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Apostila_Endodontia_UFU

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EndoUFU 
 
1 | P á g i n a 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2012 
Endodontia Pré-Clinica 
Endo-UFU (roteiro de aula) 
Universidade Federal de 
Uberlândia 
Faculdade de Odontologia 
EndoUFU 
 
2 | P á g i n a 
 
Apresentação 
O presente material didático tem por finalidade servir de guia como 
roteiro de aula aos alunos do 3º período da Faculdade de Odontologia da 
Universidade Federal de Uberlândia nas aulas teóricas e práticas junto à 
disciplina URIAE 3. Toda a parte escrita e as imagens fotográficas estão de 
acordo com o projeto pedagógico atual da Área de Endodontia. 
Esse material está sendo disponibilizado on line aos alunos, 
incentivando-os também a buscar na literatura subsídios que possam 
enriquecer os seus conhecimentos. Essa sistemática permitirá ao aluno criar 
uma análise crítica do conteúdo fornecido, permitindo estabelecer 
discussões sobre os temas abordados durante o período letivo. 
O Programa Institucional de Bolsas do Ensino de Graduação 
(PIBEG) favoreceu a adequação do material didático tendo como finalidade 
criar um roteiro de aula e disponibilizar on-line a quem tiver interesse no 
tema. 
A equipe organizadora teve como orientador o Prof. Dr. João 
Carlos Gabrielli Biffi, como coordenadora a mestranda Maria Antonieta 
Veloso Carvalho de Oliveira e como bolsista do PIBEG a aluna de 
graduação Mariele dos Reis Sousa. 
 
 
 
 
 
Prof. Dr. João Carlos Gabrielli Biffi 
 
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Sumário 
 
 
Semiologia Endodôntica 04 
Instrumental e Material Endodôntico 10 
Morfologia das Cavidades Pulpares 21 
Irrigação do canal radicular 32 
Neutralização Progressiva 42 
Abertura Coronária 46 
Preparo do Terço Cervical e Médio 57 
Odontometria 62 
Preparo do Terço Apical 68 
Medicação Intracanal 77 
Obturação do canal radicular 83 
Retratamento do canal 91 
Instrumentação Rotatória 95 
Referências Bibliográficas 100 
 
 
 
 
 
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Semiologia Endodôntica 
I. Conceito 
Pesquisa os sinais e sintomas clínicos, sistematizando os dados com a finalidade de 
construir o diagnóstico, planejar o tratamento e deduzir o prognóstico. 
II. Preenchimento da Ficha Clínica 
1. Semiologia Subjetiva 
É a sensação relatada pelo paciente referente à dor, à origem, à sede, à duração, à 
frequência, à intensidade, ao tipo de dor e se é exacerbada; as suas características devem 
ser minuciosamente descritas pelo paciente e anotadas. 
2. Semiologia Objetiva 
Consiste na manifestação clínica da patologia podendo ser observada pelo 
profissional. Os seguintes exames podem ser utilizados para a coleta clínica dos dados: 
1. Estrutura dental: íntegra, cariada, restaurada, fratura, exposição pulpar, 
alteração da cor e mobilidade na palpação. 
2. Tecidos moles: edema, alteração da cor, fístula e bolsa periodontal. 
3. Teste de percussão: Vertical e Horizontal. 
4. Testes de sensibilidade pulpar: frio, calor e elétrico. Verificar a resposta da 
polpa a esses testes em estado normal, exacerbada, aliviada e ausente. 
5. Teste de cavidade: sensível e insensível. 
 
 
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3. Exame Radiográfico 
É um recurso indispensável para auxiliar no diagnóstico. A radiografia deve ser de 
boa qualidade para a sua adequada visualização e interpretação. Durante o exame 
radiográfico deve-se observar: 
1. Câmara pulpar: normal, presença de cálculos, ampla, atresiada, calcificada, 
cariada, obturada, perfurada. 
2. Canal radicular: normal, amplo, atresiado, calcificado, reabsorção interna ou 
externa, obturação total, parcial ou sobre obturação, rizogênese incompleta, 
fratura da raiz, perfuração, instrumento “lima endodôntica” fraturado no terço 
cervical, médio ou apical. 
3. Região periapical: Normal, espessamento do ligamento, hipercementose, 
rarefação óssea, circunscrita ou difusa, condensação óssea. 
 
4. Diagnóstico Clínico-Radiográfico 
 
 
 
Trata-se de uma previsão da situação clínica do dente, baseada na interpretação de todos os 
dados colhidos. Algumas vezes, o diagnóstico somente é confirmado após o início do 
tratamento. As seguintes situações devem ser consideradas e podem levar ao tratamento 
endodôntico: 
 
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5. Tratamento Indicado 
O tratamento endodôntico pode ser conservador ou radical. Em geral, o 
tratamento conservador é caracterizado pela realização da Pulpotomia. 
O tratamento endodôntico radical é classificado com base na presença ou ausência de 
vitalidade pulpar. Há situações em que o tratamento endodôntico é necessário durante a 
realização de um tratamento protético (colocação de núcleo intra-radicular). Em outros 
casos, o tratamento endodôntico já existe, porém não é satisfatório. Portanto, o 
tratamento indicado pode ser: 
1. Tratamento endodôntico com vitalidade pulpar 
2. Tratamento endodôntico sem vitalidade pulpar 
3. Tratamento endodôntico com finalidade protética 
Os detalhes do tratamento endodôntico devem ser todos descritos na ficha clínica. Os 
procedimentos realizados, em cada sessão, devem ser anotados e devidamente 
conferidos pelo docente. É importante registrar também anormalidade eventualmente 
verificada no pós-operatório ou observada na radiografia final. 
6. Proservação 
Controle clínico e radiográfico realizado após o tratamento endodôntico para avaliar o 
seu sucesso ou insucesso. 
Em geral, o período mínimo de controle é de 6 meses para os casos de tratamento 
endodôntico com vitalidade pulpar e de 1 a 2 anos para os casos de tratamento 
endodôntico sem vitalidade, principalmente quando a reabsorção óssea é visível 
radiograficamente. 
Para facilitar o planejamento do tratamento endodôntico, utiliza-se uma ficha clínica 
com as informações necessárias para se obter o diagnóstico provável de cada caso. 
 
 
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Instrumental e material endodôntico 
Para a realização dos tratamentos endodônticos, é essencial a utilização dos 
instrumentos de maneira adequada. Eles atuam como os meios mecânicos do preparo 
dos canais radiculares. 
Para uma melhor compreensão, eles podem ser classificados em: 
1. Instrumental e material auxiliar. 
2. Instrumental e material endodôntico 
3. Instrumental e material complementar. 
I. Objetivos 
 Identificar o instrumental endodôntico, conhecendo suas características físicas e suas 
indicações para o uso. 
 Reconhecer os princípios de padronização dos instrumentos. 
 Organizar o instrumental na caixa endodôntica. 
II. Instrumental e Material 
1. Instrumental e Material Auxiliar 
1.1. Clínico 
(1) Espelho, (2) Pinça clínica, (3) Sonda endodôntica, (4) Sonda clínica, (5) Escavador duplo, 
(6) Tesoura, (7) Placa de vidro, (8) Espátula. 
 
 
Figura 1- A: clínico; B: 1 (sonda clínica), 2 (sonda reta) 
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1.2. Diagnóstico 
Aparelho Radiográfico, filme radiográfico, bastão de gelo ou gás refrigerante, bastão de 
guta-percha. 
1.3. Anestesia 
Seringa Carpule, agulhas descartáveis, anestésico tópico e em tubetes. 
1.4. Isolamento do Campo Operatório 
Perfurador de Ainsworth, pinça porta-grampos, porta dique de borracha (dobrável), 
lençol de borracha, grampos para isolamento. 
 
 
 
Figura 2 - A: 1 (grampos para isolamento), 2 (pinça porta grampos) 
B: 1 (perfurador), 2 (porta dique de borracha), 3 (lençol de borracha)Endo-UFU Endo-UFU A B 
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Figura 3 – Grampos: A (dentes anteriores) 1 (210), 2(212); 3(211) 
 B (dentes posteriores) 1(00), 2(1A) 
 C (dentes posteriores) 1(206), 2(208); 3(200); 4(205) 
 D (dentes posteriores) 1(14), 2(14A) 
 
 
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2. Instrumental e Material Endodôntico 
2.1. Abertura Coronária e Desgaste Compensatório 
Motores de Alta e Baixa Rotação, brocas esféricas para alta e baixa rotação, broca de Batt. 
Figura 4 - 1(motor de alta rotação com broca esférica); 
 2(motor de baixa rotação com broca de Batt). 
2.2. Preparo dos Canais Radiculares 
Broca Gates-Glidden, limas tipo Kerr, limas tipo Hedströen, limas Flexofile. 
2.3. Irrigação e Aspiração dos Canais Radiculares 
Conjunto suctor de Barash, Seringas 3,0 ml, Agulhas hipodérmicas 25x4. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 5 - A: conjunto suctor de Barash; B: seringa e agulha hipodérmica 
 
 
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3. Instrumental e Material Complementar 
Caixa Endodôntica (página 20), régua milimetrada ou régua calibradora, frascos de vidro para 
soluções irrigadoras (Solução de Hipoclorito a 1% e soro fisiológico), lupa (para melhor 
visualização das radiografias), colgaduras (para revelação das radiografias), “Tamborel” (para 
as limas endodônticas). 
 
