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Aula Completa de Erro de Tipo e Erro de Proibição - parodia p/ Fixação

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ERRO NO DIREITO PENAL
DISTINÇÃO ENTRE ERRO DE TIPO E ERRO DE PROIBIÇÃO
No erro de tipo, a falsa percepção do agente recai sobre a realidade que o circunda; vale dizer, ele não capta corretamente os eventos que ocorrem ao seu redor. O sujeito se confunde
No erro de proibição, todavia, a pessoa tem plena noção da realidade que se passa ao seu redor. Não há confusão mental sobre o que está acontecendo diante de seus olhos. O sujeito, portanto, sabe exatamente o que faz. Seu equívoco recai sobre a compreensão acerca de uma regra de conduta. ele sabe o que faz, só não sabe que o que faz é proibido.
Apropriação de coisa achada
Art. 169, parágrafo único — Na mesma pena incorre:
II — quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade competente, dentro do prazo de 15 dias.
Exemplos clássicos:
Se a pessoa subtrai coisa de outra, acreditando ser sua, encontra-se em erro de tipo (não sabe que subtrai coisa alheia); contudo, se crê ter o direito de subtrair coisa alheia, como o caso do credor em relação ao devedor inadimplente, há erro de proibição (Hans Welzel);
Quando alguém tem cocaína em casa, na crença de que constitui outra substância, inócua (ex.: talco), comete erro de tipo; mas se souber da natureza da substância, a qual mantém por supor equivocadamente que o depósito não é proibido, incide no erro de proibição (Damásio de Jesus).
ERRO DE TIPO
Art. 20 do CP
No erro de tipo, o agente realiza uma conduta criminosa, sem se dar conta disso, por captar mal a realidade que está ao seu redor. Ele se confunde.
Nesta modalidade de erro, o agente realiza concretamente (objetivamente) todos os elementos de um tipo penal incriminador, sem, contudo, o perceber.
Exemplos:
a) A pessoa que, ao sair de um grande supermercado, dirige-se ao estacionamento e, diante de um automóvel idêntico ao seu (mesma cor e modelo), nele ingressa e, com sua chave, o aciona e deixa o local.
b) Um aluno, ao final da aula, inadvertidamente, coloca em sua pasta um livro de um colega, pensando ser o seu. 
c) uma pessoa pretende matar seu desafeto e, quando sai à sua procura, encontra-se com um sósia de seu inimigo e, por confundi-lo com a vítima visada, acaba matando a pessoa errada, ou seja, o sósia.
d) Quando alguém tem cocaína em casa, na crença de que constitui outra substância, inócua (ex.: talco)
Diferença entre erro de tipo e delito putativo por erro de tipo
É preciso sublinhar que o erro de tipo não se confunde com o chamado delito putativo (ou crime imaginário) por erro de tipo. São verdadeiros opostos.
No erro de tipo, o agente realiza uma conduta criminosa, sem se dar conta disso, por captar mal a realidade que está ao seu redor.
No delito putativo por erro de tipo ou crime imaginário por erro de tipo, há crime somente na cabeça do agente, na sua imaginação. Objetivamente, contudo, não há crime algum.
Exemplos de crime impossível
(delito putativo)
Pedro transporta uma arma de fogo de brinquedo, acreditando ser verdadeira. Ele não pratica nenhum crime, mas pensa que o faz. 
Uma mulher que ingere substância de efeito abortivo pretendendo interromper seu estado gravídico, porém a gravidez é somente psicológica. Não há falar em tentativa de aborto (CP, art. 124, c/c o art. 14, II), a não ser na mente da mulher (crime, portanto, imaginário).
 Em tais casos, aplica-se a figura contida no art. 17 do CP (crime impossível).
SIMULACRO
Outras formas de delito putativo ou crime imaginário
Delito putativo por erro de proibição: o sujeito realiza um fato que, na sua mente, é proibido por lei criminal, quando, na verdade, sua ação não caracteriza ilícito penal algum. Por exemplo: um pai mantém relação sexual com sua filha, maior de 18 anos (incesto). Essa conduta é rigorosamente censurada pela sociedade, mas não constitui crime algum. Se o agente a praticar acreditando que comete um delito, será puramente imaginário (putativo).
