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10 - Falência.Recuperação Judicial

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�LFG – EMPRESARIAL – Aula 11 – Prof. Alexandre Gialluca – Intensivo II – 29/11/2009
Falência
	2.3.	Fundamentos jurídicos da falência
	Fundado em quê, você ajuíza um pedido de falência? 
	a)	Impontualidade injustificada – Art. 94, I, da Lei de Falência
	Art. 94. Será decretada a falência do devedor que: I - sem relevante razão de direito, não paga, no vencimento, obrigação líquida materializada em título ou títulos executivos protestados cuja soma ultrapasse o equivalente a 40 (quarenta) salários-mínimos na data do pedido de falência;
	Quem não paga no vencimento é impontual. Mas não basta. Não pagou no vencimento sem justificativa. São elementos do art. 94:
Deixar de pagar no vencimento (impontualidade)
Deixou de pagar sem relevante razão de direito, sem justificativa
Obrigação materializada em título executivo.
O título tem que ser protestado.
O valor da obrigação tem que ser maior do que 40 salários.
	Com justificativa: se a obrigação é nula, não sou obrigado a pagar cheque clonado, duplicata fria, dívida já paga. Há situações que me permitem não pagar a dívida. Mas sem ao houver justificativa, eu incorri no inciso I. A lei também diz que a obrigação tem que estar materializada em título executivo. E não fez distinção entre judicial e extrajudicial. Nós estamos acostumados a pedir falência com base em duplicata, letra de cambio, cheque, nota promissória. Mas nada impede que um título executivo judicial ser objeto de falência. Uma sentença condenatória que transitou na justiça do trabalho pode ser usada como título para pedido de falência. Só que esse título tem que ser protestado. Se o título não está protestado, não cabe o pedido de falência. Além disso, o valor da obrigação tem que ser acima de 40 salários mínimos. O valor daquela obrigação tem que ser acima de 40 salários mínimos. Eu lembro que quando tivemos a primeira lei de falência, a primeira questão que caiu em 2005 na magistratura/MG: “não será possível a decretação da falência quando:” e qual era a resposta do gabarito? “quando o valor da obrigação for de 40 salários mínimos.” porque se for 40 salários mínimos não cabe falência. Tem que ser acima de 40.
	É possível um consórcio entre credores para perfazer o patamar mínimo? Um é credor de 20 e se junta com um credor de 21 salários mínimos? É perfeitamente possível! O art. 94, § 1º admite olitisconsórcio entre os credores.
	§ 1º Credores podem reunir-se em litisconsórcio a fim de perfazer o limite mínimo para o pedido de falência com base no inciso I do caput deste artigo.
	b)	Execução frustrada – Art. 94, II, da Lei de Falência
	Art. 94. Será decretada a falência do devedor que: II - executado por qualquer quantia líquida, não paga, não deposita e não nomeia à penhora bens suficientes dentro do prazo legal;
	o que significa a execução frustrada? Anotem:
	“Será decretada a falência do devedor que é executado por qualquer quantia, não paga, não deposita e não nomeia bens suficientes à penhora dentro do prazo legal.”
	A ideia que você tem que pegar é essa: ele já está sofrendo uma execução. O credor já azuizou uma execução individual daquele empresário. A execução restou frustrada porque não teve pagamento, não houve depósito, não houve bens penhorados. A questão é: se não teve penhora de bens, não teve pagamento, não teve depósito, a execução foi frustrada. O que se faz? Você vai extrair cópias dessa ação de execução e, com base nessas informações, nessas cópias, vai ajuizar o pedido de falência.
	Só que aqui tem um detalhe importante: quando o devedor já está sofrendo uma execução e nessa execução não efetuou o pagamento, significa que o credor já “esgotou o meio de recebimento”. Se é assim, se ele não conseguiu pagar a execução individual, ele não vai conseguir pagar os demais credores, então, ajuíza sua falência. Por isso, execução frustrada é por qualquer quantia. Veja que no inciso I tem que ser acima de 40 salários. Aqui, não. Qualquer valor autoriza o pedido de falência com base na execução frustrada. Cuidado, porque isso cai em prova.
	c)	Atos de falência – Art. 94, III, da Lei de Falência
	
	Art. 94. Será decretada a falência do devedor que: III - pratica qualquer dos seguintes atos, exceto se fizer parte de plano de recuperação judicial:
	a) procede à liquidação precipitada de seus ativos ou lança mão de meio ruinoso ou fraudulento para realizar pagamentos;
	b) realiza ou, por atos inequívocos, tenta realizar, com o objetivo de retardar pagamentos ou fraudar credores, negócio simulado ou alienação de parte ou da totalidade de seu ativo a terceiro, credor ou não;
	c) transfere estabelecimento a terceiro, credor ou não, sem o consentimento de todos os credores e sem ficar com bens suficientes para solver seu passivo;
	d) simula a transferência de seu principal estabelecimento com o objetivo de burlar a legislação ou a fiscalização ou para prejudicar credor;
	e) dá ou reforça garantia a credor por dívida contraída anteriormente sem ficar com bens livres e desembaraçados suficientes para saldar seu passivo;
	f) ausenta-se sem deixar representante habilitado e com recursos suficientes para pagar os credores, abandona estabelecimento ou tenta ocultar-se de seu domicílio, do local de sua sede ou de seu principal estabelecimento;
	g) deixa de cumprir, no prazo estabelecido, obrigação assumida no plano de recuperação judicial.
	Atos de falência são condutas, comportamentos que já estão expressamente previstos na Lei de Falências. E o se o empresário praticar qualquer desses atos elencados da letra A até a letra g, há uma presunção de seu estado de insolvência. Neste ato, o juiz declara a falência. Há vários casos. Vamos citar os mais importantes, que são as da letra a e da letra g.
	Liquidação Precipitada – A alínea “a” fala da chamada liquidação precipitada. O que é isso? Está no art. 94, III, a como ato de falência. Tem uma loja em Campinas que, de tempos em tempos, faz uma promoção de eletrodomésticos com 70% de desconto. E isso não é liquidação precipitada. Neste caso, é venda de estoque para reposição. Na liquidação precipitada, não tem reposição. Liquidação precipitada é a venda de bens sem a devida reposição. Ou seja, ele vai “desaparecer”, ele vai sumir. O camarada tira tudo da loja na surdina e ninguém encontra mais ele.
	Descumprimento de obrigação assumida no plano de recuperação judicial – Aqui na alínea “g”, temos que ter cuidado com uma coisa: nós vamos ver que se há um plano de recuperação judicial, o juiz vai acompanhar o plano pelo prazo de 2 anos. Mas o plano terá sempre prazo de 2 anos? Não. Pode ter prazo superior, desde que os credores concordem com isso. Eu posso ter um plano de 5 anos. O problema é que caso ocorra o descumprimento da obrigação, nos dois anos em que o juiz acompanha, não é necessário ajuizar a ação da falência. Eu peço ao juiz para decretar a falência do empresário pelo fato de ele ter descumprido a obrigação assumida no plano. Você não vai ajuizar a ação. É na própria ação de recuperação, é que você faz o pedido do juiz. Isso está no art. 73, IV. 
	Art. 73. O juiz decretará a falência durante o processo de recuperação judicial: IV - por descumprimento de qualquer obrigação assumida no plano de recuperação, na forma do § 1º do art. 61 desta Lei.
	Então, se o descumprimento ocorreu nos dois primeiros anos, nós temos que pedir para o juiz da recuperação judicial converter a recuperação em falência. Só que, passados esses dois anos, o juiz encerra a recuperação judicial. Mas encerra porque acabou o plano? Não. O plano pode ser de 5 anos, por exemplo. Mas o juiz só vai acompanhar pelo prazo de 2 anos. Foi o que aconteceu com a Varig há uns dois anos, em que o juiz encerrou a recuperação judicial, mas o plano não acabou. Significa que ele não acompanha mais a recuperação. E se o credor, depois de 4 anos da recuperação, o devedor deixar de pagar as prestações que ele disse que ia pagar. Aí não vai mais poder pedir para o juiz. Você vai ter que ajuizar uma ação de falência. Ou você executaaquele contrato (porque o plano de recuperação vai ser um contrato) ou você ajuíza o pedido de falência, com fundamento no art. 94, III (descumprimento de obrigação assumida no plano de recuperação judicial). Eu só vou ajuizar o pedido do art. 94, III, depois de 2 anos do plano de recuperação judicial.
	2.4.	Hipóteses do devedor após a sua citação
	Ajuizada a ação, o juiz manda citar o devedor. O que ele pode fazer? Como ele se manifesta no processo de falência depois de ter sofrido uma citação num processo de falência?
	a)	Apresentar contestação.
	Despenca em prova o seguinte: o examinador pergunta sobre o prazo de contestação da falência. É inferior ao prazo do CPC. Olha o que diz o art. 98, da Lei de Falências:
	Art. 98. Citado, o devedor poderá apresentar contestação no prazo de 10 (dez) dias.
	b)	Depósito elisivo
	Citado, o devedor pode efetuar o chamado depósito elisivo. Elisivo vem de elidir, ou seja, impedir. Anotem o seguinte:
	“Após o depósito elisivo, o juiz estará impedido de decretar a falência do empresário ou da sociedade empresária.”
	Isso porque a decretação da falência pressupõe um estado de insolvência e se ele faz o depósito, ele contrariou a presunção de insolvência. Ocorrido o pagamento, o juiz não pode mais decretar a falência, mas etmos que saber dois detalhes:
	O art. 98, §único diz que o depósito elisivo tem que se feito dentro do prazo de contestação. E também fala sobre como é feito o depósito: valor principal + correção + juros + honorários advocatícios.
	Parágrafo único. Nos pedidos baseados nos incisos I e II do caput do art. 94 desta Lei, o devedor poderá, no prazo da contestação, depositar o valor correspondente ao total do crédito, acrescido de correção monetária, juros e honorários advocatícios, hipótese em que a falência não será decretada e, caso julgado procedente o pedido de falência, o juiz ordenará o levantamento do valor pelo autor.
	Por isso que na citação de falência, o juiz já tem que arbitrar o valor dos honorários. Esse é o depósito elisivo.
	c)	Depósito + Contestação
	Eu posso depositar e contestar a o mesmo tempo? Pode! Eu deposito porque quero impedir que o juiz decrete a falência, mas acho que a dívida não é devida, então, contesto. Se o juiz entender que aquela não é uma dívida devida, o que o juiz faz? Pede para levantar de volta o dinheiro. Ele só faz o depósito para não correr o risco da decretação da falência.
	d)	Pedido de recuperação judicial Art. 95
	
