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Direito Civil 3 (Contratos)

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DIREITO CIVIL – PARTE ESPECIAL 
DOS CONTRATOS 
 
1. DOS CONTRATOS EM GERAL 
 
1.1 TEORIA GERAL DOS CONTRATOS 
 
 As obrigações podem ser surgir da lei (ex.: obrigação de prestar alimentos) 
ou de um comportamento humano, lícito (negócio jurídico) ou ilícito (que 
gera a obrigação de indenizar). Os comportamentos humanos traduzem-se 
por manifestações de vontade. Quanto lícitos e bilaterais, ou seja, quando 
em conformidade com a lei e quando oriundos de duas partes, encerram um 
contrato. 
 
 Nesse sentido, CLÓVIS BEVILÁQUA define contrato como “o acordo de 
vontades para o fim de adquirir, resguardar, modificar ou extinguir direitos”. Para 
SÍLVIO RODRIGUES, contrato é o “acordo de duas ou mais vontades, em vista 
de produzir efeitos jurídicos”. 
 
1.1.1 Formação dos Contratos 
 
 Os contratos se formam através do encontro de duas vontades diversas para 
um fim comum, que se exteriorizam de duas formas: proposta e aceitação. 
Proposta é o momento inicial da formação dos contratos, ou seja, é o ato pelo 
qual uma das partes solicita a manifestação de vontade da outra, que deve 
ser concreto, sério e claro. A proposta, uma vez emitida, obriga a outra parte, 
nos termos do art. 427 do Código Civil, exceto se o contrário resultar dos 
termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso. Da 
mesma forma, também deixa de ser obrigatória a proposta nos casos 
previstos no art. 428 do Código Civil. A aceitação, por sua vez, é o segundo 
passo para a formação dos contratos, ou seja, é a declaração emitida pelo 
aceitante dando conta de sua concordância quanto aos termos da proposta. 
 
 Uma vez emitida dentro do prazo, a aceitação obriga o seu emitente ou seus 
sucessores. Se a aceitação é emitida fora do prazo, com adições ou 
alterações, importará em nova proposta (contraproposta), e dependerá de 
aceitação do proponente inicial (art. 431, CC). 
 
 Se a aceitação chegar tarde demais ao proponente e, a este não interessar 
mais o negócio, cabe-lhe dar ciência imediatamente ao aceitante, sob pena de 
responder por perdas e danos (art. 430, CC). 
 
 A proposta é sempre expressa, embora possa ser feita na forma escrita ou 
verbal. Já a aceitação pode ser tanto expressa (escrita ou verbal) como tácita. 
Será tácita quando assim o determinarem os costumes ou quando o seu 
autor a dispensar, obrigando-se desde já (art. 432, CC). No mais, a proposta 
 
pode ser espontânea ou por solicitação, ou seja, por ato de liberalidade do 
proponente ou a pedido do aceitante. 
 
 Considera-se inexistente a aceitação, se antes dela ou com ela chegar ao 
proponente a retratação do aceitante (art. 433, CC). 
 
 Entre os presentes, portanto, considera-se concluído o contrato no instante 
em que o solicitado, a quem foi dirigida a proposta, emite sua aceitação. 
Entre os ausentes, os contratos por correspondência tornam-se perfeitos 
desde quando for expedida a aceitação. 
 
1.1.2 Elementos Constitutivos e Pressupostos de Validade dos Contratos 
 
 Elementos constitutivos: 
a) duas ou mais vontades manifestadas por meio de declaração; 
b) finalidade negocial; 
c) idoneidade do objeto. 
 
 Pressupostos de validade: 
a) capacidade das partes (capacidade civil); 
b) legitimação para o negócio (ex: ser proprietário de bem imóvel para 
vendê-lo); 
c) obediência à forma, quando prescrita em lei; 
d) objeto lícito, possível, determinado ou determinável. 
 
1.1.3 Princípios do Direito Contratual 
a) Princípio da Autonomia das Vontades (consiste na prerrogativa 
conferida aos indivíduos de criarem relações na órbita do direito, desde 
que se submetam às regras impostas pela lei e que seus fins coincidam 
com o interesse geral, ou não o contradigam. Este princípio se subdivide 
em dois: o princípio de contratar ou não contratar; e o princípio de 
contratar somente aquilo que se quiser)*; 
b) Princípio da Relatividade das Convenções (significa dizer que os efeitos 
do contrato só se manifestam entre as partes, não aproveitando ou 
prejudicando terceiros); 
c) Princípio da Obrigatoriedade das Convenções ou da força vinculante dos 
contratos (consagra a idéia de que o contrato, uma vez obedecidos os 
seus requisitos legais, torna-se obrigatório entre as partes, que dele não 
podem se desligar senão por outra avença, em tal sentido, isto é, o 
contrato constitui uma espécie de lei privada entre as partes, cujo 
descumprimento pode gerar punições ao infrator – pacta sunt servanda). 
d) Princípio da Boa-Fé Objetiva (segundo este princípio, na interpretação 
dos contratos, é preciso ater-se mais à intenção do que ao sentido literal 
da linguagem, e, em prol do interesse social de segurança das relações 
jurídicas, as partes deverão agir com lealdade e confiança recíprocas, 
auxiliando-se mutuamente na formação e na execução dos contratos). 
 
 
Obs.: * O princípio da autonomia das vontades, ou seja, a liberdade 
concedida ao indivíduo de contratar o que entender, encontra limitação na 
idéia de ordem pública, pois, cada vez que o interesse individual colide com 
o da sociedade, é o desta última que deve prevalecer. Assim, pode-se dizer 
que este princípio encontra-se limitado por outro, o “princípio da 
supremacia da ordem pública”, entendida esta última – ordem pública – 
como o conjunto de interesses jurídicos e morais que incumbe à sociedade 
preservar (o que significa dizer que os princípios e normas de ordem pública 
não podem ser alterados ou violados por convenção entre particulares). 
 
 
1.2 CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS 
 
1.2.1 Quanto à sua natureza: 
a) Unilaterais (quando geram obrigações apenas para uma das partes; ex.: 
depósito) ou Bilaterais (quando geram obrigações para as duas partes; 
ex.: compra e venda). 
b) Onerosos (quando ambas as partes sofrem sacrifícios patrimoniais; ex: 
compra e venda) ou Gratuitos (quando somente uma das partes sofre um 
sacrifício patrimonial e outra apenas obtém um benefício; ex.: doação 
simples). 
c) Comutativos (é aquele em que a estimativa da prestação a ser recebida 
por qualquer das partes pode ser efetuada no mesmo ato em que o 
contrato se aperfeiçoa; ex: locação de coisa) ou Aleatórios (aquele em que 
pelo menos uma das partes não pode antecipar o montante da prestação 
que deverá, em troca da que fornece; ex.: seguro). 
d) Causais (aqueles onde há relação de causa e efeito entre a pretensão de 
uma parte e a obrigação de outra) ou Abstratos (aqueles que tem valor 
por sua própria forma, independentemente da causa que o gerou; ex.: 
cambial). 
 
1.2.2 Quanto à maneira como se aperfeiçoam: 
a) Consensuais (aqueles que se ultimam pelo mero consentimento das 
partes; ex.: compra e venda) ou Reais (são os ajustes que dependem, para 
seu aperfeiçoamento, da entrega da coisa, feita por um contratante ao 
outro; ex.: comodato, depósito, penhor). 
b) Solenes (também chamados de formais, são aqueles que dependem de 
forma prescrita em lei; ex.: compra e venda) ou Não Solenes (também 
chamados de informais, são aqueles cuja forma é livre). 
 
1.2.3 Quanto à existência ou não de nome próprio: 
a) Nominados ou típicos (são aqueles a que a lei dá nome próprio, e que se 
submetem às regras que o pormenorizam). 
b) Inominados ou atípicos (são aqueles que a lei não disciplina 
expressamente, mas que são permitidos em virtude do princípio da 
autonomia das vontades). 
 
 
1.2.4 Quando considerados entre si: 
a) Principais (aqueles cuja existência independe da pré-existência de 
qualquer outro). 
b) Acessórios (aqueles que existem em função de um principal, e surgem 
para lhe garantir execução). 
 
1.2.5 Quanto ao seu tempo de execução: 
a) De execução instantânea (aqueles que se cumprem quando a execução é 
efetuada por ambas as partes em um só momento; ex.: permuta). 
b) De execução diferida no futuro (aqueles emque uma das partes, ou 
ambas, deve cumprir sua obrigação em tempo futuro; ex.: seguro). 
 
1.2.6 Quanto ao seu objeto: 
a) Preliminares (aqueles cujo objeto é sempre a realização de um outro 
contrato, definitivo; ex.: compromisso de compra e venda). 
b) Definitivos (aqueles que tem por um objeto criar vários tipos de 
obrigações para um ou ambos os contratantes). 
 
1.2.7 Quanto à maneira de sua formação: 
a) Paritários (aqueles em que há uma fase prévia em que ambas as partes 
procedem ao debate das suas cláusulas e, em pé de igualdade, discutem 
os termos do negócio). 
b) De adesão (aqueles em que todas as cláusulas são previamente 
estipuladas por uma das partes, de modo que a outra – no geral mais 
fraca – não possa debater as suas condições, nem propor modificações). 
 
1.3 DA ESTIPULAÇÃO EM FAVOR DE TERCEIRO 
 
 Arts. 436 a 438, CC 
 
 Diz-se que ocorre uma estipulação em favor de terceiro quando, num 
contrato entre duas pessoas, pactua-se que a vantagem resultante do ajuste 
reverterá em benefício de terceiro, estranho à convenção e nela não 
representado (ex.: Seguro de vida – uma pessoa, o estipulante, mediante o 
pagamento de prêmios anuais, consegue da seguradora, a promitente, a 
promessa de pagar a terceiros por aquela indicados, os beneficiários, e por 
ocasião de sua morte, uma quantia em dinheiro). 
 
 Constitui, portanto, exceção ao princípio da relatividade das convenções, 
pois os seus efeitos se produzem sobre terceiros não integrantes da relação 
jurídica. 
 
1.3.1 Sujeitos: 
a) Estipulante (é o que obtém do promitente ou devedor, a promessa em 
favor de terceiro); 
 
b) Promitente; 
c) Beneficiário. 
 
