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SOBRE A LIBERDADE EM JEAN-PAUL SARTRE

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1 
 
 
 
 
 
 
 
FACULDADE CATÓLICA DE FORTALEZA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ADRIANO ALVES DE LIMA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SOBRE A LIBERDADE EM JEAN-PAUL SARTRE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FORTALEZA 
2015 
2 
 
ADRIANO ALVES DE LIMA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SOBRE A LIBERDADE EM JEAN-PAUL SARTRE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de conclusão de curso 
apresentado como requisito parcial à 
obtenção do grau de Bacharel em 
Filosofia pela Faculdade Católica de 
Fortaleza. 
Orientador: Profª. Dra. Ir. Maria Celeste 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FORTALEZA 
2015 
3 
 
ADRIANO ALVES DE LIMA 
 
 
 
 
 
 
SOBRE A LIBERDADE EM JEAN-PAUL SARTRE 
 
 
 
 
 
 
Monografia apresentada ao Curso de Filosofia 
da Faculdade Católica de Fortaleza como 
requisito parcial para obtenção do grau de 
Bacharel em Filosofia. 
 
 
 
 
 
 
Aprovado: _______/________/_________ 
 
 
 
 
 
BANCADA EXAMINADORA 
 
 
 
 
 
__________________________________________________________________ 
 
Orientador: Profª. Drª. Ir. Maria Celeste 
Faculdade Católica de Fortaleza – FCF 
 
 
 
__________________________________________________________________ 
 
Leitor: Prof. Ms. Pe. Antonio Augusto Meneses do Valle 
Faculdade Católica de Fortaleza – FCF 
 
4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico 
 
Aos meus pais, Auricélia Alves de Lima e César 
Nildo Lima de Sousa, aos meus irmãos, Inês Lima 
e Fábio Lima, a minha afilhada e sobrinha Maria 
Júlia e a todos que me ajudaram, direta ou 
indiretamente, familiares e amigos. Aos meus irmãos 
e amigos seminaristas: Luan Álefi (Diocese de 
Iguatu), Henrique Melo, Thiago Rodrigues, 
Francisco Adilton (Ambos da Arquidiocese de 
Fortaleza), pelo carinho e amizade. Ao meu irmão e 
amigo Alci Filho. Ao meu Pároco, Pe. Antônio 
Henrique. Aos meus formadores, Pe. José Benício, 
Pe. José Filho e Pe. Marcelândio. Ao meu amigo Pe. 
Severino Guedes. Ao meu Bispo, Dom José 
Antônio, aos meus amigos Francisco Rafael e 
Carlos Ferreira (in memoria) e a toda família 
Arquidiocesana de Fortaleza. 
 
 
 
5 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
 
A Deus, pelo dom da vida e todas as capacidades, pela inspiração, força e 
determinação, por Ele estar sempre ao meu lado. 
 
Aos meus pais, Auricélia Alves de Lima e César Nildo Lima de Sousa, pelos 
ensinamentos, por toda a ajuda e incentivo a nunca desistir. Obrigado, mãe, por ter 
me conduzido nos caminhos de Nosso Senhor Jesus Cristo. Aos meus irmãos Inês 
Lima e Fábio Lima, a minha sobrinha e afilhada, Maria Júlia; obrigado por toda a 
alegria que vocês me proporcionam, porque família é tudo. 
 
Ao meu Pároco, Pe. Antônio Henrique Bezerra da Silva. Obrigado, padre, pelo o 
senhor, abaixo de Deus, ter sido a ajuda que eu precisava para ingressar no 
Seminário. Obrigado por tudo. 
 
Ao Pe. Severino Guedes, pela força e amizade. O senhor é meu irmão. 
 
Ao Pe. José Benício, meu formador e amigo. Obrigado, padre, por todo o apoio, 
ensinamentos e amizade. 
 
A Profª. Dra. Ir. Maria Celeste, que aceitou me orientar, por sua amizade, pela 
disponibilidade, acompanhamento, paciência e compreensão na elaboração e 
conclusão desta pesquisa. Por tudo isso, sou profundamente grato. 
 
Aos meus irmãos e amigos Luan Álefi, Henrique Melo, Thiago Rodrigues, 
Francisco Adilton, pelos momentos de alegria, pelas partilhas, pelo companheirismo, 
pela sua amizade. 
 
Aos professores do Curso de Filosofia da Faculdade Católica de Fortaleza. Obrigado 
pela exigência, disponibilidade e todos os ensinamentos. 
 
Aos meus colegas de sala de aula, do Curso de Filosofia, meus sinceros 
agradecimentos pelo companheirismo. 
 
E, profundamente quero agradecer ao meu bispo, meu eterno mestre, Dom José 
Antônio, Arcebispo da Arquidiocese de Fortaleza, pela oportunidade e ajuda para 
concluir este curso, neste ano de 2015. Aqui fica também meu reconhecimento de que 
graças ao seu rigor e exigências meticulosas, pude dar o melhor de mim. Muito 
obrigado. 
 
Aos meus irmãos seminaristas, em especial da Arquidiocese de Fortaleza, muito 
obrigado. 
 
 
 
 
 
 
6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ser-se livre não é fazermos aquilo que 
queremos, mas querer-se aquilo que se pode. 
(Jean-Paul Sartre) 
 
 
 
 
 
7 
 
 
RESUMO 
 
 
 
Com base no pensamento de Jean Paul-Sartre, francês, filósofo, leitor de clássicos 
franceses. Apresentamos este trabalho monográfico no qual abordamos o tema 
Liberdade, tendo como fonte principal a obra O Ser e o Nada. A partir do conceito de 
liberdade tentaremos mostrar os seus limites e de que modo o mesmo está 
relacionado com noção de responsabilidade. No primeiro capítulo será apresentado a 
liberdade como condição primeira da ação, relacionando-a com os conceitos de 
consciência, ato, essência, vontade. Após este percurso, adentraremos no terreno da 
própria liberdade, que é o tema deste projeto monográfico. Após este percurso 
entraremos no terreno dos limites da liberdade enquanto fim, situação e obstáculo. 
Neste sentido, concluiremos o trabalho tratando da responsabilidade, sobre a qual 
Sartre afirma que indivíduo não é apenas livre, mas que possui a responsabilidade de 
construir a sua liberdade. 
 
Palavras-chave: Liberdade – Facticidade – Responsabilidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
SUMÁRIO 
 
 
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 9 
 
1 LIBERDADE COMO CONDIÇÃO PRIMEIRA DA AÇÃO ..................................... 11 
 
1.1 Liberdade como ato, essência e consciência ..................................................... 14 
1.2 Liberdade enquanto vontade ............................................................................... 16 
1.3 Liberdade ............................................................................................................ 18 
 
2 OS LIMITES DA LIBERDADE .............................................................................. 21 
 
2.1 Liberdade enquanto fim ....................................................................................... 24 
2.2 Liberdade em situação ........................................................................................ 25 
2.3 Liberdade e obstáculo ......................................................................................... 27 
2.4 Facticidade da Liberdade .................................................................................... 29 
 
3 LIBERDADE E RESPONSABILIDADE ................................................................ 31 
 
3.1 Responsabilidade enquanto situação .................................................................. 33 
3.2 Responsabilidade e angústia .............................................................................. 34 
3.3 Responsabilidade e facticidade ........................................................................... 36 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 39 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 41 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
INTRODUÇÃO 
 
O desejo de estudar a temática liberdade em Sartre surgiu a partir de uma 
apresentação monográfica de um colega que tratava sobre alteridade, ou seja, 
inquietações a respeito da relação eu-outro. Percebe-se que na nossa realidade de 
vida as pessoas têm uma forma complicada de se relacionarem; comose aproximam; 
como olham o outro. Desde então, faço inferências que os motivos implicam nos 
conceitos de factibilidade, liberdade, posse, e olhar entre outros conceitos. Com essa 
temática, pretende-se mostrar, na visão do autor, a forma como o homem aparece em 
suas relações com os outros e sendo um empecilho à liberdade alheia. 
 
Podemos nos perguntar a partir de Sartre: qual o conceito de liberdade? 
Existe liberdade? E, se existe, como? Como um ser percebe o outro? Como eles se 
relacionam, haja vista que são repletos de diferenças? Estas são as perguntas que 
devem dar início à pesquisa. A questão da liberdade é pensada e tratada por Sartre a 
partir do 4º capitulo do livro O Ser e o Nada. Para o autor existencialista, cada ser 
indivíduo é dotado de liberdade, sendo privado somente pela própria liberdade que se 
dá no encontro com o outro. 
 
O presente trabalho, portanto, tem como objetivo abordar o conceito de 
liberdade sob a ótica do filósofo Sartre, tendo como orientação principal a obra O Ser 
o Nada (Ensaio de Ontologia Fenomenológica). Tentar-se-á, após apresentação da 
liberdade como condição primeira da ação, mostrar os limites desta liberdade e, em 
última análise, mostrar que a liberdade está relacionada com a noção de 
responsabilidade. Encontram-se no Ensaio de Ontologia Fenomenológica os 
argumentos necessários que fazem da filosofia sartreana uma filosofia da ação. 
 