 
Figura 6 – A (Réguas), B (Colgaduras). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 7 – A (Tamborel); B (Frascos de vidro); C (Lupa) 
 
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Endo-UFU 
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Padronização dos instrumentais endodônticos 
Os instrumentos endodônticos são confeccionados seguindo medidas padronizadas em relação à 
cor do cabo, numeração, diâmetro e comprimento da parte ativa. As principais características 
dos instrumentos são: 
1. A parte ativa do instrumento apresenta o diâmetro D0 e o diâmetro D16, correspondendo à 
ponta e ao fim da parte ativa, respectivamente. 
2. O número do instrumento corresponde ao diâmetro da ponta da parte ativa (D0), expressa 
em centésimos de milímetro. 
3. São construídos em aço inoxidável. 
4. Apresentam cabo plástico colorido. 
5. O comprimento da parte ativa é sempre 16 mm, independente do comprimento do 
instrumento. 
6. Há um aumento de 0,32 mm no diâmetro de D0 para o diâmetro de D16. 
7. São fabricados nos comprimentos: 21, 25 e 31mm. 
8. Há um aumento no diâmetro D0 de 0,5mm até o instrumento número 60. Depois, o aumento 
do D0 é de 0,10mm, até o número 140. 
9. Os instrumentos são divididos em séries: Especiais, 1ª Série, 2ª Série e 3ª Série. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Esquema de Cores e Medidas dos Instrumentos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 DIÂMETRO (mm) COR SÉRIE 
 D0 D16 
06 0,06 0,38 Rosa 
08 0,08 0,40 Cinza Especial 
10 0,10 0,42 Roxo 
15 0,15 0,47 Branco 
20 0,20 0,52 Amarela 
25 0,25 0,57 Vermelho 
30 0,30 0,62 Azul 1º Série 
35 0,35 0,67 Verde 
40 0,40 0,72 Preto 
45 0,45 0,77 Branco 
50 0,50 0,82 Amarelo 
55 0,55 0,87 Vermelho 
60 0,60 0,92 Azul 2º Série 
70 0,70 1,02 Verde 
80 0,80 1,12 Preto 
90 0,90 1,22 Branco 
100 1,00 1,32 Amarelo 
110 1,10 1,42 Vermelho 
120 1,20 1,52 Azul 3º Série 
130 1,30 1,62 Verde 
140 1,72 1,72 Preto 
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17 | P á g i n a 
 
 
 
 
 
 
1. Broca de Batt 
Tronco-cônica picotada, com a ponta inativa. 
Baixa rotação. Utilizada para o desgaste 
compensatório. 
 
 
 
2. Broca Gates-Glidden 
Haste fina com a parte ativa terminando em 
forma de chama ou pêra. Apresenta-se com 
comprimentos de 28 mm ou 32 mm e com 
diâmetro variando de 1 a 6. Utilizada para o 
desgaste compensatório e preparo dos canais. 
 
 
3. Broca 4083 e Endo Z 
 
Tronco-cônicas, diamantadas e pontas inativas. 
Utilizadas para o desgaste compensatório. 
 
 
 
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Endo-UFU Endo-UFU 
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4. Broca Esférica de Alta Rotação 
Broca esférica, com a ponta ativa. Utilizada 
para a trepanação, e no desgaste compensatório 
da abertura coronária. Apresenta-se com 
comprimento de 19 mm e 25 mm e com 
diâmetro variando de 1/4 a 8. 
 
 
 
5. Broca Esférica de Baixa Rotação 
Broca esférica, com a ponta ativa. Utilizada para 
a trepanação, e no desgaste compensatório da 
abertura coronária. Apresenta-se com 
comprimento de 22,5 mm e 28 mm e com 
diâmetro variando de 0 a 17. 
 
 
 
6. Espaçadores Digitais 
São hastes lisas de forma cilíndrica cônica, 
utilizadas para a condensação lateral, durante a 
fase da obturação dos canais radiculares 
 
 
 
 
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Endo-UFU 
Endo-UFU 
EndoUFU 
 
19 | P á g i n a 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7. Limas Tipo Kerr 
Parte ativa em forma de espiral de passos curtos. 
Cinemática de movimento: Introdução (A), 
rotação de ¼ a ½ volta (B) e tração com 
pressão lateral (C). 
Função: Exploração, alargamento e limagem 
das paredes dos canais radiculares 
 
 
 
8. Limas Tipo Hedströen 
Parte ativa em forma de cones superpostos. 
Cinemática de movimento: Introdução e 
tração com pressão lateral. 
Função: Regularização das paredes dos canais 
e remoção de resíduos. 
Obs.: Muito útil em retratamento endodôntico. 
 
 
9. Limas Flexofile 
Apresentam as mesmas características das 
limas tipo Kerr. 
Cinemática de movimento: Introdução (A), 
rotação de ¼ a ½ volta (B) e tração com 
pressão lateral (C). 
Obs.: São ultraflexíveis. Muito utilizadas em 
canais curvos 
 
 
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20 | P á g i n a 
 
Organização da caixa endodôntica 
(Limas endodônticas) 
 
 
 
Figura 8. Caixa endodôntica 
 
1. Limas tipo Kerr ......................................... 15-40 ... 25mm 
2. Limas tipo Kerr ......................................... 45-80 ... 25mm 
3. Limas tipo Hedströen ................................ 15-40 ... 25mm 
4. Limas tipo Hedströen ................................ 45-80 ... 25mm 
5. Limas tipo Kerr......................................... 08 ... 21 e 25 mm 
6. Limas tipo Kerr ......................................... 10 ... 21 e 25 mm 
7. Limas tipo Kerr ......................................... 15-40 ... 31mm 
8. Limas tipo Kerr ......................................... 45-80 ... 31mm 
9. Limas Flexofile ......................................... 15-40 ... 25mm 
10. Limas Flexofile ......................................... 15-40 ... 21mm 
11. Espaçadores Digitais Cônicos ................... A-D 
12. Limas rotatórias Protaper Universal .......... SX, S1, S2, F1, F2 e F3 
 
Outros materiais que devem estar na Caixa Endodôntica: 
 Sonda clínica, sonda endodôntica, pinça, espelho clínico, seringas, régua milimetrada, conjunto suctor 
endodôntico. 
 Grampos, agulhas hipodérmicas. 
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EndoUFU 
 
21 | P á g i n a 
 
Morfologia das Cavidades Pulpares 
É o estudo morfológico da cavidade pulpar. Por sua vez pode-se definir cavidade pulpar 
como sendo: 
O espaço no interior dos dentes, onde se aloja a polpa dental. Esse espaço é limitado emtoda a sua extensão por dentina, menos na região de forame apical onde esse espaço é 
limitado pelo cemento. 
De uma maneira grosseira, a cavidade pulpar copia os aspectos externos do dente. 
A cavidade pulpar pode ser dividida em: porção coronária e porção radicular. 
A porção coronária é a parte da cavidade pulpar restrita na coroa dos dentes. É 
denominada câmara pulpar. 
A porção radicular é a parte da cavidade pulpar restrita nas raízes dos dentes, é 
denominado canal radicular. 
Didaticamente, o canal radicular pode ser dividido em terço apical, médio e cervical. 
A câmara pulpar é limitada pelas paredes: mesial, distal, vestibular, lingual, oclusal 
(teto) e cervical (assoalho). 
No teto da câmara pulpar, encontram-se reentrâncias e saliências denominadas de 
cornos pulpares, que são as projeções das cúspides, internamente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Assoalho 
Teto 
Corno Pulpar 
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EndoUFU 
 
22 | P á g i n a 
 
O assoalho apresenta-se convexo e liso na parte média, oferecendo, no nível de seus 
ângulos, depressões que correspondem às entradas dos canais radiculares. 
 Nos dentes unirradiculares, não existe um limite preciso entre a câmara pulpar e o canal 
radicular, pois estas duas porções, nesses dentes, continuam sem limites. 
 O canal radicular apresenta-se com duas conformações cônicas unidas entre elas pelo 
seu menor diâmetro. Podem-se dividir essas duas conformações cônicas em canal 
dentinário (a) e canal cementário (b). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O canal dentinário é o maior deles e é limitado em toda a extensão pela dentina. O canal 
cementário é menor, e é limitado em toda a extensão pelo cemento. O comprimento do 
canal cementário é determinado pela espessura do cemento, podendo variar de 0,5 a 
0,75 mm. 
O ponto de união entre as duas configurações cônicas se dá numa região denominada 
união cemento dentina canal (União CDC) (c). 
OBS: O campo de ação do profissional, num tratamento endodôntico, deve se restringir 
ao canal dentinário. 
O canal dentinário é ocupado pela polpa dental e o cementário por tecido periodontal. 
a
 
 
a a 
b 
b 
a 
b 
b 
c 
Endo-UFU 
EndoUFU 
 
23 | P á g i n a 
 
Os estudos, porém têm demonstrado que o canal radicular não é único e uniforme como 
muitas vezes podemos visualizar, a olho nu, em um dente seccionado 
longitudinalmente. Na verdade ele se apresenta com várias ramificações. Devido a isso 
atualmente, considera-se o canal radicular como um sistema de canais e não como um 
canal único. 
Dependendo da posição em que se encontram essas ramificações, elas recebem 
denominações específicas, como: 
 
 
 
1. Principal: apresenta-se como a raiz de configuração cônica, iniciando-se no assoalho 
da câmara pulpar e terminando ao nível do forame apical. 
2. Colateral: é um canal mais ou menos paralelo ao principal, podendo alcançar a 
região periapical de maneira independente. 
3. Intercanal: é um canalículo, ligando um canal a outro. 
4. Reticulares: é um emaranhado de canalículos, interligando um canal a outro. 
5. Lateral: é uma ramificação que vai do canal principal ao periodonto, geralmente 
acima do terço apical. 
6. Recorrente: parte do canal principal apresentando um trajeto dentinário mais ou 
menos longo, desembocando no canal principal, geralmente acima do terço apical. 
7. Secundário: é o canal que se derivando do principal, ao nível do terço apical, alcança 
diretamente a região periapical. 
8. Acessório: é o canal que se deriva do secundário em direção ao periodonto. 
2 
1 
 3 
 4 
5 
6 
7 
8 
9 
 
10 
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24 | P á g i n a 
 
9. Delta apical: são as múltiplas terminações do canal radicular principal, determinando 
o aparecimento das foraminas, em substituição ao forame único. 
10. Inter-radicular: é a ramificação observada ao nível do assoalho da câmara pulpar. 
A cavidade pulpar não é estável, pois se modifica com o tempo. Ela pode se modificar 
de maneira uniforme pela deposição de dentina secundária durante toda a vida do dente. 
Portanto, em um indivíduo jovem ela é ampla e num indivíduo idoso ela é atrésica. 
Ela pode também se modificar sem uniformidade, pela deposição de dentina terciária ou 
reacional, decorrente de cárie, abrasão ou outras injúrias. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Essas modificações devem ser levadas em consideração durante o planejamento do 
tratamento endodôntico. 
Outro aspecto importante é o conhecimento do comprimento médio de cada dente, 
como também o número de raízes, de canais e a sua disposição anatômica em cada 
dente. Para facilitar a memorização dessas medidas, elas constam na tabela abaixo com 
os dados tabulados. 
 
