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UNIDADE-2

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UNIDADE I
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Conceito de Direito Tributário
São várias as conceituações doutrinárias brasileiras,
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"ramo didaticamente autônomo do direito, integrado pelo conjunto das proposições jurídico-normativas que correspondam, direta ou indiretamente, à instituição, arrecadação e fiscalização de tributos”
AMARO, Luciano. Direito tributário brasileiro. 7- ed. São Paulo: Saraiva, 2001.
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Conceito de Direito Tributário
Evolução
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Evolução e Natureza
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Ontologia do Direito Tributário: ramo do Direito Público, teve origem com o incremento da atividade estatal, e das obrigações do Estado para com os seus cidadãos, com sua base sócio-histórica no surgimento do Estado Social, o qual exigia uma fonte permanente de recursos a serem carreados aos cofres públicos.
a) Liberalismo clássico (Adam Smith) e a “mão invisível do mercado”: fracasso da autorregulamentação da Economia: neutralidade dos tributos;
b) O Welfare state as prestações positivas do Estado (+ ou -, final do século XIX): o intervencionismo estatal.
c) A não intervenção do Estado na atividade econômica (art. 173, CRFB/88 - “relevante interesse coletivo”) e a extrafiscalidade X a fiscalidade - ideia de principal função!!!
Conceito de Direito Tributário
Direito Tributário como Ciência e como Direito Positivo
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Pontos relevantes:
Dicotomia entre público e privado: Teoria Clássica e Espistemologia jurídica “tradicional”
Críticas mais modernas: Teoria do interesse preponderante: indissociabilidade entre público e privado;
Teoria clássica: facilitação sistemática - Direito uno e subdivisão para fins de classificação teórica;
Predominância do Interesse público sobre o particular: jus imperium X autonomia da vontade no Direito Privado;
A indisponibilidade do Interesse público: direito público - normas cogentes X normas dispositivas;
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Pontos
6. Atividade plenamente vinculada do Estado (art. 3º, in fine, CTN) X discricionariedade do particular;
7. A lei tributária não estabelece, normalmente, situações concretas de dever jurídico ou obrigação, mas sim meros tipos de
realidade de fato que, quando ocorrem, implicam o nascimento de uma obrigação tributária concreta.
 8. A autonomia do direito tributário dos demais ramos do direito é meramente didática, devido à unicidade da ciência jurídica, não se pode falar em autonomia científica ou jurídica: As normas de inter-relação - ver art. 110, CTN.
Fontes do Direito
Fontes materiais: FATO + VALOR: conjunto de fatores sociais determinantes do conteúdo do direito e dos valores que o direito procura realizar.
Fontes formais: NORMA (lato senso): são os fundamentos de validade da ordem jurídica: a) Estatais e b) não-estatais.
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Fontes materiais:
Fontes formais:
Resuminho....
A Constituição
1) Fonte Formal de mais alta hierarquia normativa.
2) Matéria de constituição: DOE;
3) DT - delimitação das competências tributárias dos Entes Federados: “sistema rígido” / limitações ao poder (de império) de tributação; princípios do Direito Tributário e as Imunidades. 
4) STN: é o conjunto de normas rígidas e taxativas (alteradas por emenda), que disciplina a outorga da competência tributária, bem como, estabelece as limitações respectivas ao poder de tributar do Estado.
As demais fontes do DT
Lei complementar: art. 69, CRFB/88.
Lei ordinária: A “concorrência de iniciativa”
Atenção quanto ao artº 61, § 1º, II, “b’, CRFB/88.
Medidas provisórias - Art. 62, § 2º, CRFB/88.
Leis Delegadas - Art. 68, CRFB/88.
Os tratados internacionais - art. 98, CTN
Ver art. 84, VIII c/ art. 49, I, CRFB/88.
Convênios: 
Regra: art. 150, § 6°, CRFB - lei específica.
art. 155, § 2º, XII, g, CRFB.
Decretos e regulamentos - art. Art. 84, IV, CRFB/88:
Destinam-se à fiel execução das leis tributárias.
Veda-se ultrapassar os limites normativos das leis tributárias, ou seja, inovar na lei tributária inovar.
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Conceito de Tributo
 “Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa e plenamente vinculada” 
(CTN – art. 3º)
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Analisando o 
Conceito de Tributo...
prestação pecuniária
Prestação: Implica dizer, que há uma obrigação de dar:
Pecuniária: dar dinheiro - prestação em moeda de curso corrente;
Considerações importantes:
“cujo valor nela se possa exprimir”: Prestação in natura (em bens) ou in labore (em serviços/em trabalho??
A doutrina repudia a prestação em serviços ou a entrega de bens.
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Analisando o 
Conceito de Tributo...
Dação em pagamento de bens imóveis - art. 156, XI, CTN incluído pela LC nº104/2001: não constitui a derrogação do art. 3º, CTN (ESAF);
Novas hipóteses de extinção do crédito tributário - art. 141, CTN:
Art. 141. O crédito tributário regularmente constituído somente se modifica ou extingue, ou tem sua exigibilidade suspensa ou excluída, nos casos previstos nesta Lei, fora dos quais não podem ser dispensadas, sob pena de responsabilidade funcional na forma da lei, a sua efetivação ou as respectivas garantias.
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Novas hipóteses de extinção do crédito tributário - art. 141, CTN:
1) ADI 1.917 - MC. Rel. Min. Marco Aurélio: impossibilidade de outras modalidades de extinção do crédito tributário - FUNDAMENTO DA DECISÃO: EXIGÊNCIA DE LEI COMPLEMENTAR (ART. 146, III, b), CRFB/88);
1.1) No mérito da ADI 1.917 - MC. Rel Ricardo Lewandowski - Impossibilidade da dação em pagamento de bens móveis por ofensa à reserva de lei federal para regras gerais de licitação)
2) ADI 2.405 - MC. Rel. Min. Carlos Britto: CRIAÇÃO DE NOVAS HIPÓTESES DE EXTINÇÃO DO CT - LEI ORDINÁRIA LOCAL. 
Fundamentos: 
2.1) PACTO FEDERATIVO
2.2) REGRA BASILAR DE HERMENÊUTICA: “QUEM PODE O MAIS, PODE O MENOS” - POSSIBILIDADE DA REMISSÃO (172, CTN) x A EXTINÇÃO DO CT.
Conclusão: entendimento empossado pelo STF: Estados e o DF podem estabelecer, por Lei, outros meios não previstos no CTN, para extinção de seus créditos tributários.
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Extinção de crédito tributário. Criação de nova modalidade (dação em pagamento) por lei estadual: possibilidade do Estado-membro estabelecer regras específicas de quitação de seus próprios créditos tributários. Alteração do entendimento firmado na ADl-MC 1917: consequente ausência de plausibilidade da alegação de ofensa ao art. 146, IlI, b, da CF, que reserva à lei complementar o estabelecimento de normas gerais reguladoras dos modos de extinção e suspensão da exigibilidade de crédito tributário. (ADl-MC 2405. DJ - 17.02.2006).
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Analisando o 
Conceito de Tributo...
“cujo valor nela se possa exprimir”: também, leva à interpretação de que se pode estabelecer o valor pecuniário por indexadores - a antiga UFIR, por exemplo, extinta, hoje.
Pagamento da prestação tributária em títulos da dívida Pública??: nada mais que a compensação tributária (art 170 e art. 170-A, CTN).
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Analisando o 
Conceito de Tributo...
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Analisando o 
Conceito de Tributo...
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Analisando o 
Conceito de Tributo...
Prestação compulsória:
Não há facultatividade na OT: decorre da lei que a instituiu e da ocorrência do fato gerador (tipicidade)
Exercício da soberania do Estado, mediada pela Lei - ius imperium.
Compulsoriedade e não voluntas agendi como no Direito Privado, 
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Analisando o 
Conceito de Tributo...
que não constitua sanção por ato ilícito
Multa X Tributo: espécies do gênero Receitas Derivadas (ius imperium estatal)
Diferença: Multa é justamente o que o Tributo é proibido de ser: sanção por ato ilícito.
pecunia non olet: art. 118, I. CTN.
