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44 ASPECTOS TÉCNICOS DAS AMPUTAÇÕES DOS MEMBROS INFERIORES

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Amputações Nelson de Luccia 
 16/05/2003 Página 1 de 9 
Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado. 
Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. Disponível em: URL: http://www.lava.med.br/livro 
 
Aspectos Técnicos das Amputações dos 
Membros Inferiores 
 
Nelson De Luccia 
Erasmo Simão da Silva 
 
 
 
INTRODUÇÃO
O cirurgião vascular desempenha papel 
fundamental no universo que envolve as 
amputações nos membros inferiores, pois 
entre 70 a 80% destas, são realizadas em 
pacientes com doença vascular periférica e/ou 
diabetes, exatamente a população tratada por 
estes especialistas. 
As taxas de mortalidade associadas às 
amputações de membros em pacientes 
“vasculares” (6% a 17%), em particular as 
transtibiais e transfemorais, indicam a 
gravidade deste paciente. Portanto, o cuidado 
pré-operatório, peri-operatório e pós-
operatório, continua a receber a mesma 
atenção ou até um cuidado redobrado, quando 
uma revascularização da extremidade falha. 
Muitos são os fatores que determinam a 
cicatrização adequada de um coto de 
amputação, mas sem dúvida o planejamento 
cuidadoso e conhecimento técnico-anatômico, 
visando uma reabilitação adequada, podem 
representar a última chance deste indivíduo de 
uma reintegração adequada ao seu meio. 
Além dos cuidados que envolvem o 
procedimento cirúrgico e a reabilitação, a 
vigilância deve continuar com o membro 
contra-lateral e com a sobrevida do paciente 
(risco de amputação contra -lateral e óbito em 
5 anos chega até 50%) 
Após definido o nível de amputação do membro 
inferior, aspectos gerais, referentes ao 
procedimento e particularidades técnicas, 
relativas a cada nível, devem compor o 
armamentário do cirurgião que se dedica ao 
tratamento destes pacientes. 
Aproximadamente 80% das amputações de 
membros inferiores são realizadas em 
pacientes com doença vascular periférica e/ou 
diabetes, portanto o cirurgião vascular deve 
conhecer os principais fatores cirúrgicos, que 
influenciam a protetização destes indivíduos. 
 
Níveis de amputação e desarticulação no 
tornozelo e pé 
 
Figura 1 - Níveis de Amputação e desarticulação no 
tornozelo e pé. 
 
 Amputações Nelson de Luccia 
 16/05/2003 Página 2 de 9 
Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado. 
Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. Disponível em: URL: http://www.lava.med.br/livro 
Amputação de pododáctilos e de metatarsos 
isolados (em raio) 
De modo geral, quanto mais tecido puder ser 
preservado, melhor a condição funcional do pé. 
Portanto, se possível as falanges proximais dos 
dedos devem ser mantidas, pois se preservam 
as inserções dos tendões flexores curtos dos 
dedos, o segmento de falange preservado 
impede a migração anômalo do dedo vizinho e o 
mecanismo de marcha é preservado. O menor 
prejuízo funcional e estético decorre quando o 
quinto dedo é amputado e o maior prejuízo é 
secundário à amputação do grande dedo. A 
amputação do segundo dedo tende a causar a 
migração excessiva do hálux lateralmente 
(hálux valgo). Um a vez optado pela 
desarticulação metatarso-falangiana a 
cartilagem do metatarso não deve ser 
removida pois, tanto ela quanto o osso 
subcondral protegem o osso esponjoso de 
infecção pós-operatória. 
As incisões nos dedos podem ser realizadas 
com incisões do tipo boca de peixe (com 
retalhos medial ou lateral) ou do tipo raquete. 
O fechamento dependerá da condição de 
infecção e/ou isquemia local do tecido. 
Nas amputações de dedos mais proximais que 
envolvem a secção de metatarsos, as incisões 
são planejadas com retalhos plantares maiores 
e acesso proximal ao osso por incisões que 
avançam no dorso do pé. Sempre que possível 
preservar a articulação tarso-metatársica, que 
é importante na estabilização do médio pé. Na 
amputação de dedo que envolve a remoção do 
segundo metatarso seria melhor uma 
ressecção mais proximal para produzir 
estreitamento do pé, impedindo a migração do 
primeiro e do terceiro dedos. 
 