Delito putativo por obra do agente provocador: dá-se quando o agente pratica uma conduta delituosa induzido por terceiro, o qual assegura a impossibilidade fática de o crime se consumar. Por exemplo: um policial à paisana finge-se embriagado e, para chamar a atenção de um ladrão, com quem conversa em um bar, diz que está com muito dinheiro na carteira. O ladrão decide roubá-lo na saída do bar; ao fazê-lo, contudo, é preso em flagrante, por outros policiais à paisana que acompanhavam os fatos. Nesse caso, entende nossa doutrina que não há crime algum. O delito putativo por obra do agente provocador também é denominado delito de ensaio ou delito de experiência.
Espécies de erro de tipo
O erro de tipo pode ser essencial ou acidental.
O erro essencial sempre exclui o dolo, pois retira do sujeito a capacidade de perceber que comete o crime. Subdivide-se em erro de tipo incriminador (CP, art. 20, caput) e erro de tipo permissivo (CP, art. 20, § 1º).
O erro acidental não beneficia o agente, justamente por não impedir o sujeito de se dar conta de que pratica o delito. Compreende o erro sobre o objeto material (CP, art. 20, § 3º), o erro na execução (CP, arts. 73 e 74) e o erro sobre o nexo causal (não previsto expressamente em lei).
Erro de tipo essencial
Dá-se quando a falsa noção da realidade retira do agente a capacidade de perceber que pratica determinado crime.
Exemplos:
Motorista distraído adentrava em carro de outrem, idêntico ao seu; pessoa que portava arma de fogo verdadeira pensando ser de brinquedo; aquele que tinha em sua residência recipiente contendo pó branco, acreditando ser talco em vez de cocaína.
ATENÇÃO!!!
Em todos esses casos, o erro excluirá o dolo, tornando a conduta praticada fato atípico.
O art. 20, caput, 1ª parte, do Código dispõe que “o erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo”.
Recorde-se: o erro essencial sempre exclui o dolo, NÃO RESPONDE JAMAIS POR CRIME DOLOSO.
Mas existe a possibilidade de responder por crime culposo?
Primeiro é necessário verificar se o crime existe na forma culposa.
Segundo é necessário verificar a intensidade.
Quanto à intensidade, então, o erro pode ser:
inevitável (invencível ou escusável);
evitável (vencível ou inescusável).
Erro de tipo essencial inevitável, invencível ou escusável
Quando, pelas circunstâncias concretas, nota-se que qualquer pessoa de mediana prudência e discernimento, na situação em que o agente se encontrava, incorreria no mesmo equívoco.
Exemplos:
Um caçador atira contra um arbusto, matando uma pessoa que se fazia passar, de modo verossímil, por animal bravio.
O motorista distraído confunde seu automóvel com o de outrem no estacionamento, ingressando num veículo absolutamente idêntico ao seu e, com sua própria chave, consegue abri-lo, acrescentando-se ao fato a circunstância de que seu verdadeiro carro fora guinchado e o outro estacionara exatamente no mesmo local.
Nos dois exemplos formulados, houve erro de tipo essencial inevitável (invencível ou escusável), o qual exclui o dolo e a culpa.
O agente não responde por nenhum crime.
Erro de tipo essencial evitável, vencível ou inescusável.
Quando se verificar que uma pessoa de mediana prudência e discernimento, na situação em que o sujeito se encontrava, não o teria cometido. Isto é, teria percebido o equívoco e, portanto, não praticaria o fato.
Exemplo:
No exemplo do caçador, suponha-se que ele tenha atirado contra uma pessoa a poucos metros de distância porque, estando sem os seus óculos, a confundiu com um animal. Ele não agiu com dolo de matar alguém, embora o tenha feito, mas foi descuidado ao caçar e efetuar o disparo sem os óculos.
Nesse caso, o equívoco só irá afastar o dolo, mas permitirá a punição do agente por delito culposo, se previsto em lei.
Diferença entre erro de tipo incriminador (art. 20, caput) e permissivo
(art. 20, § 1º)
■ erro de tipo incriminador: a falsa percepção da realidade incide sobre situação fática prevista como elementar
ou circunstância de tipo penal incriminador (daí o nome); Ex: se uma pessoa efetua disparos contra outra, pensando tratar-se de um animal, comete um equívoco, na medida em que aprecia mal a realidade.