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Analisando o 
Conceito de Tributo...
 que não constitua sanção por ato ilícito
d) Pode ter efeito de confisco??? 
d.1) perdimento de bens - art. 5º, XLVI, “b”;
d.2) confisco no Brasil é pena!!!
d.3) A vedação ao caráter confiscatório do tributo está implicitamente presente na expressão “que não constitua sanção por ato ilícito” do art. 3º, CTN.
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Analisando o 
Conceito de Tributo...
Prestação instituída em lei
No taxatio without represenation do Direito americano;
Decorrência do princípio democrático: o povo, através de seus representantes, aceitou pagar os Tributos (pacto social)
Para efetuar a cobrança de tributos a administração pública deverá agir na forma e nos limites fixados em lei.
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Prestação instituída em lei
Instituída em lei:
1) Regra: LC ou LO: A LO tem a mais ampla aplicação no Direito Brasileiro para veicular as normas de Direito Tributário;
2) Medida provisória: de forma residual (art. 62, § 2º, CRFB/88):
2.1) alteração dada pela EC nº 32/ 2001;
2.2) Interpretação ampliativa do STF: leia-se “tributos” , desde que não reservados à LC.
Mitigação do princípio da legalidade: Existem várias que serão oportunamente apresentadas.
Quantos às alíquotas, adianto:
a) Alíquotas dos impostos extrafiscais: Majoração ou diminuição por ATO do PODER EXECUTIVO - art. 153, § 3º da CRFB/88) 
b) Alíquotas da CIDE- combustíveis: redução e reestabelecimento ao patamar anterior por ATO DO PODER EXECUTIVO (art. 177, § 4º, I, “b”, CRFB)
c) ICMS-monofásico incidente sobre combustíveis: redução e reestabelecimento ao patamar anterior POR CONVÊNIO DOS ENTES FEDERADOS - (art. 155, § 4º, IV, CRFB): “DELIBERAÇÃO DOS ESTADOS E DO DF”.
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cobrada mediante atividade administrativa e plenamente vinculada 
 A cobrança dos tributos é atividade administrativa - capacidade tributária ativa - vinculada, ou seja: não há discricionariedade - oportunidade e conveniência - do representante do Poder Executivo para auferir nenhum mérito na cobrança ou não do tributo de sua alçada.
Não confundir essa expressão “vinculada” do art. 3º do CTN com:
Quanto à hipótese de incidência - ou seja, quanto à prestação; taxas (art. 145, II, da CRFB/88) e contribuições de melhoria (art. 145, III, da CRFB/88);
Quanto ao produto da arrecadação: empréstimos compulsórios (art. 148, § único, da CRFB/88) ; taxas e emolumentos (art. 98, § 2ª, da CRFB/88). 
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cobrada mediante atividade administrativa e plenamente vinculada 
 Resumindo:
A regra do art. 3º, CTN não tem o quê ver com a destinação legal do produto da arrecadação;
O art. 4º do CTN dispõe: A natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador da respectiva obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la:
I - a denominação e demais características formais adotadas pela lei;
II - a destinação legal do produto da sua arrecadação (exceções: Ex: art. 167, IV, CRFB)
Observação: 
art. 9º da Lei nº 4.320/64 - estabelece que o produto da arrecadação seja destinado ao custeio de atividades GERAIS ou ESPECÍFICAS exercidas pelas pessoas jurídicas de Direito Público.
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TRIBUTOS: CLASSIFICAÇÃO??
BIPARTIDA: AS ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS SÃO IMPOSTOS E TAXAS;
TRIPARTIDA: AS ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS SÃO IMPOSTOS, TAXAS E CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIA;
QUADRIPARTIDA: IMPOSTOS, TAXAS (CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIA), EMPRÉSTIMOS COMPULSÓRIOS E CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS - Luciano Amaro.
PENTAPARTIDA: AS ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS SÃO IMPOSTOS, TAXAS, CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIA, CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS E EMPRÉSTIMOS COMPULSÓRIOS.
TRIBUTO E ATIVIDADE FINANCEIRA
Tributo dentro da atividade financeira do Estado
Receita pública: é gênero - são suas espécies:
RECEITAS ORIGINÁRIAS
RECEITAS DERIVADAS
ExercíciodoiusgestionisdoEstado:PATRIMÔNIODO ESTADO ATUANDOCOMO PARTICULAR
EXERCÍCIO DO JUS IMPERIUM DO ESTADO:A receita parte daquilo que não é do Estado.
PRINCÍPIODA AUTONOMIA DA VONTADE, REGRADA POR NORMAS DE DIREITO PÚBLICO
Exercício da Soberania do Estado: PRINCÍPIO DA SUPREMACIA DO PODER PÚBLICO E DA INDISPONIBILIDADEDO PATRIMÔNIO PÚBLICO
PODER PÚBLICO COMO LOCADOR - DIREITO PESSOAL,RESULTANTE DA “EXPLORAÇÃO” DOS BENS DOMINIAIS; PREÇOS PÚBLICOS.
ATIVIDADE EMPRESARIAL DAS SEM E EP.
TRIBUTOS, MULTAS E REPARAÇÕES DE GUERRA
VOLUNTARIEDADE
COMPULSORIEDADE
REGIME JURÍDICO PREDOMINANTEMENTE PRIVADO (HÍBRIDO)
REGIME JURÍDICO EXCLUSIVAMENTEDE DIREITO PÚBLICO
Sistema Tributário Nacional - 
A partir do art. 145, CFRB/88
Considerações inequívocas
Rígido - As regras que fixam as competências tributárias não podem ser mitigadas. Resultam do Poder de Tributação do Estado sobre o particular (Princípios da Supremacia do Poder Público e da Indisponibilidade dos bens públicos).
Racional: Fruto da ação premeditada do legislador constitucional - ordinário e reformador, respeitadas as limitações ao poder de emenda (art. 60 , § 4º, CRFB/88).
STN é o conjunto de normas rígidas e racionais, que disciplina a outorga da competência tributária, bem como, as limitações ao Poder de Tributar dos Entes Federativos, em razão dos Princípio e das Imunidades tributárias.
Limitações ao poder de tributar Princípios tributários
 Imunidades 
 
Sistema Tributário Nacional: Princípios constitucionais tributários.
Celso Antônio Bandeira de Melo
Princípio é, por definição, mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele, disposição fundamental que se irradia sobre diferentes normas, compondo-lhes o espírito e servindo de critério para sua exata compreensão e inteligência, exatamente por definir a lógica e a racionalidade do sistema normativo, no que lhe confere a tônica e lhe dá sentido harmônico.
Pós - Positivismo jurídico:
Princípios como normas jurídicas.
1) Princípios Constitucionais - implícitos (ART. 5º, § 2º, CRFB/88) e explícitos.
1.1) Subsistema do Direito Tributário: Princípios de Direito Tributário - “STF: Cláusulas pétreas” - Limitação ao Poder de criar/instituir tributos por lei.
1.2) Considerações sobre o art. 4º, LINDB: NORMAS - REGRAS X NORMAS -PRINCÍPIOS.
 2) Princípios constitucionais tributários: 
2.1) Boa parte deles seriam normas - regras e não normas princípios. Ex: princípio da anterioridade, posto que aplicáveis a determinados tributos e não a outros. 
2.2) Limitações constitucionais ao poder de tributar: princípios constitucionais tributários.
Sistema Tributário Nacional
Cláusulas pétreas:
Segundo o STF, os princípios constitucionais tributários são considerados cláusulas pétreas. 
É uma garantia individual do contribuinte, associando-se à condição de cláusula pétrea. O entendimento se deu no âmbito do extinto IPMF. Quando tal imposto foi considerado inconstitucional. ADI 939-7/1993.