	Art. 95. Dentro do prazo de contestação, o devedor poderá pleitear sua recuperação judicial.
	Dentro do prazo de contestação o devedor pode pleitear recuperação judicial. A recuperação judicial vai suspender o processo de falência. Só que aqui tem uma pegadinha que precisamos entender. O examinador pergunta se essa recuperação judicial que alguns doutrinadores estão chamado de recuperação judicial suspensiva, é semelhante à concordata suspensiva? Anotem isso:
	
	“Recuperação judicial suspensiva é semelhante à concordata suspensiva?”
	Ou a concordata era preventiva ou era suspensiva. A diferença era uma sentença declaratória de falência. Então, se o juiz decretasse a falência, você não poderia mais pedir concordata preventiva. A concordata preventiva era apreciada antes da sentença declaratória. Depois que o juiz decretasse a falência, eu tinha que ajuizar a concordata suspensiva porque ela suspendia os efeitos da falência, que há havia sido decretada. Daí chamar-se concordata suspensiva. E isso é a mesma coisa que a recuperação judicial suspensiva? Não, porque aqui eu não estou suspendendo os efeitos da decretação da falência, mas o processo de falência. É diferente. Aqui, a falência não foi decretada. Na concordata preventiva, partia-se da existência de uma sentença declaratória. Aqui, não.
	2.5.	Sentença
	Agora, chegou a hora de o juiz julgar o processo de falência. Ele vai dar uma sentença par ao processo de falência. E a sentença de falência pode ser:
	Procedente: Se for procedente, a sentença vai se chamar “declaratória”
	Improcedente: Se for improcedente, vai ser chamar “denegatória”.
	Quais são os recursos cabíveis para cada uma dessas sentenças? Para saber os recursos, temos que ir ao art. 100, da Lei de Falências.
	Art. 100. Da decisão que decreta a falência cabe agravo, e da sentença que julga a improcedência do pedido cabe apelação.
Sentença declaratória – Agravo de instrumento
Sentença denegatória – Apelação.
	Como se conta esse prazo? A lei não fez nenhuma distinção no tocante ao prazo para o agravo ou para o prazo de apelação. Portanto, aplicam-se os mesmos prazos do CPC em razão de um artigo que eu quero que você tenha conhecimento:
	Art. 189. Aplica-se a Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil, no que couber, aos procedimentos previstos nesta Lei.
	Então, a Lei de Falência tem aplicação subsidiária do CPC. Aplicando-se subsidiariamente o CPC, haverá os mesmos prazos de agravo e de apelação.
	Uma sentença declaratória vai ter recurso de agravo? Vamos entender porque é assim. Tudo começa com o pedido da falência que vai ao juiz para sentenciar. Vamos imaginar que essa seja uma sentença declaratória, ou seja, declarou, decretou a quebra. O processo de falência não para aqui. Muito pelo contrário É aqui que vai ser nomeado administrador judicial, arrecadação dos bens, haverá o pagamento dos credores. E ainda vai ter uma outra sentença, que é a chamada sentença de encerramento que põe fim ao processo de falência. A sentença declaratória no põe fim ao processo de falência. Quem faz isso é a de encerramento. Eu quero que você entenda também que quando o juiz decreta a falência, olha o que diz o art. 102, olha o vai acontecer: 
	Art. 102. O falido fica inabilitado para exercer qualquer atividade empresarial a partir da decretação da falência e até a sentença que extingue suas obrigações, respeitado o disposto no § 1º do art. 181 desta Lei.
	Quando o juiz decreta a falência, o empresário não pode mais exercer a atividade empresarial. Ele fica inabilitado para qualquer atividade, mas até quando? Até a sentença de encerramento, que encerra o processo, aí ele estaria habilitado novamente? Não! Olha o que diz o final do artigo: é até a sentença que extingue suas obrigações. Ocorre que, além da sentença de encerramento, temos ainda uma outra sentença, que é a sentença de extinção das obrigações do falido. É por meio da sentença de extinção das obrigações do falido que ele estará novamente reabilitado, que vai poder exercer novamente a atividade empresarial. Então, são três sentenças:
Sentença declaratória da falência – que tem mais força de decisão interlocutória do que propriamente de uma sentença terminativa, daí o agravo de instrumento contra essa sentença declaratória.
Sentença de encerramento
Sentença de extinção das obrigações do falido.
	2.6.	Recursos cabíveis
	Quem pode apresentar o agravo de instrumento ou recurso de apelação?
	Agravo de Instrumento – Quem pode entrar com agravo de instrumento quando o juiz decreta a falência de um empresário? Decretou a falência, quem terá interesse no agravo de instrumento? 
	
O devedor. 
MP - Também o MP tem legitimidade para o agravo de instrumento, como fiscal da lei. 
O credor - E também o credor tem interesse.
	Apelação – Quem tem interesse na apelação?
O credor – Se o pedido foi julgado improcedente.
O MP – Como fiscal da lei.
O devedor – O juiz denega o pedido de falência do empresário e ele, empresário, tem interesse nesse recurso quando se tratar de autofalência. Se o próprio empresário pede a sua autofalência, o juiz denega o pedido, ele tem interesse em apelar. Quando se tratar de autofalência, o devedor também tem interesse no recurso de apelação.
	Se o juiz denega o pedido feito por você contra a minha falência – você entra com a apelação e eu entro com as contrarrazões. Não nos interessa sentença denegatória porque aí acaba a questão da falência. Na prova não cai sentença denegatória. Denegou o pedido, cabe recursoe ponto final.
	
	2.7.	Sentença declaratória - requisitos
	a)	Nomeação do administrador judicial
	São todos os do art. 99, da lei. E o mais importante é o do inciso IX, que diz que na sentença declaratória é que o juiz vai nomear o administrador judicial. É na sentença declaratória que o juiz vai nomear o administrador judicial. 
	Art. 99. A sentença que decretar a falência do devedor, dentre outras determinações:
	I - conterá a síntese do pedido, a identificação do falido e os nomes dos que forem a esse tempo seus administradores;
	II - fixará o termo legal da falência, sem poder retrotraí-lo por mais de 90 (noventa) dias contados do pedido de falência, do pedido de recuperação judicial ou do 1º (primeiro) protesto por falta de pagamento, excluindo-se, para esta finalidade, os protestos que tenham sido cancelados;
	III - ordenará ao falido que apresente, no prazo máximo de 5 (cinco) dias, relação nominal dos credores, indicando endereço, importância, natureza e classificação dos respectivos créditos, se esta já não se encontrar nos autos, sob pena de desobediência;
	IV - explicitará o prazo para as habilitações de crédito, observado o disposto no § 1º do art. 7º desta Lei;
	V - ordenará a suspensão de todas as ações ou execuções contra o falido, ressalvadas as hipóteses previstas nos §§ 1º e 2º do art. 6º desta Lei;
	VI - proibirá a prática de qualquer ato de disposição ou oneração de bens do falido, submetendo-os preliminarmente à autorização judicial e do Comitê, se houver, ressalvados os bens cuja venda faça parte das atividades normais do devedor se autorizada a continuação provisória nos termos do inciso XI do caput deste artigo;
	VII - determinará as diligências necessárias para salvaguardar os interesses das partes envolvidas, podendo ordenar a prisão preventiva do falido ou de seus administradores quando requerida com fundamento em provas da prática de crime definido nesta Lei;
	VIII - ordenará ao Registro Público de Empresas que proceda à anotação da falência no registro do devedor, para que conste a expressão "Falido", a data da decretação da falência e a inabilitação de que trata o art. 102 desta Lei;
	IX - nomeará o administrador judicial, que desempenhará suas funções na forma do inciso III do caput do art. 22 desta Lei sem prejuízo do disposto na alínea a do inciso II do caput do art. 35 desta Lei;
	X - determinará a expedição de ofícios aos órgãos e repartições públicas e outras entidades para que informem a existência de bens e direitos do falido;
	XI - pronunciar-se-á a respeito da continuação provisória das atividades do falido com o administrador judicial ou da lacração dos estabelecimentos, observado o disposto no art. 109 desta Lei;
	XII - determinará, quando entender conveniente, a convocação da assembléia-geral de credores para a constituição de Comitê de Credores, podendo ainda autorizar a manutenção do Comitê eventualmente em funcionamento na recuperação judicial quando da decretação da falência;
	XIII - ordenará a intimação do Ministério Público e a comunicação por carta às Fazendas Públicas Federal e de todos os Estados e Municípios em que o devedor tiver estabelecimento, para que tomem conhecimento da falência.
	E quem é o administrador judicial? É aquele que veio para substituir a figura do síndico. Nós não temos mais a figura do síndico na falência. O administrador judicial é o auxiliar do juízo da falência. A principal diferença entre o síndico e o administrador: como o juiz nomeava o síndico antes da nova lei? E isso era algo que fazia com que o processo demorasse, atrasava muito o processo. O juiz tinha que convocar o primeiro maior credor e perguntava se ele estava a fim de ser o síndico. Se ele recusasse, o juiz tinha que convocar o segundo maior credor. Se esse recusasse, o juiz teria que convocar o terceiro maior credor. Se esse recusasse, aí então, ele, juiz, escolhia alguém de sua confiança. Mas ele só poderia fazer isso depois da terceira recusa. Agora, o juiz já pode, na própria sentença declaratória nomear alguém de sua confiança para administrador judicial.
	E quem é o administrador judicial? É a pessoa do art. 21, da Lei de Falência:
	Art. 21. O administrador judicial será profissional idôneo, preferencialmente advogado, economista, administrador de empresas ou contador, ou pessoa jurídica especializada.
	Na magistratura da Bahia esse “preferencialmente” foi substituído por “obrigatoriamente” e a questão estava errada. Essa sequência (advogado, economista, administrador ou contador) tem que ser seguida. Então, é preciso ter cuidado com a redação do art. 21. 
	Pegadinha de prova que tem muita gente caindo sobre o art. 22, que trata das obrigações do administrador judicial. E tem uma obrigação que está despencando em concurso e o examinador tem dado como correta a letra da lei, em que pese a doutrina e a jurisprudência entenderem que é inconstitucional. Se você for fazer a prova de Delegado Federal, cuidado. Olha só o que diz o art. 22, III, “d”:
	Art. 22. Ao administrador judicial compete, sob a fiscalização do juiz e do Comitê, além de outros deveres que esta Lei lhe impõe: III - na falência: d) receber e abrir a correspondência dirigida ao devedor, entregando a ele o que não for assunto de interesse da massa;
	