 
JCGBIFFI Endo-UFU 23
Dentina terciária
A B
C D
1
2
Endo-UFU 
EndoUFU 
 
25 | P á g i n a 
 
Incisivo Central Superior 
Comprimento 
Médio 
Número de 
Raiz 
Número de 
Canais 
Situação no arco 
22,6mm 1 100% 1 100% 
V.P 15º PALATINO 
M.V 3º DISTAL 
 
Incisivo Lateral Superior 
 
 
Comprimento 
Médio 
Número de 
Raiz 
Número de 
Canais 
Situação no arco 
22,1 mm 1 100% 
1 
2 
97% 
3% 
V.P 20º PALATINO 
M.V 5º distal 
 
 
 
EndoUFU 
 
26 | P á g i n a 
 
Canino Superior 
Comprimento 
Médio 
Número de 
Raiz 
Número de 
Canais 
Situação no arco 
27,2 mm 1 100% 1 100% 
V.P 17º PALATINO 
M.V 6º DISTAL 
 
Primeiro Pré- molar superior 
Comprimento 
Médio 
Número de 
Raiz 
Número de 
Canais 
Situação no arco 
21,4 mm 
1 
2 
3 
35,5% 
61% 
3,5% 
1 
2 
3 
8,3% 
84,2% 
7,5% 
V.P 11º PALATINO 
M.V 7º DISTAL 
 
 
 
EndoUFU 
 
27 | P á g i n a 
 
 
Segundo Pré-molar Superior 
Comprimento 
Médio 
Número de 
Raiz 
Número de 
Canais 
Situação no arco 
21,8 mm 
1 
2 
94,6% 
5,4% 
1 
2 
53,7% 
46,3% 
V.P 11º PALATINO 
M.V 7º DISTAL 
 
Primeiro Molar Superior 
Comprimento 
Médio 
Número de 
Raiz 
Número de 
Canais 
Situação no arco 
21,4 mm 3 100% 
3 
4 
30% 
70% 
V.P 15º PALATINO 
M.V 0º 
 
 
 
EndoUFU 
 
28 | P á g i n a 
 
Segundo Molar Superior 
Comprimento 
Médio 
Número de 
Raiz 
Número de 
Canais 
Situação no arco 
21 mm 3 100% 
3 
4 
50% 
50% 
V.P 11º PALATINO 
M.V 6º Mesial 
 
Incisivo Central Inferior 
Comprimento 
Médio 
Número de 
Raiz 
Número de 
Canais 
Situação no arco 
21 mm 1 100% 
1 
2 
73,4% 
26,6% 
V.P 15º PALATINO 
M.V 0º 
 
 
 
 
 
 
 
EndoUFU 
 
29 | P á g i n a 
 
Incisivo Lateral Inferior 
Comprimento 
Médio 
Número de 
Raiz 
Número de 
Canais 
Situação no arco 
22,3 mm 1 100% 
1 
2 
84,6% 
15,4% 
V.P 10º (Lingual) 
M.V 0º 
 
Canino Inferior 
Comprimento 
Médio 
Número de 
Raiz 
Número de 
Canais 
Situação no arco 
25 mm 1 100% 
1 
2 
88,2% 
11,8% 
V.P 2º (Vestibular) 
M.V 3º (Distal) 
 
 
 
EndoUFU 
 
30 | P á g i n a 
 
Primeiro Pré-molar Inferior 
Comprimento 
Médio 
Número de 
Raiz 
Número de 
Canais 
Situação no arco 
21,6 mm 
1 
2 
82% 
18% 
1 
2 
3 
66,6% 
31,3% 
2,1% 
V.P 3º (Vestibular) 
M.V 5º (Distal) 
 
Segundo Pré-Molar Inferior 
Comprimento 
Médio 
Número de 
Raiz 
Número de 
Canais 
Situação noarco 
22,1mm 
1 
2 
92% 
8% 
1 
2 
 
89,3% 
10,7% 
V.P 9º (Vestibular) 
M.V 5º (Distal) 
 
 
EndoUFU 
 
31 | P á g i n a 
 
Primeiro Molar Inferior 
Comprimento 
Médio 
Número de 
Raiz 
Número de 
Canais 
Situação no arco 
21 mm 
2 
3 
97,3% 
2,7% 
2 
3 
4 
8% 
56% 
36% 
V.P 13º (Vestibular) 
M.V 10º (Distal) 
 
Segundo Molar Inferior 
Comprimento 
Médio 
Número de 
Raiz 
Número de 
Canais 
Situação no arco 
21,7 mm 
 2 
 3 
98,5% 
1,5% 
2 
3 
4 
16,2% 
72,5% 
11,3% 
V.P 12º (Vestibular) 
M.V 15º (Distal) 
 
 
EndoUFU 
 
32 | P á g i n a 
 
Irrigação do canal radicular 
Porque irrigar o canal? 
Durante todas as etapas do tratamento temos que irrigar o canal com uma solução que 
tem por finalidade: 
 Promover rápido contato íntimo com a superfície a ser limpa; 
 Remover a contaminação das paredes dentinárias e mantê-la em suspensão ou 
dissolvê-la; 
 Impedir o depósito apical da contaminação e raspas dentinárias produzidas pela 
instrumentação; 
 Combater microrganismos; 
 Diminuir o atrito entre o instrumento e a parede dentinária; 
 Aumentar a permeabilidade dentinária. 
Para que a limpeza e modelagem do canal possam acontecer de forma adequada torna-
se necessário utilizar a ação mecânica dos instrumentos nas paredes dentinárias. A ação 
química da solução irrigante atuando na dissolução de tecidos orgânicos vivos ou 
necrosados, na anti-sepsia do canal radicular e no enxágüe (ação física) promovendo 
movimentação hidráulica (irrigação e aspiração) removendo detritos dissolvidos ou em 
suspensão. 
 
 
EndoUFU 
 
33 | P á g i n a 
 
Como irrigar o canal? 
 
A solução deve ser aplicada no local apropriado com uma seringa de vidro Luer 
Lock de 5cc e agulha hipodérmica 25x4. Desde o preparo coronário até o final da 
instrumentação do canal, se deve manter o canal inundado com a solução irrigante. 
 
 
Durante a instrumentação do canal radicular, o canal deve estar sempre preenchido 
com solução irrigante. Quando o líquido ficar saturado de raspas de dentina (coloração 
leitosa) a solução deve ser renovada com nova irrigação, até que o canal já tenha sido 
dilatado e limpo o suficiente para receber a obturação. Nesse momento uma irrigação 
final em abundância se faz necessária como enxágue final. 
A agulha hipodérmica deve ser introduzida no canal radicular, de tal maneira que a 
mesma alcance a porção mais apical. Isso se torna necessário para que o líquido penetre 
de forma adequada na região apical do canal. Nos canais atresiados, após o preparo 
radicular (etapa II do preparo radicular) cria-se condição para que a agulha atinja o 
limite desejado. 
A agulha, durante a irrigação do canal, deve ficar livre no interior do canal para que 
o refluxo da solução possa fluir em direção à abertura coronária e ser devidamente 
removido juntamente com os resíduos em suspensão. Caso a agulha fique presa na luz 
do canal, a solução irrigante pode ser injetada via forame apical. Nesse caso, há risco de 
Figura 1. Frascos de vidro para soluções irrigantes (A), seringas e agulhas para irrigação 
(B), Suctores de Barash (C). 
Endo-UFU A 
B 
C 
EndoUFU 
 
34 | P á g i n a 
 
graves problemas para o paciente, dentre eles reações alérgicas como também necroses 
localizadas decorrentes de soluções irrigantes com alto potencial irritativo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Agulha de irrigação no interior do 
canal observar o espaço deixado 
para o refluxo da solução 
Aspiração da solução irrigante 
 
“Aspiração é a ação de atrair, por meio de formação de vácuo (sucção), fluídos e 
partículas sólidas de uma cavidade ou superfície.” Alceu Berbert, 1980. 
 
Momentos em que deve ser feita a aspiração da solução irrigante: 
 Durante a instrumentação como coadjuvante da irrigação; 
 Após a instrumentação para eliminar grosseiramente a umidade, facilitando a 
secagem do canal; 
 Nos casos de inflamação exsudativa, para remover os exsudatos acumulados e 
diminuir a pressão que ocasionam. 
 
Endo-UFU 
EndoUFU 
 
35 | P á g i n a 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 3. 
 
 
 
 
 
 
 
Observar o posicionamento da 
agulha de irrigação no interior do 
canal radicular e a cânula de 
aspiração na abertura coronária. 
Qual solução irrigante utilizar? 
 
Antes da escolha de um determinado tipo de solução irrigante, é interessante procurar 
saber quais as propriedades desejadas para que elas realmente atinjam objetivo. 
Uma solução irrigante deve: 
 Promover rápido contato com a superfície a ser limpa; 
 Remover contaminação das paredes dentinárias e mantê-la em suspensão ou 
dissolvê-la; 
 Impedir o depósito apical da contaminação e raspas dentinárias produzidas pela 
instrumentação; 
 Combater microrganismos; 
 Diminuir o atrito entre o instrumento e a parede dentinária; 
 Ser totalmente solúvel; 
 Ser tolerada pelos tecidos periapicais; 
 Aumentar a permeabilidade dentinária; 
 Ser de fácil utilização, aquisição e conservação. 
 