Princípio da legalidade e da reserva legal
Não é princípio exclusivo da seara tributária. 
Princípio da legalidade: O art. 5°, lI, da CRFB/88 assevera que "ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei” (conteúdo abstrato: atuação dentro da esfera do legislador).
O texto constitucional o “reforça” no campo do Direito Tributário:
 art. 150, I, da CRFB/88. 
Diferença feita entre o princípio da legalidade e o princípio da reserva de lei
(José Afonso da Silva)
Princípio da reserva de lei: estatui que a regulamentação de determinadas matérias há de se fazer necessariamente por lei formal; Legalidade estrita ou cerrada: exigência de lei formal/estrita para a criação ou majoração tributária.
 
Tipicidade cerrada: Art. 150, I, da CRFB/88 e art. 97. do CTN
Derivado do princípio da segurança jurídica.
O princípio da tipicidade tributária impõe que a lei tributária defina taxativa e completamente as situações tributárias necessárias e suficientes para o nascimento da obrigação tributária, bem como os critérios de quantificação do tributo. 
Veda a interpretação extensiva e a analogia, encetando no tipo legal todos os elementos necessários à tributação.
Tipicidade cerrada: Art. 150, I, da CRFB/88 e art. 97. do CTN
A doutrina ensina que A LEI TRIBUTÁRIA DEVE DEFINIR EM ABSTRATO TODOS OS ASPECTOS RELEVANTES DA FISIOLOGIA DO TRIBUTO:
Assim, não basta que a lei de um dado tributo o institua, MAS QUE NÃO DEIXE PARA UM ATO INFRALEGAL VIR A REGULAR: FATO GERADOR; BASE DE CÁLCULO; ALÍQUOTAS, MULTAS E SUJEITO PASSIVO.
VEDA-SE A INDICAÇÃO GENÉRICA DOS ELEMENTOS RELEVANTES À FORMAÇÃO DA OT: FATO GERADOR; BASE DE CÁLCULO; ALÍQUOTAS, MULTAS E SUJEITO PASSIVO SÃO ELEMENTOS NUMERUS CLAUSUS DA TIPOLOGIA CERRADA.
Prazo para recolhimento do tributo:
STF entende que o prazo para recolhimento do tributo não é matéria submetida à reserva de lei;
Eduardo Sabbag e TRF 3ª: o prazo “integra” as exigências da legalidade. 
OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS E A LEGALIDADE
As obrigações acessórias são também chamadas de “obrigações de contorno” , haja vista giram em torno da obrigação principal.
Elas são obrigações positivas ou negativas, previstas na legislação tributária, no interesse da arrecadação e ou fiscalização tributárias.
São deveres instrumentais que circulam os tributos, de cunho não patrimonial.
Art. 113, § 2º, CTN: O FG da obrigação acessória é qualquer situação que, prevista na forma da “legislação aplicável” impõe a prática ou a abstenção de ato que não configure obrigação principal.
Veja: a reserva de lei refere-se à OT principal; a OT acessória pode estar regida por elementos normativos infralegais.
Art. 113, § 3º, CTN: Quando se descumpre uma obrigação acessória - Ela “vira” multa (penalidade pecuniária), que é OT principal e que exige a legalidade cerrada.
Art. 150, I, da CRFB/88 (Exigir ou aumentar); art. 150, 6º da CRFB/88 (reduzir ou extinguir) e art.97. do CTN
2. Atos Legais: LC; LO; MP; Lei ordinária específica; Lei delegada.
3. Matéria de LC: art. 146, da CRFB/88; art. 148, da CTN; art. 154, I, CRFB/88; art. 195, § 4º, CRFB/88; art. 153, VII, da CRFB/88.
4. POSSIBILIDADE DE MP INSTITUIR TRIBUTOS NO BRASIL???: 
art. 62, § 2º, CRFB/88 (mitigação da legalidade):
4.1) Alteração dada pela EC nº 32/ 2001;
4.2) Interpretação ampliativa do STF: leia-se “tributos” , desde que não reservados à LC.
4.3) Há impedimento constitucional à utilização de MP em matéria reservada à LC (art.146, da CRFB/88; art. 148, da CTN; art. 154, I, CRFB/88; art. 195, § 4º, CRFB/88; art. 153, VI, da CRFB/88)
Súmula Vinculante nº 8, STF
“São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do Decreto-Lei nº 1.569/1977 e os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/1991, que tratam da prescrição e decadência do crédito tributário”.
"Declaração de inconstitucionalidade, com efeito 'ex nunc', salvo para as ações judiciais propostas até 11.6.2008, data em que o Supremo Tribunal Federal declarou a inconstitucionalidade dos artigos 45 e 46 da Lei n. 8.212/1991." (RE 559943, Relatora Ministra Cármen Lúcia, Tribunal Pleno, julgamento em 12.6.2008, DJe de 26.9.2008).
1. LOSS - Lei nº 8.212 de 24 de Julho de 1991
Dispõe sobre a organização da Seguridade Social, institui Plano de Custeio, e dá outras providências.
Art. 46. (Revogado pela Lei Complementar nº 128, de 2008)
 2. Art. 13.  LC nº 128, de 2008: Ficam revogados: 
I – a partir da data de publicação desta Lei Complementar: (22.12.2008)
  
a) os arts. 45 e 46 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991; 
5. Art. 150, § 6°, CRFB/88: restrição da disponibilidade legislativa sobre determinadas matérias tributárias cometidas a lei ordinária, exigindo lei específica para que certos benefícios fiscais sejam concedidos aos administrados:
Lei ordinária específica
Subsídio
Isenção
Redução de base de cálculo
Concessão de crédito presumido
Anistia
Remissão
§ 6º Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão de crédito presumido, anistia ou remissão, relativos a impostos, taxas ou contribuições, só poderá ser concedido mediante lei específica, federal, estadual ou municipal, que regule exclusivamente as matérias acima enumeradas ou o correspondente tributo ou contribuição, sem prejuízo do disposto no art. 155, § 2.º, XII, g. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)
7. Lei Delegada: é cabível em matéria tributária, com exceção das matérias reservadas à lei complementar, que não
podem ser fruto de delegação (CF, art. 68, § 1°, parte final).
Nãopodem ser objeto de lei delegada
Empréstimos Compulsórios
Imposto sobre grande fortunas
Impostos residuais
Contribuições sociais previdenciárias residuais
Lei delegada é fruto da autorização do Poder Legislativo, via Resolução do Congresso Nacional, ao Poder Executivo, para sua elaboração e edição. 
Mitigação do princípio da legalidade
1) o Poder Executivo Federal poderá alterar as alíquotas dos Impostos Extrafiscais federais: II, IE, IOF, IPI. Majoração ou diminuição por ATO do PODER EXECUTIVO - art. 153, § 3º da CRFB/88) ;
1.1. O artigo não define a modalidade do Ato Normativo de Segundo Grau do Poder Executivo Federal.
1.2. Os Decretos do Presidente da República são a regra;
1.3. II e IE - Portaria do Ministro da Fazenda.
2) Alíquotas da CIDE- combustíveis: redução e reestabelecimento ao patamar anterior por ATO DO PODER EXECUTIVO (art. 177, § 4º, I, “b”, CRFB).
 
2.1.) Tributo Federal - Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico: âmbito da extrafiscalidade;
2.2) Nunca para aumentar as alíquotas da CIDE - combustíveis, que exigem LEI em sentido estrito;
3) Alíquotas do ICMS-monofásico incidente sobre combustíveis: redução e reestabelecimento ao patamar anterior POR CONVÊNIO DOS ENTES FEDERADOS - (art. 155, § 4º, IV, “c”, CRFB): “DELIBERAÇÃO DOS ESTADOS E DO DF”.
