Buscar

01 - Empresário.Estabelecimento Empresarial

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 25 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 25 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 25 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

�LFG – EMPRESARIAL – Aula 01 – Prof. Alexandre Gialluca – Intensivo II – 31/07/2009
Empresário, Estabelecimento Empresarial
	
DIREITO EMPRESARIAL
HISTÓRICO
I– TEORIA DOS ATOS DE COMÉRCIO (francesa)
Antes do novo Código Civil, tínhamos o Código Comercial de 1850, que adotou uma teoria, chamada Teoria dos Atos de Comércio, que é uma teoria francesa. É importante que você saiba que o Código Comercial foi subdividido em três partes:
Parte I – “Do Comércio em Geral”
Parte II – “Do Comércio Marítimo”
Parte III – “Das Quebras” – Tratava, de falência, de concordata.
O Código Comercial de 1850, que adotava a Teoria dos Atos de Comércio, o que tratava na Parte I, do capítulo “do comércio em geral”? Tratava da figura do comerciante e da sociedade comercial. Então, antes do Código Civil, o que nós tínhamos? Tínhamos o Código Comercial de 1850, que lá no seu Capítulo I, que tratava do comércio em geral, cuidava das figuras do comerciante e da sociedade comercial.
Para a Parte I, que tratava do Comércio em Geral, o Código Comercial de 1850 adotou a Teoria dos Atos de Comércio, que é uma teoria francesa. E com base nessa teoria foram criadas duas figuras interessantes:
Pessoa Física: Comerciante 
Pessoa Jurídica: Sociedade comercial.
Então, quando o assunto era “comércio em geral”, era importante que você tivesse conhecimento da figura do comerciante e da figura da sociedade comercial. Quem era um e quem era outro?
	O comerciante era a pessoa física.
	A sociedade comercial era a pessoa jurídica.
Mas para que uma pessoa física fosse considerada comerciante ou para que uma pessoa jurídica fosse considerada uma sociedade comercial, o que era mais importante? Verificar qual era o tipo de atividade desenvolvida por eles. Se a pessoa física explorasse ou desenvolvesse atividade que era considerada por legislação como ato de comércio, então ele seria comerciante. Se a pessoa jurídica explorasse atividade considerada atividade mercantil, então ela seria uma sociedade comercial. 
Então, o que tínhamos que analisar? O tipo de atividade explorada. Se a atividade fosse um ato de comércio, a pessoa jurídica seria uma sociedade comercial e a pessoa física seria um comerciante. A ANÁLISE era OBJETIVA! Como assim? Você tinha que analisar a atividade. A atividade praticada era considerada ato de comércio? Sim. Então, nesse caso, vai ser comerciante ou sociedade comercial. Você só poderia chamar alguém de comerciante ou de sociedade comercial se tivesse a presença dos seguintes elementos: 
Habitualidade, 
Finalidade lucrativa 
O mais importante: teria que praticar atos de comércio.
Então, só era comerciante quem praticasse atos de comércio. Só era sociedade comercial pessoa jurídica que praticasse atos de comércio. O problema é que os atos de comércio não estavam no Código Comercial, estavam todos elencados em um regulamento, que era o Regulamento 737/1850. Eu tinha que pegar o regulamento e verificar se aquela atividade que e pessoa física ou jurídica estava ali explorando estava elencada no regulamento. Se não estivesse no regulamento, não era ato de comércio e se não era ato de comércio, não poderia ser nem comerciante e nem sociedade comercial. E esse regulamento trazia poucas situações. Havia poucos atos considerados atos de comércio. E quais eram esses atos? O Regulamento 737/1850, no seu art. 19, trazia os seguintes itens que elencava como atos de comércio:
Compra e venda de bens móveis – então, se você tinha uma loja de carros, era uma atividade considerada ato de comércio (comerciante ou sociedade comercial).
Atividade de câmbio – troca de moeda estrangeira
Atividade bancária
Atividade de transporte de mercadorias – qualquer um que praticasse atividade de transporte era, ou comerciante ou sociedade comercial.
Fabricação e depósito de mercadorias – indústria em geral (considerada atividade mercantil)
Espetáculos públicos
Contratos marítimos
Fretamento de navios
Títulos de crédito em geral
Isso era um grande problema. Dá até para entender esse número pequeno de atividades em 1850, mas na nossa atividade atual, não dá para admitir só essas atividades como mercantis. Será que imobiliária é atividade comercial? Ela tem habitualidade, tem finalidade lucrativa, só que a atividade que ela pratica é a compra e venda de bens imóveis. E essa atividade não estava no regulamento. Portanto, a imobiliária não poderia ser sociedade comercial. Outro exemplo: prestadora de serviço antes não era considerada sociedade comercial porque não estava elencava no regulamento de 1850 e, por isso, não poderia ser classificada como sociedade comercial.
	Mas qual era o problema de não ser sociedade comercial? O problema é que antes do Código Civil, se uma empresa estava em crise, só podia pedir concordata se fosse sociedade comercial ou comerciante. Só esses tinham o benefício de uma concordata. A imobiliária em crise não podia pedir concordata. E esse era o problema enfrentado pelo direito empresarial. 
Então, o Código Civil veio e tratou esse assunto de forma muito melhor, mais abrangente. Adotou uma nova teoria. Agora não se fala mais em Teoria dos Atos de Comércio. Antes de falar da nova teoria adotada, vamos ver como o Código Civil fez isso. Vejam o que diz o art. 2045, do Código Civil, questão que cai em prova (típico de exame oral) e você tem que saber. Imagina que o examinador te pergunta: “O Código Civil revogou totalmente o Código Comercial de 1850?” O art. 2.045 responde isso:
Art. 2.045. Revogam-se a Lei no 3.071, de 1º de janeiro de 1916 - Código Civil e a Parte Primeira do Código Comercial, Lei nº 556, de 25 de junho de 1850.
	
O que o Código Civil revogou não foi a parte II e nem a Parte III do Código Comercial. Revogou apenas a Parte I, do Código Comercial!! O legislador civil revogou a Parte I do Código Comercial de 1850! Significa que o Código Civil não revogou totalmente o Código Comercial. 
O Código Civil revogou a Parte III? Não. A Parte III já havia sido revogada pelo Decreto-Lei 7.661/45. Portanto, antes do Código Civil, o que tínhamos em vigor, era a Parte I e a Parte II. Importante ressaltar que esse Decreto-Lei já foi revogado também pela Lei 11.101/05 (Nova Lei de Falência).
O Código Civil revogou tão-somente a Parte I do Código Comercial, significando que a Parte II do Código Comercial, que trata do comércio marítimo, ainda está em vigor. Então, ficou:
Parte I – “Do Comércio em Geral”
Parte II – “Do Comércio Marítimo”
Parte III – “Das Quebras” – Tratava, de forma específica, do instituto da falência.
Em vigor, hoje, portanto, apenas a parte II, que trata do Comércio Marítimo. É muito raro um edital constar comércio marítimo. Mas se isso ocorrer, você tem que recorrer aos dispositivos do Código Comercial de 1850. Mas em que pese ser raro você encontrar esse tema no seu concurso, há uma questão interessante de ser abordada, até porque está voltando a entrar na moda em razão do que temos visto por aí. O Código Comercial de 1850, quando trata do comércio marítimo, traz um instituto interessante que o examinador costuma perguntar, que é a chamada arribada forçada. O art. 740, do Código Comercial de 1850 traz a chamada arribada forçada. O que vem a ser isso, lembrando que estamos tratando de comércio marítimo?
Arribada forçada – Quando um navio sai do porto, ele tem que ter o seu ponto de chegada previamente definido, assim como as paradas que vai efetuar ao longo da viagem (qual o porto que vai parar, qual o porto de chegada). O trajeto dele tem que estar previamente definido. Ele não pode, a princípio, parar em nenhum outro porto que não estivesse previamente definido antes de sua partida. Antes de iniciar a viagem, o trajeto já está todo traçado e o navio não pode parar em nenhum porto que não esteja previamente definido. Quando um navio faz isso, nesse caso, chamamos essa parada de arribada forçada. Ele vai ser forçado a parar em determinado lugar que não estava previamente definido. Mas isso só é possível ante a presença de justa causa. Como não faz parteda regra, como se trata de exceção, só se admite a arribada forçada quando presente uma justa causa. E qual é a justa causa prevista no Código Comercial de 1850, que cai na prova? É a do art. 741, que trata do receio ou temor fundado de ataque de pirata. Isso acaba caindo na prova e a gente pensa que é viagem do examinador. Mas isso é justa causa para a arribada forçada. 
Art. 741 – são causas justas para a arribada forçada:
1 – falta de víveres ou aguada;
2 – qualquer acidente acontecido á equipagem, cargo ou navio, que impossibilite este de continuar a navegar;
3 – temor fundado de inimigo ou pirata.
	