Amputação transmetatarsiana 
A incisão na pele deve privilegiar o retalho 
plantar de pele saudável. No dorso do pé a 
incisão prolonga-se profundamente até o nível 
da secção óssea (ao longo dos metatarsos, no 
nível escolhido). O retalho plantar deve ser 
suficiente para a sutura na região dorsal 
(geralmente a incisão é colocada no sulco 
metatarso-falangiano), desta forma a cicatriz 
ficará longe da área de apoio e fora do contato 
frontal com o sapato apropriado. Os tendões 
dos músculos extensores longos e flexores 
longos dos dedos são seccionados, permitindo a 
sua retração e os músculos extensores e 
flexores curtos dos dedos são cortados nos 
seus ventres. Se o retalho apresentar-se 
excessivamente globoso, os músculos da planta 
são ressecados compondo um retalho de pele e 
fáscia plantar. 
 
Desarticulação tarso-metatársica (Lisfranc) 
Esta modalidade de desarticulação baseia-se 
na articulação entre os ossos do tarso e os 
metatarsos (os ossos cuneiformes medial, 
intermédio e lateral se articulam com o 
primeiro segundo e terceiro metatarsos e o 
cubóide com o quarto e quinto metatarsos). Do 
ponto de vista funcional a osso cuneiforme 
medial e a base do primeiro metatarso são 
vitais para o equilíbrio do médio pé. Estes dois 
ossos recebem a inserção dos músculos tibial 
anterior, tibial posterior e fibular longo. 
Portanto a manutenção destas inserções ou a 
re-inserção destes tendões (após a retirada da 
base do hálux) tende a estabilizar o coto de 
amputação neste nível. A técnica original de 
Lisfranc, foi descrita em 1815. A tendência 
para o desenvolvimento do coto em equino, 
determinou a necessidade de modificações 
técnicas na descrição original. Entre elas as 
mais importantes compreendem a re-inserção 
de tendões extensores e alongamento ou 
secção do tendão de Aquiles. 
 
Desarticulação médio-társica (Chopart) 
Esta técnica envolve a desarticulação no nível 
das articulações talo-navicular e calcâneo-
cubóide (conhecida como articulação 
transversa do tarso). Apenas o retro pé será 
mantido, permitindo a manutenção do 
comprimento do membro. Este fato é 
importante pois permitirá a marcha sem 
necessidade de órtese/prótese em espaços 
pequenos (interior da residência). A falta de 
sustentação anterior do calcâneo e do tálus, 
associado a forte ação da musculatura da 
panturrilha tende a provocar a deformação em 
eqüino, a principal complicação tardia deste 
tipo de desarticulação. Do ponto de vista 
 Amputações Nelson de Luccia 
 16/05/2003 Página 3 de 9 
Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado. 
Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. Disponível em: URL: http://www.lava.med.br/livro 
técnico é necessário compreender que o coto 
deve ser formado de preferência com retalho 
de pele plantar e a cicatriz cirúrgica deve 
ficar em posição superior no coto, não 
anterior, para evitar contato com a prótese 
apropriada. 
No nível desta articulação a extensão da área 
a ser coberta pelo retalho é muito ampla. 
Portanto, a incisão, para confecção do retalho, 
deve avançar na planta do pé o mais distal 
possível (próximo do nível da cabeça dos 
metatarsos). Para se restabelecer a dorso-
flexão e colaborar na prevenção do eqüino 
pode se re-inserir o tendão do músculo tibial 
anterior (poderoso dorso-flexor) no talus. Para 
tal é necessário seccionar este tendão o mais 
distal possível da borda da incisão da pele 
(assim será facilitada sua inserção no tálus). A 
outra manobra para prevenção da dorso-flexão 
envolve o alongamento ou secção completa do 
tendão de Aquiles (diminuir a ação da 
musculatura que promove a flexão plantar). A 
perda parcial da flexão plantar após estas 
manobras é compensada no futuro. 
Imobilização do coto no pós operatórioimediato em posição de dorso-flexão é 
manobra coadjuvante vital para evitar a 
posição flexionada do pé. 
 
