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Consideracoes sobre as significacoes da psicologia clinica

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Neste artigo pretendemos abordar alguns aspectos per-tinentes à área da Psicologia Clínica enquanto umcampo de produção de saberes e da prática do psicó-
logo. Tomamos como ponto de partida a evolução histórica
deste campo de atuação, ancorando as nossas argumenta-
ções em estudos desenvolvidos por autores brasileiros que
se debruçaram sobre as mudanças ocorridas nessa área nos
últimos anos. Ao mesmo tempo, fazemos considerações acer-
ca de algumas noções pertinentes à prática clínica, como a
escuta clínica, sofrimento psíquico, subjetividade e a possi-
bilidade de aplicação dessa dimensão da psicologia aos no-
vos campos de atuação do psicólogo na contemporaneidade,
fundamentando as nossas considerações em idéias e con-
cepções originadas tanto no campo da psicologia, quanto no
pensamento fenomenológico, através das idéias de Martin
Heidegger.
A maior inspiração para este trabalho nasceu da ativida-
de clínica de plantão psicológico desenvolvida no Pronto-
Socorro (PS) do maior hospital da rede pública do Rio Grande
do Norte, através de um projeto de extensão, em funciona-
mento há quatro anos. A partir de então, temos pensado nas
transformações e evoluções do conceito e significados da
Psicologia Clínica, até os dias atuais. E isto ocorre pelo fato
de vermos ações como a que nos referimos, num setor de
Considerações sobre as significações da psicologia clínica
na contemporaneidade
Elza Dutra
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Resumo
Este artigo considera a evolução de significados e conceitos da Psicologia Clínica e suas implicações para as
ações do psicólogo dessa área. Para isso baseia-se no pensamento fenomenológico e nas idéias de alguns
estudiosos da psicologia, na tentativa de melhor compreender as mudanças ocorridas nos saberes e fazeres do
psicólogo clínico. A análise empreendida confirma a importância do compromisso social do psicólogo na sua
prática e sugere que a postura clínica repousa não só na formação teórico-técnica, mas, sobretudo, na ética da
escuta do não-dito e do interditado.
Palavras-chave: psicologia clínica; clínica fenomenológica; compromisso social; escuta clínica; ética.
Abstract
Considerations on the meanings of clinical psychology in our times. The aim of this article is to discuss the
evolution of the meanings and concepts of Clinical Psychology and its implication for the psychologists in
this area. The discussion is based on the concepts of the phenomenological approach and the ideas of authors
in Psychology and leads to a better understanding of the changes that have taken place on psychological
knowledge and practices. Such analysis points to the relevance of social commitment from the clinical
psychologist and suggests that the accomplishment of his work lies not only on a proper theoretical and
technical knowledge, but above all on an ethical attitude regarding the listening of what is unsaid and censored.
Keywords: clinical psychology; clinical phenomenology; social commitment; clinical listening; ethics
urgência e emergência de um grande hospital público, se ca-
racterizarem como eminentemente clínicas, ainda que extre-
mamente distantes do modelo tradicional de como ainda hoje
é representada essa área de atuação. O que é possível se
justificar, desde já, pelas intensas e significativas transforma-
ções pelas quais a Psicologia Clínica, enquanto campo de
atuação e saber do psicólogo, tem atravessado, implicando,
muitas vezes, uma verdadeira desconstrução do que se re-
presentava e se conceituava como Psicologia Clínica.
Muitos autores brasileiros, entre os quais Féres-Carnei-
ro (1993), Féres-Carneiro e Lo Bianco (2003), Guedes (1992),
Lo Bianco, Bastos, Nunes e Silva (1994) vêm apresentando e
discutindo, de forma mais extensa, aspectos significativos
presentes nas mudanças ocorridas nessa área da psicologia.
Entre estas, podemos apontar, por exemplo, a necessidade de
se considerar o contexto social, alterações conceituais a res-
peito da valorização do individual e intrapsíquico, tão critica-
do nos primórdios da psicologia no Brasil, entendendo-se
que, na atualidade, a Psicologia Clínica, como bem afirma Féres-
Carneiro (2003), “mostra uma área consolidada que se espraia
por inúmeros domínios” (p. 116).