1.3.2 Natureza Jurídica 
 É consensual e de forma livre (só pode ser estipulado pelas partes e não há 
legalmente uma forma específica para tanto). 
 O terceiro beneficiado pode ser determinado ou determinável (ex.: futuros 
filhos; nascituro). 
 O benefício concedido ao terceiro deve ser sempre gratuito para que se 
configure a estipulação em favor de terceiro, ou seja, para o terceiro não 
pode haver nenhuma obrigação. 
 É obrigatória, ou seja, uma vez estipulada por agente capaz e legítimo, e 
tendo por fim objeto lícito, a promessa por ele feita é bastante para sujeitá-lo 
ao cumprimento da mesma e às penas pelo seu não cumprimento. 
 
1.3.3 Disposições gerais 
 Segundo dispõe o art. 436 do Código Civil, tanto o estipulante como o 
terceiro beneficiado podem exigir o cumprimento da obrigação, quando 
observado o fato a ela relacionado. 
 De acordo com o art. 437 do Código Civil, havendo no contrato o direito 
para o terceiro reclamar-lhe a execução, não pode o estipulante exonerar o 
devedor. 
 Nos termos do art. 438 do Código Civil, o estipulante pode reservar-se no 
contrato o direito de substituir (inovar) o terceiro nele designado, 
independentemente de sua anuência e da do outro contratante. 
 
 Conjugando-se as idéias acima, temos que o art. 436 do CC dá ao terceiro o 
direito de reclamar a execução da promessa. Já o art. 437 dá ao estipulante o 
direito de exonerar o devedor, e, portanto, impedir a execução da promessa 
(ainda que o terceiro a exija), quando não houver previsão expressa no 
contrato que autorize o terceiro a exigir tal cumprimento. Da mesma forma, 
o art. 438 dá ao estipulante o direito de substituir o terceiro por outro, 
mesmo sem o seu consentimento, se este direito estiver contratualmente 
previsto. Sendo assim, pode o estipulante exonerar o devedor se no 
contrato não se deixou ao terceiro, de maneira expressa, a prerrogativa de 
reclamar-lhe execução? Da mesma forma, pode o estipulante substituir o 
terceiro se também houver no contrato previsão expressa que dê ao 
terceiro o direito de reclamar sua execução? 
 
 Em resposta e estes questionamentos, oriundos da aparente 
contradição entre tais artigos, o doutrinador SÍLVIO RODRIGUES assim 
define: se a estipulação em favor de terceiro se der a título gratuito, ou 
seja, se se tratar de ato de mera liberalidade do estipulante para com o 
beneficiário, a resposta a tais questões seria positiva. No entanto, se a 
estipulação se der a título oneroso, ou seja, se o ato de liberalidade do 
estipulante estiver vinculado a um interesse do beneficiário (ex.: quando 
a estipulação foi obtida para compensar um débito do estipulante), a 
 
resposta seria negativa, não poderia o estipulante nem exonerar o 
devedor e nem substituir o terceiro, sob pena de ser responsabilizado por 
perdas e danos que a este seriam causados. 
 Assim, o art. 438 do Código Civil somente seria aplicável às 
estipulações em favor de terceiro, feitas a título gratuito. 
 
1.4 DA PROMESSA DE FATO DE TERCEIRO 
 
 Arts. 439 e 440, CC 
 
 A promessa de fato de terceiro ocorre quando alguém promete que terceiro 
cumprirá em data e hora específica uma certa obrigação de fazer. Aquele 
que promete fato de terceiros responde por perdas e danos, quanto este não 
o executa (ex.: quando alguém promete que um cantor famoso se 
apresentará em uma data específica em uma determinada casa de 
espetáculos, fazendo promoção do evento, sem a concordância e sem a 
ciência do próprio* artista, e este não aparece na data e hora prometidos). 
 Segundo dispõe o parágrafo único do art. 439 do CC, tal responsabilidade 
não existe quando o terceiro for cônjuge do promitente, dependendo de sua 
anuência o ato a ser praticado e se, pelo regime de bens, a indenização fosse 
recair sobre os bens do casal. 
Obs.: * Se o promitente age com a autorização do terceiro, ou seja, como seu 
mandatário, nenhuma responsabilidade há para ele promitente, mas sim 
para o próprio terceiro que o autorizou a tanto. 
 
1.5 DOS VÍCIOS REDIBITÓRIOS 
 
 Arts. 441 a 446, CC 
 
 Vícios redibitórios são os defeitos ocultos em coisa recebida em virtude de 
contrato comutativo, que a tornam imprópria ao uso a que se destina, ou 
que lhe diminuam o valor. 
 
 Verificando-se tais vícios, pode o adquirente: 
a) enjeitar a coisa defeituosa (art. 441, CC); 
b) ficar com ela e reclamar abatimento no preço (art. 442, CC). 
 
 Se o alienante não conhecia o vício, ou seja, se agiu de boa-fé, tão somente 
restitui o valor recebido, mais as despesas do contrato, se houver. Mas, se 
conhecia o vício, ou seja, se agiu de má-fé, além de restituir o que recebeu, 
responderá também por perdas e danos (art. 443, CC). 
 
 Mesmo que o adquirente não possa restituir a coisa recebida, por ter 
ocorrido o seu perecimento, a responsabilidade do alienante subsiste, se o 
fato decorrer do vício oculto, já existente ao tempo da tradição (art. 444, CC). 
 
 
1.5.1 Requisitos Essenciais: 
a) o defeito deve prejudicar o uso da coisa ou diminuir-lhe sensivelmente o 
valor; 
b) o defeito deve ser oculto (se o defeito for aparente, incorre o adquirente 
em culpa na sua aquisição, assumindo assim eventuais prejuízos); 
c) o defeito deve existir no momento do contrato (se sobrevier à tradição da 
coisa, o ônus pelo seu surgimento incumbe ao adquirente, que passou a ser 
o seu dono – é possível, no entanto, que o defeito só se manifeste após a 
tradição; imprescindível, mesmo assim, que se prove que já existia antes 
da tradição). 
 
1.5.2 Ações Judiciais de defesa contra os vícios redibitórios 
a) Ação Redibitória  compete ao adquirente que pretende recusar a coisa 
defeituosa por ele recebida em virtude de um contrato comutativo 
(pedido: devolução da coisa + repetição do valor pago + repetir as 
despesas contratuais + perdas e danos). 
Prazo p/ propositura: 30 dias para coisa móvel e 01 ano para bens 
imóveis * e ** (arts. 445 e 446, CC). 
b) Ação “quanti minoris”  é cabível quando o adquirente, em vez de 
recusar a coisa recebida, deseja apenas reclamar o abatimento do preço, 
em virtude de defeito que lhe diminui ovalor (pedido: abatimento do 
valor c/ devolução da quantia paga a maior, se já paga). 
Prazo p/ propositura: 30 dias para coisa móvel e 01 ano para bens 
imóveis * e ** (arts. 445 e 446, CC) 
 
Obs.: * Os prazos acima mencionados são decadenciais, ou seja, referem-se ao 
próprio direito em si, e não apenas à possibilidade de propositura de tais ações. 
Não correrão, no entanto, tais prazos, na constância de cláusula de garantia; 
mas o adquirente deve denunciar o defeito ao alienante nos 30 dias seguintes ao 
seu descobrimento, sob pena de decadência (art. 446, CC). 
 
Obs.2: ** Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, 
os prazos mencionados contar-se-ão do momento em que dele tiver ciência, até 
o prazo máximo de 180 dias, em se tratando de bens móveis; e de 01 ano, para 
os imóveis (§1º, art. 445, CC). 
 
 Vício Redibitório ≠ Inadimplemento Contratual (enquanto o segundo 
significa que o contrato não foi cumprido – integral ou parcialmente, o 
primeiro demonstra que o contrato foi cumprido, porém com a entrega de 
uma coisa defeituosa). 
 
 Vício Redibitório ≠ Erro essencial (enquanto no primeiro o defeito é 
objetivo, ou seja, o comprador adquiriu exatamente o que queira, no entanto 
a coisa adquirida apresenta uma imperfeição a ela peculiar, produto do uso 
ou da má-fabricação, no segundo caso o defeito é subjetivo, ou seja, o 
adquirente imagina estar adquirindo uma coisa e na verdade adquire outra 
 
– existe um ato volitivo que se não teria externado se o não viciasse a falsa 
concepção da realidade). 
 
 
1.6 DA EVICÇÃO 
 
 Arts. 447 a 457, CC 
 
 Evicção é a perda total ou parcial da coisa em virtude de sentença judicial, 
que atribui a outrem por causa jurídica preexistente ao contrato (ex: na 
compra feita de quem não era o real proprietário e por ele se fazia passar, 
tem o verdadeiro direito de reclamar judicialmente a devolução da coisa, 
restando ao falso vendedor a responsabilidade por perdas e danos dela 
oriundo). 
 
1.6.1 Partes: 
a) Evictor (reivindicante); 
b) Evicto (vencido na demanda, que adquiriu um bem de quem não era o 
seu dono); 
c) Alienante (aquele que responde por perdas e danos por vender bem que 
não lhe pertence). 
 
1.6.2 Condições para que a evicção se configure: 
a) Onerosidade da aquisição (uma vez que se a alienação for gratuita, não 
há prejuízo para o evicto, não havendo, pois, razão para punição 
patrimonial do alienante, que nenhum lucro obteve); 
b) Sentença Judicial (a evicção só ocorre quando uma sentença judicial 
definitiva nega ao adquirente seu direito sobre a coisa, ou seja, o direito 
do reivindicante e a carência de direito do vendedor só podem ser 
apurados e declarados judicialmente); 
c) Denunciação da lide ao alienante (é necessário que o alienante seja 
notificado do litígio para apresentar sua defesa, nos termos do art. 456 do 
CC e art. 70 e seguintes do CPC). 
 
1.6.3 Reforço, redução e exclusão da responsabilidade por evicção 
 O art. 448 do Código Civil permite às partes aumentar o valor da 
indenização quando previsto contratualmente, assim como a reduzi-lo. 
Também é possível incluir-se no contrato cláusula que exclua qualquer 
responsabilidade por evicção, desde que, neste caso, tenha o comprador 
ciência dos riscos que pesam sobre a coisa, e expressamente os assuma (art. 
449, CC). 
 
 No que diz respeito ao aumento do valor, entende a doutrina, em especial 
SÍLVIO RODRIGUES, que tal aumento somente poderia ocorrer até o limite 
do próprio valor do prejuízo do adquirente, sob pena de enriquecimento 
ilícito do mesmo. 
 
 
 
1.7 DA EXTINÇÃO DOS CONTRATOS 
 
 A execução é o modo normal de extinção do vínculo contratual. 
 O instrumento de desfazimento contratual é o distrato, que deve ser feito na 
mesma forma que o contrato original, ou seja, observados os mesmos 
requisitos (art. 472, CC). 
 