No primeiro capítulo, Sartre define o Para-si como o ser que define a ação 
e que está relacionado com os conceitos de modificação e possibilidade. Contudo, 
Sartre apresenta um conceito de intenção que é suscitada pela captação, ou seja, 
pela falta de um objetivo. A concepção é como se fosse a ação e serve para organizar 
algo. Aqui será refletido o conceito de homem, o qual será aquilo que escolher para si 
mesmo e que faz, que escolhe e que constrói o seu projeto. 
10 
 
Contudo, a condição primordial da ação é a liberdade. A partir das 
escolhas, o homem é condenado a ser livre. A consciência é o fazer-se, ou seja, o 
homem é um ser pensante e a liberdade está ligada a este ser. Sartre observa que a 
consciência é sempre de alguma coisa, ou seja, a consciência sem ser razão de algo, 
isto é, fenômeno. A consciência é apenas uma estrutura humana. A consciência do 
homem é fazer-se, o homem é um ser pensante, o homem é alguma coisa, isso 
significa dizer que a consciência não existe fora dessa relação com o objeto, logo, ela 
não tem ser próprio; ela é nada de ser, e só existe como consciência de algo; dessa 
forma não poderia existir uma consciência absoluta que subsistisse por si, já que uma 
consciência de nada seria um nada absoluto. 
 
Após a explanação da liberdade enquanto ação, apresenta-se o segundo 
capítulo, o qual trata dos limites da liberdade. Para Sartre, o indivíduo/homem é livre; 
contudo, o homem está ligado a diversos acontecimentos de sua vida. Assim antes 
de fazer-se, o homem deve ser-feito. Aqui aparece o conceito de fim e menciona-se 
que somos constituídos por um fim. A escolha é importante na vida do indivíduo e que 
o Para-si torna-se uma liberdade em situação. Será que não somos livres? O que 
podemos fazer com a liberdade? De acordo Sartre, o indivíduo por si é uma liberdade 
e o mesmo tem direito a escolhas. Ora o homem, por sua vez, só encontrará quaisquer 
obstáculos no campo de sua própria liberdade. 
 
Por fim, no terceiro capítulo, chega-se a relação da liberdade com a 
responsabilidade. Como se sabe o homem não é apenas livre, mas, dentro de sua 
liberdade, possui uma responsabilidade. Sartre, nos explica que o homem não só 
responsável é por si mesmo, como é responsável por todos os homens. A escolha 
sempre está em volta da liberdade e é ela que revela a responsabilidade, diferente da 
angústia, que não apresenta critérios para a escolha. Se o homem, por natureza, é 
livre, ele tem o direito de escolher e se torna responsável pelo que se escolhe. Tudo 
que acontece com o homem é responsabilidade dele e não do outro. A 
responsabilidade torna-se muito particular e a escolha está ligada à facticidade. Após 
esta breve introdução, partir-se-á, para a análise do conceito de liberdade, afim de se 
tentar atingir o objetivo do presente trabalho monográfico. 
 
 
11 
 
1. LIBERDADE COMO CONDIÇÃO PRIMEIRA DA AÇÃO 
 
 
Será apresentado no primeiro capítulo a Liberdade como condição primeira 
da ação, dentro desta apresentação será esclarecido em três subtemas. O primeiro 
refere-se a liberdade como ato, essência e consciência; o segundo trata-se da 
liberdade enquanto vontade e, por fim, a própria liberdade. 
 
O filósofo francês Jean-Paul Sartre1, em sua obra “O Ser e o Nada”, trata 
da liberdade, especificamente na quarta parte, no primeiro capítulo, em que aborda: 
“A condição primordial da ação é a liberdade”. Na compreensão de Jean-Paul Sartre, 
os conceitos “Ter, Fazer e Ser são as categorias cardeais da realidade humana”2. 
Portanto, esses procedimentos, categorias, posturas, condutas classificam o indivíduo 
enquanto sujeito. A categoria do Fazer, praticamente conduz, de maneira instantânea, 
pronta e rápida, a conduta ou a ação do homem que, por sua vez, traz uma condição 
essencial, que é a liberdade. Sartre faz uma declaração que “Para-si é o ser que se 
define pela ação”3. 
 
A Ação, com relação aos conceitos de modificação e de possibilidade, dão 
uma mudança relacionada com o seu atuar, ou seja, intencional, o que, por sua vez, 
necessita de um olhar a um fim que faz referência a um motivo. Um exemplo muito 
simples de que a ação é causada por um princípio intencional é o do fumante e o do 
operário que Sartre menciona: 
 
1 Jean-Paul Sartre (1905-1980) foi filósofo e escritor francês. "O Ser e o Nada" foi o seu principal 
trabalho filosófico. Foi um dos maiores integrantes do pensamento existencialista na França, 
juntamente com Albert Camus e Simone de Beauvoir. Publicou livros importantes na França, romances, 
contos e ensaios como forma de disseminar seus preceitos existencialistas: "A Náusea", "A 
Imaginação", "O Muro", além da peça teatral "As Moscas", no qual usou da lenda grega para simbolizar 
o domínio alemão sobre a França na segunda guerra. Seu trabalho filosófico principal foi "O Ser e o 
Nada", publicado em 1946, onde tenta caracterizar as estruturas fundamentais da existência humana 
descrevendo o choque entre a consciência e o mundo objetivo, de forma a destacar a característica 
que definia o ser humano, sua liberdade. Jean-Paul Charles Aymard Sartre morreu em Paris, França, 
no dia 15 de abril de 1980. Seus restos mortais encontra-se no Cemitério de Montparnasse, onde 
também está sepultada sua companheira Simone de Beauvoir. (E-biografia. Jean-Paul Sartre. 
Disponível em http://www.e-biografias.net/jean_paul_sartre/. Acessado no dia 06 de novembro de 
2015). 
2 SARTRE, Jean-Paul. O Ser e o Nada – Ensaio de ontologia fenomenológica. Tradução de Paulo 
Perdigão. 22 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013. p. 535. 
3 SARTRE. O Ser e o Nada. p. 535. 
12 
 
O fumante desastrado que, por negligencia, fez explodir 
uma fábrica de pólvora não agiu. Ao contrário, o operário 
que, encarregado de dinamitar uma pedreira, obedeceu às 
ordens dada, agiu quando provocou a explosão prevista.4 
 
 
Tendo como ponto o que diz o filósofo francês, encontra-se duas 
realidades/ação: a primeira ação é causada por falta de atenção, ou espontâneo, 
havendo aí uma destruição de um bem comum, um ambiente de trabalho; o segundo 
apresenta uma ação planejada e que age conforme havia sido programado, estudado, 
para que não haja erros no ato de apresentar ou desenvolver aquela determinada 
ação. A partir daacomodação, adequação da conclusão, resultado referente à 
intenção, é satisfatório para que sejamos capazes de falar da ação. 
 
Necessariamente, a ação está relacionada com sua condição de 
conhecimento, chamado desideratum, ou seja, sentir a falta de perder, desejar, 
esperar, procurar. A intenção é suscitada pela captação, pela falta de um objetivo. 
Toda ação tem também como condição o “reconhecimento de uma falta objetiva, ou 
uma negatividade”.5 
 
Sartre fala de concepção que é a mesma ação, uma concepção que serve 
como um meio de organizar algo. Essa concepção não poderia ser simplesmente uma 
representação daquilo que poderia ser possível; causa aí algo essencial daquilo que 
pudesse ser possível e desejado, mas não realizado. “Significa que, desde a 
concepção do ato, a consciência pode se retirar do mundo pleno do qual é consciência 
e abandonar o terreno do ser para abordar francamente o não ser”. 6 
 
Existe algo exclusivo em seu ser, a consciência, que é posta de maneira 
exclusiva do ser ao ser e que jamais encontrará um motivo para descobrir o não ser. 
Na filosofia da existência ou da ação, pensada por Sartre, as palavras ser, fazer, 
escolher, ação, projeto, estão completamente relacionadas ao conceito chave que 
aqui trabalhamos: a liberdade. 
 
 
4 SARTRE. O Ser e o Nada. p. 536. 
5 SARTRE. O Ser e o Nada. p. 537. 
6 SARTRE. O Ser e o Nada. p. 537. 
13 
 
Na obra O Ser e o Nada, o homem é o seu fazer-se, é o que escolheu para 
si mesmo; é a soma dos seus atos, um projeto indefinido de liberdade. É então, no 
caminho da ação que o homem faz, escolhe e constrói o seu projeto. Com efeito, toda 
ação, por sua vez, tem um objetivo. O que é esse objetivo? Para que o objetivo da 
ação, seja compreendido, diz Sartre: 
 
[...] agir é modificar a figura do mundo, é dispor meios com 
vistas a um fim, é produzir um complexo instrumental e 
organizado de tal ordem que, por uma série de 
encadeamentos e conexões, a modificação efetuada em 
um dos elos acarrete modificações em toda a série, e para 
finalizar, produza um resultado previsto.7 
 
 
Fica claro que toda ação tem um fim previsto, um objetivo a ser alcançado. 
Um outro aspecto fundamental na visão sartreana, ao tratar do fim de uma ação, é 
reconhecer que ele se refere a um motivo: “Não poderia ser como de outro modo, já 
que toda ação deve ser intencional: com efeito, deve ter um fim, e o fim, por sua vez 
refere-se a um motivo. Tal é, com efeito a unidade de três temporais: o fim ou 
temporalização de meu futuro implica um motivo (ou móbil), ou seja, remete meu 
passado e o futuro presente é o surgimento do ato.”8 
 
Assim, o motivo (ou móbil) é o que torna a presentificação do ato, ou seja, 
uma vez remetido ao passado, o presente torna-se o surgimento do ato. Portanto, 
“para ser motivo, com efeito, o motivo deve ser experimentado como tal”.9 Quando a 
consciência experimenta um motivo, ela o reconhece implicitamente como um valor a 
atribuir-lhe a significação do motivo. Só existe um motivo quando a consciência aceita 
um motivo de intencionalidade do ato, isto é, quando algo é vivido como motivação da 
ação. 
 
