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Teoria Geral do direiTo Privado
Brasília-DF.
elaboração
Renato Amaral Braga da Rocha
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
SUMÁRIO
aPreSeNTaÇÃo ..................................................................................................................................... 4
orGaNiZaÇÃo do CaderNo de eSTUdoS e PeSQUiSa ................................................................................. 5
iNTrodUÇÃo ......................................................................................................................................... 7
UNidade i
Pessoas .............................................................................................................................................. 9
CaPíTUlo 1
Personalidade ..................................................................................................................... 12
CaPíTUlo 2
CaPaCidade .......................................................................................................................... 14
CaPíTUlo 3
direitos de Personalidade .................................................................................................... 18
CaPíTUlo 4
Pessoas JurídiCas ................................................................................................................ 19
CaPíTUlo 5
domiCílio .............................................................................................................................. 26
UNidade ii
Coisas e Bens..................................................................................................................................... 29
CaPíTUlo 6
distinções ConCeituais .......................................................................................................... 31
CaPíTUlo 7
ClassifiCação ....................................................................................................................... 32
UNidade iii
fato, ato e negóCio JurídiCo ................................................................................................................ 37
CaPíTUlo 8
distinções ConCeituais e ClassifiCação ................................................................................. 39
Para (NÃo) FiNaliZar ......................................................................................................................... 46
reFerêNCiaS ..................................................................................................................................... 47
4
APRESENTAÇÃO
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem necessários 
para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica 
e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal, 
adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos a 
serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma competente 
e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios 
que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar sua 
caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a como 
instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
5
ORGANIZAÇÃO DO CADERNO 
DE ESTUDOS E PESQUISA
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de forma 
didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, 
entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, 
também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares.
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos e Pesquisa.
Provocação
Pensamentos inseridos no Caderno, para provocar a reflexão sobre a prática 
da disciplina.
Para refletir
Questões inseridas para estimulá-lo a pensar a respeito do assunto proposto. Registre 
sua visão sem se preocupar com o conteúdo do texto. O importante é verificar 
seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. É fundamental que você 
reflita sobre as questões propostas. Elas são o ponto de partida de nosso trabalho.
Textos para leitura complementar
Novos textos, trechos de textos referenciais, conceitos de dicionários, exemplos e 
sugestões, para lhe apresentar novas visões sobre o tema abordado no texto básico.
abc
Sintetizando e enriquecendo nossas informações
Espaço para você, aluno, fazer uma síntese dos textos e enriquecê-los com sua 
contribuição pessoal.
6
Sugestão de leituras, filmes, sites e pesquisas
Aprofundamento das discussões.
Praticando
Atividades sugeridas, no decorrer das leituras, com o objetivo pedagógico de 
fortalecer o processo de aprendizagem.
Para (não) finalizar
Texto, ao final do Caderno, com a intenção de instigá-lo a prosseguir com a reflexão.
Referências
Bibliografia consultada na elaboração do Caderno.
7
INTRODUÇÃO
o direito Privado e sua Teoria Geral
O Direito – entendido seja como domínio do conhecimento, seja como sistema positivo de normas – é 
tradicionalmente dividido em dois grandes ramos: o Direito Público e o Direito Privado.
Essa dicotomia remonta aos juristas da Roma Antiga, como se pode ver na célebre lição de Ulpiano: 
Publicum jus est quod ad statum rei romanae spectat, privatum, quod ad singulorum utilitatem (“o direito 
público diz respeito ao estado da coisa romana, o privado à utilidade dos particulares” – cf. Ulpiano, 
Digesto, 1.1.1.2), e se baseia na elementar distinção entre os interesses situados na esfera particular, de 
um ou mais sujeitos privados, e os interesses que se põem na esfera pública, que são aqueles relativos ao 
Estado e à sociedade como um todo. 
Diversos são os critérios para a diferenciação dos campos do Direito Público e do Direito Privado, dos 
quais os mais conhecidos são os seguintes:
 » critério do interesse: examina-se a predominância, em uma situação ou relação 
jurídica específica, do interesse privado ou do interesse público, para se determinar tal 
situação ou relação como de Direito Privado ou de Direito Público, respectivamente; 
 » critério da qualidade dos sujeitos: verifica-se se há a presença apenas de sujeitos 
privados, caso em que se tem uma relação direito privado, ou se se dá a intervenção 
do Estado ou de outros entes públicos na relação jurídica, hipótese em que a relação 
seria de direito público; e 
 » critério da posição dos sujeitos: observa-se se os sujeitos se encontram em situação 
de igualdade, nota característica do direito privado, ou se há posição de soberania de 
parte de um ente estatal, caso em que se tem a prevalência do direito público.
Tendo em conta que nenhum desses ou de outros critérios se revela suficiente ou prevalente sobre 
os demais, e considerando que tanto a ciência do Direito como o ordenamento jurídico devem ser 
considerados necessariamente unos, a distinção entre Direito Público e Direito Privado não deve ser 
jamais considerada absoluta, servindo, assim, primordialmente a fins taxonômicos e didáticos.
Ao ramo do Direito Público, que versa sobre as coisas do Estado, pertencem áreas como o Direito Constitucional, 
o Direito Administrativo, o Direito Tributário, o Direito Penal e o Direito Processual, entre outras.
Já o Direito Privado, que regula os interesses individuais e coletivos no seio da sociedade, correspondetradicionalmente às seguintes áreas:
 » Direito Civil, este tradicionalmente dividido nas disciplinas direito das obrigações, 
direito das coisas, direito de família e direito das sucessões; e
 » Direito Comercial, tradicionalmente dividido em Direito das Sociedades ou 
Empresarial e Títulos de Crédito.
8
Na zona comum entre as diversas disciplinas do Direito Privado, tem-se a Teoria Geral do Direito 
Privado, em que se contém, fundamentalmente, o regime das pessoas, dos bens e dos fatos jurídicos, 
conforme doravante se passa a estudar. 
Para além das amplas possibilidades de uma abordagem crítica e interdisciplinar de seus conteúdos – que 
se situam, com efeito, nos lindes da Teoria Geral do Direito, disciplina com raízes e inspiração herdadas 
da Filosofia do Direito –, a Teoria Geral do Direito Privado, por vezes chamada de Parte Geral do Direito 
Civil, representa o elemento basilar do Direito Privado Moderno, uma vez que constitui o repositório 
fundamental de conceitos e institutos comuns a seus mais tradicionais ramos, o Direito Civil e o Direito 
de Empresa, os quais, em uma perspectiva unitarista, encontram sua definitiva comunhão dogmática no 
direito das obrigações.
Abrangendo o estudo dos importantes institutos relativos aos sujeitos de direito, às coisas e à generalidade 
dos fatos jurídicos – ou, como prefere Carlos Alberto da Mota Pinto, tendo como eixo a relação jurídica: 
as teorias gerais do sujeito da relação jurídica, do objeto da relação jurídica e do fato constitutivo, 
modificativo e extintivo da relação jurídica –, o estudo da Teoria Geral do Direito Privado, edificada 
sobre as bases da Teoria Geral do Direito em correta articulação com a dogmática jus-civilística, fornece 
elementos indispensáveis à compreensão do direito contemporâneo em toda a sua complexidade.
Como leitura complementar para o aprofundamento da abordagem dos temas 
tratados nesta introdução, recomenda-se a leitura dos capítulos introdutórios da 
obra de José de Oliveira Ascensão:
ASCENSÃO, José de Oliveira. O Direito: Introdução e Teoria Geral – Uma 
perspectiva luso-brasileira. Rio de Janeiro: Renovar, 2001.
objetivos
 » Proporcionar ao aluno conhecimentos fundamentais e avançados das matérias 
contidas na Teoria Geral do Direito Privado.
 » Promover o estudo lógico-sistemático e crítico-reflexivo da Teoria Geral do 
Direito Privado.
 » Estimular a interconexão dos problemas centrais da Teoria Geral do Direito Privado 
com os demais ramos e disciplinas jurídicas, tendo em conta a complexidade da 
realidade contemporânea.
 » Ampliar a compreensão e oferecer elementos para a reflexão crítica, compatível 
com o nível de pós-graduação, acerca dos conceitos e institutos próprios da Teoria 
Geral do Direito Privado, à luz do novo Código Civil brasileiro, de 2003, e das 
respectivas implicações no que toca à conduta dos sujeitos de direito, na vida 
cotidiana, e à atuação do profissional do Direito.
UNIDADE IPeSSoaS
11
UNIDADE
PeSSoaS
Pessoas são todos os sujeitos de direito, isto é, entes aos quais a ordem jurídica atribui, ao menos 
potencialmente, a titularidade de direitos subjetivos, ou, noutra perspectiva, a posição de sujeito em uma 
relação jurídica.
Intimamente relacionados à ideia de pessoa estão os conceitos de personalidade e capacidade, conforme 
passamos a ver.
I
12
CAPíTUlO 1
Personalidade 
A personalidade, em sentido jurídico, consiste na aptidão para ser titular de direitos subjetivos no âmbito 
de uma determinada ordem jurídica. Todo sujeito de direito possui personalidade em sentido jurídico, 
conceito esse que difere daquele de personalidade em sentido naturalístico, psicológico, religioso, 
filosófico etc.
Todo ser humano é pessoa em sentido jurídico. Mas a personalidade não constitui atributo exclusivo 
dos seres humanos, pois há também entes não humanos aos quais o direito concede personalidade. 
Assim, temos:
 » pessoas naturais, também chamadas pessoas físicas ou pessoas singulares; e
 » pessoas jurídicas, também chamadas pessoas morais ou pessoas coletivas.
