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Radiações Departamento de Ciência-FFP-UERJ Disciplina Biofísica Material preparado para ensino remoto no Ambiente Virtual de Aprendizagem Profa. Dra. Flavia Venancio Silva Objetivos • Definir radiação. • Diferenciar radiação ionizante e não ionizante com base no espectro eletromagnético. • Conceituar radiação alfa, radiação beta, radiação gama e radiação X. • Apresentar possíveis aplicações das radiações. O que é radiação? • É um processo de emissão de energia em forma de partícula ou de onda. Espectro das radiações eletromagnéticas • Todo conjunto de ondas eletromagnéticas que encontramos no universo chama-se espectro eletromagnético. • Nele estão reunidas os tipos de radiação eletromagnéticas que se propagam em ondas e se diferenciam por suas frequências e comprimentos de onda. • Faça uma pesquisa nos livros e na internet sobre o espectro eletromagnético e observe que nele se encontram: raios gama, raios X, raios ultravioleta, luz, infravermelho, ondas de radares, ondas de TV e rádio e de circuitos eletrônicos. Nesta sequência, as radiações estão organizadas em ordem decrescente de frequência com que se propagam. O que é radioatividade? • É um fenômeno durante o qual ocorre emissão de radiações a partir de um núcleo atômico, seja em forma de partículas (alfa ou beta) ou em forma de ondas eletromagnéticas (raio gama). • O fenômeno também pode ocorrer a partir da eletrosfera de um átomo, quando elétrons orbitais são energizados suficientemente para a ejeção de elétrons ou de raio X. Em que circunstâncias um radioisótopo emite radiação? • A radioatividade pode ocorrer naturalmente em átomos com excesso de matéria ou de energia no núcleo (radioisótopos). Alguns radioisótopos têm excesso de prótons como o flúor-18 e outros excesso de nêutrons como o carbono-14. Nestes casos, ocorrem transformações nucleares que resultam na ejeção de partículas. • Outro tipo de radiação emitida pelo núcleo são os raios gama, que normalmente acompanham a emissão de partículas radioativas. Essas transformações no núcleo resultam em transferência de energia do núcleo (onde tem mais energia) para fora do núcleo (onde tem menos energia) em conformidade com a segunda lei da termodinâmica. • Alguns radioisótopos são produzidos artificialmente e utilizados para diversos fins pela sociedade. Exemplos de radiações emitidas por radioisótopos • Originadas no núcleo atômico com excesso de energia: – Partícula alfa (radiação particulada); – Partícula beta (radiação particulada); – Raio gama (radiação eletromagnética de alta frequência). O que é radiação particulada? – Caracterizada por sua carga, massa e velocidade (pode ser carregada ou neutra, leve ou pesada, lenta ou rápida). – A energia cinética da partícula é calculada considerando a massa e a velocidade em que ela se propaga e é dada por K = ½ . mv2. – Partículas alfa e beta ejetadas de núcleos atômicos são exemplos desse tipo de radiação. O que é radiação eletromagnética? – Constituída por campos elétricos e magnéticos variando no espaço e no tempo. – Caracterizada pela amplitude e frequência da oscilação. – A velocidade atinge valor máximo no vácuo e a propagação das ondas é proporcional à sua frequência e comprimento de onda (c = λ.f). – Apesar de não possuir carga ou massa, carrega energia. – Os raios gama e raios-X são exemplos desse tipo de radiação. Radiação ionizante e não ionizante • Ao estudarmos as radiações particuladas e eletromagnéticas podemos classificá-las como ionizantes ou não-ionizantes. • A radiação ionizante é aquela que ao ser ejetada do núcleo, se propaga no espaço com intensidade suficiente para arrancar um elétron da eletrosfera, caso se choque com ele. Neste caso, a radiação ao arrancar um elétron de um átomo causa a ionização deste átomo, o que alteração suas ligações com ouros átomos numa molécula. Além disso, o elétron arrancado torna-se livre e muito reativo. • Já a radiação não-ionizante, ela não tem energia suficiente para arrancar um elétron da eletrosfera caso se choquem. Quais são as consequência para um ser vivo que recebe radiação ionizante? • Os elétrons arrancados por radiações ionizantes originarão elétrons livres, os quais não mais se encontram limitados à eletrosfera de um determinado átomo. Portanto os elétrons livres podem reagir com moléculas de água ou com biomoléculas como DNA alterando sua estrutura. No caso das moléculas de água, ao reagirem com elétrons livres, se transformam em radicais livres que por sua vez reagem com biomoléculas alterando suas estruturas. Portanto, as consequências são desastrosas para as células. Fontes de radiação • Radiações podem ser emitidas por isótopos radioativos como o urânio natural ou produzidos artificialmente através de reações em aceleradores de partículas ou reatores nucleares. • Tubos de raios-X são fontes de radiação sem a utilização de elementos químicos radioativos. Quando desligados, esses aparelhos não emitem radiação. Por que mulheres gestantes não podem fazer radiografias? • Considerando que raio X é um tipo de radiação eletromagnética ionizante e é muito penetrante porque atravessa a massa corporal. Ao atingir biomoléculas, tal radiação causa alterações em suas estruturas ao quebrar ligações químicas. Como o embrião que está em desenvolvimento apresenta muitas divisões celulares, alterações no seu código genético causam mutações que podem resultar em malformações ou até