A despeito da ampliação da Psicologia Clínica, referida
anteriormente pela autora citada, observamos, principalmen-
te ao longo do trabalho que vem se desenvolvendo no Pron-
Estudos de Psicologia 2004, 9(2), 381-387
adm
Realce
382
to-Socorro (PS) ao qual nos referimos antes, que a prática
clínica em instituições hospitalares continua sendo alvo, des-
de que o psicólogo adentrou nesse espaço, de polêmicas e
discussões a respeito da viabilidade de aplicação das ativi-
dades clínicas nessas instituições e, principalmente, num PS.
Tais discussões têm levado os profissionais da área a um
esforço permanente no sentido de caracterizar e diferenciar,
sobretudo, a psicologia clínica, da hospitalar. Para ilustrar o
que acabamos de dizer, basta ver o grande número de produ-
ções teóricas a respeito do assunto, de autores que transitam
teórica e metodologicamente e vale dizer, com desenvoltura,
nas duas áreas, como, por exemplo, Angerami (1985; 2002a;
2002b; 2003).
Na maioria das vezes, o discurso que permeia tais dis-
cussões ampara-se e fundamenta-se num entendimento da
clínica identificada somente pela prática de psicoterapias de
longa duração, consultório privado, etc. Questiona-se se tais
atividades, próprias da clínica, seriam viáveis num contexto
como a instituição hospitalar e mais especificamente, no PS,
cujas principais características são a imprevisibilidade e o
inusitado. E com tal cenário em vista, como se configurariam,
então, o setting terapêutico, assim como a psicoterapia e o
diagnóstico, entre outras atividades pertinentes à área da
psicologia clínica? E, acima de tudo, o que queremos dizer
quando nos referimos à escuta clínica, e como esta se dife-
rencia das demais formas de intervenção do psicólogo nos
diversos campos de atuação? São questionamentos dessa
natureza que nos conduziram a este artigo, o qual pretende
discutir, embora sem a pretensão de aprofundar a questão da
evolução da Psicologia Clínica, o que, de certa forma, já vem
sendo feito por alguns dos autores antes citados. Ao contrá-
rio, as reflexões e considerações desenvolvidas aqui visam,
principalmente, alimentar o debate já posto em evidência nos
meios acadêmicos acerca dessa temática, ao discutir ques-
tões pertinentes ao assunto em foco. Com tal objetivo em
mente, é importante nos determos em certos aspectos que
traduzem algumas das significações da Psicologia Clínica, o
que, inevitavelmente, implica uma perspectiva de
desconstrução e reinvenção do modelo clínico tradicional.
Das concepções de clínica na psicologia
Alguns aspectos marcaram a origem da psicologia clíni-
ca e suas representações, ao longo da história da Psicologia.
Começando pela etimologia do termo clínica, que nos remete
ao significado de à beira do leito, deixando clara a influência
do modelo médico nesta área de conhecimento e campo de
atuação do psicólogo, e tendo como foco de atenção, a com-
preensão e o tratamento da doença. A influência desse mo-
delo teve um papel fundamental na práxis do psicólogo no
contexto da clínica. Além disso, em termos de representação
social do psicólogo clínico, a função deste tem se aproxima-
do daquela exercida pelo médico. Por exemplo, é possível se
constatar, ainda hoje, no cotidiano da prática clínica, que
muitos procuram esse profissional com a disposição de apre-
sentar o seu sofrimento, problema ou o que quer que seja que
assim se apresente. E, ao final, esperar uma solução rápida e
eficaz, que atenda à cura do seu mal psíquico, aproximando
um sofrimento que é da ordem do psicológico e do simbólico,
à doença do físico, e que poderia ser tratado através da pres-
crição de uma medicação adequada, comoo faz o médico.
Isto se não quisermos falar, igualmente, de outra imagem,
estereotipada, porém representativa deste profissional, con-
siderado como aquele que trata de “doentes mentais”, o que,
na maioria das vezes, torna-se um fator de impedimento ao se
buscar este profissional quando dele se necessita. Não se
pode negar, além de tudo, a influência que a área médica le-
gou ao psicólogo clínico, no que respeita ao status social,
tão evidente nessa área de atuação, constituindo-se, ainda
hoje, num dos principais atrativos para aqueles que almejam
uma formação clínica em psicologia.
