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Direito Processual Penal I - Prof. Carlos Eduardo Oliveira Conti

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QUESTÕES E PROCESSOS INCIDENTES
	O Código de Processo Penal fala inicialmente das questões incidentais e posteriormente do processo incidente. Regula, na realidade, apenas uma espécies de questão incidente, prevista nos arts. 92 a 94 do CPP – as denominadas questões prejudiciais.
	Questões prejudiciais são todas as questões de fato e de direito que, por necessidade lógica, devem ser analisadas antes da questão principal e podem, em tese, ser objeto de processo autônomo.
	Etimologicamente “prejudicial” significa pre-iudicate, isto é, julgar primeiro. A questão deve ser julgada em primeiro lugar, antes da questão principal. Ex.: um acusado de bigamia (art. 235 do CPC) alega que seu casamento é nulo. A validade ou não do casamento é a questão prejudicial que deve ser decidida antes do mérito, pois influi diretamente na decisão.
	A questão prejudicial condiciona a questão prejudicada. A prejudicada está irrecusavelmente subordinada à prejudicial.
CARACTERÍSTICAS DA QUESTÃO PREJUDICIAL
	Anterioridade lógica
	A questão prejudicial é sempre anterior à prejudicada. Não porque surgiu primeiro na discussão processual, mas por ser logicamente anterior. Primeiro decide-se ou aguarda-se a decisão da questão incidente e, posteriormente, julga-se o mérito.
	Necessariedade
	A questão prejudicial sempre subordina o exame da questão principal. O mérito não pode ser decidido sem antes enfrentar a questão prejudicial.
	Autonomia
	A questão prejudicial é objeto de processo autônomo.
	Questão preliminar é toda alegação que versa sobre pressupostos processuais ou condições da ação. O professor MIRABETE nos ensina que ambas são espécies do gênero “questões prévias”. Apresentam características em comum: anterioridade lógica e necessariedade. Mas apresentam diferenças importantes: a questão prejudicial refere-se a direito material e a preliminar refere-se a direito processual. Também se diferem no tocante à autonomia. Somente as prejudiciais podem ser objeto de processo autônomo, as preliminares não.
Ex.: falta de citação é uma questão preliminar – não se ajuíza processo autônomo para discutir a falta de citação.
CLASSIFICAÇÃO DAS QUESTÕES PREJUDICIAIS
	Quanto ao caráter: homogênea ou heterogênea
	A questão prejudicial homogênea é aquela do mesmo ramo do Direito da questão principal. Ex.: a exceção da verdade do crime de calúnia (CP, art. 138, § 3°). A questão prejudicial heterogênea é aquela que pertence ao ramo do Direito distinto da questão principal. Ex.: anulação de casamento e bigamia.
	Quanto aos efeitos: obrigatória e facultativa
	Obrigatória é a questão que, uma vez presente, obriga a suspensão do processo até o julgamento da questão incidental. Sempre versa sobre questão de estado civil das pessoas.
	Facultativa é aquela que não obriga a suspensão do processo principal, mas há nela controvérsia de difícil solução. Ex.: acusado de crime contra o patrimônio alega ser o legítimo possuidor. São características da prejudicial facultativa que não estão presentes na obrigatória: existência de ação civil em andamento; inexistência de legitimação à prova, na lei civil, acreca da questão prejudicial.
Observações:
	Se a prejudicial for obrigatória, o processo penal ficará suspenso por tempo indeterminado. Se facultativa, o juiz deverá estabelecer prazo para suspensão que poderá ser prorrogado a seu critério.
	Durante a suspensão do processo, fica suspenso o prazo prescricional (art. 116, I do CP).
	Apesar da suspensão do processo, o juiz criminal poderá inquirir testemunhas ou determinar produção de provas que considere urgente.
	A decisão que determina a suspensão do processo por questão prejudicial comporta recurso em sentido estrito (art. 581, XVI do CPP). Se a decisão indefere o pedido de suspensão e a prejudicial for obrigatória, cabe correição parcial ou habeas corpus; se for questão prejudicial facultativa, o juiz tem discricionariedade para decidir.
EXCEÇÕES
	O réu no processo penal pode defender-se de duas formas distintas:
	Diretamente: toda vez que o acusado se volta contra a imputação que foi formulada, atacando o mérito causae.
	Indiretamente: através da exceção, visando extinguir, modificar ou impedir tal pretensão, ou simplesmente prorrogá-la, dilatá-la.
	Exceção é a defesa indireta do processo penal, que visa extinguir a ação penal ou retardar seu exercício. Recai sobre os pressupostos processuais ou as condições da ação. Se a exceção visar extinguir a ação penal, é denominada peremptória. Se visar retardar seu julgamento, é denominada dilatória.
EXEÇÃO DE SUSPEIÇÃO (dilatória)
	Se o juiz da causa se enquadrar em uma das situações de suspeição previstas no art. 254 do CPP, e não se declarar suspeito espontaneamente, a parte pode arguir a exceção de suspeição. Se existir alguma causa de impedimento (art. 252 do CPP) ou incompatibilidade (art. 253 do CPP), também deve ser arguida por meio de exceção.
	A exceção pode ser arguida também contra o membro do Ministério Público e os sujeitos processuais secundários (perito, intérprete, serventuário da Justiça).
	O MP atuando como parte ou fiscal da lei, deve agir com imparcialidade, pois defende interesse que não lhe é próprio ou particular, mas de toda a sociedade. A parte interessada pode buscar o afastamento do promotor, valendo-se, para tanto, das mesmas razões que a lei prevê para o magistrado (art. 258 c/c art. 252 e 254 do CPP).
PROCEDIMENTO DA EXCEÇÃO DE SUSPEIÇÃO
	Incia-se por petição em que devem constar os motivos e as provas da suspeição.
	Tem legitimidade para arguir: o autor, quando do oferecimento da denúncia ou a queixa, e o réu (ou seu defensor com poderes especiais), no momento da defesa. Se a suspeição for superveniente, a parte tem que se manifestar, nos autos, no primeiro momento em que puder. Se a parte não arguir no momento oportuno equivalerá a reconhecer a capacidade moral do juiz.
	O assistente de acusação tem legitimidade para arguir a suspeição do juiz?
	O art. 271 do CPP relaciona as funções do assistente e nada fala sobre essa possibilidade. Para o professor MIRABETE, o rol é taxativo, não podendo o assistente de acusação arguir a suspeição do juiz. Para TOURINHO, o assistente tem interesse processual na imparcialidade do juiz, devendo ser reconhecida a ele essa possibilidade.
	Depois de arguida a suspeição, os autos são encaminhados ao juiz, que pode reconhecê-la ou não.
	Se o juiz reconhece, remete os autos para seu substituto legal, anulando os atos já praticados. O processo volta a correr perante o novo juiz.
	Se o juiz não reconhece, determina a autuação da exceção. O juiz excepto terá três dias para contestar a exceção. Os autos são remetidos ao TJ, em 24h, para serem julgados pela Câmara Especial.
	Caso o TJ decida pela improcedência do pedido, irá indeferir liminarmente a exceção. Se decidir pela relevância da arguição, determinará o processamento da exceção. O Tribunal comunicará o excepto e o excipiente, ouvirá as testemunhas arroladas e julgará, independente de novas alegações.
	Se o Tribunal julgar procedente a exceção, remeterá os autos ao substituto legal, determinará a anulação dos atos já praticados em se entender que houve erro inescusável (indesculpável) do juiz excepto, poderá condená-lo nas custas da exceção.
	Se o Tribunal de Justiça julgar improcedente, determinará a continuidade normal do processo e condenará o excipiente ao pagamento de multa, se agiu de má-fé visando tumultuar o processo.
Súmula 234 do STJ. A participação de membro do MP na fase investigatória criminal não acarreta o seu impedimento ou suspeição para o oferecimento da denúncia.
	Se o promotor foi testemunha, não pode participar da ação penal.
Observações:
	Via de regra, a exceção não suspende o andamento do processo principal. Contudo, vale ressaltar a ressalva prevista no art. 102 do CPP. Trata-se de faculdade do Tribunal suspender o
curso do processo, embora, por cautela, deve assim agir, uma vez que ambas as partes estão invocando suspeição ou impedimento do julgador.
	Não será declarada nem reconhecida a suspeição, quando a parte injuriar o juiz ou de propósito der motivo para criá-la. Segundo dispõe o art. 256, a animosidade por má-fé não dá margem à posterior arguição de suspeição do juiz. Não se pode privilegiar a malícia e a má-fé, como causas de afastamento do juiz natural.
	No que tange a suspeição formulada em face de perito, intérprete e funcionários da justiça, a mesma processar-se-á perante o juiz com que atue o sujeito. O juiz deve decidir de plano à vista do que foi alegado, bem como dos documentos juntados. Julgada procedente, o juiz determina o afastamento do sujeito.
EXCEÇÃO DE SUSPEIÇÃO DE JURADO (art. 468/470)
	Instalada a sessão de julgamento com 15 jurados no mínimo, 7 formarão o Conselho de Sentença.
	No Júri, as partes podem recusar jurados. Podem fazer três recusas peremptórias, isto é, sem justificação, e poderão recusar tantos quanto necessário, desde que justificado. Desta forma, após as recusas peremptórias, a parte interessada pede a palavra e argui a suspeição. O juiz deverá oferecer ao magistrado as provas que detiver.
	Se o juiz não aceitar a recusa, o jurado tomará parte no Conselho de Sentença.
EFEITOS DA SUSPEIÇÃO
	Além de afastar o magistrado da presidência do processo, julgada procedente a suspeição, ficam nulos os atos processuais do processo principal (arts. 101, 1ª parte e 564, I do CPP). Ou seja, retroage seu efeito para anular os atos processuais anteriormente praticados pelo juiz.
	Não existe recurso contra reconhecimento espontâneo de suspeição. Somente será passível de correição parcial, por tumultuar a tramitação do processo.
EXCEÇÃO DE INCOMPETÊNCIA DO JUÍZO
	A ausência de capacidade funcional do juiz.