na morte. Radiosensibilidade • Como o principal alvo das ionizações são as pontes de hidrogênio do DNA; assim, nos tecidos que apresentam alta taxa de mitose, a sensibilidade às radiações será maior. • Onde ocorreram acidentes nucleares, boa parte dos habitantes apresentam leucemia, câncer de pele e alterações nos gametas gerando filhos com malformações congênitas. Decaimento de um radionuclídeo • Ao emitir radiação, um radionuclídeo sofre decaimento e vai se transformando em outros isótopos até atingir sua estabilidade nuclear. • Cada radionuclídeo apresenta meia-vida específica. O conceito de meia vida se refere ao tempo necessário para que a atividade de um radionuclídeo caia pela metade. • Exemplo: a meia-vida do Carbono-14 é igual a 5730 anos. Decaimento alfa/radiação ionizante •A emissão alfa é justamente para diminuir a massa do núcleo. Partícula alfa é composta por dois prótons e dois nêutrons. Quando o rádio-226 emite uma partícula alfa, ele se transforma em randônio-222. Seu número de massa fica subtraído de 4 unidades, pois perdeu 4 partículas. •O urânio-238 também é um emissor de partícula alfa. •As partículas alfa são muito ionizantes devido ao seu tamanho relativamente grande que propicia colisões. Por esta razão, elas não são usadas em humanos. Elas são pouco penetrantes pois perdem aceleração pelo atrito com o ar e uma folha de papel blinda tais partículas. Decaimento beta com emissão de partícula beta negativa ou négatron • Se um núcleo tiver excesso de nêutrons, ele emitirá radiação beta negativa. Quando o carbono-14 (constituído de 6 prótons e 8 nêutrons) emite partícula beta negativa, ele se transforma em nitrogênio-14 (constituído de 7 prótons e 7 nêutrons). Neste caso, é como se um nêutron fosse convertido em um próton, o número atômico foi acrescido de uma unidade e o número de prótons e nêutrons se igualou. • Partícula beta negativa tem massa desprezível e carga negativa, cada vez que o núcleo emite tal partícula, fica mais positivo. É menos ionizante que a partículas alfa, devido ao tamanho, e é blindada com plástico ou alumínio. Combate ao câncer com partícula beta negativa • Partículas beta negativa são usadas em radioterapia. A fonte é colocada à distância e projeta partículas sobre a área próxima ao local cancerígeno. • Essas partículas também podem ser injetadas com agulha sobre o câncer, neste caso o procedimento é chamado de braquiterapia. Decaimento beta com emissãode partícula beta positiva ou pósitron • Se o núcleo tiver excesso de prótons, emitirá radiação beta positiva. Quando o flúor-18 (constituído de 9 prótons e 9 nêutrons) emite partícula beta positiva, ele se transforma em oxigênio-18 (constituído por 8 prótons e 10 nêutrons). Neste caso, é como se um próton fosse convertido em um nêutron, o número atômico foi subtraído de uma unidade. • Partícula beta positiva tem massa desprezível e carga positiva, cada vez que o núcleo emite tal partícula, fica menos positivo. É menos ionizante que a partículas alfa, devido ao tamanho, e é blindada com plástico ou alumínio. Decaimento com emissão de raios gama • Radiação gama é emitida para retirar o excesso de energia dos núcleo, ocorre após decaimento alfa ou beta. • O césio-137 e cobalto-60 são exemplos de radionuclídeos que emitem raios gama. • Eles emitem raios gama para liberar energia, mantêm sua configuração atômica com mesmo número atômico e número de massa inalterados. • São menos ionizantes que as partículas alfa e beta e são mais penetrantes. São blindadas com placa de chumbo. Aplicações dos raios gama • Raios gama são utilizados em exame de imagem chamado de cintilografia. Usa isótopos radioativos que substituem isótopos estáveis, formando uma molécula conhecida como radiotraçador. Este é captado e concentra-se em um órgão, com a ajuda de detectores é possível rastrear o radiotraçador e determinar o mapeamento funcional de um órgão. • A radiação gama é injetada no organismo do paciente, vai até o tecido-alvo e destrói as células cancerosas por meio de ionização. Ex: iodo-131. Aceleradores de partículas originam raios X A produção dos raios X ocorre quando elétrons emitidos pelo catodo são fortemente atraídos pelo anodo, e chegam a este com grande energia cinética chocando- se com o anodo, eles cedem energia aos elétrons que estão nos átomos do anodo. A brusca desaceleração desses elétrons produz os raios X. A tomografia computadorizada é um tipo de exame que utiliza raios-X para produzir radiografias transversais, as quais são processadas por um computador e resultam em imagens detalhadas de partes do corpo para o diagnóstico de doenças. Aplicações das radiações na datação de fósseis • Todo ser vivo assimila uma quantidade de C-14 que isótopo radioativo do C-12, mantendo uma concentração conhecida desse átomo no organismo. Quando morre, o organismo para de assimilar C-14 e há uma perda progressiva de C-14 nos seus tecidos por decaimento beta negativo, onde C14 ao emitir partícula beta negativa transforma-se em N-14. Dessa forma, medindo o C-14 do fóssil é possível determinar há quanto tempo ocorreu a morte daquele ser. Bibliografia recomendada • HENEINE, I. F. Biofísica Básica. 2ª Ed. Rio de Janeiro: Ed. Atheneu. 2010. • MOURÃO JÚNIOR, C.A.; ABRAMOV, D.M. Curso de biofísica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 2009. • MOURÃO JÚNIOR, C.A.; ABRAMOV, D.M. Biofísica Essencial. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 2012.