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Respostas - Questionário de Arbitragem

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RESPOSTAS 
QUESTIONÁRIO ARBITRAGEM
1. A arbitragem pode ser definida, assim, como o meio privado, jurisdicional e alternativo de solução de de conflitos decorrentes de direitos patrimoniais e disponíveis por sentença arbitrar, definida como título executivo judicial e prolatada pelo árbitro, juiz de fato e de direito, normalmente especialista na matéria controvertida. A natureza jurídica da arbitragem é de jurisdição. O árbitro exerce jurisdição porque aplica o direito ao caso concreto e coloca fim a life que existe entre as partes, sendo sua decisão exteriorizada por meio de sentença, que tem qualidade de título executivo judicial, não havendo necessidade de ser homologada pela jurisdição estatal. 
2. A arbitragem é um meio alternativo porque resulta de negócio jurídico mediante o qual as partes optam (e não são impostas) pela solução arbitral, abdicando da jurisdição estatal em razão dos eus direitos patrimoniais disponíveis. 
3. A Lei 9.514/97 fortalece a arbitragem como meio de solução de controvérsias através de seu artigo 34, que diz que os contratos sobre financiamento imobiliário poderão estipular que litígios ou controvérsias entre as partes sejam dirimidos mediante arbitragem. Além disso, o novo Código de Processo Civil também a fortalece tendo em vista a impossibilidade de buscar o judiciário quando já convencionado pelas partes a arbitragem, por meio de cláusula arbitral, ocasião em que o juiz deverá extinguir o processo sem resolução do mérito (se devidamente alegada a convenção arbitral em contestação), conforme estabelecem os artigos 337, X e § 5º e 485, VII, todos do novo CPC. 
4. Os meios para solução dos conflitos qualificados como “heterocomposição” são: jurisdição estatal e arbitragem. A jurisdição estatal é a imposição da solução do conflito pelo juiz, por meio da sentença ou acórdão (Poder Judiciário). A arbitragem é a imposição da solução do conflito pelo árbitro, cuja decisão de uma questão de direito patrimonial e disponível equivale a uma sentença transitada em julgado.Os qualificados como “autocomposição” são: conciliação, mediação e transação. Na conciliação, há a proposta de solução pelo conciliador, mas não há imposição. Na mediação, o mediador auxilia as partes, mas não decide e nem propõe soluções. E na transação, as partes entram em acordo sem a intervenção de um terceiro, quando tratar-se de direitos patrimoniais de caráter privado. A transação é regulada pelos artigos 840 a 850 do Código Civil. Ressalta-se que o resultado útil da conciliação e da mediação é a transação (acordo), que, como dito, também pode ser feita de forma autônoma. Portanto, a diferença é que na heterocomposição há a imposição de solução por um terceiro (juiz ou árbitro) enquanto na autocomposição não há imposição alguma, ficando a critério das partes entrar em acordo ou não. 
5. A arbitragem pode ser (i) de direito, (ii) de equidade, isto é, pela aplicação da solução que parecer, ao árbitro, coerente e justa (iii) pela aplicação dos princípios gerais de direito e (iv) pelos usos e costumes.
A arbitragem de direito pode ser pela:
a) aplicação da lei nacional, conforme prevê o artigo 9º, §2º da LINDB – Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, que é a regra;
b) aplicação da norma escolhida na convenção de arbitragem desde que haja convenção entre as partes;
c) leis internacionais de comércio;
d) leis estrangeiras;
e) “lex mercatoria”, que é o conjunto formado pelas práticas comerciais, os usos e costumes do comércio, que independem de sistemas legais dos países;
f) leis corporativas, ou seja, as leis e normas de procedimento das empresas, entidades ou órgãos de classe.
Desta forma, diferente da jurisdição estatal, onde o juiz é obrigado a aplicar as normas brasileiras, independente da vontade das partes, na arbitragem há a liberdade das partes escolherem qualquer lei ou norma em sentido geral para solucionar as suas controvérsias, desde que essas normas ou leis, inclusive internacionais, a equidade ou os usos e costumes não afrontem normas de ordem pública e os bons costumes, como por exemplo o princípio da igualdade insculpido no artigo 5º, da Constituição Federal. 
6. O artigo 1º da Lei de Arbitragem exige das partes a capacidade de contratar pois para que as partes se submetam à arbitragem, é necessário que convencionem, por meio de um contrato necessariamente escrito, a vontade de se valerem da arbitragem para solucionar as suas controvérsias. Sim, apenas as controvérsias decorrentes dos contratos podem ser submetidas à arbitragem, conforme prevê o artigo 4º da Lei de Arbitragem (Lei nº 9.307/96). As pessoas podem ser representadas ou assistidas na convenção de arbitragem, desde que respeitados os limites decorrentes da matéria, que deve versar sobre direitos patrimoniais disponíveis. Assim, apesar de existir posições em sentido contrário, pode-se dizer que nada obsta que, circunscritos aos limites de mera administração impostos à representação, tutela e curatela, os pais, tutores ou curadores possam representar ou assistir os incapazes, firmando cláusulas ou compromissos arbitrais que versem sobre direitos patrimoniais disponíveis desses mesmos incapazes.
7. A arbitragem exige que os direitos em questão sejam patrimoniais e disponíveis, ou seja, aqueles que possuem valor econômico e são passíveis de transação. Não estão no âmbito do direito disponível as questões relativas a direito de família, principalmente ao estado das pessoas (filiação, pátrio poder, casamento, alimentos), aquelas relativas ao direito de sucessão, as que têm por objeto as coisas fora do comércio, as obrigações naturais, as relativas ao direito penal, entre tantas outras que estão fora dos limites em que pode atuar a autonomia da vontade dos contratantes, nos termos do artigo 852 do Código Civil. Porém, admite-se que os reflexos patrimoniais dessas questões sejam dirimidos pela arbitragem, como por exemplo a partilha do patrimônio na separação e os danos decorrentes de fato típico. 
8. A arbitragem institucional, também conhecida como arbitragem administrada, é aquela em que as partes optam, na cláusula arbitral ou no compromisso, por se submeter à arbitragem perante uma entidade especializada, que tratará dos aspectos formais, intimações, secretaria e, até, da escolha dos árbitros. Na arbitragem “ad hoc” ou arbitragem avulsa, as partes não se submetem a uma entidade especializada para administrar a arbitragem e tratam de todo o procedimento e, neste caso, há risco maior de nulidade em razão de desrespeito aos princípios impositivos posto que não á uma entidade que administrará o procedimento e o próprio árbitro e as partes deverão regular o procedimento arbitral. 
9. Já se discutiu se a arbitragem é ou não constitucional em razão do princípio da inafastabilidade da tutela jurisdicional pelo Poder Judiciário (art. 5º, XXXV, da CF).