	O Código não distingue se a incompetência é absoluta ou relativa.
	Há dois sistemas para arguir a incompetência do juízo:
	perante o próprio juiz, e esse declina sua competência;
	perante o órgão superior para que esse, decidindo a questão, iniba a participação daquele juiz no processo e remeta ao juízo competente.
	No Brasil, vigora o primeiro sistema. O próprio juiz vai declinar de sua competência. O art. 109 do CPP determina que, se em qualquer fase do processo o juiz reconhecer motivo que o torne incompetente, declara-lo-á nos autos, haja ou não alegação da parte, prosseguindo-se na forma do artigo anterior.
	A incompetência absoluta e a relativa podem ser reconhecidas de ofício pelo juiz.
	A incompetência absoluta tem um regime jurídico mais severo por versar sobre questões de interesse público. A incompetência relativa se preocupa em atender a inconveniência da parte. Ex.: o lugar da consumação do delito facilita na busca de provas. Não é só interesse da parte, há também interesse público.
	A exceção de incompetência do juízo só pode ser arguida pela defesa, querelado e MP, quando este atue como fiscal da lei. Se o MP percebe que o processo foi distribuído para um juízo incompetente, deve pedir a declinatoria fori e não oferecer a denúncia.
	Tratando-se de incompetência relativa (territorial), a exceção deve ser oposta no prazo da defesa inicial prevista nos arts. 396 e 396-A, com a redação determinada pela Lei n° 11.719/08, e no art. 405 e ss., com as modificações operadas pela Lei n° 11.689/08, sob pena de preclusão e prorrogação da competência.
	Entretanto, se a incompetência for absoluta (em razão da matéria) ela poderá ser arguida a qualquer tempo.
	Procedimento da exceção de incompetência
	A exceção é autuada em apartado.
	Ouve-se o representante do Ministério Público.
	Juiz decide.
	Se pela procedência, remete os autos ao juiz competente. Dessa decisão cabe recurso em sentido estrito (art. 581, III do CPP). Não interposto recurso, os autos são remetidos ao juiz competente. Esse novo juiz não é obrigado a concordar com essa declinação, podendo também ele suscitar o conflito de jurisdição ou competência.
	Se decidir pela improcedência, não caberá recurso. Caberá habeas corpus ou arguição em preliminar de apelação (futuramente).
	Conforme os arts. 567 e 108, § 1° do CPP, a incompetência do juízo anula somente os atos decisórios. Dessa forma, somente os atos instrutórios serão ratificados pelo juiz competente, os atos decisórios serão anulados.
	A jurisprudência entende que o recebimento da denúncia ou da queixa não tem carga decisória, pode, portanto, ser ratificado. Princípio da consequencialidade: se o recebimento da denúncia ou da queixa fosse nulo, todo o processo estaria perdido. A jurisprudência, por isso, admite tranquilamente a ratificação do recebimento da denúncia ou queixa.
	Se a regra de competência violada estiver disposta na Constituição Federal de 1988, os atos praticados perante o juiz incompetente são considerados inexistentes. Não tem como ratificar.
	A decisão que julga procedente a exceção é recorrível. Cabe recurso em sentido estrito. Salvo a decisão que decide exceção de suspeição, a qual é irrecorrível.
Observações:
	Não alegada a tempo a exceção de incompetência ratione loci, ocorre a preclusão. STF, HC 72.634-B/SP, rel. Min. Carlos Velloso, DJU, 7 dez. 1995, o. 42608.
	O STJ instado a se manifestar reiterou o entendimento de que a incompetência relativa é causa geradora de nulidade relativa, a qual reputa-se sanada se não alegada por ocasião da defesa prévia (STJ, HC 6.721/PE, rel. Min. Anselmo Santiago, DJU, 2 fev. 1998, p. 132). Atualmente, como já foi assinalado, é o prazo da defesa inicial prevista nos arts. 405 e ss., com as modificações operadas pela Lei n° 11.689/08, a oportunidade para se arguir a incompetência relativa, não havendo mais que falar em defesa prévia.
EXCEÇÃO DE ILEGITIMIDADE DE PARTE
	Tal Exceção abrange não só a titularidade do direito de ação, como também a capacidade de exercício, isto é, a necessária para a prática dos atos processuais.
	Pode-se arguir a exceção quando a queixa é oferecida em caso de ação penal pública, quando a denúncia é oferecida em caso de ação penal privada, quando o querelante é incapaz, não podendo estar em juízo e quando o querelante não é o representante legal do ofendido.
	São partes ilegítimas em Processo Penal:
	Ministério Público, se oferecer denúncia em crime de ação penal privada.
	Querelante, se oferecer queixa em crime de ação penal pública, com exceção do art. 29 do CPP.
	Querelante incapaz (a vítima deve ser maior de 18 anos).
	A ilegitimidade pode ser ad causam ou ad processum. A ilegitimidade ad causam refere-se a condição da ação, ocorre se o Ministério Público oferece queixa e o querelante oferece denúncia. A ilegitimidade ad processum ocorre se o querelante é incapaz ou o representante do ofendido não é o representante legal. Tratando-se de ilegitimidade de causa ou de processo, o instrumento para arguir é exceção de ilegitimidade.
	Efeitos
	O reconhecimento da ilegitimidade ad causam acarreta a nulidade absoluta do processo, o processo é anulado ab ovo. O reconhecimento da ilegitimidade ad processum acarreta a nulidade relativa do processo, admitindo a convalidação, nos termos do art. 568 do CPP.
	Recursos
	Se reconhecida a ilegitimidade de parte, o recurso cabível será o RESE (art. 581, III).
	Da decisão que não reconhecer a ilegitimidade de parte não há nenhum recurso específico. Pode-se arguir, todavia, o fato através de uma preliminar de apelação, ou impetrar HC para o reconhecimento de constrangimento ilegal decorrente da ilegitimidade de parte.
	Procedimento
	A exceção de ilegitimidade de parte será processada como a de incompetência do juízo (art. 110 do CPP).
EXCEÇÃO DE LITISPENDÊNCIA
	Há litispendência quando uma ação repete outra em curso. Verifica-se sempre que a imputação atribuir ao acusado, mais de uma vez, em processos diferentes, a mesma conduta delituosa.
Non bis in idem: ninguém pode ser julgado duas vezes pelo mesmo fato. Será oposta exceção de litispendência quando houver o trâmite paralelo de dois processos idênticos.
	Os elementos identificadores da demanda são:
	pedido (petitum): na ação penal é, em regra, a aplicação da sanção;
	partes (personae em litígio);
	causa de pedir (causa petendi): é a razão do fato pela qual o autor postula a condenação.
	Caso seja acolhida a exceção de litispendência caberá RESE (art. 581, III do CPP). Se o juiz não acolher a exceção, por não existir um recurso específico, poderá ser impetrada ordem de HC.
	Caso a litispendência seja declarada de ofício pelo juiz, o recurso possível será a apelação (art. 593, II do CPP).
Observações:
	O rito é o mesmo da exceção de incompetência.
	Não há prazo para a oposição.
	Deve ser arguida no segundo processo. Se houver instauração de novo IP e não de outra ação, o remério adequado será o HC.
	Não importa se no segundo processo foi dada qualificação jurídica diversa, se o fato é o mesmo haverá litispendência.
	Não importa também quem figura no polo ativo da ação penal, tratando-se do mesmo réu e do mesmo fato, é cabível a exceção.
	Não há suspensão do processo.
	Se um mesmo fato é apurado em dois inquéritos penais, não há litispendência.
	Instaurado inquérito policial com ação já em curso, sem ser por requisição do juiz ou do Ministério Público, para colher diligências complementares, caracteriza-se constrangimento ilegal, sanável por habeas corpus.
EXCEÇÃO DE COISA JULGADA
	também se baseia na proibição de uma mesma pessoa ser processada mais e uma vez pelos mesmos fatos (non bis in idem).
	
	Transitada em julgado uma decisão, impossível novo processo pelo mesmo fato. Argui-se a exceptio rei judicate.
	A coisa julgada é a qualidade dos efeitos da decisão final, marcada pela imutabilidade e irrecorribilidade.
	Distinção entre a coisa julgada formal e a coisa julgada material
	A formal reflete a imutabilidade da decisão no processo onde foi proferida. Tem efeito preclusivo, impedindo nova discussão sobre o fato no momento do processo. Ex.: impronúncia.
	Na material existe a imutabilidade da sentença que se projeta fora do processo, obrigando o juiz de outro processo a acatar tal decisão, ou seja, veda-se a discussão dentro e fora do processo em que foi proferida a decisão. Ex.: sentença.
	Importante ressaltar que a imutabilidade da sentença condenatória não absoluta, pois cabe em algumas hipóteses a Revisão Criminal (art. 621 do CPP).
	A coisa julgada obsta que os litígios se eternizem, tornando instáveis as relações jurídicas.
	Natureza jurídica
	A coisa julgada não é efeito da decisão, mas qualidade atribuída a esses efeitos capaz de lhes conferir imutabilidade.
	Cabimento da exceção de coisa julgada
	Identidade da demanda entre a ação proposta e uma outra já decidida por sentença transitada em julgado.
	Será arguida a exceção de coisa julgada quando o réu já foi julgado em definitivo sobre um fato e é proposta nova ação com base no mesmo fato já julgado.
	Necessário que a mesma coisa seja novamente pedida pelo mesmo autor contra o mesmo réu e sob o mesmo fundamento jurídico do fato.
	Será arguida exceção de litispendência quando existirem duas ações penais em curso, processando o mesmo réu pelo mesmo fato.
	Havendo duas ações iguais, uma delas será excluída. Exclui-se a segunda. Para determinar qual é a primeira ação, usa-se o critério do art. 219 do CPC, examinando-se em qual delas ocorreu primeiro a citação válida.
	Havendo uma segunda ação, sabemos que esta deverá ser sobrestada. Quais são as soluções apontadas pela doutrina?
	O juiz pode rejeitar a denúncia, caso reconheça a existência da coisa julgada. Desta decisão sabe RESE.
