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Maternidades: Maternidades: da romantização da romantização aos efeitos aos efeitos na saúde na saúde mental das mental das mulheresmulheres 2 FICHA TÉCNICA Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerias - 2022 XVI Plenário (2019 - 2022) Comissão de Orientação Mulheres e Questões de Gênero Coordenação geral: Desiree de Oliveira Carneiro Silva Sandra Maria Hudson Flores Liliane Cristina Martins Redação: Desirèe de Oliveira Carneiro Silva Sandra Maria Hudson Flores Mariana Luiza dos Santos Viegas Renata Gandra Sales Raquel Brasil Ribeiro Penna Luísa Lopes Carvalho e Silva Clotilde Aparecida Nunes Andrade Janiele Daniane da Silva Dias Paola Lorena Eleutério Borges Liliane Cristina Martins Joelcy Rodrigues de Moura Costa Joana Carolina Gervásio Ferreira (graduanda - 10° período) Ataiana de Araújo Rosa Heliana Moura Tamara Aveline de Souza 3 SUMÁRIO 4 Introdução 5 A Romantização da Maternidade 6 Saúde Mental Materna 8 Direito a Escolha da Maternidade 9 Interrupção voluntária da gestação 10 Mulheres tentantes 10 Adoção 11 Maternidade e Profissão 12 Maternidade, Raça e Classe 13 Maternidade Solo 15 Maternidade de lésbicas, bissexuais e transexuais 16 Maternidade e Sexualidade 17 Mulheres com HIV podem ter filhos? 18 Orientação aos Profissionais de Psicologia 21 Referências 4 INTRODUÇÃO A cartilha “Maternidades: da romantização aos efeitos na saúde mental das mulheres” foi elaborada pela Comissão de Orientação Mulheres e Ques- tões de Gênero do Conselho Regional de Psicologia de Minas Gerais, em meio a pandemia covid-19, quando questões relacionadas à maternidade foram evi- denciadas à medida que a comissão desenvolvia seus trabalhos e discussões acerca das questões de gênero. Com isso, compreendemos ser fundamental que a categoria de psicólogas/os pudesse ter acesso a um material conciso, con- textualizado e que contemple auxílio na análise das mais diversas formas de maternar e os impactos da romantização da maternida de na saúde mental das mulheres em nosso país. O Brasil ainda se vê constituído em modelos binários que hierarquizam as re- lações, destinando poder a um grupo específico - homens, cis, héteros, brancos - a partir das mais diversas tecnologias de gênero, onde os corpos das mulhe- res ainda são controlados sistematicamente. As diversas violências, às quais as mulheres são submetidas por este sistema patriarcal e sexista, impactam na subjetividade destas e consequentemente em nosso trabalho enquanto profis- sionais da Psicologia. É fundamental compreender que a visão romantizada da maternidade pode e deve ser entendida como forma de opressão, que ocorre para manutenção do sistema patriarcal e opressor, mantendo processos constantes de culpabilização externa que são internalizadas pelas mulheres ao longo da sua vida, sejam elas mulheres/mães1 ou não. Enquanto psicólogas/os devemos nos questionar diante do contexto social que vivenciamos na atualidade: quais mulheres podem exercer a maternidade? Quais mulheres/mães se encaixam no perfil esperado de família? Quais este- reótipos são reforçados pelo Estado ao longo dos processos vivenciados pelas mulheres que são ou não mulheres/mães? Quais impactos ocorrem na saúde mental das mulheres/mães diante de sentimentos ambivalentes que fazem par- te do exercício da maternidade? Como fatores de raça, classe e gênero conver- gem e determinam as vivências de maternidade e das violências? 1. O termo mulheres/mães vem sendo usado pela Comissão de Orientação Mulheres e Questões de Gênero enquanto provocador da redução da mulher a maternidade. 