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curso de direito civil lauro escobar - concursos

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CCUURRSSOOSS OONN--LLIINNEE –– DDIIRREEIITTOO CCIIVVIILL –– CCUURRSSOO RREEGGUULLAARR 
PPRROOFFEESSSSOORR LLAAUURROO EESSCCOOBBAARR 
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APRESENTAÇÃO 
 
 
Caros Amigos e Alunos: 
 
 
Sou graduado e pós-graduado pela Pontifícia Universidade Católica de São 
Paulo (PUC/SP). Fui Procurador do Estado de São Paulo (de 1.984 a 1.992), 
tendo atuado em diversas áreas do Direito. Exerci minhas funções na 
Procuradoria de Assistência Judiciária (atualmente é chamada de Defensoria 
Pública), ou seja, ingressava com ações e defendia pessoas carentes e humildes, 
que não tinham recursos para pagar um Advogado. Isso me deu uma grande 
experiência profissional e também uma grande lição de vida. Em 1.993 prestei 
concurso para a Magistratura, sendo que desde então sou Juiz de Direito. Ao 
lado da função pública que exerço, sou também Professor. Para mim, uma 
atividade sempre completou a outra. Leciono desde 1.983. Iniciei minha carreira 
docente na própria P.U.C. Atualmente meu foco são cursos preparatórios para 
concursos públicos. Acabei me especializando em Direito Civil, matéria em que 
possuo algumas obras publicadas. 
 
Há mais de vinte anos tenho acompanhado os concursos públicos, nas 
mais diferentes áreas, seja no âmbito jurídico, fiscal e outros. O contato que 
mantenho com os alunos (seja real ou nos tempos atuais, também virtual) para 
mim é muito enriquecedor. Gosto de transmitir toda aquela experiência que fui 
acumulando nos concursos que prestei e nos cargos que exerci e ainda exerço. 
Fico extremamente feliz quando recebo a notícia de que um aluno nosso passou 
em um concurso. Cada vez que isso acontece, parece que eu passei junto com 
ele e isso renova minhas forças para continuar fazendo o que gosto. Devo 
acrescentar que venho tendo muitas dessas alegrias, tendo-se em vista o 
freqüente sucesso dos alunos. 
 
Minha intenção com este curso é ministrar aulas totalmente 
direcionadas para concursos públicos, de forma clara e objetiva, 
fornecendo o máximo de informações possíveis ao aluno, mas sem dispersar a 
matéria para temas que não caem em concursos e opiniões pessoais 
doutrinárias que também não são acolhidas nos concursos públicos. 
 
Cada aula contém a matéria referente a um ponto do edital, explicando 
de forma simples, direta e objetiva o conteúdo programático. Forneço o maior 
número de exemplos possível. Assim, mesmo uma pessoa que não seja formada 
em Direito terá plenas condições de acompanhar a aula e entender tudo o que 
foi ministrado. No entanto não posso fugir de algumas ‘complexidades jurídicas’, 
pois estas também costumam cair nos exames. Costumo dizer que os 
CCUURRSSOOSS OONN--LLIINNEE –– DDIIRREEIITTOO CCIIVVIILL –– CCUURRSSOO RREEGGUULLAARR 
PPRROOFFEESSSSOORR LLAAUURROO EESSCCOOBBAARR 
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examinadores gostam de pedir nas provas “as exceções de uma regra”... e 
também “as exceções da exceção”... Desta forma, darei um enfoque todo 
especial a elas, chamando a atenção do aluno quando um ponto do edital é mais 
exigido em um concurso e onde pode ocorrer a famosa “pegadinha”. 
 
Após apresentar a matéria, sempre faço um quadro sinótico que é o 
resumo da matéria dada em aula. Este é um “esqueleto da matéria”. A 
experiência demonstra que este quadro é de suma importância, pois se o aluno 
conseguir memorizar este quadro, saberá situar a matéria e completá-la de 
uma forma lógica e seqüencial. Portanto após ler toda a aula, o aluno deve 
também ler e reler o resumo apresentado, mesmo que tenha entendido toda 
matéria fornecida em aula. Esta é mais uma forma de fixação da aula. Além 
disso, é ótimo para uma rápida revisão da matéria às vésperas de uma prova. 
 