1.7.1 Causas de extinção do contrato anteriores ou contemporâneas à sua 
formação: 
 Condição resolutiva: pode ser expressa ou tácita. A tácita está prevista no 
art. 475 do CC, que a subentende em todos os contratos sinalagmáticos, para 
o caso em que um dos contraentes não cumpra sua obrigação, autorizando o 
lesado pela inexecução a pedir judicialmente a rescisão contratual e a 
indenização das perdas e danos. Por outro lado, nada obsta que as partes a 
estabeleçam por escrito, caso em que a rescisão contratual operar-se-á de 
pleno direito, sem necessidade de interpelação judicial, sujeitando o faltoso 
às perdas e danos, desde que o devedor esteja em mora (art. 474 a 475, CC). 
 Direito de arrependimento: quando os contraentes estipular, expressamente, 
que o ajuste será rescindido, mediante declaração unilateral de vontade, se 
qualquer deles se arrepender de o ter celebrado, sob pena de pagar multa 
penitencial. Tal direito pode, ainda, decorrer, diretamente de lei, nos casos 
expressos no art. 49 da lei 8.078/90 e do art. 420 do Código Civil. 
 
1.7.2 Causas extintivas do contrato supervenientes à sua formação: 
 Resolução por inexecução voluntária: opera-se quando há inadimplemento 
culposo do contrato por parte de um dos contraentes, quando há dano 
causado ao outro e quando há nexo de causalidade entre o comportamento 
ilícito do agente e o prejuízo. Tal inexecução sujeita o inadimplente ao 
ressarcimento das perdas e danos. 
 Resolução por inexecução involuntária: quando o inadimplemento se dá por 
caso fortuito ou força maior, se opera a resolução do contrato de pleno 
direito, sem ressarcimento de perdas e danos. 
 Resolução por onerosidade excessiva: ocorre quando em virtude de evento 
extraordinário e imprevisível, se dificulta extremamente o adimplemento do 
contrato por uma das partes, de modo que o lesado poderá desligar-se da 
obrigação, pedindo ao juiz a rescisão do contrato ou o reajustamento das 
prestações recíprocas (art. 478 a 480, CC). 
 Resilição unilateral: é a dissolução do contrato pela simples declaração de 
uma das partes (muito comum no mandato, no comodato, no depósito e em 
contratos de execução continuada), que se opera mediante denúncia à outra 
parte (art. 473, CC). 
 
 
 
 
2. DOS CONTRATOS EM ESPÉCIE 
 
2.1 DA COMPRA E VENDA 
 
2.1.1 Disposições Gerais 
 
 Arts. 481 a 532, CC 
 
 Conceito: O art. 481 fornece elementos para conceituarmos o contrato de 
compra e venda, vejamos: “Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes 
se obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em 
dinheiro”. Portanto, trata-se de um contrato com obrigações recíprocas: para 
o vendedor, a obrigação de transferir o domínio; para o comprador, a de 
entregar o preço. 
 
 Natureza Jurídica: o contrato de compra e venda tem, em nosso direito, 
caráter apenas obrigacional, e não real, uma vez que a compra e venda por si 
só não transfere o domínio da coisa vendida, mas gera apenas a obrigação 
de transferi-lo. A transferência definitiva se dá apenas com a tradição, se o 
objeto for móvel, e com o registro (transcrição), se imóvel. 
 
 Classificação: é um contrato consensual (se aperfeiçoa independentemente 
da entrega do objeto, apenas pelo acordo de vontades quanto ao preço e à 
coisa – art. 482, CC), sinalagmático (bilateral, porque envolve obrigações 
recíprocas a ambas as partes), oneroso (porque implica sacrifício patrimonial 
para ambos os contratantes), em regra comutativo* (porque a estimativa da 
prestação a ser recebida por qualquer das partes pode ser feita no ato 
mesmo em que o contrato é assinado), em alguns casos sujeito à forma 
prescrita em lei **(no caso de bens imóveis de valor superior a trinta vezes o 
maior salário mínimo vigente no país, exige a lei a forma de escritura 
pública – art. 108, CC). 
Obs 1: * A própria lei contempla hipótese em que a compra e venda éaleatória, como nos casos dos arts. 458 e 459 do Código Civil (emptio spei 
e emptio rei speratae) 
Obs 2: ** Em regra a compra e venda independe de forma determinada e, 
nas Bolsas de Títulos ou de Mercadorias se ultimam verbalmente, por 
exemplo. 
 
 Elementos essenciais 
a) o consentimento (deve ser livre e espontâneo, recaindo sobre o objeto e o 
preço, com a deliberação de alcançar o resultado final do contrato: a 
aquisição da coisa e a transferência do preço); 
b) o preço (deve ser em dinheiro, sério ou não irrisório, determinado ou 
determinável, pelos próprios contratantes ou por terceiro – arts. 485 a 
489, CC); 
 
c) a coisa (tudo aquilo que não esteja fora do comércio – disponível, ou seja, 
não podem ser objeto de compra e venda as coisas insuscetíveis de 
apropriação e as legalmente inalienáveis)*. 
 
Obs: *Em tese, a venda de coisa alheia é nula, pois ninguém pode alienar o 
que não é seu, exceto em dois casos: quando há a venda de coisa alheia e 
o vendedor vem depois, e antes de o comprador sofrer evicção, a se 
tornar proprietário dela; quando ambas as partes sabem desde o início 
que a coisa é alheia, e o negócio vale como promessa de fato de terceiro. 
Já a venda de coisa futura é negócio lícito, como exemplifica o art. 458 do 
CC. 
 
 Efeitos da Compra e Venda 
Principais: 
a) gera obrigações recíprocas para ambos os contratantes; 
b) acarreta a responsabilidade do vendedor pelos vícios redibitórios e 
evicção. 
 
Secundários: 
a) quanto à responsabilidade pelos riscos: até o momento da tradição dos 
móveis e o registro dos imóveis, a coisa pertence ao vendedor, e, por 
conta dele, correm os riscos da coisa perecer ou se danificar, enquanto os 
do preço se perder correm por conta do comprador; se já houve a 
transferência do domínio, pela tradição ou pelo registro, quem sofre as 
conseqüências do perecimento é o comprador, e da perda do dinheiro, 
depois de pago, é o vendedor (art. 492, CC). De outro lado, se a coisa for 
expedida para lugar diverso, por ordem do comprador, por sua conta 
correrão os riscos, uma vez entregue à transportadora indicada (art. 494, 
CC); 
b) quanto às despesas: dispõe o art. 490 do Código Civil que ficarão as 
despesas da escritura e registro a cargo do comprador, e a cargo do 
vendedor as da tradição, podendo, no entanto, ser adotada outra solução 
de comum acordo; 
c) quanto à retenção da coisa ou do preço: na compara e venda à vista, cabe 
sempre ao comprador o primeiro passo, ou seja, o pagamento do preço. 
Antes disso, o vendedor não é obrigado a entregar a coisa, podendo retê-
la, ou negar-se a assinar a escritura definitiva, até que o comprador 
satisfaça a sua parte (art. 491, CC). Sendo a venda a crédito, pode o 
vendedor sobrestar a entrega, se antes da tradição o comprador cair em 
insolvência, até obter dele caução de que pagará o preço ajustado (art. 
495, CC). Da mesma forma, se é o devedor que se torna insolvente, pode 
o comprador reter o pagamento até que a coisa lhe seja entregue, ou 
prestada caução. 
 
 Limitações à Compra e Venda 
A lei determina certas limitações à efetivação da compra e venda pela falta de 
legitimação de algumas pessoas em razão de determinadas circunstâncias ou da 
 
situação em que se encontram, que não se confundem com a mera incapacidade 
civil. São elas: 
 
a) Venda de ascendente a descendente (art. 496, CC)  é anulável a venda 
de ascendente para descendente, salvo se os outros descendentes e o 
cônjuge do alienante (exceto no caso do regime da separação obrigatória 
de bens) expressamente houverem consentido. A exigência também vale 
para a venda de avô a neto e assim sucessivamente. Devem consentir os 
herdeiros necessários ao tempo do contrato, ou seja, os mais próximos em 
grau, salvo o direito de representação, havidos ou não no casamento e os 
adotivos. A anuência deve ser expressa, e, por aplicação analógica do art. 
220 do CC, do mesmo modo que o instrumento principal, ou seja, por 
instrumento público (na própria escritura se possível), no caso de bem 
imóvel, e por instrumento particular, em se tratando de bem móvel.* 
Tendo em vista não haver previsão nesse sentido, aduz-se que o cônjuge 
do descendente não precisa consentir com a venda. 
Obs 1: * Se um dos descendentes é menor ou nascituro, cabe ao juiz nomear-
lhe curador especial (art. 1.692, CC), e este comparecerá à escritura, par 
anuir à venda em nome do incapaz. 
Obs 2: Se houver a recusa de algum dos descendentes em dar o 
consentimento, ou o caso for o de impossibilidade (caso do amental), pode o 
ascendente requerer o suprimento judicial, o que somente será deferido, no 
primeiro caso, se a discordância não for justificada. 
Obs 3: A venda realizada sem observância desta limitação é anulável, 
estando legitimados para a ação anulatória todos os descendentes 
preteridos. O Código Civil de 1916 não dizia se tal venda era nula ou 
anulável, apenas a descrevia como proibida (art. 1.132), deixando aos 
tribunais a decisão em cada caso específico. O Código Civil de 2002 optou, 
expressamente, pela tese da anulabilidade da venda. 
 
b) Venda de bens por pessoa encarregada de zelar pelos interesses do 
vendedor  o art. 497 do Código Civil nega legitimação às seguintes 
pessoas para a venda dos bens que estejam sob sua guarda (a intenção é 
manter a isenção de ânimo naqueles que, por dever de ofício ou por 
profissão, têm de zelar por interesses alheios): 
I - pelos tutores, curadores, testamenteiros e administradores, os bens 
confiados à sua guarda ou administração; 
II - pelos servidores públicos, em geral, os bens ou direitos da pessoa 
jurídica a que servirem, ou que estejam sob sua administração direta ou 
indireta; 
III - pelos juízes, secretários de tribunais, arbitradores, peritos e outros 
serventuários ou auxiliares da justiça, os bens ou direitos sobre que se 
litigar em tribunal, juízo ou conselho, no lugar onde servirem, ou a que 
se estender a sua autoridade; 
IV - pelos leiloeiros e seus prepostos, os bens de cuja venda estejam 
encarregados. 
 