 Segundo Luiz Damon: “A ação é sempre um ultrapassamento dado em 
direção a um fim. Ora, ocorre que esse fim é sempre um não ser, quer dizer, um não 
ainda. Não posso conferir a esse fim uma existência de dado, colocando-o à parte, 
isto é, não posso admitir que um fim é dado antes de efeito atingi-lo: nesse caso ele 
 
7 SARTRE. O Ser e o Nada. p. 536. 
8 SARTRE. O Ser e o Nada. p. 536. 
9 SARTRE. O Ser e o Nada. p. 540. 
14 
 
se separaria da ação concreta efetiva, ele se tornaria aqui o que o motivo se torna 
para o partidário da liberdade: isolado, separado”.10 
 
 
1.1 Liberdade como Ato, Essência e Consciência 
 
 
Com esta afirmação, que a condição primordial da ação é a liberdade e 
para o filósofo francês Sartre o homem, o indivíduo é condenado a ser livre, ou seja, 
sua que a ação é, por princípio, intencional e brota de uma liberdade. Então, de um 
pressuposto: a “condição fundamental do ato é a liberdade”11, a qual não tem essência 
e não está submetida à necessidade lógica; “nela, a existência precede e comanda a 
essência”.12 A liberdade faz-se ato e, através do qual se organiza com os motivos, os 
móbeis e os fins que esse ato encerra. 
 
O ato tem uma essência, e esta nos aparece como constituído. A liberdade 
é fundamento de todas as essências e nenhum indivíduo poderá descrever uma 
liberdade que fosse comum ao outro e a mim. Assim, não se considera uma essência 
da liberdade. Segundo o pensamento filosófico sartreano, a existência precede a 
essência. O que isso quer dizer? Primeiramente, significa que o homem não possui 
definição alguma, ele não é nada antes de se fazer algo. “A própria denominação de 
‘liberdade’ é perigosa, caso subentendamos que a palavra remete a um conceito como 
as palavras habitualmente fazem."13 A liberdade não é uma queda livre, ela é uma 
ação que requer que a pessoa aja dentro de uma situação que possua um certo nível 
de coerência. 
 
Segundo Moutinho: 
 
A consciência é necessariamente sempre consciência 
de... exatamente porque não é uma substancia em 
separado que, após algum tempo, entraria em relação com 
o objeto, recebendo passivamente as sensações. Na 
 
10 MOUTINHO, Luiz Damon Santos. Sartre: existencialismo e liberdade. São Paulo: Moderna, 1995. 
p. 71. 
11 SARTRE. O Ser e o Nada. p. 541. 
12 SARTRE. O Ser e o Nada. p. 541. 
13 SARTRE. O Ser e o Nada. p. 542. 
15 
 
verdade, o que conceito de intencionalidade implica de 
positivo é o fato simples de que toda consciência é sempre 
já, e diretamente, movimento para o objeto, o que exprime 
na formula: “Toda consciência é consciência de alguma 
coisa”.14 
 
Sartre descreve a consciência, e não faz referência a uma natureza 
comum, mas a uma consciência singular, como liberdade, ela está acima, além da 
essência. Para se obter esta consciência em sua existência, seria preciso de uma 
experiência particular o cogito. Tanto Husserl15 como Descartes16 pedem ao cogito 
uma verdade de essência, mas, o que se pode pedir ao cogito é nada mais que 
descubra uma necessidade de fato. É o cogito que determinará a liberdade como 
liberdade, como uma necessidade pura de fato, “como um existente que é contigente, 
mas que não posso não experimentar”17. 
 
[...] sou um existente que aprende sua liberdade através 
de seus atos; mas sou também um existente cuja 
existência individual e única se temporaliza como 
liberdade. [...] Como tal, sou necessariamente consciência 
(de) liberdade [...] assim, minha liberdade está 
perpetuamente em questão em meu ser.18 
 
 
14 MOUTINHO. Sartre: existencialismo e liberdade. p. 45 
15 Edmund Husserl, filósofo alemão fundador da Fenomenologia, um método para a descrição e análise 
da consciência através do qual a filosofia tenta alcançar uma condição estritamente científica. Nasceu 
a 8 de abril de 1859 em Prossnitz, Moravia, no então Império Austríaco, hoje Prostejov, na República 
Checa, e faleceu em 27 de abril a 1938 em Freiburg im Breisgau, na Alemanha. De origem judaica, 
completou os primeiros estudos em um ginásio público alemão, na cidade próxima, Olmütz (Olomouc), 
em 1876. Em seguida estudou física, matemática, astronomia e filosofia nas universidades de Leipzig, 
Berlim, e Vienna. Nesta última passou sua tese de doutorado em filosofia em 1882, com o tema Beiträge 
zur Theorie der Variationsrechnung ("Contribuição para a Teoria do cálculo de variáveis").No outono 
de 1883, Husserl seguiu para Vienna para estudar com o filósofo e psicólogo Franz Brentano. Em Viena 
Husserl converteu-se à fé evangélica luterana e, um ano depois, em 1887, casou com Malvine 
Steinschneider, a filha de um professor do ensino secundário de Prossnitz. Esposa energética e 
competente, ela foi um indispensável apoio para Husserl até a morte dele. (QUEIROZ, Rubens. 
Edmund Husserl. Cobra Pages. Disponível em: <http://www.cobra.pages.nom.br/fcp-husserl.html> 
Acesso em 16 de setembro de 2015.) 
16 René Descartes, filósofo e matemático, nasceu em La Haye, conhecida, desde 1802, por "La Haye-
Descartes", na Touraine, cerca de 300 quilômetros a sudoeste de Paris, em 31 de março de 1596, e 
veio a falecer em Estocolmo, Suécia, a 11 de fevereiro de 1650. Pertenceu a uma família de posses, 
dedicada ao comércio, ao direito e à medicina. O pai, Joachim Descartes, advogado e juiz, possuía 
terras e o título de escudeiro, primeiro grau de nobreza, e era Conselheiro no Parlamento de Rennes, 
na vizinha província da Bretanha, que constitui o extremo noroeste da França. (QUEIROZ, Rubens. 
Descartes. Cobra Pages. Disponível em: <http://www.cobra.pages.nom.br/fmp-descartes.html> 
Acesso em 16 de setembro de 2015.). 
17 SARTRE. O Ser e o Nada. p. 542. 
18 SARTRE. O Ser e o Nada. p. 543. 
16 
 
Sartre observou que a consciência é sempre de alguma coisa, ou seja, a 
consciência sem ser razão de algo, isto é, fenômeno. A consciência é apenas uma 
estrutura humana. A consciência do homem é fazer-se, o homem é um ser pensante, 
é alguma coisa. Isso significa dizer que a consciência não existe fora dessa relação 
com o objeto; logo, ela não tem ser próprio, mas, é nada de ser, e só existe como 
consciência de algo; dessa forma, não poderia existir uma consciência absoluta que 
subsistisse por si, já que uma consciência de nada seria um nada absoluto. 
 
A liberdade está ligada ao ser, mas não se trata de uma qualidade 
sobreposta ou uma propriedade de minha natureza. Assim como ser está ligado ao 
ser, deve-se, no mínimo, ter a compreensão de liberdade. Para Sartre, a liberdade é 
nada mais que a coisa última em vista da qual o homem existe. Partindo da afirmação 
de Moutinho a consciência “ela é espontânea, isto é, tem sua fonte em si mesma, é 
translúcida, ou seja, é consciência (de) si, é intencional e sem Eu. Quanto ao Eu, é 
um objeto que, por sua natureza, traz consigo a opacidade”.19 
 
 
1.2 Liberdade Enquanto Vontade 
 
 
Será esclarecida, agora, a semelhança ou a relação entre liberdade e o que 
se denomina vontade. Um dos grandes atos, que é bastante comum, é assemelhar os 
atos livres e os atos voluntários e que levam a restringir a explanação determinista do 
mundo das paixões. Analisando o ponto de vista de Descartes, a vontade nada mais 
é que livre, mas, dentro desta liberdade, existem as paixões da alma. O mesmo faria 
um esclarecimento dessas paixões e que deveria ainda instaurar um determinismo 
exclusivamente psicológico. 
 
Marcel Proust20 realizou algumas análises, como a realização do ciúme ou 
do esnobismo que, por sua vez, como ilustração a esta concepção de mecanismo 
 
19 MOUTINHO. Sartre: existencialismo e liberdade. p. 53 
20 Valentin Louis Georges Eugène Marcel Proust foi um importante escritor e poeta francês. Nasceu na 
cidade de Paris em 10 de julho de 1871 e faleceu na mesma cidade em 18 de novembro de 1922. A 
obra mais conhecida de Proust foi “Em busca do tempo perdido”, um conjunto de sete novelas, 
considerada uma das grandes obras da literatura do século XX. É considerado um dos grandes 
17 
 
passional. Diante disto, se faz indispensável projetar o homem como livre e 
determinado. Agora, o grande problema seria o das relações entre esta liberdade 
incondicionada e que é chamada de processos determinada da vida psíquica. Uma 
pergunta essencial neste momento seria, de qual modo a liberdade poderá dominar 
as paixões e chegar a utilizar em seu próprio benefício? 
 
A sabedoria que vem dos estoicos, ensinará a acordar com 
as próprias paixões para que se possa dominá-las; em 
suma, irá aconselhar o homem a se conduzir em a relação 
à afetividade como o faz a respeito â natureza em geral, 
quando a obedece a fim de melhor controla-la.21 
 
Para Sartre, a realidade humana nasce como um livre poder bloqueado, 
rompido por um conjunto, ou seja, uma porção de processos determinados e é claro 
que os atos são intensamente livres. Esses processos exercem uma vontade livre e 
que escapam por princípio à vontade humana. O estudo da vontade permitirá uma 
melhor compreensão de liberdade, a vontade é um ser autônoma e que é possível ser 
considerada como um fato psíquico dado, ou seja, Em-si. As paixões não poderiam 
ter qualquer domínio sobre a vontade. 
 