5 É esperado que as profissionais da Psicologia consigam identificar as demandas de gênero e também compreendam os atravessamentos específicos que permeiam a vivência das mulheres/mães e as implicações que a romantização da maternidade possui na vida das mulheres, sejam elas mulheres/mães ou não. Mantendo nosso compromisso ético de uma Psicologia que respeite e promova os direitos humanos, compreendendo os sujeitos como diversos e em constante (re)construção, esta cartilha tem o objetivo de contribuir com a ca- tegoria e pontuar fatores que devem ser observados na prática cotidiana das/os psicólogas/os que atuam com mulheres e homens, nos mais diversos contextos. Esta cartilha é, portanto, antes de tudo um convite às reflexões das inúmeras possibilidades de exercício da maternidade e de uma prática que não (re)vio- lente as mulheres, assumindo o compromisso de compreender a maternidade como algo público e o cuidado como uma habilidade humana. Comissão de Orientação Mulheres e Questões de Gênero Conselho Regional de Psicologia - Minas Gerais A ROMANTIZAÇÃO DA MATERNIDADE Na prática da Psicologia nos deparamos constantemente com a romantização da maternidade e suas implicações em nossa sociedade. Enquanto profissionais precisamos compreender e considerar em nossas atuações como as questões de gênero influenciam na vida e no sofrimento das pessoas. Ser mulher em nossa sociedade é estar destinada a lidar com a im- posição de ser mãe, como se a maternidade fosse fundamental para o sentimento de completude das mulheres. Esse mode- lo nos foi imposto e construído sócio-historicamente e tem como um dos objetivos: manter as mulheres destinadas a vida doméstica. A “falsa” necessidade de ser mãe como fator essencial para a afirmação pessoal e social enquanto mulher, é fun- damentada a partir dos papéis de gênero predeterminados para homens e mulheres. Esses papéis são impostos desde a Fr ee pi k 6 concepção, tornando-se explícito quando escolhemos cores e brinquedos dife- rentes para cada sexo biológico. Diante disso, é fundamental entender a relação das brincadeiras de cuidado que são sempre destinadas a mulheres, enquanto os homens são incentivados em outras formas de brincar e assim são isentos desta responsabilidade, fator que se perpetua ao longo da vida e é reforçado por um discurso binário2. As mulheres/mães precisam lidar com a cobrança social e pessoal de serem mães ideais. Essa idealização consiste em abdicar de sua vida para cuidar das/os filhas/os e do/a companheiro/a; executar sozinha todas as tarefas domésticas, mesmo quando tem uma vida profissional ativa, dentre outras idealizações que são em sua maioria inalcançáveis. Dar conta de todas essas exigências - que são reforçadas constantemente através de mídia, familiares, religiões, redes sociais - se torna exaustivo e impacta a saúde mental das mulheres/mães. A maternidade é composta por sentimentos ambivalentes, que são ocasiona- dos pelo julgamento e pela sobrecarga que lhe é imposta, que muitas vezes causam o silenciamento das mulheres/mães. Socialmente é difundida a ideia que existe o instinto e o amor materno, uma ideia falsa que reforça sentimen- tos de culpa e de ambiguidades nas mulheres. Compreender que o amor as/aos filhas/os se faz na construção diária e o exercício do cuidado é algo construído socialmente, podendo - e devendo - ser aprendido e exercido pelos homens ou qualquer pessoa disposta, se faz urgente. SAÚDE MENTAL MATERNA O estado emocional, psicológico e o bem-estar das mu- lheres é atravessado por um contexto social que reforça a desigualdade de gênero, impondo processos de Su- balternação das mulheres em relação aos homens. O período da perinatalidade3 e o pós parto, chamado puerpério, comportam alterações e agravamentos à saúde mental das mulheres, correspondendo à maior incidência de alterações nas funções psíquicas. As alte- 2. Binário - classificação do gênero e sexo, em duas formas distintas e opostas. Exemplo: homem e mulher. 