	Isso é violação de sigilo de correspondência. A doutrina diz isso, a jurisprudência diz isso, só que cai na prova e o examinador está dando como correta a letra da lei. E mais, não está anulando a questão.
	b)	Fixação do termo legal da falência
	Além de nomear o administrador judicial, o art. 99, II, diz que o juiz tem que fixar o termo legal da falência. Nem preciso dizer que isso cai na prova. E aqui você entende por que o credor, aqui, entra com agravo de instrumento. 
	O termo legal é o espaço temporal, é o lapso temporal que antecede a falência. E qual o objetivo desse termo legal? É muito comum que o empresário, sabendo da iminência da falência, ache injusto ter perdido tudo na vida, depois de tanto trabalhar, e começa a praticar ato fraudulentos, para não perder o que já tem. Faz doação de imóvel, simulação de venda, etc. Ele começa a praticar atos para prejudicar os credores. Daí o lapso temporal definido pela sentença declaratória. Os atos do devedor praticados durante esse lapso serão investigados. Se o devedor praticar os atos que estão previstos no art. 129, o juiz vai declarar a ineficácia desses atos. Essa questão do art. 129 é objeto do Intensivo III, mas o artigo diz o seguinte:
	Art. 129. São ineficazes em relação à massa falida, tenha ou não o contratante conhecimento do estado de crise econômico-financeira do devedor, seja ou não intenção deste fraudar credores:
	I - o pagamento de dívidas não vencidas realizado pelo devedor dentro do termo legal, por qualquer meio extintivo do direito de crédito, ainda que pelo desconto do próprio título;
	II - o pagamento de dívidas vencidas e exigíveis realizado dentro do termo legal, por qualquer forma que não seja a prevista pelo contrato;
	III - a constituição de direito real de garantia, inclusive a retenção, dentro do termo legal, tratando-se de dívida contraída anteriormente; se os bens dados em hipoteca forem objeto de outras posteriores, a massa falida receberá a parte que devia caber ao credor da hipoteca revogada;
	IV - a prática de atos a título gratuito, desde 2 (dois) anos antes da decretação da falência;
	V - a renúncia à herança ou a legado, até 2 (dois) anos antes da decretação da falência;
	VI - a venda ou transferência de estabelecimento feita sem o consentimento expresso ou o pagamento de todos os credores, a esse tempo existentes, não tendo restado ao devedor bens suficientes para solver o seu passivo, salvo se, no prazo de 30 (trinta) dias, não houver oposição dos credores, após serem devidamente notificados, judicialmente ou pelo oficial do registro de títulos e documentos;
	VII - os registros de direitos reais e de transferência de propriedade entre vivos, por título oneroso ou gratuito, ou a averbação relativaa imóveis realizados após a decretação da falência, salvo se tiver havido prenotação anterior.
	O período de apuração é o termo legal. Se eu paguei uma dívida que não venceu, esse ato é ineficaz. Se eu estou em crise, o que eu tenho que pagar é o que está vencido. E não o que vai vencer porque quanto a isso, não há obrigação de pagamento ainda. Assim, esse ato é fraudulento, ineficaz. Sendo assim, temos que retornar ao estado anterior. 
	É por isso que o termo legal é chamado por muitos de período suspeito. E isso já caiu na prova da magistratura do Maranhão como período cinzento. É o período suspeito, que tem que ser investigado.
	Prazo do termo legal – O termo legal não pode retrotrair por mais de 90 dias. Ele vai até, no máximo 90 dias para trás.
	Marco inicial do termo legal – São três contagens:
Data do primeiro protesto ou
Data do pedido da falência ou
Data do pedido da recuperação judicial
	Quando eu aplico cada um dos casos? Quando o pedido de falência é feito com base no art. 94, I, conta-se da data do primeiro protesto. Quando é com base no art. 94, incisos II ou III, se conta da data do pedido da falência. E quando a recuperação judicial se converte em falência é o último marco: da chamada convolação em falência, que veremos mais adiante.
	Quando o credor tem interesse no agravo? Para dizer, por exemplo, que o prazo não se conta do marco que o juiz estabeleceu, por exemplo, o segundo protesto, mas do primeiro protesto. Sim, porque se contar do primeiro protesto, alcança um determinado ato fraudulento que não seria alcançado pelos 90 dias, caso prevaleça como marco inicial a data do segundo protesto. Então, por isso o credor, mesmo quando o juiz decreta a falência, ele também tem interesse no agravo de instrumento.
	