Endo-UFU 
EndoUFU 
 
36 | P á g i n a 
 
Figura 4. Soluções Irrigantes 
 No mercado existe uma quantidade muito grande de soluções irrigantes disponíveis. 
Observa-se que muitos autores defendem uma ou outra solução. Porém, independente da 
solução irrigante que se utilizam nas diferentes escolas, todas têm sucesso no tratamento 
endodôntico. Daí conclui-se que o importante na instrumentação é a ação mecânica das 
limas, a solução irrigante atuaria como coadjuvante indispensável durante o tratamento. 
 
As diferentes soluções irrigantes podem ser categorizadas e classificadas em: 
1. Compostos halogenados 
2. Detergentes sintéticos 
3. Quelantes 
4. Associações 
5. Outras soluções irrigantes 
1. Compostos Halogenados 
São representados pelos hipocloritos de sódio (NaOCl) em diferentes concentrações de 
cloro ativo: 
• NaOCl a 5% (soda clorada) 
• NaOCl a 2,5% (solução de Labaraque) 
• NaOCl a 2 a 2,5% (água sanitária) 
• NaOCl a 1% com 16% de cloreto de sódio (Solução de Milton) 
• NaOCl a 0,5% com ácido bórico para reduzir o pH (Solução de Dakin) 
EndoUFU 
 
37 | P á g i n a 
 
As propriedades bactericidas e solventes do hipoclorito de sódio diminuem à medida 
que a solução é diluída. Para evitar danos na região periapical, deve-se usar a solução 
em concentrações mais baixas. Com o tempo e a maneira de estocagem, o hipoclorito de 
sódio perde sua concentração. Questiona-se, na literatura, qual seria a concentração 
ideal para se utilizar. 
Algumas vantagens e desvantagens do hipoclorito de sódio são: 
Vantagens 
• Lubrificação; 
• Eliminação de detritos; 
• Dissolução de tecido orgânico; 
• Dissolução de detritos inorgânicos quando ativado por ultra-som. 
Desvantagens 
• Cáustico; 
• Desbota roupas (deve-se tomar cuidado para não deixar cair na roupa do paciente); 
• Quando extravasado através do periápice, em alta concentração ou volume, causa 
séria reação alérgica e irritação por contato. 
2. Detergentes Sintéticos 
O que caracteriza os detergentes é a sua biocompatibilidade, baixa tensão superficial 
e alto poder umectante. Porém não apresentam ação germicida. No mercado podem-se 
encontrar marcas variadas: 
 Lauril sulfato de sódio (Texapon) 
 Lauril dietileno glicol éter sulfato de sódio 0,125% (Tergentol) 
 Cetavlon (brometo de cetiltrimetilamônio) 
 Dehyquart-A (cloreto de cetiltrimetilamônio) 
 Biosept (cloreto de piridino) 
 Zefirol (cloreto de Aquildimetil benzilamônio) 
 Tween 80 
 
EndoUFU 
 
38 | P á g i n a 
 
3. Quelantes 
O uso desses agentes tornou-se popular com a tendência de remover a camada de 
magma dentinário (smear layer). Esse produto atua quelando ou roubando íons de cálcio 
da dentina, amolecendo-a. A quelação é auto limitante, o processo se repete até esgotar 
a sua ação. 
Vantagens 
• Remove o magma dentinário (smear layer), 
• São bons lubrificantes. 
Desvantagem 
• Não possui propriedades antimicrobianas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 5. EDTA. 
4. Associações 
Seria a combinação de duas ou mais soluções irrigantes na tentativa de se obter um 
resultado considerado ideal. 
Alguns produtos utilizados para irrigação dos canais ainda se encontram 
disponíveis para uso, e outros que já caíram em desuso. 
 Exemplos de associações: 
• Detergentes aniônicos + Hipoclorito de sódio 
• Detergente aniônico + Nitrofurazona (Tergentol / Furacin) 
• Detergente aniônico + Hidróxido de cálcio (Irrigocal e Tergidrox) 
• Detergente aniônico (Tergentol) + EDTA (EDTA-T) 
• Detergente aniônico + EDTA + água destilada (HCT20) 
• Hipoclorito de sódio alternado com peróxido de hidrogênio (Reação de Grossman, 
1943) 
• Detergente catiônico (Cetavlon 0,08%) + EDTA (EDTAC) 
• Peróxido de uréia + EDTA + Carbowax (RC-PREP) neutralizado com Hipoclorito de 
sódio a 5 % (Stewart et al., 1969) 
• ENDO-PTC (Peróxido de uréia + Tween 80 + Carbowax neutralizado com Hipoclorito 
de sódio - Solução de Dakin) (Paiva; Antoniazzi, 1973). 
EndoUFU 
 
39 | P á g i n a 
 
5. Outras soluções 
 
 
 
Figura 7. Em A o hidróxido de cálcio será misturado ao soro fisiológico e em 
seguida, deve-se aguardar sua decantação (B), estando pronto para o 
uso (C). 
 
Outras soluções se caracterizam por não se adequarem nas categorizações anteriores. 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 6. 
 
 
 
 
 
A. água destilada 
B. soro fisiológico 
C. clorexidina 
A B C Endo-UFU 
EndoUFU 
 
40 | P á g i n a 
 
 
O digluconato de clorexidina, que é um antisséptico 
bactericida, é considerado mais biocompatível que o 
hipoclorito de sódio, porém suas propriedades 
antimicrobianas não são melhores que as das soluções de 
hipoclorito de sódio e não apresenta capacidade de 
dissolução tecidual e ação clareadora, tão desejável durante o 
preparo do canal. Apresenta efetividade nas necroses 
pulpares pela ação antimicrobiana contra bactérias 
anaeróbias. 
No caso de hipersensibilidade ao hipoclorito de sódio, a 
clorexidina seria a segunda opção de uso. 
Figura 8. Clorexidina 
 
Com relação à escolha da solução irrigante, observa-se que quanto mais irritante a 
solução mais bactericida ela é. Contrariamente, quanto mais biocompatível menos 
bactericida. 
 
 
De acordo com Spangberg (1975) “a solução irrigante 
aconselhável deve ter o máximo efeito antimicrobiano e o 
mínimo efeito tóxico.” Em teste de Citotoxidade in vitro, em 
cultura de células, o autor considerou o líquido de Dakin 
(hipoclorito a 0,5%) a solução irrigante ideal. Sabendo-se de 
antemão que o hipoclorito de sódio, com o passar do tempo, 
perde a sua concentração de cloro, recomendamos o hipoclorito 
de sódio a 1% (também chamada de Solução de Milton) como 
solução irrigante a ser utilizada nos procedimentos clínicos 
endodônticos na Universidade Federal de Uberlândia. 
 
 Figura 9. Solução 
de Milton 
 
 
EndoUFU 
 
41 | P á g i n a 
 
Considerando que o volume da solução irrigante, pela sua ação física no auxílio da 
remoção de debris, em suspensão na luz do canal radicular, é importante no processo de 
limpeza do canal, adotamos o soro fisiológico como irrigação final do canal radicular. 
 
 
 
 
Entendemos que a solução irrigante atua como coadjuvante auxiliando na limpeza do 
canal, efetivada pela ação mecânica das limas nas paredes do canal radicular, 
conscientes de que, em algumas situações em que a contaminação do canal ficou 
evidente, principalmente em processos crônicos, a utilização da medicação intracanal se 
torna necessária. 
 
Portanto, durante a instrumentação do canal irriga-se o canal, com hipoclorito de sódio a 
1%, renovando a solução com nova irrigação e aspiração sempre que o líquido ficar turvo 
pelo acúmulo de raspas de dentina. E no final da instrumentação, promover irrigação 
abundante com soro fisiológico, provocando um enxágue final do canal. 
EndoUFU 
 
42 | P á g i n a 
 
Neutralização Progressiva 
O preparo do canal radicular pode ser dividido em três grandes etapas: 
a. Abertura coronária: 
Representa a abertura coronária do dente permitindo a comunicação da cavidade pulpar 
com o meio externo, favorecendo o acesso das limas no interior do canal radicular. 
b. Preparo do canal radicular (terço cervical e médio): 
Essa etapa consta do preparo dos terços cervical e médio radicular. Esse procedimento 
permite o acesso direto das limas ao nível apical do canal, pois remove a constrição 
cervical do canal radicular, que existe ao nível do colo dental. 
c. Preparo do canal radicular (terço apical): 
Com o preparo dos terços cervical e médio do canal radicular realizados, temos 
condição de realizar a instrumentação e modelagem da região apical, promovendo a 
limpeza e obturação o mais hermética possível. 
A neutralização progressiva, que tem por finalidade evitar a contaminação onde ela não 
esteja presente e neutralizar produtos tóxicos, deve ser realizada em todas as etapas do 
tratamento endodôntico. 
Desde a abertura coronária, torna-se necessário iniciar a neutralização progressiva. A 
profilaxia, a remoção do tecido cariado, como também restaurações antigas infiltradas 
são itens importantes de serem realizados de maneira sistemática. Nessa etapa do 
tratamento endodôntico, realiza-se a fase I da neutralização progressiva. Portanto a 
remoção mecânica do tecido cariado, esmalte sem apoio eliminando nichos de 
contaminação deve ser seguida de irrigação com hipoclorito de sódio. 
EndoUFU 
 
43 | P á g i n a 
 
 
 
Realizada a abertura coronária, inicia-se a fase II da neutralização progressiva, 
preenchendo toda a câmara pulpar com hipoclorito de sódio penetrando gradativamente 
a lima no canal radicular, sempre tendo em mente a estimativa de odontometria*. Nessa 
fase o próprio preparo dos terços cervical e médio do canal radicular efetivará a 
neutralização progressiva. 
Em canais atresiados, para que a agulha de irrigação esteja numa posição adequada, 
torna-se necessário o prévio preparo da embocadura do canal radicular, favorecendo a 
ação germicida do líquido no terço apical do canal radicular. Portanto, para que a fase 
III da neutralização progressiva possa ser realizada, a agulha da solução irrigante deve 
ser posicionada ao nível médio ou começo do terço apical 
 
 *Verificar no capítulo de odontometria 
 
Figura 1. Em (A) dente pré-molar com cárie proximal em (B) radiografia de (A). 
C. coloração de HE, evidenciando a cavidade no dente após a remoção 
clínica do tecido cariado. D. evidência de dentina contaminada 
profundamente e em (E) maior aumento de (D) demonstrando a presença 
de fragmento de dentina contaminada adentrando no canal radicular. F, G 
e H. a presença de microorganismos no interior dos túbulos dentinários, 
coloração de Gram. 
 