	Quando o Código Civil revoga a Parte I do Código Comercial, ele adota uma nova teoria. Cai por terra a Teoria dos Atos de Comércio (francesa) e adota a Teoria da Empresa (italiana). 
II.	TEORIA DA EMPRESA (italiana)
Quando adotamos uma nova teoria, nossa nomenclatura também vai ter que modificar. Não chamaremos mais de comerciante a pessoa física e não mais de sociedade comercial a pessoa jurídica. A partir de agora, fica assim:
Pessoa Física: Comerciante corresponde a EMPRESÁRIO INDIVIDUAL
Pessoa Jurídica: Sociedade comercial corresponde a EMPRESÁRIO COLETIVO ou então, e é o caso mais comum nos manuais, SOCIEDADE EMPRESÁRIA.
Só que agora, essa classificação tomou uma outra conotação. Significa que quem era comerciante virou empresário individual e quem era sociedade comercial virou sociedade empresária? Não! Nós vamos ver que agora, a análise não é mais objetiva. Você não fica mais só analisando o tipo de atividade. Você vai fazer também uma análise subjetiva (analisa-se a estrutura de quem está praticando a atividade). Você vai ter que analisar quem está exercendo a atividade e qual é o tipo de atividade. Agora não temos mais uma análise objetiva: praticou o ato é, não praticou o ato não é. Isso acabou! Agora a análise é muito mais abrangente, muito mais ampla. 
E vamos analisar agora o conceito de empresário e de sociedade empresária do Código Civil.
EMPRESÁRIO INDIVIDUAL
1.	CONCEITO
	Quando analisamos o conceito, quero que você tenha em mente o seguinte: o conceito do art. 966 do Código Civil se aplica, tanto para a pessoa física, como também para a pessoa jurídica. Esse conceito que você vai analisar comigo agora, do art. 966 se aplica tanto para a pessoa física, quanto para a pessoa jurídica. 
	Daqui pra frente a nomenclatura será:
Pessoa Física: EMPRESÁRIO INDIVIDUAL
Pessoa Jurídica: SOCIEDADE EMPREÁRIA (ou empresário coletivo)
Mas antes de começar a história, tem gente que está com dúvida. Tem gente que pensa: “Eu sou empresário individual, e eu tenho CNPJ. Se você diz que empresário individual é pessoa física e não pessoa jurídica, não estou entendendo isso...” O empresário individual tem CNPJ por uma única finalidade: para que ele tenha o mesmo tratamento tributário que a pessoa jurídica. Não é justo que a pessoa jurídica tenha uma alíquota pequena e a pessoa física que explora a mesma atividade que a pessoa jurídica, tenha uma alíquota muito superior. Como seria a concorrência nesse caso? Então, é só para que tenha o mesmo tratamento tributário, mas não é porque tem CNPJ que é pessoa jurídica. Vou dar um exemplo: condomínio tem CNPJ, mas condomínio não é pessoa jurídica. Então, o empresário individual, ainda que tenha o CNPJ não é considerado pessoa jurídica. É pessoa física que organiza de forma individual, sozinho, uma atividade empresária. Se ele quiser, sozinho, montar uma churrascaria, vai ser empresário individual. Se quiser montar, sozinho, um cinema, será empresário individual. Agora, se que quero ajuda de mais alguém, se eu quero um sócio, então vou ter que constituir uma pessoa jurídica. Nesse caso, eu vou ser sócio de uma pessoa jurídica.
Vamos considerar que eu, Alexandre, sou sócio do João. Montamos uma sociedade limitada. Quem vai explorar a atividade é a pessoa jurídica, não sou eu ou o João, mas é a sociedade que constituímos. Então, essa sociedade é uma sociedade empresária e eu, Alexandre, não posso ser considerado empresário individual. Eu sou sócio de uma sociedade empresária. Eu só vou ser empresário individual se eu, Alexandre, sozinho, sem a ajuda do João, organizar esta atividade empresarial que nós vamos analisar daqui pra frente. Então, quando eu, sozinho, de forma individualizada, organizo a atividade empresarial, sou empresário individual. Mas se faço isso com mais alguém, não sou empresário individual, mas sócio de uma sociedade empresária. Então quando você vai fazer seu crediário e o cara pergunta a sua profissão, você, sócio do João, na mesma hora diz: ‘sou empresário’. Mas isso é tecnicamente incorreto porque eu não sou empresário, eu seria empresário sem a ajuda de João e organizasse uma atividade empresarial. Mas como nós temos uma pessoa jurídica, eu sou sócio de uma sociedade empresária. O que eu posso colocar como profissão seria diretor, administrador, enfim, a atividade que eu exerço dentro da sociedade, mas não poderia dizer que sou empresário, já que empresário é aquele que, individualmente, organiza uma atividade empresarial.
Pergunta maldosa de segunda fase: “há desconsideração da personalidade jurídica para a empresa individual?” O que você responde? Como é que eu vou desconsiderar aquilo que não existe? Então, se o empresário individual não é pessoa jurídica não há que se falar em desconsideração da personalidade jurídica. Não existe personalidade jurídica. Não dá para desconsiderar aquilo que não existe. Só há desconsideração para a sociedade empresária, ela sim, pessoa jurídica.
Diante disso, eu quero que você analise a regra do art. 966, do Código Civil:
Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.
Quem é considerado empresário (esse é o conceito de empresário)?
“Empresário é todo aquele que profissionalmente exerce uma atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou de serviços.”
Esse é o conceito do caput do art. 966, do Código Civil. 
Profissional – Quando a lei traz a expressão ‘profissionalmente’, o que significa isso? Que só pode ser empresário quem pratica aquela atividade com habitualidade. É necessário que haja uma continuidade.É aquilo que é habitual. É necessário habitualidade. Para ser empresário ele tem que praticar aquela atividade com continuidade. Se eu vender meu carro hoje para pagar uma dívida que eu tenho junto ao banco do Brasil, eu não sou empresário do ramo de veículos porque essa atividade foi eventual. É necessário que haja uma continuidade. Eu fiz uma festa universitária. Quer dizer que eu sou empresário? Se essa festa foi algo eventual, esporádica, então, nesse caso, você não é empresário já que empresário é quem explora a atividade com continuidade com habitualidade. Além da habitualidade é necessário que ele exerça uma atividade econômica. O que significa isso?
Atividade Econômica – Significa atividade lucrativa. Para ser empresário tem que ter lucro. Esse é o objetivo do empresário: angariar lucro. A lei também exige que essa atividade seja organizada. Tanto é assim, que no direito civil, faz-se uma comparação entre associação e sociedade, sendo que a associação não tem finalidade lucrativa, a sociedade tem. A associação até pode ter finalidade lucrativa, mas como meio, não como fim.
Organização - Minha intenção é preparar para concurso público. O que interessa é o que cai na prova. O que vem a ser organização para concurso público? Eu quero que vocês anotem o posicionamento de Fábio Ulhoa Coelho a respeito da organização: “Organização é a reunião dos quatro fatores de produção.” São quatro os fatores de produção:
Mão-de-obra
Matéria-prima
Capital
Tecnologia
Olha que informação preciosa. São quatro os fatores de produção. Na ausência de UM deles, não há mais que se falar mais em organização. Se, porventura estiver faltando um dos fatores de produção, não se fala mais em organização e isso é importante porque se não temorganização, olha o que acontece: não pode ser considerado nem empresário, se for pessoa física e nem sociedade empresária, pessoa jurídica. Vamos dar alguns exemplos:
Mão-de-obra é um fato de produção. Para Fábio Ulhoa, não havendo mão-de-obra contratada, seja no regime da CLT, profissional autônomo. Contratação é exigida! Não há Mão-de-obra contratada, não tem organização e sem organização, não pode ser considerado empresário. Essa regra do empresário se aplica, tanto para a figura do empresário individual quanto para a sociedade empresária
Eu fiz as trufas, eu embrulho as trufas e vendo as trufas. Eu tenho habitualidade (faço isso constantemente). Tenho finalidade lucrativa (quero remuneração por isso). Tem mão-de-obra contratada? Não. Se é assim, não tem organização e se não tem organização, não posso ser considerado empresário individual. É interessante porque tinha uma questão que caiu para delegado federal em 2004 e o examinador dizia que dois sócios montaram uma pizzaria, contrataram um chefe de cozinha e um motoboy. Se você entendesse que aquilo era uma sociedade empresária você responderia metade da questão. Eu e o Ronaldo montamos um barzinho(questão magistratura/DF), eu trabalho no barzinho e nos finais de semana é o Ronaldo. Ninguém foi contratado. O examinador perguntou: “que tipo de sociedade é essa?”. Esse barzinho tem habitualidade, tem finalidade lucrativa, mas falta mão-de-obra. Se falta mão de obra, está ausente um fator de produção e, via de consequencia, não tem organização. Portanto, não será considerada uma sociedade empresária (e nem empresário individual). Vai ser o quê então? Vai ser sociedade simples, mas é assunto que veremos na próxima aula.
Esse posicionamento de Fábio Ulhoa tem sido adotado na maioria dos concursos: são necessários os quatro fatores de produção. Sem os quatro fatores, não se tem organização e não pode ser nem empresário individual e nem sociedade empresária. Porém, alguns concursos têm tratado essa questão de outra forma. Para alguns concursos, tem alguns doutrinadores que afirmam o seguinte sobre a organização. Eles afirmam o seguinte:
“A organização ocorre quando a atividade-fim não depender exclusivamente da pessoa física empreendedora ou do sócio da sociedade.”
Quando é assim, há que se falar em organização. Se depende só do sócio a atividade-fim, essa não pode ser uma sociedade empresária. Quando o sócio de forma pessoal é quem exerce a atividade, na maioria das vezes, não será uma sociedade empresária. Mas, volto a dizer, a maioria dos concursos entende de outra forma: só há que se falar em organização quando houver a reunião dos quatro fatores de produção. 
Questão de concurso: PFN/2006: “Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou serviços” Isso está certo. Esse é o conceito de empresário.
Agora, já caiu na magistratura/PR a seguinte situação: “Empresário é quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção de bens e serviços” O gabarito para essa questão saiu errado. Por que errado? Porque empresário não é só aquele que produz bens ou serviços. É também aquele que circula bens e circula serviços. Não constitui apenas a atividade empresarial a produção de bens ou de serviços. Quero que você lembre na hora da prova que circulação de bens ou de serviços também é atividade empresarial.
Para que fique muito claro, eu quero que você anote quatro exemplos de atividade empresarial nos moldes dessa regra do caput do art. 966, para que você entenda melhor isso.
Volkswagen é uma sociedade empresária? Vamos analisar: tem habitualidade, tem finalidade lucrativa, tem mão de obra, matéria prima, tecnologia. O que ela faz? Produção de veículos, ou seja, produção de bens. Produzir bens está no contexto? Então é sociedade empresária.
Produção de Serviço: Banco – tem habitualidade, tem finalidade lucrativa, tem mão de obra, matéria-prima, capital, tecnologia. Ou seja, possui organização. Isso está no contexto? Sim. O que o banco faz? Produção de serviços bancários. Então é uma sociedade empresária.
Loja de roupas no shopping – faz circulação de bens. Tem habitualidade, tem finalidade lucrativa, tem mão de obra (gerente, estoquista, vendedor), matéria-prima (roupas), capital, tecnologia. Possui organização. O que ela faz? Adquire a mercadoria na fábrica e leva para o consumidor final. Fez a ponte. Fez a intermediação, o que nós chamamos de circulação de bens. Circulação de bens está no contexto? Está. Então é um sociedade empresária, se for pessoa jurídica. Agora se for alguém sozinho, montando uma loja, é empresário individual.
Agência de turismo – Se for pessoa jurídica, é sociedade empresária: tem habitualidade, atividade lucrativa, possui organização, etc. Ela faz circulação de serviço de hospedagem e circulação de serviço de transporte aéreo. Circulação de serviço está no contexto? Está. Então é sociedade empresária. Empresário é aquele que produz bens ou serviços ou também aquele que circula bens ou circula serviços.
Então, esse é o conceito de empresário, o conceito do caput do art. 966, do Código Civil, aquilo que é considerado atividade de empresário. Mas esse conceito ainda não está completo porque precisamos analisar o parágrafo único do art. 966. O caput traz o conceito de empresário. O parágrafo único, por sua vez, faz justamente o contrário (diz o que não se considera empresário), ao trazer a seguinte situação:
Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa.
Esse dispositivo traz aquilo que não se considera empresário. Não é empresário todo aquele que exerce profissão intelectual, literária ou artística. Ainda que tenha ajuda de auxiliares e colaboradores. Mas coloca uma vírgula, dizendo salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa.
Não se considera empresário – quem não se considera empresário? Quem exerce profissão intelectual. Exerceu profissão intelectual de natureza científica, literária ou artística, não será considerado empresário.
					Científica
Profissão intelectual		Literária
					Artística
	Quem no Brasil hoje exerce esse tipo de atividade? É o chamado profissional liberal. Os profissionais autônomos. Profissão intelectual científica: médico. O médico não é empresário porque sua profissão é intelectual científica, o médico desenvolve ciências médicas. A mesma coisa ocorre com a figura do contador. O contador não pode ser empresário porque sua profissão é intelectual científica: ciências contábeis. Portanto, não pode ser considerado empresário. E o rol aqui, é bem extenso. Podemos citar a figura do engenheiro, do arquiteto, advogado. O advogado não pode ser empresário porque sua profissão é intelectual científica. 
	