É possível nos referirmos a uma concepção de clínica
tradicional ou clássica, como propõem Lo Bianco et al. (1994),
contrapondo-se a uma outra forma de se pensar a Psicologia
Clínica, que surge sob a denominação utilizada por esses
autores como tendências emergentes. Nesse sentido, alguns
estudos têm sido desenvolvidos com o objetivo de caracteri-
zar as práticas clínicas, principalmente aqueles empreendi-
dos pelo Conselho Federal de Psicologia /CFP (1988). Lo
Bianco e colaboradores apresentam como principais caracte-
rísticas da Psicologia Clínica tradicional algumas atividades
como: psicodiagnóstico e/ou terapia individual ou grupal;
atividades exercidas em consultório particular, em que o psi-
cólogo se apresenta como autônomo ou profissional liberal,
atendendo, geralmente, a uma clientela financeiramente abas-
tada. Além disso, tal atividade priorizaria o enfoque
intrapsíquico e os processos psicológicos e psicopatológicos
do indivíduo, norteada por uma concepção de sujeito abstra-
to e descontextualizado historicamente. Esta mesma
constatação é feita e discutida por Figueiredo (1996), o qual
nomeia esta representação social do psicólogo clínico como
confusões.
Por sua vez, as práticas clínicas emergentes ou atuais,
melhor dizendo, apontariam para um maior interesse e preo-
cupação com o contexto social. Isto implica significativas
alterações na concepção de sujeito e, conseqüentemente,
novas interpretações das teorias psicoterápicas. A nova con-
cepção de clínica na psicologia passa, então, a buscar uma
articulação mais concreta entre a clínica e o social. Podemos
dizer que o novo fazer clínico inclui uma análise do contexto
social em que o indivíduo está inserido. O referencial teórico,
assim, deixa de ocupar o espaço de principal norteador da
prática, que passa a ser ocupado pelo compromisso ético do
psicólogo. É nesta direção que se dirigem as opiniões de
Féres-Carneiro e Lo Bianco (2003), ao dizerem que as mudan-
ças na Psicologia Clínica não ocorrem apenas no que se refe-
re à sua abrangência de aplicações. Estas importam, princi-
palmente, às próprias concepções de sujeito, objeto dessa
área da psicologia. E nisso se incluem noções teóricas como
subjetividade, individualidade, etc.
Tais considerações sugerem que adotar, na clínica, uma
dimensão mais concreta do contexto social implica modifica-
ções nos referenciais teóricos que ancoram as práticas clíni-
cas, principalmente no que se refere à noção de subjetivida-
de. É nesta direção que se percebe o crescimento de uma
E.Dutra
adm
Realce
adm
Realce
adm
Realce
383
tendência na Psicologia Clínica, a qual se centraria na ênfase
de uma concepção de subjetividade resultante de uma cons-
trução social e histórica. Assim, modifica-se a noção de sujei-
to e, com ela, a postura diante do ato clínico. Tal movimento
em direção ao contexto social constitui-se num movimento
teórico-metodológico até então pouco pensado no âmbito da
Psicologia Clínica tradicional. E surge da necessidade de cons-
trução de um saber que reflita, também, a realidade brasileira,
e que possa problematizar as práticas até então ainda não
pensadas na dimensão sócio-cultural.
Segundo pesquisa do Conselho Federal de Psicologia
(CFP)1 realizada com psicólogos brasileiros, o que mais ca-
racterizou a saída da clínica do seu modelo tradicional foi a
sua inserção na saúde pública, com o psicólogo clínico pas-
sando a atuar em hospitais e ambulatórios gerais e psiquiá-
tricos, nas unidades básicas de saúde, nas escolas, creches
e organizações, onde são empreendidas ações de saúde.
Posteriormente, com a criação do SUS, Sistema Único de
Saúde, o psicólogo passou a se inserir na rede pública de
saúde. No entanto, ainda era possível, naquele momento, se
observar que a prática exercida nesse contexto e, não raro,
ainda nos dias atuais, reproduzia o modelo clínico clássico.
Por outro lado, é válido lembrar que tal não acontece so-
mente com o psicólogo, mas também com toda a equipe de
saúde, de uma maneira geral, cujos profissionais ainda não
recebem uma formação curricular adequada e direcionada
para a prática no sistema público de saúde. Basta ver que,
somente agora, alguns cursos de medicina têm empreendi-
do alterações curriculares visando à atuação do profissio-
nal médico no sistema público de saúde, como é o caso, por
exemplo, do curso de medicina na Universidade Federal do
Rio Grande do Norte (UFRN).