■ erro de tipo permissivo: o erro recai sobre os pressupostos fáticos de uma causa de justificação (isto é, excludente de ilicitude, que se encontra em tipos penais permissivos). Ex: Antônio se depara com um sósia de seu inimigo que leva a mão à cintura, como se fosse sacar algum objeto; Antônio, ao ver essa atitude, pensa estar prestes a ser atingido por um revólver e, por esse motivo, brande sua arma, atirando contra a vítima, que nada possuía nas mãos ou na cintura.
Observação:
O CP trata do tema no art. 20, § 1º, sob a rubrica descriminantes putativas. A redação é imprecisa, pois, na verdade, esse dispositivo somente aborda uma das espécies de descriminantes putativas, a descriminante putativa por erro de tipo. A outra, chamada de descriminante putativa por erro de proibição (ou “erro de proibição indireto”), é regida pelo art. 21 do CP.
	Exemplos de descriminantes putativas por erro de tipo:
Numa comarca do interior, uma pessoa é condenada e promete ao juiz que, quando cumprir a pena, irá matá-lo. Passado certo tempo, o escrivão alerta o magistrado de que aquele réu está prestes a ser solto. No dia seguinte, o juiz caminha por uma rua escura e se encontra com seu algoz, que leva a mão aos bolsos de maneira repentina; o juiz, supondo que está prestes a ser alvejado, saca uma arma, matando-o; apura-se, em seguida, que o morto tinha nos bolsos apenas um bilhete de desculpas (legítima defesa putativa).
 Durante uma sessão de cinema, alguém leva uma metralhadora de brinquedo e finge atirar contra a plateia. Uma das pessoas, em desespero a caminho da saída, lesiona outras (estado de necessidade putativo).
Um agente policial efetua a prisão do sósia de um perigoso bandido foragido da justiça (estrito cumprimento de um dever legal putativo).
CONCLUSÃO:
De acordo com o Código Penal, “é isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo (se previsto em lei)” (art. 20, § 1º).
A culpa imprópria 
(no erro de tipo permissivo)
No erro de tipo permissivo invencível, o sujeito, diz o CP, é “isento de pena”. Na parte final do art. 20, § 1º, ressalva a lei que, se o erro deriva de culpa, o agente responde pelo crime culposo, se previsto em lei. 
Quando alguém opera em erro de tipo permissivo vencível incorre na chamada culpa imprópria, culpa por equiparação ou por assimilação.
Erro de tipo acidental
Dá-se quando a falsa percepção da realidade incide sobre dados irrelevantes da figura típica.
Não impede o sujeito de se dar conta de que pratica o delito.
Encontra-se previsto nos arts. 20, § 3º, 73 e 74 do CP.
Subdivide-se em:
1) erro sobre o objeto material, que pode ser erro sobre a pessoa ou erro sobre a coisa;
2) erro na execução, que pode ser aberratio ictus ou aberratio criminis;
3) erro sobre o nexo de causalidade.
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Nesses casos, o agente, apesar do equívoco, percebe que pratica o crime; justamente por esse motivo, o erro não o beneficia.
1) Erro sobre o objeto material
O objeto material do crime é a pessoa ou coisa sobre a qual recai a conduta. 
Há, portanto:
 a) erro sobre a pessoa (error in persona) e 
b) erro sobre o objeto ou sobre a coisa (error in objecto).
a) Erro sobre a pessoa (erro in persona)
Dá-se quando o agente atinge pessoa diversa da que pretendia ofender (vítima efetiva), por confundi-la com outra (vítima visada).
Por exemplo: um pai ingressa em sua residência e vê sua filha pequena em prantos, quando fica sabendo que ela teria sido violentada por um vizinho chamado “João”; o genitor toma uma arma e vai à procura do algoz de sua filha e, minutos após, encontra-se com um sósia do criminoso, atirando para matar.
Nesse caso, o autor dos disparos deparou-se com um inocente, mas o confundiu com a vítima visada (“João”) dada a semelhança física entre eles. Houve um erro, porém este não impediu o agente de perceber o essencial, i.e., que matava um ser humano.
Tratando-se de um erro irrelevante, o Código Penal determina que o agente responda pelo fato como se houvera atingido a vítima pretendida (art. 20, § 3º). Isto é, na aferição da responsabilidade penal, considera-se que o homicídio fora contra “João”. Ao genitor, portanto, se imputará um homicídio doloso praticado por motivo de relevante valor moral (vingar-se do estuprador da filha matando-o) — art. 121, § 1º, do CP.