3. Perinatalidade refere-se ao período de concepção até o nascimento. Fr ee pi k 7 rações de humor são as principais experiências de mal-estar subjetivo vivido pelas mulheres/mães durante este período. Dentre as alterações na saúde mental das mulheres, que é possível identificar no período gestacional e pós-parto, encontram-se o Baby Blues, a depressãopós-parto e a psicose puerperal. No Baby Blues, são percebidas tristeza e irrita- bilidade devido a inúmeras mudanças e perdas vividas a partir do nascimento de uma criança. Em relação a depressão pós-parto, esta produz mudanças brus- cas no humor, associadas a sentimento de incapacidade e medo de cuidar do bebê, tristeza profunda e, em casos mais graves, pensamentos de infanticídio e suicídio. Já na psicose puerperal, encontramos a perda do senso de realidade, delírios e alucinações. Outro fator importante a ser destacado em relação à saúde mental das mu- lheres/mães, é o luto perinatal, que frequentemente conduz a sentimentos de frustração, revolta e culpa, especialmente às mulheres/mães e familiares. De modo que a perda de uma/um filha/o no período gestacional traz uma difícil expressão do luto, afinal, o vínculo que por vezes é construído com o feto nesse período pode estar atrelado aos desejos, fantasias, idealizações e projeções das mulheres/mães. Em vista disso, o luto perinatal produz diversas perdas simbó- licas, as quais frequentemente são invisibilizadas pela negação, pela racionali- zação do luto e pouca legitimação social para a dor subjetiva vivenciada pelas mulheres/mães. Em alguns casos, as mulheres são acometidas por adoecimentos de saúde mental antes mesmo da gestação. Sendo fundamental ressaltar, que esses aco- metimentos não incapacitam o exercício da maternidade e não prejudicam a autonomia das mulheres/mães. Para todos os casos, é fundamental o fortale- cimento do apoio social e cuidado afetivo às mulheres/mães, a continuidade de um acompanhamento médico e/ou psicológico, pois são fatores de proteção para o abrandamento dos sintomas apresentados. Fr ee pi k 8 DIREITO A ESCOLHA DA MATERNIDADE A escolha pela não-maternidade tem sido um fenômeno crescente em nossa sociedade, mas precisamos compreender que esta escolha está diretamente as- sociada com o contexto histórico, econômico, social e cultural ao qual as mu- lheres estão inseridas. Falar sobre a escolha da maternidade é estar atento ao status social e aos estereótipos conferidos às mulheres que escolheram a ma- ternidade e as que não a escolheram, tendo em vista que a não-maternidade é considerada como algo desviante. O surgimento dos direitos sexuais e reprodutivos, e das tecnologias de con- cepção e de contracepção possibilitaram a algumas mulheres a desvincula- ção da obrigação de ocupar o lugar da maternidade, contribuindo assim, para o controle sobre o próprio corpo e a sexualidade. Nesse sentido, as mulheres passaram a ter a oportunidade de romper com a determinação da identidade de mulher/mãe possibilitando a vivência de outras identidades, constituindo, vínculos mais fluidos e perspectivas de participação em outros cenários sociais. Entretanto, cabe destacar que, mesmo na atualidade e diante desse fatores que possibilitam novas formas de ser mulher, as mulheres sofrem diversas pressões para se tornarem mulheres/mães. Fr ee pi k 9 INTERRUPÇÃO VOLUNTÁRIA DA GESTAÇÃO “Se nesta sociedade é no corpo da mulher em que se inscreve a maternidade, parece correto que seja ela quem decida se este é o seu projeto pessoal”. (CRP/PR, 2018) A interrupção voluntária da gestação constitui-se como um grave problema de saúde pública, sendo o causador de uma quantidade considerável de mortali- dade materna, tendo em vista que tais procedimentos são realizados, em sua maioria, fora do sistema de saúde por serem ilegais. Apesar da interrupção vo- luntária da gestação se constituir enquanto uma questão de saúde e de políticas públicas, no Brasil, o aborto é tratado a partir de uma perspectiva religiosa e moral, que contribui para a manutenção da legislação punitiva. O aborto no Brasil ocorre com frequência em mulheres de todas as idades, casa- das ou não, que já sejam mães, de todas as religiões (ou sem religião), de todos os níveis de escolaridade, de todos os grupos raciais e de todas as regiões do país. Nesse sentido, percebe-se que a interrupção voluntária da gestação ocorre de acordo com o desejo e projeto de vida individual de cada mulher, indepen- dente da legislação. Entretanto, é fundamental considerar que as mulheres negras e pobres possuem maiores índices de mortalidade em procedimentos de interrupção voluntária da