Mitigação do princípio da legalidade
4) Atualização do valor monetário da base de cálculo do imposto;
5) Alteração da data de pagamento (antecipação) pode ser feita por ato infra-legal;
6) Fixação o prazo de recolhimento;
6) Atualização da base de cálculo do IPTU: Decreto do Chefe do Poder Executivo Municipal
Súmula 160/STJ. Tributário. IPTU. Correção monetária. Reajuste, por decreto, com índice superior ao oficial. Inadmissibilidade. CF/88, art. 150, I. CTN, arts. 33 e 97, §§ 1º e 2º.
 «É defeso, ao Município, atualizar o IPTU, mediante decreto, em percentual superior ao índice oficial de correção monetária.»
Obs: CUIDADO - art. 155, § 2º, XII, g, CRFB!!!!! - Princípio da legalidade e da separação dos poderes!!! - Críticas de Geraldo Ataliba.
Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)
§ 2º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)
XII - cabe à lei complementar:
g) regular a forma como, mediante deliberação dos Estados e do Distrito Federal, isenções, incentivos e benefícios fiscais serão concedidos e revogados.
Mitigação do princípio da legalidade
Súmula 160/STJ. 
 «É defeso, ao Município, atualizar o IPTU, mediante decreto, em percentual superior ao índice oficial de correção monetária.»
“RECURSO EXTRAORDINÁRIO –PREQUESTIONAMENTO – AUMENTO DE TRIBUTO – DECRETO. Mostra-se objeto de debate e decisão prévios, tema alusivo ao aumento de tributo via decreto quando conste do acórdão proferido a exigibilidade de lei. TRIBUTO – REAJUSTE X AUMENTO – DECRETO X LEI. Se de um lado é certo assentar-se que simples atualização do tributo, tendo em conta a aspiral inflacionária, independe de lei, isto considerado o valor venal do imóvel (IPTU), de outro não menos correto é que, em se tratando de verdadeiro aumento, o decreto não é veículo próprio a implementá-lo. A teor do disposto no inciso I, do artigo 150 da Constituição Federal, a via própria ao aumento de tributo é a lei em sentido formal e material. (AGRAG-176870/RS – Relator Ministro Marco Aurélio, j. 12/03/96 – Segunda Turma)
Mitigação do princípio da legalidade
Observações importantes:
MP não pode ser utilizada para regulamentar a progressividade do IPTU e a diferenciação de alíquotas com base no uso e na localização do imóvel;
MP não pode dispor sobre o Fundo de Erradicação à pobreza.
Princípio da anterioridade tributária
O princípio da anterioridade tributária é inequívoca garantia individual do contribuinte: “inequívoca Cláusula Pétrea”.
[Essa foi a posição do STF ao analisar o art. 2°, § 3°, da Emenda Constitucional n.
3, de 17-03-1993, que afastara o princípio da anterioridade tributária anual do antigo IPMF, entendeu que teria havido, com tal medida, uma violação a “garantia individual do contribuinte” (STF, ADI n. 939-7, rel. Min. Sydney Sanches, j.15-12-1993)].
Logo, limitação decorrente do princípio da anterioridade, por configurar cláusula pétrea da Constituição da República, não pode ser elidida por emenda constitucional.
Voto de Celso de Mello (trecho): “O principio da anterioridade da lei tributaria, além de constituir limitação ao poder impositivo do Estado, representa um dos direitos fundamentais mais importantes outorgados pela Carta da Republica ao universo dos contribuintes. (...)”.
Cuidado: 
a) Não taxatividade dos Direitos Individuais (art. 5°, § 2°, da CRFB/88) 
b) Relativização dos Direitos e garantias individuais.
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Princípio da Anterioridade Tributária
Art. 150, III, b) e c) da CRFB/88. 
Adiamento da eficácia da lei tributária: há doutrinadores que o “conceituam” por Princípio da Eficácia Diferida;
Vetor axiológico seria a segurança jurídica;
Art. 150, III, b), da CRFB/88: Princípio da anterioridade anual ou “de , exercício”;
Art. 150, III, c), da CRFB/88: Princípio da anterioridade nonagesimal ou qualificada (EC nº 42/2003).
Até ECnº 42/2003
anterioridade anual
De 2004 até hoje
anterioridadenonagesimal
Exceções à anterioridade anual ou de exercício
1. Os impostos Federais Extrafiscais: II, IE, IPI, IOF.
2. O Empréstimo compulsório de guerra ou de calamidade pública: art. 148, I, da CRFB/88.
3. CIDE - combustíveis: quanto ao “aumento” para voltar ao patamar inicial - “Ato normativo do PE” (art. 177, § 4º, I, “b”, CRFB). Caso seja, para o aumentar - lei estrita - submete-se à anterioridade.
4.ICMS-monofásico incidente sobre combustíveis: redução e reestabelecimento ao patamar anterior POR CONVÊNIO DOS ENTES FEDERADOS - (art. 155, § 4º, IV, CRFB): “DELIBERAÇÃO DOS ESTADOS E DO DF”. Se houver aumento, lei estrita e sesubmete à anterioridade.
5. Empréstimos Extraordináriosde Guerra - art. 154, II, da CRFB/88.
6. Contribuições sociais previdenciárias -art. 195, § 6º, CRFB/88.
Exceções à anterioridadenonagesimal
1. Os impostos Federais Extrafiscais: II, IE, e IOF. O IPI submete-se à anterioridadenonagesimal
2. O IR não está sujeitoà anterioridadenonagesimal- art. 153, III, CRFB/88.
3.O Empréstimo compulsório de guerra ou de calamidade pública: art. 148, I, da CRFB/88.
4. Alteração na base de cálculodo IPVA e do IPTU.
5. Empréstimos Extraordináriosde Guerra - art. 154, II, da CRFB/88.
Dicas importantes para memorização:
1.Contribuições sociaisprevidenciárias-art. 195, § 6º, CRFB/88 - não se sujeitam à anterioridade anual, mas somente, a anterioridadenonagesimal.
2. As demaiscontribuições sociais, que não as previdenciárias, sujeitam-se à anterioridade comum (anual +nonagesimal).
3.Art. 195, § 6º, CRFB/88 - verbos: INSTITUIR OU MODIFICAR - “AQUILO QUE REPRESENTA INEQUÍVOCA ONEROSIDADE” - Assim, alteração da “data de pagamento” da contribuição previdenciária pode ser por ATO INFRA-LEGAL E NÃO SE SUJEITA À NOVENTENA.
4.Súmula 669 do STF – Norma legal que altera o prazo de recolhimento da obrigação tributária não se sujeita à anterioridade tributária.
Medida provisória e o princípio da anterioridade
1) Já se falou da possibilidade da MP para criar ou majorar “tributos” - art. 62, § 2º, CRFB/88, com a alteração dada pela EC nº 32/ 2001.
1.1) No caso dos impostos - Efeitos: somente produzirá efeitos no exercício fiscal seguinte, se convertida em lei até o último dia em que a MP foi editada/PUBLICADA; 
Exceções: 
a) legislador constituinte ressalvou a aplicação da regra aos seguintes tributos, todos eles impostos federais: II, IE, IPI, IOF e ao IEG.
Atenção: Como, à exceção do IPI, que se submete à anterioridade nonagesimal, os tributos II, IE, IOF e ao IEG podem ser cobrados de imediato: haverá a incidência da norma majoradora será de imediato, independentemente da conversão em lei.
Caso do IPI, por ocasião da noventena, haverá a produção de efeitos a partir do 91º da publicação da MP.
Medida provisória e o princípio da anterioridade
Exceções: 
b) as taxas e contribuições de melhoria: a incidência da norma majoradora será de imediato, independentemente da conversão em lei.
Caso do IPI, por ocasião da noventena, haverá a produção de efeitos a partir do 91º da publicação da MP.
c) os empréstimos compulsórios: Os empréstimos compulsórios, por dependerem de lei complementar, não podem ser objeto de medida provisória (art. 62, § 1o, III, CF). Da mesma forma, passam ao largo da MP os outros gravames dependentes de lei complementar: o imposto sobre grandes fortunas (art. 153, VII, CF), os impostos residuais (art. 154, I, CF) e as residuais contribuições social-previdenciárias (art. 195, § 4o, CF).
as contribuições profissionais e as contribuições interventivas (CIDEs): a incidência da norma majoradora será de imediata, independentemente da conversão em lei.
 contribuições sociais-previdenciárias: como se sujeitam à noventena - essas produzirão seus efeitos a partir do 91º dia da publicação/edição.
