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2 - MELHORAMENTO ANIMAL
2.1 – MÉTODOS DE REPRODUÇÃO ou TIPOS DE ACASALAMENTO: consanguinidade,
cruzamentos e hibridismo.
Consanguinidade ou endogamia: é o método de acasalamento em que os parceiros são
selecionados forçosamente entre indivíduos parentes. Podemos considerar a consanguinidade:
a) Quanto ao parentesco entre os indivíduos que se acasalam.
Estreita: Quando o grau de parentesco entre os pais é igual a 50%. É o que ocorre nos
acasalamentos entre pai x filha; mãe x filho e entre irmãos completos
Larga: Quando o grau de parentesco entre os pais é menor que 50%. Como exemplo
acasalamentos entre meio-irmãos, entre primos, tio e sobrinha, etc.
b) Quanto a situação dos reprodutores na genealogia do animal. 
Em linha: (linebreeding) Quando os reprodutores se encontram em linha reta no pedigree, isto é,
um deles é ancestral comum. Ex: A x C; A x E …
Cruzamento ou exogamia: É o acasalamento entre indivíduos de raças diferentes ou quando
dentro da mesma raça entre linhagens diferentes. Chamados de “crossbreeding”.
O objetivo principal dos cruzamentos é a obtenção do vigor híbrido ou heterose, que é a
superioridade média dos filhos em relação a média dos pais.
Estimativa da heterose (H): É avaliada pela superioridade média de produção do F1 em relação
a média dos pais mediante a seguinte expressão:
%H =
XF 1−XP
XP
 x100 
onde,
XF1 = média de produção dos filhos
XP = média de produção dos pais
Exemplo: Gir x Holandês = Girolando
Gir produz 20l/leite/dia
Holandês produz 22l/leite/dia
Média = 
20+22
2
= 21 litros/dia
Girolando produz 22l/leite/dia, então:
%H = 
22−21
21
x100=4 ,7%
Ou,
Heterose positiva de 4,7%.
2.2 – SISTEMAS DE CRUZAMENTOS:
a) Cruzamento simples ou industrial: Este tipo de cruzamento permite a máxima obtenção de
heterose é comumente utilizado em aves, suínos, bem como em bovinos de corte e leite. Os machos
F1 obtidos são destinados ao abate, enquanto as fêmeas são comercializadas para reprodução, ou,
utilizadas como passo inicial para outros cruzamentos.
Exemplo: AA x aa
F1 = Aa – 100% heterozigose
b) Cruzamento alternado: é o cruzamento rotacional com duas ou três raças. Consiste na
utilização alternada de reprodutores de raças diferentes. Este processo tem sido largamente utilizado
em gado de corte.
Exemplo: com duas raças
A x B
F1 = AB (50% A e 50% B - este animal é cruzado novamente com a raça A)
AB x A
F2 = AAB (75% A e 25%B – este animal é cruzado com B)
F3 = AABB (27,5% A e 62,5% B – neste caso obtém-se 67% de heterozigose).
Exemplo com 3 raças
A x B
F1 = AB
AB x C
F2 = ABC neste caso obtém-se 85% de e=heterozigose, chama-se cruzamento threecross.
c) Cruzamento contínuo ou de absorção: Por este processo, a tendência é absorver-se a raça
nativa ou a da população base, através do uso contínuo de reprodutores da raça geneticamente
superior até formar o PPC (puro por cruza). O processo exige mudanças graduais a cada geração,
pois a medida que a composição genética dos animais cresce em direção a raça especializada, as
exigências quanto a nutrição, sanidade e instalações são maiores.
Exemplo: Charolês x Nativo
F1 = 
1
2
C+ 1
2
N (ou seja, 50% Charolês e 50% Nativo), cruzando com Charolês, teremos:
(1
2
C+ 1
2
N )x C =
=
1
2
( 1
2
C+ 1
2
N )+ 1
2
C =
=
3
4
C+ 1
4
N .