gestação, sendo mais discriminadas no momento em que o procedimento é constatado, tornando-se as maiores criminalizadas legalmente. É importante destacar que as poucas mulheres que conseguem atendimento acabam viven- ciando violência obstétrica, que ainda se molda em padrões sociais rígidos e fundamentalistas muitas vezes embasados por movimentos que se denominam pro vida. Nesse sentido, a descriminalização da interrupção voluntária da gestação é uma forma de possibilitar a garantia de direitos básicos às mulheres, contri- buindo com liberdade de escolha e autonomia sobre seus corpos e projetos de vida, e acesso a serviços de saúde que minimizem os riscos de complicações. 10 MULHERES TENTANTES A naturalização da equívoca fusão mulher-mãe é constantemente reforçada pela construção social da maternidade. Esta acarreta uma ideia ilusória de uma plenitude e realização da feminilidade através da maternagem. Imersas neste contexto, muitas mulheres são socialmente responsabilizadas pela função re- produtiva e convencidas da culpa da não gestação. É recorrente que a dificuldade em engravidar causem nas mulheres tentantes frustrações e julgamento de anormalidade, bem como o sentimento de incapacidade frente a uma ideia de falha na função, caracterizada pela sociedade, como sendo do feminino. Uma vez que o determinismo da materni- dade reforça um lugar discriminatório às mulheres, ele contribui ainda para os estigmas, medos e sentimento de culpa. ADOÇÃO A adoção se difere da filiação biológica por envolver aspectos jurídicos, sociais e afetivos. Essa diferença envolve um processo avaliativo, a imprevisibilidade do tempo gestacional adotivo e o desconhecimento da história anterior de vida da criança e adolescente adotado. Apesar de haver vários motivos para a adoção, a infertilidade ainda é o principal deles. De qualquer modo, seja com filha/o biológica/o ou não, a parentalidade se forma a partir da construção da relação de afeto. Existem inúmeros preconceitos e desafios a serem vencidos pelas mulheres diante do sistema de adoção, que muitas vezes reforçam estereótipos inalcan- çáveis do que é ser mulher/mãe, bem como a busca por famílias “ideais”. Estes fatores ocasionam em uma série de sofrimento às mulheres, que muitas vezes, buscam se enquadrar no modelo de família tradicional, para assim serem acei- tas no processo adotivo. A maternidade, nos casos de adoção pode ser permeada por ambivalências, com a possibilidade de conflitos, tendo em vista que, por vezes, as mulheres/mães se questionam sobre até que ponto são de fato mães da criança a quem adotaram. 11 Diante das questões apresentadas, tornar-se mãe/pai adotivos consiste em um momento de grandes expectativas e algumas peculiaridades. Portanto, é essen- cial que as famílias adotivas tenham um espaço de escuta e de apoio psicológico para que sejam discutidas questões, dúvidas e sentimentos concernentes ao processo de adoção e para que elas possam se perceber e assumir uma postura de parentalidade com aquela/o filha/o. MATERNIDADE E PROFISSÃO Para as mulheres/mães há um impasse entre vivenciar integralmente a expe- riência da maternidade ou conciliá-la com o trabalho. Esse aspecto é um ponto que produz muitos conflitos internos que geram sentimentos de culpa, angús- tia e ansiedade, tendo em vista que existe uma pressão social para que as mu- lheres/mães posponha seu retorno ao trabalho para se dedicar mais tempo à/s criança/s. Estes fatores contribuem para a crença e sentimento de culpa acerca de seu desempenho enquanto mãe, em contraposição, também há uma pressão organizacional para que as mulheres/mães retornem ao trabalho e mantenham sua produtividade,o que gera grande ansiedade para as mulheres/mães em re- lação a seu desempenho profissional. Além disso, há o acúmulo de funções que faz com que as mulheres exerçam duplas e triplas jornadas, quando não possui um/a companheiro/a ou uma rede de apoio para lhe auxiliar. Soma-se aos fatos já mencionados, a decisão de muitas empresas em desliga- rem as mulheres/mães após o período da licença-maternidade. De