Ao final de cada aula apresento alguns testes, sendo que todos eles já 
caíram em concursos anteriores, com a finalidade de revisar o que foi 
ministrado e fixar, ainda mais, a matéria. Os testes têm um grau de dificuldade 
acima da média e não fujo de questões polêmicas, desde que interesse para um 
concurso. Esses exercícios devem ser solucionados pelo aluno. Isto é 
imprescindível, pois muitas vezes completam a aula. Por esse motivo o 
gabarito é totalmente comentado. Muitas dúvidas da aula são sanadas por 
meio da leitura dos testes e de suas respectivas respostas, pois completam e 
aprofundam a matéria dada em aula. 
 
Finalmente, qualquer dúvida que o aluno tenha referente à matéria deve 
ser encaminhada ao Fórum deste site, para que eu possa respondê-la da melhor 
forma possível. Assim, as perguntas dos alunos e as minhas respostas ficarão 
disponíveis para todos os matriculados no curso, enriquecendo, ainda mais o 
nosso projeto. Por isso é importante que o aluno leia todas as perguntas que já 
foram elaboradas e encaminhadas, pois às vezes as suas dúvidas podem ser as 
mesmas de outro aluno. 
 
Acreditando ser este trabalho uma importante ferramenta para o 
conhecimento e aprimoramento nos estudos, desejo a todos votos de pleno 
êxito em seus objetivos. 
 
 
 
Lauro Ribeiro Escobar Jr. 
CCUURRSSOOSS OONN--LLIINNEE –– DDIIRREEIITTOO CCIIVVIILL –– CCUURRSSOO RREEGGUULLAARR 
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AULA 00 
 
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO 
LEI DE INTRODUÇÃO AO CÓDIGO CIVIL 
 
 
Meus Amigos e Alunos. Nem todo concurso público coloca no edital a 
matéria que veremos hoje sobre as Noções de Direito e a Lei de Introdução ao 
Código Civil. Mas, mesmo para aqueles concursos que não exigem essa matéria, 
aconselhamos a leitura atenta desta aula. Nossa intenção com ela é fazer com 
que o aluno “entre no mundo do Direito; ingresse no mundo jurídico”. Desta 
forma, mesmo aqueles alunos que não sejam formados em Direito terão a 
oportunidade de “captar o espírito do Direito e das normas jurídicas”. E para 
aqueles que já têm uma formação jurídica é uma excelente oportunidade para 
relembrar importantes conceitos introdutórios e básicos, mas que serão 
relevantes para o desenvolvimento normal deste nosso curso. Alguns alunos não 
gostam de estudar este ponto por acharem “muito básico”, preferindo outros 
pontos do edital que consideram “mais importantes”. Mas em um concurso não 
existe ponto mais ou menos importante. Se o ponto está no edital há a 
possibilidade de cair. E mesmo que o aluno ache a matéria muito básica, é 
preciso tomar cuidado, pois podem ocorrer muitas “pegadinhas”. Por outro lado, 
não se percam em detalhes e em assuntos que não constam do edital. A 
experiência nos ensina que estudar isso é pura perda de tempo. Costumo usar a 
seguinte frase: o que não está no edital não está no mundo (parafraseando uma 
parábola muito comum no meio jurídico: “o que não está no processo não está 
no mundo”). 
Às vezes pode cair uma questão de uma outra matéria (Constitucional, 
Tributário, Administrativo) e o aluno pode acertar a questão apenas com a 
leitura desta aula, que é bem genérica, abordando tudo que tem caído nos 
concursos realizados ultimamente, inclusive nos concursos que exigem um grau 
mais elevado de conhecimento jurídico, como Procurador da República, da 
Fazenda Nacional, Juiz Federal ou Estadual, Ministério Público, etc. 
É interessante também que o aluno leia a nossa apresentação, pois 
explico como será o nosso plano de aula, como desenvolveremos a matéria, a 
importância do quadro sinótico fornecido ao final das aulas, os testes e seu 
gabarito comentado, complementando a aula, etc. 
 
Então, vamos ao que interessa. 
 