	SE o juiz perceber a existência da coisa julgada após o recebimento da denúncia, em qualquer fase do processo, ele poderá declará-la de ofício e extinguir o processo sem julgamento do mérito.
	Caso o juiz não declare a coisa julgada de ofício, o réu ou o MP poderão arguí-la desde que haja realmente uma decisão anterior com trânsito em julgado.
	O ofendido não pode propor ação penal privada subsidiária da pública se já houver anteriormente sentença transitada em julgado em ação proposta pelo MP.
	Rito
	É o mesmo da exceção de incompetência (art. 110 do CPP).
	Fases
	Pode ser arguida verbalmente ou por escrito, em qualquer fase do processo penal e em qualquer instância.
	O juiz deve ouvir a outra parte e o MP, caso este não tenha sido o autor da alegação.
	Será autuada em separado.
	Julgada procedente a exceção, a ação será extinta, cabendo RESE desta decisão. Julgada a improcedência a exceção, o interessado poderá impetrar HC. Vale ressaltar que a coisa julgada pode ser atacada via HC ou Revisão Criminal.
	STF (RT, 615/358) – réu absolvido da acusação de autor de homicídio, nada impede que seja processado como partícipe do mesmo fato, inexistindo o impedimento da coisa julgada.
CONFLITO DE JURISDIÇÃO
	Em qualquer fase do processo, um ou mais juízes tomam ou recusam tomar conhecimento do mesmo fato delituoso.
	O correto seria dizer conflito de competência. A própria Constituição Federal de 1988 fala dessa maneira. O objetivo é preservar o juiz natural. Há dois tipos de conflito de jurisdição:
	Conflito positivo de competência
	Ocorre quando dois ou mais juízos ou Tribunais se consideram, ao mesmo tempo, competentes para o exame de determinada causa.
	Conflito negativo de competência
	Ocorre quando dois ou mais juízos ou Tribunais se consideram, ao mesmo tempo, incompetentes para o exame de determinada causa.
	O conflito de competência pode ser suscitado:
	pelas partes, por requerimento – art. 115 do CPP;
	por representação do juiz.
	O conflito deve ser suscitado de forma escrita e fundamentada, com cópias da alegação (art. 116 do CPP). O relator recebe o processo e determina que os juízos envolvidos prestem informações. Com as informações, colhem o parecer do Ministério Público em segunda instância (Procurador-Geral). O conflito então é julgado.
	Para o conflito positivo, o procedimento tem forma própria, por meio de instrumento que é remetido ao Tribunal. Como o processo continua tramitando, a suspensão ou não dos atos processuais depende do relator do Tribunal. No conflito negativo, os próprios autos nos quais se suscita o conflito são encaminhados ao Tribunal. O processo fica suspenso até a decisão do Tribunal.
	Vide Súmula 59 do STJ.
COMPETÊNCIA PARA JULGAR OS CONFLITOS
	Cabe ao Supremo Tribunal Federal dirimir conflito envolvendo Tribunais Superiores. Se envolver o próprio STF e outro Tribunal não há conflito, o STF dá a palavra final. Se o conflito envolver Tribunais Superiores ou um Tribunal e um juiz, cabe também ao STF dirimir. Ex.: STJ X juiz de 1º grau, STJ X TRF.
	Cabe ao Superior Tribunal de Justiça dirimir conflitos envolvendo Tribunal Estadual ou Tribunal Regional Federal e um juízo a ele não vinculado. Ex.: TJ de São Paulo X juiz do Rio de Janeiro.
	Cabe ao Tribunal Regional Federal dirimir conflitos entre juízes federais da mesma região. Se for região diferente cabe ao STJ. Cabe também ao TRF julgar conflito entre juiz federal e juiz estadual com competência federal (ex.: art. 27 da Lei n° 6.368/76) – Súmula 3 do STJ.
	Cabe ao Tribunal Regional Eleitoral dirimir conflito envolvendo juízos eleitorais do mesmo Estado. De Estados diferentes cabe ao Tribunal Superior Eleitoral.
	Cabe ao Tribunal de Justiça dirimir conflitos entre juízos estaduais do mesmo Estado e Tribunal de Alçada (no âmbito penal só cabe ao Tribunal de Alçada Criminal), ou Tribunal e juiz.
	Entre Tribunal de Justiça e Tribunal de Alçada Criminal não há conflito. Conforme dispõe a Súmula 22 do STJ (“não há conflito de competência entre o Tribunal de Justiça e Tribunal de Alçada
do mesmo Estado-membro”), a competência é do Tribunal de Justiça.
RESTITUIÇÃO DE COISAS APREENDIDAS
	No inquérito policial a autoridade policial pode determinar a apreensão dos instrumentos e dos objetos que tiverem relação com o fato criminoso.
	Lavra-se um auto de apreensão e os instrumentos e demais objetos ficam sob custódia na polícia.
	A apreensão se dá também mediante a realização de buscas pessoais e domiciliares procedidas pela autoridade policial (arts. 6°, II e III e 11 do CP).
	Coisas apreendidas são aquelas que, de algum modo, interessam à elucidação do crime e de sua autoria, podendo configurar tanto elementos de prova, quanto elementos sujeitos a futuro confisco.
	Pode ser que apreendida a coisa, terceiros de boa-fé sejam prejudicados, bem como o acusado, na medida em que o objeto for de pouco ou nenhum interesse para causa. Em razão disso, instaura-se o incidente processual de restituição de coisas apreendidas.
	Enquanto for útil ao processo, a coisa apreendida não será devolvida. Ex.: arma do crime.
	Vide jurisprudência do TRF da 4ª Região – (Acr, 2005.70.02.006450-0-0-PR, 8ª Turma, rel. Marcelo Malucelli, 19.07.2006, Boletim AASP 2.496, p. 12720).
	
	Há que se atentar para o preceito do art. 91, II do CP.
	Em primeiro lugar, os instrumentos considerados proibidos (fato ilícito), nunca serão devolvidos ao acusado mesmo que seja absolvido. Ex.: o acusado que seja absolvido do crime de porte ilegal de arma restrita das forças armadas não terá em seu favor a restituição.
	É evidente que se a arma de uso restrito foi furtada de um cidadão de boa-fé, colecionador de armas restritas que tenha a devida autorização, ser-lhe-á restituída, pois a posse é lícita.
	No que tange ao produto do crime, como por exemplo no furto de joias, as mesmas serão restituídas ao terceiro de boa-fé. Caso não surja ninguém para reclamá-las, elas serão confiscadas pela União.
	Objetos que não são suscetíveis de apreensão podem ser sequestrados (art. 132 do CPP).
	Antes do trânsito em julgado da sentença condenatória, os objetos não serão restituídos se interessarem ao processo (art. 118 do CPP).
	
	Coisas restituíveis e não restituíveis
	Os instrumentos do crime cujo porte, detenção, uso, fabrico ou alienação constituam fato ilícito não poderão ser restituídos, respeitando-se o direito de terceiro de boa-fé ou do lesado – art. 779 do CPP c/c 91, II, a do CP.
	
	Restituição feita pelo juiz criminal
	Havendo dúvida quanto ao direito do reclamante, o requerimento deverá ser autuado à parte, formando-se um incidente – art. 120, § 4° do CPP.
	Coisas adquiridas com os proventos do crime
	Será objeto de sequestro nos termos do art. 132 do CPP.
	Instrumento do crime
	Arma de fogo – art. 25 da Lei n° 10.806/03.
	Importante destacar que o art. 25 não tem a sua abrangência restrita aos crimes previstos na lei repressora de armas, devendo incidir sobre qualquer delito que venha a ser praticado mediante o emprego de arma de fogo.
	As armas de fogo (acessórios ou munições), ao contrário do que determina o art. 91, II, a do CP, não são mais perdidas em favor da União, mas destruídas pelo Exército, ressalvado o direito do lesado ou terceiro de boa-fé, cuja as armas apreendidas deverão ser restituídas aos seus legítimos proprietários, desde que preenchidos os requisitos do art. 4° da Lei do Desarmamento.
	Lei de Drogas – Lei n° 11.343/06.
	A disciplina de apreensão, arrecadação e destinação dos bens do acusado, no caso de crimes de tóxicos, encontra-se prevista nos arts. 60 a 64 da referida lei.
	Os bens passíveis de serem apreendidos são:
	Produtos do crime: vantagem obtida com a prática criminosa. Ex.: dinheiro recebido com a venda da droga.
	Proveito auferido: vantagem indireta, conseguida a partir do produto. Ex.: carro comprado com a venda da droga.
	Veículos, embarcações, aeronaves, maquinários, instrumentos e objetos de qualquer natureza utilizados para a prática de crimes previstos na lei (art. 62).
INCIDENTE DE INSANIDADE MENTAL
Art. 149 do CPP.
	O incidente de insanidade mental é instaurado quando houver dúvida sobre a saúde mental do acusado. Pode ser instaurado no inquérito policial ou na ação penal, mas somente é instaurado por ordem judicial.
	A perícia psiquiátrica realizada no inquérito policial só pode ser instaurada pelo juiz. Se o delegado percebe a insanidade, representa à autoridade judiciária o incidente de insanidade mental, conforme o art. 149, § 1° do CPP.
	O incidente ode decorrer do requerimento das seguintes pessoas:
	Ministério Público;
	Defensor;
	Curador;
	Cônjuge, ascendente, descendente e irmão.
Observação
	O incidente pode também ser instaurado de ofício.
	No interrogatório o juiz percebe a insanidade mental do acusado. Seu defensor junta ao processo a interdição, no cível, do acusado. Ainda assim deve realizar o incidente de insanidade mental?
	O incidente é instaurado quando há dúvida sobre a saúde mental e para verificar se na época dos atos era o indivíduo imputável ou inimputável, conforme art. 26, PU do CP. Não basta a doença mental, precisa saber se em virtude dela, ao tempo da ação ou omissão, era incapaz de entender o caráter ilícito da infração. A interdição no cível é irrelevante para o processo penal. A perícia penal visa verificar a imputabilidade.