A despeito do que acabamos de mencionar, as novas apli-
cações das práticas clínicas, principalmente aquelas desen-
volvidas nas unidades básicas de saúde, já caminham no sen-
tido de envolver uma nova concepção de clínica psicológica,
a qual passa a constituir-se, baseados em estudos do Conse-
lho Regional de Psicologia-6a região (CRP-06)2, também, por
ações de baixa complexidade, ampliando-se, assim, para uma
percepção da clínica não como sinônimo de ações
psicoterápicas especializadas, mas como manejos que previ-
nem as necessidades dos mesmos ou que visam à promoção da
saúde. (Bianco et al., 1994, p. 41)
Nessa nova concepção de clínica psicológica, entende-
se que o ato clínico deve ser contextualizado e refletido, onde
quer que este se realize ou onde quer que a clientela esteja. É
preciso evitar abstrair o ser humano do contexto em que ele
vive; no entanto, considerar o indivíduo no seu contexto não
acontece quando o vemos com um psiquismo universal. A
clínica contextualizada não significa somente considerar o
que se encontra em torno da clientela, tal como o local e tipo
de clientela (baixa renda, etc.) ou modus operandi. Envolve,
sobretudo, uma postura diante do ser humano e sua realida-
de social, exigindo, portanto, “uma capacidade reflexiva con-
tinuamente exercitada em relação à própria prática”, como
bem o dizem Lo Bianco et al. (1994, p. 56).
Repensando as noções de sujeito, subjetividade e
fenômeno psicológico
Esta nova forma de se olhar a clínica nos leva a reconhe-
cer, antes de tudo, que a Psicologia Clínica, ou as práticas
clínicas, de uma maneira geral, são vistas sob óticas diversas
e de acordo com o campo epistemológico que as fundamen-
tam. A esse respeito, Gomes (2003) já afirmara que “cada
epistemologia traz em seu bojo sua própria teoria de verdade
e estamos novamente lançados nas agruras das ideologias e
das retóricas” (p. 52). Para Lévy (2001), reafirmando o mesmo
pensamento, as práticas clínicas
devem ser avaliadas em função das posições filosóficas e ideo-
lógicas em relação às quais elas se definem e diferenciam; são
essas posições fundamentais que lhes dão sentido, sendo em
relação a elas que se situam os pontos de ruptura. (p.57)
O campo da clínica, por outro lado, traz à tona a questão
sobre o que seja o fenômeno psicológico, a subjetividade ou
mundo interno, ao qual nos referimos quando nomeamos a
dimensão objeto desse campo de atuação. E dar um nome a
essa dimensão tem sido problemático. Bock (2001) desenvol-
veu estudos nessa direção e verificou a diversidade de signi-
ficados e definições que o fenômeno psicológico recebia dos
psicólogos. E conclui afirmando que “o mundo psicológico é
um mundo em relação dialética com o mundo social” (p. 23).
Assim, urge uma redefinição do que seja fenômeno psi-
cológico. Já não cabe a concepção de mundo interno/exter-
no, subjetivo/objetivo, etc.,posição já defendida antes por
filósofos como Merleau-Ponty e Martin Heidegger. E agora
se revelam através das novas direções para onde se movi-
mentam as atuais tendências nesse campo, principalmente
pelos representantes da psicologia crítica. Embora não se
possa negar que as teorias psicoterápicas, na sua maioria,
trazem, em seu bojo, a consideração da dimensão social, ao
conceberem a subjetividade como constituída através dos
vínculos com o outro, ainda constata-se a prevalência do
olhar que enfatiza os processos internos, subjetivos e
intrapsíquicos. É possível citar algumas dessas perspecti-
vas, as quais, segundo González-Reys (2001), ainda que con-
templem este social, fragmentam e supervalorizam um espa-
ço social específico, tal como os vínculos, referindo-se à
psicanálise; a família, na terapia sistêmica, ou supervalorizam
o outro individual, nas abordagens humanistas. Por outro
lado, Figueiredo (1996) já afirmara a sua convicção sobre a
dispersão teórico/prática da psicologia. São lugares
epistemologicamente diversos e, muitas vezes, antagôni-
cos, dos sistemas teóricos que compõem o campo de saber
da psicologia.