acordo com a pesquisa “Licença-maternidade e suas consequências no mercado de trabalho do Brasil”, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), realizada com 247 mil mulhe- Fr ee pi k 12 res, dois anos após terem dado à luz, metade delas estava fora do mercado de trabalho. Nesta perspectiva, a conciliação entre maternidade e profissão pode ser percebida como conflitante, por despertar incertezas, medo, angústias en- tre outros sentimentos devido às cobranças sociais com conteúdos diversos e conflitantes entre si. Ademais, é importante ressaltar a importância da construção de políticas públi- cas que possibilitem às mulheres/mães conciliar trabalho com a maternidade, tendo em vista que o mercado de trabalho ainda penaliza a mulher. Ter filhas/ os não é considerado negativo para as carreiras dos homens, tal qual é para a carreira das mulheres. Sendo fundamental desindividualizar todas as questões relacionadas à maternidade. MATERNIDADE, RAÇA E CLASSE Ao olharmos para a maternidade, é necessário considerar que existem diversas formas de exercer cuidado das/os filhas/os. Se torna fundamental um olhar in- terseccional para compreender como cada família se organiza e como as ques- tões de gênero, raça e classe confluem neste contexto. Em um país onde as mulheres negras têm menos oportunidade de trabalho e trabalhos com menores remunerações, o impacto da classe social que elas ocu- pam se torna inevitável. Além disso, vivemos em uma sociedade que julga os cuidados maternos nos moldes patriarcais/burgueses como os corretos a serem exercidos sendo que estes não abrangem todas as possibilidades de maternida- de, desconsiderando que a mesma pode e deve ser exercida a partir de uma rede de apoio sociofamiliar e de políticas públicas. Fr ee pi k 13 Segundo Natividade, Claudia (org.); Silva, Desirèe(org); Araújo, Jeanyce (org) (2019) é imprescindível considerarmos que a idealização da maternidade bur- guesa gera uma invisibilidade de outras formas do exercício da maternidade. Em alguns momentos as políticas públicas, despreparadas para a especificidade desse olhar interseccional, (re)produzem violências e acentuam desigualdades de raça e classe. Dentro deste contexto, se faz ainda mais importante olharmos para os atra- vessamentos da maternidade que vivenciam as mulheres/mães negras. O cor- po negro é visto como um corpo sem valor e repetidamente aniquilado em suas possibilidades de vida. A exaltação social da “mãe guerreira”, frequente- mente associadas a mulheres/mães negras que vivenciam de forma prepon- derante fatores como a sobrecarga e o cuidado solitário das/os filhas/os, en- tra em divergência com políticas que repetidamente questionam e negam a forma como as mulheres/mães negras exercem o cuidado materno. Cada um destes fatores impactam na subjetividade e na construção da maternagem dessas mulheres/mães. MATERNIDADE SOLO A terminologia mãe solo, destina-se às mulheres/mães que se responsabi- lizam pelos cuidados financeiros, educacionais e afetivos da/o filha/o sem a participação efetiva do progenitor. Por décadas definidas como mães soltei- ras, a mãe solo sofre historicamente com o preconceito por não estar inserida em uma relação conjugal, atendendo aos padrões impostos por uma socieda- de patriarcal e machista, onde a “maternidade, em particular, é-lhe, por assim dizer, proibida, sendo a mãe solteira objeto de escândalo.” (BEAUVOIR, pág. 176, 1970). Tal concepção relativamente nova sobre a maternidade, veio por um lado, congregar as múltiplas configurações familiares que têm as mulheres como a única responsável pela criação das/os filhas/os, a saber mulheres que op- tam pela adoção unilateral, produção independente (inseminação), divórcio ou quando ocorre o abandono paterno; e por outro desatrelar o conceito de maternidade da conjugalidade que, estigmatiza mulheres/mães que exercem a maternagem sem a participação paterna. Cabe ressaltar que, embora a ma- ternidade solo possa ser uma escolha da mulher de ser mãe, exercendo sua autonomia, seus direitos reprodutivos e sexuais sobre o próprio