O STF entendeu que a arbitragem é constitucional, vez que:
A inafastabilidade da tutela significa que a lei não pode excluir do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito, ou seja, a jurisdição estatal é um direito e não um dever;
Ocorre que, ao contratar, as partes já dispõem do Poder Judiciário, que não foi afastado pela Lei de Arbitragem, a qual apenas coloca à disposição delas a possibilidade de levar seus conflitos à arbitragem se assim manifestarem livremente suas vontades (ninguém é obrigado a firmar cláusula compromissória ou compromisso arbitral);
Assim, em consonância com o princípio contratual da autonomia da vontade, se as partes, que já contam com o Poder Judiciário para dirimir seus conflitos, resolvem submetê-los através da cláusula arbitral ou do compromisso à solução pela arbitragem, geram uma obrigação que, como é cediço, foi feita para ser cumprida: pacta sunt servanda;
Demais disso, a arbitragem, que somente decorre da vontade das partes, encontra semelhanças com a transação, de tal sorte que as partes, de antemão, já estabelecem como seus conflitos patrimoniais e disponíveis serão resolvidos, o que nãoencontra óbice no sistema.
Tudo isto significa que a arbitragem é constitucional posto que:
a)   Não é a lei de arbitragem que afasta do poder Judiciário a apreciação de lesão ou ameaça a direito, mas são as partes que o fazem na convenção de arbitragem em razão de seus direitos patrimoniais e disponíveis;
b)   A ação é um direito conferido às partes e não um dever. Ninguém é obrigado a procurar o Poder Judiciário em razão de direitos patrimoniais e disponíveis supostamente violados; e,
c)   Como a arbitragem é semelhante à transação, posto que as partes convencionam a forma de solucionar suas diferenças; assim, como é lícito às partes transacionar sobre direitos patrimoniais e disponíveis, também lhes é lícito, utilizando seu poder negocial em razão de direitos patrimoniais e disponíveis, se vinculem à arbitragem. 
10. O CDC prevê que é nula de pleno direito as cláusulas relativas à utilização compulsória de arbitragem (art. 51). O CDC não proíbe a arbitragem mas a condiciona. Somente será nula a cláusula que obrigue o consumidor a fazer a arbitragem. Assim, como regra, temos que é nula a cláusula arbitral nas relações de consumo tendo em vista que esta é pactuada antes do conflito. Já o compromisso é válido uma vez que é estipulado após o conflito. Sendo assim, no compromisso não há obrigatoriedade de resolver eventuais conflitos via arbitragem pois quando o consumidor comprou o produto não havia clausula arbitra mas depois as partes podem convencionar. Logo, não houve utilização compulsória da arbitragem. Caso seja firmada cláusula contrária á norma consumerista a questão não pode ser conhecida "de ofício" por um juíz togado pois a competência inicial para verificar uma nulidade é do árbitro e não do juíz. A cláusula arbitral é admitida apenas nos casos em que não estiver presente a imposição ou a vulnerabilidade jurídica do consumidor. Assim, o consumidor pode, excepcionalmente, firmar cláusula arbitral se não for vulnerável juridicamente, uma vez que, nessa hipótese, não haveria utilização compulsória da arbitragem, que é vedada pelo artigo 51, VII, do CDC. 
11. A Lei de Arbitragem prevê que, nos contratos de adesao, a arbitragem só será admitida quando tratar-se de compromisso arbitral ou, tratando-se de cláusula arbitral, será admitida se não se tratar de contrato de consumo, for por escrito, mesmo que no bojo do contrato ou em documento apartado, a cláusula esteja em destaque e, haja assinatura específica para a cláusula arbitral no bojo do contrato ou no documento apartado.Assim, nos contratos de adesão, seja em relação de consumo ou não, é permitido o compromisso arbitral, isto é, a convenção mediante a qual as partes se comprometem a submeter os conflitos à arbitragem depois que já são existentes.
Já nos contratos que configuram a relação de consumo (art. 51, VII do CDC), em regra não é possível a cláusula arbitral. Sendo admitida nos demais contratos de adesão que não configurem relação de consumo e, nesses contratos, a Lei de Arbitragem prevê forma escrita, cláusula em destaque e visto do lado, conforme mencionado. 
12. Com relação aos conflitos individuais trabalhistas, costuma-se afirmar que não cabe arbitragem, em razão da irrenunciabilidade dos direitos trabalhistas. Contudo, embora os direitos sejam de fato irrenunciáveis, nada obsta, depois de adquiridos e diante do conflito, que as partes formem compromisso arbitral, vez que os direitos são patrimoniais e suscetíveis de transação. Já nos conflitos coletivos, a Constituição Federal, no art. 114, p. Primeiro, dispõe que é possível a arbitragem frustrada a negociação coletiva. 
13. Não seria possível, em um primeiro momento, em virtude do interesse público, que é indisponível. Porém a lei de concessões (art 23-A) expressamente prevê a possibilidade da aplicação de arbitragem. A lei de PPP (art 11, III) também prevê a possibilidade de o edital da parceria prever a arbitragem, desde que em língua nacional. Além dessas leis, que expressamente preveem a possibilidade de instituição de arbitragem, seja lá qual for a hipótese, sempre que houver a participação do Estado em contratos privados é possível a arbitragem pois trata-se de ato discricionário do Estado, isto é, pode o mesmo instituir a arbitragem em seus contratos. Somente não é possível usar a arbitragem para suprir o poder de polícia, o controle de atividade econômica (CADE), direito tributário, atividades tarifárias e etc. 
14. Há previsão expressa na lei das sociedades anônimas que há a possibilidade de solução de conflitos por meio de arbitragem. Como às sociedades limitadas, poderá ser aplicada, subsidiariamente, a lei das sociedades anônimas nada obsta que o contratosocial de uma sociedade limitada preveja a mesma possibilidade. No caso de dissidência no caso de alteração estatuária no âmbito das sociedades anônimas há a possibilidade de solução por meio da arbitragem tendo em vista que a cláusula seria útil uma vez que o artigo 1085 permite que a exclusão do sócio pode ser feita por assembléia, portanto tal exclusão pode ser judicial ou não.
 
15. A doutrina diz que a interpretacão do artigo 1.030 do Código Civil não deve ser gramatical sendo que onde se lê "judicial", deve ser ler "jurisidiconal" uma vez que o artigo 1085 do mesmo código permite que a exclusão do sócio pode ser feita por assembléia. Então, se houver cláusula no contrato social que permita a exclusão do sócio por voto de maioria, pode haver a exclusão não judicial de sócio portanto tal ato pode ser judicial ou não. Assim, a inserção de cláusula arbitral no contrato é útil e válida. Caso o sócio queira anular a previsão contratual, irá fazê-lo por meio da arbitragem, e não por meio judicial. 