Outro exemplo: um traficante de drogas, inconformado com a inadimplência de um usuário, contrata alguém para matá-lo; para isso, entrega ao executor do crime uma fotografia da vítima pretendida; o atirador, todavia, mata o irmão gêmeo do devedor. Solução: o executor do crime responde por homicídio qualificado pela paga ou promessa de recompensa (CP, art. 121, § 2º, I), isto é, exatamente como ocorreria se houvesse matado o usuário.
Mais um exemplo: um filho pretende matar seu pai, mas confunde seu genitor com terceiro. A ele se imputará um homicídio, agravado pela circunstância contida no art. 61, II, e, do CP (crime contra ascendente).
b) erro sobre o objeto ou sobre a coisa (error in objecto).
Dá-se quando há engano quanto ao objeto material do crime e este não é uma pessoa, mas uma coisa.
São inúmeras as infrações penais em que a conduta recai sobre coisas. Imaginemos um furto, em que o sujeito pretenda ingressar em um comércio para subtrair produtos importados e revendê-los, mas, por equívoco, leva produtos nacionais. O erro é totalmente irrelevante, porquanto não altera o essencial: ele furtou bens de outrem e sabe disso. (Art. 155 CP).
Outro exemplo:
Assim, se alguém guarda cocaína para revendê-la, acreditando que detém a droga com alto teor de pureza, mas se equivoca quanto a essa condição, o erro é absolutamente irrelevante e não descaracteriza o tráfico ilícito de drogas cometido (Lei n. 11.343/2006, art. 33).
2) Erro na execução
O que ocorre é um equívoco na execução do fato. No momento em que se dá início ao iter criminis (caminho do crime), ocorre uma circunstância inesperada ou desconhecida, normalmente decorrente da inabilidade do sujeito, a qual faz com que se atinja uma pessoa diversa da pretendida ou um bem jurídico diferente do imaginado. 
Há duas modalidades de erro na execução:
 a) aberratio ictus e 
b) aberratio criminis ou delicti.
a) aberratio ictus 
(desvio na execução ou erro no golpe)
Verifica se quando a inabilidade do sujeito ou o acidente no emprego dos meios executórios faz com que se atinja pessoa diversa da pretendida.
Em tais situações, segue-se um princípio básico — o erro deve ser considerado acidental, isto é, deve o agente responder pelo fato como se houvesse atingido quem pretendia.
Por exemplo: se uma pessoa aponta a arma para seu inimigo e efetua o disparo letal, mas por má pontaria alveja terceiro, que vem a morrer, responde por crime de homicídio doloso consumado, levando-se em conta, para efeito de aplicação da pena, as circunstâncias e condições pessoais da vítima visada (e não daquela efetivamente atingida).
Em outras palavras, o Código determina que, como
princípio básico para os casos de aberratio ictus, seja adotada regra semelhante à do erro sobre a
pessoa, previsto no art. 20, § 3º, do CP. Eis o texto legal:
“Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 deste Código” (primeira parte do art. 73 do CP).
Mais exemplos:
Analise-se a seguinte situação: um terrorista arma uma bomba para explodir num palanque, onde um importante político fará seu discurso de posse; no momento em que o dispositivo é acionado, contudo, encontrava-se no local
seu assessor, que vem a falecer em virtude da explosão. Imagine-se, ainda, outro exemplo: uma pessoa envia uma carta com um pó letal a seu desafeto; ocorre que, ao chegar ao destinatário, a missiva é aberta por terceiro, que aspira o pó e falece. Em tais situações, imputar-se-á aos agentes o crime de homicídio doloso, exatamente como se houvessem matado seus “alvos”.
O art. 73 do CP regula duas espécies de aberratio ictus:
a) com unidade simples ou resultado
único (primeira parte), e
 b) com unidade complexa ou resultado duplo (segunda parte).
O erro na execução com resultado único se produz quando o desvio no golpe faz com que a conduta atinja outra pessoa, diversa da pretendida, a qual não sofre qualquer lesão. Todos os exemplos acima formulados correspondem à aberratio ictus com resultado único.
Dar-se-á, no entanto, a aberratio com resultado duplo se o agente atingir a vítima pretendida e o terceiro, por acidente ou erro na execução.