ESPÉCIE
PUBLICAÇÃO
CONVERSÃO EM LEI
EFEITOS
IMPOSTOS em geral, com exceção dos que exigemLC para sua criação [não são objeto de MP] e os excepcionados no art.62, § 2º, CRFB/88.
EDITADA/PUBLICADA
TRANSFORMADA EM LEI NESSE MESMO ANO
EXERCÍCIOFISCAL SEGUINTE
IMPOSTOSIPI, IOF, II, IE-art.62, § 2º, CRFB/88,
EDITADA/PUBLICADA
INDEPENDEDA TRANSFORMAÇÃO EM LEI:NÃO CONVERTIDA OU CONVERTIDA EM LEI NESSE MESMO ANO.
COMONÃO SE SUBMETEM À ANTERIORIDADE ANUAL, nem NONAGESIMAL (II, IE, IOF): EFEITOS IMEDIATOS
IPI - submete-se à anterioridadenonagesimal- Efeitos a partir do 91º DA PUBLICAÇÃO.
OUTRO TRIBUTO, QUE NÃO IMPOSTO
as taxas e contribuições de melhoria, as contribuições profissionais e ascontribuições interventivas (CIDEs)
EDITADA/PUBLICADA
INDEPENDEDA TRANSFORMAÇÃO EM LEI:NÃO CONVERTIDA OU CONVERTIDA EM LEI NESSE MESMO ANO.
CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS-PREVIDENCÁRIAS- submetem-se à anterioridadenonagesimal- Efeitos a partir do 91º DA PUBLICAÇÃO.
Princípio da irretroatividade tributária
►Princípio do tempus regit actum 
►►Princípio da segurança jurídica e o Estado de Direito
►Eficácia pro-futuro - ex nunc
“as leis retroativas são consideradas censuráveis e indesejáveis porque ferem nosso sentimento da justiça infligir uma sanção, especialmente uma punição, a um individuo por causa de uma ação ou omissão as quais o individuo não poderia saber que se vincularia tal sanção”. (Kelsen)
Princípio irretroatividade da lei tributária
1) Previsão legal: art. 150, III, a), da CRFB c/c art. 144, caput, CTN
2) A lei não pode prejudicar o direito adquirido, a coisa julgada e o ato jurídico perfeito (o Constituinte teve o cuidado de resguardar, mais uma vez, o status jurídico do administrado, já que outra disposição da CF, o art. 5°, XXXVI: "a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada".
3) A lei tributária deve anteceder o fato gerador e não pode atingir situações pretéritas.
4) O CTN não adota como regra a irretroatividade da lei tributária, mas, sim, o texto constitucional, que o faz no art. 150, III, “a”, CF.
EXCEÇÕES??? - CUIDADO com essa expressão!!!
A expressão técnica seria: harmonização entre o princípio da irretroatividade e a lei interpretativa e a lei benigna, como produtoras de efeito jurídico sobre atos pretéritos (conforme o art. 106, I e II, CTN): 
“A bem da verdade, as hipóteses do art. 106, I e II, do CTN são a própria corroboração da regra da irretroatividade, pois é natural que se estipule, no plano da hermenêutica, a retroação para uma lei ‘interpretativa’ e para uma lei mais benéfica, o que não se confunde com a dimensão semântica assumida pelo vocábulo ‘exceção’”.
Eduardo Sabbag
Princípio da irretroatividade tributária
LEI INTERPRETATIVA: “arranha a separação dos Poderes” - atecnia jurídica???.
Art. 106. A lei TRIBUTÁRIA aplica-se a ato ou fato pretérito, ou seja,
RETROAGIRÁ:
1) QUANDO TRATAR-SE DE LEI INTERPRETATIVA: Art. 106, I, do CTN – em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados (segunda parte será vista a seguir).
Princípio da irretroatividade tributária
Qual o entendimento do STF sobre esse ponto: a possibilidade da existência de uma lei interpretativa no Sistema Brasileiro.
EMENTA: ACAO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. MEDIDA PROVISORIA DE CARATER INTERPRETATIVO. LEIS INTERPRETATIVAS. A QUESTAO DA INTERPRETACAO DELEIS DE CONVERSAO POR MEDIDA PROVISORIA. PRINCIPIO DA IRRETROATIVIDADE. CARATER RELATIVO. LEIS INTERPRETATIVAS E APLICACAO RETROATIVA (...)
1. E plausível, em face do ordenamento constitucional brasileiro, o reconhecimento da admissibilidade das leis interpretativas, que configuram instrumento juridicamente idôneo de veiculação da denominada interpretação autêntica.
2. As leis interpretativas – desde que reconhecida a sua existência em nosso sistema de direito positivo – não traduzem usurpação das atribuições institucionais do Judiciário e, em consequência, não ofendem o postulado fundamental da divisão funcional do poder.
3. Mesmo as leis interpretativas expõem-se ao exame e a interpretação dos juízes e tribunais. Não se revelam, assim, espécies normativas imunes ao controle jurisdicional.
(...)
Princípio da irretroatividade tributária
A possibilidade da existência de uma lei interpretativa no Sistema Brasileiro.
4. O principio da irretroatividade somente condiciona a atividade jurídica do Estado nas hipóteses expressamente previstas pela Constituição, em ordem a inibir a ação do Poder Publico eventualmente configuradora de restrição gravosa (a) ao “status libertatis” da pessoa (CF, art. 5o XL), (b) ao “status subjectionis” do contribuinte em matéria tributaria (CF, art. 150, III, “a”) e (c) a segurança jurídica no domínio das relações sociais (CF, art. 5o, XXXVI).
5. Na medida em que a retroprojeção normativa da lei não gere e nem produza os gravames referidos, nada impede que o Estado edite e prescreva atos normativos com efeito retroativo.
6. As leis, em face do caráter prospectivo de que se revestem, devem, ordinariamente, dispor para o futuro. O sistema juridico-constitucional brasileiro, contudo, não assentou, como postulado absoluto, incondicional e inderrogável, o principio da irretroatividade.
7. A questão da retroatividade das leis interpretativas. (STF, ADI-MC 605/DF, Pleno, rel. Min. Celso de Mello, j. 23-10-1991).
Princípio da irretroatividade tributária
“excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados” (art. 106, I, in fine, CTN): uma norma que apenas interpreta, sem infringir novo gravame ou penalidade, deve retroagir. De outra banda, a norma que institui novas penalidades, relativas às infrações relacionadas com a lei anterior: terão aplicação futura, sem retroação alguma!
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2) Lei tributária infracional mais benigna: Quando for mais benéfica para o contribuinte em matéria de infração, desde que o ato não tenha sido definitivamente julgado:
Art. 106,II, CTN:
a) quando deixe de defini-lo como infração;
b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo;
e b) são quase idênticos.
c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática (Princípio da Benignidade - retroativo in mellius).
A lei que reduz alíquota do tributo não retroage, mas se tal reduzir a multa poderá produzir efeitos retroativo.
Multa - sanção (punitiva) = multa moratória, para a interpretação de “penalidade menos severa” do artigo 106, inciso II, letra “c” , CTN
TRIBUTÁRIO – LEI MENOS SEVERA – APLICAÇÃO RETROATIVA – POSSIBILIDADE – REDUÇÃO DA MULTA DE 30% PARA 20%.