Seria preciso, então, desconstruir o modelo tradicional
de clínica, ao qual vimos nos referindo. E desconstruir, no
nosso entender, significa, antes de tudo, uma mudança no
campo epistemológico. Tal mudança poderia dar lugar a um
olhar mais amplo, ao permitir que o psicólogo clínico pense o
sujeito diante dele como aquele que se constitui no mundo,
numa relação com o mundo natural e social; mundo este que,
ao mesmo tempo em que o constitui, também é constituído
por ele. Adotar uma nova perspectiva de clínica significa ab-
Significações da psicologia clínica na contemporaneidade
adm
Realce
adm
Realce
adm
Realce
adm
Realce
384
sorver uma postura através da qual se expresse um
posicionamento ético e político. Como diz Bock (2001), “tra-
balhar para aliviar o sofrimento psicológico das pessoas exi-
girá do psicólogo um posicionamento ético e político sobre o
mundo social e psicológico” (p. 260). Assim, não importa em
que lugar ou espaço o ato clínico aconteça, seja no âmbito
privado ou público, numa relação diádica, grupal ou coletiva.
Este será sempre um fazer psicológico que se pautará em
concepções teóricas e metodológicas que refletirão essa pos-
tura diante do sofrimento ou fenômeno psicológico que se
coloca diante dele. Melhor dizendo, o ato clínico se pautará
muito mais por uma ética do que por referenciais teóricos
fechados. É nessa direção que Figueiredo (1996), propõe um
sentido diferente para a ética, de acordo com a etimologia do
termo éthos, no que se relaciona com o habitar, com a morada,
ao afirmar que,
O homem é arremessado num mundo, que ele não escolheu, e
aí ele é como3 a abertura ao que deste mundo lhe vem ao
encontro, ou seja, ele existe no sentido preciso de ser fora de
si mesmo, de “ser o seu fora”, vale dizer, de ser-no-mundo.
Nessa expressão, “no mundo” não indica um lugar em que se é,
mas o próprio modo-de-ser do homem. (p. 44)
Para esse autor, a ética, neste sentido, remeteria para a
dimensão humana do si-mesmo, tal como pensado por
Heidegger (1999), ou seja, para a dimensão da experiência, do
conhecido e do não-conhecido, o qual não poderá ser previs-
to, conhecido na sua totalidade e que se apresenta ao homem
na sua condição de existência.
Por outro lado, não restam dúvidas de que o referencial
teórico do psicólogo clínico constitui-se numa das ferramen-
tas com as quais ele constrói o espaço da clínica. Porém, ao
mesmo tempo em que necessita desse referencial para
visualizar a queixa, problema ou sofrimento do indivíduo, ele
precisa se afastar desse mesmo referencial para poder enxer-
gar a singularidade do sujeito, sem correr o risco de impor o
seu saber sobre ele. Com isso, entendem-se como as noções
de sujeito, subjetividade e as concepções teóricas que
embasam o fazer clínico, norteiam esta ação. Tal modo de
pensar nos faz considerar a subjetividade como um espaço
individual cujas significações sociais constituem a história
pessoal desse sujeito e os sentidos que ele atribui ao mundo.
Desse modo, acolher o outro no seu sofrimento subjetivo,
considerando a dimensão social, significa a des-reificação da
sua natureza universal, ao se considerar o sofrimento como
um momento do sujeito, com sentidos e significações dife-
rentes para cada um, e de acordo com o seu modo de ser e de
viver, não conduzindo, necessariamente, a uma patologia. O
que significa dizer que a prática clínica tem lugar sempre que
o sofrimento do sujeito cria uma demanda, mas não necessa-
riamente quando se instala uma patologia. Com esse raciocí-
nio é possível, agora, considerar que o que caracteriza a prá-
tica clínica não pode reduzir-se nem ao lugar, consultório;
nem ao número de sujeitos ou a sua classe econômica; nem à
técnica utilizada ou à patologia diagnosticada. O diferencial
da escuta clínica encontra-se na qualidade da escuta e aco-
lhida que se oferece a alguém que apresenta uma demanda
psíquica, um sofrimento, para um outro que se propõe a com-
preender esta demanda. Representa uma determinada postu-
ra diante do outro, entendendo-o como sujeito que pensa,
sente, fala e constrói sentidos que se expressam, se criam e se
modificam nessa relação de subjetividades, num determina-
do mundo e num certo momento das suas histórias. Significa,
como diz González-Reys (2001), “outorgar à psicoterapia um
lugar diferente dentro de outros campos de atividade profis-
sional do psicólogo” (p. 212).