Imaginemos que uma pessoa saque arma de fogo e, com intenção letal, dispare contra seu desafeto
(X), atingindo-o e também a um terceiro (Y):
■ Ocorrendo a morte de ambos, haverá dois crimes, um homicídio doloso consumado (X) e outro culposo (Y), em concurso formal.
■ Resultando somente lesões corporais em ambos, haverá uma tentativa de homicídio (X), em concurso formal com lesões corporais culposas (Y).
■ Dando-se a morte de X e lesões corporais em Y, ter-se-ão um homicídio doloso consumado e lesões corporais culposas, em concurso ideal.
■ Verificando-se lesões corporais em X e a morte de Y, imputar-se-á ao atirador um homicídio doloso consumado (Y), em concurso ideal com uma tentativa de homicídio (X).
b) “Aberratio criminis”, “aberratio delicti” ou resultado diverso do pretendido
Ocorre quando o acidente ou erro no emprego dos meios executórios faz com que se atinja um bem jurídico diferente do pretendido. Na aberratio ictus, cuidava-se de acertar pessoa diferente; na aberratio delicti, bem jurídico diverso.
Exemplo:
Suponha-se que um invejoso pretenda arremessar uma pedra sobre o automóvel novo de seu vizinho, por não se conformar com a aquisição, só que erra o alvo e acerta a cabeça de um pedestre, que sofre lesões. Nesse caso, o equívoco no emprego dos meios executórios fez com que o autor atingisse bem jurídico diverso do imaginado (integridade corporal em vez de patrimônio).
Conclusão:
De acordo com o art. 74 do CP, primeira parte, o agente só responde pelo resultado produzido, que lhe será imputado a título de culpa (se prevista em lei a forma culposa). Note-se que, no exemplo formulado, o sujeito não responde por crime de dano tentado (CP, art. 163, c/c o art. 14, II), muito embora tenha dado início à execução de tal delito, que não se consumou por circunstâncias alheias à sua vontade (a má pontaria).
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A aberratio criminis também se subdivide em resultado único ou unidade simples e resultado duplo ou unidade complexa. Naquela, aplica-se a regra acima estudada; nesta, o concurso formal de crimes. Assim, se tencionando atingir o automóvel, o sujeito acertasse o veículo e, além disso, o pé de alguém, ferindo-o, haveria concurso ideal entre dano consumado e lesão corporal culposa.
3) Erro sobre o nexo causal ou “aberratio causae”
Dá-se quando o agente pretende atingir determinado resultado, mediante dada relação de causalidade, porém obtém seu intento por meio de um procedimento causal diverso do esperado, mas por ele desencadeado e igualmente eficaz. 
Exemplo: João, pretendendo matar seu inimigo, joga-o de uma ponte, na esperança de que, caindo no rio, morra por asfixia decorrente de afogamento; a vítima, no entanto, falece em virtude de traumatismo cranioencefálico, pois, logo após ser lançada da ponte, sua cabeça colide com um dos alicerces da estrutura.
Conclusão:
O erro considera-se acidental, de modo que o agente responderá por crime de homicídio doloso consumado.
 É de alertar, contudo, que a qualificadora da asfixia (pretendida pelo sujeito) não terá incidência, pois outra foi a causa da morte.
ERRO DE PROIBIÇÃO
Art. 21 do CP
O erro de proibição consiste na falsa percepção da realidade que recai sobre a ilicitude do comportamento.
O agente ele sabe o que faz, só não sabe que o que faz é proibido.
Pode ser uma excludente da culpabilidade.
Exemplo:
Imagine-se um indígena, criado em tribo isolada, porém com plena capacidade mental. Suponha-se que essa pessoa, ao se tornar um jovem (já com 18 anos completos), decida conhecer um centro urbano e, tão logo chega no centro de uma grande cidade, observa um canário no interior de uma gaiola; ao ver o animal preso, é tomado de revolta e, na sincera crença de que age de modo correto, quebra o objeto para libertar o pássaro. O silvícola não responderá por crime de dano (CP, art. 163), visto que atuou acreditando (de boa-fé, portanto) estar fazendo o que era certo para a situação. Sua atitude encontra-se em sintonia com sua cultura, com as regras de conduta que lhe foram ensinadas durante sua experiência de vida. Pode-se dizer, então, que ele agiu sem a menor possibilidade de conhecer o caráter ilícito do ato praticado. Em tais contextos, dar-se-á o erro de proibição, que consiste justamente na falsa percepção da realidade que recai sobre a ilicitude do comportamento.