Mas eu já disse que toda a nossa análise, toda a regra do art. 966 está voltada tanto para a pessoa física, quanto para a pessoa jurídica. Então, significa o quê? Que você também aplica isso para a pessoa jurídica. Uma sociedade entre médicos, não é uma sociedade empresária porque é atividade intelectual científica. Uma sociedade entre contadores, não é uma sociedade empresária porque é atividade intelectual científica. Então, uma sociedade entre contadores, entre médicos, entre advogados não é sociedade empresária porque explora atividade intelectual científica. Uma sociedade de advogados NUNCA será empresária, primeiro porque o próprio estatuto da OAB proíbe e segundo porque o Código Civil também veda.
Da mesma forma, aquele que exerce profissão intelectual literária: temos o escritor, por exemplo. A prova da magistratura/RJ perguntou sobre o jornalista. Será que o jornalista é empresário? Não. Sua profissão é intelectual literária, então, não pode ser considerado empresário. Da mesma forma aquele que exerce uma profissão intelectual artística: desenhista, artistaplástico, o cantor, ator de teatro, de novela, o dançarino são exemplos típicos de atividade intelectual artística e quem as exerce não pode ser considerado empresário. 
Da leitura do parágrafo único, se percebe que o legislador traz mais duas informações relevantes que merecem ser analisadas para ficar bem claro.
Exemplo (questão de concurso): Meu primo é ortopedista e eu também agora sou ortopedista. Resolvemos constituir uma sociedade. Nossa clínica médica é uma sociedade empresária? Resposta: não. Por que não? Porque a nossa profissão é intelectual científica. Mas e se o examinador quiser te confundir e colocar o nome fantasia? Isso pode acontecer, por exemplo, com uma veterinária. Se eu sou veterinário e monto uma veterinária com um colega, nossa sociedade é empresária? Não. É uma sociedade intelectual científica. Só que se a gente colocar o nome fantasia na frente da clínica. Na clínica de ortopedia a gente coloca por exemplo, o nome “Só Ossos”. Será que essa clínica passa a ser uma sociedade empresária só porque tem o nome fantasia na frente? Não. 
E se você ampliar um pouquinho? Se eu contratar uma secretária, uma faxineira e uma enfermeira, será que minha clínica agora passa a ser uma sociedade empresária? Resposta: continua não sendo. Porque você leu comigo que o § único diz que não se considera empresário quem exerce profissão intelectual científica, intelectual ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores. Então, ainda que tenha a ajuda de auxiliares e colabores, ainda assim não é atividade de empresário. Essa clínica não é sociedade empresária. 
O problema é que depois disso ainda tem uma outra vírgula e finaliza o parágrafo único dizendo assim: “salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa.” Então essa expressão ‘salvo se’ é que faz a diferença. Vamos tentar entender o que está dizendo o parágrafo único: Está dizendo que profissão intelectual científica, artística ou literária não é atividade de empresário, continua não sendo com o auxílio de auxiliares e colaboradores, mas agora passa a ser. Quando é que passa a ser? Quando essa profissão intelectual, científica, literária ou artística, tornar-se elemento de empresa. Quando a profissão intelectual tornar-se elemento de empresa, toda atividade passa a ser atividade empresária. 
Vamos pegar o mesmo exemplo de novo: A clínica médica não é sociedade empresária. Contratou secretária e faxineira, continua não sendo uma sociedade empresária, mas agora nossa clínica vai passar por uma nova ampliação. Vai ter uma UTI. Sem brincadeira, sabe qual é a natureza jurídica do serviço de UTI? Natureza jurídica de serviço de hospedagem. Serviço de hospedagem é atividade de natureza intelectual científica, literária ou artística? Não. A nossa clínica agora, além da UTI tem também venda de plano de saúde. Isso é atividade intelectual científica, literária ou artística? Também não. Nossa clínica médica também tem uma sala de cirurgia que é alugada pelos médicos da região. Aluguel de sala é atividade intelectual científica, literária ou artística? Não. A nossa clínica agora, para atender melhor aos pacientes, tem uma cafeteria. Isso é atividade intelectual científica, literária ou artística? Também não. O que aconteceu na nossa clínica? A profissão de médico, a profissão intelectual científica tornou-se apenas um componente daquele complexo. Tornou-se um elemento integrante daquela atividade. Quando isso acontece, é o que nós chamamos de elemento de empresa. Elemento de empresa, então, é isso: quando a atividade do médico torna-se elemento de empresa, toda atividade passa a ser atividade de empresário. Por isso que o hospital, por exemplo, é uma atividade empresária porque nós não temos no hospital apenas a atividade intelectual científica. Há venda de remédios, de refeição, hospedagem, etc. O hospital é, nada mais, nada menos do que um grande hotel que presta serviço médico. Mas há outras atividades que não a intelectual científica. 
Por isso que as veterinárias que há por aí normalmente são sociedades empresárias porque além de veterinárias tem um pet shop lá dentro. Vende produtos, ração, presta outro tipo de serviço que não só aquela atividade intelectual científica, como treinamento de cães, hotelzinho para cachorro. Então, passa a ser sociedade empresária porque a atividade intelectual científica se torna apenas um elemento daquele complexo todo.
Com base nisso, vamos responder a uma pergunta: PFN: “Não se considera empresário quem exerce profissão de natureza intelectual, literária, científica ou artística, ainda que realizadas com o concurso de colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa.” Isso está certo. É a redação do § único do art. 966. Cuidado com a pegadinha. Se o examinador disser que a atividade tornou-se elemento de empresa, a resposta muda. A princípio o que não era, se se tornar elemento de empresa passa a ser atividade empresária. Então, fiquem atentos a essa palavrinha: elemento de empresa! Vai fazer diferença na hora da prova.
	Defini empresário. E qual é o conceito de empresa para que a gente não faça confusão na hora da prova?
	“Empresa é a atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou de serviços.”
Empresa significa atividade! Para o direito empresarial, empresa não é aquilo que todo mundo acha que é (meu pai está na empresa, fui mandado embora da empresa), não. Empresa significa atividade! Qual é a empresa explorada por um restaurante? Comercialização de refeições. Qual é a empresa de uma farmácia? Distribuição e comercialização de remédios. O MP/MG, que é uma prova difícil, já perguntou assim: “Assinale a alternativa que corresponde à definição correta da palavra empresa.” Dentre as alternativas, estava lá: “a empresa explorada por uma indústria é...”. Então, empresa é atividade!
Outro detalhe, não confundam a seguinte situação: restaurante, pessoa jurídica que tem como sócios Alexandre e João. Quem exerce a empresa é a sociedade empresária, não os sócios! Significa o quê? Se eu vou preencher um cadastro na Casas Bahia é tecnicamente errado dizer que minha profissão é empresário. Eu serei empresário se eu, sozinho, individualmente, exercer uma atividade empresarial. No exemplo que eu dei, eu não estou sozinho, tenho um sócio e quem exerce a atividade, não sou eu, Alexandre, é a pessoa jurídica. Então, quem é empresária é a sociedade e não o sócio. Não confunda! Não é porque eu sou sócio de uma sociedade é que vou ser empresário. Empresário é aquele que, sozinho, organiza uma atividade empresarial. O empresário de jogador de futebol não é empresário. É agente! Veremos isso quando analisarmos o contrato de agência.
2.	REQUISITOS PARA SER EMPRESÁRIO INDIVIDUAL
	Daqui pra frente, eu só vou falar do empresário individual (PESSOA FÍSICA). Direito societário a gente vai esquecer por enquanto. Direito societário a gente vai falar nas próximas aulas. Quem é o empresário individual? É a pessoa física. Então, se eu compro um imóvel, pinto o imóvel, coloco um letreiro lá fora, contrato um gerente, garçons, coloco mesas e cadeiras, faço uma cozinha industrial, eu tenho uma churrascaria. Eu sou empresário individual. Mas apara ser empresário individual eu preciso de alguns requisitos. E esses requisitos estão no art. 972, do Código Civil. E esse artigo diz que para ser empresário individual é necessário o seguinte:
Estar em pleno gozo da capacidade civil e 
Não ter impedimento legal.
	2.1.	GOZO DA CAPACIDADE CIVIL
O MENOR poderá ser empresário individual?:
Será que o menor pode ser empresário individual? Não estou perguntando se ele pode ser sócio. Será que sozinho, ele pode organizar uma atividade empresarial? A resposta é: depende 
Menor emancipado – Se o menor está enquadrado em algumas das hipóteses de emancipação, ele está ou não está em pleno gozo da capacidade civil? Está. Se ele está enquadrado em algumas das hipóteses de emancipação, está em pleno gozo da capacidade civil, não há impedimentolegal para esse menor exercer atividade empresarial. 
Menor não emancipado – Se o menor não está enquadrado nas hipóteses de emancipação, aí muda a história. O menor pode iniciar a atividade empresarial? Não. Iniciar a atividade ele não pode. Se quiser ter padaria, montar auto-escola vai ter que esperar. Mas continuar uma empresa, antes exercida por seus pais ou por autor de herança, ele pode! 
Iniciar – NÃO pode!
Continuar – pode!
Ele pode continuar uma empresa antes exercida por seus pais ou por autor de herança. O examinador pode perguntar assim: isso é uma regra de proteção ao menor? Não. É uma regra de preservação da empresa. A empresa já estava em atividade. O menor vai preservá-la. Vai continuar uma empresa que já estava em atividade. Vamos manter em atividade aquela empresa que já estava em atividade. Exemplo: menor tem um pai que tem uma distribuidora de bebida e falece. Será que o menor pode continuar essa atividade? Sim. Iniciar não pode, mas continuar, ele pode. Então, essa palavrinha, continuar, faz a diferença.
	Vamos esquecer um pouco do menor e falar daquele que tem capacidade, dá início à atividade, começa como empresário, mas que, por uma infelicidade da vida, tem uma incapacidade superveniente (ficou louco, por exemplo):
A INCAPACIDADE superveniente:
Será que ante a incapacidade superveniente, ele pode continuar a atividade? A resposta é: também pode! Ele também pode continuar a empresa. Imaginem essa situação: o camarada tem uma padaria e está em pleno gozo da capacidade civil. Só que por uma infelicidade, ele passa por uma incapacidade superveniente. Ficou louco. Ele tinha capacidade, deu início à atividade. Será que depois da incapacidade, é possível continuar a atividade empresarial? A mesma regra que se aplica para o menor também se aplica para os casos de incapacidade superveniente. Lembrando que tudo isso está no art. 974, caput:
Art. 974. Poderá o incapaz, por meio de representante ou devidamente assistido, continuar a empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herança.
§ 1º Nos casos deste artigo, precederá autorização judicial, após exame das circunstâncias e dos riscos da empresa, bem como da conveniência em continuá-la, podendo a autorização ser revogada pelo juiz, ouvidos os pais, tutores ou representantes legais do menor ou do interdito, sem prejuízo dos direitos adquiridos por terceiros.
	