F2 = 
3
4
C+ 1
4
N (ou seja, 75% Charolês e 25% Nativo), cruzando com Charolês teremos:
( 3
4
C+ 1
4
N )XC =
= 
1
2
( 3
4
C+ 1
4
N )+1
2
C =
= 
3
8
C+ 1
8
N+1
2
C =
= 
3
8
C+ 1
8
N+ 4
8
C =
= 
7
8
C+ 1
8
N .
F3 = 
7
8
C+ 1
8
N (ou seja, 87,5% Charolês e 12,5% Nativo), cruzando com Charolês teremos:
(7
8
C+ 1
8
N) xC =
= 
1
2
( 7
8
C+ 1
8
N )+ 1
2
C =
=
7
16
C+ 1
16
N+ 8
16
C =
=
15
16
C+ 1
16
N .
F4 = 
15
16
C+ 1
16
N (ou seja, 93,75% C e 6,25% N), cruzando com Charolês teremos:
 ( 15
16
C+ 1
16
N) xC =
= 
1
2
( 15
16
C+ 1
16
N )+ 1
2
C =
=
15
32
C+ 1
32
N+ 16
32
=
=
31
32
C+ 1
32
N .
F5 = 
31
32
C+ 1
32
N (ou seja, 96,875% Charolês e 3,125% Nativo) = PPC (Puro Por
Cruza).
2.3 – MELHORAMENTO NAS DIFERENTES ESPÉCIES
a) Bovinos: Raças formadas a partir dos cruzamentos:
Santa Gertrudis = 
5
8
Shorthorn+ 3
8
Brahman
Braford ou Pampeana = 
5
8
Hereford+ 3
8
Brahman
Brangus = 
5
8
Angus+3
8
Brahman
Canchin = 
5
8
Charolês+ 3
8
Zebu
Ibagé =
5
8
Angus+3
8
Nelore
Girolando =
5
8
Holandês+ 3
8
Gir
Lavínia = 
5
8
Pardo Suiço+ 3
8
Guzerá
Tabapuã = Nelore X Gir X Guzerá
Indubrasil = Nelore X Gir X Guzerá
Pitangueiras = 
5
8
Red Polled+ 3
8
Guzerá
Principais raças leiteiras = Holandês, Jersey, Parda Suiça. Guernsey, Ayrshire, Gir e Guzerá.
b) Aves: A avicultura é a atividade da agropecuária que apresentou os maiores índices de evolução
nas últimas décadas. O Brasil é o maior exportador de carne de frango e o 2º maior produtor
mundial (2019). De acordo com a Associação Nacional da Avicultura (2020) quase 16 milhões de
frangos foram abatidos por dia no ano de 2019.
No início da década de 70, o brasileiro consumia em média 5kg de carne de frango por
habitante/ano; em 1995 o consumo per capta foi da ordem de 23kg/habitante/ano e em 2008 cerca
de 35kg/habitante/ano. Atualmente, o consumo de frango no Brasil já ultrapassa 42kg/habitante/ano
e a projeção do IBGE para o ano de 2027 estima consumo de 54kg/habitante/ano.
O melhoramento genético das aves realmente ocorreu quando duas grandes companhias
produtoras de milho híbrido (Pioner Hi-Breed Company e Dekalb Hibrid Seed Company)
resolveram aplicar as mesmas técnicas de melhoramento utilizadas na obtenção do milho híbrido,
no melhoramento das aves. Assim a indução da heterose, através do acasalamento de linhagens
consanguíneas começou a ser aplicada na década de 30.
A profissionalização da avicultura ocorreu no início do século passado. Em 1928 um frango
com 15 semanas pesava 1,5kg e consumia 5kg de ração. 
Em 1945 com o fim da 2ª Guerra Mundial houve a necessidade de se produzir proteína
rapidamente, uma vez que a maioria dos rebanhos, entre eles o bovino, haviam sido dizimados. Isso
fez com que as criações de pequenos porte e ciclo rápido, principalmente a avicultura iniciassem
seu desenvolvimento.
Nos EUA, pesquisadores desenvolveram e cruzaram raças como a New Hapshire (Figura 1) e a
Plymouth Rock (Figura 1).