	2.8.	Sentença declaratória - efeitos
	a)	Efeitos da sentença declaratória quanto ao falido
	Quanto ao falido, o primeiro efeito é aquele que diz que o empresário ficará inabilitado para exercer qualquer atividade empresarial. Mas aqui vale um comentário para você não confundir. Vamos supor que eu sou empresário individual (pessoa física que, sozinho, organiza atividade empresarial). Se o juiz decreta a minha falência, não posso mais exercer atividade empresarial. Fico impedido de fazer isso. Mas se o juiz decretar a falência de uma sociedade empresária, que tem como sócios o Alexandre e a Ana, ao decretar a falência da sociedade, quem está inabilitado para exercer a atividade empresarial é o falido. E quem é o falido aqui? É a pessoa jurídica. Significa que se eu for sócio de uma sociedade que faliu, não significa que eu não posso ser sócio de uma outra sociedade. Quem teve a falência decretada foi a sociedade e não o sócio.
	Anote algo que despenca em concurso: o problema será quando essa sociedade tem sócio com responsabilidade ilimitada (isso cai na prova!). Sempre tem uma questão sobre isso. Se a sociedade contém sócio com responsabilidade ilimitada, o que significa? Que o sócio vai responder com o seu patrimônio pessoal pela dívida da sociedade. Se é assim, quando há uma falência decretada em face dessa socieadade, a lei diz que os efeitos da falência devem ser estender ao sócio:
	Art. 81. A decisão que decreta a falência da sociedade com sócios ilimitadamente responsáveis também acarreta a falência destes, que ficam sujeitos aos mesmos efeitos jurídicos produzidos em relação à sociedade falida e, por isso, deverão ser citados para apresentar contestação, se assim o desejarem.
	Por quê? Porque são sócios de responsabilidade ilimitada, vão responder com patrimônio pessoal pela dívida da sociedade. Aí o juiz decreta a falência do sócio também.
	O STJ já decidiu diversas vezes uma seguinte questão. Como é muito caro para fechar uma empresa, os sócios vão cada um para um lado e pronto, sem qualquer formalidade. Decidem acabar com a empresa e não dão baixa na junta, nem pagam os impostos, etc. Isso é o que se chama de baixa irregular. O que decidiu o STJ? 
	“Quando a sociedade não faz a sua baixa regular na junta comercial, ela torna-se irregular e, nesse caso, a responsabilidade do sócio passa a ser ilimitada.”
	E o que acontece caso essa sociedade tenha a falência decretada? O juiz vai declarar a falência dos sócios também. Então, aplica-se o art. 81 para a sociedade que não fez a baixa regular na junta comercial. Se é assim, ela está irregular. E, se é assim, a responsabilidade dos sócios passa a ser ilimitada. Tudo o que acontece na falência, acontece com o sócio.
	Uma outra questão importante diz respeito ao art. 195, da nova Lei de Falência:
		Art. 195. A decretação da falência das concessionárias de serviços públicos implica extinção da concessão, na forma da lei.
	Então, não depende do contrato. Se o juiz decretar a falência de concessionária de serviço público, automaticamente haverá a extinção da concessão. Implica na extinção automática da concessão. Não depende de contrato.
	b)	Efeitos da sentença declaratória quanto aos credores
	Quando se fala de falência, uma pergunta típica e batida em prova sobre o tema é a seguinte: quando se fala de falência, muito se fala de juízo universal. E o que significa isso? É que o juízo da falência tem a chamada via atrativa. Ele vai atrair todas as ações e execuções envolvendo interesses do falido. Por que isso? A falência é uma execução coletiva. Não se paga só ao credor que ajuizou a ação, mas todos os credores. Se o juiz declara a falência do empresário em SP e tem uma ação de execução em Goiânia, por exemplo, o credor de Goiânia sofre a incidência da falência e não tem por que a ação continuar em Goiânia porque o pagamento será feito em São Paulo. Então, é preciso atrair todas as ações porque serão pagas no juízo universal da falência. Então, qual é a consequência da decretação da falência relacionada ao juízo universal? É a suspensão de todas as ações e execuções. Elas vão parar de correr. Vão parar de tramitar e serão remetidas ao juízo da falência. Serão suspensas todas as ações e execuções contra o falido. É isso que cai na prova? Não. O que cai na prova são as exceções. 
(Intervalo – 01:26:10)
	Exceções ao juízo universal (ações que não são suspensas): 
Ações trabalhistas – Continuam tramitando porque quem tem competência para julgar reclamação trabalhista é só o juiz do trabalho. Só depois que encontrou o valor da condenação é que o valor vai para a massa falida.
Ações fiscais – Quem tem competência para julgar ação fiscal é a vara da Fazenda Pública.
Ações que demandarem quantia ilíquida – Isso caiu na prova do MS e TO. Exemplo: dano moral. Quem vai julgar é o juiz da ação. Depois que encontrar o valor é que esse valor vai ser habilitado na falência.
Ações em que o falido for autor ou litisconsorte ativo – Não é porque o camarada tem a falência decretada que não pode ter algum crédito. Esta ação corre normalmente.
	O segundo efeito quanto aos credores diz respeito à suspensão da fluência de juros – Por que isso é assim? Por que a decretação da falência suspende a fluência de juros? Vamos supor que José, trabalhador, tenha para receber 30 mil reais. O Banco do Brasil tem que receber 50 mil reais. Um fornecedor tem a receber 10 mil reais na falência. Os bens arrecadados são na ordem de 100 mil reais. Dá para pagar os três. E ainda sobrou um dinheiro (o que é muito raro de acontecer). Mas o processo falimentar demora, no mínimo, 4 anos. Há ações que demoram 20 anos. Se pudesse correr juros durante esse intervalo de tempo, só o banco teria quase 100 mil para receber. Quer dizer, o primeiro iria receber, o segundo (banco) receberia parte e, para o terceiro, não sobraria nada. E não é essa a intenção da lei. Ela quer pagar todos os credores. É por isso que quando se decreta a falência, não pode mais fluir juros.
	3º Efeito: Vencimento antecipado de toda a dívida do falido – se eu sou credor de uma nota promissória que vai vencer em junho/2010, eu posso exigir o pagamento hoje, em novembro de 2009? não. Esse título não é exigível. Mas, na falência, paga todo mundo.Decretada a falência, ocorre o vencimento antecipado de toda dívida.
	4ªº Efeito: Suspensão do curso da prescrição das obrigações do falido 
	Esses são os efeitos que temos que conhecer e que caem com muita frequência em prova. 
	c)	Efeitos da sentença declaratória quanto aos contratos
	Eu tenho um contrato de franquia e a franqueadora faliu. O que acontece com a franquia? O contrato terá que ser rescindido? Eu quero que você entenda a regra do art. 117:
		Art. 117. Os contratos bilaterais não se resolvem pela falência e podem ser cumpridos pelo administrador judicial se o cumprimento reduzir ou evitar o aumento do passivo da massa falida ou for necessário à manutenção e preservação de seus ativos, mediante autorização do Comitê.
	Quem vai decidir a respeito do contrato é o administrador judicial. É ele que vai verificar se aquele contrato deve ser rescindido ou se a sua manutenção será favorável à massa falida. É possível que o contrato seja cumprido e o seu valor acabe revertido em favor dos credores. Então, é possível, sim, a manutenção do contrato, mesmo em caso de falência. Não tem rescisão automática. Quem resolve se o contrato será rescindido ou não será o administrador judicial. 
	Agora, olha o que acontece na falência: o administrador judicial foi nomeado pelo juiz. Se é assim, qual é o ato que ele, administrador judicial, pratica depois da nomeação? Ele vai fazer a arrecadação de todos os bens do falido. Quando ele arrecada os bens, ele não tem obrigação de ficar perguntando pro empresário se o bem é dele ou não. A ideia é que ele tem que arrecadar tudo o que está na posse do falido. Só que pode ocorrer de, numa dessas, acontecer o seguinte: uma máquina do estabelecimento pode estar lá a título de comodato (como faz a coca-cola, que deixa o freezer se você comprar tanto de coca-cola). Se a propriedade não é do falido, mas de um terceiro, então, é caso de pedido de restituição. Isso está no art. 85. É uma ação própria: ação de restituição, que é uma das ações que a gente vê no Intensivo III. 
	Art. 85. O proprietário de bem arrecadado no processo de falência ou que se encontre em poder do devedor na data da decretação da falência poderá pedir sua restituição.
	Feito isso, o próximo passo é o da avaliação dos bens. E, depois, disso, esses bens serão vendidos judicialmente. A venda judicial tem um nome: realização do ativo. Se na prova aparecer isso, você já sabe o que é. Realização do ativo é o mesmo que venda judicial de bens. Sobre a venda judicial, tenho alguns comentários a fazer. No processo falimentar, há três modalidades de venda judicial:
Leilão – Tanto faz, se é bem móvel ou imóvel. Na falência, o leilão serve tanto para bem móvel quanto para bem imóvel.
Proposta Fechada
Pregão
	
Proposta fechada – O juiz estabelece a data da audiência pública e diz que vai ser vendido o imóvel da rua tal, avaliado em tanto. Os interessados levam as propostas em envelopes fechados e recebem um recibo. Ele só pode entrar na audiência com esse recibo. O juiz abre as propostas fechadas e decide qual é a melhor proposta.
Pregão – É modalidade híbrida. Ele é um pouco de leilão e um pouco de proposta fechada.
	O mais importante de tudo isso é o que está no art. 142, § 7º, que é o que cai na prova:
	§ 7º Em qualquer modalidade de alienação, o Ministério Público será intimado pessoalmente, sob pena de nulidade.
	Então, o MP tem que ser intimado pessoalmente, sob pena de o ato ser considerado nulo.
	Além de saber as modalidades de realização do ativo, temos que observar, obrigatoriamente, a regra do art. 140:
	Art. 140. A alienação dos bens será realizada de uma das seguintes formas, observada a seguinte ordem de preferência:
	I - alienação da empresa, com a venda de seus estabelecimentos em bloco;
	II - alienação da empresa, com a venda de suas filiais ou unidades produtivas isoladamente;
	III - alienação em bloco dos bens que integram cada um dos estabelecimentos do devedor;
	IV - alienação dos bens individualmente considerados.
	Primeiro é preciso tentar vender tudo em bloco. Se é um grupo de empresas, por exemplo, é preiso tentar vender todas em bloco porque é dessa forma que se consegue melhor valor. Se não der, tenta-se vender as filiais de forma isolada. Aqui é a empresa em atividade. Se não for possível vender a empresa em atividade, tenta-se vender os bens (caminhões, empilhadeiras) em bloco. Se isso não for possível, os bens serão vendidos individualmente. E isso cai na prova. No MP/SP caiu uma questão envolvendo ACP e falência junto, tratando de um terreno. O administrador judicial da falência tinha dito que a metade do terreno era invasão e na outra metade ainda não era invasão. O administrador sugeriu que fosse feito um loteamento de todo o terreno para regularizar a posse das famílias que estavam ali. E o dinheiro da venda do loteamento seria revertido para a massa falida. E era para o MP opinar sobre a sugestão do administrador judicial. A resposta era o art. 140. Qual é a forma de receber mais? Se loteando se consegue mais, então, vamos lotear. É essa a ideia que tinha que ter sido realizada na questão.
	É comum ocorrer um seguinte: uma empresa está sendo vendida num leilão de falência e está avaliada em 5 milhões de reais. É uma empresa com muita reclamação trabalhista e muita dívida tributária. Então, ninguém comprava porque depois o valor da empresa, somado às dívidas superava 15 milhões. Então, ninguém comprava. Se ninguém comprava, não se recebia nada. Esse era o maior problema que se encontrava antes da nova lei. Percebendo esse problema, a nova lei trouxe a regra do art. 141, II, dizendo que não haverá sucessão do arrematante nas obrigações do devedor. 
	Art. 141. Na alienação conjunta ou separada de ativos, inclusive da empresa ou de suas filiais, promovida sob qualquer das modalidades de que trata este artigo: II - o objeto da alienação estará livre de qualquer ônus e não haverá sucessão do arrematante nas obrigações do devedor, inclusive as de natureza tributária, as derivadas da legislação do trabalho e as decorrentes de acidentes de trabalho.
	Se você arrematar num leilão de falência, não haverá sucessão. E aqui a lei quis deixar de forma clara: inclusive a sucessão de natureza tributária, as derivadas da legislação do trabalho e as decorrentes de acidente do trabalho. Assim, se você comprou um bem na falência, ele vem limpinho, sem ônus nenhum. Não há mais sucessão tributária ou trabalhista de empresa adquirida em processo falimentar. O dinheiro que eu paguei pela empresa, vai para a a massa falida e é por lá que o credor trabalhista vai receber. Esse artigo cai em direito empresarial, em direito tributário, pode cair em processo civil e em direito do trabalho também.
	Feita a venda judicial dos bens, o que vem em seguida? Vai haver o pagamento dos credores. E eles são pagos de que forma?
	2.9.	Pagamento dos Credores
	Esse assunto é, talvez, o assunto que mais cai na prova sobre falência. 
	