PROCEDIMENTO DO INCIDENTE DE INSANIDADE MENTAL
	O incidente é autuado em apartado (art. 153 do CPP), o juiz expede portaria de instauração e nomeia curador. Se já houver processo em andamento, esse ficará suspenso até julgamento do incidente. Determina o juiz que as partes elaborem quesitos. Com os quesitos é realizada a perícia psiquiátrica. O prazo para a realização do exame é de 45 dias, prorrogável por igual período, conforme art. 150, § 1° do CPP.
	As partes examinam o laudo, se estiver regular, o juiz homologará. A homologação do laudo não significa concordância. A homologação diz respeito somente quanto aos aspectos formais.
	O juiz não está vinculado ao laudo em razão do princípio do livre convencimento do juiz.
	O laudo pode concluir pela:
	imputabilidade;
	semi-imputabilidade – CF e art. 151 do CPP;
	inimputabilidade – art. 151 do CPP;
	doença mental superveniente – CF e art. 152 do CPP.
	Se o laudo decidir pela imputabilidade, prosseguir o processo que estava suspenso, dispensando-se o curador que foi nomeado. Se concluir pela semi-imputabilidade, o processo segue com o curador nos autos. Concluindo pela doença mental superveniente, o processo continuará suspenso.
DA PROVA
CONCEITO
	Prova é todo elemento trazido ao processo, destinado a comprovar a realidade de um fato, a existência de algo ou a veracidade de uma afirmação. Sua finalidade é fornecer subsídios para a formação da convicção do julgador.
OBJETO DE PROVA
	São objetos de prova os fatos principais e secundários capazes de influenciar a responsabilidade criminal criminal do réu, a aplicação da pena e a medida de segurança.
	Alguns fatos, entretanto, INDEPENDEM de prova. São eles:
	o direito não pode ser objeto de prova, pois o juiz é obrigado a conhecê-lo (iura novi cúria);
	os fatos axiomáticos, isto é, aqueles fatos evidentes. Grau de certeza que se tem do conhecimento sobre algo. A convicção já está formada, não carece de prova. Ex.: ciclista atropelado por uma jamanta e seu corpo é despedaçado. Não é necessário o exame cadavérico – art. 162, PU;
	os fatos irrelevantes, aqueles capazes de influenciar a responsabilidade criminal do réu, no caso concreto, na apuração da verdade real. Ex.: testemunha afirma que o crime se deu em momento próximo ao do jantar, e o juiz quer saber quais os pratos que foram servidos durante tal refeição;
	os fatos sobre os quais incida presunção absoluta (iures et de iuri) e relativa (juris tantum). Ex.: não há como se provar que um menor de 18 anos de idade tinha
capacidade de entender o caráter ilícito do fato, pois a lei presume sua incapacidade (inimputabilidade) de modo absoluto (juris et de iuri), não se admitindo prova em contrário; sujeito pratica um crime em estado de embriaguez, provocada por ingestão voluntária ou culposa de álcool ou substância entorpecente, não poderá provar que não sabia o que estava fazendo, pois a lei presume sua responsabilidade sem admitir prova em contrário (actio libera in causa).
CLASSIFICAÇÃO DAS PROVAS
	Prova direta
	Refere-se diretamente ao tema probandum. Ex.: testemunha presencial, exame de corpo de delito.
	Prova indireta
	Refere-se indiretamente ao tema probandum. Leva-se em consideração outros fatos de natureza secundária, relacionados com o primeiro. Ex.: álibi apresentado pelo acusado.
	Prova pessoal
	A prova emana de uma pessoa, através de afirmações pessoais e conscientes. Ex.: interrogatório, testemunha.
	Prova documental
	A prova é produzida por escrito. Ex.: laudo pericial.
	Prova material
	Refere-se a objetos. Obtida por meio químico, físico ou biológico. Ex.: instrumentos do crime, arma do crime, vistorias, corpo de delito.
	Prova plena
	É a prova que conduz a um juízo de certeza.
	Prova não plena
	Baseada em indícios. É a prova que conduz a um juízo de probabilidade. Para a decisão de pronúncia a ceita-se a prova não plena, mas para a condenação é necessária a prova plena.
MEIOS DE PROVA
	Meios de prova são os métodos por meios dos quais a prova pode ser levada ao processo. Os meios de prova podem ser:
	Nominados
	São os documentos, acareações, reconhecimento de pessoas e objetos, interceptação telefônica, interrogatório. São todos os meios de prova previstos na legislação.
	Inominados
	São aqueles meios de prova que não estão previstos expressamente na legislação. Ex.: juntar fita de vídeo, com um programa de TV em que o acusado aparece para mostrar aos jurados.
SUJEITOS DA PROVA
	Os sujeitos da prova são as pessoas incumbidas de levar ao juiz os meios de prova. São as testemunhas, com o depoimento; o réu, com o interrogatório; e o perito, com o laudo.
PRINCÍPIOS RELATIVOS À PROVA
	Princípio da Comunhão da Prova
	Uma vez trazida aos autos uma prova, ela se incorpora ao processo. Por essa razão, a prova trazida por uma das partes pode ser usada pela parte contrária. Além disso, uma vez admitida a prova, para que a parte desista dela, deve haver anuência da parte contrária.
	Princípio da Audiência Contraditória
	À parte contrária sempre deve ser dado o direito de impugnar a prova produzida pelo ex adverso.
	Princípio da Liberdade dos Meios de Prova
	No Processo Penal são admitidos todos os meios de prova, nominados ou inominados, salvo as provas ilícitas ou as provas ilegítimas.
	Vigora no processo penal o princípio da verdade real, o que se poderia levar a crer que não exista nenhuma espécie de limitação à prova. Tanto a doutrina quanto a jurisprudência entendem que os meios de prova elencados no CPP são exemplificativos.
	Todavia, este princípio sofre restrições – art. 158. Exige-se o exame de corpo de delito para as infrações que deixarem vestígios, não se admitindo que seja suprido pela confissão do acusado. O caput do art. 155 preceitua textualmente que o juiz proferirá sua decisão escorado na livre apreciação da prova mediante contraditório, vedando-se cabalmente a fundamentação de sua decisão exclusivamente nos elementos colhidos na investigação, ressalvadas as não repetíveis e antecipadas.
	Provas urgentes são produzidas de imediato, sob pena de se perderem. As provas não receptíveis podem ser consideradas os vários tipos de exames periciais como, por exemplo, o laudo necroscópico. As antecipadas são, por exemplo, o testemunho de uma pessoa muito idosa ou de uma pessoa que se encontra gravemente enferma, em estado terminal.
PROVA PROIBIDA – Art. 5º, LVI da CRFB.
	É a prova produzida por meios ilícitos, em contrariedade a uma norma legal específica.
	Prova ilícita é a prova produzida com desrespeito à regra do direito material. Ilícitas são todas as provas que violem também normas de direito penal, direito civil, comercial ou administrativo, bem como aquelas que afrontem princípios constitucionais. Ex.: confissão mediante tortura (Lei n° 9.455/97); apreensão de documento mediante violação de domicílio (art. 150 do CP); interceptação telefônica sem a devida autorização judicial (art. 10 da Lei nº 9.296/96).
Destacamos:
	“É indubitável que a prova ilícita, entre nós, não se reveste da necessária idoneidade jurídica como meio de formação do convencimento do julgador, razão pela qual deve ser desprezada, ainda que em prejuízo da apuração da verdade. É um pequeno preço que se paga por viver-se em um Estado Democrático de Direito”. (STF, Plenário, Apn 307-3/DF, rel. Min. Ilmar Galvão, DJU, de 13 de outubro de 1995, RTJ 162-3:340).
	Com o advento da Lei nº 11.690/09, as provas ilícitas passaram a ser disciplinadas no art. 157 do CPP, não fazendo mais a distinção das provas ilícitas das ilegítimas, concebendo como prova ilícita tanto aquela que viole disposições materiais como processuais.
	Provas ilícitas por derivação (fruits of the poisonous tree)
	São provas que em si mesmas são lícitas, mas produzidas a partir de uma obtida ilicitamente.
Ex.: confissão conseguida mediante tortura, em que se descobre o lugar onde se encontra o produto do crime, propiciando sua apreensão regular calcada na lei. Não obstante a apreensão do produto ter sido feita de acordo com os ditames legais, esta última prova estaria contaminada pelo vício de origem, qual seja: a confissão mediante tortura.
Ex.: interceptação telefônica feita ao revés do que está preceituado no art. 10 da Lei nº 9.296/96, em que se descobre uma testemunha do fato que, em depoimento regularmente prestado, incrimina o acusado. Tais provas não poderão, em tese, ser aceitas porquanto contaminadas pelo vício de ilicitude em sua origem que atinge todas as provas subsequentes. Serão ilícitas as demais provas que delas se originarem (art. 573, § 1º do CPP).
	No STF, inicialmente a teoria dos frutos da árvore envenenada fora repelida, admitindo-se as provas ilícitas por derivação (vide HC 69.912-0 DO RS). Votou pela inadmissibilidade do Eminente Ministro Sepúlveda Pertence, que em seu voto afirmou que essa teoria “é a única capaz de dar eficácia à garantia constitucional da inadmissibilidade da prova ilícita, porque de nada adiantaria vedar a própria interceptação e admitir que as informações nela colhidas pudessem ser aproveitadas”. O resultado do julgamento foi, portanto, 5x6, admitindo serem válidas as provas ilícitas por derivação.
	No julgamento do HC 72.588/PB o STF confirmou sua nova posição pela inadmissibilidade das provas ilícitas por derivação.
	Teoria da Proporcionalidade
	Segundo a teoria alemã, não é razoável se desprezar sempre, toda e qualquer prova ilícita, pois em alguns casos o interesse que se quer defender é muito mais relevante do que a intimidade que se deseja preservar.
	Havendo conflitos entre princípios fundamentais na Constituições, dependendo da razoabilidade do caso concreto, mister que se faça a comparação entre eles para verificar qual deva prevalecer.