Figura 2 - Desarti culação médio-társica (Chopart). 
Desarticulação tíbio-társica (Syme) 
A técnica de amputação de Syme foi descrita 
em 1843 por James Syme. Como ela foi criada 
na época em que não existia anti -sepsia, 
anestesia e antibioticoterapia os seus 
resultados foram considerados 
revolucionários. A secção óssea limitada, 
parcial e distal da fíbula e tíbia causava menos 
dor e taxas de infecção menores para a época. 
A técnica original recomendava a cirurgia em 
um único tempo. Isto é a desarticulação talo-
crural e remoção dos maléolos medial, lateral e 
a parte distal da cartilagem tibial. Os autores 
contra-indicavam a técnica para pacientes com 
doença vascular e para diabéticos com 
neuropatia. Posteriormente, Spittler et al. em 
1954, descreveram a técnica da cirurgia de 
Syme em dois estágios. Nesta técnica o 
primeiro estágio consiste na desarticulação do 
tornozelo, com a manutenção dos maléolos e da 
cartilagem distal da tíbia. 
Após a completa cura do coto, duas pequenas 
incisões (medial e lateral) são realizadas para 
a remoção dos maléolos. Submetendo o 
paciente a um menor trauma operatório inicial 
(no primeiro estágio) e com a boa evolução, os 
maléolos poderiam ser removidos tornado o 
coto menos globoso. A incisão na pele deve ser 
planejada para que o coxim do calcâneo fique 
sobre a tíbia. A incisão é colocada na face 
dorsal do tornozelo em uma linha que une os 
dois maléolos. A partir dos maléolos a incisão 
tem sentido distal em ângulo reto com a planta 
do pé. O tamanho do retalho de pele plantar 
varia de 5,0 cm a 7,5 cm, dependendo do tipo 
de tornozelo e se os maléolos serão retirados 
no primeiro tempo. Caso eles sejam mantidos é 
aconselhável um retalho maior. Dois pontos são 
cruciais nesta técnica. Primeiro a dissecção da 
face medial do calcâneo de modo subperiostal 
(junto ao osso) para se evitar lesão da artéria 
tibial posterior, que comprometeria o retalho. 
Segundo, a secção do tendão de Aquiles, 
também junto ao osso calcâneo, evitando a 
lesão do retalho cutâneo que é fino neste 
ponto. 
 
Figura 3 - Desarticulação tíbio-társica (Syme). 
 Amputações Nelson de Luccia 
 16/05/2003 Página 4 de 9 
Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado. 
Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. Disponível em: URL: http://www.lava.med.br/livro 
 
Figura 4 - Esquema da incisão para desarticulação 
tíbio-társica (Syme). 
Amputação transtibial 
Em 1971, Burgess e Romano, deram início à 
popularização do retalho posterior, sem 
retalho anterior, para a amputação transtibial. 
Estes autores afirmavam que em pacientes 
com doença vascular periférica um coto de 10 
a 12 cm com longo retalho posterior, formado 
pelos músculos gastrocnêmios e solear ou 
somente pelos gastrocnêmios, evitaria as 
necroses das bordas dos retalhos anteriores. 
Advogavam ainda a mioplastia, isto é a sutura 
doas músculos e fáscias posteriores na fáscia 
profunda dos músculos anteriores e também a 
utilização do periósteo para fixação mais 
eficiente. 
O retalho proposto associado a secção da 
fíbula 2,0 cm acima da tíbia propiciariam um 
coto de aspecto cilíndrico, superior ao coto 
afilado (cônico). Sanders and Augspurger em 
1977, criam um método fácil de medida pré 
operatória para obtenção de um coto adequado 
baseado em longo retalho posterior No nível da 
secção da tíbia a circunferência da perna é 
medida. Dois terços desta medida serão 
usados na secção anterior da pele e um terço 
corresponderá ao retalho posterior. Deste 
modo prático e simples é possível acertar as 
proporções da sutura do retalho posterior na 
pele da face antero-lateral da tíbia. 
 