Pessoas Naturais
A personalidade constitui atributo necessário de todos os seres humanos e os acompanha por toda a sua 
existência, desde o nascimento até a morte. 
A personalidade das pessoas naturais, também chamadas pessoas físicas ou pessoas singulares, começa, 
segundo estabelece o Código Civil brasileiro, em seu art. 2º, partir do nascimento com vida, isto é, no 
momento em que passam a ter vida extrauterina autônoma.
O fim da personalidade se dá com a morte, conforme o art. 6º do Código Civil, entendida esta, segundo 
critérios definidos pelas ciências médicas, como a completa cessação das atividades cerebrais. 
À morte simultânea de duas ou mais pessoas em um mesmo evento dá-se o nome de comoriência. Caso, 
entre comorientes, não se possa determinar a ordem em que ocorreram as mortes, presume-se que os 
comorientes morreram simultaneamente, conforme prevê o art. 8º do Código Civil.
.
Qual seria a importância de se conhecer os marcos de início e fim da personalidade, 
e ainda de se determinar a ordem das mortes em casos de comoriência?
Sobre o assunto escreve César Fiúza (2010, p. 123):
O fato de se determinar se uma criança nasceu morta, ou se 
deu ainda que seja leve inspirada de ar atmosférico, pode ser 
13
de suma importância para a determinação de linha sucessória. 
Imaginemos “A” e “B”, marido e mulher. Durante a gravidez de 
B, A vem falecer. Seu herdeiro natural e necessário seria seu 
filho, ainda no ventre. Como ainda está para nascer, considera-
-se nascituro, não possuindo personalidade. Sua situação, seus 
direitos presentes e eventuais são, porém, preservados. Não 
por ser pessoa, mas por ser pessoa em potencial e sujeito de 
direitos. Dessarte, a herança de seu pai só será atribuída aos 
herdeiros após o nascimento do nascituro. Nascendo este, 
ainda que tenha dado só uma leve inspirada de ar, terá vivido 
e, portanto, adquirido personalidade. Sua será a herança, que 
transmitirá a sua herdeira, a saber, sua mãe. Mas se nascer 
sem vida, a herança de A será atribuída a seus ascendentes, 
em concorrência com B, uma vez que seu filho não adquiriu 
personalidade, nada havendo herdado. 
De igual importância tem a determinação de quem morreu antes ou depois, em acidente de carro, por 
exemplo, em que pai e filho tenham falecido. Se for impossível a fixação do momento exato, presume-se que 
tenham morrido juntos. Neste caso, um não herda do outro, sendo seu patrimônio transmitido aos outros 
herdeiros. É a regra da comoriência, que também resolve muitos problemas sucessórios. Logicamente a 
comoriência só se aplica se morrerem juntos parentes, sucessores recíprocos. Pois, se duas pessoas, ainda 
que parentes, que não sejam herdeiras uma da outra, morrerem em virtude do mesmo acidente, pouco 
importa qual delas tenha falecido antes ou depois. 
Pessoas Jurídicas
A ordem jurídica atribui personalidade, além dos seres humanos, também a certos entes abstratos, que 
servem à realização de fins de interesse individual ou coletivo do homem. Tais entes são as pessoas jurídicas, 
também chamadas pessoas coletivas ou pessoas morais, cujo estudo constitui objeto do Capítulo 4, infra.
Pessoas | UNIDADE I
14
CAPíTUlO 2
Capacidade 
Da personalidade decorre o corolário fundamental da capacidade, que, todavia, não é um conceito de 
sentido jurídico único, devendo, pois, ser necessariamente desdobrado em dois outros, a saber: 
 » capacidade de direito, ou capacidade jurídica, e 
 » capacidade de exercício, também chamada capacidade de fato.
Capacidade de direito
Capacidade de Direito traduz-se na amplitude da aptidão para que se possa ser titular de direitos e sujeito de 
obrigações. Todas as pessoas naturais possuem plena capacidade de direito, pois, qualquer seja sua condição 
ou estado – recém-nascida,adulta ou em idade avançada, inteiramente sã ou mentalmente alienada –, 
todos têm aptidão para ser titular de quaisquer direitos subjetivos que a ordem jurídica possa conferir. Da 
capacidade de direito das pessoas jurídicas trataremos no segmento a elas dedicado neste Caderno.
Se todas as pessoas naturais possuem capacidade de direito e podem, portanto, ser titulares de quaisquer 
ordens de direitos, isso não significa que todas possam praticar, por si próprias, a generalidade dos atos da 
vida civil. Assim, o recém-nascido e o alienado mental, por exemplo, não podem praticar atos jurídicos, 
tais como celebrar contratos ou efetuar testamento.
Capacidade de exercício
Capacidade de Exercício é habilitação que a ordem jurídica confere às pessoas para se autorreger, 
praticando pessoal e diretamente os atos jurídicos de seu interesse.
Em relação à capacidade de exercício, podemos classificar as pessoas naturais do seguinte modo:
 » absolutamente incapazes, 
 » relativamente incapazes; e 
 » plenamente capazes. 
Para maior aprofundamento nos conceitos e nas distinções entre capacidade de 
direito e capacidade de exercício, sugere-se a seguinte leitura complementar:
Pinto, Carlos Alberto da Mota. Teoria Geral do Direito Civil. 4ª ed. Coimbra: 
Coimbra Ed., 2005, parte 2, cap. 2.
15
absolutamente incapazes
São absolutamente incapazes, segundo o art. 3º do Código Civil brasileiro:
 » os menores de dezesseis anos;
 » aqueles que, em razão de qualquer tipo de enfermidade ou deficiência mental, não 
tiverem o necessário discernimento – isto é, a compreensão da realidade que o cerca 
– para a prática dos atos da vida civil; e
 » aqueles que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade, tais 
como os surdos-mudos e os doentes em estado de coma.
Da incapacidade absoluta decorre o completo desprezo, pelo ordenamento jurídico, da vontade do 
incapaz. Dizemos que a pessoa absolutamente incapaz não tem vontade juridicamente qualificada. Deve, 
assim, ser substituída em todos os atos por um representante legal. Tem-se, no caso, a representação, 
em que é a vontade do representante que produz efeitos jurídicos, devendo ele contar com autorização 
judicial para realizar quaisquer atos que importem diminuição efetiva ou potencial do patrimônio do 
incapaz, tais como a compra e venda, a permuta, a doação, a cessão e a renúncia, entre outros.
relativamente incapazes
Já os relativamente incapazes são aqueles mencionados no art. 4º do Código Civil brasileiro, a saber:
 » os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
 » os dependentes de álcool e outras substâncias tóxicas que, por essa razão, sofram 
algum tipo de redução do seu discernimento;
 » os que, por deficiência mental, tenham igualmente reduzido o seu discernimento;
 » os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo;
 » os pródigos, ou seja, aqueles que dissipam de forma descontrolada o próprio patrimônio.
Também os relativamente incapazes não são considerados pelo ordenamento como aptos para, 
isoladamente, praticar atos jurídicos. Todavia, à situação dos relativamente incapazes aplica-se o instituto 
da assistência, por meio do qual o responsável pratica conjuntamente com o incapaz os atos jurídicos, de 
modo a tornar a manifestação de vontade deste hábil a produzir regularmente efeitos jurídicos.
representação dos incapazes
Os menores incapazes – tanto os menores de 16 anos, absolutamente incapazes, quanto aqueles com idade 
entre 16 e 18 anos, relativamente incapazes – são representados ou assistidos, uns e outros, ordinariamente 
por seus pais. Ocorre por vezes, contudo, situações em que os pais não podem representar os filhos, seja 
porque morreram, seja porque se tornaram incapazes, seja ainda por terem perdido o poder familiar, 
também chamado poder parental ou pátrio poder, que os pais exercem sobre os filhos menores. Em tais 
situações, os menores são representados por um tutor, comumente nomeado pelo juiz ou indicados pelos 
próprios pais para cuidar dos interesses dos incapazes. 
Pessoas | UNIDADE I
16
Os demais incapazes, uma vez assim declarados por sentença em processo judicial específico de 
interdição – regulado nos termos dos arts. 1.177 e seguintes do no Código de Processo Civil brasileiro –, 
são representados por um curador, designado pelo juiz na própria sentença que declarar a incapacidade.
ausência 
Também se fará representar por curador o ausente, que não é propriamente um incapaz, mas uma pessoa 
que desaparece de seu domicílio sem dar notícias e sem deixar quem lhe administre os bens e interesses. A 
Declaração de Ausência é feita pelo juiz, que, a requerimento de qualquer interessado ou do representante 
do Ministério Público, verificará o fato da ausência e nomeará um curador ao ausente, fixando-lhe os 
poderes e obrigações.
A Declaração de Ausência, feita após um longo e complexo procedimento, autoriza a abertura da sucessão 
do ausente, de modo que a herança do ausente possa ser distribuída entre os seus herdeiros. Tal sucessão, 
porém, é provisória em um primeiro momento; assim, se o ausente reaparecer em período de dez anos, 
contados da abertura da sucessão provisória, poderá reaver dos herdeiros todos os seus bens. Somente 
depois de decorridos dez anos da declaração da ausência é que se poderá requerer que a abertura da 
sucessão definitiva do ausente, quando, então, os herdeiros adquirirão a herança em caráter definitivo.
Não se deve confundir os casos de ausência com os casos de morte presumida. 