Para Sartre, a liberdade é: 
 
A liberdade nada é senão a existência de nossa vontade 
ou nossas paixões, na medida em que tal existência é 
nadificação da facticidade, ou seja, existência de um ser 
que é seu ser à maneira do ter-de-ser.22 
 
 Por fim, o filósofo francês mostra que o homem é ontologicamente livre, 
isto é, o homem é intrínseca e ontologicamente livre. A liberdade surge como uma 
necessidade: “o homem está condenado a ser livre”23 – afirma Sartre. Contudo, não 
se trata de uma liberdade abstrata, ou de absoluta transcendência; a liberdade 
desponta na origem de uma consciência que está inserida no mundo e comprometida 
com ele por uma relação indissolúvel, ou seja, que está “em situação”. E que esta 
 
escritores românticos do começo do século XX. (Sua Pesquisa. Marcel Proust. Disponível em: < 
http://www.suapesquisa.com/biografias/marcel_proust.htm>. Acessado no 3 de setembro de 2015.). 
21 SARTRE. O Ser e o Nada. p. 545. 
22 SARTRE. O Ser e o Nada. p. 549. 
23 SARTRE. O Existencialismo é um Humanismo. p. 9. 
18 
 
liberdade é o fundamento de todos os atos humanos com suas próprias essências, 
mas, que não contém essências próprias; o fundamento sem fundamento e este 
fundamento é nada mais que o início das ações humanas. Assim concluímos o que 
Sartre nos fala que o homem está condenado a viver a liberdade. 
 
1.3 Liberdade 
 
 
A liberdade tem ocupado um lugar importantíssimo na filosofia de Jean-
Paul Sartre e, porque não dizer, até nos dias atuais. Dentro de um sistema, dentro de 
um regime, dentro de uma sociedade que, livre pode-se perceber a importância de 
refletir acerca dela. Hoje, em nossa sociedade, é possível realizar aquilo que se 
deseja, que completa cada ser humano. 
 
Alguns realizam grandes e magníficas descobertas, como por exemplo, a 
genética, a qual chegou ao ponto de clonar vidas; e tudo isso graças à liberdade que 
temos. Com base no pensamento do filósofo francês Jean Paul Sartre, este trabalho 
refletirá sobre o homem livre e que vive em uma sociedade. O homem torna-se livre 
pela sua condição de ser livre: 
 
Com efeito, sou um existente que aprende sua liberdade 
através de seus atos; mas sou também um existente cuja 
existência individual e única se temporaliza como 
liberdade [...] assim, minha liberdade está perpetuamente 
em questão em meu ser; não se trata de uma qualidade 
sobreposta ou uma propriedade de minha natureza; é bem 
precisamente a textura de meu ser...24 
 
Sartre conceitua a liberdade como uma condição intransponível do homem, 
da qual ele não pode, definitivamente, esquivar-se, isto é, o ser-humano está 
condenado a ser livre e é a partir desta condenação (à liberdade) que o homem se 
forma. Não existe nada que obrigue o ser humano agir desse ou daquele modo. Sartre 
tem como ponto de partida a liberdade nas ações de escolher; o que fazeré sempre 
intencional, ou seja, é impulsionado por um desejo consciente dos princípios dessa 
escolha. Porém, para Sartre, não há princípios prontos que possam guiar a escolha 
humana. 
 
24 SARTRE. O Ser e o Nada. p. 542-543. 
19 
 
A respeito da escolha diz Battista Mondin: “Tudo que acontece no mundo 
remonta à liberdade e à responsabilidade da escolha originária; por isso nada do que 
acontece ao homem pode ser tachado de inumano”.25 
 
As pessoas têm total liberdade de escolhas, precisam escolher porque tem 
de viver a vida de alguma maneira. Somos livres para escolher nossos próprios 
destinos? A maioria das pessoas, no entanto, não se dá conta de que possui liberdade 
e por isso vive a má-fé. Passam a vida agindo como objetos ou robôs. A meta da vida 
é autenticidade, que significa escolher, razão porque a filosofia de Sartre é uma 
filosofia da ação. As pessoas são condenadas a serem livres, seres conscientes 
confrontam o mundo em termos de escolhas e decisões, e assim devem avaliar suas 
decisões a base desta liberdade. 
 
Segundo Paulo Tunhas: “a má-fé distingue-se de mentira pura e simples, 
pois que, contrariamente a esta, não supõe uma consciência da verdade ocultada: 
quando estou de má-fé, não me sinto em falta com a verdade. Nesse sentido, o 
homem de má-fé mente a si mesmo: esconde-se a si mesmo a dimensão passional 
negativa de seu comportamento, aquilo que o faz detestar o outro”.26 
 
A respeito das escolhas Strathern diz: 
 
Como diz Sartre: A consciência escolhe-se como desejo. 
Em outras palavras, a consciência efetivamente se cria 
através de suas escolhas. Toda filosofia de Sartre se 
articula a partir da liberdade de escolha do indivíduo. Ao 
escolher, ele escolhe a si mesmo.27 
 
Então pode-se entrar na questão da opção do indivíduo simples em ser um 
indivíduo existencial. A partir de então, pode-se afirmar que o indivíduo o produto de 
suas próprias escolhas; estas marcam a sua história existencial no decorrer de toda a 
nossa vida. O homem, então é, um ser de escolhas uma tarefa à qual deve assumir; 
uma vez efetuando as escolhas, apresenta-se uma sequência de possibilidades que 
 
25 MONDIN, Battista. Curso de Filosofia. Os Filósofos do Ocidente. Vol. 3. São Paulo. Paulinas. 1981-
1983. p. 202. 
26 TUNHAS, Paulo. As questões que se repetem. Uma breve história da filosofia. Portugal. Ed. Grupo 
Leya. 2012. p. 24. 
27 STRATHERN, Paul. Sartre em 90 minutos. Rio de Janeiro: Zahar, 1999. p. 50. 
20 
 
constituem a sua existência. O indivíduo é livre e responsável, capaz de escolher, 
capaz de perceber-se, de ser verdadeiro e de colocar-se frente sua origem fundante. 
 
Para Gaarder, existência é: 
 
 
Existência não significa estar vivo. As plantas e os animais 
também existem no sentido de que estão vivos, mas são 
poupados da indagação sobre o que isto significa. O ser 
humano é o único ser vivo consciente de sua existência. 
Sartre diz que as coisas físicas são ‘em si’; ao passo que 
o homem também é ‘para si’. Ser uma pessoa é, portanto, 
diferente de ser uma coisa.28 
 
A liberdade e a existência são uma realidade única. O indivíduo não é, 
senão, aquilo que escolheu; é o projeto que ele traçou, o qual só se realizará na 
medida em que suas escolhas forem sendo efetivadas. O homem sartreano passa a 
ser aquilo que ele escolheu ser. E a liberdade é o mesmo que consciência de ser-no-
mundo, ato de escolher a si como projeto, condição que se realiza de modo situado 
sem que seja determinado, senão pelo próprio sujeito. Sua existência será sempre 
pautada sobre suas escolhas. 
 
A questão da liberdade é ampla, pois a vida é feita de escolhas. Tratando 
de sujeitos autônomos e responsáveis pela existência, pode-se perceber e levar em 
conta a capacidade de refletir sobre as próprias ações. É aqui que se centraliza a 
importância da liberdade dos homens. Antes de tomar uma decisão, uma reflexão, 
ponderar as circunstâncias, perceber causas e influências internas e externas, tudo 
influencia numa tomada de decisão, tudo possibilita que o sujeito tome uma decisão 
livre, uma direção acertada. É muito simplória a definição que diz que liberdade é fazer 
o que quiser. Seria mais prudente defini-la como autonomia e independência de um 
sujeito no seu intenso vir a ser. 
 
 
 
 
 
 
 
28 GAARDER, Jostein. O Mundo de Sofia. Romance da História da Filosofia. São Paulo: Cia das Letras, 
1995. p. 488. 
21 
 
2. OS LIMITES DA LIBERDADE 
 
 
 
Foi descrito até aqui que a liberdade é vista como condição primeira da 
ação. Essa liberdade se apresenta como primordial e a ação é causada por um 
princípio intencional. Vimos o homem como soma dos seus atos, um projeto indefinido 
de liberdade, ou seja, o indivíduo é condenado a ser livre. 
 
Agora será refletida no segundo capítulo os limites da liberdade e que 
dentro desta descrição será desenvolvido quatro sub tópicos. O primeiro trata-se da 
liberdade enquanto fim; o segundo trata-se da liberdade em situação; o terceiro 
liberdade e obstáculo e, por fim, a facticidade29 da liberdade. 
 
Ao longo das realidades da vida, deparamo-nos com realidades ou 
objeções: como posso escolher ser alto, se, de fato, sou baixo? Posso ter dois braços, 
se sou maneta?30. São estas as objeções que remetem justamente aos limites da 
liberdade, ou seja, os limites da minha situação iriam trazer minha livre escolha de 
mim mesmo. Por isso, a importância de estudar liberdade e sua relação com a 
facticidade. 
 
Há algo que limita a liberdade. Para compreendermos, é necessário 
perceber que ser livre não significa, ser fundamento de si mesmo, ou seja, não é a 
liberdade que escolhe de seu ser-livre, não é a liberdade que se escolhe liberdade. 
Seria preciso supor determinadas possibilidades de ser livre e de não livre. 
 