O homem, desde os tempos mais antigos e mesmo na pré-história, 
sempre foi um ser social. Basta ler nos livros de história, como viviam os 
primeiros grupos de seres humanos, a civilização egípcia, os babilônios, osCCUURRSSOOSS OONN--LLIINNEE –– DDIIRREEIITTOO CCIIVVIILL –– CCUURRSSOO RREEGGUULLAARR 
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gregos, os romanos e até mesmo as tribos indígenas que viviam no Brasil antes 
do descobrimento. Com isso, de forma espontânea, o homem foi levado a 
formar grupos sociais: família, escola, trabalho, associação cultural, religiosa, 
profissional, esportiva, etc. E a partir daí foram sendo criadas normas jurídicas 
para melhor regular essas relações, assegurando condições de equilíbrio para a 
coexistência entre os homens. Além das normas jurídicas, a sociedade exige 
também a observância de outras normas, como as religiosas, morais, de 
urbanidade, etc. Assim, o Direito não corresponde somente às necessidades 
individuais de cada pessoa, mas às necessidades da coletividade de paz, de 
ordem e de bem comum. 
A palavra direito vem do latim directum e designa o que é reto, o que 
está de acordo com a lei. O vocábulo pode ser empregado com significados 
diversos. Em sentido técnico, podemos assim conceituar: Direito é o conjunto 
das normas gerais e positivas, que regulam a vida social. 
Alguém pode agora me perguntar: O Direito pode ser dividido? E eu 
respondo: na realidade o Direito deve ser visto como um todo. Todas as 
normas, princípios e instituições devem se inter-relacionar de forma harmônica, 
formando um só sistema. MAS, situado no conjunto dos conhecimentos 
humanos, e para fins didáticos podemos dividi-lo. A primeira divisão se refere 
ao Direito Objetivo e ao Direito Subjetivo. O Direito Objetivo é a norma; de 
acordo com ela devem agir os indivíduos. Já o Direito Subjetivo é a 
faculdade, ou seja, o reunir as condições para se obter alguma coisa; quando 
se diz que alguém tem direito a algo (exemplo: direito à saúde, direito à 
educação, etc), está-se referindo a um direito subjetivo. 
Há uma outra classificação que é realizada pelos estudiosos da matéria: 
Direito Positivo e Direito Natural. Direito Positivo é o conjunto de normas 
jurídicas vigentes em determinado lugar, em determinada época; é a Lei (ou o 
próprio Direito Objetivo). Mas existem normas que não são criadas por nós. 
Assim, o Direito Natural é o composto pelo conjunto de regras imutáveis e 
necessárias, capazes de conduzir o homem a sua perfeição. Atualmente 
chamamos de Jusnaturalismo a corrente de pensamento que reúne todas as 
idéias que surgiram, no correr da história, em torno do Direito Natural. O 
jusnaturalismo seria como o fiel da balança, pois prega a existência do Direito 
Positivo, mas entende que o mesmo deva ser objeto de uma valoração, 
inspirada num sistema superior de princípios ou preceitos imutáveis (o Direito 
Natural), que corresponde a uma justiça maior, anterior e superior ao Estado e 
que emana da própria ordem equilibrada da natureza (ou mesmo de Deus). No 
entanto deixo claro que muitos autores negam a existência de qualquer outro 
direito que não seja a norma posta (ou imposta). Para esta forte corrente, 
Direito é o que está na lei. E pronto!! Mas o aluno de um curso preparatório 
para um concurso público não precisa se filiar a corrente “A” ou “B”. Basta saber 
que existem as duas escolas. E o que prega cada uma delas. 
Já o Direito Objetivo ou Positivo (a norma, a lei de uma forma geral) pode 
ser dividido em ramos. Essa divisão em ramos serve apenas para orientar o 
estudioso. Desta forma podemos dividir o Direito Objetivo basicamente em dois 
ramos: o Direito Público e o Direito Privado. Lembramos que nem todos os 
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autores admitem a possibilidade de divisão do Direito. No entanto, para fins 
didáticos e de concurso, é plenamente aceita esta divisão. Portanto, vamos 
agora falar um pouquinho sobre cada um desses ramos do Direito. 
 