	Art. 83 – Ordem de classificação dos créditos na falência
	Art. 83. A classificação dos créditos na falência obedece à seguinte ordem:
	I - os créditos derivados da legislação do trabalho, limitados a 150 (cento e cinqüenta) salários-mínimos por credor, e os decorrentes de acidentes de trabalho;
	II - créditos com garantia real até o limite do valor do bem gravado;
	III - créditos tributários, independentemente da sua natureza e tempo de constituição, excetuadas as multas tributárias;
	IV - créditos com privilégio especial, a saber:
	a) os previstos no art. 964 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002;
	b) os assim definidos em outras leis civis e comerciais, salvo disposição contrária 	desta Lei;
	c) aqueles a cujos titulares a lei confira o direito de retenção sobre a coisa dada 	em garantia;
	V - créditos com privilégio geral, a saber:
	a) os previstos no art. 965 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002;
	b) os previstos no parágrafo único do art. 67 desta Lei;
	c) os assim definidos em outras leis civis e comerciais,salvo disposição contrária 	desta Lei;
	VI - créditos quirografários, a saber:
	a) aqueles não previstos nos demais incisos deste artigo;
	b) os saldos dos créditos não cobertos pelo produto da alienação dos bens 	vinculados ao seu pagamento;
	c) os saldos dos créditos derivados da legislação do trabalho que excederem o 	limite estabelecido no inciso I do caput deste artigo;
	VII - as multas contratuais e as penas pecuniárias por infração das leis penais ou administrativas, inclusive as multas tributárias;
	VIII - créditos subordinados, a saber:
	a) os assim previstos em lei ou em contrato;
	b) os créditos dos sócios e dos administradores sem vínculo empregatício.
	