16. Com a decretação da falência, a arbitragem deve manter seu curso normal para a verificação de eventual credito, impulsionada pelo administrador judicial, de acordo com o parágrafo único do art. 76 da Lei 11.101/2005 (Lei de Falências), ou seja 	em razão de quantias ilíquidas, que devem ser apuradas em razão da arbitragem decorrente de convenção anterior a quebra, por demandas já propostas. 
Desta forma, as quantias ilíquidas que já se encontrarem em discussão no juízo arbitral, nele permanecerão ate a formação do titulo para a habilitação no juízo universal da falência. As ações sobre quantias ilíquidas ainda não propostas, ou que versarem sobre bens, interesses e negócios do falido (essas, mesmo já propostas), serão atraídas pelo juízo universal da falência, sendo impossível, portanto, a solução arbitral. 
Todas as ações, inclusive as exceções, que poderão seguir pela via arbitral, serão levadas a efeito pelo administrador judicial, este que devera ser intimado para representar a massa falida sob pena de nulidade do processo, como remete o art. 76, da Lei 11.101/20005.
Na recuperação judicial, se houver divergência entre os credores sobre o cumprimento do plano aprovado, que pode levar a convolação da recuperação em falência, é possível a utilização da arbitragem desde que haja clausula arbitral aprovada entre a condições estabelecidas. No entanto, a clausula arbitral aprovada não vinculará para esse efeito, aqueles credores que objetaram a aprovação do plano de recuperação.
Em relação as ações em curso, que versem sobre quantias ilíquidas, contra o devedor que teve deferido o processamento da recuperação, continuarão após o prazo de suspensão legal de 180 dias do inciso 4 do art. 6 da Lei 11.101/2005, já as ações ainda não propostas, que versem sobre quantias ilíquidas ficarão suspensas no prazo legal de 180 dias, quando poderão ser propostas normalmente pela arbitragem em respeito à convenção previa de arbitragem.
Caso a sentença arbitral favoreça o devedor em recuperação, o credor poderá propor a ação anulatória do Art 33 da Lei da Arbitragem, nada obstante a suspensão de todas as ações contra o falido contra o falido pelo prazo de 180 dias de suspensão do curso de prescrição e de todas as ações e execuções em face do devedor, e este é o caso de decadência e não de prescrição.17. É sim possível a resolução de conflitos nos condomínios edilícios através da arbitragem. Nas hipóteses de conflitos entre os condôminos e o condomínio, ou ainda entre os condôminos, exige-se a previsão da arbitragem na convenção do condomínio, que obrigará a todos, inclusive aqueles que adquirirem as unidades após a convenção já estabelecida. Para que haja alteração neste documento, com o objetivo de incluir cláusula arbitral, será necessária aprovação unânime, posto que ninguém é obrigado a ser submetido à arbitragem. Caso não haja cláusula arbitral na convenção e o conflito já esteja instaurado, poderá ser ser solucionado por arbitragem mediante compromisso, desde que as Partes assim resolvam. Já para os casos de conflitos decorrentes de relações laterais, ou seja entre o condomínio e os fornecedores de bens ou serviços ou em face da administradora contratada para auxiliar o síndico, a arbitragem será possível somente se houver pacto arbitral especial entre eles. Em suma, dependerá de cláusula arbitral ou compromisso específico para cada contrato firmado e conflito.
Em relação à locação de imóveis urbanos, não há nenhum impedimento para a solução de conflitos mediante arbitragem, sendo inclusive possível a previsão de cláusula arbitral nos contratos de locação.
18. A arbitragem somente pode ser adotada em razão da vontade das partes. Desta forma, aarbitragem não é obrigatória se tomarmos como base que ninguém pode ser obrigado a se submeter a esta forma de solução de conflitos que, por definição, é alternativa. Porém, manifestada tal vontade pelas partes (que não são obrigadas a manifestá-la), em razão do princípio da autonomia da vontade, surge uma obrigação, de modo que, a partir dela, a arbitragemse torna obrigatória (“pacta sunt servanda” – os pactos são para serem cumpridos). Com efeito, caso uma das partes leve o conflito ao Poder Judiciário depois de ter pactuado a arbitragem e mediante obrigatória alegação da convenção da arbitragem na contestação (art. 337, X e §§ 5º e 6º do CPC), o processo deve ser extinto sem resolução do mérito, nos termos do art. 485, VII e 337, X, do CPC, ainda que a questão envolva a validade da convenção de arbitragem ou do contrato que eventualmente a contenha.
Portanto, as partes têm a faculdade de submeter seus conflitos à arbitragem, e, se assim procederem, se tornará evidente a vinculação ao que contrataram, tornando-se obrigatória arbitragem a partir de então.
19. Não, a cláusula de eleição de foro nos contratos não é incompatível com a cláusula arbitral, podendo as duas coexistir no mesmo contrato. Inclusive, existem hipóteses de necessidade do Judiciário no âmbito da arbitragem, como a execução da sentença arbitral, a condução coercitiva de testemunhas, a execução das antecipações de tutela, a efetivação de cautelares e a execução específica da cláusula arbitral, conforme previsto no art. 7º da Lei de Arbitragem.
20. A arbitragem será útil, visto que é possível a convivência de um título executivo e cláusula arbitral presentes no mesmo contrato. Entretanto, se o julgamento do conflito for decorrente do contrato e destinado para a arbitragem, não irá interferir no valor executado, conforme artigo 784, II- IV e VIII e 786 do Código de Processo Penal. Ainda, os atos de execução forçada serão sempre judiciais.
21. A cláusula arbitral é o modo de arbitragem através do qual as partes em um contrato comprometem-se a submeter à arbitragem caso eventualmente haja litígios derivados de um contrato.  Trata-se de cláusula  compromisso, necessariamente escrita, e a parte não poderá esquivar-se, caso haja conflito, este irá ser resolvido através da arbitragem. O compromisso arbitral é o modo pelo qual as partes renunciam ao Poder Judiciário e se obrigam a se submeter à decisão se árbitros por elas indicados, ou ainda o instrumento de que se valem os interessados para, de comum acordo, atribuírem a terceiro a solução de pendências entre eles existentes.
22. Clausula arbitral vazia e clausula arbitral cheia são espécies de cláusula, que se diferenciam pelo preenchimento de todos os requisitos obrigatórios previstos no art. 10 da lei de arbitragem. 