corpo, a prin- 14 cipal causa por trás da maternidade solo é o abandono paterno. A mesma so- ciedade que romantiza a sobrecarga afetiva, física e psicológica da mãe solo, naturaliza o abandono e/ou omissão paterna. De acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) de 2017, 40% das famílias brasileiras são chefiadas por mulheres e desse total, aproximadamente 57% das famílias chefiadas por mães solo vivem abai- xo da linha da pobreza. Entre as mulheres/mães negras, a proporção sobe para 64,4%, o que evidencia que os fatores de raça e classe atravessam de maneira preponderante a vivência da maternidade em nosso país. A maternidade solo exige muitos recursos psíquicos adaptativos, pois há uma sobrecarga de tarefas, medos, inseguranças, irritabilidades e solidão constan- tes. Cabe ressaltar, que nossa sociedade contribui para a manutenção de pre- conceitos em relação às mães solos, aumentando seu sofrimento por não cor- responder às expectativas de um ideal social, que também pode fazer parte de um ideal subjetivo da própria mulher/mãe. Fr ee pi k 15 MATERNIDADE DE LÉSBICAS, BISSEXUAIS E TRANSEXUAIS Ao iniciarmos a pesquisa sobre maternidade de lésbicas, bissexuais e transe- xuais nos deparamos com poucas produções acadêmicas que considerem essas mulheres/mães na sua complexidade social, econômica e racial. Essa falta de produção, representa também os apagamentos constantes a que essas mulhe- res estão submetidas e que impactam negativamente em sua saúde mental. Ao refletir sobre a maternidade e paternidade de homens trans, e mulheres tra- vestis, percebe-se um aumento do abismo na análise dessa parentalidade, visto que estas/es são violentamente (re)colocadas/os à margem da vida social. Além disso, fatores raciais e sociais se somam diretamente nas violências vivenciadas cotidianamente por estas mulheres/mães, especialmente quando estas se afas- tam dos padrões de feminilidade. Com o lugar de mulheres/mães frequentemente negado às mulheres LBT’s diver- sas dificuldades vão se somando ao exercício da maternidade: como bullying vi- venciado por suas/seus filhas/os, visto que vivemos em uma sociedade que não as reconhecem como mulheres/mães; dificuldade de moradia por empecilhos para locação de imóveis, dificuldade de acessar o mercado de trabalho, dentre outras. Portanto, ao analisar a maternidade das mulheres LBT’s é imprescindível con- siderar que estas vivenciam diversas violências que devem ser caracterizadas como uma problemática social. Deste modo se faz necessário o reconhecimento e a nomeação de cada uma delas, visando a descentralização do plano indivi- dual para o plano social. Fr ee pi k 16 MATERNIDADE E SEXUALIDADE A maternidade enquanto um processo integrativo da sexualidade das mulheres sustentou-se, por décadas, em estereótipos socialmente construídos onde a se- gunda convertia-se em função para a primeira, isto é, a sexualidade restringia-se à procriação. Nesse contexto, maternidade e sexualidade surgem e se fortalecem sob o escopo de narrativas conservadoras, restritivas e punitivas para as mulhe- res, definindo, portanto, seus roteiros sexuais e afetivos. Esta forma de enxergar a sexualidade ignora os diversos fatores envolvidos que atravessam a subjetividade do indivíduo, bem como os repertórios psicológicos, culturais e sociais. A sexualidade da mulher/mãe, a partir da gestação, está in- tegrada ao novo processo vivenciado, seja consigo mesma, com o própriocorpo e com a comuni- cação com sua/seu parceira/o. As modifica- ções experienciadas são inúmeras e afetam diretamente as emoções, autoestima, se- xualidade, hormônios, corpo e, principal- mente, a forma de ver a si mesma e se ver em sociedade durante a gravidez e no pós parto. Algumas mulheres nessa fase ex- perimentam dificuldades e receios frente às questões sexuais, o que pode gerar no relacionamento diversas reações indo desde a pressão para a atividade se- xual, brigas e até o afastamento e/ ou renúncia do sexo. Vale ressaltar, que existem con- textos de sobrecarga das mulheres/ mães com as tarefas domésticas, cui- dado