	Na ordem de classificação:
	a) Crédito trabalhista até 150 salários mínimos por credor e acidente de trabalho 
	Você percebe que 150 é só para o crédito trabalhista e não para o acidente de trabalho. E se eu tenho, por exemplo, uma reclamação trabalhista no valor de 195 salários mínimos? Eu só vou receber 150? Não. O que exceder a 150 salários mínimos será considerado crédito quirografário. Ele vai ficar lá quase no final na fila.
	É possível fazer cessão de crédito trabalhista? O camarada tem 100 salários mínimos, mas vai demorar muito. Aí ele vende para alguém por 50 salários mínimos. Isso é possível, mas a lei trouxe um obstáculo para que isso ocorra – art. 83, § 4º:
	§ 4º Os créditos trabalhistas cedidos a terceiros serão considerados quirografários.
	Agora ninguém mais está interessando em comprar esse tipo de crédito porque se comprar, vai para quase o final da fila e corre o risco de não receber mais.
	b) Crédito com garantia real -	Não é mais o crédito tributário como era na lei antiga!!!! Normalmente, créditos dos bancos tem garantia real. Mas os créditos do garantia real foram favorecidos com a nova lei porque recebem antes das ações fiscais. Vêm primeiro que os impostos.
	c) Crédito tributário – excetuadas as multas tributárias (multa tributária está lá embaixo).
	d) Crédito com privilégio especial – São os casos do art. 964, do Código Civil.
	Art. 964. Têm privilégio especial:
	I - sobre a coisa arrecadada e liquidada, o credor de custas e despesas judiciais feitas com a arrecadação e liquidação;
	II - sobre a coisa salvada, o credor por despesas de salvamento;
	III - sobre a coisa beneficiada, o credor por benfeitorias necessárias ou úteis;
	IV - sobre os prédios rústicos ou urbanos, fábricas, oficinas, ou quaisquer outras construções, o credor de materiais, dinheiro, ou serviços para a sua edificação, reconstrução, ou melhoramento;
	V - sobre os frutos agrícolas, o credor por sementes, instrumentos e serviços à cultura, ou à colheita;
	VI - sobre as alfaias e utensílios de uso doméstico, nos prédios rústicos ou urbanos, o credor de aluguéis, quanto às prestações do ano corrente e do anterior;
	VII - sobre os exemplares da obra existente na massa do editor, o autor dela, ou seus legítimos representantes, pelo crédito fundado contra aquele no contrato da edição;
	VIII - sobre o produto da colheita, para a qual houver concorrido com o seu trabalho, e precipuamente a quaisquer outros créditos, ainda que reais, o trabalhador agrícola, quanto à dívida dos seus salários.
	e) Crédito com privilégio geral – São os casos do art. 965, do Código Civil.
	Vou dar uma dica pra você: não se preocupa em saber quais são os privilégios gerais, quais são os privilégios especiais porque essa classificação não cai na prova. O que cai na prova é a ordem da classificação (trabalhista, garantia real, etc.). Mas tem um crédito com privilégio real que vale a pena anotar: honorários advocatícios. Mas o dia que você estiver com insônia, vai ler os artigos. O art. 965 é uma viagem.
	Art. 965. Goza de privilégio geral, na ordem seguinte, sobre os bens do devedor:
	I - o crédito por despesa de seu funeral, feito segundo a condição do morto e o costume do lugar;
	II - o crédito por custas judiciais, ou por despesas com a arrecadação e liquidação da massa;
	III - o crédito por despesas com o luto do cônjuge sobrevivo e dos filhos do devedor falecido, se foram moderadas;
	IV - o crédito por despesas com a doença de que faleceu o devedor, no semestre anterior à sua morte;
	V - o crédito pelos gastos necessários à mantença do devedor falecido e sua família, no trimestre anterior ao falecimento;
	VI - o crédito pelos impostos devidos à Fazenda Pública, no ano corrente e no anterior;
	VII - o crédito pelos salários dos empregados do serviço doméstico do devedor, nos seus derradeiros seis meses de vida;
	VIII - os demais créditos de privilégio geral.
	f) Crédito quirografário.
	g) Multas – Aqui entram as multas tributárias.
	h) Créditos subordinados.
	Crédito extraconcursal – Art. 84
	Art. 84. Serão considerados créditos extraconcursais e serão pagos com precedência sobre os mencionados no art. 83 desta Lei, na ordem a seguir, os relativos a:
	I - remunerações devidas ao administrador judicial e seus auxiliares, e créditos derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de acidentes de trabalho relativos a serviços prestados após a decretação da falência;
	II - quantias fornecidas à massa pelos credores;
	III - despesas com arrecadação, administração, realização do ativo e distribuição do seu produto, bem como custas do processo de falência;
	IV - custas judiciais relativas às ações e execuções em que a massa falida tenha sido vencida;
	V - obrigações resultantes de atos jurídicos válidos praticados durante a recuperação judicial, nos termos do art. 67 desta Lei, ou após a decretação da falência, e tributos relativos a fatos geradores ocorridos após a decretação da falência, respeitada a ordem estabelecida no art. 83 desta Lei.
	Primeiro são pagos os créditos extraconcursais, depois eu pago os créditos do art. 83. Dos extraconcursais, mais importantes, são dois:
O crédito tributário cujo fato gerador ocorreu depois da decretação da falência – Isso despenca na prova de tributário. O tributo está na regra do art. 83 em terceiro lugar. Mas se o fato gerador ocorreu depois da decretação da falência, ele é extraconcursal.
Remuneração do administrador judicial – Cuidado que não se aplica mais a Súmula 219, do STJ:
	STJ Súmula nº 219 - DJ 25.03.1999 - Os créditos decorrentes de serviços prestados à massa falida, inclusive a remuneração do síndico, gozam dos privilégios próprios dos trabalhistas. 
	Antigamente, o síndico recebia junto com o trabalhador. Agora, ele recebe na frente do trabalhador. Então, esses são os dois créditos extraconcursais mais importantes. O imposto antes da decretação da falência é dívida do falido. O imposto depois da decretação da falência não é do falido, mas da massa falida. A remuneração do administrador judicial é dívida da massa falida. Então, se você lembrar que o crédito extraconcursal são as dívidas da massa falida, talvez fique mais fácil para você na hora da prova.
	Eu falei que quando o administrador faz a arrecadação de bens e tem algum bem que não é do falido, o remédio é a ação de restituição. Pode ocorrer nessa ação de restituição que o bem já tenha sido vendido. Neste caso, a restituição é feita em dinheiro. E quando vai ser o pagamento da restituição em dinheiro? E antes do pagamento do crédito extraconcursal isso é feito. Primeiro, a restituição em dinheiro, depois o crédito extraconcursal e depois o crédito do art. 83. Mas não é injusto com o credor trabalhista? Porque primeiro restitui, paga o extraconcursal e só depois o trabalhador vai receber? Não tem uma forma de acudir o trabalhador? Tem. É a regra do art. 151, da Lei de Falência:
	Art. 151. Os créditos trabalhistas de natureza estritamente salarial vencidos nos 3 (três) meses anteriores à decretação da falência, até o limite de 5 (cinco) salários-mínimos por trabalhador, serão pagos tão logo haja disponibilidade em caixa.
	Então, pintou dinheiro no caixa? Já paga esse camarada no máximo de 5 salários mínimos, relacionados aos três meses de salário antes da decretação da falência. Essepagamento é feito mesmo para acudir o trabalhador.
	Mas além de tudo isso, o crédito mais importante na hora de pagar é o crédito da administração da massa falida. Isso tem que acontecer para que o processo tramite perfeita e tranquilamente; eu possa vender todos os bens e arrecadar dinheiro. Então, as dívidas decorrentes da administração da massa falida são pagas tão-logo haja disponibilidade em caixa. Então, primeiro eu pago essa dívida, depois os trabalhistas, depois a restituição, depois o extraconcursal, aí só é que a gente vai entrar na ordem do art. 83. É assim que paga na falência. O que cai na prova? Tudo isso já caiu em prova, mas o que mais cai é a ordem do art. 83 e, muitas vezes, o examinador tenta te colocar em pegadinha com o extraconcursal.
	2.10.	Encerramento do processo falimentar
	Feitos todos os pagamentos dos credores, o juiz encerra o processo falimentar através de uma sentença de encerramento. Pagando ou não pagando todo mundo. Teve arrecadação, alienação de bens, houve o pagamento. Não deu para pagar todo mundo? Não. Paciência.
	Mas aí surge uma questão de prova que não é sobre a sentença de encerramento, mas sobre a sentença que autoriza a reabilitação do empresário. Ele está inabilitado quando o juiz decreta a falência, mas ele pode reabilitar-se depois de uma sentença, que é a sentença de extinção das obrigações do falido. Quando haverá essa sentença? Quando preenchida uma das hipóteses do art. 158:
	Art. 158. Extingue as obrigações do falido:
	I - o pagamento de todos os créditos;
	II - o pagamento, depois de realizado todo o ativo, de mais de 50% (cinqüenta por cento) dos créditos quirografários, sendo facultado ao falido o depósito da quantia necessária para atingir essa porcentagem se para tanto não bastou a integral liquidação do ativo;
	III - o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contado do encerramento da falência, se o falido não tiver sido condenado por prática de crime previsto nesta Lei;
	IV - o decurso do prazo de 10 (dez) anos, contado do encerramento da falência, se o falido tiver sido condenado por prática de crime previsto nesta Lei.
	Só depois de ocorrida uma dessas hipóteses é que o juiz dará a sentença de extinção das obrigações do falido e ele estará apto a exercer as atividades empresariais. Agora, é importante conhecer essas hipóteses de extinção das obrigações do falido. São quatro:
Pagamento de todos os credores – Deu para pagar todo mundo? Então tem que deixar o empresário exercer suas atividades de novo.
Pagamento de mais da metade dos créditos quirografários – Ele praticamente pagou tudo. O quirografário está quase no final da fila. Então, dá para liberá-lo para exercer a atividade empresarial de novo.
Se não conseguir preencher a hipótese “a” ou “b”, a única saída para ele é esperar o tempo passar: 5 anos contados do encerramento da falência. Isso se não for condenado por crime falimentar.
Na hipótese de ter sido condenado por crime falimentar, terá que esperar 10 anos para poder exercer as atividades empresariais de novo.�
	Essas são as hipóteses previstas em lei para a reabilitação do empresário. Isso não tem nada a ver com a reabilitação penal. A partir de agora, vamos começar a falar da recuperação judicial.
3.	RECUPERAÇÃO JUDICIAL
	O que havia antes da nova Lei de Falências? O DL 7661/45 trazia a chamada concordata. Qual era o problema da concordata? Por que ela nunca foi uma saída da crise? O maior problema é que a concordata só tratava do crédito quirografário. Se o problema do empresário fosse crédito trabalhista, ele jamais conseguiria pagar crédito trabalhista por meio de concordata. Se o problema fosse crédito com os bancos, ele jamais poderia negociar junto aos credores bancários porque crédito com garantia real não entrava na concordata. Idem, no que tange aos créditos com privilégio real. Então, ele só podia pagar “fornecedor” que, geralmente, é quirografário.
	O segundo problema é que a concordata era chamada de favor legal. Por que favor legal? Porque pedia concordata e o juiz só tinha que analisar se quem pediu preenchia os requisitos. Feito isso, o juiz concedia a concordata, ainda que o credor não concordasse com ela.
	A origem da concordata está na idade média. Se o pai de família (pater familiae) morresse com dívidas, não ia para o céu. Era o que se acreditava na época. A família, nesse desespero, fazia o quê? Procurava o credor e propunha acordos. O credor concordava ou não. No Brasil, a concordata foi colocada de outra forma: como favor legal. Se o devedor preenchesse os requisitos, o juiz concedia a concordata e o credor pouco importava no processo.
	O terceiro problema da concordata: não havia outras formas de pagamento. Eu só podia fazer por parcelamento ou pedir a remição parcial da dívida. Ou seja, eu pago 50% se você me der o desconto de 50%. E hoje em dia, a gente sabe que parcelamento não é mais técnica de superação de crise. Basta olhar para o seu dia-a-dia. Era preciso encontrar outros meios de superação de dívida.
	Por que a recuperação é melhor? Porque envolve vários créditos e não só os quirografários. Na recuperação judicial, eu consigo pagar até mesmo crédito trabalhista. Vamos ver o art. 50, VIII:
	Art. 50. Constituem meios de recuperação judicial, observada a legislação pertinente a cada caso, dentre outros: VIII - redução salarial, compensação de horários e redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva;
	Então é possível estabelecer um plano de recuperação judicial, uma forma de superar a crise tratando do crédito trabalhista, fazendo compensação de hora, redução de salário, de jornada, etc. Vai envolver, não só o crédito quirografários, mas também o trabalhista como forma de negociação.
	Segundo: na recuperação, o credor participa da aprovação da recuperação. O credor atua de forma ativa no processo de recuperação. Ele é consultado para aprovar o plano de recuperação.
	Terceiro: hoje há meios mais modernos de superação de crise. Há métodos mais modernos de superação que não só pedir parcelamento ou remição parcial. Olha o art. 50 que, inclusive, caiu na prova da magistratura do RS e do SP, lembrando que o rol do art. 50 é exemplificativo. Fala em “dentre outros”. 
	Art. 50. Constituem meios de recuperação judicial, observada a legislação pertinente a cada caso, dentre outros:
	I - concessão de prazos e condições especiais para pagamento das obrigações vencidas ou vincendas;
	II - cisão, incorporação, fusão ou transformação de sociedade, constituição de subsidiária integral, ou cessão de cotas ou ações, respeitados os direitos dos sócios, nos termos da legislação vigente;
	III - alteração do controle societário;
	IV - substituição total ou parcial dos administradores do devedor ou modificação de seus órgãos administrativos;
	V - concessão aos credores de direito de eleição em separado de administradores e de poder de veto em relação às matérias que o plano especificar;
	VI - aumento de capital social;
	VII - trespasse ou arrendamento de estabelecimento, inclusive à sociedade constituída pelos próprios empregados;
	VIII - redução salarial, compensação de horários e redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva;
	IX - dação em pagamento ou novação de dívidas do passivo, com ou sem constituição de garantia própria ou de terceiro;
	X - constituição de sociedade de credores;
	XI - venda parcial dos bens;
	XII - equalização de encargos financeiros relativos a débitos de qualquer natureza, tendo como termo inicial a data da distribuição do pedido de recuperação judicial, aplicando-se inclusive aos contratos de crédito rural, sem prejuízo do disposto em legislação específica;
	XIII - usufruto da empresa;
	XIV - administração compartilhada;
	XV - emissão de valores mobiliários;
	XVI - constituição de sociedade de propósito específico para adjudicar, em pagamento dos créditos, os ativos do devedor.
	Se o empresário acha outra solução que não está aqui, pode sugerir outro. Uma empresa famosa pediu recuperação e encontrou uma formaalternativa ao art. 50 de pagar a dívida. Ela tem vários imóveis. Ela concedeu um imóvel durante três anos para um grupo de credores para que eles tivessem direito ao aluguel. Isso não está na lei e pode ser feito.
	O inciso II fala de fusão como forma de superação de crise. A fusão, nem sempre é forma de ampliação. Pode ser também de superação de crise. Vamos supor que o quadro da empresa esteja muito inchado. Reduzir a folha de pagamento pode ser parte da solução.
	O inciso III indica a alteração do controle societário. Isso acontece muito nos EUA. Eu tenho uma empresa em crise. Eu transfiro as minhas ações para meu credor que passa a ser sócio majoritário e assume a administração. Ele passa a ser sócio majoritário e vai investir na sociedade. Então, é melhor ter 30% de uma empresa rentável do que 100% de uma empresa podre. Transferência do controle acionário é uma solução moderna.
	Esse é o panorama que eu gostaria que você tivesse para a gente entender a recuperação.
3.1.	Finalidade da recuperação judicial – art. 47
	Qual é a finalidade da recuperação judicial?
	Art. 47. A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica.
	A finalidade da recuperação judicial é a chamada preservação da empresa. Quando você preserva uma empresa, o que você faz diretamente? Você está buscando a manutenção de empregos, manutenção da fonte produtora, preservação dos interesses dos credores e manutenção do desenvolvimento na região.
	Você preservando a empresa, você mantém o desenvolvimento da região. Tem cidades que vivem em torno de uma empresa. Se ela vai à falência, a cidade fale junto. Tem empresa que mantém creche, atividades culturais, etc. Se a empresa quebra, a cidade fecha. 
3.2.	Requisitos da recuperação judicial – art. 48
	Art. 48. Poderá requerer recuperação judicial o devedor que, no momento do pedido, exerça regularmente suas atividades há mais de 2 (dois) anos e que atenda aos seguintes requisitos, cumulativamente:
	I - não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença transitada em julgado, as responsabilidades daí decorrentes;
	II - não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial;
	III - não ter, há menos de 8 (oito) anos, obtido concessão de recuperação judicial com base no plano especial de que trata a Seção V deste Capítulo;
	IV - não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio controlador, pessoa condenada por qualquer dos crimes previstos nesta Lei.
	