 
Figura 5 - Técnica de Burgess e Romano (longo retalho 
posterior). 
 
Figura 6 - Amputação Transtibial - técnica do retalho 
posterior longo sem retalho anterior 
 
Figura 7 - Técnica do retalho posterior longo com secção 
óssea precedendo à dos elementos posteriores da perna. 
Amputação Transtibial: Retalho 2:1 
Outra técnica baseia-se em um retalho 
posterior-anterior na proporção 2:1. Para a 
realização correta do retalho mede-se a 
circunferência da perna onde o osso seria 
seccionado e divide-se esta medida, sendo que 
dois terços seriam o retalho posterior e um 
sexto o anterior. A vantagem do procedimento 
2:1 para o longo retalho posterior, sem retalho 
anterior seria evitar longo retalho posterior, 
evitar a cicatriz sobre a crista da tíbia na 
parte anterior do coto e a confecção de um 
coto menos globoso. 
 Amputações Nelson de Luccia 
 16/05/2003 Página 5 de 9 
Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado. 
Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. Disponível em: URL: http://www.lava.med.br/livro 
 
 
Figura 8 - Técnica do retalho posterior-anterior – 2:1. 
Amputação Transtibial (retalho medial-
lateral) 
Outra alternativa para amputação de perna, 
baseia-se em retalhos medial e lateral (incisão 
sagital na pele). A técnica para confecção 
deste tipo de retalho consiste de marcar o 
ponto de origem das duas incisões (retalho 
medial e lateral), anteriormente, 2,0 cm 
lateralmente a crista da tíbia. Posteriormente 
o ponto os retalhos se encontrarão 
exatamente na metade da medida da 
circunferência da perna. O tamanho máximo de 
cada retalho corresponde a um quarto da 
circunferência medida no ponto de secção 
óssea. A incisão cutânea deve ser com 
convexidade inferior (semicircular) e deve ser 
acompanhada pela fáscia crural. 
Os músculos do compartimento anterior da 
perna (m. tibial anterior, extensor longo dos 
dedos e extensor longo do halux) e do 
compartimento lateral (fibular longo e curto) 
devem ser seccionados junto ao nível de 
secção da tíbia. A fíbula é seccionada 2,0 cm 
acima da tíbia. O retalho é feito com os 
músculos do compartimento posterior 
superficial da perna (gastrocnêmios e solear). 
A mioplastia é feita suturando-se esses 
músculos no periósteo anterior da tíbia e na 
fáscia anterior da perna. A pele é suturada e 
uma cicatriz obliqua é obtida, longe da crista 
da tíbia. Alguns autores adeptos deste tipo de 
retalho preferem não utilizar o músculo solear 
na mioplastia para não tornar o coto 
excessivamente globoso. Do ponto de vista 
anatômico a irrigação do músculo gastrocnêmio 
é maior que do solear. 
 
Figura 9 - Incisão sagital: coto com retalho medial-
lateral. 
Amputação Transtibial (retalhos anterior-
posterior iguais) 
A técnica de amputação abaixo do joelho com o 
uso de retalhos iguais (anterior = posterior) é 
outra alternativa. Os adeptos desta técnica 
salientam que retalhos iguais propiciam 
melhores condições circulatórias para ambos 
os retalhos e como o coto de amputação de 
perna não é de apoio terminal a localização da 
incisão e adaptação da pele anterior (que 
normalmente não suporta carga) não seriam 
relevantes na confecção destes cotos. 
 