 
c) Venda da parte indivisa em condomínio (art. 504, CC)  o condômino 
não pode alienar a sua parte indivisa a estranho, se outro consorte a 
quiser, pelo mesmo valor. Tanto assim que o condômino não consultado 
sobre a venda pode exercer seu direito de preferência pela ação de 
preempção, ajuizando-a no prazo decadencial de 180 (cento e oitenta) 
dias contados da data em que teve ciência da alienação, na qual deverá 
efetuar o depósito do preço pago, havendo para si a parte vendida ao 
terceiro. Se mais de um condômino se interessar pela aquisição, preferirá 
o que tiver benfeitorias de maior valor e, na falta destas, o de quinhão 
maior. Se as partes forem iguais, todos que quiserem poderão adquirir a 
parte vendida, depositando o preço (parágrafo único do art. 504, CC). 
 
d) Venda entre cônjuges: um cônjuge, qualquer que seja o regime de bens, 
exceto no da separação absoluta, só estará legitimado a alienar, hipotecar 
ou gravar de ônus reais os bens imóveis depois de obter a autorização do 
outro, ou o suprimento judicial de seu consentimento (art. 1.647, I, CC). 
Já a compra e venda entre cônjuges é lícita somente em relação aos bens 
excluídos da comunhão (art. 499, CC), posto que, caso contrário, a venda 
não seria senão um ato fictício (simulação ou fraude à lei), pois se o 
acervo de bens do casal é comum, não pode haver compra e venda, que 
pressupõe mutação do patrimônio. 
 
 Vendas Especiais 
a) Venda mediante amostra: dispõe o art. 484 do Código Civil que “se a venda se 
realizar à vista de amostras, protótipos ou modelos, entender-se-á que o vendedor 
assegura ter a coisa as qualidades que a elas correspondem”. Assim, se a 
mercadoria entregue não for em tudo igual à amostra (que prevalece 
inclusive sobre a descrição da mercadoria constante no contrato),caracteriza-se o inadimplemento contratual, devendo o comprador protestar 
imediatamente, sob pena de seu silêncio ser interpretado como aceitação ao 
produto entregue. É possível, nesse sentido, ao comprador, requerer a 
vistoria da mercadoria, como medida preparatória da ação de rescisão 
contratual, cumulada com perdas e danos. 
 
b) Venda “ad corpus” e venda “ad mensuram” (art. 500): quando a preocupação 
das partes é vender e comprar coisa certa e determinada, na forma que 
existe objetivamente, sem com que a extensão do imóvel constitua situação 
essencial para a realização do negócio, fala-se que a venda é “ad corpus” (ex.: 
a compra do “Sítio Cachoeira”); quando a preocupação das partes for 
vender e comprar uma determinada área de terreno (o negócio é estipulado 
tendo em vista certa dimensão; ex.: compra de 10.000 m2 para construção de 
uma fábrica).* 
Obs 1: * O tipo de venda realizada causa efeitos distintos. Quando a venda 
se der na forma “ad mensuram” e após sua efetivação perceber o adquirente 
que as medidas prometidas pelo vendedor não coincidem com as reais, cabe 
 
ao comprador exigir o complemento da mesma através de ação judicial 
específica denominada “ex emptio” ou “ex vendito”. Não sendo isso possível, 
poderá o vendedor optar por requerer o abatimento do preço, através da 
chamada ação “quanti minoris”, ou reclamar a resolução do contrato (ação 
redibitória). 
 
 
2.1.2 Das Cláusulas Especiais da Compra e Venda 
2.1.2.1 Da Retrovenda (arts. 505 a 508, CC) 
 Pela cláusula de retrovenda o vendedor se reserva o direito de recobrar, em 
certo prazo, o imóvel que vendeu, restituindo o preço, mais as despesas 
feitas pelo comprador. 
 
 Tem, portanto, natureza jurídica de pacto acessório, adjecto à compra e 
venda, que insere uma condição resolutiva expressa, cujo advento desfaz a 
relação jurídica, transportando as partes para o estado em que se 
encontravam antes do contrato. 
 
 Pressupostos: 
a) que recaia sobre bem imóvel; 
b) que seja exercido o retrato no prazo máximo de 03 (três) anos* 
(decadência). 
Obs.: * não podem as partes prescrever prazo maior para a validade da 
cláusula de retrovenda, de forma que reputar-se-á como não escrito o 
excesso eventualmente por elas prescrito. 
 
 Tendo em vista que esta cláusula só recai nos contratos de compra e venda 
de bens imóveis, deve a mesma constar expressamente na escritura pública e 
na transcrição imobiliária correspondente, de modo que eventuais 
adquirentes de tais bens estejam cientes de sua existência e assumam o risco 
de seu exercício. 
 
 Como se nota, uma vez que o compromisso de compra e venda pode 
assumir o mesmo caráter da cláusula de retrovenda, ou seja, possibilitar a 
um dos contratantes o desfazimento do negócio, e com a vantagem de se 
efetivar antes da consolidação definitiva do negócio (portanto antes do 
recolhimento dos impostos respectivos, por exemplo), sendo pois muito 
mais eficaz e econômico para as partes, tem a cláusula de retrovenda caído 
em desuso, sendo hoje “um instituto superado”, como bem alerta SÍLVIO 
RODRIGUES. 
 
2.1.2.2 Da Venda a Contento e da Sujeita a Prova (arts. 509 a 512, CC) 
 A venda a contento é aquela que se realiza sob a condição de só se tornar 
perfeita e obrigatória após declaração do comprador de que a coisa o 
satisfaz. 
 
 
 Destina-se, portanto, em geral, a regular os negócios jurídicos que têm por 
objeto gêneros que se costumam provar, medir, pesar ou experimentar antes 
de aceitos. 
 
 Constitui-se, pois, numa venda condicional, uma vez que o negócio somente 
se aperfeiçoará com a aprovação do adquirente, ou seja, entende-se como 
realizada sob condição suspensiva. 
 
 Efeitos: 
a) enquanto não advier a manifestação concordante do adquirente, mesmo 
tendo havido tradição, o domínio continua com o alienante (que é quem 
sofre eventuais perdas ou prejuízos); 
b) o comprador, antes da concordância, será mero comodatário, e a posse 
que exerce será precária e direta. 
 
 O julgamento do comprador, quanto à aceitação ou não do bem entregue 
pelo vendedor, é de caráter subjetivo, interno, escapando de qualquer 
interferência do vendedor. 
 
 A lei não determina prazo específico para que o comprador declare se aceita 
ou não a coisa. Assim, nos termos do art. 512 do Código Civil, cabe às partes 
estipularem prazo tal; se após o prazo estipulado o comprador se mantiver 
silente quanto à sua aceitação, pode o vendedor intimá-lo, judicial ou 
extrajudicialmente, para que o faça em prazo improrrogável. 
 
2.1.2.3 Da Preempção ou Preferência (arts. 513 a 520, CC) 
 É o negócio em que o comprador de uma coisa se obriga para com o 
vendedor a preferi-lo, em igualdade de condições, caso venha a vendê-la 
posteriormente, ou seja, as partes deixam consignado no contrato que, 
quando for o comprador revender o próprio bem adquirido, tenha que 
primeiro informar àquele que lhe vendeu das propostas recebidas para que 
este, se quiser, iguale a melhor proposta e o readquira. 
 
 Requisitos: 
a) que o comprador queira vender; 
b) que o vendedor queira readquirir a coisa, dispondo-se a oferecer o preço 
encontrado ou ajustado (art. 515, CC); 
c) que exerça este direito dentro do prazo de 03 dias, se a coisa for móvel, e 
60 dias, se imóvel. 
 
 Finalidade: possibilitar ao alienante recobrar o domínio da coisa vendida. 
 
 Preempção ≠ Retrovenda: 
a) enquanto na Retrovenda o mesmo (e primeiro) negócio se resolve, no 
Pacto de Preferência há uma nova aquisição, ou seja, há um segundo 
 
negócio onde o vendedor primitivo adquire o mesmo bem do comprador 
primitivo; 
b) enquanto a Retrovenda recai somente sobre bens imóveis, a Preempção 
pode recair sobre quaisquer tipos de bens; 
c) enquanto na Retrovenda o vendedor conserva o direito de recobrar a 
coisa, desde que a queira e mediante a devolução daquilo que recebeu, 
na Preempção o preferente só pode recomprar a coisa se o proprietário 
quiser vender e pelo preço que for alcançado no mercado. 
d) o direito de Preferência é pessoal, e, por isso não pode ser cedido e nem é 
transmissível aos herdeiros e sucessores (art. 520, CC); já o direito de 
Retrovenda é transmissível e pode ser cedido aos herdeiros e legatários 
(art. 507, CC). 
 
 Se o comprador primário não informar o vendedor primário, a quem se 
garantiu o direito de preempção, de sua intenção de vender o mesmo bem, 
pode este último, ao tomar conhecimento do fato, notificar o alienante de 
sua intenção de exercer o seu direito (art. 514, CC). Se, ainda assim, a venda 
a terceiro se ultima sem a ciência do titular do direito de preferência, aquele 
que desatender o direito do preferente responderá por perdas e danos (art. 
518, CC). 
 
2.1.2.4 Da Venda com Reserva de Domínio (arts. 521 a 528, CC) 
 Por esta cláusula, o alienante de bens móveis, embora transfira ao 
adquirente a posse da coisa alienada, conserva pra si o domínio da mesma 
até ser pago na totalidade o preço ajustado (só se aplica, por conseqüência 
lógica, às vendas a prestação). 
 
 Assim, se não houve o pagamento do preço no prazo avençado, e havendo 
tal cláusula, pode o vendedor reivindicar a coisa ou se reintegrar na sua 
posse. 
 
 É, portanto, uma venda condicional, uma vez que o negócio somente se 
aperfeiçoará com o pagamento integral do preço avençado, ou seja, entende-
se como realizada sob condição suspensiva. 
 
 Nos termos do art. 522 do Código Civil, a cláusula de reserva de domínio 
deverá ser estipulada por escrito e depende de registro no Cartório de 
Registro de Títulos e Documentos do domicílio do comprador para valer 
contra terceiros. 
 
 Havendo mora do comprador, que se verifica após o protesto do título ou 
sua interpelação judicial (art. 525, CC), tem o vendedor duas opções: 
a) pleitearjudicialmente o pagamento das obrigações vencidas e vincendas; 
b) pleitear a rescisão do contrato e a reintegração de posse da coisa. 
 