 
 
 
 
29 A facticidade não deve confundir-se com a factividade. A facticidade é a propriedade que 
algo tem de ser um facto. Heidegger e Sartre deram uma importância especial a este conceito, 
aplicando-o aos seres humanos, que descobrem a sua facticidade (aparentemente com 
alguma surpresa, o que em si é surpreendente): que nasceram num dia e não noutro, que têm 
determinadas características biológicas, que estão mergulhados num dado tempo histórico, 
etc. (MURCHO, Desidério. Factivo, facticidade, factício e factitivo. Disponível em: 
http://criticanarede.com/factivo.html/> Acesso em 13 de outubro de 2015.) 
30 Aquele que é falto de um braço ou de uma das mãos; manita. 
22 
 
Segundo Moutinho: 
 
Seria preciso uma liberdade prévia que escolhesse ser 
livre, que por sua vez exigiria outra, e assim ao infinito. 
Disso se conclui que nós não escolhemos a liberdade, 
somos antes lançados nela, ou, como diz Sartre, nós 
“estamos condenados a ser livres”. Supor diferente seria 
supor que eu posso escolher minha existência, minha 
classe social; seria supor a liberdade como poder 
indeterminado que escolheria o ser no mundo da 
fantasia.31 
 
 
Não podemos modificar a nossa situação ao nosso bel-prazer, ou seja, 
vontade, prazer pessoal; escolha, capricho. Contudo, não podemos modificar-nos a 
nós mesmos. Portanto, entra o contexto que Sartre afirma: “não sou “livre” nem para 
escapar ao destino de minha classe, minha nação, minha família, nem sequer para 
construir meu poderio ou minha riqueza, nem para dominar meus apetites mais 
significantes ou meus hábitos”32. 
 
Sartre continua a nos falar que se pode nascer um operário francês, sifilítico 
hereditário ou tuberculoso, ou seja,é a história de vida um indivíduo qualquer que seja 
e que o mesmo está voltando ao fracasso ou não. Como Sartre enigmaticamente 
sugere, “o sadismo é o fracasso do desejo e o desejo é fracasso do sadismo”33. 
Segundo Jack Reynolds, 
 
O sadismo é a busca a encarnação obscena do outro, 
enquanto o desejo busca a encarnação do outro per se. O 
sadismo busca revelar a facticidade injustificável do outro; 
o vergonho e obsceno.34 
 
 
Sartre afirma: “o sadismo é negação de ser encarnado e fuga de toda 
facticidade, e, ao mesmo tempo, empenho para apoderar-se da facticidade do outro. 
Mas, já que não pode nem quer realizar a encarnação do outro por meio da própria 
encarnação, e já que, por isso mesmo, não tem outro recurso senão tratar o outro 
como objeto-utensílio”. 
 
31 MOUTINHO. Sartre: existencialismo e liberdade. p. 75. 
32 SARTRE. O Ser e o Nada. p. 593. 
33 SARTRE. O Ser e o Nada. p. 405. 
34 REYNOLDS, Jack. Existencialismo – Pensamento Moderno. Rio de Janeiro. Vozes. 2014. p.17. 
23 
 
O homem precisa obedecer a natureza para poder comandá-la, ou seja, 
inserir a ação nas malhas do determinismo. O homem, antes de fazer-se, deve ser-
feito, ou seja, tudo que está em sua volta: a raça, classe, língua, os hábitos, clima e a 
terra e, principalmente os grandes e os pequenos acontecimentos de sua vida. 
 
Este pensamento jamais perturbou os amantes da liberdade humana. No 
caso de Descartes via que a vontade é finita e que é preciso dominar mais a nós 
mesmos do que a sorte. Muitos são os fatos falados pelos deterministas e que não 
podem ser levados em consideração. A adversidade das coisas não pode constituir 
um argumento contra nossa liberdade. 
 
Sartre, dar um exemplo de um determinado rochedo, que demonstra uma 
profunda resistência se pretendermos tirá-lo, removê-lo, vendo em outro de maneira 
esta mesma preciosa rocha poderá ser um meio para escalar e contemplar uma linda 
paisagem. O rochedo torna-se “neutro, ou seja, espera ser iluminado por um fim de 
modo a se manifestar como adversário ou auxiliar”35. 
 
Assim, ainda que as coisas em bruto (que Heidegger 
denomina “existentes em bruto”) possam desde a origem 
limitar nossa liberdade de ação, é nossa liberdade que 
deve constituir previamente a moldura, a técnica e os fins 
em relação aos quais as coisas irão manifestar-se como 
limites.36 
 
 
Se o rochedo é aquele que se revela como muito difícil de escalar, 
acontecerá o ato de desistência da escalada. Cabe observar que só deste modo por 
ter sido captado como escalável, ou seja, é a nossa liberdade que constitui os limites 
que irá encontrar depois. 
 
 
 
 
 
 
 
35 SARTRE. O Ser e o Nada. p. 593-594. 
36 SARTRE. O Ser e o Nada. p. 594. 
24 
 
2.1 Liberdade enquanto fim 
 
 
Sartre menciona que “o ser dito livre é aquele que pode realizar seus 
projetos”37. Portanto, para que o ato possa conduzir uma realização, é necessário que 
a projeção de um fim possível possa distinguir a priori da realização deste fim. 
Segundo Luiz Moutinho, o fim é: 
 
De um lado, se é o fim livremente escolhido que colore o 
motivo, então é a liberdade que faz a situação (o desejo de 
escalar a rocha é que a faz parecer “escalável” ou não). 
Nesse caso, não posso falar em limite para a liberdade, já 
que a posição de fins é livre.38 
 
Contudo, sendo abolida a relação entre o desejo, a representação que pode 
escolher e a escolha, a liberdade desapareceria com ela. Só podemos ser livres 
quando o termo último faz referência a nós mesmos, ou seja, o que somos constitui 
um fim, não um ser real, como talvez uma suposição que viria a satisfazer o desejo, 
mas sim um objeto que ainda não exista. 
 
O fim só poderá ser transcendente caso ele esteja separado de nós ao 
mesmo tempo que nos é acessível. “Somente um conjunto de existentes reais pode 
separar deste fim”39. Portanto, este fim só poderá ser atribuído enquanto estados dos 
existentes reais que dele separam. Com efeito, Sartre afirma que o fim é: 
 
O fim nada mais é do que o esboço de uma ordem dos 
existentes, ou seja, o esboço de uma série de disposições 
a serem tomadas pelos existentes sobre o relacionamento 
de suas relações atuais.40 
 
 
Com a negação interna, os existentes com suas relações mútuas por meio 
do fim que o posiciona e que projeta este fim pelas determinações que capta ao existi-
lo. Contudo, a ordem dos existentes torna-se indispensável à liberdade e é por meio 
 
37 SARTRE. O Ser e o Nada. p. 594. 
38 MOUTINHO. Sartre: existencialismo e liberdade. p. 75. 
39 SARTRE. O Ser e o Nada. p. 595. 
40 SARTRE. O Ser e o Nada. p. 595. 
25 
 
deles que a liberdade tende a separar-se e é reunida ao fim que lhe persegue e que 
anuncia o que ela é. 
 
Contudo, deve-se haver o Para-si livre a partir de um comprometimento 
com o mundo resistente. Saindo fora deste comprometimento, as concepções de 
liberdade, determinismo e necessidade poderão perder seu sentido. A questão ser 
livre não significa obter o que quis, mas sim determinar-se a querer. 
 
O conceito popular de liberdade empírico equivale à faculdade de obter os 
fins escolhidos. Segundo o dicionário Houaiss da Língua portuguesa, liberdade é 
“tornar-se independente ou conquistar a própria dependência”41; Sartre afirma que 
liberdade significa somente “autonomia de escolha”42. Faz-se necessário perceber 
que a escolha, sendo igual ao fazer, requer um começo de uma realização, separando 
o sonho do desejo. 
 
O filósofo francês nos dá um exemplo de liberdade. Eis que não se pode 
afirmar que um determinado indivíduo enquanto prisioneiro é sempre livre para sair 
da prisão, ele é livre para desejar sua libertação. Claro que consciente pode sim tentar 
escapar, buscando fazer-se libertar. A liberdade não distingue o escolher do fazer, 
mas, é obrigada a renunciar de vez a distinção entre intenção e ato. 
 
 
2.2 Liberdade em Situação 
 
 
Se para Sartre a liberdade é absoluta, porque a escolha é constante, como 
podemos compreender certas situações da vida humana que parecem independentes 
das nossas escolhas? Como é possível refutar o argumento do senso comum que nos 
mostra nossa impotência diante de uma série de situações, que nos apresentam um 
homem fracassado ou limitado por inúmeras circunstâncias que ele não escolheu? 
 
 
41 HOUAISS, Antonio e VILLAR, Mauro de Salles. Houaiss – Dicionário da Língua Portuguesa. Rio 
de Janeiro: 2009. p. 1176. 
42 SARTRE. O Ser e o Nada. p. 595. 
26 
 
Não se pode separar a intenção do ato, da mesma forma que não se pode 
separar o pensamento da linguagem que o exprime, ou seja, ocorre de nossas 
palavras exibir nossos pensamentos, conforme os atos revelam as intenções. Sartre 
afirma que “compreendemos seu ato pela situação, a situação por seu ato e, ambos, 
a um só tempo, acabam por nos fornecer uma compreensão acerca do que ele quer 
e do que sente”.43 A distinção entre liberdade de escolha e liberdade de obter foi 
compreendida por Descartes após o estoicismo. 
 
Sartre deixa claro que a liberdade de escolha não significa a liberdade de 
obtenção, ou seja, é uma liberdade que pela qual pode obter tudo o que o se desejar. 
Sartre deseja assinalar nesta liberdade de escolha o fato de que há sempre uma 
possibilidade de escolher, ou seja, há sempre, para o homem, um momento da 
escolha. A escolha é importante e necessária na vida. 
 