Endo-UFU 
G 
EndoUFU 
 
44 | P á g i n aI
II
III
Figura 2. 
 
 
 
Neutralização progressiva. Observar a renovação da solução irrigante na 
medida em que se aprofunda a lima no interior do canal radicular. 
Iniciando a nível coronário e terminando a nível apical, caracterizando as 
fases I, II e III. 
 
 
OBS: A neutralização progressiva deve ser realizada em qualquer situação, pois a 
possibilidade de contaminação a distância é uma realidade, nos casos de necrose pulpar 
ou mesmo nos dentes com vitalidade. As alterações pulpares decorrentes da cárie 
ocorrem de maneira paulatina e não se sabe clinicamente o estágio em que a polpa se 
encontra. Pode existir contaminação somente a nível coronário, ou de forma parcial 
atingindo apenas algum segmento da polpa. Portanto é uma boa conduta realizar de 
forma sistemática em qualquer situação a neutralização progressiva. 
Endo-UFU 
EndoUFU 
 
45 | P á g i n a 
 
 
 
Figura 3. Observar em (A) a presença de um delta apical e raspas de dentina 
acumulada em uma das ramificações (seta), em (B) e (C) na luz 
polarizada verificar a presença de material birrefringente, 
caracterizando a presença de raspas de dentina e em (D) com maior 
aumento em (E) (seta), fragmento de dentina deslocada da porção 
coronária para a porção apical. 
 
 
 
E 
D 
C 
B A 
EndoUFU 
 
46 | P á g i n a 
 
Abertura Coronária 
Entende-se por abertura coronária o ato de se estabelecer uma comunicação da cavidade 
pulpar com o meio externo, para possibilitar o tratamento endodôntico. O acesso à 
cavidade pulpar deve ser realizado na face lingual ou palatina nos dentes anteriores, 
caninos e incisivos e na face oclusal nos pré-molares e molares. 
Para que se tenha sucesso nesta fase do tratamento é indispensável o conhecimento da 
anatomia da cavidade pulpar, do número e disposição das raízes e canais e da inclinação 
dos dentes nos arcos. 
A abertura coronária deve ser iniciada após a remoção do biofilme, tártaro e tecido 
cariado, da regularização e/ou remoção de restaurações imperfeitas e remoção de tecido 
gengival invaginado. 
Alguns aspectos devem ser levados em consideração no planejamento da abertura 
coronária, como a técnica a ser executada, os conhecimentos anatômicos, clínicos e 
radiográficos, considerando os fatores extrínsecos e intrínsecos relacionados ao 
paciente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Abertura Coronária 
P
la
n
ej
am
en
to
 Técnica 
 Remoção do tecido cariado ou restaurações 
 
 Acesso coronário propriamente dito 
Ponto de eleição 
Direção de trepanação 
Forma de contorno 
Forma de conveniência 
Fatores intrínsecos 
Idade do paciente 
Posicionamento 
Direção radicular 
Arco e alvéolo 
Fatores extrínsecos 
Cárie 
Erosão 
Abrasão 
Restauração 
EndoUFU 
 
47 | P á g i n a 
 
Princípios da abertura coronária 
• Remover o teto da câmara pulpar; 
• Obter acesso em linha reta; 
• Evitar danos ao assoalho da câmara pulpar; 
• Conservar ao máximo a estrutura dentária. 
 
Instrumental clínico necessários para a abertura coronária: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 1. 1 Pinça clínica 
2 Sonda clínica 
3 Sonda reta 
4 Escavador duplo 
5 Espelho 
 
Endo-UFU 
EndoUFU 
 
48 | P á g i n a 
 
Instrumentos rotatórios para alta rotação 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Instrumentos rotatórios para baixa rotação 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2. (A) Recipiente usado para recolhimento da água da 
turbina de alta rotação, (B) broca esférica; (C) broca 
4083; (D) broca Endo Z. 
Figura 3. (A) broca esférica, (B) broca de Batt. 
Endo-UFU 
Endo-UFU 
EndoUFU 
 
49 | P á g i n a 
 
Etapas da abertura coronária 
• Abordagem inicial ou ponto de eleição; 
• Direção de trepanação; 
• Forma de contorno; 
• Forma de conveniência. 
 Ponto de eleição 
 Local onde se inicia a abertura, visando alcançar de forma mais direta possível a 
câmara pulpar e o canal radicular, utilizando pontas ou brocas indicadas. 
 
Ponto de Eleição
 
 
 
 
 
 
Figura 4. O ponto de eleição para os dentes anteriores, incisivos e caninos, deve ter 
como referência a face palatina/lingual e linha mediana longitudinal a 2,0 
mm do cíngulo em direção à borda incisal. Nos pré-molares, na intersecção 
resultante do sulco central com a linha imaginária traçada sobre o topo das 
cúspides vestibular e palatina. Nos molares na fóssula central. 
EndoUFU 
 
50 | P á g i n a 
 
Direção de trepanação 
A direção de trepanação para os dentes unirradiculares deve ser posicionando a broca no 
sentido do longo eixo do dente. Para os dentes multirradiculares, em direção ao canal 
mais amplo. 
 
Figura 5. 
Observar que, para os dentes unirradiculares, a direção de trepanação 
deve ser com a broca paralela ao longo eixo do dente. No caso dos 
dentes multirradiculares, deve ser com a broca paralela ao longo eixo do 
dente com direcionamento para o canal mais amplo. 
Forma de contorno 
• Com brocas esféricas 
Movimentos de introdução e tração em direção às reentrâncias dos tetos pulpares. 
 
• Com brocas tipos Batt e Endo Z. 
Forçando de encontro às paredes circundantes apoiando ou não no assoalho pulpar. 
 
 
EndoUFU 
 
51 | P á g i n a 
 
 
 
Figura 6. Forma de contorno: nos incisivos, forma triangular com base voltada para a 
borda incisal. Caninos losangulares. Pré- molares superiores elípticos com eixo 
vestibulo palatino maior. Pré- molares inferiores elípticos. Molares superiores 
forma triangular com base para vestibular.Molares inferiores triangular, com 
base para mesial. 
 
Forma de conveniência 
Remoção adicional das projeções de dentina que possam dificultar o acesso aos canais 
radiculares. Para essa fase da abertura coronária, utilizam-se brocas com pontas 
especiais (Batt, 4083 ou Endo Z). 
 
 
Figura 7. Forma de conveniência segue os mesmos padrões da forma de contorno, porém alguns 
desgastes nas paredes laterais da camâra pulpar deixam todos os canais visíveis. 
EndoUFU 
 
52 | P á g i n a 
 
 
Para facilitar a escolha dos instrumentos rotatórios para cada etapa da abertura 
coronária, idealizou-se a tabela abaixo. 
 
Etapa Ponto 
de 
eleição 
Direção 
de 
trepanação 
Forma 
de 
contorno 
Forma 
de 
conveniência Motor 
Alta rotação Carbite 
esférica 1,2,3 
ou 4 
Carbite 
esférica 1,2,3 
ou 4 
4083 
ou 
Endo Z 
4083 
ou 
Endo Z 
Baixa rotação Aço esférica Batt Batt 
 
A seqüência técnica da abertura coronária segue o mesmo principio para qualquer dente. 
A seguir, como exemplo, segue o passo a passo para um dente unirradicular, 
birradicular e trirradicular. 
 
 
Incisivo Central Superior 
 
 
Forma de contorno
Broca Endo Z
 
Endo-UFU 
EndoUFU 
 
53 | P á g i n a 
 
 
 
Forma de contorno Forma de conveniência 
Broca Endo Z
 
 
 
 
Pré- molar superior 
 
 
 
Ponto de eleição Direção de trepanação
Carbite esférica Carbite esférica
 
 
 
Endo-UFU 
Endo-UFU 
EndoUFU 
 
54 | P á g i n a 
 
 
Forma de contorno 
Broca Endo Z
 
 
 
Forma de conveniência 
Broca Endo Z
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Endo-UFU 
Endo-UFU 
EndoUFU 
 
55 | P á g i n a 
 
 
Molar superior 
 
Ponto de eleição Direção de trepanação
Carbite esférica
Carbite esférica
 
 
 
 
Forma de contorno Forma de conveniência
Broca Endo Z Broca Endo ZEndo-UFU 
Endo-UFU 
EndoUFU 
 
56 | P á g i n a 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Broca esférica próxima ao 
cíngulo perpendicular à face 
palatina 
 
Broca esférica 
paralela ao longo eixo 
do dente 
 
Broca 4083 
paralela ao longo 
eixo do dente 
Broca 4083 forçando 
de encontro com as 
paredes circundantes 
Endo-UFU 
Endo-UFU 
EndoUFU 
 
57 | P á g i n a 
 
Preparo do terço cervical e médio 
O preparo do terço cervical e médio tem por finalidade o alargamento prévio da porção 
inicial do canal radicular, permitindo um acesso franco e direto à região apical do canal. 
Nesse tipo de preparo, utilizam-se, de preferência, as limas tipo Hedströen (H), 
posteriormente brocas Gates-Glidden de nº 2 (G2) e nº3 (G3), finalizando com a broca 
de Batt. 
Inicia-se com a lima 15 H com aproximadamente 14 a 15 mm (dependendo do 
comprimento do dente) de tal maneira que esta lima se limite à porção reta do canal, ao 
nível do terço cervical e início do terço médio da raiz. A lima deverá trabalhar folgada 
no canal, evitando sempre forçá-la no sentido apical para prevenir a formação de 
degraus. A seguir, realiza-se o recuo progressivo com as limas 20 H (de 13 a 14 mm) e 
25 H (de 12 a 13 mm). 
As brocas de Gates deverão ser usadas com o cursor de silicone limitando a sua 
penetração na porção do canal previamente preparada pelas limas. A broca Batt deverá 
ser utilizada com folga na embocadura do canal e pressionada com movimento de 
lateralidade no sentido anticurvatura, ou seja, no sentido contrário à curvatura da raiz. 
 