 Procedimentos processuais (arts. 1.070 e 1.071 do CPC): 
 
 
CAPÍTULO XIII 
DAS VENDAS A CRÉDITO COM RESERVA DE DOMÍNIO 
 
Art. 1.070 - Nas vendas a crédito com reserva de domínio, quando as prestações estiverem representadas 
por título executivo, o credor poderá cobrá-las, observando-se o disposto no Livro II, Título II, Capítulo 
IV. 
§ 1º - Efetuada a penhora da coisa vendida, é licito a qualquer das partes, no curso do processo, 
requerer-lhe a alienação judicial em leilão. 
§ 2º - O produto do leilão será depositado, sub-rogando-se nele a penhora. 
 
Art. 1.071 - Ocorrendo mora do comprador, provada com o protesto do título, o vendedor poderá requerer, 
liminarmente e sem audiência do comprador, a apreensão e depósito da coisa vendida. 
§ 1º - Ao deferir o pedido, nomeará o juiz perito, que procederá à vistoria da coisa e arbitramento do seu 
valor, descrevendo-lhe o estado e individuando-a com todos os característicos. 
§ 2º - Feito o depósito, será citado o comprador para, dentro em 5 (cinco) dias, contestar a ação. Neste 
prazo poderá o comprador, que houver pago mais de 40% (quarenta por cento) do preço, requerer ao juiz 
que Ihe conceda 30 (trinta) dias para reaver a coisa, liquidando as prestações vencidas, juros, honorários e 
custas. 
§ 3º - Se o réu não contestar, deixar de pedir a concessão do prazo ou não efetuar o pagamento referido no 
parágrafo anterior, poderá o autor, mediante a apresentação dos títulos vencidos e vincendos, requerer a 
reintegração imediata na posse da coisa depositada; caso em que, descontada do valor arbitrado a 
importância da dívida acrescida das despesas judiciais e extrajudiciais, o autor restituirá ao réu o saldo, 
depositando-o em pagamento. 
§ 4º - Se a ação for contestada, observar-se-á o procedimento ordinário, sem prejuízo da reintegração 
liminar. 
 
 
2.1.2.5 Da Venda Sobre Documentos (arts. 529 a 532, CC) 
 Trata-se da venda onde a tradição da coisa é substituída pela entrega de seu 
título representativo e de outros documentos eventualmente exigidos no 
contrato. 
 
2.2 DA TROCA OU PERMUTA 
 
 Art. 533, CC 
 
 É o contrato pelo qual as partes se obrigam a dar uma coisa por outra, que 
não seja dinheiro. Difere-se, portanto, da compra e venda, pois nesta a 
prestação de uma das partes consiste em dinheiro, enquanto na troca as 
prestações são sempre ambas em espécie. 
 
 Nos termos do art. 533 do Código Civil, à troca se aplicam as disposições 
referentes à compra e venda, exceto: 
a) as despesas do contrato devem ser repartidas entre os permutantes 
(inciso I); 
b) no caso de troca entre ascendentes e descendentes, se os valores forem 
desiguais, esta só será válida com o consentimento dos outros 
descendentes e do cônjuge do alienante (inciso II). 
 
 
 
 
2.3 DO CONTRATO ESTIMATÓRIO 
 
 Arts. 534 a 537, CC 
 
 É o contrato pelo qual uma pessoa, denominada consignante, entrega bens 
móveis à outra, denominada consignatária, que fica autorizada a vendê-los, 
pagando àquela o preço ajustado, saldo se preferir, no prazo estabelecido, 
restituir-lhe a coisa consignada (ex.: vendedores de jóias e antiguidades) 
 
 Segundo o jurista CAIO MÁRIO, tem este contrato natureza jurídica de 
obrigação alternativa (uma vez que o consignatário tem o direito de 
escolher entre vender a coisa pelo preço que lhe aprouver, e pagar ao 
consignante o preço estipulado, ou simplesmente devolvê-la ao 
consignante). 
 
 Requisitos: 
a) entrega da coisa; 
b) que a coisa seja móvel; 
c) obrigação de restituir ou pagar (restituir a coisa não deteriorada ou pagar 
o preço avençado); 
d) que haja prazo para o seu cumprimento; 
e) que se estipule o preço das coisas dadas em consignação (podendo o 
preço de venda ser maior); 
f) disponibilidade (para que possa o consignante vender a coisa a terceiros, 
é preciso que sobre a mesma não paire nenhum ônus). 
 
 Efeitos: 
a) quanto aos riscos, o contrato estimatório os transfere ao consignatário, que 
responde pela perda ou deterioração da coisa, não se exonerando da 
obrigação de pagar o preço mesmo que a restituição se impossibilite sem 
culpa sua (art. 535, CC); 
b) os credores do consignatário não tem nenhum direito sobre as coisas a 
ele dadas em consignação, de modo que não podem penhorá-las ou 
seqüestrá-las por dívida daquele (art. 536, CC); 
c) o consignante não pode dispor da coisa antes que ela lhe seja restituída 
pelo consignatário (art. 537, CC). 
 
2.4 DA DOAÇÃO 
 
 Arts. 538 a 564, CC 
 
 Doação é o contrato em que uma pessoa, por liberalidade, transfere de seu 
patrimônio bens ou vantagens para o de outra, conforme bem define o art. 
538 do Código Civil. 
 
 
 É contrato unilateral (porque envolve prestação de uma só das partes), 
gratuito (porque se trata de uma liberalidade do doador), consensual 
(porque se aperfeiçoa pela conjunção das vontades do doador e do 
donatário) e, via de regra, solene (porque a lei lhe impõe forma escrita, a 
menos que se trate de bens móveis de pequeno valor). 
 
 Assim como a compra e venda ou a troca, para que a doação se aperfeiçoe, é 
necessária a tradição do bem, não bastando o mero contrato, ou seja, é 
preciso sua entrega, se for móvel o bem, ou sua transcrição, se imóvel. 
 
 Requisitos: 
a) natureza contratual; 
b) animus donandi, ou seja, intenção de doar por mera liberalidade; 
c) a transferência de bens para o patrimônio do donatário; 
d) a aceitação do donatário. 
 
 A aceitação é a manifestação concordante da vontade do donatário, 
indispensável para o aperfeiçoamento do negócio. Pode ser expressa ou 
tácita, ou ainda, presumida pela lei. É expressa quando revelada verbal ou 
escrita e ainda por gestos, quando estes significarem concordância com o 
negócio proposto. É tácita quando resulta de um comportamento do 
donatário, incompatível com sua recusa à liberalidade (se este recebe um 
automóvel e o licencia, emplaca e passa a usá-lo como dono, por exemplo). 
A aceitação é presumida pela lei nas seguintes hipóteses: 
a) quando o autor por liberalidade não sujeita a encargo fixa prazo ao 
donatário para declarar se aceita, ou não, e este se mantém silente. (art. 539, 
CC); 
b) quando se tratar de doação pura e o beneficiário for incapaz de 
manifestar o seu consentimento (art. 543, CC) 
c) quando a doação é feita em contemplação de casamento futuro com certa 
e determinada pessoa e o casamento se realizar (art. 546, CC); 
d) na doação feita ao nascituro, quando aceita pelo seu representante legal 
(art. 542, CC). 
 
 Forma da Doação 
Dispõe o art. 541 do Código Civil que a doação far-se-á por escritura pública 
ou instrumento particular, de forma que se não há formalidade excessiva, no 
mínimo se reclama a forma escrita. Ainda assim, o parágrafo único deste 
mesmo artigo considera válida a doação verbal “se, versando sobre bens móveis e 
de pequeno valor, se lhe seguir incontinenti a tradição”. 
Nos termos do art. 108 do Código Civil, se exige a forma solene de escritura 
pública sempre que a doação tiver por objeto bens imóveis de valor superior a 
30 (trinta) vezes o salário mínimo vigente no País. 
 
 Espécies de Doação 
a) Pura ou Simples: é aquela que consiste em mero benefício e na qual o 
devedor é movido pelo exclusivo espírito de liberalidade, ou seja, 
 
quando o doador não impõe nenhuma restrição ou encargo ao 
beneficiário, nem subordina sua eficácia a qualquer condição. 
b) Remuneratória: é aquela feita em retribuição a serviços prestados, cujo 
pagamento não podia ser exigido pelo donatário (é a hipótese da 
liberalidade feita ao médico que tratou do doador, sem o cobrar, 
salvando sua vida). 
c) Onerosa ou com encargo: é aquelana qual se impõe ao donatário uma 
contraprestação que ele deve cumprir e donde resulta uma vantagem 
para o doador ou para o terceiro (quando, por exemplo, o doador sujeita 
o donatário a pensionar um parente dele, ou a oferecer alta cifra a uma 
entidade assistencial, etc.). 
d) Em contemplação do merecimento do donatário: quando o doador 
menciona expressamente o motivo da liberalidade, não sendo necessária 
a comprovação do merecimento por parte do donatário. É considerada, 
nos termos do art. 540 do Código Civil, como se simples fosse, ou seja, 
por mera liberalidade do doador. 
e) Em forma de subvenção periódica: trata-se de uma pensão, como favor 
pessoal ao donatário, cujo pagamento termina com a morte do doador, 
não se transferindo tal obrigação a seus herdeiros e sucessores, salvo se 
contrário houver, ele próprio, estipulado (art. 545, CC). 
f) Em contemplação de casamento futuro: é doação subordinada a uma 
condição suspensiva (si nuptiae sequuntur), que somente terá eficácia se o 
matrimônio a que se refere vier a ocorrer (art. 546, CC). 
g) Entre cônjuges: de acordo com o art. 544 do Código Civil, importa 
adiantamento do que lhes cabe por herança, ou seja, somente é possível 
nas hipóteses em que o cônjuge participa como herdeiro da sucessão do 
outro, previstas no art. 1.829 do Código Civil. 
h) Conjuntiva: é a doação de um ou alguns bens ao mesmo tempo a mais de 
uma pessoa, e entende-se distribuída por igual entra elas, salvo quando 
disposto em contrário pelo próprio doador (art. 551). 
i) De ascendentes a descendentes: nos termos do art. 544 do Código Civil, 
representam adiantamento daquilo que lhes caberia por herança, ou seja, 
está limitada ao quinhão respectivo. É possível, no entanto, que a 
liberalidade venha a beneficiar um filho em detrimento de outro, quando 
o doador faz constar expressamente que está se dá em relação à sua 
quota disponível. Apenas quando tal menção não ocorre é que se aplica a 
regra ora em comento. 
j) Com cláusula de retorno ou reversão: é aquela portadora de uma 
condição resolutiva expressa, que determina a volta ao patrimônio do 
doador dos bens doados, caso este sobreviva ao donatário (art. 547, CC). 
k) A entidade futura (art. 554, CC): é a doação feita a uma entidade ainda 
não existente juridicamente, que caduca em 02 (dois) anos, se esta não 
estiver constituída regularmente. 
Obs.: O art. 540 do Código Civil estabelece ainda que, tanto a doação 
remuneratória quanto a doação com encargo não perdem o caráter de 
 
liberalidade, no excedente ao valor dos serviços remunerados ou dos 
encargos impostos. 
 