Segundo Neide Coelho, 
 
“a escolha é necessária, o que não é possível escolher, pois 
mesmo a opção por umanão escolha já seria, ainda uma 
escolha. [...] Além disso a liberdade de escolha não é uma 
abstração, ao contrário, ela está totalmente atrelada à 
facticidade e a contingência do para-si em situação, é uma 
liberdade em situação”44. 
 
 
A liberdade encontra ou parece encontrar limites em virtude do dado 
transcendido ou nadificado por ela. A liberdade não é dirimida pelo dado, mas, por 
sua vez, indica algo como um condicionamento ontológico de liberdade. 
 
O dado não aparece ao Para-si simplesmente como ser bruto e Em-si, pois 
ele se descobre sempre como motivo, e só se revela iluminado pelo fim que a 
liberdade escolheu. Sartre chama de situação ao produto comum da contingência do 
Em-si e da liberdade, fenômeno que apresenta uma ambigüidade na sua constituição, 
no sentido de que torna impossível ao Para-si identificar a contribuição da liberdade e 
a do existente bruto em cada caso particular. 
 
43 SARTRE, Jean-Paul. Sartre no Brasil. A conferência de Araraquara. São Paulo/SP. 1986, p. 79. 
44 BOËCHAT, Neide Coelho. História e escassez em Jean-Paul Sartre. São Paulo. PUC-SP. 2011. 
p. 86. 
27 
 
No pensamento da filósofa Marilena Chauí, as tensões, resultantes da 
relação imprescindível que se estabelece entre liberdade e situação, levam o homem 
a assumir e conviver, ao mesmo tempo, com sua passividade e sua atividade. Ela 
afirma que, 
 
O homem, engaste tenso do interior e do exterior, 
consciência e corpo, liberdade situada ou facticidade, é 
uma síntese passiva - o que dele é feito pela situação - e 
uma síntese ativa - o que ele faz com o que foi feito dele. 
Ele é a possibilidade igualmente possível da alienação e 
da verdade, porque é liberdade absoluta.45 
 
É importante, no pensamento do filósofo Jean-Paul Sartre, perceber que a 
liberdade do Para-si só se revela em situação, ou seja, na relação de sua liberdade 
com a condição humana, que está na dependência ou submissão de fatores, tais como 
o passado do Para-si e as potencialidades das coisas que o cercam. 
 
Contudo, estes fatores não chegam a constituir uma presença limitativa real 
à liberdade do Para-si. É o que podemos observar na análise que Sartre faz acerca 
dos significados das diversas maneiras de apresentação do dado - o lugar, o passado, 
os entours, a morte - e o papel que desempenham na configuração da situação. 
 
 
2.3. Liberdade e obstáculo 
 
 
A partir desta liberdade de escolher e liberdade de obter, tenta-se 
responder como os filósofos contemporâneos veem a liberdade e entra uma pergunta 
chave a estes filósofos: sem obstáculos não há liberdade? Não se pode admitir que a 
liberdade cria por si só os obstáculos. 
 
Katherine J. Morris diz que, 
 
Sartre começa retomando à noção de coeficiente de 
adversidade: o fato de que as coisas no interior de nossos 
esforços. Contudo, isso não pode ser um argumento 
 
45 CHAUÍ, Marilena de Souza. Sartre ou da Liberdade. Textos SEAF. nº 1. Janeiro/Abril 1980. p 67. 
28 
 
contra a nossa liberdade, porque as noções de resistência 
e obstáculo fazem sentido somente no interior de um 
complexo instrumental que já está estabelecido a um 
projeto livre.46 
 
Pode-se perceber que o Para-si é livre, mas não significa que seja o seu 
próprio fundamento. Ora, se ser livre pode significar ser o fundamento, seria, portanto, 
necessário que a liberdade decidisse sobre a existência de seus ser. Em um primeiro 
momento, se faz necessário que a liberdade decida acerca de seu ser-livre, isto é, que 
não seja só uma escolha de um fim, mas a escolha de si como liberdade. Sartre, de 
fato, afirma que “somos uma liberdade que escolhe, mas não escolhemos ser livres: 
estamos condenados a liberdade, [...] arremessados na liberdade”47. 
 
Se, de fato, definimos a liberdade como escapar ao dado, ao fato, há, 
portanto, um fato do escapar ao fato. Se a liberdade pudesse decidir sobre sua 
existência de seu ser, seria, necessário não somente que fosse possível o ser como 
não livre. A liberdade jamais poderá decidir algo acerca de sua existência, a partir do 
fim que o posiciona. 
 
Sartre afirma que, 
 
A liberdade é falta de ser em relação a um ser dado, e não 
o surgimento de um ser pleno. [...] a concepção empírica 
e prática de liberdade é inteiramente negativa, parte da 
consideração de uma situação e constata que esta 
situação me deixa livre para perseguir tal ou qual fim.48 
 
 
O homem só encontrará obstáculo no campo de sua liberdade. Aquilo que 
é obstáculo para mim, possivelmente, não será para o outro. Sartre conclui, portanto, 
que não há obstáculo absoluto, mas, poderá revelar seu coeficiente através de 
“técnicas inventadas livremente, livremente adquiridas, também o revela em função 
do valor do fim posicionado pela liberdade”.49 
 
 
46 MORRIS, Katherine J. Sartre. São Paulo. ARTMED S.A. 2009. p. 190. 
47 SARTRE. O Ser e o Nada. p. 597. 
48 SARTRE. O Ser e o Nada. p. 598. 
49 SARTRE. O Ser e o Nada. p. 601. 
29 
 
Sartre nos afirma que um determinado rochedo não será um obstáculo se 
não o almejo; se não o vemos como obstáculo, teremos a possibilidade de chegarmos 
ao alto da montanha. Sartre admite a existência de limites, mas não permite que eles 
sejam obstáculos efetivos à liberdade. 
 
A liberdade, por sua vez, é um escapar a uma responsabilidade no ser, ou 
seja, é a nadificação de um ser que ela é. Contudo, a liberdade não é este ser no 
sentido de ser Em-si, mas faz com que haja este ser que é seu e está atrás de si. A 
liberdade não é livre para não ser livre e não é livre para existir. O fato de não poder 
ser livre é a facticidade da liberdade. 
 
 
2.4 Facticidade da Liberdade 
 
 
 
Sem a facticidade, a liberdade não existiria, como poder de negação e 
escolha; no entanto, sem a liberdade, a facticidade não seria descoberta e sequer 
teria qualquer sentido. Não é possível negar a facticidade e nem a liberdade. A 
liberdade só é liberdade em relação a uma facticidade50. 
 
A facticidade é apenas uma indicação que dou a mim 
mesmo do ser que devo alcançar para ser o que sou. 
Impossível captá-la em sua bruta nudez, pois tudo 
que acharemos dela já se acha resumido e 
livremente construído.51 
 
Contingência e Facticidade sempre estão juntas, ou seja, ambas se 
identificam. Sabe-se que há um ser e cuja liberdade tem-de-ser em forma do não ser. 
“Existir como fato da liberdade ou ter-de-ser um ser no meio do mundo é a mesma 
coisa, o que significa que a liberdade é originalmente relação com o dado”.52 
 
 
50 No existencialismo sartriano, conjunto de circunstâncias factuais cuja absoluta contingência dissolve 
as verdades e as fundamentações ordinárias para a existência humana, o que termina por conduzi-la 
à liberdade. 
51 SARTRE. O Ser e o Nada. p. 132. 
52 SARTRE. O Ser e o Nada. p. 599. 
30 
 
Deve-se compreender que o dado não é a causa da liberdade, nem razão 
da liberdade e, tão pouco, condição necessária para a liberdade. O dado não entra de 
nenhuma maneira na constituição da liberdade, ou seja, não se interioriza como 
negação interna do dado. 
 
É a plenitude de ser que a liberdade colore de insuficiência 
e negatividade iluminando-a à luz de um fim que não 
existe; é a liberdade mesmo na medida em que esta existe 
– e que não importa o que faça, não pode escapar à sua 
própria existência.53 
 
Contudo, a denominação da liberdade é o dado que ela tem-de-ser e que 
ilumina seu projeto. Assim, este dado se manifesta de maneira diversificada, ou seja, 
“é meu lugar,meu passado, meu corpo, meus arredores, na medida em que 
determinamos pelas indicações dos Outros, e, por fim, minha relação fundamental 
com o outro”.54 
 
O Meu lugar é definido pela “ordem espacial e a natureza singular dos 
“istos” que a mim se revelam sobre o fundo de mundo”55, ou seja, é o lugar que vivo 
com suas diversas características: o país, com seu solo, seu clima, juntamente com 
suas riquezas, sua configuração hidrográfica e orográfica. 
 
Por fim, junto a facticidade, compõe a situação existencial a alteridade, ou 
seja, trata-se do problema da intersubjetividade, da relação com o outro. Em Sartre, 
ao contrário do tratamento tradicionalmente dado da intersubjetividade, em que se 
tem, primeiramente, uma intuição de si e, depois, a representação do outro. O Para-
si e o chamado Para-outro são parte da mesma forma estrutura existencial. O olhar 
do outro fornece a objetividade da minha existência. 
 