Figura 1- Desgaste em canais atresiados. 
G2 G3 Batt
Endo-UFU 
EndoUFU 
 
58 | P á g i n a 
 
 
 
 É importante ressaltar para o que se denomina “zona de risco” e “zona de segurança” 
nas raízes dos molares. As zonas de riscos correspondem às paredes dos canais voltadas 
para as áreas inter-radiculares, enquanto as zonas de segurança configuram pelas 
paredes dentinárias opostas à da região inter-radicular. O desgaste em direção à zona de 
segurança, além de não oferecer riscos, propicia uma redução acentuada do grau de 
curvatura, daí a razão de ser chamado de desgaste anticurvatura. 
 
 
 
 
Quando o canal for muito atresiado em toda a sua extensão, prejudicando a utilização 
inicial com a lima nº 15 Hedströen, segue-se a seguinte orientação: 
Realiza-se a introdução progressiva, com limas compatíveis com o canal em questão 
(limas Kerr 06, 08 e/ou 10). Essas limas deverão penetrar aproximadamente ao nível 
da estimativa de odontometria e, logo em seguida, recuar na medida, instrumentando 
sem manter um limite único de penetração. É importante nesse momento movimentar a 
lima com cuidado a fim de promover um desgaste para permitir a utilização da lima 15 
Hedströen. 
Após esse preparo inicial, pode-se então passar às orientações iniciais do desgaste 
anticurvatura com as limas Hedströen ou Kerr, brocas Gates e Batt. 
 
Endo-UFU 
EndoUFU 
 
59 | P á g i n a 
 
 
 
Figura 2- Desgaste em canais muito atresiados. 
 
Em canais amplos, onde a lima 25 H tem acesso fácil, a utilização das limas se torna 
desnecessário podendo proceder ao alargamento diretamente com as brocas. 
 
 
Figura-3 Desgaste em canais amplos. 
 
Todo o procedimento deve ser acompanhado da irrigação dos canais e já caracteriza a 
fase II da neutralização progressiva. 
G2 G3 Batt
Endo-UFU 
Endo-UFU 
EndoUFU 
 
60 | P á g i n a 
 
OBS: O preparo dos terços cervical e médio se torna necessário em todos os dentes 
devido a existência de uma constrição na região cervical dos canais radiculares. Essa 
constrição nada mais é do que a projeção da superfície externa do dente, correspondente 
a região de colo na junção da coroa com a raiz (“cintura do dentes”). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Endo-UFU 
Endo-UFU 
EndoUFU 
 
61 | P á g i n a 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Endo-UFU 
EndoUFU 
 
62 | P á g i n a 
 
Odontometria 
Realizado o preparo radicular, obteve-se um acesso direto ao canal radicular, permitindo 
um posicionamento adequado das limas, possibilitando atingir a região apical do canal 
de forma direta e sem interferências. 
Com o alargamento prévio de entrada do canal, torna-se possível introduzir e posicionar 
a agulha para propiciar uma irrigação do canal de forma efetiva. Esse posicionamento 
da agulha de irrigação vai permitir que se realize, de forma efetiva, a fase III da 
neutralização progressiva e logo em seguida a odontometria. 
 
Entende-se por odontometria como sendo o procedimento que visa determinar o 
comprimento do dente para se estabelecer a extensão da instrumentação. 
 
I. Odontometria em dentes unirradiculares 
1) Na radiografia de diagnóstico, meça o comprimento do dente (com régua 
milimetrada) desde a borda incisal ou ponta de cúspide até o ápice radicular (fig. 1–
A). 
2) Dessa medida, diminua dois milímetros. 
3) Demarque essa medida numa lima tipo Kerr nº 08, 10 ou 15. Para isso, coloque o 
limitador de penetração, deslizando-o pelo instrumento, até obter a medida desejada. 
Cuide para que o limitador fique perpendicular à lâmina do instrumento (fig. 1–B) 
4) Introduza o instrumento 08, 10 ou 15 no canal até que o limitador encoste 
suavemente na borda incisal ou ponta da cúspide (fig. 1–C). Fixe o instrumento 
nessa posição, se necessário, colocando algodão na câmara pulpar e radiografe. 
5) De posse da radiografia, estime o comprimento do dente. Para tanto, observe a 
distância entre a ponta do instrumento e o ápice radicular. No caso de o instrumento 
não ter alcançado o ápice, a medida do dente será a do instrumento mais a distância 
que falta para ele ficar a 1,0mm do ápice (fig. 1–D), no caso de ele aparecer a 
1,0mm do ápice, a medida da odontometria será a mesma do instrumento (fig. 1–E), 
e no caso de ultrapassar o ápice, a medida do dente será a do instrumento, menos o 
que ultrapassou. 
 
EndoUFU 
 
63 | P á g i n a 
 
Você deverá repetir a radiografia do odontometria se: 
a) Não apareceu o ápice; 
b) Não estiver visível a ponta do instrumento; 
c) A radiografia estiver muito alongada; 
d) A distância entre a ponta do instrumento e o ápice for igual ou maior do que 4 
mm. 
 
 
 
 
II. Odontometria em dentes multirradiculares 
Para medir o comprimento na radiografia inicial dos pré–molares, tome como ponto de 
referência a cúspide mais saliente que é a vestibular e a raiz mais curta que é a palatina. No 
caso de molares superiores, tome como base a raiz mésio-vestibular, pois a palatina se 
apresenta com distorção. No molar inferior tome como base a raiz mesial. 
Se o dente apresentar raiz curva, considerar uma linha reta que vai da cúspide de 
referência até a ponta da raiz em questão. 
 
EndoUFU 
 
64 | P á g i n a 
 
Utilize, preferencialmente, como ponto de referência, a cúspide V para os pré–molares e 
a MV para os molares superiores ou inferiores. 
 Proceda como foi descrito nos itens 1 a 4 e coloque o instrumento, de preferência o 
número 15, no canal MV (molares) ou V (pré–molares). 
 Escolha mais dois instrumentos de número 15 com mesmo comprimento, do cabo à 
extremidade ativa daquele anteriormente colocado no canal. 
 Introduza esses instrumentos nos demais canais, fazendo com que seus cabos 
fiquem no mesmo nível. 
 Radiografe, cuidando para que os raios X incidam com um ângulo horizontal para 
mesial nos pré–molares superiores,para distal nos molares inferiores e 
ortorradialmente nos molares superiores (fig. 2). 
 
 
B
 
 
C
 
 
Figura 2- Variação do ângulo horizontal na obtenção de radiografia; A – normal ou 
ortorradial; B = distalizada ou distorradial; C = mesializada ou mesiorradial. 
 
 
 
 
RAIO X
A
Endo-UFU 
EndoUFU 
 
65 | P á g i n a 
 
 Somente remova os instrumentos depois de verificar se a radiografia está correta. 
 Remova o instrumento que tem o limitador de penetração com cuidado para não 
deslocar os demais. Confira a medida, inclusive as referências dos limitadores. 
 A remoção deverá ser feita puxando–o pelo cabo. Anote as medidas na ficha. 
Interpretação da radiografia 
Quando os raios-X incidem pelo lado mesial, o canal ou instrumento que está no lado 
palatino ou lingual, dirige–se para mesial. Quando os raios-X incidem do lado distal, o 
canal ou instrumento que está no lado palatino ou lingual dirige–se para a distal (fig. 3) 
 
 
 
Figura 3- Se mesializar a tomada radiográfica, a raiz palatina se desloca para 
mesial, se distalizar a tomada radiográfica, a raiz palatina se desloca 
para distal. 
 
Para saber se a radiografia foi mesializada ou distalizada, podemos verificar alguns 
itens, como por exemplo: 
Endo-UFU 
EndoUFU 
 
66 | P á g i n a 
 
Tome como ponto de orientação a asa do grampo. Aquela que está mais próxima do 
ápice é a asa colocada no lado palatino e a que está mais próxima da coroa é a asa 
vestibular. 
Verifique para que lado se dirigiu a asa palatina. Se ela dirigiu para distal, significa que 
a radiografia foi distalizada e, se ela está para mesial, significa que a radiografia foi 
mesializada. 
 
 
 
Figura 4- A radiografia foi distalizada porque a asa do grampo, voltada para a 
face palatina do dente, está deslocada para o lado distal. 
 
Outra referência importante a considerar está relacionada com a nitidez da imagem. Se a 
radiografia é obtida com ângulo normal, o osso medular e os contornos radiculares são 
nítidos em ambos os lados do dente interessado; se a radiografia é mesializada, o osso 
medular e contornos radiculares são nítidos no lado mesial, porém distorcidos e com 
pouca nitidez no lado distal; se a radiografia é distalizada, o osso medular e os 
contornos radiculares serão nítidos no lado distal, mas distorcidos e com pouca nitidez 
no lado mesial. 
 
 
Endo-UFU 
EndoUFU 
 
67 | P á g i n a 
 
Considerando o que foi descrito acima, qual o canal apontado (seta) na radiografia 
abaixo (figura 5)? 
 