Ausência é situação de desconhecimento do paradeiro de uma pessoa, que impõe 
a adoção, pelo ordenamento jurídico, de medidas protetivas dos interesses 
do ausente, na forma prevista no art. 6º e nos arts 22 a 39 do Código Civil. A 
presunção de morte se dá naquelas hipóteses previstas no art. 7º daquela Lei, 
independentemente de decretação de ausência, quando se reputar extremamente 
provável a morte de uma pessoa por estar ela com a vida em perigo no momento 
ou nas circunstâncias do desaparecimento, ou quando alguém, desaparecido em 
campanha de guerra ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o 
término do conflito. Observe-se que declaração da morte presumida, nesses casos, 
somente poderá ser requerida depois de esgotadas todas as buscas e averiguações, 
devendo a sentença judicial que declara a morte fixar a data provável do evento.
Você conhece alguma situação real em que se poderia aplicar a presunção de 
morte, em razão do desaparecimento de uma pessoa quando se encontrava com 
a vida exposta a risco?
regime especial dos indígenas
A capacidade dos indígenas quando não integrados à comunidade nacional, regula-se por legislação 
especial, baseada na Lei no 6.001, de 19 de dezembro de 1973, que dispõe sobre o Estatuto do Índio. 
Segundo essa Lei, índio ou silvícola “é todo indivíduo de origem e ascendência pré-colombiana que se 
identifica e é identificado como pertencente a um grupo étnico cujas características culturais o distinguem 
da sociedade nacional”. Quando não integrado à sociedade, fica o silvícola sujeito a regime especial 
UNIDADE I | Pessoas
17
protetivo, devendo os atos por ele praticados com pessoas estranhas à comunidade indígena contar com 
a assistência do órgão federal competente para a proteção a essas comunidades.
Uma vez integrado, o índio é tratado como qualquer pessoa plenamente capaz, deixando de se lhe aplicar 
a proteção do Estatuto do Índio.
Plenamente Capazes
Finalmente, tem-se as pessoas plenamente capazes, que são os maiores de 18 anos, desde que não interditados 
por quaisquer das razões previstas nos arts. 3º e 4º do Código Civil brasileiro, e os menores emancipados.
Chamamos emancipados os menores de 18 anos que tenham adquirido capacidade plena pela emancipação 
– isto é, a antecipação da aquisição da capacidade plena –, em razãode alguma das situações previstas no 
parágrafo único do art. 5º do Código Civil como causas de emancipação, a saber:
 » concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, 
independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o 
tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos;
 » casamento;
 » exercício de emprego público efetivo;
 » colação de grau em curso nível superior;
 » estabelecimento civil ou comercial, ou existência de relação de emprego, com 
economia própria.
A esse propósito, deve-se atentar para não que não se confundam os conceitos de capacidade e incapacidade 
com maioridade e menoridade, respectivamente. Assim, lembra César Fiúza (1998, p. 54): 
Maiores são os que têm mais de 18 anos, e menores os que têm menos de 18 anos. 
Normalmente, os maiores serão capazes, e os menores incapazes. Mas nem sempre. 
Como vimos, os loucos, os pródigos, os ausentes, os silvícolas e os surdos-mudos 
que não conseguem se expressar, são maiores e incapazes. Também vimos que os 
emancipados são menores e capazes. 
As pessoas capazes, maiores ou emancipadas, têm plena capacidade de exercício, estando habilitadas ao 
exercício de todos os atos da vida civil. 
Pessoas | UNIDADE I
18
CAPíTUlO 3
direitos de Personalidade
Os direitos de personalidade são aqueles mais intimamente ligados à ideia de pessoa, que compõem o 
núcleo fundamental da subjetividade, encerrando prerrogativas individuais inerentes ao ser humano, que 
o ordenamento jurídico reconhece e tutela. 
Comumente encontram-se muitos dos direitos de personalidade assegurados pela própria ordem 
constitucional, sob a forma de direitos fundamentais da pessoa humana. Chegam alguns autores que se 
ocupam da matéria, porém, a reconhecer a existência desses direitos independentemente de expresso 
reconhecimento normativo, uma vez que são direitos subjetivos que derivam direta e imediatamente 
da personalidade. 
No Direito brasileiro, diversos direitos da personalidade estão previstos na Constituição da República, de 
1988, especialmente em seu art. 5º, cujo inciso X, por exemplo, prevê:
Art. 5º [...]
X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado 
o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.
Também o Código Civil brasileiro, em seus arts. 11 a 21, cuida do regime geral dos direitos de personalidade, 
reconhecendo-os como personalíssimos, intransmissíveis e irrenunciáveis, e estabelece o regulamento 
específico de alguns desses direitos.
Assim, para além dos direitos de personalidade expressamente previstos na Constituição, – como os 
mencionados direitos à intimidade, à vida privada, à honra e à imagem, e ainda outros, como o direito à 
saúde e o direito à liberdade de expressão – encontram-se previstos e regulados pelo Código também o 
direito ao nome, o direito ao resguardo do próprio corpo e à propriedade intelectual, entre outros.
19
CAPíTUlO 4
Pessoas Jurídicas 
Conceito e atributos
As pessoas jurídicas, também chamadas pessoas coletivas ou pessoas morais, são entes criados para a 
realização de fins de interesse do homem e reconhecidos pela ordem jurídica como sujeitos de direito, 
tendo plena capacidade de direito e de exercício, em tudo o que é compatível com sua natureza e 
sua finalidade.
As pessoas jurídicas possuem os seguintes atributos:
 » personalidade e existência próprias, que não se confundem com a de seus membros, 
criadores ou administradores;
 » autonomia patrimonial;
 » aptidão para ser titular de direitos e exercê-los, em tudo o quanto for compatível com 
sua natureza e suas finalidades.
Assim, como decorrência, uma sociedade tem personalidade própria, distinta da personalidade de seus 
sócios. Os direitos e deveres da sociedade se situam na sua própria órbita jurídica, e não na dos sócios. 
O patrimônio, os créditos e as dívidas da sociedade são seus, e não de seus sócios. Ainda que estes se 
tornem incapazes ou morram, a sociedade continua a existir. E a sociedade pode exercer todos os direitos 
e praticar todos os atos compatíveis com sua natureza e com sua finalidade. Não pode, porém, ser titular 
de direitos estranhos à sua realidade de ente abstrato – direitos de família, por exemplo, que envolvem 
a prática de atos como casar-se, exercer o poder familiar, funcionar como tutor etc. –, pois esses direitos 
somente são compatíveis com a realidade intrínseca das pessoas naturais.
O princípio da separação entre a pessoa jurídica e as pessoas naturais que a compõem só encontra 
ressalva na hipótese do cometimento de ato ilícito pelos sócios ou administradores, com o uso indevido 
da personalidade jurídica para eximir-se da responsabilidade. Nesses casos, pode-se aplicar a chamada 
desconsideração da personalidade jurídica, prevista no art. 50 do Código Civil brasileiro:
Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de 
finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, 
ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de 
certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares 
dos administradores ou sócios da pessoa jurídica.
20
O instituto da desconsideração é explicado sumariamente por César Fiúza (1998, p. 64) nos seguintes termos:
De qualquer forma, sempre que pessoas naturais usarem pessoas jurídicas para cometer 
qualquer tipo de ilícito, exatamente por saberem que punida será somente a pessoa 
jurídica, a personalidade jurídica será desconsiderada, e a pessoa natural punida em 
seu lugar. É a teoria da desconsideração da personalidade jurídica, criada pelo Direito 
Anglo-Saxão e Germânico, conhecida como disregard of legal entity. 
Assim, se pessoa natural, de má-fé, toma empréstimo em nome de pessoa jurídica, 
ficando com o dinheiro para si, já com a intenção de não pagar, pois sabe que o credor 
só poderá acionar a pessoa jurídica, esta será desconsiderada, e a pessoa natural pagará 
em seu lugar. 
Quanto à discussão sobre a natureza das pessoas jurídicas, e as diversas teorias que 
para oferecer resposta ao problema foram criadas, veja-se a seguinte explicação de 
César Fiúza (1998, p. 61-3):
Há várias teorias para explicar a natureza das pessoas jurídicas. Conhecer a 
natureza de determinado instituto é saber o que é este instituto, é conhecer 
sua essência. Assim, que seria pessoa jurídica? Qual sua natureza? 
Para melhor entendermos a importância de se determinar a natureza jurídica 
de determinado instituto, basta, por exemplo, percebermos que a natureza da 
compra e venda é a mesma da doação: ambas são contratos. A ambas se aplicam 
as normas da teoria geral dos contratos. Se, ao contrário, identificássemos na 
doação natureza diversa da compra e venda, a ela não se aplicariam as normas 
gerais dos contratos. Dessarte, repetimos as perguntas: Que seria pessoa jurídica? 
Qual sua natureza? 
Vejamos cada uma das teorias a respeito. 
Em primeiro lugar, temos as teorias negativistas, negando a existência da pessoa 
jurídica, enquanto sujeito de direitos. 
1ª) Teoria da ficção – É a teoria clássica, originada no Direito Canônico, 
com base no Direito Romano. Segundo ela, pessoa jurídica é mero fruto da 
imaginação, expediente técnico, sujeito aparente, sem qualquer realidade. As 
pessoas jurídicas não passam de projeção de nossa mente, de pura abstração. 
2ª) Teoria da equiparação – Para esta corrente, pessoa jurídica é, na verdade, 
não pessoa, mas patrimônio equiparado às pessoas naturais para facilitar o 
tráfego dos negócios jurídicos.
3ª) Teoria da propriedade coletiva ou da ficção doutrinária – As pessoas 
jurídicas não passam de simples forma, por meio da qual a pessoa de seus 
membros manifestam suas relações com omundo externo. Na verdade, os 
UNIDADE I | Pessoas
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direitos constitutivos do patrimônio da pessoa jurídica têm como titulares seus 
próprios membros componentes. 