 Restrições à liberdade de doar 
a) Doação de todos os bens do doador (art. 548, CC): é nula a doação de 
todos os bens sem reserva de parte, ou renda suficiente para a 
subsistência do doador. Não haverá restrição se o doador mantiver 
alguma fonte de renda ou se reservar para si o usufruto dos referidos 
bens, ou de parte deles. 
b) Doação da parte inoficiosa (art. 549, CC): é nula a doação quanto à parte 
que exceder à de que o doador, no momento da liberalidade, poderia 
dispor em testamento (não existirá tal restrição se o doador não tiver 
descendentes e nem ascendentes). Como o próprio artigo esclarece, 
apenas a doação da parte inoficiosa será nula, permanecendo válida a 
doação quanto ao restante. 
c) Doação de onde resulta prejuízo para os credores do doador: nos termos 
do art. 158 do Código Civil (ação pauliana), é possível a revogação de 
atos de transmissão gratuita de bens quando o devedor os pratique já 
insolvente, ou quando com eles fique reduzido à insolvência. 
d) Doação do cônjuge adúltero a seu cúmplice (art. 550, CC): é anulável, ou 
seja, o consorte do adúltero ou seus herdeiros necessários podem anular 
a liberalidade feita a seu cúmplice, mesmo se separados de fato, até 02 
(dois) anos depois de dissolvida a sociedade conjugal. 
 
 Da Promessa de Doação 
Muito embora todos os contratos possam ser precedidos de um outro, 
preliminar, embora a doação seja um contrato, a promessa de doação, quando 
pura, não será vinculativa, uma vez que até sua formalização definitiva será 
lícito ao promitente doador arrepender-se do negócio. 
Esse é o entendimento da maioria dos escritores, tais como SÍLVIO 
RODRIGUES, SERPA LOPES e CAIO MÁRIO, afirmando este último que “a 
doação pura não pode ser objeto de contrato preliminar”. 
Tal óbice não existe, entretanto, quanto às doações onerosas, pois estas 
impõem ao donatário uma obrigação, que uma vez cumprida, vincula o 
donatário ao cumprimento da sua promessa. 
 
 Da Revogação da Doação 
a) Por motivos comuns a todos os contratos: todos os defeitos que infirmam 
qualquer ato jurídico – erro, dolo, coação, simulação e fraude – podem 
levar à anulação da doação, como contrato que é. 
b) Por ser resolúvel o negócio: é o caso do art. 547 do CC, quando o doador 
estabelece uma situação que, se ocorrida, revoga a doação feita e devolve 
a ele os bens doados. 
c) Por descumprimento de encargo (parágrafo único do art. 562, CC): “a 
doação onerosa pode ser revogada por inexecução do encargo, se o donatário 
incorrer em mora; não havendo prazo para o cumprimento, o doador poderá 
 
notificar judicialmente o donatário, assinando-lhe prazo razoável para que 
cumpra a obrigação assumida”. 
d) Por ingratidão do donatário: configura-se a ingratidão quando o doador 
é ofendido pelo donatário, nas seguintes hipóteses (art. 557, CC): “I - se o 
donatário atentou contra a vida do doador ou cometeu crime de homicídio doloso 
contra ele; II - se cometeu contra ele ofensa física; III - se o injuriou gravemente 
ou o caluniou; IV - se, podendo ministrá-los, recusou ao doador os alimentos de 
que este necessitava”. * 
Obs 1: * Só podem ser revogadas por ingratidão as doações puras, uma 
vez que o art. 564 do Código Civil estabelece serem irrevogáveis, por esse 
motivo, as doações puramente remuneratórias, as oneradas com encargo, 
as que se fizerem em cumprimento de obrigação natural ou para 
determinado casamento. 
Obs 2: Para que uma doação possa ser revogada, não basta tenha 
ocorrido uma dessas circunstâncias, é preciso que o doador, e somente 
ele, ajuíze uma ação revocatória de doação, provando a ocorrência do 
motivo que alegar, cujo prazo decadencial é de 01 (um) ano, nos termos 
do art. 559 do Código Civil. 
Obs 3: A revogação por ingratidão não prejudica os direitos adquiridos 
por terceiro, nem obriga o donatário a restituir os frutos percebidos antes 
de sua citação válida, nos termos do art. 563 do Código Civil. 
 
 
2.5 DA LOCAÇÃO DE COISAS 
 
 Arts. 565 a 578, CC 
 
 É o contrato pelo qual uma das partes se obriga a ceder a outra, por tempo 
determinado ou não, o uso e o gozo de coisa não fungível, mediante certa 
retribuição (art. 565, CC). 
 
 Trata-se de contrato bilateral (porque envolve prestações recíprocas de cada 
uma das partes); oneroso (dado o seu propósito especulativo); consensual 
(porque independe da entrega da coisa para seu aperfeiçoamento); 
comutativo (porque cada uma das partes, desde o momento do ajuste, pode 
antever e avaliar a prestação que lhe será fornecida e que, pelo menos 
subjetivamente, é equivalente da prestação que se dispõe a dar) e não solene 
(porque a lei não impõe forma determinada para o seu aperfeiçoamento). 
 
 
 Elementos essenciais: 
a) o objeto: pode ser coisa móvel ou imóvel. O bem móvel deverá ser 
infungível (se for fungível ter-se-á um contrato de mútuo e não de 
locação, exceto quando o seu uso tiver sido cedido para ornamentação, 
como uma cesta de frutas com adornos raros, por exemplo) 
 
b) o preço: denominado aluguel ou remuneração, deverá ser fixado pelas 
partes ou mediante arbitramento, ou ainda por ato governamental, nos 
casos dos táxis, p.ex.; deve ser sério ou real e determinado ou determinável,podendo o seu pagamento ser em dinheiro ou não. (se não houver preço, 
ou seja, se o uso e o gozo da coisa forem cedidos a título gratuito, ter-se-á 
comodato e não locação). 
c) o consentimento: pode ser expresso ou tácito (não se exige que aquele 
que loca seja proprietário, mas sim que tenha poderes de administração 
sobre a coisa). 
 
 Obrigações do Locador 
a) entregar ao locatário a coisa alugada (art. 566, I, CC); 
b) manter a coisa no mesmo estado (compete ao locador fazer os reparos 
necessários para que a coisa seja mantida em condições de uso, salvo 
convenção em contrário – art. 566, I, 2ª parte, CC); 
c) garantir o uso pacífico da coisa (art. 566, II), ou seja, abster-se de praticar 
qualquer ato que possa afetar ou comprometer o uso e gozo da coisa 
locada e garantir o locatário contra perturbações emanadas de terceiros, 
 
 Obrigações do Locatário 
a) zelar pela coisa alugada como se sua fosse (art. 569, I, 2ª parte, CC), de 
modo que se não a conserva, pode o locador promover a rescisão da 
relação locatícia, ou reclamar indenização do prejuízo nos termos do art. 
570 do Código Civil; 
b) servir-se da coisa locada para os usos convencionados ou presumidos 
(art. 569, II, CC), não podendo alterá-los sem anuência do locador, sob 
pena de rescisão da locação ou de responsabilização por perdas e danos 
nos termos do art. 570 do Código Civil; 
c) pagar o aluguel no prazo legal ou no ajustado (art. 569, II); 
d) levar ao conhecimento do locador as turbações de terceiros (art. 569, III); 
e) restituir a coisa, finda a locação, no estado em que a recebeu (art. 569, 
IV), salvo as deteriorações naturais ao seu uso regular. 
 
 Termo final da Locação 
A locação de coisas pode ajustar-se por prazo determinado ou 
indeterminado. No primeiro caso, a relação locatícia cessa de pleno direito com 
o advento do termo, independentemente de notificação ou aviso (art. 573, CC), 
salvo no caso de locação de prédios urbanos, conforme estatui a Lei n.º 
8.245/91, impondo-se, portanto, ao locatário o dever de devolver a coisa. Se tal 
devolução não ocorre, o locador deve reclamá-la mediante notificação judicial 
dirigida do locatário, a fim de constituí-lo em mora, pois, caso contrário, seu 
silêncio poderá ser interpretado como concordância com a prorrogação do 
contrato, por igual aluguel, mas sem prazo determinado (arts.. 574, CC). 
Se notificado, o locatário não restituir a coisa, poderá ser obrigado a: 
a) pagar o aluguel que o locador, na própria notificação, arbitrar (art. 575, 
CC); 
 
b) responder pelo dano que a coisa venha a sofrer, embora proveniente de 
caso fortuito (art. 575, 2ª parte, CC). 
A locação por prazo indeterminado cessará desde que qualquer das partes 
resolva dá-la por finda. Se se tratar, entretanto, de locação de imóvel, tem o 
locatário o prazo de 90 (noventa) dias, após a notificação, para o desocupar (art. 
576, §2º, CC). 
 
 Direito de Retenção do Locatário 
Estabelece o art. 578 do Código Civil que o locatário goza do direito de 
retenção, ou seja, de não devolver a coisa no prazo estipulado, para receber o 
valor das benfeitorias necessárias e o das úteis, quando estas houverem sido 
feitas com expresso consentimento do locador. 
Trata-se, portanto, de um direito de defesa concedido ao locatário para que 
o mesmo possa se recusar a devolver a coisa alugada, após o vencimento do 
contrato, até que o locador o indenize pelas citadas benfeitorias. 
 