com a/s criança/s e o trabalho, além de uma visão reducionista dessas mulheres apenas como mães. Esses fato- res se associam diretamente na maneira como as mulheres irão se relacionar com o seu corpo, prazer e abertura às rela- ções sexuais saudáveis. Fr ee pi k 17 MULHERES COM HIV PODEM TER FILHOS? Muitas mulheres desejam ser mães, e esse é um direito resguardado àquelas que pretendem em algum momento de suas vidas, seja de forma planejada ou não, viver a maternidade. É importante compreender que a saúde sexual e reprodu- tiva é um direito humano das mulheres que não podem ser violados. Contudo para as mulheres que vivem com HIV esse direito nem sempre é respeitado. A feminização da AIDS é uma realidade há algum tempo no Brasil e no mundo. Diante desse contexto vem a preocupação da transmissão vertical (mulher/mãe para o bebê), seja na gestação, no momento do parto ou amamentação. Com o avanço da ciência tornou-se possível por meio do tratamento com antirre- trovirais, que as mulheres com HIV não transmitam o vírus, pois ficam com a carga viral indetectável - diminuindo de 30% para menos que 1% de acordo com o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para prevenção da transmissão vertical de HIV de 2019. A mulher/mãe não poderá amamentar, fazendo assim o uso da fórmula láctea e o tratamento com antirretrovirais. O bebê também fará o uso de antirretrovirais líquidos, sendo acompanhado por 18 meses com exames periódicos e ao final de 2 anos com exames não reagentes terá alta. Diante dessas recomendações e profilaxia, as chances de infectar o bebê são mí- nimas, porém ainda vivenciamos vários desafios como medo e culpa de infectar a/o filha/o e medo de adoecer ou morrer em decorrência da AIDS e o preconcei- to e falta de informação da sociedade e dos próprios profissionais de saúde que afirmam que as mulheres com HIV não podem ter filhas/os. É de extrema importância falar sobre o desejo das mulheres/mães com HIV te- rem suas/seus filhas/os, com a finalidade de informar sobre formas seguras e os cuidados importantes durante a gestação, o parto e com o bebê e ainda reforçar o direito reprodutivo dessas mulheres para que as mesmas possam decidir so- bre ter ou não suas/seus filhas/os. Precisamos combater o estigma e discriminação que as mulheres com HIV ain- da vivenciam até hoje com mais de 40 anos da epidemia de AIDS. Nesta pers- pectiva encontramos o Movimento Nacional das Cidadãs PositHIvas, que é um movimento de mulheres com HIV que luta pela garantia do direito à vida sexual e reprodutiva plena e pela saúde integral dessas mulheres. 18 ORIENTAÇÃO AOS PROFISSIONAIS DE PSICOLOGIA Na prática da Psicologia nos deparamos cons- tantemente com a romantização da mater- nidade e suas implicações em nossa so- ciedade e na saúde mental das pessoas. Enquanto profissionais precisamos com- preender e considerar em nossas atua- ções como as questões de gênero, raça e classe influenciam na vida e no sofri- mento das pessoas. Reforçamos que, apesar da cartilha “Maternidades: da romantização aos efeitos na saúde mental das mulheres” ter sido escrita e publicada em tópicos, esta configuração se faz necessária apenas didatica- mente, sendo fundamental que as/os profissionais de Psicologia compreendam que estes fatores se cruzam e somam-se na vivência das mulheres, confluindo em múltiplos impactos na saúde mental. E que, por- tanto, devem ser analisadas simultaneamente. Além disso, se faz necessário um exercício crítico diário diante dos modelos sociais e também da Psicolo- gia, buscando propiciar a todas as pessoas acesso e garantia de direitos atra- vés de nossa prática cotidiana. Sendo assim, as/os profissionais da Psicologia devem compreender que vive- mos em uma sociedade que impõe às mulheres a maternidade como destino compulsório, considerando-a como fonte de completude, satisfação e habilida- de nata – o chamado instinto materno. Sendo papel da/o profissional de Psico- logia desmistificar e desconstruir esse discurso e compreender os impactos dele na vivência das pessoas. A partir das