Figura 1 – Da esquerda para a direita - Aves New Hapshire, Plymouth Rock (Barrada) e White
Cornish. Retiradas do sítio eletrônico: https://www.purelypoultry.com.
Em 1948, desenvolveram a Red Cornish, seguida pela White Cornish e White Rock. O que
ocorreu desde então até os dias atuais foi um intenso processo de seleção e cruzamentos,
descaracterizando as raças e originando linhagens específicas com características próprias que
quando cruzadas entre si dão origem a um produto híbrido, que não é propriamente raça, nem
linhagem, é uma marca.
Composição do frango: É um produto híbrido, resultante do cruzamento de 3 ou 4 linhagens
puras. Normalmente duas linhagens dão origem a linha fêmea matriz e duas dão origem ao macho.
• Seleciona-se as linhas puras através das famílias; (Pedigree)
• A partir do cruzamento destas, obtém-se as avós; (1º ano)
• Cruzando as bisavós, obtém-se as avós; (2º ano)
• Cruzando as avós, obtém-se as matrizes; (3º ano)
• Cruzando a matriz fêmea da linha fêmea com a matriz macho da linha macho, obtém-se o
produto final: frango de corte ou poedeira comercial (4º ano), como na Figura 2.
 Figura 2 – Planta do frango de 
corte. Retirada de www.emprapa.br
https://www.purelypoultry.com/new-hampshire-chickens-p-259.html
São necessários mais ou menos 4 anos para que se transfiram os ganhos genéticos obtidos nas
linhas puras com controle de pedigree para o frango. O melhoramento das aves é tão grande que
hoje comercialmente não se trabalha com raças e sim com marcas comerciais. Exemplos de
marcas comerciais de frangos de corte: Cobb, Ross, Hubbard etc.
Aves de postura:O criador deve escolher o tipo de ave a ser criada, sendo que as poedeiras leves produzem ovos
brancos e as semipesadas ovos vermelhos, uma boa linhagem, deve ter baixa taxa de mortalidade
e postura acima de 240 ovos por ano, dentre outras características. Atualmente aves de postura
como a Legorne (Figura 3) produzem cerca de 310 ovos por ano. É importante ressaltar que a
coloração da casca do ovo depende exclusivamente da linhagem da ave (aves brancas ovipõem ovos
de casca branca e coloridas ovos de casca marrom) e não possui relação alguma com a alimentação.
O contrário ocorre com a coloração da gema, que é influenciada pela alimentação (quanto mais
carotenoides mais escura será a gema).
Figura 3 – Ave Legorne. Fonte: Agricultural Research Service (USDA).
• Razões para o frango ser um híbrido: 
• Heterose: efeito benéfico da combinação de linhagens distintas que faz com que o
desempenho do híbrido seja superior ao desempenho médio das linhagens puras dos pais. É
importante para as características reprodutivas = produção de ovos ± 10%; no entanto há
relatos para matrizes de corte de até 20%.
• Complementariedade: As linhagens de machos são fortes em ganho de peso, eficiência
alimentar e conformação (complementam as deficiências da linha fêmea).
• Especificidade: O ganho genético em uma característica é inversamente proporcional ao
número de características sob seleção. Quanto maior o número de características
selecionadas, menor o ganho em cada uma.
• Segurança do patrimônio Genético: Apenas os híbridos são comercializados e, o uso de
um híbrido jamais voltará a sua origem de pureza; isso assegura o investimento de quem
trabalha com genética.
https://en.wikipedia.org/wiki/Agricultural_Research_Service
CRITÉRIOS DE SELEÇÃO
No passado as características selecionadas eram basicamente o ganho de peso e a conversão
alimentar. Atualmente são várias as características, principalmente aquelas ligadas ao rendimento de
carcaça. 