4ª) Teoria de Duguit – Duguit nega a existência dos direitos subjetivos. Por 
via de consequência, caem por terra todas as ideias que lhe são conexas. Para 
ele, os fundamentos do que se chama pessoa jurídica acham-se vinculados à 
necessidade de se proteger situações em que determinada riqueza se vincule 
a objetivo lícito.
5ª) Teoria de Kelsen – Como Duguit, tampouco Kelsen admite a ideia de 
Direito Subjetivo. De acordo com sua concepção, inexistem pessoas, tanto 
naturais, quanto jurídicas. O que há, são centros de deveres e faculdades 
jurídicas, expressas pelo Direito Objetivo. A estes centros, costuma-se 
denominar pessoas, o que é recurso artificial e auxiliar, do qual se 
pode prescindir. 
Um segundo grupo de teorias, denominadas organicistas ou realistas, pretende 
provar a existência da pessoa jurídica, como realidade. 
1ª) Teoria da realidade objetiva ou teoria voluntarista – A pessoa jurídica 
é tão pessoa quanto as pessoas naturais, do ponto de vista objetivo. No mundo 
há organismos vivos e organismos sociais. Os organismos sociais teriam vontade 
própria, expressão da vontade de seus membros. Essa vontade deve ser protegida 
pelo Direito, que regula, assim, as pessoas jurídicas, enquanto sujeitos dotados 
de vontade. O Direito não as criou. Apenas declarou e regulou sua existência. 
Elas têm vontade própria e existência autônoma.
2ª) Teoria ligada ao conceito de sujeito de direito ou teoria do interesse 
– Sustentada por Michoud, entre outros, nega a teoria voluntarista, afirmando 
que não é a vontade o elemento protegido pelo Direito, mas seu conteúdo, 
ou seja, o interesse representado pela vontade. Assim, o direito protegeria os 
interesses do indivíduo, pessoa natural, e os interesses de grupos de indivíduos, 
unificados na pessoa jurídica. 
3ª) Teoria da realidade das instituições jurídicas ou da realidade jurídica 
– Esta teoria, também chamada de teoria da realidade jurídica ou técnica, 
é a mais aceita hoje em dia. Imaginada por Ferrara, não nega que só o ser 
humano é realidade objetiva. As pessoas jurídicas são, realmente, criadas pelo 
Direito, que lhes confere personalidade, assim como confere a nós. De fato, a 
personalidade é fenômeno jurídico. Só somos pessoas porque o Direito assim 
o quer, pois, se não o quisesse, não seríamos pessoas. [...] Dessarte, do mesmo 
modo por que o Direito nos atribui personalidade, a atribui também a outros 
entes, chamados pessoas jurídicas. A personalidade não vem, portanto, da 
natureza, mas do Direito. 
De qualquer forma, apesar de não ter realidade física, a pessoa jurídica possui 
realidade, realidade ideal, a realidade das instituições jurídicas. No âmbito 
do Direito, são dotadas do mesmo subjetivismo que as pessoas naturais. Em 
Pessoas | UNIDADE I
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outras palavras, para o Direito, as pessoas jurídicas são, assim como as naturais, 
sujeitos de direitos e deveres. 
Finalmente, Hauriou defende o ponto de vista de que as pessoas jurídicas são 
instituições sociais, isto é, organizações sociais destinadas à obtenção de um 
fim. Esta, a teoria da instituição, destacada das negativistas e das organicistas.
Tipologia
As pessoas jurídicas de Direito Privado dividem-se em três tipos fundamentais, previstos nos incisos I a 
III do art. 44 do Código Civil brasileiro:
 » associações;
 » sociedades, civis ou empresárias; 
 » fundações.
As associações são entes coletivos formados por associados e criados para a realização de fins não 
econômicos. Em outras palavras, pode-se dizer que as associações não têm interesse de lucro, embora 
nada as impeça de ter resultado financeiro positivo em suas atividades, as quais, porém, estarão todas 
voltadas à consecução de um fim não econômico. 
Assim, têm caráter tipicamente associativo entes tais como uma associação de moradores de um bairro, 
um clube recreativo, uma obra filantrópica assistencial, uma academia de letras ou de música, ou uma 
liga desportiva.
As entidades religiosas e os partidos políticos, mencionados autonomamente nos incisos IV e V do art. 
44 do Código Civil, não são mais que associações, submetidas a determinados regimes especiais em razão 
da natureza de sua atividade.
As sociedades, tal como as associações, são entes coletivos formados por sócios, que se unem em torno de 
um fim comum. O interesse comum, nesse caso, é o de desenvolver uma atividade econômica, de modo 
a dela auferir lucro ou ganho de qualquer espécie. 
Distinguem-se entre si as sociedades civis e as sociedades empresárias pela natureza da atividade que 
desempenham: as primeiras se dedicam a realizar atividades de natureza eminentemente civil, como é o 
caso das profissões liberais (sociedades de engenheiros, médicos, advogados etc.); as segundas se prestam 
à realização de um empreendimento qualquer, tradicionalmente considerado como atividade mercantil.
As fundações são entes coletivos formando um patrimônio destinado por alguém a um fim específico, de 
cunho religioso, moral, cultural ou assistencial, a teor do que dispõe o art. 62, parágrafo único, do Código 
Civil brasileiro.
Daí porque se diz que a fundação é um acervo patrimonial personificado, em função da realização dos 
fins a que foi destinada pelo seu instituidor. 
UNIDADE I | Pessoas
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Neste ponto, algumas indagações naturalmente surgem do estudo da tipologia da pessoa jurídica e dos 
conceitos a ela relativos. Com a palavra, César Fiúza (1998, p. 66):
Duas questões importantes devem ser resolvidas antes de prosseguirmos. 
Primeiramente, qual a importância de classificarmos uma pessoa jurídica? 
Bem, ao considerarmos, a título de ilustração, empresa pública como pessoa jurídica 
de Direito Privado, estaremos dando a ela todo um tratamento legal específico para 
pessoas de Direito Privado. Seus empregados, por exemplo, serão tratados como 
empregados privados, e não como servidores públicos, como sói acontecer com 
os empregados das pessoas jurídicas de Direito Público. Esta é apenas uma das 
consequências, só para demonstrar como é importante esta classificação. Não é nem 
preciso falar que o regime jurídico das pessoas jurídicas nacionais era totalmente 
diferente do regime das estrangeiras. 
A segunda questão importante diz respeito à diferença entre os termos sociedade, 
associação, companhia, corporação, incorporação, empresa e firma. São palavras 
que, vulgarmente, empregam-se como sinônimas, mas que tecnicamente possuem 
significado diverso. 
Sociedade é todo grupo de pessoas que se reúnem, conjugando esforços e recursos para 
lograr fins comuns. São pessoas jurídicas. 
Associação é o mesmo que sociedade, só que sem fins lucrativos. Companhia é o 
mesmo que sociedade anônima. É aquela sociedade cujo capital é dividido em ações, 
que são distribuídas entre os sócios, chamados de acionistas. A palavra companhia 
pode também ser empregada como sinônimo de pessoa jurídica, principalmente, as 
colegiadas. É também utilizada como parte do nome de certas sociedades, como, por 
exemplo, “Silva, Souza e Companhia Limitada (Cia. Ltda.)”. 
Corporação é palavra genérica, sinônima de pessoa jurídica colegiada. Pode ser 
empregada também no sentido de grupo de sociedades: corporação empresarial. 
Incorporação é também palavra polissêmica, ou seja, tem vários sentidos. 
No Direito Norte-Americano é sinônimo de pessoa jurídica e de sociedade anônima. 
Aliás, a palavra faz parte do nome das sociedades anônimas norte-americanas: “General 
Motors Incorporation (Inc.)”. Também em nossa linguagem, vamos encontrá-la nesses 
dois sentidos, mormente no segundo. Além disso, incorporação é termo empregado 
para significar o ato de uma sociedade incorporaroutra. Fala-se, então, em incorporação 
empresarial. 
Empresa é, no sentido mais técnico, sinônimo de atividade. Será, assim, substituível pela 
palavra atividade ou empreendimento. Na prática, porém, tem natureza polissêmica, 
ora sendo usada no sentido de atividade, ora como sinônimo de empresário, ora como 
estabelecimento empresarial. Dessarte, quando se diz que tal pessoa dirige empresa, 
utiliza-se a palavra no sentido de atividade. Quando se diz que tal empresa demitirá 
alguns empregados, está-se a empregá-la no sentido de empresário, pessoa física 
ou jurídica. Quando alguém diz que vai a sua empresa, está usando o termo como 
sinônimo de estabelecimento empresarial. 
Pessoas | UNIDADE I
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Firma é sinônimo de nome. Tanto as pessoas naturais, quanto as pessoas jurídicas 
possuem firma, ou seja, nome. Daí a expressão “reconhecer firma”. 
Forma de Constituição e extinção
Segundo o disposto no art. 45 do Código Civil brasileiro, a existência legal das pessoas jurídicas de Direito 
Privado tem início com a inscrição de seu ato constitutivo no registro próprio. Assim, é o registro que dá 
início à personalidade das pessoas jurídicas de Direito Privado. 
Por ato constitutivo deve-se entender, no caso das associações, os estatutos, firmados pelos associados; no 
caso das sociedades, o contrato social, firmado pelos sócios; e no caso das fundações, o ato de instituição, 
elaborado pelo instituidor, que deve ser acompanhado do estatuto e da respectiva aprovação do órgão do 
Ministério Público.
O registro próprio das pessoas jurídicas de direito é o registro civil ou o registro comercial – este mantido 
pelas Juntas Comerciais – conforme se trate, respectivamente, de sociedade civil ou de sociedade 
empresária. As associações e as fundações, tal como as sociedades civis, submetem-se ao registro civil das 
pessoas jurídicas.