A clausula arbitral vazia é a clausula deficiente, é aquela que, embora preveja a arbitragem, não prevê a forma de sua instituição, notadamente porque falta a indicação do arbitro ou das demais condições obrigatórias do art. 10 da Lei de arbitragem. A consequência da clausula arbitral vazia é a necessidade de após o surgimento do conflito, antes de dar inicio à arbitragem, as partes firmarem um compromisso para suprir aquela ausência de requisito. Desta forma, a clausula vazia necessita também de um compromisso. Se as partes não chegarem em um acordo sobre aquele requisito deficiente, as partes terão que procurar o judiciário para que o juiz prolate uma sentença determinando aquele requisito faltante. Trata-se de ação de execução especifica da clausula arbitral vazia, prevista no art. 6 e 7 da lei de arbitragem. No Judiciario o juiz tentara de inicio resolver por acordo o conflito de fundo entre as partes, caso não seja possível tentará resolver o conflito da clausula vazia.
Não há necessidade desse procedimento de firmar um compromisso ou provocar o judiciário quando a clausula arbitral for cheia. Na clausula arbitral cheia estão presentes todos os requisitos necessários para a compromisso de arbitragem. Desta forma quando surgir o conflito as partes já podem provocar o arbitro sem necessidade de fazer um compromisso. 
23. Suponhamos que haja uma cláusula arbitral nula inserida no contrato. Havendo necessidade de solução jurisdicional, o interessado poderá buscar diretamente o Poder Judiciário em razão da nulidade da convenção de arbitragem? Explique, discorrendo sobre o princípio que fundamenta a sua resposta.
As partes nao poderão recorrer ao judiciário de imediato, tendo em vista a autonomia da clausiula arbitra. Qualquer alegação de nulidade da clausula arbitral deverá ser alegada ao arbitro, ainda que a disputa verse sobre a existência, validade ou eficácia da clausula arbitral ou do compromisso arbitral.
Qualquer questão envolvendo a invalidade, ineficácia ou nulidade da convenção de arbitragem, pelo principio da competência- competência insculpido nos arts. 8 e 20 da lei de arbitragem, deve ser levada inicialmente para decisão arbitral. Somente se o arbitro não reconhecer a pretensa invalidade, o poder judiciário poderá fazer o controle por meio da ação anulatória prevista nos arts. 32, I e II, e 33, § 1º, da lei de arbitragem.
24. De acordo com o art. 13 da Lei de Arbitragem, qualquer pessoa capaz que goze confiança das partes pode ser árbitro. Apesar da lei mencionar que qualquer pessoa pode ser árbitro, o art. 95, p. Unico, I da Constituição Federal dispõe que o juiz togado nao pode ser árbitro. Com relação à pessoa jurídica, a maioria da doutrina sustenta que não há a possibilidade de ser árbitro, somente pessoa natural. Contudo, há doutrinador que sustenta que a pessoa jurídica é dotada de capacidade de fato e personalidade jurídica. Portanto, seria possivel que em determinados casos a pessoa jurídica fosse árbitro. 
25. O arbitro é juíz de fato e de direito, tem o poder de proferir sentença com a mesma força de uma sentença judicial transitada em julgado.
O arbitro tem o dever de imparcialidade, deve decidir sem se envolver com as partes. Deve ser independente, deve se manter distante das partes. Deve ser competente para decidir, deve conhecer da matéria que lhe é submetida. E ainda, tem o dever de discrição, deve ser discreto e não divulgar os conflitos que lhe são submetidos.
O descumprimento de qualquer dos deveres impostos ao arbitro, por lei ou pela convenção de arbitragem a que o arbitro adere ao aceitar o mister, obriga-o a responder pelos danos que causar.
26. Os árbitros são equiparados, no desempenho de sua função, aos funcionários públicos, para efeito da legislação penal, conforme determina o art. 17 da Lei de Arbitragem. Pode-se dizer que o motivo dessaequiparação se deve ao fato que o legislador quis imputar ao árbitro a mesma responsabilidade do juiz togado no desempenho da função, especialmente porque o equiparou, no art. 18 da Lei de Arbitragem, ao juiz togado, quando determina que o árbitro é juiz de fato e de direito. Assim, tendo em vista esta equiparação entre o árbitro e o funcionário público para os efeitos da legislação penal, o árbitro está, quando no desempenho de sua função, sujeito a praticar crimes contra a administração pública, como a concussão, a prevaricação e a corrupção passiva, e, da mesma forma, pode ser sujeito de crimes contra funcionários públicos, como a corrupção ativa, o tráfico de influência, o desacato e a desobediência (artigos 330 a 333 do Código Penal).
27. A expressão Tribunal Arbitral, utilizada pela Lei 9.307/1996, está voltada para o sentido de arbitragem desenvolvida por mais de um árbitro, diferenciando a arbitragem colegiada, formada pelo “tribunal arbitral”, da arbitragem desenvolvida com árbitro único.
Assim não representa, portanto, o local, mas o número de árbitros. Deve-se evitar a utilização do termo “tribunal 	arbitral”, quando se tratar de elemento de confusão com órgão do Poder Judiciário. 
A arbitragem não é possível quando desenvolvida no mesmo local em que funcione um escritório de advocacia por representar captação ilegal de clientela, vedada pelo art. 34, IV,da Lei 8.906/1994, já que constitui infração disciplinar. Mas isto não significa que o advogado não possa ser árbitro.
28. Na arbitragem convencional a constituição do tribunal arbitral se dará conforme prevê o artigo 13 da lei 9307/96. O arbitro poderá ser qualquer pessoa capaz e que possua a confiança das partes e, as partes, poderão de comum acordo adotar um processo de escolha para os árbitros ou adotar as regras de um órgão arbitral institucional ou entidade especializada, conforme prevê o § 3º do referido artigo.
Com relação à arbitragem multipartes, a cláusula compromissória poderá simplesmente referir-se que a arbitragem será conduzida por três árbitros; que cada parte deverá nomear o seu árbitro; e que os dois árbitros nomeados designarão o terceiro, que será o presidente. Esse caso não será possível se houverem interesses diversos entre duas das partes, evitando-se assim a violação do princípio da igualdade entre elas. Se não houver nomeação conjunta, o tribunal arbitral nomeará todos os seus membros e designará um deles para atuar como presidente, tendo liberdade para escolher qualquer pessoa que julgue competente para atuar como árbitro. 
29. O arbitro é juíz de fato e de direito, tem o poder de proferir sentença com a mesma força de uma sentença judicial transitada em julgado.
O arbitro tem o dever de imparcialidade, deve decidir sem se envolver com as partes. Deve ser independente, deve se manter distante das partes. Deve ser competente para decidir, deve conhecer da matéria que lhe é submetida. E ainda, tem o dever de discrição, deve ser discreto e não divulgar os conflitos que lhe são submetidos.
O descumprimento de qualquer dos deveres impostos ao arbitro, por lei ou pela convenção de arbitragem a que o arbitro adere ao aceitar o mister, obriga-o a responder pelos danos que causar.
30. Nas hipóteses de morte, incapacidade superveniente, recusa, reconhecimento de impedimento ou suspeição do árbitro, acontecerá a substituição do árbitro na forma do artigo 16 da LA. Porém, as partes podem convencionar a impossibilidade de substituição do árbitro, extinguindo o compromisso arbitral, fazendo com que tenham que submeter o litígio ao Poder Judiciário. 