	O juiz, dependendo do caso concreto, poderá admitir uma prova ilícita ou sua derivação, para evitar a condenação injusta ou a impunidade de perigosos marginais.
Ex.: pessoa acusada injustamente que tenha na interceptação telefônica igual o único meio de demonstrar a sua inocência.
Ex.: organização criminosa que teve ilegalmente seu sigilo telefônico violado e descoberta toda a sua trama ilícita.
	O que seria mais benéfico para a sociedade: desbaratamento da quadrilha ou a preservação do seu direito à intimidade?
	
	Prova ilícita pro reo
	Admite-se a prova colhida com infringência a lei, desde que seja em favor do réu, a
fim de evitar condenações injustas,
	Prova ilícita pro societate
	Os valores envolvidos que se contrastam devem ser sopesados pelo juiz.
Ex.: carta apreendida ilicitamente, que seria dirigida ao chefe de uma poderosa rede de narcotráfico internacional.
	O que é mais importante??? Poderia se invocar a justificativa do estado de necessidade? - vide HC 70.814-5 do STF.
	Art. 157 do CPP
	Trata o referido artigo especificamente da vedação das provas ilícitas, bem como do seu desentranhamento do processo.
	Antes da edição da Lei nº 11.690/08, o STF já vinha determinando o desentranhamento da prova ilícita – ver HC 80.949.
	§ 1º: se não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras, não há que se falar em provas derivadas ilícitas.
	O STF já vinha adotando esse entendimento de se preservar, por exemplo, a denúncia respaldada em prova autônoma, independente da prova ilícita impugnada por força da não observância de formalidade na execução de mandato de busca e apreensão. A prova derivada será considerada fonte autônoma, independente da prova ilícita impugnada por força da não observância de formalidade na execução de mandado de busca e apreensão. A prova derivada será considerada fonte autônoma, independente de prova ilícita, quando a conexão entre umas e outras for tênue, de modo a não se colocarem as primárias e secundárias numa relação de causa e efeito – vide HC do STF 84.679/MS.
	Provas ilícitas e a inviolabilidade do sigilo das comunicações
			Comunicação por carta e telegráfica
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
XII – é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal;
	A CRFB consagra a inviolabilidade do sigilo das comunicações por carta, telegráficas, de transmissão de dados e telefônicas. Esta última pode ser quebrada desde que haja autorização legal.
	Vejam que a CRFB não faz nenhuma alusão quanto a quebra do sigilo de correspondência e das comunicações telegráficas. Pode-se dizer então que o direito ao sigilo das correspondências é absoluto?
	Segundo a doutrina de Uadi Lammego Bulos, as garantias fundamentais do homem não podem servir de apanágio à desordem, ao caos, à subversão da ordem pública.
	Nenhuma liberdade individual é absoluta. Ela comporta exceções para preservar o ditame da legalidade.
	Afigura-se possível a interceptação das correspondências epistolares e telegráficas, sempre que as liberdades públicas estiverem sendo utilizadas como instrumento de salvaguarda de práticas ilícitas. Vide jurisprudência.
HC 708.14/SP – São Paulo
HABEAS CORPUS
Relator(a): Min. Celso de Mello
Julgamento: 01/03/1994	Órgão Julgador: 1ª Turma
Partes:
PACIENTE: Ulisses Azevedo Soares
IMPETRANTE: Ulisses Azevedo Soares
COATOR: Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo
EMENTA: HABEAS CORPUS – ESTRUTURA FORMAL DA SENTENÇA E DO ACÓRDÃO – OBSERVÂNCIA – ALEGAÇÃO DE INTERCEPTAÇÃO CRIMINOSA DE CARTA MISSIVA REMETIDA POR SENTENCIADO – UTILIZAÇÃO DE CÓPIAS XEROGRÁFICAS NÃO AUTENTICADAS – PRETENDIDA ANÁLISE DA PROVA – PEDIDO INDEFERIDO. - A estrutura formal da sentença deriva da fiel observância das regras inscritas no art. 381 do Código de Processo Penal. O ato sentencial que contém a exposição sucinta da acusação e da defesa e que indica os motivos em que se funda a decisão satisfaz, plenamente, as exigências impostas pela lei. - A eficácia probante das cópias xerográficas resulta, em princípio, de sua formal autenticação por agente público competente (CPP, art. 232, parágrafo único). Peças reprográficas não autenticadas, desde que possível a aferição de sua legitimidade por outro meio idôneo, podem ser validamente utilizadas em juízo penal. - A administração penitenciária, com fundamento em razões de segurança pública, de disciplina prisional ou de preservação da ordem jurídica, pode, sempre excepcionalmente, e desde que respeitada a norma inscrita no art. 41, parágrafo único, da Lei n. 7.210/84, proceder a interceptação da correspondência remetida pelos sentenciados, eia que a cláusula tutelar da inviolabilidade do sigilo epistolar não pode constituir instrumento de salvaguarda de práticas ilícitas. - O reexame da prova produzida no processo penal condenatório não tem lugar na ação sumaríssima de habeas corpus.
	Provas ilícitas e a inviolabilidade do sigilo das comunicações telefônicas
	Antes da vigência da Lei n° 9.296/96, o STF já se orientava no sentido de considerar ilícitas quaisquer provas obtidas por meio de escuta telefônica, ainda que autorizada pela justiça, pela falta de lei específica regulamentando o tema. Vide HC 69.912-0/RS:
PROVA ILÍCITA: ESCUTA TELEFÔNICA MEDIANTE AUTORIZAÇÃO JUDICIAL: AFIRMAÇÃO PELA MAIORIA DA EXIGÊNCIA DE LEI, ATÉ AGORA NÃO EDITADA, PARA QUE, “NAS HIPÓTESES E NA FORMA” POR ELA ESTABELECIDAS, POSSA O JUIZ, NOS TERMOS DO ART. 5, XII, DA CONSTITUIÇÃO, AUTORIZAR A INTERCEPTAÇÃO DE COMUNICAÇÃO TELEFÔNICA PARA FINS DE INVESTIGAÇÃO CRIMINAL; NÃO OBSTANTE, INDEFERIMENTO INICIAL DO HABEAS CORPUS PELA SOMA DOS VOTOS, NO TOTAL DE SEIS, QUE, OU RECUSARAM A TESE DA CONTAMINAÇÃO DAS PROVAS DECORRENTES DA ESCUTA TELEFÔNICA, INDEVIDAMENTE AUTORIZADA, OU ENTENDERAM SER IMPOSSÍVEL, NA VIA PROCESSUAL DO HABEAS CORPUS, VERIFICAR A EXISTÊNCIA DE PROVAS LIVRES DA CONTAMINAÇÃO E SUFICIENTES A SUSTENTAR A CONDENAÇÃO QUESTIONADA; NULIDADE DA PRIMEIRA DECISÃO, DADA A PARTICIPAÇÃO DECISIVA, NO JULGAMENTO, DE MINISTRO IMPEDIDO (MS 21.750, 24.11.93, VELLOSO); CONSEQUENTE RENOVAÇÃO DO JULGAMENTO, NO QUAL SE DEFERIU A ORDEM PELA PREVALÊNCIA DOS CINCO VOTOS VENCIDOS NO ANTERIOR, NO SENTIDO DE QUE A ILICITUDE DA INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA – A FALTA DE LEI QUE, NOS TERMOS CONSTITUCIONAIS, VENHA A DISCIPLINÁ-LA E VIABILIZÁ-LA – CONTAMINOU, NO CASO, AS DEMAIS PROVAS, TODAS ORIUNDAS, DIRETA OU INDIRETAMENTE, DAS INFORMAÇÕES OBTIDAS NA ESCUTA (FRUITS OF THE POISONOUS TREE), NAS QUAIS SE FUNDOU A CONDENAÇÃO DO PACIENTE.
	O art. 57, II, e, do CBT (Lei n° 4.117/62) não fixava a forma, nem determinava os casos em que se poderia admitir a interceptação.
	Com a entrada em vigor da Lei n° 9.296/96, passou a ser admitida a interceptação de conversas telefônicas.
Art. 1° A interceptação de comunicações telefônicas, de qualquer natureza, para prova em investigação criminal e em instrução processual penal, observará o disposto nesta Lei e dependerá de ordem do juiz competente da ação principal, sob segredo de justiça.
Parágrafo único. O disposto nesta Lei aplica-se à interceptação do fluxo de comunicações em sistemas de informática e telemática.
Art. 2° Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando ocorrer qualquer das seguintes hipóteses:
I – não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal;
II – a prova puder ser feita por outros meios disponíveis;
III – o fato investigado constituir infração penal punida, no máximo, com pena de detenção.
Parágrafo único. Em qualquer hipótese deve ser descrita com clareza a situação objeto da investigação, inclusive com a indicação e qualificação dos investigados, salvo impossibilidade manifesta, devidamente justificada.
	Para fins de considerar a prova como ilícita, a doutrina tem classificado as interceptações telefônicas do seguinte modo:
	Interceptação telefônica em sentido estrito: captação da conversa telefônica por um terceiro, sem o conhecimento dos interlocutores (grampeamento);
	Escuta telefônica: captação da conversa com o consentimento de apenas um dos
interlocutores (a polícia costuma fazer escuta em casos de sequestro, sem o conhecimento do sequestrador do outro lado da linha);
	Interceptação ambiental: é a interceptação de conversa presentes, realizada por terceiro, dentro do ambiente em que situam os interlocutores, sem o conhecimento por parte destes;
	Escuta ambiental: é a interceptação de conversa entre presentes, realizada por terceiro, com conhecimento de um ou alguns;
	Gravação clandestina: praticada pelo próprio interlocutor ao registrar sua conversa (telefônica ou não), sem o conhecimento da outra parte.
	Segundo a doutrina, tanto a interceptação strictu sensu, quanto a interceptação telefônica, inserem-se na expressão “interpretação”, prevista no art. 5°, XII da CRFB, submetendo-se às exigências da Lei n° 9.296/96.