O Código Tributário Nacional, artigo 106, inciso II, letra “c” estabelece que a lei aplica-se a ato ou fato pretérito quando lhe comina punibilidade menos severa que a prevista por lei vigente ao tempo de sua prática. A lei não distingue entre multa moratória e punitiva. Tratando-se de execução não definitivamente julgada, pode a Lei nº 9.399/96 ser aplicada, sendo irrelevante se já houve ou não a apresentação dos embargos do devedor ou se estes já foram ou não julgados. Embargos recebidos. (EREsp 184642 / SP – DJ 16/08/1999 p. 41).
TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. EMBARGOS. CONFISSÃO DE DÍVIDA. NOVAÇÃO. ART. 156 DO CTN. REDUÇÃO DE MULTA. LEI SUPERVENIENTE MAIS BENÉFICA. APLICABILIDADE. ART. 106, II, “c”, DO CTN. TAXA REFERENCIAL. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE A REMUNERAÇÃO DE ADMINISTRADORES E AUTÔNOMOS. LEIS N. 7.787 E N. 8.212. EXCLUSÃO DOS VALORES. CABIMENTO
(...)
2 – Em havendo norma legal posterior à ocorrência do fato gerador mais benéfica ao contribuinte, ela deve ser aplicada ao caso concreto, desde que, em relação ao crédito, não haja julgamento definitivo, quer na via administrativa, quer na judicial (como na hipótese dos autos), nos termos do art. 106, II, c, do CTN. Conquanto o percentual da multa fiscal seja estabelecido de acordo com a lei vigente ao tempo do fato gerador, a pena menos severa da lei posterior substitui a mais grave da lei anterior, devendo prevalecer para efeito de pagamento.
3 – A aplicação da Taxa Referencial é admitida no período de fevereiro a dezembro de 1991 a título de juros, conforme precedentes dos Tribunais Superiores. 4 – A exclusão dos valores referentes à contribuição social incidente sobre a remuneração paga a autônomos e administradores, instituída pelo art. 3º, I, da Lei nº 7.787, e art. 22, I, da Lei nº 8.212, impõe-se por sua reconhecida inconstitucionalidade (RE nº 166.772-9/RS e ADIn n. 1.102-94-DF). (AC 2002.04.01.054526-5 – DJ 22/02/2006).
Ato não definitivamente julgado???
Princípio da Isonomia Tributária
A regra da igualdade não consiste senão em quinhoar desigualmente aos desiguais, na medida em que se desigualam. Nesta desigualdade social, proporcionada à desigualdade natural, é que se acha a verdadeira lei da igualdade. O mais são desvarios da inveja, do orgulho, ou da loucura. Tratar com desigualdade a iguais, ou a desiguais com igualdade, seria desigualdade flagrante, e não igualdade real. Os apetites humanos conceberam inverter a norma universal da criação, pretendendo, não dar a cada um, na razão do que vale, mas atribuir o mesmo a todos, como se todos se equivalessem.
Princípio da Isonomia Tributária
Rui Barbosa, na sua célebre Oração aos Moços
“
”
Isonomia Tributária
Art. 150, lI, da CRFB/88: é vedado instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos.
Particularização do princípio fundamental da igualdade
Igualdade formal
Igualdade substancial
Acepçãohorizontal do princípioda igualdade - art. 150,II, CRFB/88.
Acepção vertical do princípio da igualdade - DEIXOU IMPLÍCITO
Discrímen: “NA MEDIDA DE SUA DESIGUALDADE”
Isonomia Tributária: entendimento do STF sobre esse ponto
→ A atualização de débitos tributários pela Taxa Selic é legítima e traduz rigorosa igualdade de tratamento entre contribuinte e fisco, não se tratando de imposição tributária. (RE 582461, Repercussão geral).
→ Discriminação de servidores de diferentes esferas: EC 41/2003, art. 4°, parágrafo único, e Tratamento discriminatório entre servidores e pensionistas da União, de um lado, e servidores e pensionistas dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de outro. Ofensa ao princípio constitucional da isonomia tributária, que é particularização do princípio fundamental da igualdade (ADI 3105. DJ 18.2.2005).
→ Não há ofensa ao princípio da isonomia tributária se a lei, por motivos extrafiscais, imprime tratamento desigual a microempresas e empresas de pequeno porte de capacidade contributiva distinta,
afastando do regime do simples aquelas cujos sócios têm condição de disputar o mercado de trabalho sem assistência do Estado (ADI 1643. DJ 14.3.2003). VER ART. 17 DA LC Nº 126/2006, QUE FOI A LEGALIZAÇÃO DESSA DECISÃO.
Isonomia Tributária: entendimento do STF sobre esse ponto - “proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida” Art.150, II, in fine, CRFB/88
Isonomia Tributária
Princípio da Justiça Fiscal: informativo STF - RE 423. 768
UMBILICAMENTE LIGADO ao Princípioda capacidade contributiva - ART. 145, § 1º DA CRFB/88.
Incidência daextrafiscalidade(Ex. IPTU e ITRem face da função social da propriedade; benefícios fiscais às EPP e ME’S,etc
Quando a lei viola à igualdade,o STF tem vedado a atuação do Poder Judiciário como legislador positivo, estendendo o benefício ao prejudicado (RE 402.748 -AgRe RE 418.994-AgR - Min. Eros Graus)
Sobre isso:Posição criticada pela doutrina que defende a declaraçãode nulidade do critério dediscrímen, permitindo a inclusão de todos. A decisão seria constitutiva negativa, mas com eficácia positiva
Princípio da capacidade contributiva
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos:
§ 1º Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte.
 As expressões: “sempre que possível”; “impostos”; “caráter pessoal”do art. 145, §1º, CRFB/88
Sempre que possível:Dependente das possibilidades técnicas de cada imposto.
“Não confere poder discricionário ao legislador, mas designa, sim, por meio do adverbio “sempre”, um inafastável grau de imperatividade no comando, “deixando claro que, apenas sendo impossível, deixara o legislador de considerar a pessoalidade para graduar os impostos pela capacidade econômica do contribuinte” (AliomarBaleeiro).
havendo viabilidade, a pessoalidade é obrigatória - consideram-se os aspectos pessoais do contribuinte (Ex: IR - e as deduções legais)
Capacidade contributiva: aproxima-se dos postulados da progressividade; a seletividade; a personalização e a proporcionalidade
Medidado meio entre o princípio da vedação à tributação com efeito confiscatório e o mínimo existencial
Relativização dos direitos individuaispela solidariedade social
Progressividade do Imposto de renda está teologicamente ligada à capacidade contributiva (e a isonomia, por conseguinte)
POSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA CAPACIDADE CONTRIBUTIVA ÀS TAXAS, em detrimento da literalidade do texto “impostos” doart. 145, §1º, CRFB/88.
Progressividade como técnica aplicada apenas aos impostos pessoais : capacidade econômicaE(+)impostos de natureza pessoal
Progressividade do imposto de natureza real - exigência de previsão constitucional expressa (art. 153, § 4º, I, CRFB\88 e IPTU (arts. 156, § 1º, I, e 182, § 4º, II, CRFB\88).
Essa tendência da jurisprudência do STF, serviu para a edição de duas súmulas:
SÚMULA 656
 
É INCONSTITUCIONAL A LEI QUE ESTABELECE ALÍQUOTAS PROGRESSIVAS PARA O IMPOSTO DE TRANSMISSÃO "INTER VIVOS" DE BENS IMÓVEIS - ITBI COM BASE NO VALOR VENAL DO IMÓVEL.
SÚMULA 668
 
É INCONSTITUCIONAL A LEI MUNICIPAL QUE TENHA ESTABELECIDO, ANTES DA EMENDA CONSTITUCIONAL 29/2000, ALÍQUOTAS PROGRESSIVAS PARA O IPTU, SALVO SE DESTINADA A ASSEGURAR O CUMPRIMENTO DA FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE URBANA.
