atmosférica, até o limite do mar territorial. 
 O §2.º estabelece que: 
a) As aeronaves estrangeiras de natureza privada em pouso no território nacional ou em vôo no espaço 
aéreo correspondente ao território nacional (dentro da coluna atmosférica correspondente ao território) 
submetem-se à lei brasileira; 
b) As embarcações estrangeiras de natureza privada submetem-se à lei brasileira quando em porto ou em 
mar territorial do Brasil. 
 
 
Art. 6º - Lugar do Crime 
 
 
 
 
 
Quanto ao local do crime o Código Penal considera a teoria da ubiquidade. 
 
O local do crime é tanto o da ação criminosa como o do seu resultado. 
 
Obs: O Código de Processo Penal estabelece regra diversa acerca da competência territorial para processar e 
julgar o crime (art. 70, caput, do CPP). 
 
 
Art. 7º - Extraterritorialidade 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em 
parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. 
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: 
I - os crimes: 
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; 
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de 
Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída 
pelo Poder Público; 
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; 
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; 
II - os crimes: 
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; 
b) praticados por brasileiro; 
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, 
quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. 
§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou 
condenado no estrangeiro. 
 
Código Penal Comentado 
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Este dispositivo descreve situações em que a lei brasileira se aplica a fatos que não foram praticados dentro do 
território nacional, mas que ainda assim o Brasil se reserva o direito de julgá-los. 
 As hipóteses arroladas no inciso I do art. 7.º do Código Penal elencam situações em que se aplica a lei 
brasileira, ainda que tribunal estrangeiro já tenha conhecido o fato e condenado, ou absolvido, o seu autor 
(conforme §1.º do art. 7. do CP). Considera-se aqui a extraerritorialidade incondicionada. 
 As hipóteses arroladas no inciso II do art. 7.º do Código Penal contêm situações em que o Brasil também 
pune fatos praticados fora do território nacional. Contudo, a incidência da norma penal brasileira e a ação penal 
em tribunal pátrio impõem a implementação das condições previstas no §2.º do art. 7.º do Código Penal. 
 
É o que doutrina chama de extraterritorialidade condicionada. 
 
 
Art. 8º - Pena cumprida no estrangeiro 
 
 
 
 
 
 Há situações em que os crimes cometidos fora do Brasil, ainda que já julgados no estrangeiro, serão novamente 
processados no Poder Judiciário brasileiro. Essa é a regra da extraterritorialidade, das hipóteses do art. 7.º do 
Código Penal, acima descrito. 
 Nestes casos, quando houver nova condenação, agora pela lei brasileira, a pena cumprida no estrangeiro 
abaterá a pena que for imposta no Brasil, na forma deste artigo. 
 
 Noutros termos - Admitindo-se que o réu seja condenado no Brasil por crime ao qual já foi processado no 
exterior (nas hipóteses de extraterritorialidade do art. 7.º do CP), a pena cumprida no estrangeiro detrairá a 
pena imposta no Brasil: 
 Se forem idênticas as penas - a pena cumprida no estrangeiro será abatida na que restar fixada no Brasil (ex. 
duas privativas de liberdade). 
 Se elas forem diversas - aquela cumprida no estrangeiro deve atenuar a pena imposta no Brasil, a critério a 
ser adotado pelo juiz (ex. uma pena restritiva de direitos e outra privativa de liberdade). 
 
 
 
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes 
condições: 
a) entrar o agente no território nacional; 
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; 
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; 
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; 
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a 
punibilidade, segundo a lei mais favorável. 
 
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora 
do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: 
a) não foi pedida ou foi negada a extradição; 
b) houve requisição do Ministro da Justiça. 
 
 Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, 
quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas. 
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Art. 9º - Eficácia da sentença estrangeira 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Em determinadas hipóteses, o Brasil reconhece em seu território os efeitos da sentença proferida por outra 
nação. 
Alguns desses efeitos são incondicionais, já que não dependem de qualquer provimento judicial para que se 
tornem efetivos. 
 
Como exemplo tem-se: 
- A reincidência (art. 63 do Código Penal); 
- Detração em relação ao tempo de prisão em país estrangeiro (art. 42 do Código Penal). 
 
Outros efeitos, os constantes no dispositivo em análise, só serão reconhecidos no território nacional quando a 
sentença condenatória estrangeira for homologada pelo Superior Tribunal de Justiça, conforme art. 105, inciso 
I, alínea "i" da Constituição Federal (antes da Emenda Constitucional n.º45/2004 a competência para 
apreciação de pedidos de homologação de sentença estrangeira era da Corte Suprema - o Supremo Tribunal 
Federal - STF, após, restou atribuída ao Superior Tribunal de Justiça - STJ). 
 