 
 
 
 
Figura 5- Radiografia do primeiro molar inferior com tratamento endodôntico 
realizado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Endo-UFU 
EndoUFU 
 
68 | P á g i n a 
 
Preparo do terço apical 
Após o estabelecimento da odontometria, inicia-se o preparo do terço apical. 
Para um melhor entendimento desta fase do tratamento, alguns termos devem ser 
assimilados: 
 Diâmetro Anatômico do Canal 
 Diâmetro Cirúrgico do Canal 
 Lima Inicial 
 Lima Final 
 Lima memória 
 Batente Apical 
 Técnica clássica de instrumentação 
 Técnica escalonada de instrumentação 
 
 
Figura 1. Em (A) observar a anatomia original do canal, antes da instrumentação, 
considerada como diâmetro anatômico do canal. Em (B) observar o canal 
após a instrumentação evidenciando, um canal já dilatado. Nessa situação 
considera-se como diâmetro cirúrgico do canal 
Endo-UFU 
EndoUFU 
 
69 | P á g i n a 
 
Lima Final: é a última lima utilizada no preparo do canal, quando a técnica de 
instrumentação é a técnica clássica ou convencional de instrumentação. Esta lima 
também é considerada como lima memória na técnica escalonada. Para a determinação 
da lima final, realiza-se a progressão da instrumentação de maneira gradativa e será 
finalizada após a utilização de pelo menos três instrumentos além do inicial. 
Batente Apical: A progressão na instrumentação entre a lima inicial e a lima memória 
resulta na formação do batente apical, que representa um degrau apical, limitando a 
porção instrumentada do canal e o seu extremo apical. 
 
 
 
Técnica clássica de instrumentação: Na técnica clássica, todas as limas utilizadas, ou 
seja, da inicial até a final deverão trabalhar na extensão toda do canal, obedecendo ao 
comprimento de trabalho determinado na odontometria. Atualmente ela não deve ser 
utilizada na sua plenitude. Essa técnica, na verdade, representa o segmento inicial da 
técnica escalonada que vai da lima inicial até a lima memória. 
Técnica escalonada de instrumentação: 
• Após a neutralização progressiva, fase III e determinação da odontometria, escolher 
o instrumento inicial, que deverá ser aquele que se adaptar melhor ao diâmetro 
anatômico do canal, no limite apical de instrumentação. 
 Figura 2. Batente apical (seta). 
Endo-UFU 
EndoUFU 
 
70 | P á g i n a 
 
• Progredir na instrumentação até determinar o batente apical. A progressão em canais 
curvos deve se restringir às limas de menor calibre (25 ou 30, sendo esta lima 
considerada o instrumento memória). 
O ideal é que a limagem ocorra somente até que seja possível acomodar a lima de 
tamanho imediatamente superior ou no caso de ser a última lima, até que esta possa 
ser retirada com folga. 
• O preparo é feito recuando-se 1,0 mm do comprimento de trabalho ao substituir a 
lima por outra de calibre imediatamente superior. Se a lima chega ao seu correto 
comprimento sem se prender à dentina, é o momento de substituí-la. Dessa maneira 
a partir da lima memória se inicia o escalonamento das limas com recuo progressivo 
programado. 
Após o uso de cada lima é de suma importância a recapitulação com o instrumento 
memória em toda a extensão do comprimento de trabalho, juntamente com uma 
irrigação abundante, para assegurar e manter o canal desimpedido. 
As numerações das limas inicial e memória dependerão da anatomia do dente, 
podendo variar entre diferentes dentes ou para um mesmo dente, dependendo da raiz. 
Durante a instrumentação, é importante manter a irrigação do canal. No preparo do 
terço apical, é bom lembrar que a agulha de irrigação deverá estar posicionada no 
interior do canal, próxima do terço apical. Durante a irrigação a agulha deverá ficar 
solta na luz do canal para propiciar o refluxo da solução irrigante que será aspirada. 
 
 
 
 
 
EndoUFU 
 
71 | P á g i n a 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Endo-UFU 
Endo-UFU 
EndoUFU 
 
72 | P á g i n a 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Endo-UFU 
Endo-UFU 
EndoUFU 
 
73 | P á g i n a 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Endo-UFU 
Endo-UFU 
EndoUFU 
 
74 | P á g i n a 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Endo-UFU 
EndoUFU 
 
75 | P á g i n a 
 
 
 
TRATAMENTO ENDODÔNTICO EM DENTE UNIRRADICULAR 
ROTEIRO PARA ATIVIDADE PRÉ-CLINICA 
 
Radiografia de diagnóstico 
 
Estimativa de odontometria 
Comprimento da imagem radiográfica do dente mm -2 mm = mm 
 
Abertura coronária 
Remoção de tecido cariado e/ou restaurações 
Neutralização progressiva Fase I 
 
 
Ponto de eleição 
Direção de trepanação 
Forma de contorno 
Forma de conveniência 
 
Preparodo canal radicular: 
 
Preparo do terço cervical e médio 
 
Canal amplo 
Canal atresiado 
Canal muito atresiado 
 
Limas Brocas 
08k 10k 15h 20h 25h G 2 G 3 B 
 
 
Neutralização progressiva Fase II 
 
 
Neutralização progressiva fase III 
 
Lima 
 
Radiografia de odontometria 
 
Odontometria= mm 
 
Preparo do terço apical (L.I.= lima inicial, L.M.= lima memória) 
 
L.I. L.M. L.M. L.M. L.M. L.M. 
 
Odontometria = Od-1 Od-2 Od-3 Od-4 
Instrumentação clássica Escalonamento com recuo progressivo programado 
 
Medicação intracanal: 
 
 
Aluno:_______________________________________________________________________ 
 
 
EndoUFU 
 
76 | P á g i n a 
 
TRATAMENTO ENDODÔNTICO EM DENTE BIRRADICULAR 
ROTEIRO PARA ATIVIDADE PRÉ-CLINICA 
 
Radiografia de diagnóstico (orto radial – frontal) 
Estimativa de odontometria 
Comprimento da imagem radiográfica do dente mm -2 mm = mm 
Abertura coronária 
Remoção de tecido cariado e/ou restaurações 
Neutralização progressiva Fase I 
 
 
Ponto de eleição 
Direção de trepanação 
Forma de contorno 
Forma de conveniência 
Preparo do canal radicular: 
Canal vestibular 
Preparo do terço cervical e médio 
 
Canal amplo 
Canal atresiado 
Canal muito atresiado 
 
Limas Brocas 
08k 10k 15h 20h 25h G2 G3 G4 B 
 
 Neutralização progressiva Fase II 
 
Canal palatino 
 
Canal amplo 
Canal atresiado 
Canal muito atresiado 
 
Limas Brocas 
08k 10k 15h 20h 25h G2 G3 G4 B 
 
 
Neutralização progressiva Fase II 
 
 
Canal vestibular 
Neutralização progressiva fase III 
Lima 
 
Radiografia de odontometria: 
Odontometria= mm 
 
 Preparo do terço apical 
 
L.I. L.M. L.M. L.M. L.M. L.M. 
 
Odontometria = Od-1 Od-2 Od-3 Od-4 
Instrumentação clássica Escalonamento com recuo progressivo programado 
 
Canal palatino 
Neutralização progressiva fase III 
Lima 
 
Radiografia de odontometria 
Odontometria= mm 
 
Preparo do terço apical 
L.I. L.M. L.M. L.M. L.M. L.M. 
 
Odontometria = Od-1 Od-2 Od-3 Od-4 
Instrumentação clássica Escalonamento com recuo progressivo programado 
EndoUFU 
 
77 | P á g i n a 
 
Medicação Intracanal 
A infecção do sistema de canais radiculares só é controlada de forma eficaz após o 
completo preparo químico-mecânico, a aplicação de uma medicação intracanal 
adequada e a realização da obturação tridimensional. 
O uso da medicação intracanal não substitui a fase de limpeza química (soluções 
irrigantes) e mecânica (limas) do canal radicular, mas serve como um auxílio no 
tratamento endodôntico, potencializando o processo de limpeza e favorecendo a 
reparação tecidual. 
Uma das principais propriedades que um medicamento endodôntico deve possuir é ação 
antimicrobiana, tendo potencial de destruir microrganismos. Por permanecer por tempo 
mais prolongado no interior do canal radicular, o medicamento tem maiores chances de 
atingir áreas não afetadas pela instrumentação. Além disso, por preencher totalmente o 
canal, o medicamento impede o suprimento de substratos, na forma de fluidos teciduais, 
para as bactérias que sobreviveram após a instrumentação. 
Além da ação antibacteriana eficaz, o medicamento dever ter ação prolongada, sem ser 
citotóxico e agir pelo contato, permitindo um controle adequado da profundidade de 
atuação. 
Razões para o emprego da medicação intracanal: 
1. Promover a eliminação de bactérias que sobreviveram ao preparo químico-
mecânico; 
2. Impedir a proliferação de bactérias que sobreviveram ao preparo químico-mecânico; 
3. Atuar com barreira físico-química contra reinfecção entre as sessões do tratamento; 
4. Reduzir a inflamação nos tecidos ao redor da raiz (reduzindo com isso a dor, um dos 
sinais da inflamação); 
5. Neutralizar produtos tóxicos; 
6. Controlar a exsudação persistente (o que pode ser feito pela medicação de três 
maneiras: inibindo a resposta inflamatória, absorvendo o exsudato pela ação 
higroscópica ou eliminando a causa, as bactérias). 
EndoUFU 
 
78 | P á g i n a 
 
Várias substâncias têm sido recomendadas para utilização no interior do sistema de 
canais radiculares entre sessões de tratamento, dentre elas podemos citar: 
 Paramonoclorofenol canforado (PMCC); 
 Formocresol ou Tricresol Formalina; 
 Antibióticos e suas combinações; 
 Hidróxido de cálcio; 
 Clorexidina 
 
Os dois primeiros medicamentos, PMCC e 
o Formocresol, são voláteis e agem por 
liberação de vapores. O grande 
inconveniente disso é o difícil controle da 
área de atuação da droga, podendo ocorrer 
resposta inflamatória nos tecidos ao redor 
da raiz, devido à sua citotoxicidade. Por 
causa da liberação desses vapores, pode 
haver distribuição sistêmica dessas drogas, 
cujos efeitos são ainda desconhecidos. 
Além disso, podem ter efeitos cumulativos 
sobre o profissional, devido à inalação. Não 
parece ser uma conduta admissível, nos 
dias de atuais, utilizar medicamentos de 
elevada citotoxicidade, que não permitem 
um controle eficaz da concentração liberada 
e da profundidade de ação. 
 