Amputação Transtibial (retalho medial) 
Estudos baseados em termografia e medida de 
fluxo cutâneo na perna indicaram que alguns 
pacientes com doença vascular periférica 
apresentavam deficiência específica de 
irrigação no retalho lateral da perna e que o 
fluxo arterial era predominantemente axial, da 
face medial para a lateral. Estes autores 
propuseram nestes pacientes de “risco” a 
realização de um coto de perna baseado um 
retalho medial. O retalho tem, na base medial, 
a metade da circunferência da perna e um 
comprimento entre 12 e 15 cm. A secção da 
pele fáscia e musculatura látero-anterior é 
feita no nível da secção óssea. A musculatura 
que compõem o retalho tem somente o músculo 
gastrocnêmio (devido a deficiente irrigação do 
solear). A mioplastia, sutura das fáscias e da 
pele seguemo mesmo padrão dos outros tipos 
de retalho. 
 Amputações Nelson de Luccia 
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Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado. 
Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. Disponível em: URL: http://www.lava.med.br/livro 
 
Figura 10 - Amputação abaixo do joelho baseada em 
retalho medial 
Desarticulação de Joelho 
A desarticulação entre o joelho e a perna foi 
revitalizada como técnica de amputação da 
extremidade inferior em 1940 por Rogers. 
Dificuldades na protetização dos indivíduos 
desarticulados neste nível, necrose dos 
retalhos cutâneos e dor no coto com o uso da 
prótese são os responsáveis pelo preconceito 
em relação a este procedimento. A melhoria 
das técnicas operatórios de confecção do coto 
(opções diferentes de retalhos, cuidados com 
a patela, fácil e rápida execução: não necessita 
de secção óssea e secção mínima de tecido 
muscular, ligadura de apenas um tranco 
arterial e veias adjacentes), avanço na 
tecnologia das próteses e a percepção clara 
que a desarticulação é superior do ponto de 
vista de reabilitação, que a amputação acima 
do joelho tornaram o conhecimento desta 
técnica fundamental Pelo menos três 
modalidades de retalho cutâneo podem ser 
escolhidos de acordo com o comprometimento 
individualizado da extremidade. Retalhos 
iguais, anterior-posterior, anterior maior que o 
posterior (descrito como “clássico”) e por fim, 
retalho sagital (medial-lateral). 
Técnica: Com o paciente em decúbito dorsal, a 
coxa é flexionada sobre o quadril e a perna 
flexionada sobre a coxa (cuidado: a pele no 
retalho posterior tende a retrair-se). O 
tendão patelar na tuberosidade da tíbia é 
deslocado junto com a pele e fáscia. Abertura 
da cápsula articular junto a tíbia, secção dos 
ligamentos cruzados do joelho, ligadura dos 
vasos poplíteos, tratamento dos nervos tibial e 
fibular comum, secção do gastrocnêmio, fáscia 
e pele posterior, permitem a remoção do 
espécime. O ligamento patelar é suturado nos 
ligamentos cruzados estabilizando a posição da 
patela. A cápsula articular é fechada para 
proteção dos côndilos femorais. O fechamento 
da tela subcutânea permite adequada 
aproximação da pele sem tensão. A drenagem 
do coto obedece a critério clínico, optando-se 
por esta medida se ocorrer drenagem 
abundante de liquido sinovial. 
 
Figura 11 - Três tipos de incisão-retalho para a 
desarticulação do joelho. 
 