31. A ação é a via pela qual o Estado realiza a jurisdição. Não só o Estado, mas também o árbitro ou o tribunal arbitral exerce a função jurisdicional, ou seja, de aplicação do direito material. Processo é o conjunto de atos dirigidos para cumprir uma finalidade: aplicação da norma, solução de um conflito, etc. Procedimento é a sequencia os atos coordenados, a forma como o processo se exterioriza e se materializa no mundo jurídico. 
Os princípios impositivos do procedimento arbitral devem ser respeitados.Estes são: contraditório, igualdade, imparcialidade e livre convencimento do árbitro, que estabelece que cabe ao árbitro valorar as provas produzidas de acordo com o procedimento escolhido pelas partes e pode, inclusive, determinar as provas que entender relevantes para formar seus convencimentos. Cabe às partes disciplinar o procedimento, respeitando os limites impostos pelos princípios impositivos.
32. Sim, na medida em que, mesmo antes de se iniciar a fase postulatória, o árbitro ou tribunal arbitral, deverá necessariamente designar a audiência preliminar de conciliação, a qual é de suma importância para aproximação dos litigantes e, sua não realização arretará na nulidade do procedimento arbitral, desde que a parte que pretende alega-la se manifeste na primeira oportunidade que tiver, conforme artigo 20 da Lei de Arbitragem.
 Sendo assim, mesmo que diante da ampla liberdade de disciplinar o procedimento arbitral gozada pelas partes, a designação de audiência de conciliação não se trata de uma faculdade do arbitro ou das partes, mas sim de uma obrigação imposta pela Lei, com intuito de melhor solucionar os conflitos de interesses, conforme o disposto no §4º do artigo 21.da Lei de Arbitragem (Lei 9.307/96).
Se as partes transigirem, os termos do acordo serão consignados em sentença homologatória, respeitando os requisitos do artigo 26 da Lei 9.307/96, constituindo título executivo judicial, conforme disposto no artigo 475-N, IV do CPC. Sendo as partes intransigentes em audiência preliminar, será dado seguimento ao processo, nos termos do rito previamente estabelecido, sendo facultado ao árbitro e também as partes no transcorrer do processo a autocomposição.
33. Dispõe o artigo 21, §3º, da Lei de Arbitragem, que “as partes poderão postular por meio de advogado, respeitada, sempre, a faculdade de designar quem as represente ou assista no procedimento arbitral”. A lei arbitral não impõe que o arbitro tenha formação específica e, corolário lógico, a partir da análise do dispositivo legal supracitado, conclui-se que a Lei de Arbitragem também não impõe que as partes sejam representadas por advogados. Ocorre que, obviamente, por se tratar de questões jurídicas na maioria das vezes, é comum naarbitragem as partes comparecerem acompanhadas por advogados. Ainda, as partes podem indicar representantes ou quem os assista no processo arbitral por expressa determinação legal.
34. A prescrição no procedimento arbitral é interrompida quando da aceitação do árbitro, quando este for único, ou por todos os árbitros, se forem mais de um. Esta prescrição irá retroagir até a data do requerimento da instauração da arbitragem após a aceitação do(s) árbitros(s), conforme redação do artigo 19 da Lei de Arbitragem, § 2º (acrescida pela Lei 13.129/2015).
Na ação civil, proposta no Poder Judiciário, a prescrição, diferentemente da Ação Arbitral, será suspensa da citação do réu, e de maneira igual ao da Ação Arbitral, irá retroagir à propositura da ação.
Conforme previsão legal do Código Civil brasileiro, em seu artigo 202, I e II, a prescrição pode ocorrer sem a propositura da Ação Arbitral, uma única vez (ou seja, não se pode intentar mais de uma vez, independente da maneira utilizada para a primeira interrupção). Após ocorrida a citação do réu, estará interrompido o prazo, e deverá o autor requerer a instauração do procedimento arbitral.
35. A Lei de Arbitragem estabelece em seu artigo 33 que “A parte interessada poderá pleitear ao órgão Judiciário competente a declaração de nulidade da sentença arbitral, nos casos previstos nesta Lei.” Esta redação dada pela promulgação da Lei 13.129/2015, embora tenha substituído o termo anterior “decretação de nulidade”, pelo termo “declaração de nulidade”, não foi suficiente para suprir a falha apresentada pelo Legislador, visto que somente será a sentença declaratória, em casos de nulidade absoluta, jamais nos casos de anulabilidadeda sentença arbitral, que por sua vez será a ação descontitutiva.
Quando diante de um caso de nulidade relativa da sentença arbitral, deve-se observar o prazo decadencial de 90 dias conforme determina o parágrafo 1º do artigo 33 da Lei de Arbitragem, entretanto, em se tratando de casos de nulidade absoluta da sentença arbitral, a ação como já dito, será declaratória, sendo esta imprescritível e, portanto, não se sujeitando ao prazo decadencial de 90 dias. 
Como solução para o impasse gerado pela falha dada ao texto legal, deve-se ter como parâmetro para interpretação do artigo 33 da Lei de Arbitragem os seguintes pensamentos:
A ação será declaratória, nos casos de nulidade absoluta da sentença arbitral, sendo neste caso, a ação imprescritível.
Já, será a ação descontitutiva, diferente do que menciona o caput do artigo 33, em casos de nulidade relativa, onde se deve aplicar o prazo decadencial de 90 dias instituído pelo parágrafo 1º do referido artigo. (resposta extraída através da análise do item 8 do Capítulo V)
 
36. Há relação de coordenação entre árbitro e juiz, quando na qualidade de árbitro não for possível dispor de coerção. Então a necessidade dessa coordenação se dá para que o juiz viabilize aquelas decisões antecipatórias ou cautelares. Para isso deve o arbitro expedir de ofício, carta arbitral, a ser dirigida para o juiz que deve analisar apenas as questões formais da arbitragem e não o mérito da concessão. A lei da Arbitragem em seu Artigo 22-c dista: “O árbitro ou o tribunal arbitral poderá expedir carta arbitral para que o órgão jurisdicional nacional pratique ou determine o cumprimento, na área de sua competência territorial, de ato solicitado pelo árbitro. Parágrafo único. No cumprimento da carta arbitral será observado o segredo de justiça, desde que comprovada a confidencialidade estipulada na arbitragem.
37.
38. O parágrafo 4º do artigo 22 da Lei de Arbitragem (Lei 9.307/96) estabelecia que, “havendo necessidade de medidas coercitivas ou cautelares, os árbitros poderão solicitá-las ao órgão do Poder Judiciário que seria, originariamente, competente para julgar a causa”.