 Quanto ao frango vivo: 
• Peso corporal
• Eficiência alimentar
• Conformação de carcaça
• Empenamento
• Pigmentação de pernas e penas
• Aspecto físico do peito
 Quanto a carcaça: 
• Rendimento da carcaça eviscerada
• Rendimento de carne de peito
• Rendimento de coxa
• Teor de gordura
 Quanto a reprodução: 
• Produção de ovos incubáveis
• Fertilidade
• Eclodibilidade
 Quanto a resistência: 
• Viabilidade do frango
• Viabilidade da matriz
• Resistência a doenças
• Tamanho dos órgãos internos
• Tamanho e/ou resistência dos ossos
c) Suínos: Destacam-se as raças nacionais: Piau, Canastra, Caruncho, Sorocaba, Moura,
Pereira e Junqueira. Como características morfológicas: animais curtos, com rugas na pele e
com papada. Suas características produtivas são: baixo rendimento e qualidade de carcaça,
baixo ganho de peso e conversão alimentar ruim. Já as características reprodutivas são:
baixa prolificidade (8-10 filhotes) e habilidade materna. Possuem alta rusticidade e são
animais tardios. 
Merece destaque a linha de suínos desenvolvida pela EMBRAPA (Figura 4). 
 
Figura 4 – Família light. Retirada do sítio eletrônico: www.embrapa.br.
Raças estrangeiras de suínos:
• Large White (LW): 
◦ Origem: Inglaterra
◦ Características morfológicas: Linha dorso lombar reta, boa morfologia dos terços
anteriores e posteriores; bons aprumos, grande perímetro torácico e orelhas asiáticas.
◦ Características produtivas: Alto rendimento de carcaça, ótima qualidade de carcaça e
conversão alimentar.
◦ Características reprodutivas: Ótima habilidade materna, alta prolificidade e precocidade
reprodutiva, machos e fêmeas podem ser usados na reprodução.
• Landrace (LD):
◦ Origem: Dinamarca
◦ Características morfológicas: Linha dorso lombar reta, pele despigmentada, pelos
brancos e mamas bem inseridas e orelhas célticas.
◦ Características produtivas: alto rendimento de carcaça, alta percentagem de cortes
nobres (pernil e lombo) e bom ganho médio diário (GMD).
◦ Características reprodutivas: Ótima habilidade materna, alta prolificidade e precocidade
reprodutiva, machos e fêmeas usados na reprodução
◦ Algumas linhagens apresentam o gene halotano (vulgo gene do estresse) gerando a
carne PSE (síndrome da carcaça pálida, flácida e exsudativa).
• Duroc:
◦ Origem: EUA
◦ Características morfológicas: pele totalmente pigmentada, pelagem vermelha variando
do dourado ao castanho, lombo arqueado e orelhas ibéricas.
◦ Características produtivas: boa qualidade de carcaça, alto rendimento, ótima conversão,
marmorização da massa muscular (maciez na carne).
◦ Características reprodutivas: média prolificidade, baixa habilidade materna, precocidade
reprodutiva, alta rusticidade. Somente macho usado para a reprodução (linha macho de
excelência).
• Pietran (P):
◦ Origem: Bélgica
◦ Características morfológicas: Pelo curto com manchas vermelhas ou escuras
pigmentadas e orelhas asiáticas. 
◦ Características produtivas: alto rendimento de carcaça, carne de boa qualidade e ótima
conversão alimentar.
◦ Características reprodutivas: boa prolificidade, baixa habilidade materna. Linha macho
usada para cruzamentos, tem resistência aos fatores estressantes.
• Hampshire (H):
◦ Origem: EUA
◦ Características morfológicas: faixa de pelagem branca despigmentada circulando toda a
região dianteira, na região das cruzes. 
◦ Caraterísticas produtivas e reprodutivas: Iguais ao Pietran.
Na Figura 5 estão ilustrações das raças LW, LD, P e D expostas acima.
Figura 4 – Raças estrangeiras de suínos utilizadas no Brasil.
Cruzamentos comerciais
Fêmeas cruzadas Macho Preferencial Macho alternativo
LW x LD D LW ou LD
D x LD LW D ou LD
LD x LW D LD ou LW
Características observadas para os cruzamentos
Linha Macho Linha fêmea
Velocidade de crescimento Velocidade de crescimento
Conversão alimentar Conversão alimentar
Mérito Capacidade leiteira
Qualidade da carcaça Habilidade materna e prolificidade

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