 Locação de Prédio Urbano – Lei n.º 8.245/91 
A locação de prédios urbanos rege-se pela chamada Lei do Inquilinato (Lei 
n.º 8.245, de 18 de outubro de 1991, com redação atual dada pela Lei n.º 
12.112/2009), cujo art. 1º, parágrafo único, proclama continuarem regidas pelo 
Código Civil as locações de imóveis de propriedade da União, dos Estados e 
dos Municípios; de vagas autônomas de garagem ou de espaços para 
estacionamento de veículos; de espaços destinados à publicidade; de apart-
hotéis, hotéis residências ou equiparados; e o arrendamento mercantil (leasing). 
As normas anteriormente estudadas têm, pois, aplicação restrita aos referidos 
imóveis. 
Dispõem seus arts. 46 e 47: 
“Art. 46. Nas locações ajustadas por escrito e por prazo igual ou superior a 
trinta meses, a resolução do contrato ocorrerá findo o prazo estipulado, 
independentemente de notificação ou aviso. 
 
§ 1º Findo o prazo ajustado, se o locatário continuar na posse do imóvel alugado por 
mais de trinta dias sem oposição do locador, presumir-se-á prorrogada a locação 
por prazo indeterminado, mantidas as demais cláusulas e condições do contrato. 
§ 2º Ocorrendo a prorrogação, o locador poderá denunciar o contrato a qualquer 
tempo, concedido o prazo de trinta dias para desocupação. 
 
Art. 47. Quando ajustada verbalmente ou por escrito e com prazo inferior 
a trinta meses, findo o prazo estabelecido, a locação prorroga-se 
automaticamente, por prazo indeterminado, somente podendo ser retomado o 
imóvel: 
I - Nos casos do art. 9º (I - por mútuo acordo; II - em decorrência da prática de 
infração legal ou contratual; III - em decorrência da falta de pagamento do aluguel e 
demais encargos; IV - para a realização de reparações urgentes determinadas pelo 
Poder Público, que não possam ser normalmente executadas com a permanência do 
locatário no imóvel ou, podendo, ele se recuse a consenti-las); 
II - em decorrência de extinção do contrato de trabalho, se a ocupação do imóvel pelo 
locatário relacionada com o seu emprego; 
 
III - se for pedido para uso próprio, de seu cônjuge ou companheiro, ou para uso 
residencial de ascendente ou descendente que não disponha, assim como seu cônjuge 
ou companheiro, de imóvel residencial próprio; 
IV - se for pedido para demolição e edificação licenciada ou para a realização de 
obras aprovadas pelo Poder Público, que aumentem a área construída, em, no 
mínimo, vinte por cento ou, se o imóvel for destinado a exploração de hotel ou 
pensão, em cinqüenta por cento; 
V - se a vigência ininterrupta da locação ultrapassar cinco anos. 
 
§ 1º Na hipótese do inciso III, a necessidade deverá ser judicialmente demonstrada, 
se: 
a) O retomante, alegando necessidade de usar o imóvel, estiver ocupando, com a 
mesma finalidade, outro de sua propriedade situado nas mesma localidade ou, 
residindo ou utilizando imóvel alheio, já tiver retomado o imóvel anteriormente; 
b) o ascendente ou descendente, beneficiário da retomada, residir em imóvel próprio. 
 
§ 2º Nas hipóteses dos incisos III e IV, o retomante deverá comprovar ser 
proprietário, promissário comprador ou promissário cessionário, em caráter 
irrevogável, com imissão na posse do imóvel e título registrado junto à matrícula do 
mesmo.” 
 
 O art. 46 da Lei do Inquilinato, acima transcrito, descreve a hipótese 
denominada de denúncia vazia, ou seja, a possibilidade de resolução do 
contrato sem qualquer motivação. 
 A morte do locador acarreta, nos termos do art. 10 da referida lei, a 
transferência do contrato aos herdeiros; a morte do locatário acarreta a sub-
rogação nos seus direitos, podendo continuar a locação (art. 11): 
a) nas locações com finalidade residencial, o cônjuge sobrevivente ou o 
companheiro e, sucessivamente, os herdeiros necessários e as pessoas 
que viviam na dependência econômica do falecido, desde que 
residentes no imóvel; 
b) nas locações com finalidade não residencial, o espólio, e, se for o caso, 
seu sucessor no negócio. 
 
 Em casos de separação de fato, separação judicial, divórcio ou dissolução da 
sociedade concubinária, a locação prosseguirá automaticamente com o 
cônjuge ou companheiro que permanecer no imóvel (art. 12), tendo o 
locador o direito de exigir a substituição do fiador ou o oferecimento de 
outras garantias previstas. 
 
 Segundo dispõe o art. 27 da Lei do Inquilinato, o inquilino tem preferência 
paraaquisição do imóvel (preempção). Se for preterido no seu direito, 
poderá reclamar do alienante as perdas e danos, ou, depositando o preço e 
demais despesas do ato de transferência, haver para si o imóvel locado, se o 
requerer no prazo de 06 (seis) meses, a contar do registro do ato no Cartório 
de Imóveis, desde que o contrato de locação esteja averbado pelo menos 30 
(trinta) dias antes da alienação junto à matrícula do imóvel (art. 33). 
 
 
 
 É livre a convenção do aluguel (art. 17), sendo lícito às partes fixar cláusula 
de reajuste (art. 18). Após 03 (três) anos de vigência do contrato ou do ajuste 
anteriormente realizado, não havendo acordo, ao locador ou locatário caberá 
o ajuizamento de pedido de revisão judicial, a fim de ajustá-lo ao preço de 
mercado (art. 19). 
 
 
 Dos deveres do locador e do locatário: 
 
Do locador (art. 22): 
I - entregar ao locatário o imóvel alugado em estado de servir ao uso a que 
se destina; 
II - garantir, durante o tempo da locação, o uso pacífico do imóvel locado; 
III - manter, durante a locação, a forma e o destino do imóvel; 
IV - responder pelos vícios ou defeitos anteriores à locação; 
V - fornecer ao locatário, caso este solicite, descrição minuciosa do estado do 
imóvel, quando de sua entrega, com expressa referência aos eventuais 
defeitos existentes; 
VI - fornecer ao locatário recibo discriminado das importâncias por este 
pagas, vedada a quitação genérica; 
VII - pagar as taxas de administração imobiliária, se houver, e de 
intermediações, nestas compreendidas as despesas necessárias à aferição da 
idoneidade do pretendente ou de seu fiador; 
VIII - pagar os impostos e taxas, e ainda o prêmio de seguro complementar 
contra fogo, que incidam ou venham a incidir sobre o imóvel, salvo 
disposição expressa em contrário no contrato; 
IX - exibir ao locatário, quando solicitado, os comprovantes relativos às 
parcelas que estejam sendo exigidas; 
X - pagar as despesas extraordinárias de condomínio (por despesas 
extraordinárias de condomínio se entendem aquelas que não se refiram aos 
gastos rotineiros de manutenção do edifício, especialmente: a) obras de 
reformas ou acréscimos que interessem à estrutura integral do imóvel; b) 
pintura das fachadas, empenas, poços de aeração e iluminação, bem como 
das esquadrias externas; c) obras destinadas a repor as condições de 
habitabilidade do edifício; d) indenizações trabalhistas e previdenciárias 
pela dispensa de empregados, ocorridas em data anterior ao início da 
locação; e) instalação de equipamento de segurança e de incêndio, de 
telefonia, de intercomunicação, de esporte e de lazer; f) despesas de 
decoração e paisagismo nas partes de uso comum; g) constituição de fundo 
de reserva). 
 
 
 
Do locatário (art. 23): 
I - pagar pontualmente o aluguel e os encargos da locação, legal ou 
contratualmente exigíveis, no prazo estipulado ou, em sua falta, até o sexto 
 
dia útil do mês seguinte ao vencido, no imóvel locado, quando outro local 
não tiver sido indicado no contrato; 
II - servir-se do imóvel para o uso convencionado ou presumido, compatível 
com a natureza deste e com o fim a que se destina, devendo tratá-lo com o 
mesmo cuidado como se fosse seu; 
III - restituir o imóvel, finda a locação, no estado em que o recebeu, salvo as 
deteriorações decorrentes do seu uso normal; 
IV - levar imediatamente ao conhecimento do locador o surgimento de 
qualquer dano ou defeito cuja reparação a este incumba, bem como as 
eventuais turbações de terceiros; 
V - realizar a imediata reparação dos danos verificados no imóvel, ou nas 
suas instalações, provocadas por si, seus dependentes, familiares, visitantes 
ou prepostos; 
VI - não modificar a forma interna ou externa do imóvel sem o 
consentimento prévio e por escrito do locador; 
VII - entregar imediatamente ao locador os documentos de cobrança de 
tributos e encargos condominiais, bem como qualquer intimação, multa ou 
exigência de autoridade pública, ainda que dirigida a ele, locatário; 
VIII - pagar as despesas de telefone e de consumo de força, luz e gás, água e 
esgoto; 
IX - permitir a vistoria do imóvel pelo locador ou por seu mandatário, 
mediante combinação prévia de dia e hora, bem como admitir que seja o 
mesmo visitado e examinado por terceiros, na hipótese prevista no art. 27; 
X - cumprir integralmente a convenção de condomínio e os regulamentos 
internos; 
XI - pagar o prêmio do seguro de fiança; 
XII - pagar as despesas ordinárias de condomínio (Por despesas ordinárias 
de condomínio se entendem as necessárias à administração respectiva, 
especialmente: a) salários, encargos trabalhistas, contribuições 
previdenciárias e sociais dos empregados do condomínio; b) consumo de 
água e esgoto, gás, luz e força das áreas de uso comum; c) limpeza, 
conservação e pintura das instalações e dependências de uso comum; d) 
manutenção e conservação das instalações e equipamentos hidráulicos, 
elétricos, mecânicos e de segurança, de uso comum; e) manutenção e 
conservação das instalações e equipamentos de uso comum destinados à 
prática de esportes e lazer; f) manutenção e conservação de elevadores, 
porteiro eletrônico e antenas coletivas; g) pequenos reparos nas 
dependências e instalações elétricas e hidráulicas de uso comum; h) rateios 
de saldo devedor, salvo se referentes a período anterior ao início da locação; 
i) reposição do fundo de reserva, total ou parcialmente utilizado no custeio 
ou complementação das despesas referidas nas alíneas anteriores, salvo se 
referentes a período anterior ao início da locação. 
 