Observação: antecedentes
Não se pode perder de vista, entretanto, que a Resolução n. 9/92, do Senado Federal, ao estabelecer alíquota máxima para o Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação, de que trata a alínea “a”, inciso l, e § 1º, inciso, IV do art. 155 da CF, dispõe: 
(I) a alíquota máxima do ITCMD será de oito
por cento, a partir de 1o de janeiro de 1992;
 (II) as alíquotas dos impostos,
fixadas em lei estadual, poderão ser progressivas em função do quinhão que cada herdeiro efetivamente receber, nos termos da Constituição Federal.
 As expressões: “sempre que possível”; “impostos”; “caráter pessoal”do art. 145, §1º, CRFB/88
Em 2013: OSupremo Tribunal Federal, por meio do seu Órgão Plenário, em julgamento do RE 562.045/RS, deu provimento, por maioria, ao apelo do Estado do Rio Grande do Sul para que fosse reconhecida a constitucionalidade do art. 18 da Lei Estadual do Rio Grande do Sul nº 8.821/89, queestabelece alíquotas progressivas para o Imposto sobre a Transmissão Causa Mortis e Doação.
Segundo entendimento da maioria dos Ministros da Suprema Corte, a progressividade é medida da capacidade contributiva, sendo que todos os impostos, independente de sua classificação como de caráter real ou pessoal, devem guardar relação com a capacidade econômica do sujeito passivo.
 ASSIM, ABRE-SE A POSSIBILIDADE...
Para uma possível revisão ou mesmo cancelamento das Súmulas 656 e 668. Passar-se-iaa admitir a progressividade dos impostos reais, tendo em vista a maior capacidade contributiva dos adquirentes ou alienantes de bens imóveis de valor mais elevado.
Princípio do não-confisco
Art. 150, IV, CRFB/88
Art. 150, IV, CRFB/88: vedação à utilização do tributo “com efeito de confisco”;
Confisco no Brasil é pena (perdimento de bens - art. 5º, XLVI, “b”) e tributo não pode ser sanção por ato ilícito;
Tributo com efeito confiscatório é o qual incide exageradamente, absorvendo parcela considerável do patrimônio do sujeito passivo, “tornando-se” uma sensação de verdadeira punição;
Equivalente a dizer: princípio da razoabilidade ou proporcionalidade da carga tributária.
Conceito de “efeito confiscatório” é conceito jurídico indeterminado: cabendo ao prudente arbítrio do Juiz, em cada caso, analisar a incidência ou não do efeito confiscatório.
Alguns parâmetros para a cognição judicial estão delineados pela jurisprudência do STF.
ADC 8 MC / DF - DISTRITO FEDERAL: A TRIBUTAÇÃO CONFISCATÓRIA É VEDADA PELA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. - A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal entende cabível, em sede de controle normativo abstrato, a possibilidade de a Corte examinar se determinado tributo ofende, ou não, o princípio constitucional da não-confiscatoriedade, consagrado no art. 150, IV, da Constituição. Precedente: ADI 2.010-MC/DF, Rel. Min. CELSO DE MELLO. - A proibição constitucional do confisco em matéria tributária nada mais representa senão a interdição, pela Carta Política, de qualquer pretensão governamental que possa conduzir, no campo da fiscalidade, à injusta apropriação estatal, no todo ou em parte, do patrimônio ou dos rendimentos dos contribuintes, comprometendo-lhes, pela insuportabilidade da carga tributária, o exercício do direito a uma existência digna, ou a prática de atividade profissional lícita ou, ainda, a regular satisfação de suas necessidades vitais (educação, saúde e habitação, por exemplo). A identificação do efeito confiscatório deve ser feita em função da totalidade da carga tributária, mediante verificação da capacidade de que dispõe o contribuinte - considerado o montante de sua riqueza (renda e capital) - para suportar e sofrer a incidência de todos os tributos que ele deverá pagar, dentro de determinado período, à mesma pessoa política que os houver instituído (a União Federal, no caso), condicionando-se, ainda, a aferição do grau de insuportabilidade econômico-financeira, à observância, pelo legislador, de padrões de razoabilidade destinados a neutralizar excessos de ordem fiscal eventualmente praticados pelo Poder Público. Resulta configurado o caráter confiscatório de determinado tributo, sempre que o efeito cumulativo - resultante das múltiplas incidências tributárias estabelecidas pela mesma entidade estatal - afetar, substancialmente, de maneira irrazoável, o patrimônio e/ou os rendimentos do contribuinte. - O Poder Público, especialmente em sede de tributação (as contribuições
de seguridade social revestem-se de caráter tributário), não pode agir imoderadamente, pois a atividade estatal acha-se essencialmente condicionada pelo princípio da razoabilidade
Resuminho
1. Não se pode analisar o tributo isoladamente;
2. Mas, cumulativamente a outros tributos incidentes sobre a mesma manifestação de riqueza;
3. Cobrados pelo mesmo ente federativo.
Ex: ADI 2.010-DF: alíquota progressiva da contribuição previdenciária servidores públicos federais ativos - efeitos confiscatórios da tributação
Resuminho
Configura-se o caráter confiscatório de determinado tributo sempre que o efeito cumulativo, resultante das múltiplas incidências tributárias estabelecidas pela mesma entidade estatal, afetar, substancialmente e de maneira irrazoável, o patrimônio ou os rendimentos do contribuinte.
Princípio do não - confisco e as taxas 
Caráter contraprestacional das taxas: efeito confiscatório se “mede” em face DO CUSTO da atividade estatal e o VALOR cobrado a título de taxa. (ADI 2.551-MC-QO)
Princípio do não - confisco e as multas 
A restrição é aplicável às multas tributárias, ainda que o texto literal do art. 150, IV. CRFB/88 faça menção a que o Princípio em tela seja aplicado aos tributos: ADI 551-RJ
Princípio do não - confisco e as multas 
Princípio da não limitação do tráfego de pessoas e bens
Art. 150, V, CRFB/88
A liberdade de ir e vir é um dos fundamentais pilares de um
Estado Democrático de Direito (CRFB/88, art. 5°, XV)
A CRFB/88 VEDA: estabelecimento de limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público (art. 150, V).
Exceção: possibilidade de cobrança do ICMS interestadual: art. 155, VII, CRFB/88.
A liberdade de ir e vir é um dos fundamentais pilares de um
Estado Democrático de Direito (CRFB/88, art. 5°, XV)
A CRFB/88 VEDA: estabelecimento de limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público (art. 150, V).
Natureza jurídica do pedágio: questão controversa
O pedágio
Cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público (art. 150, V).
1º) “selo-pedágio” (Lei nº 7.712/88): natureza jurídica de taxa, com base no RE 181.475/RS
2º) pedágio “atual”: 
2.1. O próprio STF reconheceu que os pedágios atuais têm peculiaridades inexistentes no regime do selo-pedágio, de forma que a natureza jurídica desses não pode ser feita mediante a adoção do RE 181.475/RS;
2.2. Reconhecimento da não - Compulsoriedade dos pedágios atuais;
2.3. ADI 800/RS: pedágio instituído por Decreto 34. 417/92 - regime contratual: pedágio é preço público.
Cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público (art. 150, V).
2.4. Melhor conclusão: “utilização de vias públicas” - vias conservadas pelo Poder Público - porém, essa conservação é repassada ao particular pelo regime de concessão (contratual). 
2.5. Remuneradas por tarifa ou preço público: art. 26 da Lei nº 10.233/2001:
Art. 26. Cabe à ANTT, como atribuições específicas pertinentes ao Transporte Rodoviário:
VI – publicar os editais, julgar as licitações e celebrar os contratos de concessão de rodovias federais a serem exploradas e administradas por terceiros;
§ 2o Na elaboração dos editais de licitação, para o cumprimento do disposto no inciso VI do caput, a ANTT cuidará de compatibilizar a tarifa do pedágio com as vantagens econômicas e o conforto de viagem, transferidos aos usuários em decorrência da aplicação dos recursos de sua arrecadação no aperfeiçoamento da via em que é cobrado.