ATENÇÃO!!!!!
A falta de conhecimento da ilicitude, por si só, não exclui a culpabilidade e, portanto, não impede que o agente receba uma pena; a falta de consciência da ilicitude isoladamente apenas diminui a culpabilidade (leia-se: a censurabilidade da conduta), fazendo com que o sujeito mereça pena menor. A culpabilidade só estará afastada se o agente, além de não dispor do conhecimento da proibição, nem ao menos detiver capacidade para adquirir tal entendimento (careça de possibilidade — ou potencial — de consciência da ilicitude). 
Assim dispõe o art. 21 do CP, em sua parte final: “O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço”.
Erro de proibição evitável e inevitável
O erro de proibição, que interfere, como visto, na consciência da ilicitude, classifica-se em:
evitável (vencível ou inescusável): quando, apesar da falta de consciência da ilicitude, constata-se que o agente possuía condições de ter adquirido tal conhecimento (seja com algum esforço de inteligência, seja com os conhecimentos que poderia apreender a partir da vida em comunidade etc.); 
e inevitável (invencível ou escusável): quando, além de não dispor da consciência da ilicitude, verifica-se que o agente nem sequer teria tido condições de alcançar tal compreensão.
O erro inevitável isenta de pena (exclui a culpabilidade); o evitável a diminui, de um sexto a um terço.
Erro de proibição direto e indireto
Direto dá-se quando a falsa percepção da realidade recai sobre a proibição constante em tipo penal incriminador; em outras palavras, o sujeito age desconhecendo que sua conduta é ilícita, quando na verdade ela configura um crime (o erro incidiu diretamente sobre a norma penal incriminadora). Exemplo: o dito popular “achado não é roubado”, quando afirmado de boa-fé, pode representar uma situação em que o sujeito, ao apropriar-se de coisa alheia, desconhece que pratica algo errado (mas, na verdade, incorre no delito tipificado no art. 169, parágrafo único, II, do CP). 
Indireto (ou erro de permissão) quando a falsa percepção da realidade incide sobre uma autorização contida em norma permissiva. Nele, o sujeito sabe que sua atitude é proibida, porém crê, equivocadamente, que no caso concreto haveria em seu favor alguma excludente de ilicitude. Exemplo: o marido sabe que não pode agredir sua esposa, porém, quando ela o trai, acredita poder fazê-lo no exercício regular de um direito; ou o sujeito que lesiona sua sogra, porque ela se intrometeu na vida do casal sem ser chamada, o que o faz supor ter o direito de ofender-lhe a honra e lesioná-la
Apropriação de coisa achada
Art. 169, parágrafo único — Na mesma pena incorre:
II — quem acha coisa alheia
perdida e dela se apropria, total ou parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade competente, dentro do prazo de 15 dias.
Erro mandamental
De registrar, por derradeiro, que o erro de proibição também pode ser denominado erro mandamental, quando se referir a um comportamento omissivo. Explica-se: nos crimes omissivos, a norma tem natureza mandamental ou impositiva, isto é, a lei determina que as pessoas na situação descrita no tipo ajam punindo criminalmente os que não o fizerem. É possível, nesses casos, que alguém obre em erro de proibição, ao não fazer algo na crença sincera de que não devia agir. Como se trata de um erro referente ao desconhecimento de uma ordem, de um mandato de ação, fala-se em erro mandamental.
Omissão de socorro
Art. 135. Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública:
Pena — detenção, de dois a seis meses, ou multa.
Demais modalidades de erro de proibição
Erro de subsunção: trata-se de um erro de interpretação. Se uma pessoa aconselha-se com um advogado, o qual lhe presta uma informação equivocada acerca do alcance de um dispositivo penal, age em erro de subsunção e pratica um comportamento delitivo, acreditando-o lícito — deverá aplicar-se o disposto no art. 21 do CP;
Erro de validade: consiste em modalidade rara de erro de proibição, em que uma pessoa sabe da existência da norma de conduta violada, mas acredita que ela se funda em lei nula ou inconstitucional. Suponha-se que um indivíduo, informado por meio de noticiário que o Supremo Tribunal Federal reconheceu a não recepção dos dispositivos legais definidores dos crimes contra a honra na Lei de Imprensa (como de fato ocorreu), acredite ser lícito o ataque ao bom nome alheio por meio de um jornal, desconhecendo que a conduta ainda é punida criminalmente, mas com base no Código Penal (arts. 138 a 140); em razão dessa má compreensão do julgamento, ofende moralmente alguém, em artigo escrito num determinado periódico. 