A extinção de uma pessoa jurídica se faz por meio da dissolução, decidida por seus membros ou ordenada 
pelo juiz, em determinados casos (cf. art. 51 do Código Civil). O ato de dissolução deverá ser averbado 
no registro onde estiver inscrita a associação, sociedade ou fundação, com o que se põe termo à sua 
personalidade jurídica.
A personalidade das pessoas jurídicas tem início com a inscrição e seus atos 
constitutivos no registro competente. A personalidade das pessoas naturais, por sua 
vez, nos termos do Código Civil, começa do nascimento com vida. O nascimento, 
todavia, também deve ser levado a registro, segundo estabelece a Lei dos Registros 
Públicos. Disso se pode inferir que o registro produz algum efeito na aquisição de 
personalidade pelas pessoas naturais?
Para ampliar sua compreensão do Sistema de Registros Públicos, leia o seguinte 
excerto da obra de César Fiúza (1998, p. 68-9):
Registro Civil
É instituto criado pelo Direito para dar autenticidade, publicidade, eficácia e 
segurança aos atos jurídicos. 
A autenticidade refere-se à veracidade dos documentos e atos inscritos no registro. 
Em outras palavras, tudo o que se inscreve no registro presume-se autêntico, 
UNIDADE I | Pessoas
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verdadeiro. Evidentemente, a presunção é iuris tantum, ou seja, pode ser derrubada 
com prova contrária. 
Todo ato registrado em cartório torna-se público, ganha publicidade. Em outras 
palavras, a ninguém é dado alegar desconhecer ato inscrito no Registro. 
Eficácia tem a ver com publicidade e diz respeito, principalmente, a terceiros. 
Ato jurídico eficaz é aquele que produz efeitos, não só entre as pessoas que o 
realizam, mas também perante terceiros. Assim, se celebro contrato, qualquer 
que seja, e o registro, ninguém poderá alegar, depois, que o desconhecia. O 
registro tem esse poder. 
A segurança advém exatamente daí. Uma vez que tudo o que for aceito pelos 
cartórios para registro presume-se autêntico, público e eficaz, as pessoas se sentem 
mais seguras ao realizarem negócios com base em documentos registrados. Por 
exemplo, se vou comprar uma casa, fico seguro diante da certidão do registro no 
cartório de imóveis, pois esta certidão me indica quem é o dono da casa, se ela está 
livre de quaisquer ônus, como hipotecas etc. 
A Lei de Registros Públicos é a de no. 6.015, de 1973, e trata do registro civil das 
pessoas naturais, das pessoas jurídicas, do registro de títulos e documentos e do 
registro de imóveis. 
Os cartórios, sendo a cidade maior, se especializarão em cada um desses registros. 
Nas capitais costuma haver até mais de um cartório especializado. Já nas cidades 
menores, normalmente um ou dois cartórios se ocupam de toda e qualquer espécie 
de registro. 
De todo fato, ato ou documento registrado, os cartórios, como regra, são obrigados 
a fornecer certidão. As certidões fornecidas fazem a mesma prova que os originais. 
Porém a verdade da certidão pode ser contestada, desde que se prove ser ela falsa, 
ou ter sido adulterada.
Pessoas | UNIDADE I
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CAPíTUlO 5
domicílio
Conceito, elementos e Critérios para determinação
Todas as pessoas têm, por livre escolha ou por determinação da lei, um lugar no espaço onde será ela 
chamada a exercer seus direitos e cumprir suas obrigações na órbita civil. Esse lugar, onde a pessoa atua 
na via jurídica, é o seu domicílio.
O Código Civil brasileiro, em seu art. 70, dispõe sobre o domicilio da pessoa natural nos seguintes termos:
Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência 
com ânimo definitivo.
Identificam-se, pois, desde logo, dois elementos para a caracterização do domicílio da pessoa natural: 
 » um elemento material, de caráter objetivo, representado pela residência, isto é, 
a morada;
 » e outro psicológico ou volitivo, de caráter subjetivo, representado pelo ideia de ânimo 
definitivo, ou seja, a vontade de permanecer em definitivo na localidade de residência.
O elemento objetivo é de fácil demonstração, pois diz respeito, conforme dito, à efetiva morada da pessoa 
em determinada localidade, o que tem, por sua natureza, caráter evidente e ostensivo.
O elemento subjetivo, todavia, exige maiores cuidados na sua verificação. De fato, deve-se perquirir a 
intenção da pessoa de permanecer em definitivo no seu local de residência, o que se revela pelos atos da 
pessoa que evidenciam essa intenção.
Muito embora domicílio e residência geralmente coincidam – uma vez que se trata esta de um elemento 
daquele –, há situações em que isso não acontece. Para tais situações, a lei civil prevê soluções específicas 
para a determinação do domicílio.
Se alguém possuir mais de uma residência em diferentes cidades, vivendo alternamente numa e noutra, 
qualquer das cidades será considerada seu domicílio. Assim, poderá ser chamado a exercer seus direitos 
e cumprir suas obrigações em qualquer uma delas (cf. art. 71 do Código Civil).
Se, por outro lado, uma pessoa não tem residência fixa, vivendo de forma itinerante, aqui e ali, seu 
domicílio será o local em que for encontrado. Assim, poderá ser chamado a exercer seus direitos e cumprir 
suas obrigações em qualquer localidade onde esteja (cf. art. 73 do Código Civil).
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O domicílio da pessoa jurídica, por sua vez, é o lugar onde funciona sua sede, seus órgãos de direção 
e administração, ou onde se elege domicílio especial nos seus estatutos ou atos constitutivos (cf. art. 75, 
inciso IV, do Código Civil).
Sobre a importância prática da determinação do domicílio, leia o que escreve Silvio 
Rodrigues (2003, p. 103-4):
A noção de domicílio é da mais alta relevância em todos os campos do 
Direito, como se pode depreender dos exemplos que damos a seguir. 
É regra geral, em matéria de competência (CPC, art. 94), que, nas 
ações fundadas em direito pessoal ou em direito real sobre bens 
móveis, o réu deve ser acionado no foro de seu domicílio; desse 
modo, impõe-se descobrir o seudomicílio, para propor ação contra 
ele. É no domicílio do falecido que se abre sua sucessão (CPC, art. 
96); aliás, além de ali proceder-se a seu inventário, é nesse local que 
se devem ajuizar as ações contra o espólio”. Ao cuidar da eficácia da 
lei no espaço, dispõe o art. 7º da Lei de Introdução ao Código Civil 
que a lei do país em que for domiciliada a pessoa determina as regras 
sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade 
e os direitos de família; dentro do campo do Direito Internacional 
Privado, tal regra é básica. Em matéria matrimonial, também, o 
problema avulta, pois é no domicílio dos nubentes que se devem 
publicar os proclamas do casamento. No direito das obrigações, 
por igual, muitas regras vão lançar mão da ideia de domicílio; assim, 
por exemplo, o art. 327 do Código Civil ordena que, na falta de 
convenção entre as partes, o pagamento efetuar-se-á no domicílio 
do devedor. É ainda no seu domicílio que se qualifica e vota o eleitor.
Outros numerosos exemplos poderiam ser dados para mostrar o 
alcance da noção de domicílio, quer no campo do Direito Privado, 
quer no do Direito Público. Daí a importância de se descobrir qual 
o local em que o indivíduo está legalmente fixado, onde ele atua na 
órbita do Direito, respondendo pelas obrigações assumidas. 
Classificação das espécies
voluntário e Necessário
Em regra, as pessoas têm ampla liberdade para fixar seu domicílio. Assim, trata-se de domicílio voluntário 
aquele escolhido pela pessoa que fixa residência, com ânimo definitivo, em determinada localidade (cf. 
art. 70 do Código Civil).
Por vezes, todavia, o local de domicílio de certas pessoas é determinado pela lei. Tem-se, nesse caso, o 
domicílio necessário. Têm domicílio necessário os incapazes, os servidores públicos civis e militares, o 
marítimo e o preso. O domicílio do incapaz é o de seu representante legal; o domicílio do funcionário 
Pessoas | UNIDADE I
28
público civil e militar, o local em que servir permanentemente, reputando-se domicílio, no caso de 
militar da Marinha e da Aeronáutica, a sede do comando a que se encontrar imediatamente subordinado; 
o domicílio do tripulante da marinha mercante será o local em que se achar matriculado o navio; o 
domicílio do preso, por fim, é o local em que estiver a cumprir pena (cf. art. 76 do Código Civil). 
legal e Convencional
Domicílio legal é aquele que deriva imediatamente da lei, como no caso do domicílio necessário que o 
ordenamento impõe a certas pessoas.
É possível, porém, em relação às obrigações derivadas de certas relações jurídicas, que estipulem as partes 
local determinado para seu cumprimento. A isso se chama domicílio convencional ou domicílio de eleição.
Geral e especial
Domicílio Geral é o local que se considera o domicílio da pessoa para a generalidade das relações jurídicas 
que ela estabelece. É, por exemplo, o domicílio que se fixa com base no art. 70 do Código Civil, aplicável 
a todos o conjunto de relações jurídicas em que se encontra envolvida a pessoa.
O Domicílio Especial, contrariamente, aplica-se a apenas uma relação ou a determinado conjunto de 
relações jurídicas da pessoa, como aquele que decorre de convenção entre as partes, ao estabelecer uma 
relação obrigacional, para os efeitos daquela relação.