Então, ele pode continuar, tanto o menor quanto aquele que teve incapacidade superveniente, podem continuar a empresa. Mas que para eles (o menor e o que foi acometido pela incapacidade superveniente) possam continuar a empresa é necessária a presença de dois requisitos. Para que o menor, para que o interdito continue a empresa ele precisa de dois requisitos. Quais são eles?
Tem que estar devidamente assistido ou representado.
Tem que ter autorização judicial (art. 974, § 1º)
Além de estar devidamente assistido ou representado é necessário autorização judicial na forma do § 1º, do art. 974. Então, o menor e o incapaz podem continuar uma empresa estando devidamente representados e mediante autorização judicial.
Eu vou ter que abrir um parêntesis um pouco grande com vocês agora. Olha o que acontece: o empresário individual é a pessoa física. Prestem atenção nisso, é super importante, caiu na segunda fase do MP/SP. Ele tem seus bens pessoais (carro, casa, imóveis) e tem também o imóvel que ele comprou para sua representação comercial. Ele comprou um carro, que é o carro que ele usa para fazer as visitas aos clientes. Então, ele tem os bens pessoais e os bens empresariais. Tem como separar esse patrimônio? Se essa representação comercial não dá certo, as dívidas comerciais só recairão sobre os bens usados na atividade empresarial, sem atingir seus bens pessoais? Resposta: não! Recairão sobre os bens pessoais e sobre os bens empresariais.
Isso porque o direito civil brasileiro adotou o princípio da unidade patrimonial. No Brasil, nós temos esse princípio. Significa que tanto a pessoa física, quanto a pessoa jurídica (tanto faz) só possuem um único patrimônio. Com isso, eu quero dizer o seguinte: quando você está diante da figura do empresário individual, quem é ele? É a pessoa física. Então, significa que o empresário individual na qualidade de pessoa física, só tem um patrimônio. Você não pode dividir o patrimônio do empresário individual da seguinte forma: os bens X estão destinados à atividade empresarial e os bens Y são os bens pessoais do empresário. Você não pode separar patrimônio, dizendo que X é de responsabilidade da atividade empresarial e Y são os bens pessoais. É pergunta típica da segunda fase do MP/SP. Isso já caiu três vezes: “Os bens pessoais do empresário individual respondem pelas dívidas empresariais?” O credor pode pedir a constrição dos bens pessoais do empresário individual? Sim, porque não tem separação de patrimônio. A resposta é: pode em razão do princípio da unidade patrimonial porque o empresário individual, como pessoa física, tem um patrimônio só, um patrimônio único que não pode ser desmembrado. Então, se ele tem dívidas empresariais, essas dívidas vão recair sobre os bens empresariais e também sobre os bens pessoais do empresário. Da mesma forma que o contrário também é verdadeiro. Se ele tem uma dívida pessoal, que não tem nada a ver com a sua atividade empresarial, esse crédito também pode recair sobre os bens destinados à atividade empresarial porque ele só tem um patrimônio.
“Ah! Mas eu acho isso injusto. Meus bens estão comprometidos numa atividade. Havendo insucesso da atividade, eu vou responder com meu patrimônio pessoal?” Ora, se você não concorda com isso, ou seja para separar patrimônio você vai ter que fazer diferente: montar uma sociedade. Quando você constitui uma sociedade, você coloca os bens em nome da pessoa jurídica. Aí, tem como separar patrimônio. Haverá os bens pessoais dos sócios e os bens da pessoa jurídica. Eu e Ana constituímos uma sociedade. Alexandre tem seus bens pessoais. Ana também. A sociedade terá seus bens empresariais. Mas, pelo princípio da unidade patrimonial, cada um tem um único patrimônio. Só que, esses bens pessoais não estão com o Alexandre mais, estão com a pessoa jurídica, com a sociedade. Então, se a sociedade tem dívidas, a princípio, essas dívidas vão recair sobre os bens da sociedade e não sobre os bens dos sócios. É a foram que você tem de separar patrimônio: constituir uma sociedade, uma pessoa jurídica. Mas, enquanto você é empresário individual, empresário individual não tem personalidade jurídica e o patrimônio é um só. 
Por isso, que uma perguntinha também típica de segunda fase é a seguinte: Dá para falar em desconsideração da personalidade da pessoa jurídica para o empresário individual? Resposta: não. Primeiro porque o empresário individual nem é pessoa jurídica. É pessoa física. Em segundo lugar: não há finalidade nenhuma porque você desconsidera a personalidade para quê? Para poder invadir o patrimônio dos sócios. No caso do empresário individual é um patrimônio só. Os bens da atividade empresarial recaem sobre os bens pessoais e vice-versa, então não há finalidade desse tipo de ato praticado com o empresário individual. 
Então, onde eu quero chegar? Eu expliquei tudo isso pelo seguinte: vamos imaginar que o menor tinha bens pessoais. Ele tinha uma fazenda deixada pelo falecido avô. Agora, o pai dele faleceu e ele continua a empresa (distribuidora de bebidas) do pai. Mas a atividade começa a contrair dívidas. Essas dívidas vão recair sobre os bens da atividade e sobre os bens pessoais? O examinador gosta de perguntar isso quando se trata de MP ou Magistratura estadual: “o menor pode continuar uma empresa, mas e se, por exemplo, ele já tinha alguns bens herdados, o avô dele deixou para ele um sítio. Ele já tinha um bem pessoal antes de começar a atividade empresarial. Ele vai ter um patrimônio desmembrado? Não. Vai ter um patrimônio único. E esse bem do menor (o sítio) não corre risco? Corre. Então, o que a lei faz para proteger o menor?A lei diz o seguinte: art. 974, § 2º:
§ 2º Não ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens que o incapaz já possuía, ao tempo da sucessão ou da interdição, desde que estranhos ao acervo daquela, devendo tais fatos constar do alvará que conceder a autorização.
	Então, você, na qualidade de juiz, quando der autorização para o menor continuar a atividade, no alvará tem que constam os bens que ele já possui. Se constar no alvará, esses bens não serão usados para pagamento de dívidas empresariais. Constando do alvará de autorização, esses bens não sejam objeto de constrição. Eles estão blindados. É uma blindagem patrimonial que se faz para o menor. Se o examinador perguntar, você pode, sim, afirmar que se trata, nesse caso, de um patrimônio de afetação. 
	2.2.	NÃO TER IMPEDIMENTO LEGAL
Há alguns casos previstos expressamente em lei que proíbem a pessoa de exercer atividade empresarial. Será que o juiz pode ser empresário individual? Será que um promotor pode ser empresário individual? O delegado de polícia pode ser empresário individual? Funcionário público pode ser empresário individual? Militares na ativa podem ser empresários individuais? A pergunta que estou fazendo é aquela que está relacionada à figura do empresário individual. Quem é o empresário individual? É aquele que, sozinho, organiza uma atividade empresarial. Será que o juiz pode, sozinho, organizar uma atividade empresarial? Ou o delegado de polícia? A resposta é: não. Mas pode ser sócio de sociedade empresária! Membro do MP pode ser sócio de sociedade empresária, desde que não exerça a administração.
	Juiz, promotor, delegado, servidor público e militares na ativa não podem ser empresários individuais. Mas eu conheço um delegado que tem um despachante. Eu conheço um juiz que tem um cursinho, um promotor que tem uma seguradora. Eles não podem ser empresário individual, mas podem ser sócios de uma sociedade empresária, desde que não exerçam a administração. Então tem um material que eu quero que você pegue no site, que são os casos de impedimento que encontramos na legislação (isso está no material de apoio):
	Os impedidos de ser empresário:
Membros do Ministério Público para exercer o comércio individual ou particular de sociedade comercial (art. 128, § 5º, II, “c”, da CF), salvo se acionista ou cotista, obstada a função de administrador (art. 44, III, da Lei 8.625/93.) – Eles não podem exercer o comércio individual, mas podem participar da sociedade. O acionista é quem participa da sociedade anônima e o cotista é aquele que participa de uma sociedade limitada.
Magistrados (art. 36, I, Lei Complementar nº 35/1977 – Lei Orgânica da Magistratura) nos mesmos moldes da limitação imposta aos membros do Ministério Público. O juiz não pode ser empresário individual, mas pode ser sócio em uma sociedade empresária.
Empresários falidos, enquanto não forem reabilitados (lei de Falências, art. 195).
Leiloeiros (art. 36, do Decreto nº 21.891/32) – proíbe os leiloeiros de exercerem a empresa direta ou indiretamente, bem como constituir sociedade empresária, sob pena de destituição).
Corretores (art. 20, da Lei 6.530/78).
Despachantes aduaneiros (art. 10, inciso I, do Decreto nº 646/92 – não podem manter empresa de exportação ou importação de mercadorias nem podem comercializar mercadorias estrangeiras no país);
Cônsules, nos seus distritos, salvo os não-remunerados (Decreto nº 4868/82, art. 11 e Decreto 3529/89, art. 82).
Médicos, para o exercício simultâneo da farmácia, drogaria ou laboratórios farmacêuticos e os e os farmacêuticos, para o exercício simultâneo da medicina (Decreto nº 19606/31 c/c Decreto 20.877/31 e Lei 5991/73);
Pessoas condenadas a pena que vede, ainda que temporariamente o acesso a cargos públicos, ou por crime falimentar, de prevaricação, peita ou suborno, concessão, peculato ou contra a economia popular, contra o sistema financeiro nacional, contra as normas de defesa da concorrência, contra as relações de consumo, a fé pública ou a propriedade, enquanto perdurarem os efeitos da condenação.
Servidores públicos civis da ativa (lei 1.711/52) e servidores federais (Lei 8112/90, art. 117, X, inclusive Ministros de Estado e ocupantes de cargos públicos comissionados em geral). Aqui é importante observar que o funcionário público pode participar como sócio cotista, comanditário ou acionista, sendo obstada a função de administrador.
Servidores militares da ativa das Forças Armadas e das Polícias Militares (CPM, arts. 180 e 204, DL 1.029/69; arts. 29 e 35 da lei nº 6.880/80), neste caso, também poderão integrar sociedade empresário na qualidade de cotista ou acionista, sendo obstada a função de administrador.
Os deputados e senadores não poderão ser proprietários, controladores ou diretores de empresa, que goze de favor decorrente de contrato com pessoa jurídica de direito público, nem exercer nela função remunerada ou cargo de confiança, sob pena de perda do mandato – arts 54 e 55 da Constituição Federal). Conforme bem observa Ricardo Negrão, a lei não inclui alguns outros agentes políticos, como o Presidente da República, ministros de Estado, secretários de Estado e prefeitos municipais, no âmbito do Poder Executivo, mas menciona as mesmas restrições dos senadores e deputados federais aos deputados estaduais e vereadores (art.29, IX, da Constituição Federal). Ademais, o prestigiado autor também afirma que “por se tratar de norma de caráter restritivo, não há como estender a relação para englobar esses outros agentes políticos, quando a lei, podendo fazê-lo, não o fez. A esses membros do Executivo a lei não restringiu o exercício da atividade empresarial, e, assim, não cabe ao intérprete incluí-los na proibição, sob pena de estabelecer privação de direito não prevista em lei. Observa-se, contudo, que seus atos de administração deverão pautar-se pelos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e demais regras previstas no art. 37 da Constituição Federal. Ao contratar, portanto, aplicam-se-lhes as mesmas restrições do art. 54, II, da Constituição Federal”.
Estrangeiros (sem visto permanente – art. 98 e 99 da Lei nº 6.815/80 – Estatuto do Estrangeiro) estão impedidos de serem empresários individuais, porém não estarão impedidos de participar de sociedade empresária no país; estrangeiro (com visto permanente), para o exercício das seguintes atividades: pesquisa ou lavra de recursos minerais ou de aproveitamento dos potenciais de energia hidráulica; atividade jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e imagens, com recursos oriundos do exterior; atividade ligada, direta ou indiretamente, à assistência à saúde no País, salvo nos casos previstos em lei; serem proprietários ou armadores de embarcação nacional, inclusive nos serviços de navegação fluvial e lacustre, exceto embarcação de pesca; serem proprietários ou exploradores de aeronave brasileira ressalvada o disposto na legislação específica.
Devedores do INSS (art. 95, §2º, da Lei nº 8.212/91).
	Um desses casos, decisão recente do STJ merece destaque. Foi um caso envolvendo médicos e farmacêuticos. O que o STJ decidiu recentemente sobre esse assunto? Que quem está desenvolvendo atividade de farmacêutico não pode exercer atividade de médico de forma concomitante. Se eu sou farmacêutico, eu não posso ser médico. Médico não pode ser sócio de farmácia. E vice-versa. Já havia uma referência legal, mas havia uma discussão doutrinária e agora vem o STJ e decide a respeito desse assunto dizendo: é médico? Não pode ser farmacêutico! É farmacêutico? Não pode ser médico. Para ter farmácia, o médico teria que pedir desligamento do Conselho de Medicina.
(Intervalo)
	2.3.	O EMPRESÁRIO INDIVIDUAL CASADO
Tem um assunto que também interessa bastante e se você pegar as provas, você vai ver como esse assunto já caiu em prova, que é a regra envolvendo a figura do empresário casado. 
O empresário individual casado quer ampliar as atividades da sua videolocadora e, para tanto, compra um imóvel. Ele faz isso, ou seja, compra umimóvel destinado para a atividade empresarial. Nesse momento de crise, ele se vê obrigado a vender esse imóvel. Só que ele é um empresário individual casado e a esposa dele não está concordando com a venda do imóvel e já disse que não vai autorizar a venda. E aí? Nesse caso, será que o empresário casado precisa da autorização do cônjuge? Se você estuda apenas o direito civil, você erra a questão. Isso porque o direito civil tem uma regra geral, a do art. 1647, do Código Civil:
Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta:
I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis;
II - pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos;
III - prestar fiança ou aval;
IV - fazer doação, não sendo remuneratória, de bens comuns, ou dos que possam integrar futura meação.
 