	Para Ada Pellegrini Grinover, o procedimento da Lei n° 9.296/96 aplica-se: a interceptação em sentido estrito, a escuta telefônica e gravação clandestina, sob pena da prova ser reputada como ilícita.
	Posição contrária foi adotada pelo STF, que aceitou como válida a gravação de conversa telefônica como prova, porquanto a garantia constitucional refere-se à interceptação telefônica de conversa por terceiros. Segundo o posicionamento do STF, as gravações telefônicas, que consistem na captação da comunicação via fone feita por um dos comunicadores, sem o consentimento do outro, estão fora da disciplina jurídica da Lei n° 9.296/96 e da proibição do art. 5°, XII, da CRFB, podendo ser produzidas sem necessidade de prévia autorização legal (STF, HC 75.338/RJ).
	Conclui-se que a interceptação em sentido estrito e a escuta telefônica, quando feitas fora das hipóteses legais ou sem autorização judicial, não devem ser admitidas, por afronta ao direito à privacidade.
	Contudo, há o princípio da proporcionalidade, que tanto pode ser admitido pro reo, quanto pro societate. É lícita a gravação de conversas telefônicas através do telefone da vítima, com o seu conhecimento, nas quais restam evidentes extorsões cometida pelos criminosos?
	
	Interceptação e gravação ambiental
	Não constituem objeto da Lei n° 9.296/96. Contudo, a doutrina considera que a prova será ilícita se a conversação ou palestra era reservada, por ofensa ao direito da intimidade (art. 5°, X), devendo ser aceita ou não, de acordo com a proporcionalidade dos valores colocados em questão (art. 2°, IV da Lei n° 9.034/95).
	Sigilo de dados telefônicos
	Não se confunde com a interceptação das comunicações telefônicas.
	As empresas que operam na área de comunicação telefônica armazenam dados correspondentes ao dia em que a chamada foi feita, horário, número do telefone, duração da chamada, etc.
	A interceptação da conversa telefônica versa sobre algo que está correndo, atual. Já a quebra do sigilo dos dados telefônicos relaciona-se com chamadas telefônicas pretéritas, já realizadas.
	Segundo posição predominante na doutrina, os registros de ligações já efetuadas são documentos como outros quaisquer, os quais não necessitam de procedimento especial para ser requisitado pelo juiz.
	Em se tratando de CPI's, a CRFB confere poderes para que os parlamentares requisitem dados já armazenados de comunicações telefônicas pretéritas. Quando for interceptação telefônica, as CPI's deverão se submeter a disciplina da Lei n° 9.296/96.
	O MP consoante arrimo da própria CRFB (art. 129, VI), poderá requisitar dados de ligações telefônicas pretéritas, pois se tratam de meros documentos que registram fatos já ocorridos, informando apenas o tempo de duração da conversa e as linhas envolvidas.
	Provas ilícitas e a quebra do sigilo bancário e fiscal
	A violação ilegal do sigilo bancário caracteriza crime punido com reclusão de um a quatro anos, segundo o art. 10 da LC n° 105/2001.
	Segundo a LC n° 105/2001, podem decretar a quebra de sigilo bancário:
	Poder Judiciário, desde que haja justa causa e o despacho seja devidamente fundamentado (art. 93, IX da CRFB);
	As autoridades administrativas do Banco Central e agentes de fiscalização de quaisquer das esferas federativas, sem autorização do Poder Judiciário, mediante requisição indireta, quando houver procedimento administrativo em andamento ou fundada suspeita de lavagem de dinheiro, evasão de divisas para paraísos fiscais. A CRFB autoriza tais medidas de acordo com o art. 145, § 1°.
ÔNUS DA PROVA
	O ônus da prova é o encargo que recai sobre as partes, impondo-lhes o dever de provar algo, sob pena de suportar uma situação processual adversa.
	A acusação deve fazer prova plena da autoria e da materialidade do delito. Compete, ainda, a acusação fazer prova do elemento subjetivo, isto é, do dolo da ação ou do elemento normativo, ou seja, a culpa: provar que o agente agiu com imprudência, negligência ou imperícia.
	O ônus é exclusivo do MP.
	O poder de acusar supõe o dever estatal de provar licitamente a imputação penal.
	A regra esculpida no art. 156 do CPP não é absoluta, uma vez que conforme o inciso II, é facultado ao juiz de ofício determinar, no curso da instrução ou antes de proferir a sentença, a realização de diligências para dirimir dúvidas sobre ponto relevantes.
PROCEDIMENTO PROBATÓRIO
	Importa em quatro momentos distintos:
	Proposição: momento em que a prova é proposta, a partir da configuração dos fatos que constituem a lide penal. Vide arts. 396-A e 406, § 3° do CPP.
	Admissão: o juiz defere ou não a produção das provas propostas.
	Produção: ato processual que traz ao juízo os diferentes elementos de convicção oferecidos pelas partes. Segundo o art. 400, § 1° do CPP, as provas serão produzidas numa só audiência, podendo o juiz indeferir as consideradas irrelevantes, impertinentes ou protelatórias.
	Apreciação: momento que o magistrado na sentença valorará as provas produzidas nos autos.
PROVA EMPRESTADA
	É aquela produzida em determinado processo e a ele destinada, depois transportada, por translado, certidão ou qualquer outro meio autenticatório, para produzir efeito como prova em outro processo.
	Requisitos
	Que tenha sido colhida de processo entre as mesmas partes
	Em se tratando de ação penal pública, deve ser entre o MP e o acusado. Se for de iniciativa privada, entre o ofendido e o acusado.
	Tratando-se de partes diferentes, a prova emprestada não tem a mesma eficácia que tinha no processo original e, por isso, deve se submeter no processo penal para o qual foi transferida, ao crivo do contraditório. Se a prova for testemunhal, o juiz deve marcar audiência para oitiva da mesma para que as partes possam contraditá-la, uma vez que o contraditório que houve no processo original (de onde foi transferida) não foi entre as mesmas partes.
	Que tenham sido observadas, no processo anterior, as formalidades previstas em lei durante a produção de prova
	Respeito a todas as formalidades legais para a prática dos atos processuais.
	Que o fato probando seja o mesmo
	O fato objeto da prova deve ser idêntico tanto no processo onde a prova foi produzida quanto no processo para o qual será transferida.
Ex.: testemunha ouvida no processo que apura um crime de homicídio imputado a Caio. A mesma depõe dizendo que no dia do fato viu Caio ao volante de um automóvel, marca Ford, cor azul, com um bagageiro no teto. Digamos que Caio, agora, responde pelo crime de receptação de um automóvel com as mesmas características. O depoimento da testemunha ouvida no processo de homicídio poderá ser levado para o processo de crime de receptação como prova emprestada, pois o objeto da prova é o mesmo.
	Que tenha havido o contraditório no processo do qual a prova será transferida
	Sob pena de não poder ser motivada pelo juiz em sua sentença, a prova deverá ter sido submetida ao contraditório no processo do qual ela será transferida.
	Diante do princípio do contraditório, parte da doutrina sustenta que a prova emprestada não pode gerar efeito contra
quem não tenha figurado como uma das partes no processo originário.
	Não se admite prova emprestada quando transplantada de inquérito policial, uma vez que é pressuposto básico que ela tenha sido produzida originalmente perante as mesmas partes e sob o crivo do contraditório.
ÁLIBI
	Significa em “outra parte”, “em outro local”. É a alegação fática feita pelo acusado visando a demonstrar a impossibilidade material de ter praticado o crime.
SISTEMA DE APRECIAÇÃO DA PROVA
	Sistema da prova legal ou da certeza moral do legislador, da verdade formal ou tarifada
	O julgador está atrelado à lei, fica preso a regras preestabelecidas, que atribuem o valor de cada prova, não deixando para o julgador qualquer margem de discricionariedade.
Ex.: art. 158 do CPP.
	Sistema da certeza moral do julgador ou da íntima convicção
	Vigora nas decisões proferidas pelo júri popular, pois o jurado profere seu voto sem necessidade da fundamentação.
	Sistema do livre convencimento motivado ou persuasão racional juiz
	Nesse sistema, o julgador tem liberdade para decidir, porém, com a obrigação de fundamentar seu julgamento (art. 93, IX da CRFB).
	No Brasil, o Código de Processo Penal adota o sistema do livre convencimento motivado (art. 155).
	Somente a prova produzida em contraditório judicial poderá servir de fundamento para a sentença condenatória, vedado ao juiz formar sua convicção exclusivamente nos elementos informativos colhidos no IP.
PROVAS EM ESPÉCIE
	Das perícias
	Perícia
	É um exame feito por pessoas em conhecimentos específicos.
	Objeto da perícia
	Escrito, cadáveres, o corpo do delito, etc.
	Como são feitas?
	Descrição minuciosa do que foi observado;
	Respostas aos quesitos; e
	Sempre que possível, deve ser instruída com fotografias.
	Laudo pericial
	É o documento elaborado pelos peritos.
	Quem determina a perícia?
	A autoridade policial, se na fase de investigação; o juiz, se na fase de processo.
	As partes podem requerer perícia.
	Quesitos
	Na fase policial é formulado pela autoridade policial, no juízo é formulado pelo juiz e pelas partes (art. 176).
	Perito
	Só pode ser perito quem tem curso superior. O perito é um auxiliar do juiz. Há peritos oficiais, que são peritos concursados e peritos não oficiais, que são os peritos não concursados.
	Número de peritos
	Antes da Lei n° 11.690/08 as perícias eram feitas por dois peritos. Com a reforma (Lei n° 11.690/08), o art. 159 passou a ter a seguinte redação: “O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizadas pelo perito oficial, portador de diploma de curso superior”.
	Na falta de perito oficial, o exame será realizado por duas pessoas idôneas, portadores de diploma de curso superior preferencialmente na área específica, dentre as que tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza do exame.
	
	Assistente técnico
	Antes da Lei n° 11.690/08, só existia no processo civil. Agora, os §§ 3° e 4° do art. 159 fazem menção expressa à figura do assistente técnico.