Figura 12 - Desarticulação do Joelho. 
Amputação Transfemoral 
Técnica: dois tipos de retalho são 
frequentemente utilizados neste nível, incisão 
circular e em “boca de peixe” (retalho anterior 
igual ao posterior). Na técnica em “boca de 
peixe”, o tamanho dos retalhos a partir do 
ponto escolhido para secção do fêmur 
corresponde a metade do diâmetro antero-
posterior da coxa neste nível. A pele, tela 
celular subcutânea e fáscia profunda são 
seccionadas com convexidade inferior e os 
retalhos se encontram no ponto medial e 
lateral da coxa. A secção muscular e 
aponeurótica é feita em um nível inferior a 
 Amputações Nelson de Luccia 
 16/05/2003 Página 7 de 9 
Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado. 
Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. Disponível em: URL: http://www.lava.med.br/livro 
incisão da pele, devido à tendência de retração 
muscular. 
Os principais troncos arteriais a serem ligados 
e seccionados são a artéria e veia femoral 
superficial e ramos dos vasos femorais 
profundos, como também o nervo ciático. O 
nervo deve ser manipulado com delicadeza, 
opcionalmente pode-se injetar marcaína para 
atenuar a dor pós-operatória e convém a 
ligadura de ramos vasculares de maior 
diâmetro junto ao nervo, pois podem ser 
calibrosos e fonte de hemotoma pós-
operatório. A mioplastia, com a sutura dos 
músculos extensores da coxa, com os flexores 
e a sutura dos músculos adutores com os 
abdutores, propiciam equilíbrio ao coto e 
determinam melhor controle da prótese pelo 
paciente. Por fim, a sutura da apneurose 
melhora a coaptaçãp dos músculos incisados, 
sendo a pele fechada com pontos separados. 
 
Figura 13 - Amputação transfemoral- Incisão com retalho 
iguais (boca de peixe). 
 
Figura 14 - Amputação Transfemoral. 
Desarticulação do quadril 
O paciente em decúbito látero-posterior, isto 
é, posicionado de modo obliquo em relação a 
mesa cirúrgica (600 entre o dorso e a mesa 
operatória.). Os pontos de reparo anatômico 
mais importantes são, a espinha ilíaca ântero-
superior, a espinha ilíaca ântero-inferior, o 
tubérculo púbico, a tuberosidade isquiática, a 
prega inguinal e o sulco infra-glúteo. 
Incisão na pele começa anteriormente 1,5 cm 
medial à espinha ilíaca ântero-superior, desce 
paralela ao ligamento inguinal em direção ao 
tubérculo púbico, passa a face medial da raiz 
da coxa e é colocada a 5,0 cm abaixo inserção 
dos adutores da coxa no osso púbis, deste 
ponto estendendo-se abaixo do sulco glúteo 
posteriormente. 
Do mesmo posto de partida, na espinha ilíaca 
ântero-superior, o segundo ramo da incisão 
desce em sentido lateral, passando 5,0 a 8,0 
cm distal ao trocanter maior e encontra o 
outro ramo da incisão abaixo do sulco glúteo. 
Se o diâmetro ântero-posterior da pelve for 
muito grande pode-se ampliar o retalho 
posterior alguns centímetros mais abaixo do 
sulco glúteo. 
Expõe-se a artéria, veia e nervo femoral. Os 
vasos são ligados imediatamente abaixo do 
ligamento inguinal. Após cuidadosa e leve 
tração o nervo femoral é seccionado o mais 
proximal possível, utilizando-se um afastador 
para levantar o ligamento inguinal. Deste modo 
o coto do nervo ficará abaixo da aponeurose 
do músculo oblíquo externo impedindo sua 
compressão pela eventual prótese a ser 
utilizada. 
Entre os músculos anteriores da coxa o 
sartório, reto femoral e o pectíneo são 
seccionados junto a suas origens na espinha 
ilíaca ântero-superior, espinha ilíaca ântero-
inferior e púbis respectivamente. Os músculos 
grácil e os adutores (longo, curto e magno) são 
seccionados junto ao púbis, para remoção 
conjunta com o membro afetado. Os músculos 
ílio-psoas e obturador externo são 
desinseridos junto ao trocanter menor e serão 
utilizados para cobertura e preenchimento do 
acetábulo. Nota-se que até este momento a 
manipulação dos músculos junto as origens e 
inserções é anatômica e evita secção muscular 
com grande sangramento. Entre o músculo 
pectíneo e o músculo obturador externo 
passam o nervo obturatório, a artéria e veia 
obturatória, devem ser tratados com cuidado, 
 Amputações Nelson de Luccia 
 16/05/2003 Página 8 de 9 
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pois a secção inadvertida leva a retração dos 
cotos para a pelve com sangramento de difícil 
controle. 
Os músculos tensor da fáscia lata e o glúteo 
máximo são cortados profundamente no nível 
da incisão da pele e compreendem os únicos 
músculos seccionados através do ventre 
carnoso nesta técnica de desarticulação do 
quadril. A seguir são expostos os músculos que 
se inserem no grande trocanter e é neste 
ponto que eles devem ser cortados. São eles, o 
glúteo médio e mínimo, o piriforme, o gêmeo 
superior e inferior, o obturador interno e por 
fim o quadrado femoral. A liberação do 
espécime é completada com a secção dos 
músculos posteriores da coxa (bíceps, 
semitendíneo e semimenbranáceo) da 
tuberosidade isquiática, abertura da cápsula 
articular, secção do ligamento da cabeça do 
fêmur, ligadura dos vasos glúteos inferiores e 
do nervo ciático (permitindo a sua retração 
abaixo do músculo piriforme). 
As manobras para preenchimento do acetábulo 
consistem em suturar o músculo quadradofemoral no ílio-psoas (ambos podem ser 
ancorados no resquício do ligamento da cabeça 
do fêmur no acetábulo) e suturar o obturador 
externo no glúteo médio. Estas manobras 
ajudam a atenuar as proeminências ósseas 
criadas pela exposição do acetábulo e 
propiciam melhor adaptação se uma prótese 
for cogitada. A drenagem da região é 
aconselhada antes do fechamento da fáscia 
glútea. 
A fáscia glútea é suturada no ligamento 
inguinal e osso púbis, caracterizando o retalho 
posterior (constituído de pele, fáscia glútea e 
músculo glúteo máximo). 
 