	Inciso I – Essa é a regra geral. Vai vender um bem imóvel, ou vai dá-lo como hipoteca, precisa da autorização do cônjuge, exceto em se tratando de regime de separação absoluta. Só que para o empresário se aplica uma regra específica, que é a regra do art. 978. Essa, totalmente diferente da regra geral, despenca em concurso:
Art. 978. O empresário casado pode, sem necessidade de outorga conjugal, qualquer que seja o regime de bens, alienar os imóveis que integrem o patrimônio da empresa ou gravá-los de ônus real.
	Ele não precisa de autorização do cônjuge, independentemente do regime de bens. O empresário casado pode, não precisa de autorização do cônjuge pode alienar os imóveis que integrem o patrimônio da empresa ou gravá-los de ônus real. Então, é totalmente diferente da regra do art. 1647. Aquilo lá você vai responder em direito civil. Quando o assunto é empresário, a resposta é art. 978. Ele pode, não precisa da autorização do cônjuge qualquer que seja o regime de bens. Essa questão já caiu em diversos concursos. O 978 está despencando em concurso!
	Olha o que acontece como empresário casado hoje no Brasil. Ele tem um imóvel e na frente do imóvel, coloca a atividade empresarial, uma papelaria, por exemplo. Nos fundos, o que acontece? Ele reside com a família. Isso é muito comum. Vende algo ali na frente e no fundo mora com a família. A pergunta é: esse imóvel é penhorável ou não? O que o STJ diz a respeito do assunto? 
STJ: Se esse imóvel está registrado em nome do empresário individual (não tem como separar patrimônio do empresário individual), significa que esse imóvel é impenhorável e sobre ele recai a lei 8009/90. 
Vamos imaginar que ele tenha uma sociedade empresária. Ele e a esposa constituíram uma pessoa jurídica, uma sociedade empresária, algo muito comum no Brasil. Mas quando vai fazer o registro do imóvel registra em nome da pessoa jurídica, ao invés de fazer em nome da pessoa física. O que diz o STJ?
STJ: Se o imóvel está registrado em nome da pessoa jurídica, o imóvel é penhorável. O STJ entende, pois, que para que o imóvel seja penhorável, além de ser a residência, também tem que estar em nome da pessoa física. Se está em nome da pessoa jurídica, a princípio esse imóvel está destinado á atividade empresarial e não à residência.
Nós vimos aqui o item 2, que são os requisitos para a atividade empresarial. 
3.	OBRIGAÇÕES DO EMPRESÁRIO
	3.1.	Registro – art. 967, do Código Civil
Art. 967. É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade.
	Antes de começar a atividade, o empresário tem que providenciar o seu registro. E a lei diz que ele tem que fazer o registro no Registro Público de Empresas Mercantis. Só que não é assim que cai na prova. Esse Registro Público de Empresas Mercantis é definido na Lei 8.934/94, que é a que trata do registro publico de empresas mercantis. E para essa lei, o registro público de empresas mercantis é o chamado SINREM (Sistema Nacional de Registro de Empresas Mercantis). Esse SINREM está dividido em dois órgãos, o DNRC (Departamento Nacional de Registro de Comércio) e também a Junta Comercial.
				DNRC (Órgão Federal) – Normatizador e fiscalizador
		SINREM
				JUNTA COMERCIAL (Órgão Estadual) - Executor
			