	a)	Ser devedor em atividade regular há mais de 2 anos - Só o devedor pode pedir a recuperação judicial. Credor pode pedir falência. Mas recuperação judicial é só o devedor que pode pedir. E não é qualquer devedor. É o devedor empresário ou sociedade empresária que está em atividade regular há mais de 2 anos. Sociedade em comum (que não foi registrada) pode pedir recuperação judicial? Se ela não está registrada, não está regular, portanto, sociedade em comum não pode pedir recuperação judicial.
	b)	Não ser falido - Se já foi falido, ter suas obrigações declaradas extintas por sentença transitada em julgado.
	c)	Não ter, há menos de 5 anos, obtido concessão de recuperação judicial – E são 5 anos contados da obtenção da concessão e não da data do pedido. Pode pedir nova recuperação, mas só depois de 5 anos contados da obtenção da concessão.
	d)	Não ter, há menos de 8 anos, obtido concessão de recuperação judicial especial 
	e)	Não ter sido condenado por crime falimentar – antes da nova lei, se você fosse condenado por estelionato, apropriação indébita e furto, você não poderia pedir concordata. Com a nova lei, isso caiu por terra. Agora, você só não pode pedir recuperação se tiver sido condenado por crime falimentar. Você pode ter sido condenado por estelionato, por apropriação indébita, inclusive apropriação indébita previdenciária e, ainda assim, pedir recuperação judicial.
(Intervalo – 02:52:45)
3.3.	Créditos sujeitos aos efeitos da recuperação judicial – art. 49
	Art. 49. Estão sujeitos à recuperação judicial todos os créditos existentes na data do pedido, ainda que não vencidos.
	O art. 49 diz que são todos os créditos até a data do pedido, ainda que não vencidos. Significa o quê? Que entra no plano de recuperação, não só o crédito vencido, como o vincendo. 
	Lendo o art. 49 a impressão que se tem é que tudo quanto é tipo de crédito pode fazer parte do plano de recuperação judicial e não é bem assim.
 3.4.	Créditos excluídos do plano de recuperação judicial
	a)	Crédito tributário – Não pode fazer parte do plano de recuperação. É a conclusão do art. 6.º, § 7º, c/c art. 57. Não pode fazer parte do plano, até porque seria violação ao princípio da isonomia. Eu posso pagar o crédito tributário por meio de uma dação em pagamento e um outro credor que está na mesma situação não poderia.
	Art. 6º, § 7º As execuções de natureza fiscal não são suspensas pelo deferimento da recuperação judicial, ressalvada a concessão de parcelamento nos termos do Código Tributário Nacional e da legislação ordinária específica.
	Art. 57. Após a juntada aos autos do plano aprovado pela assembléia-geral de credores ou decorrido o prazo previsto no art. 55 desta Lei sem objeção de credores, o devedor apresentará certidões negativas de débitos tributários nos termos dos arts. 151, 205, 206 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional.
	b)	Casos do art. 49, § 3º - Créditos decorrentes de:
Propriedade fiduciária
Arrendamento mercantil (leasing)
Compra e venda com reserva de domínio
Compra e venda de bem imóvel com cláusula de irrevogabilidade ou irretratabilidade
	
	Art. 49, § 3º Tratando-se de credor titular da posição de proprietário fiduciário de bens móveis ou imóveis, de arrendador mercantil, de proprietário ou promitente vendedor de imóvel cujos respectivos contratos contenham cláusula de irrevogabilidade ou irretratabilidade, inclusive em incorporações imobiliárias, ou de proprietário em contrato de venda com reserva de domínio, seu crédito não se submeterá aos efeitos da recuperação judicial e prevalecerão os direitos de propriedade sobre a coisa e as condições contratuais, observada a legislação respectiva, não se permitindo, contudo, durante o prazo de suspensão a que se refere o § 4º do art. 6º desta Lei, a venda ou a retirada do estabelecimento do devedor dos bens de capital essenciais a sua atividade empresarial.
	Esses créditos não entram na recuperação judicial.
	c)	Créditos posteriores ao pedido de recuperação
	d)	ACC – Adiantamento de Contrato de Câmbio
3.5.	Procedimento do Plano de Recuperação Judicial
	a)	Petição Inicial de Recuperação Judicial – Art. 51
	Tudo começa com uma petição inicial. E ela tem que atender aos requisitos do art. 51 e são vários. Mas os mais importantes são os seguintes:
É na petição inicial que você tem que expor as causas da crise (“estou em crise em razão da concorrência, da pirataria, da crise econômica”). 
Depois, vai ter que demonstrar que está em crise através de demonstrativos contábeis dos últimos três exercícios sociais, que é a forma que você tem de comprovar que você está em crise. 
E, por fim, uma relação de credores. Então, o devedor tem que apresentar na petição inicial uma relação completa com nome, endereço, valor e origem do crédito, de todos os credores.
	b)	O despacho do juiz
	Apresentada a petição, o juiz vai despachar. E tem que analisar as regras do art. 52. Se ele verificar que a inicial preencheu os requisitos do art. 51, o juiz vai deferir o processamento da recuperação judicial. É o famoso despacho de processamento. Ele vai autorizar o processamento. Ele não está aprovando o plano! Nem tem plano ainda. Estou falando do processamento. E o despacho tem dois objetivos:
	Éno despacho de processamento que vai haver a nomeação do administrador judicial – Enquanto que na falência o administrador é nomeado numa sentença, aqui ele é nomeado no despacho de processamento.
	O despacho de processamento provoca a suspensão de todas as ações e execuções contra o devedor pelo prazo de 180 dias – Isso porque o devedor tem que pensar num plano bom. Ele não pode ficar preocupado com penhora online, com busca e apreensão, com reintegração de posse, etc. O plano, sendo bem elaborado, é a salvação de tudo. Não dá para ficar com atenção em outras coisas.
	Ações que não suspendem – São as ações que discutem os créditos que estão excluídos da recuperação. Aí não tem mesmo que suspender. Por exemplo, as ações fiscais. Essas continuam em andamento. As ações dos créditos que não podem fazer parte do plano de recuperação continuam em andamento.
	c)	A expedição de edital
	Esse despacho terá que ser publicado em um edital (art. 52, § 1º). E três coisas devem conter o edital:
Pedido do autor
Os termos da decisão que deferiu o processamento
A relação de credores – É a relação que estava lá na petição inicial	
	§ 1º O juiz ordenará a expedição de edital, para publicação no órgão oficial, que conterá:
	I - o resumo do pedido do devedor e da decisão que defere o processamento da recuperação judicial;
	II - a relação nominal de credores, em que se discrimine o valor atualizado e a classificação de cada crédito;
	III - a advertência acerca dos prazos para habilitação dos créditos, na forma do art. 7º, § 1º, desta Lei, e para que os credores apresentem objeção ao plano de recuperação judicial apresentado pelo devedor nos termos do art. 55 desta Lei.
	d)	Habilitação de crédito – art. 7º, § 1º
	Aqui, vamos imaginar duas situações: você é o credor, está para receber 77 mil reais, você viu o edital publicado e não viu o seu nome na relação. Você, então, tem que fazer a habilitação de crédito em 15 dias contados do edital:
	§ 1º Publicado o edital previsto no art. 52, § 1º, ou no parágrafo único do art. 99 desta Lei, os credores terão o prazo de 15 (quinze) dias para apresentar ao administrador judicial suas habilitações ou suas divergências quanto aos créditos relacionados.
	
	Passado o prazo de 15 dias, automaticamente, começa a contagem de um novo prazo: 45 dias para uma nova relação de credores. Onde está isso? Art. 7º, § 2º:
	§ 2º O administrador judicial, com base nas informações e documentos colhidos na forma do caput e do § 1º deste artigo, fará publicar edital contendo a relação de credores no prazo de 45 (quarenta e cinco) dias, contado do fim do prazo do § 1º deste artigo, devendo indicar o local, o horário e o prazo comum em que as pessoas indicadas no art. 8º desta Lei terão acesso aos documentos que fundamentaram a elaboração dessa relação.
	