Para Figueiredo (1995), a visão da clínica seria o espaço
da escuta do excluído, do interditado, procurando atender a
esta demanda. Para ele,
a clínica define-se, portanto, por um “ethos”: em outras pala-
vras, o que define a clínica psicológica é a sua ética: ela está
comprometida com a escuta do interditado e com a sustenta-
ção das tensões e dos conflitos. (p. 40)
Assim, o psicológico, ou seja, o que podemos chamar de
fenômeno psicológico, se constituiria, segundo Figueiredo
(1996), “como um meta-fenomenal que detém o segredo das
condições e dos outros sentidos daquilo que se dá e se con-
figura na experiência” (p. 29). E no que se refere ao psicólogo
clínico, este precisa ter “ouvidos para escutar este interdita-
do” (p. 29), o qual, embora constitua a experiência, precisa ser
buscado além dela.
Nessa perspectiva de escuta clínica incluem-se não só a
demanda do sujeito, no sentido de um desejo em busca da
acolhida ao seu sofrimento, mas também implica uma relação
intersubjetiva que o sustente. Pensamos que Martin
Heidegger, mais uma vez, e de um horizonte ontológico, nos
ajuda a entender tal processo. Dialogando com este filósofo,
podemos considerar o sujeito na sua dimensão ontológica,
como um ser-no-mundo e vivendo numa abertura para este
mundo, como ser-com, de relação, o que significa dizer, com
um modo-de-ser singular, e cuja subjetividade não se encon-
tra separada do mundo. Pelo contrário, como seres-no-mun-
do, estamos e somos no mundo de uma forma inseparável,
não sendo possível, portanto, se pensar num homem no qual
se identifiquem lugares, essências ou estruturas que determi-
nem um dado modo-de-ser no mundo. Além disso, tal pensa-
mento aponta para a característica de fluidez e provisoriedade
do humano, condição esta que o impede de ser aprisionado e
objetivado em teorias, técnicas ou conhecimentos. É nesse
sentido que as palavras de Critelli (1996) se dirigem, ao afir-
mar que “a vida humana está em perpétuo deslocamento.
Viver como homens é jamais alcançar qualquer fixidez” (p. 16).
Portanto, o mundo
é uma sutil e poderosa trama de significação que nos enlaça
e dá consistência a nosso ser, nosso fazer, nosso saber. Porém,
uma trama fluida, que desaparece sob nossos pés tão logo o
sentido que ser faz se dilui e, então, nos faz falta. (p. 18)
E continua Critelli (1996):
A vida humana não tem,em relação a coisa alguma, a possibi-
lidade de uma pertença “confiada”. É um viver sem perfeita
entrega ou confiança, por obra de uma condição na qual ser foi
dado ao homem, e não por qualquer dúvida casual ou
E.Dutra
adm
Realce
adm
Realce
adm
Realce
adm
Realce
385
metodológica. Não podemos confiar em sossegado abandono,
porque de tudo irrompe a falha, a falta, a quebra de sentido e de
significações.
A experiência humana da vida é, originariamente, a experiên-
cia da fluidez constante, da mutabilidade, da inospitalidade do
mundo, da liberdade; a segurança não está em parte alguma. E
isto não é uma deficiência do existir como homens, mas sua
condição, quase como sua natureza. (p. 18)
Seria, portanto, nesse contexto de mundo, da experiência
e da provisoriedade do ser humano, que o psicólogo clínico
se situaria com a sua escuta do outro. Ao acolher o sofrimen-
to do homem contemporâneo, ele também se encontra impli-
cado nessa condição existencial, ou seja, mergulhado em sua
própria angústia de ser na inospitalidade do mundo.
Algumas considerações sobre o sofrimento
psíquico na contemporaneidade
Mas como falar de contexto histórico, social e cultural,
como vimos fazendo, se a psicologia clínica, tradicionalmen-
te e ainda hoje, no imaginário das pessoas, inclusive no âmbi-
to da própria psicologia, continua a ser identificada, quase
que exclusivamente, através do seu modelo tradicional e cer-
cado de críticas políticas, ideológicas, entre tantas outras?