 
Uma interpretação literal desse dispositivo passava prontamente a impressão de que os árbitros não poderiam conceder determinada medida de urgência, mas apenas solicitá-las ao Poder Judiciário, o qual seria, então, competente para analisar o pedido formulado pela parte.
 
Não foi essa, contudo, a interpretação adotada. Como se sabe, a decisão das partes de submeter um conflito à arbitragem impede que o Poder Judiciário ingresse no mérito da controvérsia. O controle judicial fica limitado às hipóteses previstas no artigo 32 da Lei 9.307/96.
 
Desse modo, com base em uma interpretação sistemática da Lei de Arbitragem, não seria lógico afirmar que uma tutela urgente, que envolve perigo de dano irreparável ou de difícil reparação, devesse passar pelo crivo do Poder Judiciário, o qual não pode ingressar no mérito do litígio.
Por isso, Carlos Alberto Carmona defende que “Se apenas o árbitro está autorizado a proferir o provimento final, toca também a ele – e apenas a ele – decidir se antecipará ou não algum, alguns ou todos os efeitos que sua decisão irá produzir!”.
 
No procedimento arbitral, o tribunal arbitral é o competente para analisar e, se for o caso, conceder as medidas de urgência pleiteadas pelas partes.
Neste sentido já decidiu o Egrégio Superior Tribunal de Justiça no Recurso Especial 1.297.974-RJ, a Terceira Turma, sob Relatoria da Ministra Nancy Andrighi, assentando que
"(...) superadas as circunstâncias temporárias que justificavam a intervenção contingencial do Poder Judiciário e considerando que a celebração do compromisso arbitral implica, como regra, a derrogação da jurisdição estatal, é razoável que os autos sejam prontamente encaminhados ao juízo arbitral, para que este assuma o processamento da ação e, se for o caso, reaprecie a tutela conferida, mantendo, alterando ou revogando a respectiva decisão".
O dispositivo acima mencionado se refere apenas a “medidas coercitivas e cautelares”. Não trata dos provimentos antecipatórios. Parece-nos, entretanto, que o mesmo raciocínio deva ser aplicado às tutelas de urgência de modo amplo, o que engloba também a tutela antecipatória.
Desse modo, os árbitros são os competentes para a análise dos pedidos de antecipação de tutela, da mesma forma que o são para os pedidos de concessão de uma tutela cautelar. E, nos dois casos, como regra, a decisão é irrecorrível, por aplicação do artigo 18 da Lei 9.307/96.
Por fim, destaca-se que a Lei n. 13.129/2015 promove uma série de alterações na Lei de Arbitragem (Lei 9.307/96), principalmente no tocante as tutelas cautelares e de urgência ao suprimir o §4º do art. 22 e inserir um capítulo dedicado a tais medidas (Capítulo 22-A e ss.), consagrando inclusive a interpretação que o STJ atribuiu ao dispositivo, acima exposta.
39. A revelia existente no procedimento judicial (art. 344 CPC), o réu, caso não conteste a ação no prazo legal, será considerado revel e serão reputados verdadeiros os fatos afirmados pelo autor. Diferentemente, a revelia na arbitragem (art. 22, § 3º, da LA), por ter significado próprio, traduz a absoluta ausência de atos ou abandono do processo, o que significa apenas que a sentença será proferida, validamente, com os elementos de convencimento constantes dos autos a par da ausência do contendor.
40. Na arbitragem, são as partes que disciplinam o procedimento de comunicação dos atos, ou seja, a forma da comunicação dos atos processuais no âmbito da arbitragem seguirá aquilo que foi convencionado pelas partes.
Na ausência de convenção entre as partes, deverá ser observado o procedimento do órgão arbitral, na ausência deste também, a comunicação deverá ocorrer por qualquer forma inequívoca, mesmo que seja por meio eletrônico (possível, devido a interpretação analógica do art. 195 do CPC).
Ademais, entende-se que, a partir do momento em que a comunicação é enviada pelas partes, ocorre a presunção de recebimento da comunicação.
Em relação as despesas com a arbitragem, segue-se o mesmo padrão, ou seja, também deverão ser disciplinadas pelas partes. Caso as partes não disciplinem as despesas, caberá a entidade especializada e, na ausência delas, o arbitro poderá determinar o aditamento das despesas. 
Porém, normalmente quem provoca a arbitragem adianta as despesas que, posteriormente, serão redistribuídas ou carreadas ao vencido, inclusive eventual pena de litigância de má-fé a critério do árbitro, pois não há limitação do art. 81 do CPC.
41. Não há previsão na lei nº 9.307/96 disposição permitindo tal intervenção, mas também, não existe proibindo.Porém, o  terceiro deverá anuir em ser parte da arbitragem, aceitando a convenção arbitral nos termos do artigo 3º da Lei de Arbitragem, que implica celebrar compromisso arbitral.
O entendimento é pacífico: nenhum terceiro poderá ser compelido a participar de processo arbitral do qual não consentiu. Não existe no nosso ordenamento, intervenção de terceiros coercitiva em procedimento arbitral. 
42. Consiste, a sentença arbitral parcial, em decisão definitiva sobre parte das controvérsias objeto do Processo Arbitral. Sua consequência será a produção de efeitos imediada para as partes, diferenciando-se das decisões interlocutórias proferidas no processo. Portanto, a sentença arbitral é considerada parcial em relação ao conjunto de controvérsias, porém trata-se de sentença final no que concerne à matéria por ela decidida, preenchendo os mesmos requisitos da sentença final. 
43. Em regra, a sentença arbitral deve ser cumprida de maneira espontânea, obedecendo prazo de 15 dias do conhecimento da sentença, ou, caso haja prazo diverso deste, estabelecido pela sentença arbitral.
Caso o cumprimento não se dê, dentro do prazo estipulado (os 15 dias ou o estabelecido em sentença), o autor poderá recorrer ao Poder Judiciário, requerendo o cumprimento forçado da sentença (neste caso, independente do tipo de sentença,contato que haja prestação exercitável ou executável na sentença, neste caso, as sentenças que reconheçam a exigibilidade da obrigação de pagar quantia certa, as prolatadas em face da Fazenda Pública e aquela que reconheça a obrigação de entregar coisa certa ou obrigação de fazer/não fazer).
44. É possível. A liquidação da sentença ocorre, de acordo com o art. 475-C, quando determinado pela sentença/convencionado pelas partes ou, ainda, quando exigir a natureza do objeto da liquidação. No mais, no que diz respeito as sentenças iliquidas, o procedimento, se as partes quiserem, poderá então ser cindido, de modo que os árbitros primeiro profiram uma sentença (parcial), sobre a existência do débito e, reconhecendo a existência de obrigação, passem a uma segunda fase da própria arbitragem que se ocupará da apuração de valores, proferindo-se sentença final que só tratará desta questão. Assim, mesmo que resolvida apenas parcialmente, a atuação arbitral, nos limites da vontade das partes, terá se encerrado validamente.