	Cada UF possui uma junta comercial. Só que, no âmbito de competência desses órgãos, o DNRC é um órgão normatizador e fiscalizador. Ao passo que a JUNTA COMECIAL é um órgão executor. Diante desse contexto, respondam uma questão: onde o empresário faz o registro? Na Junta Comercial.
	Importante para magistratura federal: A junta comercial tem subordinação. E essa subordinação pode ser técnica ou administrativa. A quem a junta comercial está subordinada no âmbito técnico ou administrativo? No âmbito técnico, ela está subordinada ao DNRC, que é o órgão normatizador. Já no âmbito administrativo, ela está subordinada ao Estado. É o Estado, por exemplo, que paga a remuneração dos funcionários da junta.
	Perguntinha muito comum na área federal: será que cabe mandado de segurança contra ato do presidente da Junta Comercial? Você quer fazer um registro e a Junta Comercial não permite esse registro. Ou quer fazer alguma alteração no registro e a Junta Comercial não permite. A resposta é: é lógico que cabe mandado de segurança. Mas o problema é saber onde você vai ajuizar o MS. É na Justiça Comum Estadual ou na Justiça Federal? Então, para responder essa pergunta você vai ter que conhecer um pouco mais sobre a junta comercial. Lembre-se do seguinte: a junta comercial tem dois tipos de subordinação: ela tem a subordinação administrativa e a subordinação técnica.
Subordinação Administrativa da Junta Comercial – No âmbito administrativo a Junta Comercial está subordinada à unidade federativa. Quem paga a remuneração dos seus funcionários é o Estado. Já no âmbito técnico não é assim.
Subordinação Técnica da Junta Comercial – No âmbito técnico, a junta comercial está subordinada ao Departamento Nacional de Registro de Comércio, ao DNRC, que é um órgão federal. Se é assim, o mandado de segurança contra o ato do presidente da junta comercial, tem que ser ajuizado na Justiça Federal porque tecnicamente ela está subordinada a um órgão federal.
	
O STF decidiu assim no RE 199793/RS (04/04/00) a respeito do mandado de segurança contra ato do presidente da junta comercial:
EMENTA: Juntas Comerciais. Órgãos administrativamente subordinados ao Estado, mas tecnicamente à autoridade federal, como elementos do sistema nacional dos Serviços de Registro do Comércio. Conseqüente competência da Justiça Federal para o julgamento de mandado de segurança contra ato do Presidente da Junta, compreendido em sua atividade fim.
	Então, esse mandado de segurança contra ato do Presidente da Junta é de competência da Justiça Federal. Isso porque a Junta Comercial está tecnicamente subordinada à autoridade federal.
	
a)	Exceção à obrigatoriedade do registro
	Então, o registro e mera condição de regularidade. Não vai ser empresário só porque fez registro. Mas para essa obrigação de registro tem alguma exceção? Sim.
	A exceção é a do art. 971, do Código Civil. Quando você leu o art. 967 comigo, você viu que o legislador disse assim: que o empresário deve fazer o registro. Quando o legislador vai tratar do empresário rural, ele pega menos pesado. Olha o que diz o art. 971:
Art. 971. O empresário, cuja atividade rural constitua sua principal profissão, pode, observadas as formalidades de que tratam o art. 968 e seus parágrafos, requerer inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, caso em que, depois de inscrito, ficará equiparado, para todos os efeitos, ao empresário sujeito a registro.
	A lei não está dizendo que ele deve, está dizendo que ele pode. Significa o quê? Que para o empresário rural, o registro não é obrigatório, mas facultativo. Para empresário rural, o registro e facultativo. Só que eu quero que você acompanhe o raciocínio. Na verdade o que ocorre: temos no Brasil dois lados muito opostos da moeda: o cara que trabalha na lavoura e tem 20 filhos. Não podemos exigirdele que faça o registro. Ele só fará se quiser. Se, porventura, tratar-se de agroindústria, aí é diferente. O que acontece nesse caso? A agroindústria precisa de uma conta-corrente, de CND, de outras coisas. Mas a lei traz uma expressão importante: diz que pode fazer o registro, mas se fizer o registro, ficará equiparado para todos os efeitos ao empresário sujeito a registro. Diz que pode fazer se quiser. Se o empresário rural fizer o registro, as regra de direito empresarial, também vai repercutir sobre ele. Então, as mesmas obrigações que o empresário comum tem, o rural também vai ter.
	Na verdade, em outras palavras, o que o art. 971 está dizendo? Se o rural não faz o registro, eu não o considero empresário e as regras empresariais não se aplicam a ele. Que se o empresário rural quiser fazer o registro, ele faz, porém, se fizer o registro, aí sim ele vai ser considerado empresário mesmo porque até então ele não tem as obrigações do empresário. Ele só passa a ter as mesmas obrigações do empresário se efetuar o registro. Só se aplica o direito empresarial para o empresário rural com registro na junta comercial. Se para o empresário comum o registro é mera condição de irregularidade, para o rural, é diferente porque ele só vai ser considerado empresário se ele fizer o registro. 
b)	Natureza Jurídica do Registro
E aí surge uma pergunta difícil de responder: Magistratura/SC, SP (exame oral), etc. O examinador perguntou: Qual é a natureza jurídica do registro do empresário rural? Vamos começar a pensar considerando o empresário comum: Eu preciso de registro para ser considerado empresário? Para uma sociedade ser considerada empresária eu preciso de registro ou tenho que analisar se o empresário tem habitualidade, finalidade lucrativa, organização, se produz bens ou serviços, etc? O registro do empresário comum é mera condição de regularidade. Para o empresário comum, o registro é mera condição de regularidade. Se eu tenho registro, eu sou regular. Se eu não tenho registro, eu sou irregular. E é isso o que estão dizendo os Enunciados do Conselho da Justiça Federal da III Jornada 198 e 199
Enunciado CJF: 198 – Art. 967: A inscrição do empresário na Junta Comercial não é requisito para a sua caracterização, admitindo-se o exercício da empresa sem tal providência. O empresário irregular reúne os requisitos do art. 966, sujeitando-se às normas do Código Civil e da legislação comercial, salvo naquilo em que forem incompatíveis com a sua condição ou diante de expressa disposição em contrário.
	Eu queria que você anotasse isso: que o registro não é requisito para caracterização do empresário e da sociedade empresária. É isso que tem caído nas provas. Não é porque fiz o registro na junta comercial que sou empresário. Não é porque ela fez o registro na junta comercial que ela será uma sociedade empresária. Eu posso exercer atividade empresarial sem fazer o registro, só que serei irregular. 
Isso significa o quê? Que o registro do empresário comum não é de natureza constitutiva. É meramente declaratório. Isso significa o quê? Que ele não vai ser empresário só porque teve registro na Junta Comercial. O registro na JC é mera condição de regularidade. Se ele não tem registro, é irregular. O que vai definir se a pessoa física é empresário ou não ou se a pessoa jurídica é sociedade empresária ou não e a atividade que ela explora: se tem organização, tem habitualidade, tem finalidade lucrativa, produziu um bem ou produziu um serviço (ou circulou um bem ou circulou um serviço), desse contexto é que você vai apreciar a classificação e dizer se é empresário individual ou sociedade empresária. Não é porque eu fiz um registro que eu sou sociedade empresária. Então, significa o seguinte: uma sociedade entre médicos é empresária? Não porque a atividade não é de empresária. Se eu sou médico e pego meu contrato social e levo na Junta Comercial, eu não passo a ser sociedade empresarial por causa desse registro. Só vai ser sociedade empresária se explorar uma atividade de empresária.
O Enunciado 199 complementa o 198:
Enunciado CJF: 199 – Art. 967: A inscrição do empresário ou sociedade empresária é requisito delineador de sua regularidade, e não da sua caracterização.
Ele vai ser regular! Não significa que vai ser empresário só porque fez o registro na juta comercial. Só que esse é o registro do empresário comum. E o registro para o empresário rural? 
Como a lei diz que o sujeito só vai ser empresário rural se fizer o registro, então, o registro é de natureza constitutiva porque ele só vai ser empresário se fizer o registro na junta comercial. O registro é facultativo, mas a natureza é constitutiva porque só vai ser empresário se fizer o registro na Junta Comercial Lá no registro do empresário comum a natureza é declaratória. Aqui, a natureza é constitutiva. Só será considerado empresário se fizer o registro. E nesse sentido, o Enunciado CJF 202:
	Enunciado CJF: 202 – Arts. 971 e 984: O registro do empresário ou sociedade rural na Junta Comercial é facultativo e de natureza constitutiva, sujeitando-o ao regime jurídico empresarial. É inaplicável esse regime ao empresário ou sociedade rural que não exercer tal opção.
	
c)	Consequências da ausência de registro
1ª Consequência:	Não pode pedir falência de um terceiro.
	Quem não tem registro, não pode pedir falência de terceiro. Veja bem: pode sofrer pedido de falência. O que não pode é pedir falência de um terceiro.
	