O objetivo da homologação da sentença deve voltar-se à pretensão de se obrigar o condenado à reparação dos 
danos civis, restituições e outros efeitos civis, ou, ainda, quando se pretende sujeitar o condenado à imposição 
de medida de segurança. 
 
Vale destacar que, para ser homologada pelo STJ, a sentença penal estrangeira deve produzir em seu país de 
origem a mesma eficácia que se pretende obter aqui (reparação de danos civis, restituições ou outros efeitos 
civil ou ainda a imposição de medida de segurança). 
 
Se não houver essa simetria de eficácias, a homologação pela corte não será possível e as pretensões civis ou de 
imposição de medida de segurança, em face do condenado, não serão passíveis de cumprimento no Brasil. 
 
Por fim, a rigor do parágrafo único do art. 9.º do Código Penal, a homologação postulada com base no inciso I 
(reparação de danos civis, restituições, etc) depende de requerimento da parte interessada, sendo que a 
formulada sob o fundamento do inciso II (imposição de medida de segurança) impõe a existência de tratado de 
extradição entre o Brasil e o país de origem da sentença ou requisição do Ministro da Justiça. 
 
 
Art. 10 - Contagem de Prazo 
 
 
 
 
 
 
A contagem de prazos para os institutos de direito material penal (prescrição, decadência, sursis, livramento 
condicional) ocorre de forma diversa do modo como se contam os prazos do direito processualpenal 
Art. 9º - A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na espécie as mesmas 
conseqüências, pode ser homologada no Brasil para: 
I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos civis; 
II - sujeitá-lo a medida de segurança. 
Parágrafo único - A homologação depende: 
a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte interessada; 
b) para os outros efeitos, da existência de tratado de extradição com o país de cuja autoridade 
judiciária emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de requisição do Ministro da Justiça. 
 
 Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo 
calendário comum. 
 
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Da aplicação da Lei Penal 
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(prazo para a conclusão do inquérito policial, para oferecimento da denúncia pelo Ministério Público, para a 
conclusão da ação penal, para interposição de recursos, etc). 
 
Os prazos de direito penal começam sua contagem no mesmo dia em que os fatos ocorreram, 
independentemente de tratarem-se de dia útil ou feriado, encerrando-se também desse modo. Não se considera 
se são dias úteis ou não. 
 
Ex: A prescrição do direito de promover a ação penal contra o autor do fato começa a contar no dia em que 
ocorreu o delito (na esfera penal a prescrição é considerada como garantia de direito material do autor). Assim, 
segue a contagem de prazos prevista no Código Penal. 
 
 A contagem dos prazos de direito processual se inicia no primeiro dia útil seguinte ao seu marco inicial e, 
caso se encerre em feriados ou finais de semana, têm o final de sua contagem prorrogado para o primeiro dia 
útil subsequente. 
Por aquele, de fato, a contagem de anos e meses deve considerar o primeiro dia da contagem e excluir o 
último, já que este é o método que usamos para contar os prazos de anos e meses no calendário. 
 
Um exemplo: o prazo de um ano, que se inicia no dia 15 de janeiro de 2013, terminará dia 14 de janeiro 
de 2014. 
 
Portanto, é correto afirmar que na contagem dos prazos do Direito Penal se devem considerar o 
primeiro dia e ignorar o último. 
 
 
Art. 11 - Frações não computáveis na pena 
 
 
 
 
 
 
 As horas, os minutos e os segundos (frações de dias) não são considerados para efeito de contagem da pena. 
 
 Para efeito de contagem de prazos, as frações de dias são irrelevantes. Considera-se apenas os dias de 
contagem da pena, pouco importando o momento do dia que iniciou ou terminou (horas, minutos etc.). 
 
 Nas penas de multa, as frações de Reais (R$), seus centavos, também não são considerados. 
 
 
Art. 12 - Legislação Especial 
 
 
 
 
 O Código Penal, no Brasil, não é o único diploma legal que disciplina condutas delituosas. Outras leis (tidas 
como legislação esparsa - legislação especial) podem descrever crimes e cominar as respectivas penas. 
 
 O que o presente dispositivo propõe é aplicação subsidiária da parte geral do Código Penal a outras leis penais, 
quando elas não dispuserem de modo diverso. 
 
 A lei de tóxicos, por exemplo, apenas descreve condutas a serem consideradas típicas do tráfico e consumo de 
entorpecentes, o que impõe a ela a aplicação dos institutos previstos na parte geral do Código Penal. 
 Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de direitos, as frações de 
dia, e, na pena de multa, as frações de cruzeiro. 
 Art. 12 - As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incriminados por lei especial, se esta não 
dispuser de modo diverso.

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