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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BELO HORIZONTE - UNIBH VANDERLÉIA PEREIRA DOS SANTOS Governança Corporativa e Caso Enron Belo Horizonte, 2014 Enron: Os mais espertos da Sala Ken Lay era adepto da desregulamentação principalmente no setor de energia e seguia uma política de crescimento agressivo. “Nunca estamos satisfeitos e nunca queremos estar satisfeitos com os preços das ações”. Jeff Skilling acreditava e praticava a obtenção imediata de lucros utilizando ideias promissoras. Aplicava nos negócios a lei crua, pura e simples do mais forte. Adotou o método de avaliação de desempenho CRD – Comitê de Revisão de Desempenho que estabelecia uma avaliação de 1 a 5 e aproximadamente 10% deveria tirar 5 (nota máxima) essas pessoas deveriam ser demitidas AVALIE E ESMAGUE. Um processo extremamente agressivo que conduziu a uma constante instabilidade entre os funcionários. A categoria mais agressiva era de negociadores, eram o motor de lucro da companhia que tinha como atividade o mercado de energia. As ideologias de Ken Lay e Jeff Skilling juntas criaram no mercado uma ideologia quase religiosa, mudaram a forma e atuar no mercado abrindo para transparências das transações. O foco das atividades era aumentar o valor das ações e invadir maciçamente o mercado de capitais. A lógica era: “Gostamos de risco, correr risco faz dinheiro” “ Se a percepção se mantem é real, não uma fraude” Perspectiva de lucro anormal, ou seja aquele além do permitido, buscando alternativas ao que a lei estabelece. 1 Conceito Doutrinário de Governança Corporativa Governança corporativa se define como conjunto de princípios e práticas que visam orientar as condutas de gestores e acionistas das companhias, visando em um dos fatores preservar e representar garantias aos acionistas minoritários, mas atualmente extrapolando essa função e tocando na estruturação das SA’s Os princípios utilizados pela Governança Corporativa, como a transparência das informações (disclosure), a responsabilidade pelos resultados (accountability), a eqüidade (equity) e a obediência às leis do país (compliance), constituem princípios básicos para as empresas, mas não se confundem com a própria governança que toca a estruturação da empresa, desde a comunicação até a responsabilização dos gestores e controladores em relação a todos os interessados na atividade empresarial. Observemos o conceito do Instituto brasileiro de Governança Corporativa: Em um primeiro momento de desenvolvimento do conceito a Governança Corporativa estava voltada para os conflitos internos da administração das empresas trazendo para os controladores meios de facilitar a administração, mais adiante voltou-se a atenção para as garantias dos acionistas e demais interessados. 2- Funcionamento da Governança no modelo Japonês e Alemão Na Alemanha, há uma enorme proteção aos credores bancários, sendo que os acionistas pequenos têm pouca proteção legal. Já o Japão se situa em um estágio intermediário, mas com um sistema de gestão e de participações societárias não recomendáveis sob a ótica do sistema de gestão da Governança Corporativa. O modelo nipo-germânico caracteriza-se pela concentração da propriedade das ações sob controle de poucos acionistas, por essa condição se apresentam menos exigentes em relação as regras de transparência contábil e divulgação de informações. Os investidores colhem informações sobre os riscos da empresa, no mercado. Neste modelo encontramos os stakeholders, pois as empresas buscam compatibilizar os interesses dos acionistas e dos demais interessados, tais como empregados, fornecedores, credores, comunidade em geral. Governança corporativa é o sistema pelo qual as sociedades são dirigidas e monitoradas, envolvendo os relacionamentos entre Acionistas/Cotistas, Conselho de Administração, Diretoria, Auditoria Independente e Conselho Fiscal. As boas práticas de governança corporativa têm a finalidade de aumentar o valor da sociedade, facilitar seu acesso ao capital e contribuir para a sua perenidade. O que se percebe em particular no modelo Japonês é uma limitação da circulação de informações combinada entre os controladores de grandes corporações abertas e o governo, uma espécie de estratégia para limitar a presença de participação estrangeira no mercado. Na Alemanha a aplicação da Governança Corporativa tem atividades recentes e o mercado é dominado basicamente por bancos e pelo estado. Historicamente o financiamento de empresas não vem das atividades no mercado, sim das instituições bancárias que atuam como grandes investidores, na maioria das vezes controladores. O estímulo de investimento de capital começou na perspectiva de novo mercado a introduzir o conceito e a necessidade da Governança para trazer confiabilidade às empresas. 3 – Governança Corporativa no modelo Americano Os Estados Unidos são pioneiros no desenvolvimento das técnicas de Governança, esses critérios foram inicialmente adotados pelos escândalos financeiros no fim dos anos de 1980, o perfil de governança para o modelo de atuação americano se diferencia do nipo-germânico, pois existe a prática de pulverização do capital social, nem mesmo os acionistas controladores tem parte significativa das ações. O que confere mais independência e autonomia aos administradores. O modelo anglo-saxão apresenta ainda a separação entre propriedade do capital e gestão e mercado de capitais ativo e voraz, com uma representatividade econômica maior que outras atividades. 