2ª Consequência	Tratando-se de sociedade, a responsabilidade dos sócios é ilimitada
3ª Consequência	Não poderá pleitear recuperação judicial.
4ª Consequência	Não poderá participar de licitação.
	Nós vimos a primeira obrigação (registro). Agora vamos para a segunda obrigação do empresário:
	3.2.	Escrituração dos livros comerciais – art. 1180, do CC
	*Esse assunto cai bastante! Dar destaque no caderno! Primeira coisa que temos que saber é que o livro pode ser:
Obrigatório – É aquele exigido por lei. Subdivide-se em:
Livro Obrigatório Comum – Exigido de todo empresário!
Livro Obrigatório Especial – É aquele que é obrigatório, a lei exige, mas exige em casos excepcionais, como, por exemplo, o livro de registro de duplicata. Ele só vai ser escriturado por empresário que emite duplicata. Se O empresário não emite duplicata, não tem a obrigatoriedade de escriturar esse livro.
Facultativo – Não é exigido por lei, é utilizado para facilitar a vida do empresário, para gerenciar a atividade empresarial..
O que temos que saber? A primeira situação que temos que saber é a seguinte: o examinador pode perguntar na prova qual é o livro obrigatório comum, que é isso que interessa. Ou seja, o livro que todo empresário a princípio tem que escriturar. O que é o livro obrigatório comum. A resposta a essa pergunta você localiza no art. 1180, do Código Civil.
Art. 1.180. Além dos demais livros exigidos por lei, é indispensável o Diário, que pode ser substituído por fichas no caso de escrituração mecanizada ou eletrônica.
	Esse é o livro obrigatório comum, o livro diário. Então, não é o livro-caixa, não é o livro-conta-corrente, não é o livro-razão, não é o livro conta-corrente, nada disso. O livro que todo empresário tem que escriturar é o livro diário. É só você lembrar que diário rima com empresário. 
	Além dessa informação, há uma outra informação que também cai na prova: é que o art. 1180 diz que esse livro pode ser substituído por fichas, só que isso só é permitido no seguinte caso:
Quando se tratar de uma escrituração mecanizada ou eletrônica. 
Então, o que o examinador pergunta? Pergunta se o Código Civil admitiu a escrituração eletrônica. E a resposta está aí. Então, o livro diário pode ser substituído por fichas em caso de escrituração mecanizada ou eletrônica. 
a)	O princípio que rege a escrituração dos livros
Anote a pergunta: “Qual é o princípio que rege a escrituração dos livros?”
	O examinador pode perguntar qual é o princípio que rege a escrituração dos livros empresariais. Será que é o da publicidade? Não. O princípioé o da sigilosidade. Princípio da sigilosidade que você encontra no art. 1.190, do Código Civil. A sigilosidade, quando cai na prova, é um trauma. Quando você bate o olho no art. 1.190, colocado como uma alternativa de prova, a impressão que você tem é essa: eu tenho certeza que essa não é. 
Art. 1.190. Ressalvados os casos previstos em lei, nenhuma autoridade, juiz ou tribunal, sob qualquer pretexto, poderá fazer ou ordenar diligência para verificar se o empresário ou a sociedade empresária observam, ou não, em seus livros e fichas, as formalidades prescritas em lei.
	Nenhuma autoridade, juiz ou tribunal, sob qualquer pretexto! Isso é sigilosidade! Soa estranho, mas é a redação da lei e se cair tem que ser colocado como resposta correta. Os livros do empresário são sigilosos. A preocupação do art. 1.190 é com a concorrência desleal. Se um concorrente toma conhecimento do faturamento, dos livros da outra empresa, isso pode ser fatal para a outra empresa. Então, os livros são sigilosos. Mas há exceções previstas em lei a essa sigilosidade e é isso que vamos analisar a partir de agora.
	*Exceções ao princípio da sigilosidade
	Entre a letra a e a letra b tem uma diferença muito sutil, mas que cai na prova:
	a)	Exibição parcial dos livros
	b)	Exibição total dos livros
	A diferença é sutil, mas despenca em prova. Vou contar uma história para você lembrar na hora da prova e não errar a questão: lá em casa, somos eu e minha irmã. Ela é dois anos mais nova do que eu. Quando ela tinha 10, eu tinha 12 e brigávamos muito. Meu pai achava que por eu ser mais velho e ser homem, eu tinha que apanhar. Ela tinha uma caixinha de madeira com cadeado onde ela tinha um diário. Eu ficava desesperado para ler aquilo. Um belo dia, olhei na cama e o diário estava lá, escancarado. Tranquei a porta do quarto e comecei a ler o que estava escrito. De repente, me deparo com o seguinte: ‘hoje eu provoquei o bobão do Alexandre. Ele caiu. Hahaha. Ele vai apanhar.’ Ela me provocava, eu brigava com ela e ela fazia isso só para eu apanhar. Passou um tempo, ela me provocou, eu caí, meu pai chegou à noite pronto para me bater. Aí eu disse que, antes de me bater, que lesse o que estava dentro da caixa. Aí ela começou a chorar. Ele pegou o livro e o que estava escrito? Provoquei o Alexandre, ele vai apanhar. Foi a primeira vez que ele bateu nela. Fui dormir feliz da vida. Mas meu pai, antes, quis conversar: “Esse livro não é aquele livro que é sigiloso e que ninguém pode passar perto? Como você sabia o que estava escrito ali?” Eu respondi que o livro estava aberto e eu passei o olho. E meu pai: “Você invadiu a privacidade dela sem autorização.” Exatamente. E me bateu para eu nunca mais fazer de novo. Por que estou contando isso? Porque se porventura, numa analogia ridícula, esse briga desse uma ação judicial, eu quisesse pedir para apresentar o livro judicialmente eu podia? Sim. Porque numa ação judicial, eu posso pedir exibição parcial de livros. Então, a exibição parcial de livros é permitida em qualquer ação judicial. Qualquer ação! Qualquer caso! Qualquer situação admite a exibição parcial.
	Já a exibição total, não. O juiz não pode ordenar a exibição total em qualquer circunstância, mas nos casos do art. 1191, do Código Civil, que são apenas quatro situações. E eu quero que vocês anotem essas hipóteses. Quando o juiz pode determinar a exibição total? Em quatro situações:
Em caso de sucessão 
Sociedade/comunhão
Administração ou gestão à conta de outrem – quando há um terceiro administrando o negócio. Eu acho que deveria ser reintegração de posse, mas a lei fala que deve ser exibição total. 
Em caso de falência
Só nessas quatro situações é que o art. 1191 permite que o juiz determine exibição integral. Em nenhum outro caso mais.
Art. 1.191. O juiz só poderá autorizar a exibição integral dos livros e papéis de escrituração quando necessária para resolver questões relativas a sucessão, comunhão ou sociedade, administração ou gestão à conta de outrem, ou em caso de falência.
Exibição parcial – em qualquer ação
Exibição total – só quando incidir uma das quatro hipóteses do art. 1.191
	c)	Autoridades Fazendárias
Terceira e última exceção: art. 1.193, do Código Civil. Imagina essa situação: o empresário está lá, liga para o advogado e diz assim: “O fiscal do ICMS está aqui na porta da empresa e quer ver os livros, o que eu faço?” Aí o advogado, que fez curso no LFG e viu que nenhuma autoridade, juiz ou tribunal pode exigir, ele conclui que é melhor não mostrar e responde (art. 1190): “O cara é fiscal? Manda ele embora!” Isso está errado. Por quê? Porque nós temos uma exceção do art. 1.193 que diz que essa sigilosidade não se aplica às autoridades fazendárias quando do exercício da fiscalização do pagamento de impostos. É o que diz a regra do art. 
Art. 1.193. As restrições estabelecidas neste Capítulo ao exame da escrituração, em parte ou por inteiro, não se aplicam às autoridades fazendárias, no exercício da fiscalização do pagamento de impostos, nos termos estritos das respectivas leis especiais.
	Olha a questãozinha que caiu no MPF/22º Concurso: “Com relação à escrituração, pode-se afirmar que:
	