 
 
 
 
 
 
53 SARTRE. O Ser e o Nada. p. 599. 
54 SARTRE. O Ser e o Nada. p. 602. 
55 SARTRE. O Ser e o Nada. p. 602. 
31 
 
3. LIBERDADE E RESPONSABILIDADE 
 
 
 
Após uma sucinta explanação do conceito de liberdade na visão Sartreana 
e por conseguinte seus limites, agora, adentramos na sua responsabilidade. Até aqui 
foi visto que o homem é condenado a ser livre, mas que, por sua vez, carrega em seus 
ombros o mundo; portanto, o homem é responsável pelo mundo e por si mesmo. 
 
Segundo Mariano Moreno Villa 
 
A problemática da responsabilidade está intimamente 
unida ao tema da liberdade no campo ético. Somente se 
há → liberdade pessoal, pode haver responsabilidade 
pessoal. Caso contrário, a responsabilidade ficaria 
afogada por forças anônimas e impessoais, de qualquer 
tipo, que governam a vida dos indivíduos.56 
 
 
Consciente do conceito de responsabilidade, Sartre acredita que não há 
valores objetivamente fundados, cada um deve cuidar, criar ou inventar os valores e 
as normas que guiem seu comportamento. A responsabilidade não tem um sentido 
jurídico de “responder por” ao ser chamado a explicar-se. 
 
Sartre, um dos grandes filósofos que viveram nesta terra, em suas 
reflexões e estudo, chegou a uma conclusão estranha que o homem nada é, mas se 
torna um ser ao construir sua própria liberdade. O que Sartre afirma que o ser humano 
não é somente livre, ou seja, possui a responsabilidade de construir sua própria 
liberdade. 
 
Se você sente que não possui liberdade para ser quem 
você desejaria ser, é sua responsabilidade construir essa 
liberdade. E, ao fazer isso, sua vida passa a adquirir um 
novo sentido: o sentido de responsabilidade sobre a 
liberdade de se construir a si próprio.57 
 
 
56 VILLA, Mariano Moreno. Dicionário de Pensamento Contemporâneo. São Paulo. Paulus, 2000. p. 
656. 
57 PÉTRY, Jacob e BÜNDCHEN, Valdir R. Singular – O poder de ser diferente. São Paulo. Ed. Grupo 
LeYa. 2013. p. 22. 
32 
 
A fenomenologia de Sartre fundamentalmente implica a completa 
responsabilidade do sujeito humano por sua própria existência e revela a dimensão 
ética total de sua filosofia. Contudo, condenados a ser livres, seres conscientes 
confrontam o mundo em termos de escolhas e decisões e, assim, devem avaliar suas 
ações à luz a liberdade. 
 
Sartre, vincula a liberdade à irresponsabilidade. Mas o que significa 
realmente a responsabilidade para ele? 
 
Mas se verdadeiramente a existência precede a essência, 
o homem é responsável por aquilo que é. Assim, o primeiro 
esforço do existencialismo é o de pôr todo o homem no 
domínio do que ele é e de lhe atribuir a total 
responsabilidade da sua existência.58 
 
 
Nesse sentido, Sartre afirma que o homem não é apenas restritamente 
responsável pela sua individualidade, mas que é responsável por todos os homens. A 
responsabilidade enquanto, Para-si, torna-se opressiva, já que, por sua vez, o Para-
si é aquele que faz com que haja um mundo e é aquele que se faz ser qualquer 
situação que encontre. 
 
A escolha revela a responsabilidade. Diante de uma questão, o homem 
deve optar por uma alternativa e por um critério pelo qual essa alternativa foi 
escolhida. A angústia significa optar entre alternativas que não possuem critérios 
externos à escolha. É necessário escolher porque tenho de ser livre. Assim, toda vez 
que há uma ação, o homem se torna responsável por tudo o que escolhe, porque não 
há outra escolha a não ser exercer a liberdade. 
 
A responsabilidade, portanto, não é uma ideia simplesmente adicional à de 
liberdade, ela é deduzida das descrições anteriores a respeito de ser livre e da 
consciência. Sartre afirma que a consequência essencial é de que um indivíduo: 
“estando condenado a ser livre, carrega nos ombros o peso do mundo inteiro: é 
responsável pelo mundo e por si mesmo enquanto maneira de ser”.59 
 
58 SARTRE, Jean-Paul. O Existencialismo é um Humanismo. 4º Edição. São Paulo. Vozes. p. 20. 
59 SARTRE. O Ser e o Nada. p. 678. 
33 
 
3.1 Responsabilidade enquanto Situação 
 
A responsabilidade absoluta não é resignação. É uma simples 
reivindicação lógica das consequências de nossa liberdade. Compreende-se que o 
que acontece comigo, acontece por mim e que jamais deve deixar-se afetar por isso, 
não se deve ser um revoltado e muito menos se resignar. 
 
A responsabilidade absoluta é compreendida como sequência da 
liberdade. Haja visto que tudo que acontece a um determinado indivíduo é 
responsabilidade dele, ou seja, o que acontece é dele e não do outro. Deve-se 
compreender que, em primeiro lugar, o homem está sempre a altura do que acontece 
a si mesmo. Agora o que acontece a um homem por outros homens e por ele mesmo 
não poderia ser, senão, humano. 
 
Sartre afirma que as mais diversas situações de guerra, as piores torturas, 
não criam um estado inumano: 
 
Não há situação inumana; é somente pelo medo, pela fuga 
e pelo recurso a condutas mágicas que irei determinar o 
inumano, mas esta decisão é humana e tenho que assumir 
total responsabilidade por ela.60 
 
 
Contudo, a situação torna-se a imagem de minha responsabilidade, ou 
seja, de minha livre escolha de mim mesmo. Por sua vez, tudo que é apresentado ao 
indivíduo torna-se seu e é neste sentido que ele representa e simboliza o indivíduo. 
Jamais será o indivíduo que irá determinar o coeficiente da adversidade das coisas e 
até mesmo a sua imprevisibilidade. 
 
Sartre, por sua vez, diz que não há acidentes na vida do indivíduo. Assim, 
uma determinada ocorrência comum que, por sua vez, não provém de fora, ou seja, 
“se sou imobilizado em uma guerra, está guerra é minha guerra, é feita à minha 
imagem e eu a mereço”.61 
 
60 SARTRE. O Ser e o Nada. p. 678. 
61 SARTRE. O Ser e o Nada. p. 678. 
34 
 
Por sua vez, o indivíduo a merece, pelo simples fato, que ele deveria 
sempre livrar-se dela pelo suicídio, pela deserção e que estes devem estar sempre 
presentes na vida do indivíduo, quando se trata de enfrentar uma determinada 
situação. Se o indivíduo decide pela deserção, está automaticamente reconhecendo 
o valor da não violência como superior. 
 
 
3.2 Responsabilidade e Angústia 
 
 
O ser humano, fundamentando-se na sua liberdade, vê-se a todo instante 
compelido a se inventar, posto que são suas escolhas que constroem a sua essência. 
Diante desta condição, cabe somente a ele estabelecer, através de suas ações 
concretas, os critérios que servirão de norte para as suas decisões. 
 
O valor só pode revelar-se a uma liberdadeativa que faz 
existir como valor por simplesmente reconhece-lo como 
tal. Daí que minha liberdade é o único fundamento dos 
valores e nada, absolutamente nada, justifica minha 
adoção dessa ou daquela escala de valores. Enquanto o 
ser pelo qual os valores existem, são injustificáveis. E 
minha liberdade se angustia por ser fundamento sem 
fundamentos de valores.62 
 
Frente a esta falta de fundamentos prontos, o homem angustia-se diante 
da responsabilidade de escolher, visto que a escolha é, ao mesmo tempo, afirmação 
do valor daquilo que se escolhe, trazendo consigo, assim, o peso da responsabilidade. 
Desse modo, ao escolher algo e, consequentemente, afirmar o seu valor, estamos ao 
mesmo tempo comunicando a todos o caráter benéfico daquela escolha, já que não 
há ninguém que possa escolher o mal para si. Desse ponto de vista, nos tornamos 
responsáveis não só por nós, mas por toda a humanidade. 
 
Cada indivíduo age, crente no poder de sua própria inciativa. Essa crença 
na liberdade pessoal e no poder implica, evidentemente, o poder de agir livremente. 
 
62 FARO, Isaias e FARO, Ciro. Educação Socioambiental e Sustentabilidade. São Paulo. Ed. 
Biblioteca 24hs. 2013. p. 186. 
35 
 
Uma vez que o homem tem poder de iniciativa, podendo planejar metas e adotar 
meios para atingir esta, de preferência aquela, é ele um agente livre e responsável. 
 
A angústia, portando, é a experiência vivida em face da descoberta da 
liberdade. A partir desta experiência reflexiva e, diga-se de passagem, produto de má 
reflexão. Mas para que ela aconteça, será necessário que minha reflexão me separe 
de nossas decisões e do meu passado, ou seja, me isolando do presente. 
 
Segundo Luiz Damon Santos Moutinho, angustia é: 
 
É a revelação da nossa própria liberdade, limitada apenas 
em si mesma, fonte absoluta de todo sentido. Entretanto, 
se a angustia decorre da descoberta individual da 
liberdade plena, ela só pode ser como salienta.63 
 
 
A liberdade, portanto, só é descoberta reflexivamente, quando o indivíduo 
engajado no mundo, em vez de realizar seus possíveis, ou seja, “se quiser, meus fins 
o meu futuro, eu os apreendo como meus”.64 Sartre nos apresenta que a campainha 
de um determinado despertado que toca todas as manhãs, remete à possibilidade de 
ir trabalhar, ou seja a minha responsabilidade. 
 
Ora, normalmente, não se deve colocar a minha responsabilidade em 
questão, ou seja, na totalidade dos atos cotidianos, eu me engajo sempre realizando 
meus possíveis. Assim, o indivíduo se levanta, ou seja, apreende o som daquela 
determina campainha, onde levantar será como um ato tranquilizador, ou seja, na 
medida em que evita que eu coloque a recusa a questão da recusa do determinado 
trabalho e do mundo. 
 