UNIDADE I | Pessoas
UNIDADE IICoiSaS e BeNS
31
CAPíTUlO 6
distinções Conceituais
Os termos bens e coisas costumam ser utilizados praticamente como sinônimos por incontáveis autores 
no campo do Direito. Tal uso, porém, é impróprio, uma vez que, como adverte Silvio Rodrigues (2003, 
p. 116) – com recurso ao instrumental de conceitos das ciências econômicas –, trata-se de palavras de 
diferente extensão, sendo uma espécie da outra: 
Com efeito, coisa é o gênero do qual bem é espécie. A diferença específica está no fato 
de este último incluir na sua compreensão a ideia de utilidade e raridade, ou seja, a de 
ter valor econômico.
Coisa é tudo que existe objetivamente, com exclusão do homem. Assim, o sol, a lua, os 
animais, os seres inanimados etc. [...] 
Bens são coisas que, por serem úteis e raras, são suscetíveis de apropriação e contêm 
valor econômico.
O Direito Civil só se interessa pelas coisas suscetíveis de apropriação e tem por um dos 
seus fins disciplinar as relações entre os homens, concernindo tais bens econômicos.
Assim, temos que:
 » coisa é tudo o que existe, tudo o que se situa no universo tangível, exterior ao ser 
humano;
 » bem é uma coisa dotada de valor econômico, em razão de sua utilidade ao homem e 
de sua raridade, sendo também susceptível de apropriação.
Cumpre também fixar a noção de patrimônio, que não se resume à somatória dos bens de que uma pessoa 
é proprietária. 
O patrimônio, em rigor, é formado pelo conjunto de relações ativas e passivas de um indivíduo, ou, nas 
célebres palavras de Clóvis Bevilácqua, “o complexo das relações jurídicas de uma pessoa que tiverem 
valor econômico”, ou seja, todo o ativo e todo o passivo de um sujeito de direito.
32
CAPíTUlO 7
Classificação
Os bens se podem classificar segundo diversos critérios, tais como aqueles adotados pelo Código Civil 
brasileiro, como segue.
Bens Considerados em Si Mesmos 
a. Corpóreos e incorpóreos:
Corpóreos são os bens que possuem existência física concreta e tangível, como a têm 
uma mesa, uma geladeira, um automóvel, uma casa. 
Incorpóreos são os bens abstratos, intangíveis, que não possuem existência física, como 
os direitos subjetivos em geral e, em especial, os direitos reais e de crédito; os primeiros, 
aliás, segundo o Código Civil, submetem-se tanto ao regime jurídico dos bens imóveis 
como ao dos móveis, conforme sejam imóveis ou móveis os bens corpóreos sobre os 
quais recaiam; os segundos, fundamentalmente ao dos bens móveis.
b. In commercium e extra commercium:
Bens in commercium são os que podem ser objeto de negócios jurídicos e podem, por 
consequência, ser livremente adquiridos e alienados. 
Extra commercium, ou que estão fora do comércio, são todos os bens insusceptíveis 
de apropriação, por impossibilidade material ou jurídica, como os astros do 
universo e o ar atmosférico do planeta, e também os inalienáveis, seja por força de 
lei, como os bens públicos, seja por convenção, como o bem de família estabelecido 
por ato de vontade.
Bem de família é qualquer bem imóvel que, por força de lei ou da manifestação de 
vontade do proprietário, torna-se impenhorável e ou inalienável, em razão de servir 
para a residência da família, nos termos dos arts. 1.711 a 1.722 do Código Civil, 
também da Lei no 8.009, de 1990.
c. Imóveis, móveis e semoventes (cf. Código Civil, arts. 79 a 84):
A summa divisio dos bens entre móveis e imóveis é da maior relevância para o Direito, 
pois da classificação de um bem como imóvel ou móvel resulta a determinação de 
33
todo o regime jurídico a que ele se submete, incluindo modos de aquisição, alienação e 
sucessão, limitações ao exercício dos direitos sobre o bem, regime fiscal etc.
Bens imóveis são aqueles que não podem ser removidos, sem comprometimento ou 
destruição de sua essência, como o solo e tudo o que a ele se incorporar, por acessão 
natural ou artificial, como uma casa ou uma árvore.
Bens móveis são aqueles susceptíveis de remoção por força alheia, sem 
comprometimento ou ruptura de sua substância, como a mesa, a geladeira e o 
automóvel mencionados em exemplo anterior. 
Semelhantes aos móveis têm-se os semoventes, aqueles que possuem movimento 
próprio e espontâneo, isto é, os animais. 
d. Fungíveis e infungíveis (cf. Código Civil, art. 85):
Fungíveis são bens que podem ser substituídos por outros da mesma espécie, 
qualidade e quantidade. Assim o dinheiro, a areia e os alimentos em geral, que se 
negociam por pesos e medidas. 
Não fungíveis são bens que, razãode suas características peculiares, não podem ser 
substituídos por outro da mesma espécie, qualidade e quantidade. Entres esses se 
encontram as obras de arte e as jóias de família, infungíveis por natureza, e qualquer 
bem que tenha, para seu proprietário, um extraordinário valor ou significação 
particular, caso em que se têm os bens infungíveis por convenção ou ato de vontade.
A respeito da importância da distinção ora tratada, escreve Silvio Rodrigues (2003, 
p, 128-9):
A distinção entre coisas fungíveis e não fungíveis tem, igualmente, grande relevo nas 
relações jurídicas. Assim, por exemplo, o empréstimo de coisas fungíveis chama-se 
mútuo, o de não fungíveis, comodato (CC, arts. 586 e 579). A compensação efetua-se 
entre dívidas líquidas, vencidas e de coisas fungíveis (CC, art. 369). Se o devedor 
efetuar o pagamento entregando ao credor coisa fungível que não podia alhear, não 
pode o verdadeiro dono reclamar deste a devolução, se a coisa já foi consumida 
e o credor prova sua boa-fé. Se, nas mesmas condições, o pagamento se efetuar 
pela entrega de coisa não fungível, o direito de reivindicar subsiste (CC, art. 307, 
parágrafo único).
e. Consumíveis e Inconsumíveis (cf. Código Civil, art. 86):
Consumíveis são os bens móveis cuja utilização a que ele se destina importa destruição 
de sua própria substância. É o típico caso dos alimentos, que desaparecem ao ser 
utilizados como tais. 
Não consumíveis consideram-se os bens que cujo uso não importa a destruição 
imediata de sua substância. Assim são os chamados bens de consumo duráveis, como 
eletrodomésticos, máquinas, veículos e outros, cuja natureza permite a utilização 
sucessiva por longo prazo, sem perda da substância.
Coisas e Bens | UNIDADE II
34
f. Bens Divisíveis e Indivisíveis (cf. Código Civil, arts. 87 e 88):
Conforme bem observa Silvio Rodrigues (2003, p. 130):
[...] fisicamente todas as coisas são suscetíveis de divisão, e nada impede que se 
fragmente um relógio, ou mesmo um cavalo, em numerosas partes que contenham 
cada qual o mesmo peso. Essa divisibilidade pode, teoricamente, ser levada ao infinito, 
e hoje já se vai à dissociação do átomo. Todavia coisas há que, divididas, deixam de ser o 
que eram. O cavalo dividido ao meio não mais será um semovente, e o relógio, serrado 
em dois, tampouco seguirá sendo relógio.
O critério da divisibilidade leva em consideração, pois, para além da simples 
possibilidade material de divisão, aspectos funcionais e econômicos para determinar 
se uma coisa é ou não juridicamente divisível.
Assim, são divisíveis os bens que se podem fracionar em porções distintas, de modo 
a formar cada qual um todo perfeito, desde que não se verifique prejuízo à sua 
utilização ou redução desproporcional do seu valor. Tem-se, como exemplo de bem 
divisível, o de um terreno, que, se dividido ao meio, resultará em dois terrenos, cuja 
possibilidade de utilização e valor econômico se mantêm na mesma proporção que 
do bem original. 
Indivisíveis são os bens que se não podem partir sem que seja alterada sua substância, 
ou ainda que tenha sua utilidade comprometida ou reduzido drasticamente o seu 
valor econômico. Assim, por exemplo, se dividirmos uma máquina qualquer ou um 
automóvel, da divisão não resultarão duas máquinas ou dois automóveis, havendo, 
pois, alteração da substância, mudança da finalidade de uso e ainda, possivelmente, 
diminuição do valor do bem.
g. Singulares e Coletivos (cf. Código Civil, arts. 89 a 91):
Singulares são os bens que podem ser tomados individualmente, de per se, ainda 
quando reunidos: assim, por exemplo, um edifício, um animal de estimação, uma casa. 
Coletivos são bens considerados em seu conjunto, ainda que, sob outro ângulo, 
possam ser encarados na sua individualidade. Constituem universalidades de bens. 
Como exemplos, têm-se a herança e o fundo de comércio, bem ainda a biblioteca, a 
frota, o rebanho etc.
Bens reciprocamente Considerados 
Considerados uns em relação aos outros, os bens podem ser:
 » principais; ou 
 » acessórios. 
Tal distinção é de suma importância, dada a regra de que, nos negócios e nas situações jurídicas em geral, 
o acessório segue o principal, ressalvada eventual disposição em contrário.
UNIDADE II | Coisas e Bens
35
Principal é o bem que existe por si mesmo, sem que tenha sua existência vinculada à de nenhum outro. 
Acessório é o bem cuja existência supõe a do principal; não existe por si mesmo, pois depende do bem 
principal para existir. Uma edificação sempre é acessória do solo, uma vez que sobre ele se assenta e sem 
ele não existe.
Observe-se que os bens serão acessórios ou principais sempre um em relação ao outro. Trata-se, pois, 
de um conceito relativo. Se uma edificação é acessória em relação ao solo, é também, por outro lado, 
principal em relação a itens como portas, janelas e elevadores nela instalados. 