 
 O locador só pode exigir do locatário as seguintes garantias (arts. 37 e 38): 
 
a) caução (que pode ser em bens móveis ou imóveis, em títulos e ações e 
em dinheiro, não podendo, neste último caso, exceder ao valor de três 
alugueres); 
b) fiança; 
c) seguro de fiança locatícia. 
Obs: É vedada, sob pena de nulidade, mais de uma dessas modalidades de 
garantia num único contrato de locação 
 
 Nas ações de despejo por falta de pagamento de alugueres, o pedido de 
rescisão pode ser cumulado com o de cobrança dos alugueres e seus 
acessórios (neste caso, será citado o locatário para responder ao pedido de 
rescisão, e o locatário e os fiadores para responderem ao pedido de 
cobrança), devendo ser apresentado, na inicial, cálculo discriminado do 
valor do débito. O locatário e o fiador poderão evitar a rescisão efetuando, 
no prazo de 15 (quinze) dias, contado da citação, o pagamento do débito 
atualizado, mediante depósito judicial, incluídos os alugueres que se 
vencerem até a data do pagamento, multas, juros, custas e honorários de 
advogado (art. 62, com nova redação dada pela Lei n. 12.112/2009). 
Efetuada a purga da mora, se o locador alegar que a oferta não é integral, 
justificando a diferença, o locatário poderá complementar o depósito no 
prazo de 10 (dez) dias, contado da intimação, que poderá ser dirigida ao 
locatário ou diretamente ao seu advogado, por carta ou publicação no DOE, 
a requerimento do locador. Não sendo complementado o depósito, o pedido 
de rescisão prosseguirá pela diferença, podendo o locador levantar a quantia 
depositada. 
 
 Julgada procedente a ação de despejo, o juiz determinará a expedição de 
mandado de despejo, que conterá o prazo de 30 (trinta) dias para a 
desocupação voluntária. Este prazo, no entanto, será de 15 (quinze) dias se 
entre a citação e a sentença de 1ª instância já houver decorrido mais de 4 
(quatro) meses ou se o despejo houver sido decretado com fundamento no 
art. 9º ou no §2º do art. 46. Eventual apelação interposta contra sentença que 
decreta o despejo deverá ser recebida apenas no efeito devolutivo (art. 58, V). 
 
 A ação renovatória dos contratos de locação de imóveis destinados ao uso 
comercial ou industrial encontra-se regulada nos arts. 71 a 74 da Lei do 
Inquilinato, podendo serajuizada desde que cumulativamente: a) o contrato 
a renovar tenha sido celebrado por escrito e com prazo determinado; b) o 
prazo mínimo do contrato a renovar ou a soma dos prazos ininterruptos dos 
contratos escritos seja de cinco anos; c) o locatário esteja explorando seu 
comércio, no mesmo ramo, pelo prazo mínimo e ininterrupto de três anos 
(art. 51). 
 
 Não sendo renovada a locação, o juiz determinará a expedição do mandado 
de despejo, que conterá o prazo de 30 (trinta) dias para a desocupação 
 
voluntária, se houver pedido na contestação (art. 74, com nova redação dada 
pela Lei 12.112/2009). 
 
 
 Do Leasing 
O contrato de leasing é, sem dúvida, uma espécie do contrato de locação. 
Para SÍLVIO RODRIGUES, “trata-se de negócio jurídico complexo pelo qual uma 
empresa, necessitando de certo equipamento (ou mesmo de determinado imóvel), em vez 
de adquiri-lo consegue que uma instituição financeira o faça, com o intuito de alugá-lo à 
mesma empresa, por certo prazo, ao fim do qual o locatário devolverá o equipamento 
locado; entretanto, do contrato poderá constar, e ordinariamente consta, a possibilidade 
de o locatário optar pela renovação da locação, ou pela aquisição do mesmo equipamento 
por um preço residual; que já foi estipulado no momento em que se celebrou a avença”. 
Por este contrato, portanto, o locatário-financiado encomenda o objeto que 
deseja, o arrendador-financiador o adquire e aluga-o ao primeiro, que paga um 
aluguel pré-fixado em prestações periódicas, por determinado prazo. Ao final 
deste prazo, o locatário pode optar por adquirir a coisa locada (descontados os 
valores já pagos a título de alugueres), renovar a locação, ou devolver a coisa, 
podendo locar outra ainda mais moderna para a substituir. 
 
 
2.6 DO EMPRÉSTIMO 
 
 Arts. 579 a 592, CC 
 É o contrato que têm por objeto a entrega de uma coisa, para ser usada e 
depois restituída. O Código Civil divide o empréstimo em duas espécies: o 
comodato e o mútuo. 
 
2.6.1 DO COMODATO 
 Conceito: é o empréstimo gratuito de coisas não fungíveis, que se perfaz 
com a tradição do objeto (art. 579, CC). 
 Características: 
a) gratuidade (não há contraprestação); 
b) infungibilidade (a coisa a ser restituída não pode ser substituída por 
outra, ainda que de igual gênero, qualidade e quantidade)*; 
c) tradição (para que o comodato se aperfeiçoe é necessária a tradição da 
coisa emprestada). 
Obs.: * No comodato, a coisa emprestada pode ser móvel ou imóvel (o 
comodato de bens fungíveis ou consumíveis só é admitido quando 
destinado a ornamentação, como o de uma cesta de frutas, por exemplo). 
 
 Classificação: 
a) real (só se aperfeiçoa com a entrega da coisa); 
b) unilateral (gera obrigações apenas para o comodatário); 
c) gratuito (não há contraprestação); 
d) temporário (embora possa ser firmado por prazo determinado ou 
indeterminado, o comodato será sempre temporário, porque naquele 
 
último caso o seu prazo será presumidamente o necessário para que o 
comodatário se sirva da coisa para o fim a que se destina – art. 581, CC); 
e) não solene (a lei não exige forma especial para o comodato, que pode até 
ser verbal). 
 
 Obrigações do Comodatário: 
a) conservar a coisa como se sua própria fosse (art. 582, CC); 
b) usar a coisa de forma adequada (ou seja, para o fim a que se destina, sob 
pena de responder por perdas e danos, nos termos do art. 582, CC); 
c) restituir a coisa (sob pena de responder por aluguel a ser arbitrado pelo 
comodante, nos termos do art. 582, 2ª parte, CC). 
 
 Hipóteses de extinção do Comodato: 
a) pelo advento do termo convencionado ou, não havendo convenção, pela 
utilização da coisa ao que se destinava; 
b) pela resolução, por iniciativa do comodante, em caso de 
descumprimento, pelo comodatário, de suas obrigações (ex.: uso 
indevido da coisa); 
c) por sentença judicial, a pedido do comodante, provada necessidade 
imprevista e urgente (art. 581, 2ª parte, CC); 
d) pela morte do comodatário (uma vez que as vantagens oriundas do 
comodato não se transferem aos seus herdeiros). 
 
2.6.2 DO MÚTUO 
 Conceito: é o empréstimo de coisas fungíveis, pelo qual o mutuário obriga-
se a restituir ao mutuante o que dele recebeu em coisa do mesmo gênero, 
qualidade e quantidade (art. 586, CC). 
 
 Características: 
a) gratuidade (não há contraprestação); 
b) tem por objeto coisas fungíveis (o que deve ser restituído é uma outra 
coisa que não aquela entregue pelo comodante, mas de mesmo gênero, 
qualidade e quantidade que aquela); 
c) transfere o domínio da coisa emprestada ao mutuário (art. 587, CC), que 
pode consumi-la, aliená-la ou até abandoná-la. 
 
 Classificação: 
a) real (só se aperfeiçoa com a entrega da coisa); 
b) gratuito (exceto o mútuo feneratício – empréstimo de dinheiro – previsto 
no art. 591, CC); 
c) unilateral (gera obrigações apenas para o mutuário); 
d) temporário (pois o art. 592 do CC estabelece prazos para o mútuo 
agrícola – até a próxima colheita, de 30 dias se for de dinheiro, e do 
espaço de tempo que declarar o mutuante, se for de qualquer outra coisa 
fungível – se não houver prazo poderá constituir doação); 
e) não solene (a lei não exige forma especial para o mútuo). 
 
 
2.7 DA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS 
 Arts. 593 a 609, CC 
 
 Conceito: é toda espécie de serviço ou trabalho lícito, material ou imaterial, 
contratado mediante retribuição (art. 594, CC). 
 Suas regras têm caráter residual, ou seja, aplicam-se somente às relações não 
regidas pela CLT e pelo Código de Defesa do Consumidor (art. 593, CC). 
 
 Classificação: 
a) consensual; 
b) bilateral (gera obrigações para ambas as partes); 
c) oneroso (as duas partes tem prestações a cumprir); 
d) não solene. 
 
 Prazo: o art. 598 do CC estabelece que o contrato de prestação de serviços 
não poderá ser convencionado por mais do que 04 (quatro) anos. Se firmado 
sem prazo determinado, presume-se que seu prazo máximo será este, de 
forma que dar-se-á por findo o contrato após tal período de tempo. 
 
 Hipóteses de Resolução: 
a) pelo escoamento do prazo; 
b) pela conclusão da obra ou do serviço; 
c) pela morte de qualquer das partes; 
d) pela resilição mediante aviso prévio (art. 599, CC); 
e) pelo inadimplemento de qualquer das partes; 
f) pela impossibilidade de continuação da prestação por motivo de força 
maior. 
 
2.8 DA EMPREITADA 
 Arts. 610 a 626, CC 
 
 Conceito: é o contrato em que uma das partes (o empreiteiro) obriga-se a 
realizar determinada obra, pessoalmente ou por meio de terceiros, mediante 
remuneração a ser paga pela outra (o dono da obra), de acordo com as 
instruções desta e sem relação de subordinação. 
 
 Classificação: 
a) consensual (aperfeiçoa-se somente com o acordo de vontades); 
b) bilateral (gera obrigações para ambas as partes); 
c) comutativo (cada parte pode antever os ônus e vantagens dela 
advindos); 
d) oneroso (ambas as partes obtêm proveito, ao qual corresponde um 
sacrifício); 
e) não solene (de forma livre). 
 
 
 Espécies de Empreitada: 
a) empreitada de lavor (quando apenas de mão-de-obra); 
b) empreitada mista (quando o empreiteiro contribui para o obra com seu 
trabalho e também com os materiais necessários). 
 
2.9 DO DEPÓSITO 
 Arts. 627 a 652, CC 
 
 Conceito: é o contrato por meio do qual o uma pessoa (o depositário) recebe 
um objeto móvel alheio para guardar, com a obrigação de restituí-lo quando 
o depositante o reclamar (art. 627, CC). 
 
 Espécies de Depósito: 
a) voluntário (resulta do acordo de vontades) 
b) necessário ou obrigatório (quando o depositante não pode escolher 
livremente a pessoa do depositário, sendo forçado pelas circunstâncias a 
efetuar o depósito com pessoas cujas virtudes desconhece. Se sub-divide 
em: legal,

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