Segundo o novo Código Civil, todo empresário está obrigado a possuir livros empresariais, mais precisamente o Diário e o Copiador de Cartas; - O diário, sim! O outro não.
Em qualquer hipótese pode o Juiz, inclusive de ofício, determinar a exibição integral dos livros e papéis de escrituração, quando necessária para auxiliar a solução de uma pendência judicial; - Muitos marcaram essa como correta. – Não é em qualquer hipótese. Se fosse exibição parcial, tudo bem.
Se houver determinação judicial para o empresário exibir seus livros, caso este se recuse, não ensejará confissão ficta;
A falta ou indevida escrituração nos livros obrigatórios enseja sérias consequências, inclusive no âmbito penal, podendo configurar infração penal.
O empresário está obrigado a fazer a escrituração em livros, não podendo utilizar a escrituração eletrônica.”
O Alexandre não comentou sobre a resposta certa, mas eu diria que é a ‘c’ (por exclusão), já que a ‘a’, a ‘b’ e a ‘e’ estão flagrantemente erradas (a aula de hoje ensina) e a ‘d’, segundo me lembro de tê-lo ouvido explicar em outra aula que ouvi (de 1997), penso que esteja errada porque não é a escrituração indevida que gera efeitos penais, apenas a falta de escrituração! 
b)	Quem é dispensado da escrituração
	“Você disse que o livro obrigatório é o livro diário e que isso é uma obrigação tem alguém excluído essa obrigação?” Tem. O art. 1.179, § 2º, traz uma figura interessante, que é a figura do pequeno empresário. 
§ 2º É dispensado das exigências deste artigo o pequeno empresário a que se refere o art. 970.
Quem é ele? O Código Civil diz que o pequeno empresário está dispensado da obrigação de escriturar os livros. Para ele, não tem a obrigatoriedade de escriturar os livros. Então, vamos tomar cuidado com uma coisa: a lei não falou microempresa e nem empresa de pequeno porte (não vai errar na prova!). Falou em pequeno empresário. Quem é o pequeno empresário? É aquele do art. 68, da LC 123/06. Pequeno empresário é assunto para o Intensivo III.
	Se você for lá para a LC 123/06 nós temos lá, no art. 3º, a definição do que é microempresa e do que é empresa de pequeno porte. E quando vai trazer essa definição, diz o seguinte: que tanto o empresário individual (pessoa física) como a sociedade empresária e a sociedade simples (que veremos mais adiante), qualquer um deles pode ser classificado como microempresa ou empresa de pequeno porte. Todos eles. A diferença reside na seguinte situação: faturamento bruto anual. É isso que a gente vai ter que analisar: qual é o faturamento bruto anual:
	Se o faturamento bruto anual é:
= ou < 40 mil reais – Microempresa
> 240 mil e = ou < a 2 milhões e 400 mil reais – Empresa de Pequeno Porte
Só que o Código Civil não disse que está dispensada a microempresa e a empresa de pequeno porte. Disse que quem está dispensado é o pequenoempresário. E quem é o pequeno empresário? 
Art. 68 da LC 123.  Considera-se pequeno empresário, para efeito de aplicação do disposto nos arts. 970 e 1.179 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002, o empresário individual caracterizado como microempresa na forma desta Lei Complementar que aufira receita bruta anual de até R$ 36.000,00 (trinta e seis mil reais).
	
Pegadinha: qual a diferença do que você já viu até agora para a redação do art. 68? Aqui diz que só pode ser pequeno empresário a pessoa física e a pessoa jurídica ou só a pessoa física? Só a pessoa física. É só o empresário individual. Não fala de sociedade aqui. Significa que sociedade não pode ser classificada como pequeno empresário. Só pode ser pequeno empresário o empresário individual. E não é qualquer empresário individual. É o empresário individual que é classificado como microempresa e que tenha uma empresa bruta anual de até 36 mil reais. 
A escrituração é uma obrigação. O que acontece com o empresário que deixa de escriturar os seus livros? NADA! Estamos tratando aqui do âmbito empresarial (não tem nada a ver com o trabalhista, âmbito fiscal...). O que acontece? A princípio, nada. Se ele deixa de escriturar, a princípio não acontece nada. Mas ele tem que pedir todos os dias para nunca passar por uma crise. Porque se ele passa por uma crise e se alguém pede a falência desse empresário e o juiz decreta a sua falência ou então o juiz concede a recuperação judicial, aquilo que antes não era nada, passa a ser crime falimentar. Aquilo que antes não era nada, ou seja, o fato de eu ter deixado de escriturar o livro lá atrás, passa a ser crime falimentar. Lei de Falência (11.101/05), art. 178:
Art. 178. Deixar de elaborar, escriturar ou autenticar, antes ou depois da sentença que decretar a falência, conceder a recuperação judicial ou homologar o plano de recuperação extrajudicial, os documentos de escrituração contábil obrigatórios:
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa, se o fato não constitui crime mais grave.
	Quando ele tem que escriturar o livro obrigatório e deixa de fazê-lo, isso é crime falimentar. A princípio não é nada. Só passa a ser crime falimentar, se teve uma sentença declaratória de falência ou o juiz concedeu uma recuperação judicial ou homologou um plano extrajudicial. Se o empresário não passa por uma crise, a princípio, no âmbito empresarial isso não é nada. Mas se ele deixar de escriturar e ocorrer uma falência, ou uma recuperação judicial ou uma recuperação extrajudicial, o fato de ter deixado de escriturar configurará crime falimentar.
	E se o empresário falsificar esse livro? Que crime que ele cometeu? Crime de falsificação de documento. Mas documento particular ou público? O examinador pergunta e vocês erra! Código Penal, art. 297:
§ 2º - Para os efeitos penais, equiparam-se a documento público o emanado de entidade paraestatal, o título ao portador ou transmissível por endosso, as ações de sociedade comercial, os livros mercantis e o testamento particular.
	
Livros mercantis são equiparados a documentos públicos para fins de falsificação. Então, praticou crime de falsificação de documento público.
	Essa foi a segunda obrigação do empresário. Vimos a obrigação da escrituração do registro, vimos a obrigação da escrituração dos livros, agora, qual é a última obrigação? 
	3.3.	REALIZAÇAÕ DE Demonstrativos contábeis PERIÓDICOS
	Eu nem quero perder muito tempo com ela porque não nos interessa, a não ser que o seu concurso fosse extremamente voltado para a área fiscal, ainda assim, poderia ser que caísse. Eu só quero que você saiba isso: ele tem que ter os demonstrativos contábeis. E sobre o assunto, eu só quero que você só anote isso, nada mais do que isso: que hoje, o empresário, de acordo com o Código Civil, tem obrigação de fazer dois tipos de balanço: o balanço patrimonial e o balanço de resultado econômico.
Balanço patrimonial – art. 1188, do CC – apura o patrimônio ou seja, ativo e passivo. 
Balanço de resultado econômico – art. 1198 do CC – vai apurar o resultado do empresário. Perdas e lucros. O resultado são os lucros ou são as perdas? 
Aqui concluímos as obrigações do empresário. Vamos mudar de assunto e vamos tratar agora de um assunto que eu acho que talvez, estrategicamente falando, vai poder te salvar numa prova:
O ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL ou COMERCIAL ou FUNDO DE COMÉRCIO ou HACIENDA ou FUNDO EMPRESARIAL
	O estabelecimento empresarial, também chamado de estabelecimento comercial é um assunto muito importante. Praticamente todos os editais exigem isso. A questão mais legal no assunto é que ele está só no Código Civil. São pouquíssimos artigos: Do art. 1.142 ao 1.149, apenas. E não se preocupe com doutrina. O que falarmos aqui será suficiente para sua prova.
	Dica: se você vai fazer uma prova que tenha lá mais de cinco questões de direito empresarial, uma questão é de estabelecimento. Não vou te iludir que caem duas ou três. Não cai. Mas eu não posso deixar de dizer que uma questão é certa. A grande sacada é que você tem poucos artigos para estudar.
1.	CONCEITO
	“Estabelecimento é todo complexo de bens organizado para exercício da empresa, do empresário ou por sociedade empresária.” – Conceito importantíssimo. Cai toda hora.
	Se eu perguntar aqui o que é estabelecimento, mais de 90% vão dizer que é o imóvel. E aí você errou a questão porque não tem nada a ver com isso. A gente tem uma falsa impressão sobre o conceito. Está no art. 1.142, do Código Civil:
Art. 1.142. Considera-se estabelecimento todo complexo de bens organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária.
	Então, considera-se estabelecimento todo complexo de bens, mas é um complexo de bens organizado, para exercício da atividade, por empresário, ou por sociedade empresária. A lei não diz que é o imóvel só, mas um conjunto de bens. Como a lei não faz distinção, temos os chamados:
Bens corpóreos ou materiais – Móveis, utensílios, mercadoria, maquinários, o próprio imóvel, veículos, etc. 
Bens incorpóreos ou imateriais – Ponto comercial, marca, patente, nome empresarial, são exemplos de bens imateriais.
Então, quando falamos em estabelecimento, significa tudo isso, um conjunto de bens, um complexo de bens. Não é só o imóvel, mas o imóvel também, tudo isso organizado para o exercício da empresa.
	Qual seria o estabelecimento de um supermercado? O imóvel, as prateleiras, as mercadorias, o freezer, os carrinhos, os caminhões, tudo compõe o conceito de estabelecimento. Para você estar assistindo aula na sua unidade, você precisa de um telão, de um retroprojetor, cadeiras, etc. São bens indispensáveis reunidos para exercer essa atividade. O estabelecimento é indispensável para o exercício da atividade empresarial. Se você não tem estabelecimento, não tem como exercer a atividade empresarial. Ele é imprescindível. 
Cuidado, ele é o conjunto de bens que só vai fazer parte do estabelecimento se esses bens, materiais ou imateriais, estão diretamente relacionados à atividade empresarial. 
	Quando falamos de conjunto de bens, surge uma pergunta: Será que estabelecimento, por ser um conjunto de bens, não se trata de uma universalidade? Essa universalidade é uma universalidade de fato ou é uma universalidade de direito? Temos que tomar cuidado com esse assunto porque há autores afirmando que se trata de uma universalidade de direito. Por que dizem isso? Porque dizem que o estabelecimento vem previsto expressamente no art. 1.142, do Código Civil. Por entenderem que essa universalidade está prevista expressamente no Código Civil, ela seria uma universalidade de direito. Esses são os doutrinadores mais modernos que entendem dessa forma, mas se você der essa resposta no concurso, você dançou porque a resposta é a posição majoritária. E o que diz a posição majoritária, que estabelecimento é universalidade de fato! Isso porque para a posição majoritária a universalidade de direito ocorre quando esse conjunto de bens é reunido por força da vontade da lei.

Outros materiais