Como introduzir tais dimensões históricas e existenciais num
campo de saber e numa práxis na qual a individualidade pre-
valece e a ordem intrapsíquica dos processos psicológicos
ainda são vistos, equivocadamente, como incompatíveis com
uma visão de subjetividade que contemple o sujeito como um
ser-no-mundo e cuja dimensão histórica e social, antes de
somente influenciar, constituem esta subjetividade?
Como o psicólogo clínico acolherá o sofrimento do ho-
mem contemporâneo, sem perder de vista os seus espaços
epistemológicos e o compromisso social? Pois, como se não
bastasse o desamparo que o ser humano carrega intrinseca-
mente consigo, enquanto ser de existência solitária e finita, e
que se vê lançado no mundo tendo que efetuar escolhas e se
construir no seu devir, ainda tem que lidar com as vicissitu-
des da vida moderna, com o terror resultante das intolerânci-
as religiosas, com o descaso dos poderes públicos com a
cidadania. Os mesmos poderes públicos que lançam o cida-
dão à sua própria sorte, como mostram a conjuntura social,
política e econômica à qual este homem moderno encontra-se
exposto e ainda mais fragilizado na sua humanidade. Cada
vez mais o sujeito percebe-se esmagado pelas pressões que a
sociedade contemporânea exerce sobre a sua subjetividade,
como se constata pelas desigualdades sociais do mundo
globalizado, a violência crescente, esta concretizada não só
nos conflitos urbanos, mas também nos confrontos políticos
e étnicos internacionais.
Torna-se difícil fechar os olhos ao sofrimento que se es-
palha pelas cidades do nosso país. Seja nas metrópoles, nas
pequenas ou grandes cidades, os nossos olhos enxergam,
cada vez mais, o medo estampado nos rostos dos cidadãos.
Nas crianças que fazem da rua o seu lar, adotando, muitas,
vezes, as drogas, que entorpecem não só os seus corpos,
mas também os seus sonhos de criança, de jovem, de um dia
ser gente. Na injustiça social que nega a vida e a esperança a
milhares de crianças e jovens brasileiros. Vemos o sofrimento
gerado pelo desemprego, negando ao pai de família a crença
num futuro para si e os seus e o desespero que invade essas
existências, fazendo com que se sinta que a vida não vale a
pena, inspirando o gesto suicida, cometido pelo jovem, pelo
idoso, pelo adulto e também pelas crianças, como nos mostra
Dutra (1998; 2000). É visível o sofrimento do sertanejo, deso-
lado pela chuva que não chega para molhar a colheita de
milho, de feijão, fazendo com que o agricultor do sertão nor-
destino perca a fé nos céus e na vida, preferindo não mais
viver (Dutra, 2003)4. Como se pode constatar na vida do ho-
mem contemporâneo, a realidade que lhe é imposta exige da
psicologia uma reflexão acerca dos seus saberes. É preciso
também rever a sua práxis, visando atender a uma demanda
que se apresenta não só no contexto da clínica tradicional,
pertinente aos consultórios fechados e quase sempre funda-
mentada em teorias e técnicas engessadas em conhecimen-
tos importados, mas também nas instituições e quaisquer si-
tuações em que a subjetividade humana e o seu sofrimento
se revelem e assim possam ser acolhidos.