Sartre ainda dá um outro exemplo do escritor: 
 
Questões que ele pode colocar, tais como, “é oportuno 
escrever o livro neste momento? ” São tranquilizadoras na 
medida em que elas continuam a remeter a ações 
possíveis: “Este livro foi suficientemente meditado? ” São 
 
63 MOUTINHO. Sartre: existencialismo e liberdade. p. 76. 
64 MOUTINHO. Sartre: existencialismo e liberdade. p. 76. 
36 
 
questões que estão sempre se referindo a exigências do 
mundo, que estão engajadas nessas exigências.65 
 
 
Diante disso, a angústia só aparecerá se determinadas cadeias de 
remissões forem rompidas, ou seja, se o referente aparecer em sua relação com o 
indivíduo, assim, neste caso, completa-se o determinado empreendimento de 
escrever. Contudo, não basta só contemplar, mas, é necessário que apreenda a 
decisão de escrever separada do indivíduo. 
 
 
3.3 Responsabilidade e Facticidade 
 
 
Sabe-se que toda responsabilidade é muito particular. Pode-se afirmar, 
portanto, que um determinado indivíduo não pedido para nascer, ou seja, é como se 
fosse uma maneira ingênua de enfatizar nossa facticidade. Ora, somos responsáveis 
por tudo, exceto por minha responsabilidade; contudo, não sou o fundamento do meu 
ser. Assim, tudo se passa como se eu estivesse coagido a ser responsável. 
 
Sartre diz que somos abandonados no mundo não no sentido de 
desamparado, e complementa com um exemplo da tábua que flutua sobre a água, no 
sentido de que nos deparamos sozinhos e sem ajuda e, sobretudo, comprometido em 
um determinado mundo pelo qual somos totalmente responsáveis. 
 
Contudo Sartre nos diz que: 
 
Sou responsável até mesmo pelo meu próprio desejo de 
livrar-me das responsabilidades; fazer-me passivo no 
mundo, recusar a agir sobre as coisas e sobre os outros, 
é também escolher-me, e o suicídio constitui um modo 
entre outros de ser-no-mundo.66 
 
Diante disto, encontra-se uma responsabilidade absoluta, a partir do fato 
de que minha facticidade, ou seja, o fato de meu nascimento, é inapreensível 
 
65 MOUTINHO. Sartre: existencialismo e liberdade. p. 76. 
66 SARTRE. O Ser e o Nada. p. 680. 
37 
 
diretamente e até mesmo inconcebível. Contudo, o meu nascimento jamais deverá 
me aparecer em bruto. O problema do nascimento está, em ter vergonha de ter 
nascido, ou me assombro e, com isso tento livrar-me da vida. 
 
A escolha, portanto, encontra-se impregnada diretamente com a 
facticidade, já que, por sua vez, não posso escolher. Contudo, a facticidade, só irá 
aparecer na medida em que um determinado indivíduo a transcendê-la rumo aos seus 
fins. Sartre nos apresenta que a facticidade está por toda parte. Aqueles que não 
apreendem as coisas, jamais encontrará outra coisa, senão a responsabilidade. 
 
A escolha se liga à facticidade, pois nela o homem age de modo a 
transcendê-la. Somos responsáveis por nós e pelo que decidimos fazer a partir das 
condições objetivas. Tomamos nossa existência desde o nosso nascimento. Ter 
responsabilidade, em certo sentido, por nosso nascimento, pode soar estranho e, por 
isso, cabe esclarecer que certamente nosso nascimento bruto nos escapa, isto é, não 
apreendemos tal fenômeno e, por isso, ele nos é inapreensível. 
 
O indivíduo não poderá indagar os porquês como, por exemplo, o fato: por 
que nasci?, reclamar da data do seu nascimento, ou até mesmo, como diz Sartre, 
reclamar do fato de não ter pedido para ter vindo ao mundo. Sartre acredita que estas 
diversas atitudes em relação a sua vinda a este mundo, ou seja, o seu nascimento. 
 
Sartre afirma que: 
 
Com relação ao fato de que realizo uma presença no 
mundo, nada mais são, precisamente, do que maneiras de 
assumir com plena responsabilidade este nascimento e 
fazê-lo meu.67 
 
De fato, o indivíduo só se encontra consigo e com seus projetos, em última 
instância, ou seja, sua facticidade consiste no fato de que deva estar condenado a ser 
responsável consigo mesmo. Diante disso, Sartre afirma que “ sou o ser que é como 
 
67 SARTRE. O Ser e o Nada. p. 681. 
38 
 
cujo ser está em questão em seu ser. E este “e” de meu ser e como sendo presente 
e inapreensível”.68 
 
As condições na qual todos os acontecimentos do mundo só poderão 
revela-se ao indivíduo como uma ocasião e que está ocasião poderá ser “aproveitada, 
perdida, negligenciada etc.”69, e pode-se ainda afirmar, que tudo que acontece 
conosco uma vez, poderá ser considerado uma oportunidade. 
 
Contudo, a oportunidade só poderá aparecer ao indivíduo como um meio 
para realizar um determinado ser que esteja em questão com seu ser e, assim, uma 
vez que os outros, enquanto transcendências-transcendidas, deve-se ser mais do que 
as ocasiões e oportunidades. E como se estende a responsabilidade?A 
responsabilidade, por sua vez, “se estende ao mundo inteiro como mundo-povoado”70. 
 
Sartre afirma que 
 
Para-si se apreende na angústia, ou seja, como um ser 
que não é fundamento de meu ser, nem do ser do outro, 
nem dos Em-sis que formam o mundo, mas que é coagido 
a determinar o sentido do ser, nele e por toda parte fora 
dele.71 
 
Por fim, o indivíduo que vive e se realiza na angústia tem a possibilidade 
de ser atirado em uma responsabilidade que, por sua vez, reverterá em um abandono. 
Portanto, “já não é mais do que uma liberdade que se revela perfeitamente a si mesmo 
e cujo revela perfeitamente a si mesmo e cujo ser reside nesta própria revelação”72. 
 
 
 
 
 
 
 
68 SARTRE. O Ser e o Nada. p. 681. 
69 SARTRE. O Ser e o Nada. p. 681. 
70 SARTRE. O Ser e o Nada. p. 681. 
71 SARTRE. O Ser e o Nada. p. 681. 
72 SARTRE. O Ser e o Nada. p. 681 
39 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 
Hoje a sociedade, que se adota como ideal e ambiente para desenvolver a 
existência e que os dota de uma determinada liberdade e que permite ir até os limites 
que porventura não sejam os outros a não ser o do espaço e do tempo e a liberdade 
do outro. Sartre nos apresenta um homem, um indivíduo totalmente livre, ou seja, 
condenado a liberdade, e que por sua vez nesta liberdade o homem enquanto ser se 
forma e se realiza. 
 
Mas será que de fato homem é livre, principalmente na sociedade em que 
vivemos? Ora, acredito e como o próprio Sartre diz que a liberdade requer 
responsabilidade. Assim, não somos totalmente livres. Ora, vivemos em uma 
sociedade que por sua vez nos impõe determinadas regras; acredito que por motivos 
de segurança e/ou pelo bom senso. 
 
Será que somos livres para escolher? Sim, Sartre em sua filosofia nos 
afirma que as pessoas têm a liberdade de escolhas, e que porventura, escolhem por 
que precisam viver de alguma maneira. Já dizia Paulo Coelho que “A liberdade 
absoluta não existe: o que existe, é a liberdade de escolher qualquer coisa, e a partir 
daí tornar-se comprometido com sua decisão."73 Ao meu ver as pessoas são 
totalmente livres para fazer o que bem entender; livres para fazer e realizar suas 
escolhas, por existem os amigos para aconselhar. 
 
Como anda a nossa liberdade? Há limites nesta liberdade? Liberdade, é, 
portanto: respeitar as próprias escolhas e os limites dos outros. Acredito que a 
liberdade é um meio, um caminho para a felicidade. Numa visão mais ampla, só é livre 
quem exerce sua liberdade até o limite da liberdade alheia. A questão não é ter limites 
e restrições, mas, conhecer e saber trabalhar dentro deles. 
 
 
73 O Pensador. Disponível em: http://pensador.uol.com.br/frase/NTQ1MjE2/ Acessado no dia 08 de 
novembro de 2015. 
40 
 
Sartre explicita um rochedo que por sua vez torna-se um empecilho, uma 
dificuldade a aqueles que por ventura iriam escalar, correndo o risco do indivíduo 
desistir. O fato dela ser complicada revela que a liberdade constitui limites. 
 
Se de fato somos livres, somos capazes de realizar os nossos projetos, 
afirma Sartre. É bastante claro que na filosofia sartreana que o conceito de escolha 
sempre anda junto da liberdade. A escolha, portanto, é importante e se faz necessário 
na vida do homem. O homem é um ser que escolhe. 
 
Por fim, foi tratado nos três capítulos um conceito comum a liberdade. No 
primeiro capítulo abordando a liberdade como ação e que esta ação relacionada com 
sua condição de conhecimento. No segundo capítulo abordamos os limites desta 
liberdade e que o homem antes de fazer-se ele deve ser-feito, ou seja, tudo que está 
em sua volta: a raça, classe, língua, os hábitos, clima e a terra e principalmente os 
grandes os pequenos acontecimentos de sua vida. No terceiro capítulo apresenta-se 
o quanto a responsabilidade está ligada com a liberdade, ambas andam juntas. Toda 
minha ação requer uma consequência, ou seja, responsabilidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
41 
 
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