4 – Práticas de Governança no Direito Brasileiro O Brasil adota o modelo nipo-germânico em suas práticas de atuação no mercado. As ações ordinárias estão em geral nas mãos dos acionistas controladores. O movimento por boas práticas começou a se dinamizar depois da fase de aumento das privatizações, por volta de 1995. Em 1999 O IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa) começou suas atividades trazendo o Código Brasileiro das Melhores práticas de Governança Corporativa que possui reconhecimento internacional e foi um dos caminhos para abrir o mercado brasileiro para o debate internacional. 4.1 Bovespa – Novo Mercado Nível 1 e 2 A Bovespa implantou no mercado de capitais brasileiro o conceito de “Novo Mercado” podemos definir como uma listagem de empresas que vem abrir capital com cumprimento aos critérios mais minuciosos de Governança Corporativa, a principal regra é a emissão exclusiva de ações ordinárias, além da aplicação de tag alone de 100%. As empresas do segmento de listagem Nível 1 comprometem-se a acrescentar às informações que já são obrigadas a prestar ao mercado, outras de interesse dos investidores, que serão definidas pela BOVESPA. As empresas classificadas no Nível 2, além de assegurarem maior transparência de informações, também oferecem direitos societários como tag along e oferta pública de aquisição de ações pelo valor econômico, em caso de fechamento de capital. A adesão de uma empresa a qualquer desses dois segmentos é voluntária e concretiza-se com a assinatura de um contrato entre as companhia, seus controladores, administradores e a própria BOVESPA. A criação dos Níveis Diferenciados de Governança Corporativa e do “Novo Mercado” trouxe mais segurança aos investidores que aplicaram seus recursos, em empresas que adotaram melhores práticas de Governança Corporativa. Por outro lado, as empresas também se beneficiam, pois suas ações tendem a ser mais procuradas em razão de suas boas práticas de gestão. 5 – PoisonPills e Shark Repellent As pílulas de veneno são uma forma de blindagem a possíveis aquisições hostis de capital, essas medidas também são entendidas como ações “afasta tubarão” preservando a dispersão acionária de colaborando para evitar a concentração de controle em acionistas específicos. Vem nos estatutos nas formas dispositivas abaixo elencadas: “Share Purchase Right Plans” – mecanismo por meio do qual, no caso de uma aquisição hostil, a companhia emite bônus de subscrição aos seus acionistas, exceto ao adquirente, que os possibilitam adquirir ações da firma a um baixo custo, com o objetivo de diluir a participação acionária do pretenso novo controlador. “Classified Board” – dispositivos estatutários que criam classes distintas no conselho de administração, de modo que cada classe tem vencimento de mandato em assembleias gerais ordinárias diferentes. Desse modo, caso algum acionista atinja participação que lhe possibilite eleger a maioria dos conselheiros, será obrigado a esperar, no mínimo, duas assembleias gerais ordinárias para controlar a gestão da firma. “Limitação ao direito de voto” – cláusula que limita o direito de voto dos acionistas a determinado percentual estabelecido no estatuto, ainda que tais acionistas possuam participação acionária superior a esse limite; “Golden Parachute” – contratos firmados entre a companhia e seus administradores que estabelecem multas elevadas no caso de mudança do controle acionário. “Greenmail” - prática em que a própria companhia recompra ações dos seus acionistas, com prêmio, de modo a impossibilitar a alteração do controle acionário. Essa medida é proibida por lei em alguns estados norte-americanos, por caracterizar o uso indevido de recursos da companhia; “Aquisições defensivas” – aquisição de ativos pela companhia ou ingresso em determinados ramos de atividade, em que o eventual adquirente é impedido de atuar pela legislação vigente; “Vencimento antecipado de dívidas e contratos relevantes” - prática que consiste na antecipação de dívidas e assinatura de contratos com altas multas rescisórias, no caso de haver alteração do controle acionário; “Anti-freezeout provision” – para impedir que em uma incorporação, posterior a uma aquisição de controle, os acionistas minoritários recebam ações da incorporadora com uma relação de troca desfavorável ou reembolso do valor de suas ações por um preço inferior ao pago na aquisição do controle, os estatutos sociais preveem que operações de incorporação sejam aprovadas em assembleia geral de acionistas com quorum qualificado. No caso brasileiro, a legislação já exige a realização de oferta pública aos demais acionistas, quando da alienação do controle, no valor de, no mínimo, 80% do preço pago na aquisição. Para as companhias listadas no Novo Mercado esse percentual é de 100%; “Pac-Man defense” – contra-oferta da própria companhia, quando diante de uma aquisição hostil de controle, com recursos próprios ou com financiamento de terceiros. Bibliografia: 1. Artigo – As implicações e Aplicações da Governança Corporativa no Direito Societário Brasileiro – Simone Augustinho Rocha www3.pucrs.br/pucrs/files/uni/poa/direito/.../simone_augustinho.pdf 2. Artigo – Níveis de Governança Corporativa – A evolução no valor de mercado da empresas – Marciano Villa. https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/26779/000748812.pdf?sequence=1 3. Origens da Governança Corporativa – IBGC http://www.ibgc.org.br/inter.php?id=18166 4. Artigo – Um estudo sobre a utilização de “Poison Pills” no Brasil http://www.cvm.gov.br/port/infos/Disserta%C3%A7%C3%A3o%20Poison%20Pills.pdf
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