(177º Concurso de Ingresso à Magistratura/SP — 2005) Empregada doméstica, durante o trabalho em casa alheia, dali tomou para si certo objeto que, todavia, supunha ser seu. Esse fato configura:
a) erro de proibição.
b) erro de tipo.
c) causa de exclusão da ilicitude.
d) crime impossível.
Resposta: “b”.
 Há erro de tipo, pois o equívoco incidiu na má compreensão da realidade fática, atingindo dado previsto como elemento do tipo penal (CP, art. 20, caput).
(Procurador da República — 22º Concurso — 2005) Alice trabalhava, como diarista, fazendo limpezas semanais no apartamento de Rita. No dia seguinte à realização da festa de aniversário de sua patroa, encontrou, enquanto trabalhava, uma bolsa em cima de um móvel no canto da parede. Estava sozinha e subtraiu o objeto, pensando que fora deixado por alguma conviva. Mas, quando chegou em sua casa descobriu que a bolsa lhe pertencia e fora esquecida naquele local na semana anterior. Nesta situação, caracterizou-se:
a) o erro de tipo, excludente do dolo;
b) o crime putativo;
c) o furto, na sua forma tentada;
d) o crime impossível.
Resposta: “d”. 
Há crime impossível, por absoluta impropriedade do objeto material, já que a coisa própria não pode ser furtada. Existe, sob outra perspectiva, o chamado delito putativo por erro de tipo.
(Delegado de Polícia Civil/SP — 2011) Na aberratio ictus:
a) o agente erra a pessoa que pretendia atingir.
b) o agente erra no uso dos meios de execução.
c) o agente erra sobre a qualificadora.
d) o agente erra o objeto que pretendia atingir.
e) ocorre erro sobre o nexo causal.
Resposta: “b”. 
CP, art. 73.
ERRO (TATI CAQUI) 
Professor Rogério Lima
erro, erro, erro de TIPO, erro
erro, erro, erro de TIPO, erro
é o equivoco, da realidade, erro, erro.
 
Essencial tira a capacidade, do agente perceber que ta cometendo uma maldade.
Acidental não tira a noção, do agente perceber que ta praticando a infração.
 
erro, erro, erro de TIPO, erro
erro, erro, erro de TIPO, erro
é o equivoco, da realidade, erro, erro.
 
erro, erro, erro de PROIBIÇÃO,
erro, erro, erro, erro de PROIBIÇÃO
é o equivoco da legislação, erro, erro.
 
Proibição, escusável e inescusável
O primeiro é perdoado e o segundo é culpável.
Inescusável tem a redução, é de 1/6 a 1/3
Pois dava pra ter noção.
erro, erro, erro de PROIBIÇÃO,
erro, erro, erro, erro de PROIBIÇÃO
é o equivoco da legislação, erro, erro.
Erro na Execução 
Versão: Sandro Caldeira 
(Obra Original: Dia de Domingo Compositores: MichaelSullivan e Paulo Massadas) 
Sim eu quero te matar, 
te dar um tiro no peito, 
Mas se o alvo eu errar, 
e acertar outro sujeito, 
Bis... 
Mesmo assim vou responder 
como se tivesse acertado 
a pessoa que eu queria, 
ter então matado, 
Isso está previsto no artigo 73, 
é Aberratio Ictus. 
Refrão... 
Não tem jeito eu sou ruim de mira, 
Atirei nele e acertei em outro cabeção, 
Com certeza vou continuar tentando, 
Será que da pra treinar tiro na prisão 
Agora eu quero acertar, 
com uma pedra essa vidraça, 
Mas se o alvo eu errar, 
e te acertar, mas que desgraça! 
Bis... 
Então como ficará 
minha responsabilidade, 
sempre que acontecer 
a Aberratio Delicti, 
eu sempre responderei 
pelo resultado diverso, 
à título de culpa. 
Refrão... 
Não tem jeito eu sou ruim de mira, 
Joguei a pedra e acertei em outro cabeção, 
Com certeza vou continuar tentando, 
Será que da pra jogar pedra na prisão

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