§ 3° Serão facultados ao Ministério Público, ao assistente acusado, ao ofendido, ao querelante e ao acusado a formulação de quesitos e indicação de assistente técnico.
§ 4° O assistente técnico atuará a partir de sua admissão pelo juiz e após a conclusão dos exames e elaboração do laudo pelos peritos oficiais, sendo as partes intimadas desta decisão.
§ 5° Durante o curso do processo judicial, é permitido às partes, quanto à perícia:
I – requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a prova ou para responderem a quesitos, desde que o mandado de intimação e os quesitos ou questões a serem esclarecidas sejam encaminhadas com antecedência mínima de 10 (dez) dias, podendo apresentar as respostas em laudo complementar;
II – indicar assistentes técnicos que poderão apresentar pareceres em prazo a ser fixado pelo juiz ou ser inquiridos em audiência;
§ 6° Havendo requerimento das partes, o material probatório que serviu de base à perícia será disponibilizado no ambiente do órgão oficial, que manterá sempre sua guarda, e na presença de perito oficial, para exame pelos assistentes, salvo se for impossível a sua conservação.
§ 7° Tratando-se de perícia complexa que abranja mais de uma área de conhecimento especializado, poder-se-á designar a atuação de mais de um perito oficial, e a parte indicar mais de um assistente técnico.
	Exame de corpo de delito
	Corpo de delito é o conjunto de vestígios deixados pelo crime.
	O exame de corpo de delito é a comprovação pericial do corpo de delito.
	Regras sobre o exame de corpo de delito:
	quando o crime deixa vestígios é ele imprescritível, sob pena de nulidade;
	pode ser direto ou indireto.
		Direto: é feito pelos peritos.
	Indireto: quando desaparecem os vestígios, a prova testemunhal pode suprir o exame direto.
	O boletim médico não vale como laudo, mas é uma prova indireta.
Exceção: § 1° do art. 77 da Lei n° 9.099/95 – o exame de corpo de delito poderá ser dispensado quando a materialidade do crime estiver aferida por um BAM ou prova equivalente.
	Para iniciar o processo é preciso o exame de corpo de delito?
	Em regra não é preciso. Mas há certos processos que o necessitam. Por exemplo: no caso de entorpecentes não é possível nem lavrar o auto de prisão em flagrante sem o laudo prévio de entorpecentes, quanto mais a denúncia.
	Ainda se referindo ao tráfico de entorpecentes, importante esclarecer que para o juiz proferir a sentença, é imprescindível que já esteja nos autos o laudo definitivo de entorpecentes.
	O laudo pode ser feito em qualquer hora e qualquer dia, devendo sempre ser fundamentado.
	Necrópsia e autópsia
	É o exame feito no cadáver. Tem como finalidade descobrir a “causa mortis”. Emite-se um laudo necroscópico.
Art. 162. A autópsia será feita pelo menos seis horas depois do óbito, salvo se os peritos, pela evidência dos sinais de morte, julgarem que possa ser feita antes daquele prazo, o que declararão no auto.
Parágrafo único. Nos casos de morte violenta, bastará o simples exame externo do cadáver, quando não houver infração penal que apurar, ou quando as lesões externas permitirem precisar a causa da morte e não houver necessidade de exame interno para a verificação de alguma circunstância relevante.
	Exumação
	É o desenterramento do cadáver.
Art. 163. Em caso de exumação para exame cadavérico, a autoridade providenciará para que, em dia e hora previamente marcados, se realize a diligência, da qual se lavrará auto circunstanciado.
Parágrafo único. O administrador do cemitério público ou particular indicará o lugar da sepultura, sob pena de desobediência. No caso de recusa ou de falta de quem indique a sepultura, ou de encontrar-se o cadáver em lugar não destinado a inumações, a autoridade procederá às pesquisas necessárias, o que tudo constará no auto.
Art. 164. Os cadáveres serão sempre fotografados na posição em que forem encontrados, bem como, na medida do possível, todas as lesões externas e vestígios deixados no local do crime.
Art. 165. Para representar as lesões encontradas no cadáver, os peritos, quando possível, juntarão ao laudo do exame provas fotográficas, esquemas ou desenhos, devidamente rubricados.
Art. 166. Havendo dúvida sobre a identidade do cadáver exumado, proceder-se-á ao reconhecimento pelo Instituto de Identificação e Estatística ou repartição congênere ou pela inquirição de testemunhas, lavrando-se auto de reconhecimento e de identidade, no qual se descreverá, com todos os sinais e indicações.
	Do laudo
	O laudo principal às vezes é obscuro, omisso, onde o juiz pode determinar um laudo complementar para que os peritos declarem sobre a omissão e a obscuridade.
	Nas lesões corporais, às vezes, é necessário um laudo complementar para provar incapacidade por mais de 30 dias. A falta do laudo complementar
leva a caracterização de uma lesão leve.
Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta.
Art. 168. Em caso de lesões corporais, se o primeiro exame pericial tiver sido incompleto, proceder-se-á a exame complementar por determinação da autoridade policial ou judiciária, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público, do ofendido ou do acusado, ou de seu defensor.
§ 1° No exame complementar, os peritos terão presentes o auto de corpo de delito, a fim de suprir-lhe a deficiência ou retificá-lo.
§ 2° Se o exame tiver por fim precisar a classificação do delito no art. 129, § 1°, I, do Código Penal, deverá ser feito logo que decorra o prazo de 30 dias, contado da data do crime.
§ 3° A falta de exame complementar poderá ser suprida pela prova testemunhal.
Art. 169. Para o efeito de exame do local onde houver sido praticada a infração, a autoridade providenciará imediatamente para que não se altere o estado das coisas até a chegada dos peritos, que poderão instruir seus laudos com fotografias, desenhos ou esquemas elucidativos.
Parágrafo único. Os peritos registrarão, no laudo, as alterações do estado das coisas e discutirão, no relatório, as consequências dessas alterações na dinâmica dos fatos.
Art. 171. Nos crimes cometidos com destruição ou rompimento de obstáculo a subtração da coisa, ou por meio de escalada, os peritos, além de descrever os vestígios, indicarão com que instrumentos, por que meios e em que época presumem ter sido o fato praticado.
Art. 172. Proceder-se-á, quando necessário, à avaliação de coisas destruídas, deterioradas ou que constituam produto do crime.
Parágrafo único. Se impossível a avaliação direta, os peritos procederão à avaliação por meio dos elementos existentes nos autos e dos que resultarem de diligências.
	Havendo divergência entre dois peritos, o juiz nomeará um terceiro perito.
Art. 180. Se houver divergência entre os peritos, serão consignadas no auto do exame as declarações e respostas de um e de outro, ou cada um redigirá separadamente o seu laudo, e a autoridade nomeará um terceiro; se este divergir de ambos, a autoridade poderá mandar proceder a novo exame por outros peritos.
	O laudo não vincula o juiz.
Art. 182. O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em parte.
	Do interrogatório do acusado – arts. 185/196 do CPP
	é o ato pelo qual o juiz ouve o acusado sobre a imputação que lhe é feita. É verdadeiro meio de defesa, não obstante estar previsto no capítulo das provas.
	Pressuposto: citação do acusado.
	Momento: em regra, é feito após o recebimento da denúncia. Exceção: Lei n° 9.099/05, procedimento sumaríssimo.
	É um ato indispensável em duas hipóteses:
	quando o réu está preso;
	quando o réu se apresenta em juízo.
Art. 185. O acusado que comparecer perante a autoridade judiciária, no curso do processo penal, será qualificado e interrogado na presença de seu defensor, constituído ou nomeado.
	Fora estas hipóteses, é um ato dispensável.
	Características do interrogatório
	É ato personalíssimo.
	É ato judicial (só o juiz que interroga).
	É ato público (mas as partes podem interferir – art. 187).
	Em regra, é um ato oral. É um ato individual, ou seja, nenhum co-réu pode ser interrogado na presença de outro.
	Interrogatório onde o réu estiver preso
Art. 185, § 1° O interrogatório do réu preso será realizado, em sala própria, no estabelecimento em que estiver recolhido, desde que estejam garantidas a segurança do juiz, dos membros do Ministério Público e dos auxiliares bem como a presença do defensor e a publicidade do ato.
	Interrogatório por videoconferência
§ 2° Excepcionalmente, o juiz, por decisão fundamentada, de ofício ou a requerimento das partes, poderá realizar o interrogatório do réu preso por sistema de videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real, desde que a medida seja necessária para atender a uma das seguintes finalidades:
I – prevenir risco à segurança pública, quando exista fundada suspeita de que o preso integre organização criminosa ou de que, por outra razão, possa fugir durante o deslocamento;
II – viabilizar a participação do réu no referido ato processual, quando haja relevante dificuldade para seu comparecimento em juízo, por enfermidade ou outra circunstância pessoal;
III – impedir a influência do réu no ânimo de testemunha ou da vítima, desde que não seja possível colher o depoimento destas por videoconferência, nos termos do art. 217 deste Código;
IV – responder à gravíssima questão de ordem pública.
§ 3° Da decisão que determinar a realização de interrogatório por videoconferência, as partes serão intimadas com 10 (dez) dias de antecedência.
§ 4° Antes do interrogatório por videoconferência, o preso poderá acompanhar, pelo mesmo sistema tecnológico, a realização de todos os atos da audiência única de instrução e julgamento de que tratam os arts. 400, 411 e 531 deste Código.
§ 5° Em qualquer modalidade de interrogatório, o juiz garantirá ao réu o direito de entrevista prévia e reservada com o seu defensor; se realizado por videoconferência, fica também garantido o acesso a canais telefônicos reservados para comunicação entre o defensor que esteja no presídio e o advogado presente na sala de audiência do Fórum, e entre este e o preso.
§ 6° A sala reservada no estabelecimento prisional para a realização de atos processuais por sistema de videoconferência será fiscalizada pelos corregedores e pelo juiz de cada causa, como também pelo Ministério Público e pela Ordem dos Advogados do Brasil.