Considerações finais
Partindo dos argumentos expostos, resta, então, às prá-
ticas clínicas, acolher o sofrimento constituinte da existência
humana, naquilo que pode ser cuidado e apreendido enquan-
to vivência subjetiva e reveladora de sentidos. Assim, o ato
clínico passa, então, a representar a acolhida a essa deman-
da, através de um olhar que possa contemplar e alcançar a
singularidade das existências, que se vão construindo nos
caminhos traçados pelos desejos humanos e seus quereres,
e reveladores da sua condição de ser-no-mundo. E acolher
significa, acima de tudo, considerar as subjetividades como
constituindo-se num mundo em que as dimensões históricas,
sociais e culturais exercem o seu papel no processo de
subjetivação. Esta seria a ética de uma nova postura clínica:
acolher o sofrimento humano, onde quer que se apresente;
viver uma relação concebida como reveladora e formadora de
sentidos, e a qual expressa e desvela os modos-de-ser num
determinado tempo e história das existências. Para isso, é
necessário que este profissional, o psicólogo clínico, esteja
existencialmente disponível e, de certa forma,
instrumentalizado para estabelecer esse tipo de relação com
o outro. Tal pensamento nos remete à formação desse profis-
sional, que passa, necessariamente, pela academia, pelos ban-
cos das universidades, pelo conhecimento adquirido nos clás-
sicos da literatura psicológica, pelas atividades de pesquisa
e práticas supervisionadas. No entanto, existe uma dimensão
ética, tal como já sugerida por Figueiredo (1996), que não se
adquire somente no estudo da ética, enquanto disciplina que
compõe os currículos ou códigos de ética; ou seja, no âmbito
do conhecimento teórico-técnico. Esta dimensão ética, que
envolve as relações do homem com o mundo, e que implica
valores, princípios e visão de mundo, repousa nas atitudes,
no modo de ser de cada um e que Figueiredo (1993), chama de
conhecimento tácito. Este é definido por ele como
Significações da psicologia clínica na contemporaneidade
adm
Realce
adm
Realce
386
o seu saber de ofício, no qual as teorias estão impregnadas
pela experiência pessoal e as estão impregnando numa mes-
cla indissociável; este saber de ofício é radicalmente pesso-
al, em grande medida intransferível e dificilmente comuni-
cável. (p. 91)
Podemos dizer que essa forma de ser e fazer, se reflete no
olhar que lançamos sobre a realidade do mundo que nos cer-
ca, exigindo de cada um de nós o compromisso social com a
realidade na qual estamos mergulhados. Significa pensar o
mundo vivido e a realidade, nossa e a do outro que acolhe-
mos, não só com a visão da provisoriedade da existência, mas
também com o olhar da diversidade, da pluralidade e comple-
xidade que constituem a natureza humana, porém sem perder
de vista a singularidade que caracteriza a condição humana.
Neste ponto nos identificamos com o pensamento de
Figueiredo (1993), quando ele sugere que se pense o psicólo-
go “como um profissional do encontro” (p. 93). Para o psicó-
logo, neste caso, e com muita pertinência, o psicólogo clíni-
co, este encontro significaria, nas palavras do autor citado
a nossa disponibilidade para a alteridade nas suas dimensões de
algo desconhecido5, desafiante, diferente; algo que no outronos pro-pulsiona e nos alcança; algo que do outro se impõe a
nós e nos contesta, fazendo-nos efetivamente outros que
nós mesmos. (p. 93)
Nesse sentido, é pertinente o questionamento que faz
Figueiredo (1996), sobre se o psicólogo clínico deveria ser con-
cebido como um ofertador de bens ou como um “dispositivo
terapêutico, mas também histórico? Talvez o clínico seja a es-
cuta de que o nosso tempo necessita para ouvir a si mesmo
naquilo em que lhe faltam as palavras” (p. 40). Quem sabe, este
seja um dos caminhos por onde a Psicologia Clínica deva se-
guir para se constituir, verdadeiramente, numa via de acesso
ao sofrimento e à alteridade, podendo, assim, reconciliar-se
com a escuta do humano na sua condição de ser-no-mundo.
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E.Dutra
387Significações da psicologia clínica na contemporaneidade
Elza Dutra, doutora em Psicologia Clínica pela Universidade de São Paulo, é professora no Programa de Pós-
graduação em Psicologia, Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Endereço para correspondência: Av. Prof. Olavo Montenegro, 2887; Natal, RN; CEP 59078-330. Tel.: (84)
217-7645. Fax: (84) 215-3589. E-mail: dutra.e@digi.com.br e edutra@digizap.com.br
Notas
1 CFP (1993). Atribuições profissionais do psicólogo no Brasil. Documento encaminhado ao Ministério do
Trabalho para reformulação do Catálogo Brasileiro de Ocupações (CBO).
2 CFP (1993). Ministério do Trabalho, Catálogo Brasileiro de Ocupações (CBO).
3 Todos os grifos dessa citação são de seu próprio autor.
4 Relatório técnico de pesquisa aprovado (2003) pelo CNPq: Suicídio de agricultores no RN: aspectos
psicossociais e culturais.
5 todos os grifos são do autor.

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