A acessão pode ser física ou meramente intelectual. Na acessão física, há uma adesão material da 
coisa acessória à coisa principal. Na acessão intelectual, a ligação estabelecida entre os bens é feita 
fundamentalmente pela vontade de proprietário. O problema é explicado por César Fiúza (1998, p. 79) 
nos seguintes termos:
Enquanto os imóveis por acessão intelectual conservam sua identidade, individualidade 
e autonomia, os bens acessórios formam parte constitutiva do principal, sem o qual 
não existem. O principal lhe absorve a individualidade e autonomia. Uma porta só 
será porta, enquanto estiver presa ao imóvel. O mesmo não ocorre com um sofá, ou 
um lustre. Assim, a porta é bem acessório do imóvel, enquanto o sofá não é, embora 
seja imóvel por acessão intelectual, enquanto permanecer integrado ao imóvel, como 
mobília de uso. 
A distinção é importante, quando da aplicação da regra de que o acessório segue 
o principal, salvo disposição contrária. Assim, salvo disposição contrária, as 
portas e janelas seguem o imóvel a que estão aderidos, o mesmo não ocorrendo 
com a mobília, que é imóvel por acessão intelectual, não sofrendo, pois, influência 
da regra. 
São também bens acessórios os frutos, os produtos e as benfeitorias.
Consideram-se frutos as utilidades produzidas, periodicamente, por um bem. Podem os frutos ser 
naturais, como a cria ou o leite um animal e as frutas ou legumes oriundos de uma plantação; industriais, 
como os laticínios em relação ao leite e ao homem, a produção de uma fábrica em relação à matéria-prima 
e ao homem etc.; ou civis, assim entendidos os juros, lucros e aluguéis. 
Produtos são utilidades que se extraem de uma coisa com capacidade limitada de produção, diminuindo-lhe 
a quantidade, como, por exemplo, o minério ou o petróleo de uma jazida. Cuida-se, nesse caso, de recursos 
não renováveis.
Benfeitoria é toda obra, serviço ou despesa que se realiza em um bem, com o intuito de conservá-lo, 
melhorá-lo ou embelezá-lo, incorporando-se definitivamente à coisa principal. 
As benfeitorias distinguem-se em três tipos: necessárias, úteis e voluptuárias (cf. art. 96 do Código Civil). 
Necessária é a benfeitoria que for realizada para conservar a coisa, de modo a impedir sua ruína; útil é a 
que se realiza para melhorar, aumentar ou facilitar o uso da coisa; voluptuária, por fim, é aquela de mero 
deleite ou recreio, que não aumenta o uso habitual do bem, ainda que o torne mais agradável ou seja de 
elevado valor. 
Coisas e Bens | UNIDADE II
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Distinguem-se das benfeitorias as pertenças, as quais, segundo Código Civil, em seu art. 93, são aqueles 
bens que, não constituindo partes integrantes, destinam-se de modo duradouro ao uso, ao serviço ou ao 
aformoseamento de outro.
À luz dos conceitos ora tratados e das respectivas disposições do Código Civil, 
examine a situação de um cd player instalado em um automóvel. Seria o equipamento 
de som acessório ou pertença? Lembre-se de que o cd player não depende doveículo para subsistir. Mas se destina a conferir maior conforto ao uso do veículo. 
Na eventual compra e venda desse veículo, segue o cd player, necessariamente, o 
destino do veículo em que se encontra instalado? 
Bens Considerados em relação a Seu Titular
Os bens são públicos ou privados, conforme quem seja o titular do direito subjetivo sobre eles incidente.
Públicos são os bens pertencentes às pessoas jurídicas de Direito Público, em qualquer esfera, sejam de 
uso comum do povo, como as vias públicas, os parques e as praias; sejam de uso especial, destinados à 
utilização exclusiva de algum órgão ou entidade da Administração Pública federal, estadual ou municipal; 
sejam, ainda, os dominiais, que compõem o patrimônio disponível do Estado. O estudo desses bens 
constitui matéria do Direito Administrativo.
Particulares são os bens pertencentes às pessoas naturais ou jurídicas de Direito Privado, submetidos, 
pois, ao regime jurídico próprio do Código Civil.
Bem de Família
Conforme dissemos, bem de família é qualquer bem imóvel que, por força de 
lei ou da manifestação de vontade do proprietário, torna-se impenhorável e ou 
inalienável, em razão de servir para a residência da família. 
Sobre o tema, em conexão com o objeto deste curso, leia-se o artigo O bem 
de família e o registro de imóveis, de autoria de José Celso Ribeiro Vilela de 
Oliveira, advogado especializado em Direito Notarial, disponível no endereço 
<http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=10246>.
UNIDADE II | Coisas e Bens
UNIDADE IIIFaTo, aTo e NeGóCio JUrídiCo
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CAPíTUlO 8
distinções Conceituais e Classificação 
Fato Natural e Fato Jurídico
Fato é todo evento ou acontecimento em que não se dá a intervenção do homem. Um sem-número 
de fatos há que são indiferentes ao mundo do direito, isto é, não repercutem no direito ou produzem 
qualquer tipo de consequência jurídica: assim, a chuva que cai, o pássaro que voa, a flor que se abre e os 
astros que se movem, por exemplo, não interferem de forma alguma nas relações jurídicas, de modo que 
deles o direito não cuida, sendo irrelevantes do ponto de vista jurídico. São os chamados fatos naturais.
Os fatos que interessam ao direito são aqueles capazes de criar, modificar ou extinguir relações ou 
situações jurídicas. A estes se dá o nome de fatos jurídicos. 
Os fatos jurídicos podem ser naturais ou humanos. 
Os primeiros são aqueles não envolvem atuação do homem, mas trazem repercussão na esfera jurídica. 
Assim a chuva que cai fortemente e alaga áreas rurais ou urbanas, arruína plantações e destrói casas; 
assim também o nascimento e a morte de um ser humano.
Os segundos decorrem diretamente da atuação ação do homem, como, por exemplo, um acidente de 
trânsito, um contrato, um casamento. 
Assim, pode-se dizer que fato jurídico “é, pois, todo evento natural, ou toda ação ou omissão do homem 
que cria, modifica ou extingue relações ou situações jurídicas.” (cf. FIÚZA, 1998, p. 86) 
ato Jurídico
Ato remete à ideia de um comportamento humano. Ato jurídico, pois, é todo fato jurídico decorrente 
de uma ação ou omissão humana, capaz de criar, modificar ou extinguir relações ou situações jurídicas. 
O ato jurídico, neste sentido amplo (lato sensu), comporta as três seguintes espécies:
 » atos jurídicos em sentido estrito (stricto sensu);
 » negócios jurídicos; e 
 » atos ilícitos. 
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ato Jurídico em Sentido estrito
O ato jurídico em sentido estrito é um ato de vontade cujos efeitos são determinados basicamente pela lei. 
Assim, combina-se no ato jurídico stricto sensu uma emissão volitiva e uma previsão específica, pelo 
ordenamento jurídico, dos efeitos dessa manifestação de vontade.
Para César Fiúza (1998, p. 86-7), exemplo típico de ato jurídico stricto sensu é o ato de registro civil. Quando 
um pai registra seu filho, pratica ato jurídico cujos efeitos se encontram rigorosamente predeterminados 
pelo ordenamento. Ao requerer o registro, qualquer seja o conteúdo da vontade daquele que comparece 
perante o oficial do registro civil – e é bem provável que não haja qualquer objetivo específico nesse ato, 
salvo o desejo de observar a lei e garantir segurança ao registrado –, os efeitos do registro não derivam 
dessa emissão de vontade, mas imediata e exclusivamente da própria lei.
Negócio Jurídico
O negócio jurídico é um ato de vontade em conformidade com o ordenamento jurídico, que tem por objetivo 
específico criar, modificar ou extinguir relações ou situações jurídicas. Diferentemente dos atos jurídicos 
em sentido estrito, os efeitos do negócio derivam preponderantemente da vontade, mais do que da lei.
Se nos atos jurídicos em sentido estrito a vontade do agente importa para a sua realização, mas não 
lhe determina os efeitos, que se encontram preestabelecidos em lei, no negócio jurídico a vontade é 
determinante tanto para a prática do ato como para a produção de seus efeitos, uma vez que a maior parte 
de tais efeitos radicam basicamente na vontade, antes que na lei.
Constituem negócios os contratos em geral, o testamento e outros atos de caráter negocial, em que se 
possa identificar a vontade humana como principal fonte de efeitos jurídicos. 
Como negócio jurídico unilateral, o testamento é um bom exemplo da categoria negocial, uma vez 
que não há um só efeito puramente ex lege do testamento: todos os efeitos do testamento derivam, 
fundamentalmente, da vontade por meio dele manifestada.
Modalidades do Negócio Jurídico
Os negócios jurídicos se dividem em modalidades, segundo contenham apenas elementos essenciais e 
naturais ou se, além deles, contenham elementos acidentais. Tem-se, assim, negócios jurídicos:
 » puros e simples;
 » condicionais;
 » a termo; e 
 » modais ou com encargo. 
O negócio jurídico será puro e simples quando contiver apenas seus elementos essenciais e elementos 
naturais, sem qualquer elemento acidental, ou seja, condição, termo ou encargo. Em uma compra e 
venda de bem móvel realizada à vista, por exemplo, na qual as prestações de comprador e vendedor são 
UNIDADE III | Fato, ato e Negócio Jurídico
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executadas imediatamente, só se encontram elementos essenciais e naturais do negócio – quais sejam, as 
partes capazes, o objeto lícito, a forma livre e o consenso sobre a coisa e o preço –, tratando-se, pois de 
negócio jurídico puro e simples.