	Começa, portanto, a contagem do prazo de 45 dias para que o administrador judicial (não é mais o juiz) nomeado no despacho de processamento, providencie uma nova relação de credores. E o que vai conter essa nova relação? Os credores que já estão no edital (que foram relacionados pelo próprio devedor) e aqueles que habilitaram os seus créditos.
	e)	Apresentação do plano de recuperação judicial – Art. 53
	Onde fica o plano de recuperação nessa história? Depois que o juiz deu o despacho de processamento e esse despacho foi publicado, então, o devedor terá prazo de 60 dias para apresentar o plano de recuperação judicial.
	Art. 53. O plano de recuperação será apresentado pelo devedor em juízo no prazo improrrogável de 60 (sessenta) dias da publicação da decisão que deferir o processamento da recuperação judicial, sob pena de convolação em falência, e deverá conter:
	I - discriminação pormenorizada dos meios de recuperação a ser empregados, conforme o art. 50 desta Lei, e seu resumo;
	II - demonstração de sua viabilidade econômica; e
	III - laudo econômico-financeiro e de avaliação dos bens e ativos do devedor, subscrito por profissional legalmente habilitado ou empresa especializada.
	O prazo é de 60 dias contados da publicação da decisão que deferiu o processamento (da publicação do despacho de processamento). Publicou, tem 60 dias para apresentar o plano de recuperação. E se não apresentar dentro do prazo? O que acontece? O art. 53 é claro: se não for apresentado o plano dentro do prazo legal improrrogável, o juiz convolará aquela recuperação judicial em falência. Então, não pode perder esse prazo de jeito nenhum.
	f)	Objeção e aprovação dos credores do plano de recuperação
	O plano foi apresentado e os credores foram comunicados de que o plano foi apresentado. O credor participa deste processo. E participa da seguinte forma: ele vai ter acesso ao plano de recuperação e se não concordar, ele pode apresentar um instrumento processual: objeção ao plano. É o que está no art. 55 da lei, que é uma espécie de impugnação. E não importa o credor e não importa o valor do crédito. Basta ser credor, ainda que seja minoritário. E o prazo para isso é de 30 dias. São 30 dias contados da publicação da relação do art. 7.º, § 2º:
	Art. 55. Qualquer credor poderá manifestar ao juiz sua objeção ao plano de recuperação judicial no prazo de 30 (trinta) dias contado da publicação da relação de credores de que trata o § 2º do art. 7º desta Lei.
	Se a objeção significa “não concordo com o plano”, passado o prazo de 30 dias, sem objeção, isso significa que os credores aprovaram o plano. 
	Se algum credor apresentar objeção, temos que ir para a regra do art. 56:
	Art. 56. Havendo objeção de qualquer credor ao plano de recuperação judicial, o juiz convocará a assembléia-geral de credores para deliberar sobre o plano de recuperação.
	Isso significa que se teve objeção, o juiz vai ter que convocar uma assembleia geral de credores. É o juiz e não o administrador judicial. Feito isso, o que a assembleia pode fazer? Lá pode ser modificado o plano, o credor pode mudar de ideia, etc. O plano pode até ser aprovado. Se isso acontecer, ótimo. Mas o plano pode ser reprovado. O plano pode ser modificado na assembleia por combinação das partes. De lá vai sair uma dessas duas decisões. Se o plano for reprovado, ocorrerá o que diz o §4º, do art. 56:
	§ 4º Rejeitado o plano de recuperação pela assembléia-geral de credores, o juiz decretará a falência do devedor.
	Se a única forma que o devedor tem de sair da crise é pelo plano e o credor não concorda com ele, não resta outra saída ao juiz senão decretar a falência. Por isso, o plano tem que ser bom, porque se não for, os credores não aprovam o plano e a consequência é a decretação da falência.
	g)	Decisão concessiva do juiz
	Considerando que o plano tenha sido aprovado na assembleia. Já dá para executá-lo? Não. É necessária uma decisão judicial. 
	Após a aprovação do plano pelos credores, o juiz dará uma decisão concessiva, uma vez preenchidos os requisitos do art. 57:
	Art. 57. Após a juntada aos autos do plano aprovado pela assembléia-geral de credores ou decorrido o prazo previsto no art. 55 desta Lei sem objeção de credores, o devedor apresentará certidões negativas de débitos tributários nos termos dos arts. 151, 205, 206 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional.
	O empresário está em crise, o plano já está aprovado pelos credores. O juiz só vai conceder a recuperação se ele apresentar a CND. Ele pode dever para todo mundo, menos para a Fazenda Pública. E a certidão positiva com efeito de negativa? Ele pode ter conseguido um parcelamento. Será ele vai conseguir pagar a primeira parcela? A Varig não conseguiu. Nesse particular, a posição do TJ/SP, TJ/RJ e TJ/MG é a de que, mesmo sem CND, a recuperação é concedida em razão do princípio da preservação da empresa. Não vai conceder só porque não tem CND? Ora, mas a Fazenda Pública tem um meio próprio de obtenção do crédito, que é a execução fiscal. Não precisa disso! 
	O que temos que saber sobre a decisão concessiva? São três situações:
A decisão concessiva implica em novação – Art. 59
	Art. 59. Oplano de recuperação judicial implica novação dos créditos anteriores ao pedido, e obriga o devedor e todos os credores a ele sujeitos, sem prejuízo das garantias, observado o disposto no § 1º do art. 50 desta Lei.
	Você extingue a dívida anterior para criar uma nova dívida. Então, a decisão concessiva tem essa finalidade.
A decisão concessiva é um título executivo judicial – Art. 59, § 1º
	§ 1º A decisão judicial que conceder a recuperação judicial constituirá título executivo judicial, nos termos do art. 584, inciso III, do caput da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil.
Da decisão concessiva cabe agravo de instrumento que poderá ser interposto por qualquer credor e pelo membro do MP – Art. 59, § 2º
	§ 2º Contra a decisão que conceder a recuperação judicial caberá agravo, que poderá ser interposto por qualquer credor e pelo Ministério Público.
	Isso que acabamos de ver é chamada de recuperação judicial, também chamada de recuperação judicial comum. Além dela, temos uma outra recuperação judicial que é muito parecida com esta, mas que tem outro nome: recuperação judicial especial.
4.	RECUPERAÇÃO JUDICIAL ESPECIAL – ARTS. 70 a 72
	Art. 70. As pessoas de que trata o art. 1º desta Lei e que se incluam nos conceitos de microempresa ou empresa de pequeno porte, nos termos da legislação vigente, sujeitam-se às normas deste Capítulo.
	§ 1º As microempresas e as empresas de pequeno porte, conforme definidas em lei, poderão apresentar plano especial de recuperação judicial, desde que afirmem sua intenção de fazê-lo na petição inicial de que trata o art. 51 desta Lei.
	§ 2º Os credores não atingidos pelo plano especial não terão seus créditos habilitados na recuperação judicial.
	Art. 71. O plano especial de recuperação judicial será apresentado no prazo previsto no art. 53 desta Lei e limitar-se á às seguintes condições:
	I - abrangerá exclusivamente os créditos quirografários, excetuados os decorrentes de repasse de recursos oficiais e os previstos nos §§ 3º e 4º do art. 49 desta Lei;
	II - preverá parcelamento em até 36 (trinta e seis) parcelas mensais, iguais e sucessivas, corrigidas monetariamente e acrescidas de juros de 12% a.a. (doze por cento ao ano);
	III - preverá o pagamento da 1ª (primeira) parcela no prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias, contado da distribuição do pedido de recuperação judicial;
	IV - estabelecerá a necessidade de autorização do juiz, após ouvido o administrador judicial e o Comitê de Credores, para o devedor aumentar despesas ou contratar empregados.
	Parágrafo único. O pedido de recuperação judicial com base em plano especial não acarreta a suspensão do curso da prescrição nem das ações e execuções por créditos não abrangidos pelo plano.
	Art. 72. Caso o devedor de que trata o art. 70 desta Lei opte pelo pedido de recuperação judicial com base no plano especial disciplinado nesta Seção, não será convocada assembléia-geral de credores para deliberar sobre o plano, e o juiz concederá a recuperação judicial se atendidas as demais exigências desta Lei.
	Parágrafo único. O juiz também julgará improcedente o pedido de recuperação judicial e decretará a falência do devedor se houver objeções, nos termos do art. 55 desta Lei, de credores titulares de mais da metade dos créditos descritos no inciso I do caput do art. 71 desta Lei.
	È aquela especialmente voltada para as microempresas e empresas de pequeno porte. Não é porque eu sou microempresa e empresa de pequeno porte que eu sou obrigado a fazer a recuperação judicial especial. Eu faço se quiser. Eu posso me valer da recuperação judicial comum. Fica a critério de quem vai pedir. A microempresa ou empresa de pequeno porte pode pedir a comum sem problema. Mas além dessa ela tem essa outra opção.
	A recuperação judicial especial é parecida com a comum, mas tem algumas diferenças:
	O art. 71 da lei diz que a recuperação judicial especial só vai envolver o crédito quirografário. Se você quer pagar crédito quirografário, essa é a opção. Não dá para colocar crédito trabalhista, crédito com garantia real, etc. Na recuperação judicial especial só entra o crédito quirografário.
	Aqui, haverá petição inicial do mesmo modo (e é idêntica), com a diferença de que só vai relacionar credores quirografários. A petição vai para o juiz que dá o despacho de processamento igualzinho, nomeia administrador judicial e suspende as ações, mas só aquelas que envolvam créditos quirografários. Também tem edital e haverá relação de credores no edital, mas também só haverá credor quirografário. Também é possível habilitar crédito. Mas só vai poder habilitar o credor quirografário. E vai apresentar o plano no mesmo prazo, só que aqui não pode fazer o que quiser como na recuperação comum. Aqui, o plano está pré-pronto. Qual é o plano?
Pagamento em até 36 parcelas iguais, mensais e sucessivas com correção e juros de 12% ao ano.
O pagamento da 1ª parcela deverá ser feito em até 180 dias.
O juiz aprova o plano mesmo diante de objeções (desde que não ultrapasse 50% dos créditos).
	Na judicial comum, se o credor não concordar com o plano, o credor apresenta objeção e se tem objeção, o juiz convoca assembleia geral de credores. Aqui, estamos falando de microempresa e empresa de pequeno porte, que não tem dinheiro. Assembleia geral de credores custa caro (120 mil reais só a assembleia), porque tem que alugar o espaço, servir um café, providenciar a estrutura. Então, a lei, no caso da microempresa e empresa de pequeno porte, autoriza o juiz a aprovar o plano mesmo tendo objeção ao plano. Se houver muitas objeções, olha o que diz o § único do art. 72:
	Parágrafo único. O juiz também julgará improcedente o pedido de recuperação judicial e decretará a falência do devedor se houver objeções, nos termos do art. 55 desta Lei, de credores titulares de mais da metade dos créditos descritos no inciso I do caput do art. 71 desta Lei.
	
	Se mais da metade dos créditos quirografários apresentarem objeção, o que vai acontecer? O juiz decreta a falência de cara. Então, é importante que você saiba que na recuperação judicial especial nunca terá assembleia. A saída da lei foi fantástica. Dificilmente o credor quirografário vai se opor porque receberá com juros! Melhor do que o juiz decretar falência.
4.	RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL – ARTS. 70 a 72
	
	Esse tema é objeto do Intensivo III. Mas o que você precisa saber? Que é acordo privado, firmado diretamente com os seus credores. O devedor trata diretamente com os credores. Seria uma espécie de “confissão de dívida”.
	O que cai sobre isso? O que cai mesmo é a judicial. Aqui o que costuma cair é: que tipo de crédito não faz parte da recuperação extrajudicial.
	Créditos excluídos da recuperação extrajudicial (não podem ser negociados diretamente com o credor): 
	
Todos os créditos excluídos da judicial comum (tributário, contrato de câmbio, etc.)
Crédito trabalhista (isso daria muita margem para fraude)
	
FIM
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