45. O prazo para prolação da sentença arbitral deverá ser estipulado pelas partes. Não sendo estipulado, será de 6 meses da instauração da arbitragem ou da substituição do árbitro, conforme o art. 23 da LA. Porém não sendo ela proferida nestes moldes, poderemos nos enquadrar em três situações distintas, (i) as partes decidam prorrogar o prazo para prolação da sentença arbitral, de acordo com o parágrafo 2° do art. 23, (ii) não havendo sido prolatada a sentença, as partes poderão notificar o árbitro, determinando prazo de 10 dias improrrogáveis para que o faça, de acordo com o art. 12, inciso III da LA, e/ou (iii) não atendido ao prazo de 10 dias, o compromisso arbitral será extinto a sentença será nula, conforme art. 32, inciso VII. Sendo assim, para que a sentença arbitral prolatada fora do prazo estabelecido seja considerada nula conforme o art. 32, inciso VII da LA, será necessário que a parte prejudicada notifique o árbitro concedendo prazo de 10 dias adicionais.
46.  O prazo é de 5 (cinco) dias a contar do recebimento da comunicação da sentença arbitral. As consequências podem ser desde o aditamento da sentença, até a extinção do processo (omissão da sentença quanto à preliminar de prescrição).
47. As causas de nulidade da sentença arbitral estão contidas no art. 34 da Lei de Arbitragem, no qual apresenta um rol taxativo para o pedido de anulação. Assim, com base no rol exemplificativo, a sentença arbitral não pode ser atacada por recurso, entretanto, é possível ajuizar ação anulatória de sentença arbitral.
Existem duas espécies de nulidade: a absoluta e a relativa. No primeiro caso, há infração às normas de ordem pública, sendo que tal nulidade interessa a sociedade. O ato praticado é nulo, assim não produz nenhum efeito. Ainda, a sentença judicial que ataca uma nulidade absoluta é declaratória, não sujeita à prescrição e decadência, assim, podendo ser alegada a qualquer tempo e produzindo efeitos retroativos. Aqui, qualquer interessado, o Ministério Público em casos específicos e o juiz, de ofício, podem alegar o ato nulo 
Já nos casos de nulidade relativa, o interesse é individual e o requerimento depende exclusivamente do interessado e, quanto ao seu efeito, o ato é anulável. Nesse caso, é sentença desconstitutiva, vez que o ato produz efeitos até que seja fulminada. Quem pode alegar a nulidade é somente o interessado.
No que tange as causas elencadas no artigo 32 da LA, estas podem ser tanto relativas quanto absolutas, dependendo da causa, como por exemplo, no inciso II, no qual refere-se a nulidade de quem não podia ser arbitro. Esta pode ter, a depender do caso, nulidade da sentença absoluta ou relativa.
48. A arbitragem, cujo procedimento está previsto na Lei n. 9.307/96, é um meio alternativo de solução de controvérsias através da intervenção de uma ou mais pessoas que recebem seus poderes de uma convenção privada, decidindo com base nela, sem intervenção estatal, sendo a decisão destinada a assumir a mesma eficácia da sentença judicial, sendo que este instituto é colocado à disposição de quem quer que seja, para solução de conflitos relativos a direitos patrimoniais acerca dos quais os litigantes possam dispor, arbitragem é um processo privado, voltado a uma justiça alternativa em relação àquele de cognição administrado pelo juiz estatal.
As características são simetricamente ao que ocorre com a sentença judicial em relação à ação rescisória, a sentença arbitral também pode ser objeto de uma ação que tenha como foco sua anulação, conforme a previsão do artigo 32 da Lei n. 9.307/96, que estabelece ser nula a sentença arbitral quando: i) for nulo o compromisso arbitral; ii) for emanada por pessoa que não podia ser árbitro; iii) não contiver os requisitos formais do artigo 26 da lei; iv) for proferida fora dos limites da convenção de arbitragem; v) não decidir todo o litígio submetido à arbitragem; vi) for comprovado que foi proferida por prevaricação, concussão ou corrupção passiva; vii) proferida fora do prazo e; viii) forem desrespeitados os princípios do contraditório, da igualdade das partes, da imparcialidade do árbitro e de seu livre convencimento.
A natureza jurídica da sentença proferida no procedimento arbitral possui a mesma eficácia e força da sentença proferida no processo judicial, conforme se depreende da literal previsão do artigo 475 – N do Código de Processo Civil.
O procedimento é o comum ordinário. A Ação de anulação da sentença arbitral não difere muito de qualquer ação que siga o procedimento comum ordinário. Haverá uma fase postulatória, uma fase probatória e uma fase decisória. 
O Poder Judiciário poderá a qualquer tempo sanar erro material contido na sentença arbitral, ou, se as partes convencionarem no compromisso arbitral, recursos podem ser por elas interpostos em face da sentença arbitral, fazendo valer acima da irrecorribilidade das sentenças arbitrais, a autonomia das partes.
Há também outras hipóteses de sujeição da sentença arbitral ao Poder Judiciário, havendo nulidade na decisão arbitral, poderá a parte pleitear a anulação da sentença ao juiz togado, por meio de ação anulatória, conforme prevê o artigo 33 da Lei de Arbitragem.
O prazo para a propositura da demanda anulatória é de 90 dias a contar da data em que o árbitro, nos termos do artigo 29 da Lei de Arbitragem, comunicou as partes sobre a sentença, seja por carta, seja pessoalmente ou por qualquer outro meio que possibilite comprovar a ciência das partes sobre o laudo arbitral.
A nulidade da sentença arbitral, fundamentada em quaisquer das hipóteses previstas no artigo 32 da Lei de Arbitragem, pode ser objeto de análise pelo Poder Judiciário na via da Impugnação ao Cumprimento de Sentença, desde que respeitado o prazo decadencial de 90 dias estabelecido no artigo 33, § 1º, daquela Lei. Se a Impugnação ao Cumprimento de Sentença for apresentada após o prazo de 90 dias, a mesma deverá se limitar à matéria do artigo 475-L do Código de Processo Civil.
49. A Redação original da Lei 9.307/96 vedava a prolação de sentença arbitral parcial, ou seja, caso o árbitro proferisse sentença arbitral que não decidisse todo o litígio, tal sentença era nula, nos termos do artigo 32, V. 
Contudo, a Lei 13.1292015 passou a prever a possibilidade da sentença arbitral parcial, revogando-se o artigo 32,V supracitado. Tal mudança foi realizada considerando que há situações em que é melhor que os árbitros profiram sentença parcial, resolvendo os pontos controvertidos da lide.