 
PMCC 
Formocresol 
EndoUFU 
 
79 | P á g i n a 
 
O uso de antibióticos, mesmo em 
associações, tem sido abandonado como 
medicação intracanal, pois sua ação limita-
se à presença de certo grupo específico de 
micro-organismos, podendo ser ineficiente 
contra muitos outros. Além disso, podem 
sensibilizar o paciente, produzir reações 
em pacientes já sensibilizados à penicilina 
ou a outros antibióticos e ainda selecionar 
e produzir bactérias resistentes. 
 
O hidróxido de cálcio é a medicação mais 
empregada atualmente, devido à sua ação 
antimicrobiana e mineralizadora. A pasta 
de hidróxido de cálcio tem sido preparada 
com vários veículos, a saber: água 
destilada, soro fisiológico (solução salina), 
solução anestésica, polietileno glicol, 
propilenolgicol, PMCC, glicerina e muitos 
outros. Outras vantagens do hidróxido de 
cálcio, além das ações citadas acima, são 
que as pastas desse medicamento: 
 Funcionam como uma obturação 
provisória do canal, limitando o espaço 
físico para a multiplicação bacteriana; 
 Retardam significativamente a 
recontaminação do canal, pois 
funcionam como barreira físico-
química; 
 Controlam a exsudação persistente, por 
ação higroscópica e por inibição do 
crescimento bacteriano. 
 
 
hidróxido de Cálcio 
antibiótico 
EndoUFU 
 
80 | P á g i n a 
 
Material necessário para colocação e remoção da medicação intracanal: 
 Medicação intracanal (hidróxido de cálcio PA); 
 Soro fisiológico; 
 Placa de vidro; 
 Espátula nº 24; 
 Lima Kerr; 
 Algodão; 
 Cimento provisório; 
 Seringa de irrigação; 
 Cone de papel absorvente. 
 
 
A clorexidina também tem sido proposta 
como medicação intracanal, com base em 
sua atividade antibacteriana de amplo 
espectro. Além disso, tem substantividade, 
ou seja, atua por muito tempo, pois adere 
às estruturas do dente. Contudo, de uma 
forma geral, ela não é mais eficaz do que o 
hidróxido de cálcio e não possui outras 
propriedades que ele apresenta como 
estimulação de reparo cálcico, 
neutralização de endotoxinas e solvente de 
matéria orgânica. 
clorexidina em gel 
EndoUFU 
 
81 | P á g i n a 
 
Como preencher o canal radicular com hidróxido de cálcio associado ao soro 
fisiológico: 
1. Misture na placa de vidro, com auxílio da espátula nº 24, o hidróxido de cálcio (pó)e 
o soro fisiológico, até conseguir uma pasta cremosa, com consistência de um “creme 
dental”. 
 
 
 
2. Utilize uma lima do tipo Kerr para pegar um pouco da pasta previamente misturada e 
com movimentos de penetração e remoção (movimento de vai-e-vem) preencha o canal 
radicular até o comprimento real de trabalho (Odontometria). Retire a lima, girando no 
sentido anti-horário. Condense a pasta dentro do canal com cone de papel absorvente ou 
com o calcador de Paiva. Repita esse processo de preenchimento até perceber que a 
pasta está obliterando toda a entrada do canal radicular. 
3. Remova o excesso da medicação da câmara coronária com auxílio de um algodão. 
4. Coloque, na entrada do canal radicular, uma bolinha de algodão e em seguida sele a 
abertura coronária com cimento provisório. 
Endo-UFU 
EndoUFU 
 
82 | P á g i n a 
 
Como remover a pasta de hidróxido de cálcio associado ao soro fisiológico: 
1. Irrigue, abundantemente, o canal radicular com soro fisiológico até que o líquido que 
sair pela abertura coronária esteja límpido (transparente). 
2. Utilize a lima memória no comprimento real de trabalho (Odontometria), fazendo 
movimentos de vai-e-vem (penetração e remoção dentro do canal) para remover a pasta 
das paredes do canal radicular. Faz-se a irrigação com soro fisiológico cada vez que a 
lima for utilizada. 
3. O canal, após a remoção completa da medicação, deve ser seco com cone de papel 
absorvente do mesmo diâmetro e comprimento da lima memória. Por exemplo, se a 
lima memória é a 35K e a odontometria é 21,0 mm, o cone de papel absorvente deve ser 
o de nº 35 e deve penetrar até 21,0 mm. 
 
Observação: Durante o atendimento do paciente na clínica, para remoção da medicação 
intracanal, juntamente com a irrigação, é feita a aspiração do soro fisiológico, com 
cânula de aspiração acoplada à bomba sugadora da cadeira odontológica. 
Endo-UFU 
EndoUFU 
 
83 | P á g i n a 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Endo-UFU 
EndoUFU 
 
84 | P á g i n a 
 
Obturação do canal radicular 
A finalidade da obturação do canal radicular é preencher o canal após o seu preparo, da 
maneira mais hermética possível, utilizando-se de materiais fisicamente estáveis e 
biocompatíveis. O limite da obturação deve seguir o planejamento do preparo do canal, 
onde o batente apical deve estar situado ao nível do limite CDC (verificar capítulos: 
Preparo apical do canal radicular e Odontometria). 
A obturação do canal deve ser realizada quando o canal estiver livre de exsudato, sem 
sintomatologia dolorosa, edema ou mobilidade. Para isso o canal deve estar preparado 
biomecanicamente com dilatação adequada para receber o material obturador. 
Material necessário para obturação do canal radicular: 
 Pinça; 
 Cones de guta-percha principal e acessórios; 
 Cimento endodôntico; 
 Placa de vidro; 
 Espátula nº24; 
 Espaçadores digitais; 
 Calcadores de Paiva; 
 Lamparina a álcool. 
 
 Figura 1. 
 
 
 
A. Cones de guta percha-principal e acessórios; B. nº 1 (lamparina), 2 (calcadores de 
Paiva), 3 (espátula nº24), 4 (placa de vidro), 5 (pinça), 6 (espaçadores digitais). 
Endo-UFU 
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 Figura 2. A-AH Plus (resinoso), B- Endofill (à base de óxido de zinco e eugenol), 
C- Sealer 26 (resinoso à base de hidróxido de cálcio). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Figura 3. 1º passo- Em uma placa de vidro, coloca-se uma porção, aproximadamente 2 a 3 
partes de pó para 1 parte de resina. 2º passo- Com uma espátula apropriada, 
incorpora-se o pó à resina, até obter uma mistura lisa e homogênea. 3º passo- A 
consistência é obtida quando a mistura se parte ao ser levantada com a espátula. 
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Passo a passo da obturação do canal 
 
1. Isolamento e assepsia do campo operatório, que deve ser mantido em todas as etapas 
clínicas do tratamento endodôntico. 
2. Remoção do cimento restaurador provisório com broca esférica, de preferência com 
o motor de alta rotação. 
3. Irrigar, abundantemente, o canal com soro fisiológico e, com a lima memória, 
executando movimento de limagem, remover a medicação intracanal, no caso, o 
hidróxido de cálcio. Irrigar novamente até que o refluxo do líquido saia incolor do 
interior do canal. 
4. Com a cânula do suctor (compatível com o diâmetro do canal) aspire o líquido e em 
seguida seque o canal com pontas de papel absorvente esterilizadas. 
5. Selecione o cone de guta-percha principal com a mesma numeração do instrumento 
memória e introduza no canal de tal maneira que ele se ajuste no batente apical, na 
medida determinada pela odontometria. 
6. Nesse momento, com o cone principal posicionado no interior do canal realizar a 
radiografia da prova do cone. 
7. Remova o cone do interior do canal radicular, prepare o cimento obturador indicado, 
manipulando-o bem, até obter uma consistência cremosa não muita fluida. 
9. Com a espátula, impregne o cone com o cimento em toda a sua extensão, de tal 
maneira que o cimento penetre em toda a extensão do canal. 
10. Use um espaçador adequado, de acordo com a amplitude do canal, para obter espaço de 
tal maneira que o primeiro cone secundário fique posicionado a poucos milímetros (2,0 
ou 3,0) do comprimento de trabalho (odontometria). Dê preferência para o espaçador de 
maior diâmetro. Em seguida, com os cones secundários envoltos em cimento, 
condensar, até que o canal fique completamente preenchido, realizando ligeira pressão 
apical e lateral. 
11. Realizar a radiografia da condensação lateral para verificar a qualidade da 
obturação. Se forem observados espaços vazios caracterizando uma condensação 
deficiente, procure, com os espaçadores mais finos, criar espaços e ampliá-los com 
os espaçadores mais calibrosos, até que seja possível preencher o espaço com mais 
cones secundários. 
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12. Cortar os cones com calcador endodôntico aquecido, forçando-os na entrada do 
canal até que o excesso do material seja cortado e retirado, ficando o restante do 
material restrito ao canal 
13. Fazer a condensação vertical com calcador frio e em seguida realizar a limpeza da 
câmara pulpar com algodão embebido em álcool. 
14. Proceder à restauração provisória da coroa com material apropriado. 
15. Remova o isolamento absoluto e realize a radiografia final. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Posição ideal do cone para se obturar o canal. 
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Figura 5. Cimento à base de óxido de zinco e eugenol (IRM-Dentsply) 
1º passo- dispense uma gota de líquido para cada medida de pó. 
2º passo- A espatulação deve ser feita usando uma técnica que misture 
rápido e completamente 50% do pó com o líquido. Leve o pó remanescente 
à mistura em 2 ou 3 acréscimos e espatule completamente. A mistura será 
bastante consistente e deverá ser esfregada vigorosamente por 5 a 10 
segundos. Procedendo assim, a mistura terá uma ótima consistência de 
trabalho, sendo macia e adaptável. 
 
 
 
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Observação importante: As radiografias de odontometria, prova do cone e condensação 
lateral estão com o dente virado de lado (sentido mésio-distal), para melhor visualização 
do aluno do 3º período. No tratamento endodôntico realizado

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