São condicionais os negócios jurídicos cujos efeitos se encontram subordinados ao implemento de 
condição, ou seja, um evento futuro e incerto, que poderá ou não ocorrer, e que condiciona, de modo a 
fazer ter início ou fazer cessar, a produção dos efeitos do ato.
Veja-se a interessante síntese que César Fiúza (1998, p. 95-6) faz sobre a condição como elemento acidental 
dos negócios jurídicos:
Condição é evento futuro e incerto ao qual se subordinam os efeitos do ato jurídico. 
São espécies de condição: 
Condição causal - É aquela que sujeita os efeitos do ato jurídico ao acaso, como “se 
ganhar na loto farei doação à Santa Casa”. 
Condição simplesmente potestativa - Subordina o ato ao arbítrio relativo de uma das 
partes. Exemplo seria a frase “se me mudar para Salvador, vendo-lhe meu carro”. Ora, 
mudo-me para Salvador se quiser, mas, uma vez que me mude, terei que vender o carro 
à pessoa a quem prometi. 
Condição puramente potestativa - Dá-se quando os efeitos do ato ficam submetidos 
à vontade absoluta de uma das partes. Suponhamos a seguinte norma contratual: 
“os aluguéis serão reajustados se, como e quando o locador quiser”. Tal cláusula em 
contrato de locação seria condição puramente potestativa em relação ao reajuste do 
aluguel. Evidentemente, tal cláusula não teria validade, aliás, como toda condição 
puramente potestativa. 
Condição mista - Sujeita o ato jurídico ao alvedrio de uma das partes e de terceiro. 
Assim é a afirmação, “só vendo minha casa se o vizinho vender asua”. 
As condições causais, simplesmente potestativas, e as condições mistas podem ser 
suspensivas ou resolutivas. 
Condição suspensiva é aquela que subordina os efeitos do ato jurídico a seu implemento. 
Todos os exemplos dados acima são de condição suspensiva. 
Já na condição resolutiva, o ato para de produzir efeitos, se extingue com o implemento 
da condição. Ex.: Empresto-lhe meu carro, se você não se mudar. Ou seja, enquanto a 
pessoa morar no lugar desejado, poderá usar o carro. Se decidir mudar-se, o empréstimo 
cessa, se resolve. 
Negócio Jurídico a termo é aquele cujo início ou fim se encontram determinados no tempo, com prazo 
ou evento certo que determina a produção de seus efeitos. Se alguém firma um contrato de locação por 
quinze dias ou um ano, realiza um ato cujos efeitos se encontram precisamente delimitados no tempo, 
com início e fim previsto pelas partes. Tem-se, então, um típico negócio jurídico a termo. Pode o termo, 
porém, ser certo ou incerto. O primeiro se dá quando é fixada uma data, por exemplo, para o término da 
vigência de um contrato. O segundo se verifica quando não há fixação de data, mas de evento futuro de 
ocorrência certa – como a morte de uma pessoa, por exemplo –, sem que se possa, porém determinar com 
precisão o momento em que tal fato ocorrerá.
Fato, ato e Negócio Jurídico | UNIDADE III
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Deve-se estar atento para não confundir termo com prazo. Termo indica momento 
preciso e pontual no tempo, podendo designar o momento inicial ou o momento 
final dos efeitos de um negócio jurídico. Prazo, por sua vez, é o lapso temporal que 
decorre entre o termo inicial e o termo final. .
Atos Jurídicos modais ou com encargo, por sua vez, são aqueles cujos efeitos benéficos a uma das partes 
vêm acompanhados de um modo ou encargo, isto é, um ônus para essa parte. Assim, por exemplo, no 
contrato de doação se pode estipular ao donatário o encargo de realizar determinados atos filantrópicos, 
com parte do montante doado. Naturalmente, o encargo há de representar ônus significativamente 
inferior ao benefício, e não poderá condicionar, tal como ocorre com a condição, a produção dos efeitos 
do negócio jurídico.
requisitos de validade do Negócio Jurídico
Segundo o art. 104 do Código Civil, constituem elementos de validade do negócio jurídico:
 » agente capaz;
 » objeto lícito, possível, determinado ou determinável; e
 » forma prescrita ou não defesa em lei.
Tendo em conta que o negócio jurídico é essencialmente um ato de vontade, essa vontade deve ser 
juridicamente qualificada para que se considere apta a produzir efeitos por via do negócio jurídico. 
Assim, a capacidade do agente é um dos requisitos de validade do negócio. Devem aqueles que realizam 
um negócio jurídico ser plenamente capazes ou, caso contrário, comparecer representados ou assistidos 
ao ato, com o que fica suprida a incapacidade, podendo a vontade produzir os efeitos jurídicos desejados.
O negócio jurídico deve, igualmente, ter por objeto uma prestação lícita, isto é, conforme a ordem jurídica, 
não se admitindo a prática desses atos para a consecução de fins contrários ao direito, à moral ou aos bons 
costumes – isto é, contrários aos interesses da sociedade e aos valores por ela estabelecidos. Além disso, 
deve o objeto possível, jurídica e materialmente, isto é idôneo, e precisamente determinado no ato ou 
passível de determinação. Nesse sentido, escreve Silvio Rodrigues (2003, p. 173) que:
O ordenamento jurídico só dá eficácia à vontade humana, como criadora de relações 
jurídicas, se e enquanto ela procura alcançar escopos que não colidam com o interesse 
da sociedade. Se o objeto do negócio é fisicamente impossível, é ele inidôneo, faltando, 
por conseguinte, ao ato jurídico um elemento substancial; mas, se é juridicamente 
impossível, o defeito não é mais de idoneidade, porém de liceidade.
Por fim, o negócio jurídico tem também como requisito de validade a obediência à forma prescrita, ou não 
adotar forma defesa em lei. É bem verdade que a liberdade de forma constitui a regra, pois será ela livre, 
a menos que a lei determine o contrário, conforme prevê o art. 107 do Código Civil. Em diversos casos, 
entretanto, a lei prescreve uma forma especial como requisito de validade do ato – e não apenas como meio 
de prova de sua existência. Assim, por exemplo, a compra e venda de imóveis de valor superior ao fixado em 
lei e os pactos antenupciais, que não se podem fazer a não ser por escritura pública. Nesses casos, a forma 
prescrita não poderá ser preterida, sob pena de faltar ao ato um de seus requisitos de validade.
UNIDADE III | Fato, ato e Negócio Jurídico
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A falta de qualquer dos requisitos de validade do negócio jurídico o inquinam de nulidade absoluta, 
nos termos do art. 166 do Código Civil. Os negócios absolutamente nulos, por conter um vício grave, 
que fere de forma altamente sensível a ordem jurídica, não são susceptíveis de confirmação, nem 
convalescem pelo decurso do tempo (cf. art. 169 do Código Civil). Pela mesma razão, a nulidade 
absoluta pode ser alegada por qualquer interessado, ou mesmo pelo Ministério Público, devendo ainda 
ser pronunciadas de ofício pelo juiz, quando conhecer do negócio jurídico ou dos seus efeitos e as 
encontrar provadas, não lhe sendo permitido supri-las, ainda que a requerimento das partes (cf. art. 
168 do Código Civil).
defeitos do Negócio Jurídico: vícios do Consentimento e vícios Sociais
Defeitos são vícios que incidem sobre vontade das partes em um negócio jurídico, ou sobre determinadas 
circunstâncias na sua realização, de modo a conduzir à invalidade do ato.
Com efeito, se o negócio jurídico é, essencialmente, um ato de vontade hábil a produzir efeitos jurídicos, 
a existência de algum defeito na formação dessa vontade ou na sua manifestação pelo agente resulta no 
comprometimento, em seu âmago, de todo o negócio.
O Código Civil brasileiro trata dos defeitos do negócio em seus arts. 138 a 165, e também no art. 167, que 
podem ser compreendidos duas categorias fundamentais:
 » vícios do consentimento, ou vícios da vontade; e
 » vícios sociais.
Vícios do consentimento são aqueles, previstos nos arts. 138 a 157 do Código Civil, que incidem na 
formação ou na manifestação da vontade de pelo menos uma das partes no negócio jurídico, gerando 
nulidade relativa, e se compreendem nos seguintes tipos:
 » erro;
 » dolo;
 » coação;
 » estado de perigo;
 » lesão.
O erro corresponde a uma noção ou a um juízo inexato acerca de qualquer aspecto da realidade, que 
influencia de forma determinante a formação da vontade do agente em um negócio jurídico. O erro, para 
viciar a vontade e comprometer a validade do negócio, deve ser substancial, isto é, dizer respeito a algum 
aspecto fundamental do negócio realizado, como a natureza do ato, o objeto da principal declaração ou 
suas qualidades essenciais, ou ainda a identidade ou qualidades essenciais da pessoa a quem o negócio se 
referir; e escusável, no sentido de que há de ter por causa não a negligência ou a incúria do agente, mas 
ser de tal natureza que qualquer pessoa de mediana inteligência, aplicando a de atenção ordinária que se 
exige nos atos jurídicos, seja capaz de cometê-lo.
Fato, ato e Negócio Jurídico | UNIDADE III
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Dolo é vício da vontade decorrente do emprego de artifício ou expediente astucioso para induzir alguém 
à realização de um negócio jurídico, em proveito do autor do dolo ou de terceiro, e em detrimento dos 
interesses da vítima. 
Por coação tem-se qualquer tipo de pressão, física ou moral, exercida sobre o agente para obrigá-lo ou 
induzi-lo a praticar um negócio jurídico, criando-lhe fundado temor de dano iminente e grave, caso não 
concretize o ato ou não o faça daquela forma, a si, a seus familiares ou a seus bens.
Dá-se o estado de perigo quando alguém, premido pela necessidade de salvar-se, ou a pessoa

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