Além disso, a sentença parcial, mesmo quando apresentar vicio, por um equívoco dos árbitros, não pode ser tida como nula, sendo apenas “incompleta”. Assim, não há sentido de se anular uma sentença incompleta, sendo o mais lógico exigir que ela seja completada, o que é feito pelo art. 33, § 4º da Lei n.° 9.307/96, com redação dada pela Lei n.° 13.129/2015, isto é, a parte interessada poderá ingressar em juízo para requerer a prolação da sentença arbitral complementar por meio de ação de obrigação de fazerpelo procedimento comum, com pedido de tutela provisória de urgência, se for o caso, para a imposição de multa diária (astreintes) para compelir o árbitro a prolatar a sentença arbitral. 
50. Sendo a sentença estrangeira, para ser executada no território nacional, deverá ser homologada pelo Superior Tribunal de Justiça. A sentença estrangeira é “nacionalizada” pelo STJ e, depois, se não for cumprida, poderá ser executada no território nacional, como qualquer sentença arbitral aqui proferida. A homologação é necessária, pois não decorre do art. 35 da Lei de Arbitragem ou do 483 do CPC, mas sim de dispositivo constitucional hierarquicamente superior aos tratados, equiparados que são às leis ordinárias. 
Quanto ao procedimento, segue-se o art. 37 da LA, bem como a resolução 9 do STJ e envolve a elaboração pelo interessado da petição inicial com os requisitos do art. 282 CPC, requerendo ao presidente do STJ a homologação da sentença arbitral e, se for o caso, a antecipação da tutela. O requerente deverá indicar o valor da causa atribuído para efeito de sucumbência, caso o pedido seja contestado. 
Juntamente com a inicial deverá conter, obrigatoriamente, documentos como: (i) o original da sentença arbitral ou cópia certificado no consulado brasileiro no exterior; (ii) tradução levada a efeito por tradutor oficial, juramentado e, (iii) original da convenção de arbitragem igualmente traduzida ou a cópia certificada no consulado brasileiro no exterior. Facultativamente, poderá juntar outros documentos. 
Ao ingressar no STJ, a presidência determinará a citação do demandado na forma processual para, querendo contestar em 15 dias (aqui cabe ressaltar que a defesa só poderá versar sobre a autenticidade dos documentos, inteligência da decisão e matéria do art. 38 da LA), bem como encaminhará o feito ao Ministério Público Federal para, querendo, impugnar no prazo de 10 dias. Havendo contestação, o processo será distribuído para julgamento na Corte Especial, cabendo ao relator os demais atos relativos ao andamento e à instrução do processo. Sem contestação, a homologação será feita pelo presidente e de sua decisão cabe agravo regimental. A sentença estrangeira homologada será executada por carta de sentença, no juízo federal competente.
51.
52. A sociedade da informação é aquela pautada pelas novas tecnologias, que permite acessar de maneira simples uma enorme gama de informações geradas pelos atores sociais, de maneira incrivelmente rápida. Essa nova sociedade, modificada pelas novas tecnologias, muda, em razão disso, seus tradicionais comportamentos nos diversos campos de atuação do homem, o que não passa à margem do direito arbitral. Não só o direito arbitral pode servir ao chamado direito digital, em razão da especialização do árbitro e da possibilidade de escolha das regras aplicáveis, como, igualmente, em razão da liberdade procedimental que impera no procedimento arbitral, o direito digital pode servir ao direito arbitral, justificando as novas formas de contratação e colaborando com o aprimoramento juídico da celeridade procedimental nesse novo território da sociedade da informação, lembrando que a celeridade é uma das grandes vantagens da solução arbitral dos conflitos. 
53. A diferença entre eles se perfaz em que na mediação, uma pessoa, neutra e imparcial, preferencialmente nos casos em que houver vínculo anterior entre as partes (art. 165, §3º, NCPC), facilita o diálogo entre as partes, para que elas construam, com autonomia e solidariedade, a melhor solução para o problema (art. 4º, §1º, Lei 13.140/15). O mediador, ainda, fica impedido, pelo prazo de 1 ano, a partir da última audiência em que atuou, de assessorar, representar ou patrocinar qualquer das partes (art. 6º, Lei 13.140/15). Já a conciliação é um método no qual o terceiro facilitador, preferencialmente nos casos em que não houver vínculo anterior entre as partes (art. 165, §2º, NCPC), pode adotar uma posição mais ativa, com propostas de solução, mas sem sua imposição. É um processo consensual breve, que busca uma efetiva harmonização social e a restauração da relação social das partes, dentro dos limites possíveis. 
A diferenciação não é estanque haja vista que ambos são métodos de solução de conflitos pela autocomposição, independentemente do método usado, o objetivo final é o mesmo (art. 166, §4º, NCPC).
54. Consiste na consciência das partes,  ao optarem pela autocomposição, quanto aos seus direitos e a realidade fática na qual se encontram. Somente será legítima a resolução de uma disputa por meio de autocomposição se as antes, ao eventualmente renunciarem a um direito, tiverem plena consciência quanto à existência desse seu direito subjetivo. 
55.
56. Sim, é possível escolher o mediador/conciliador, desde que as partes estejam de comum acordo. Neste caso, o mediador/conciliador não precisa ser cadastrado, ter curso ou concurso.
A conciliação e a mediação são consideradas judiciais quando ocorrem após o ajuizamento da ação e antes da audiência de instrução e julgamento. Já a conciliação e mediação extrajudiciais ocorrem anteriormente ao ajuizamento da ação, por vontade das partes.
57.
58.
59. O artigo 30 do Projeto de Lei nº 517/2011 confere aos entes federados a possibilidade de que sejam criadas câmaras de prevenção e resolução administrativa de conflitos. Essas câmaras terão competência para: (ii) dirimir conflitos entre órgãos e entidades da Administração Pública; (ii) avaliar a admissibilidade dos pedidos de resolução de conflitos, por meio de composição, no caso de controvérsia entre particular e pessoa jurídica de direito público; e (iii) promover, quando couber, a celebração de termo de ajustamento de conduta.
No artigo 42, o projeto prevê a aplicação do procedimento de mediação que retende disciplinar hipóteses como a trabalhista, escolar e comunitária, permitindo que a mediação seja levada a efeitos nos cartórios extrajudiciais.
Assim, o instituto da mediação e conciliação representa um meio alternativo para a composição de conflitos e alcance da consensualidade. Trata-se de uma ferramenta que vem corroborar com a demanda por uma Administração Pública menos autoritária e mais colaborativa, eficiente e dinâmica.
Atualmente, ainda que carente de regulamentação legal específica, o Poder Público já possui iniciativas nesse sentido. Diversos setores da Administração dispõem de mecanismos para solução de controvérsias que se aproximam da ideia concebida de mediação. Na esfera federal, por exemplo, a ANEEL e o CADE utilizam meios consensuais de solução de conflitos em seus setores de atuação.

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