discussões que iniciamos ao longo da cartilha, reforçamos como orientação às profissionais de Psicologia os seguintes pontos: • Se manter atualizadas/os diante das orientações e materiais produzi- dos pelos Conselhos Regionais de Psicologia, bem como do Conselho Federal de Psicologia, no que se refere a maternidade e os atravessa- Fr ee pi k 19 mentos na vida das mulheres, visto que as questões de gênero irão impactar em sua saúde mental e física. • Conhecer e compreender as mudanças na legislação para orientar sua prática e também conseguir orientar as mulheres/mães diante dos seus desejos. • Compreender que os impactos da maternidade romantizada também influenciam na saúde mental das mulheres que não são ou não dese- jam ser mulheres/mães. • Compreender que a maternagem não deve ser vinculada apenas à figura feminina, compreendendo-a como uma questão da co- munidade e do Estado. Sendo a maternagem entendida como cuidado, podendo, portanto, ser exercida por todas as pessoas. • Acolher e legitimar o desejo da mulher/mãe, auxiliando-a a compreender e a expressar esse desejo. • Considerar as questões de orientação se- xual e identidade de gênero na construção da maternagem. • Não reproduzir discursos e práticas de controle dos corpos das mulheres, entendendo-a como sujeita autôno- ma e responsável por todas as deci- sões que se referem ao seu corpo. • Considerar os recortes de gênero, raça e classe como elementos importantes da sub- jetividade da mulher e que também irão im- pactar no exercício da maternidade e na visão que a sociedade terá sobre as diversas possibi- lidades de exercê-la. • Refletir sobre as questões que impedem o aces- so de algumas mulheres ou mulheres/mães de acessar os serviços de Psicologia. Buscando em Fr ee pi k 20 sua prática cotidiana criar estratégias que possibilitem o acesso des- sas mulheres e mulheres/mães. • Considerar que apesar de ser um problema vivenciado por todas as mulheres, sejam elas mulheres/mães ou não, fatores locais irão im- pactar diretamente em como essas violências serão vivenciadas. Des- ta maneira, se torna fundamental que as/os profissionais estejam atentos às mudanças de cada contexto cultural no território nacional. • Não reforçar, em sua prática cotidiana, os estereótipos de papéis de gênero, da mulher/mãe como única capaz e responsável pelo cuidado. • As/os profissionais que não atuam diretamente com mulheres, é fun- damental que estes desmistifiquem as noções de cuidado que habi- tualmente são implementadas apenas na criação de meninas, visto que o cuidado é uma capacidade humana e pode ser aprendida e exer- cida por todas as pessoas. • É importante refletir sobre o amor materno como uma construção e não como uma obrigação ou instinto, trabalhando os sentimentos de culpa que podem surgir na mulher/mãe diante dos atravessamentos vivenciados no cotidiano da maternidade. • A/o profissional da Psicologia deverá considerar em todos os contex- tos e intervenções, o código de ética e seus princípios fundamentais. Destacamos aqui: “II. A/o Psicóloga/o trabalhará visando promover a saúde e a qualidade de vida das pessoas e das coletividades e contribuirá para a eliminação de quaisquer formas de negligência, discrimi- nação, exploração,violência, crueldade e opressão.” )Código de ética da/o Psicóloga/o, 2005). 21 REFERÊNCIAS ANGONESE, Mônica e Lago, Mara Coelho de Souza. Direitos e saúde reprodutiva para a popula- ção de travestis e transexuais: abjeção e esterilidade simbólica. Saúde e Sociedade [online]. 2017, v. 26, n. 1 [Acessado 19 Novembro 2021] , pp. 256-270. Disponível em: . ISSN 1984-0470. https://doi.org/10.1590/S0104-12902017157712. BADINTER, E. Um amor conquistado: o mito do amor materno. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1985. [Tradução: Waltensir Dutra]. BEAUVOIR, S. O Segundo Sexo, 1. Fatos e Mito. Difusão Europeia do Livro, São Paulo 1970, p. 176. BELTRAME, Greyce Rocha; DONELLI, Tagma Marina Schneider. Maternidade e car- reira: desafios frente à conciliação de papéis. 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