98
DIFERENÇA
 TAXA X PREÇO (TARIFA)
Não existe uma posição pacifica na doutrina
 Taxa é um tributo, portanto sujeitos aos princípios de direito tributário, e seu pagamento é compulsório. 
Preços são contratados e podem ser cobrados mediante a utilização efetiva do serviço. 
Taxa e Preço( tarifa)
Entendimento majoritário 
Critério - Quem prestou o serviço. 
Se o serviço é prestado por pessoa jurídica de direito público (União, Estado, Distrito Federal, Município ou autarquias ) deverá ser remunerado por taxa; 
 Se é prestado por pessoa jurídica de direito privado (empresa pública, sociedade de economia mista ou delegado a particulares), a contraprestação toma a espécie de preço ou tarifa. 
O poder público pode delegar ou não a prestação de serviços: se os prestar diretamente, haverá taxa; se os delegar, o delegado (que não tem capacidade tributária ativa) será remunerado por preço público.
Tarifa X Preço Público:
Enunciado Nº 545 da SÚMULA do STF - DE 03/12/1969 - DJ DE 12/12/1969:
Preços de serviços públicos e taxas não se confundem, porque estas, diferentemente daqueles, são compulsórias e tem sua cobrança condicionada a prévia autorização orçamentária, em relação a lei que as instituiu.
101
Art. 151,CRFB/88
OS INCISOS TRAZEM LIMITAÇÕES À UNIÃO FEDERAL 
Art. 151, I, CRFB/88: Princípio da uniformidade geográfica:
 É vedado à União instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique distinção ou preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em detrimento de outro, admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento socioeconómico entre as diferentes regiões do País.
Pacto Federativo: art. 60,§ 4º, I, CRFB/88;
Objetivo da República Federativa do Brasil: Art. 3º, III, CRFB/88 
Zona Franca de Manaus: Art. 40 da ADCT
Isenção e Uniformidade Geográfica:
Art. 151, I, CRFB/88 e art. 176, § único do CTN.
Art. 151, II, CRFB/88: Princípio da uniformidade da tributação da renda: 
Art. 153, III, CRFB/88 IR - Imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza 
Pacto Federativo: art. 60,§ 4º, I, CRFB/88;
II - tributar a renda das obrigações da dívida pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, bem como a remuneração e os proventos dos respectivos agentes públicos, em níveis superiores aos que fixar para suas obrigações e para seus agentes;
Art. 151, II, CRFB/88, 1ª parte: renda das obrigações da dívida pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
1.1. tributação da renda obtida pelo particular adquirente do título;
1.2. A tributação dos rendimentos dos títulos Estaduais, Distritais ou Municipais, não pode ser superior à tributação da renda obtida com a venda dos títulos públicos da União;
1.2. Concorrência desleal se a tributação de outro Ente Federativo for superior do que a sua própria alíquota de tributação. 
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Art. 151, II, CRFB/88: Princípio da uniformidade da tributação da renda: 
II - tributar a renda das obrigações da dívida pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, bem como a remuneração e os proventos dos respectivos agentes públicos, em níveis superiores aos que fixar para suas obrigações e para seus agentes;
2. Art. 151, II, CRFB/88, 2ª parte: Tributação sobre a remuneração e os proventos dos agentes públicos
2.1. A tributação da renda dos agentes públicos Estaduais, Distritais ou Municipais, feita pela União não pode ser superior àquela que a União exige de seus próprios agentes.
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Art. 151, III, CRFB/88: PRINCÍPIO DA PROIBIÇÃO DAS ISENÇÕES HETERÔNOMAS
Pacto Federativo: 
Art. 60,§ 4º, I, CRFB/88.
Art. 151. É vedado à União:
(...)
III – instituir isenções de tributos da competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios
Art. 151, III “(...) impede que a União isente de tributos da competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. Essa regra também tem apenas o mérito de eliminar controvérsias, eis que na verdade bastaria o silêncio constitucional, posto que competente para isentar e o titular da competência para tributar (...)”. Hugo de Brito Machado
106
Art. 151, III, CRFB/88: PRINCÍPIO DA PROIBIÇÃO DAS ISENÇÕES HETERÔNOMAS:
As Exceções
Art. 156, § 3º, II, CF: trata da possibilidade de concessão pela União, por lei complementar (art. 2°, I, da LC n. 116/03), de isenção heterônoma do ISS nas exportações de serviços.
OBS: Art. 155, § 2º, XII, “e”, CF e o Art. 155, § 2o, X, “a”, CF, introduzido pela Emenda Constitucional 42/2003.
Tratados e convenções internacionais (exceção não prevista de maneira expressa na CF): acolhida como ressalva ao princípio pela doutrina e jurisprudência do STF, refere-se à possibilidade de concessão de isenção de tributos estaduais e municipais pela
via do tratado internacional.
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Art. 151, III, CRFB/88: PRINCÍPIO DA PROIBIÇÃO DAS ISENÇÕES HETERÔNOMAS:
As Exceções
Tratados e convenções internacionais (exceção não prevista de maneira expressa na CF): acolhida como ressalva ao princípio pela doutrina e jurisprudência do STF, refere-se a possibilidade de concessão de isenção de tributos estaduais e municipais pela
via do tratado internacional:
EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRIBUTARIO. (...) Âmbito de aplicação do art. 151, CF e o das relações das entidades federadas entre si. Não tem por objeto a União quando esta se apresenta na ordem externa. (...) (ADI 1.600/UF, Pleno, rel. Min. Sydney Sanches, rel. p/ ac. Min. Nelson Jobim, j. 26-11-2001)
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Não discriminação em razão da procedência ou do destino
Art. 152, da CRFB/88
Não discriminação em razão da procedência ou do destino
O art. 152, caput, da CRFB/88
, proíbe estabelecer diferença tributária entre bens e serviços, de qualquer natureza, em razão de sua procedência ou destino.
Impedir a guerra tributária entre os Entes Federados;
Harmonização com o princípio da uniformidade geográfica do art. 151, I, da CRFB/88
Não discriminação em razão da procedência ou do destino
Resuminho:
 não e legítimo a entidade politica prever quaisquer elementos discriminatórios, independentemente da denominação (v.g.,adicionais, r edutores etc.), levando em consideração a procedência ou o destino do bem. Nesse campo, apenas a União está legitimada a estabelecer discriminações, desde que se traduzam em incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio socioeconômico entre as diferentes regiões do Brasil, consoante o inciso I do art. 151 da Carta Magna.
Princípio da Transparência
Art. 150, 5º da CRFB/88 e Lei n] 12.741/2012
Transparência
A informação exigida pelos consumidores é um direito assegurado explicitamente pela CF, no âmbito das limitações ao poder tributário do
Estado.
Art. 150, 5º, da CRFB/88: a lei determinará medidas para que os consumidores sejam esclarecidos acerca dos impostos que incidem sobre mercadorias e serviços:
a) Melhor seria - extensão aos tributos e não somente quanto aos impostos IPI, ICMS e ISS.
Domicílio Tributário
Local onde o sujeito passivo, na forma da legislação tributária é chamado para o cumprimento dos seus deveres jurídicos tributários.
A regra geral do domicílio tributário é a de eleição pelo sujeito passivo, seja contribuinte ou responsável .
 
Das pessoas naturais:
a sua residência habitual, ou, sendo esta incerta ou desconhecida, o centro habitual de sua atividade; 
Das pessoas jurídicas de direito público: qualquer de suas repartições no território da entidade tributante. 
Das pessoas jurídicas de direito privado ou às firmas individuais:
o lugar da sua sede, ou, em relação aos atos ou fatos que derem origem à obrigação, o de cada estabelecimento; 
Caso a situação Fática impeça a definição do domicílio pelas regras presentes no CTN ou na recusa do foro de eleição pela Administração:
Considerar-se-á como domicílio tributário do contribuinte ou responsável o lugar da situação dos bens ou da ocorrência dos atos ou fatos que deram origem à obrigação. (CTN, art. 127, §1º, CTN)

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