	Há quem entenda que o interrogatório por videoconferência atenta contra os princípios da dignidade da pessoa humana e o princípio da publicidade. O direito do réu de estar presente na corte, ficando frente a frente com o seu juiz natural.
	Requisição do réu preso
§ 7° Será requisitada a apresentação do réu preso em juízo nas hipóteses em que o interrogatório não se realizar na forma prevista nos §§ 1° e 2° deste artigo.
	Direito ao silêncio ou de ficar calado
	É um direito do réu, o qual vem consagrado na própria Constituição Federal. O silêncio do réu não significa confissão, não podendo por isso ser interpretado em prejuízo dele.
Art. 186. Depois de devidamente qualificado e cientificado do inteiro teor da acusação, o acusado será informado pelo juiz, antes de iniciar o interrogatório, do seu direito de permanecer calado e de não responder perguntas que lhe forem formuladas.
Parágrafo único. O silêncio, que não importará em confissão, não poderá ser interpretado em prejuízo da defesa.
	O réu tem direito a entrevista com o seu defensor, antes do interrogatório.
	Interrogatório de qualificação e de mérito
Art. 187. O interrogatório será constituído de duas partes: sobre a pessoa do acusado e sobre os fatos.
§ 1° Na primeira parte o interrogando será perguntado sobre a residência, meios de vida ou profissão, oportunidades sociais, lugar onde exerce a sua atividade, veda pregressa, notadamente se foi preso ou processado alguma vez e, em caso afirmativo, qual o juízo do processo, se houve suspensão condicional ou condenação, qual a pena imposta, se a cumpriu e outros dados familiares e sociais.
§ 2° Na segunda parte será perguntado sobre:
I – ser verdadeira a acusação que lhe é feita;
II – não sendo verdadeira a acusação, se tem algum motivo particular a que atribuí-la, se conhece a pessoa ou pessoas a quem deva ser imputada a prática do crime, e quais sejam, e se com elas esteve antes da prática da infração ou depois dela;
III – onde estava ao tempo em que foi cometida a infração e se teve notícia desta;
IV – as provas já apuradas;
V – se conhece as vítimas e testemunhas já inquiridas ou por inquirir, e desde quando, e se tem o que alegar contra elas;
VI – se conhece o instrumento com que foi praticada a infração, ou qualquer objeto que com esta se relacione e tenha sido apreendido;
VII – todos os demais fatos e pormenores que conduzam à elucidação dos antecedentes e circunstâncias da infração;
VIII – se tem algo mais a alegar em sua defesa.
	No interrogatório d qualificação o acusado não pode se valer do silêncio e nem mentir quanto aos seus dados e qualificação, sob pena de incorrer na contravenção penal prevista no art. 68 do Decreto-lei n° 3.688/41.
Art. 68. Recusar à autoridade, quando por esta, justificadamente solicitados ou exigidos, dados ou indicações concernentes à própria identidade, estado, profissão, domicílio e residência:
Pena – multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis.
Parágrafo único. Incorre na pena de prisão simples, de um a seis meses, e multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis, se o fato não constitui infração penal mais grave, quem, nas mesmas circunstâncias, faz declarações inverídicas a respeito de sua identidade pessoal, estado, profissão, domicílio e residência.
	Participação do MP e da defesa técnica no interrogatório
Art. 188. Após proceder ao interrogatório, o juiz indagará das partes se restou algum fato para ser esclarecido, formulando as perguntas correspondentes se o entender pertinente e relevante.
	Ao contrário do que diz o art. 189, o réu não precisa indicar provas, pois quem tem o ônus de provar o alegado é o órgão acusador.
Art. 189. Se o interrogando negar a acusação, no todo ou em parte, poderá prestar esclarecimentos e indicar provas.
	Interrogatório de mais de um acusado
Art. 191. Havendo mais de um acusado, serão interrogados separadamente.
	Interrogatório de deficientes auditivos, de estrangeiros que não saibam falar a língua nacional e analfabetos
Art. 192. O interrogatório do mudo, do surdo ou do surdo-mudo será feito pela forma seguinte:
I – ao surdo serão apresentadas por escrito as perguntas, que ele responderá oralmente;
II – ao mudo as perguntas serão feitas oralmente, respondendo-as por escrito;
III – ao surdo-mudo as perguntas serão formuladas por escrito e do mesmo modo dará as respostas.
Parágrafo único. Caso o interrogando não saiba ler ou escrever, intervirá no ato, como intérprete e sob compromisso, pessoa habilitada a entendê-lo.
Art. 193. Quando o interrogando não falar a língua nacional, o interrogatório será feito por meio de intérprete.
Art. 195. Se o interrogado não souber escrever, não puder ou não quiser assinar, tal fato será consignado no termo.
	Interrogatório do réu menor de 21 anos e maior de 18 anos
	Não há mais necessidade de curador, uma vez que pelo Código Civil o indivíduo alcança a maioridade ficando habilitado à prática de todos os atos da vida civil.
Art. 5°. A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil.
	A Lei n° 10.792/03 revogou expressamente o art. 194.
	Reinterrogatório do acusador
Art. 196. A todo tempo o juiz poderá proceder a novo interrogatório de ofício ou a pedido fundamentado de qualquer das partes.
	Da confissão
	É a admissão do fato imputado.
	A confissão pode ser:
	Judicial: é aquela feita em juízo. Tem valor relativo, assim como todas as provas, devendo ser corroborada pelas demais provas dos autos.
	Extrajudicial: é aquela feita fora do juízo. Não tem valor nenhum, salvo se ratificada em juízo. Também deve ser corroborada pelas demais provas dos autos.
	Simples: ocorre quando réu confessa o crime, mas não indica nada em seu benefício.
	Qualificada: ocorre quando o réu confessa o crime, mas indica algo em sua defesa.
Ex.: confessa, mas alega legítima defesa, estado de necessidade, etc.
	Características
	Ato personalíssimo.
	Ato livre e espontâneo.
	É retratável.
	É divisível, ou seja, pode-se confessar um fato e negar o outro.
	Confissão delatória
	Ocorre quando o réu confessa, mas incrimina outras pessoas. É também chamada de Chamamento de Cúmplice.
Art. 190. Se confessar a autoria, será perguntado sobre os motivos e circunstâncias do fato e se outras pessoas concorrerem para a infração, e quais sejam.
	Declarações do ofendido
	Vítima não é testemunha, não presta depoimento, é ouvida como informante. Se a vítima mente não responde por falso testemunho. O ofendido não presta compromisso. Se a vítima for co-réu, é ela interrogada.
	Condução coercitiva da vítima
	Art. 201 – é impossível.
	Valor probatório
	É relativo.
	Contraditório
	Respeita-se o contraditório, ou seja, o advogado tem direito a perguntas.
	Testemunhas
	É uma terceira pessoa que depõe sobre um fato.
	O valor probatório é relativo.
	A prova testemunhal pode ser:
	Direita: ocorre quando a testemunha depõe sobre fatos que viu, presenciou.
	Indireta: ocorre quando a testemunha depõe sobre fato que ouviu dizer.
	A testemunha pode ser:
	Própria: ocorre quando a testemunha depõe sobre fatos.
	Imprópria ou instrumentária: ocorre quando a testemunha depõe sobre a regularidade de um fato.
	Numerária: é a testemunha que presta compromisso. Entra no número legal possível.
	Informante: é a testemunha que não presta compromisso.
	Referida: é a testemunha que foi mencionada por outra testemunha. São ouvidas como testemunhas do juízo.
	Características
	Judicialidade: quem ouve a testemunha é o juiz.
	As partes tem direito a reperguntas.
	Objetividade: a testemunha não pode fazer valoração pessoal.
	Oralidade: em regra, o depoimento testemunhal é oral. Exceções: mudo, Presidente da República pode depor por escrito, etc.
	Retrospectividade: a testemunha só depõe sobre fatos passados.
	Individualidade: cada testemunha é ouvida separadamente das demais.
	Podem ser testemunhas
	Qualquer pessoa, inclusive menor, silvícolas, policiais, juízes, promotores, etc.
	Advogado que presenciou o crime é testemunha, não podendo ser contratado como advogado no processo.
	Curador do menor pode ser testemunha.
	Deveres da testemunha
	Dever de depor.
Exceções:
	Art. 207: quem tem o dever de guardar segredo não pode depor. Ex.: advogado, padre, etc.
	Art. 206: parentes do réu, salvo se não houverem outras testemunhas.
	Parlamentares: não são obrigados a depor sobre fatos que tomam conhecimento no exercício da profissão.
	Dever de prestar compromisso e dizer a verdade
	Se a testemunha mentir,estará cometendo o crime de falso testemunhos. Em regra, a testemunha sempre presta compromisso.
Exceções:
	Art. 206: parentes do réu.
	Art. 208: menor de 14 anos, deficiente mental, etc.
	Dever de comparecimento
Exceções:
	Art. 220: pessoa enferma, ou muito idosa, etc – juiz vai ouvi-la onde ela estiver.
	Art. 221: Presidente da República, Vice-Presidente da República, Governador de Estado, etc. - estas autoridades marcam a hora, local e dia para serem ouvidas.
	Art. 222: testemunha que mora fora da comarca. É ouvida através de Carta Precatória. Caso esteja no estrangeiro, é ouvida através de Carta Rogatória. Quando o Tribunal designar a oitiva de uma testemunha, é através de uma Carta de Ordem.
	Quando se expede uma Carta Precatória é imprescindível a intimação das partes. Intima-se da expedição.
	O juiz fixa o prazo de cumprimento da precatória. A expedição de precatória não suspende o andamento do processo, mesmo que passado o prazo para o cumprimento dela.
	O juiz pode sentenciar mesmo sem a precatória.
	A falta de intimação é uma nulidade relativa, devendo a parte provar o prejuízo.
	Quando uma testemunha regularmente intimada não comparece, o juiz pode:
	conduzir coercitivamente;
	aplicar multa;
	cominar o pagamento das diligências a ela;
	processo por crime de desobediência.

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