 
Figura 15 - Desarticulação do Quadril 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Um dos objetivos do angiologista e do 
cirurgião vascular é está reabilitando o 
paciente à condição de caminhar normalmente. 
As amputações de segmentos menores ou 
maiores dos membros inferiores representam 
perda corporal. O médico que estiver envolvido 
com o cuidado destes pacientes deve ter o 
máximo de informações nesta área para o 
atendimento ideal a fim de propiciar o mais 
rápido possível a reabilitação do paciente. 
 
 
Versão prévia publicada: 
Nenhuma 
Conflito de interesse: 
Nenhum declarado. 
Fontes de fomento: 
Nenhuma declarada. 
Data da última modificação: 
27 de agosto de 2002. 
Como citar este capítulo 
Luccia N, Silva ES. Aspectos técnicos das amputações dos membros inferiores . In: Pitta GBB, 
Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: 
guia ilustrado. Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. 
Disponível em: URL: http://www.lav a.med.br/livro 
Sobre os autores: 
 Amputações Nelson de Luccia 
 16/05/2003 Página 9 de 9 
Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado. 
Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. Disponível em: URL: http://www.lava.med.br/livro 
 
Nelson de Luccia 
Professor Associado, Livre-docente, da Faculdade de 
Medicina da Universidade de São Paulo 
São Paulo, Brasil. 
Erasmo Simão da Silva 
 Professor Adjunto, Doutor, do Departamento de Cirurgia da Faculdade 
de Medicina da Universidade de São Paulo, 
São Paulo, Brasil. 
Endereço para correspondência: 
Nelson De Luccia 
Av. São Gualter 346 
05455-000 São Paulo, SP. 
Fone/Fax: +11 3021 0900 
Correio eletrônico: nluccia@nox.net

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