O Direito Público é destinado a disciplinar os interesses gerais da 
coletividade. É composto predominantemente por normas de ordem pública, 
que são cogentes, ou seja, impositivas, de aplicação e obediência obrigatória. 
Quais as matérias que formam o Direito Público? Resposta – Podemos dizer que 
são suas principais matérias: o Direito Constitucional, o Administrativo, o 
Processual (Processo Civil e Processo Penal) e o Direito Penal. A estes podemos 
adicionar, também (entre outras matérias) o Direito Internacional e o Direito 
Eclesiástico (ou Canônico). O Direito Público, assim, regula a organização do 
Estado, em si mesmo, em suas relações para com os particulares e em suas 
relações para com outros Estados soberanos. 
Já o Direito Privado é o conjunto de preceitos reguladores das relações 
dos indivíduos entre si. É composto por normas de direito privado, dispositivas, 
em que predominam os interesses de ordem particular. É formado 
basicamente pelo Direito Civil e pelo Direito Comercial. Alguns autores ainda 
acrescentam o Direito do Trabalho, mas há controvérsias a este respeito, não 
havendo uma unanimidade entre os autores sobre o tema. Nos últimos 
concursos em que este assunto caiu (embora tenham sido poucos) o gabarito 
oficial deu como correta a classificação do Direito do Trabalho como sendo um 
ramo do Direito Privado. 
Mas, como nossa matéria é o Direito Civil, vamos focar nossas atenções 
nele. No entanto, como veremos mais adiante, a Lei de Introdução ao Código 
Civil, apesar do nome, é aplicada também às demais matérias. 
 
BREVE HISTÓRICO DO DIREITO CIVIL 
O Direito Brasileiro deriva da grande família jurídica romano-germânica, 
com ramificação no mundo inteiro. Quando Roma caiu nas mãos dos bárbaros 
de origem germânica, estes absorveram grande parte do Direito Romano, 
misturando a ele seus próprios costumes. Dessa fusão se originou o Direito 
Português e seu filho: o Direito Brasileiro. 
O conceito de Direito Civil passou por uma evolução histórica. Esse termo 
foi uma herança do Direito Romano. Os romanos chamavam de Direito Civil – 
Ius Civile – todo o Direito que regulava a sociedade romana. Direito Civil 
significava Direito da Cidade de Roma aplicado aos cidadãos romanos. Estes 
não faziam distinção entre os diversos ramos do Direito. Para eles, o Direito 
Penal, Processual, Administrativo, Comercial, etc., tudo era chamado de Direito 
Civil, que regia a vida dos cidadãos independentes, abrangendo todo o direito 
vigente. Podemos concluir assim: Direito Civil, para os romanos, era como o 
Direito Brasileiro para nós: todo o direito vigente no Brasil. 
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Na Era Medieval, o Direito Civil identificou-se com o Direito Romano, 
sofrendo forte influência do Direito Canônico, devido à autoridade legislativa da 
Igreja. 
Na Idade Moderna, passou a ser o mais importante ramo do Direito 
Privado, já que foi a primeira regulamentação entre particulares. E a partir do 
século XIX a expressão tomou um sentido mais estrito para designar apenas as 
instituições disciplinadas no Código Civil. 
 
Atualmente o Direito Civil disciplina a atividade dos particulares em 
geral. Rege as relações familiares, patrimoniais e obrigacionais entre os 
indivíduos. Tem no Código Civil a sua lei fundamental, que se desdobra numa 
Parte Geral e numa Parte Especial. Mas há muita legislação especial que 
veremos no decorrer das aulas e que também integra o Direito Civil (mas não o 
Código Civil). Exemplos: Lei do Inquilinato, Lei de Condomínio, da União 
Estável, etc. São as chamadas leis extravagantes. Como dissemos, elas fazem 
parte do Direito Civil, mas não são partes integrantes do CódigoCivil. 
 
BREVE HISTÓRICO DO DIREITO CIVIL BRASILEIRO 
 
Durante nosso curso serei o mais objetivo possível, evitando longas 
citações de autores famosos. Vamos centralizar nossos estudos no que 
efetivamente vem caindo nos concursos públicos atuais. No entanto, em 
algumas situações, entendo como importante falar um pouco mais sobre um 
determinado tema. Como este sobre a história de nosso Direito Civil. As fontes 
do Direito Civil Brasileiro, na época colonial, foram as Ordenações dos Reis de 
Portugal (ou simplesmente Ordenações do Reino): Afonsinas (1446 a 1514), 
Manuelinas (1514 a 1603) e Filipinas (1603 em diante). 
A idéia de codificar o Direito no Brasil surgiu com a proclamação da 
independência, em 1.822. Na época, pelo fato de não termos leis próprias, a 
Assembléia Constituinte baixou uma lei determinando que continuassem em 
vigor as Ordenações Filipinas, de Portugal, e as leis régias, embora com 
algumas alterações, até que se elaborasse o nosso Código. 
A Constituição Imperial (1.824) determinou a organização dos Códigos 
Civil e Criminal, que viria a consolidar a unidade política do País e das 
Províncias. Apesar de diversas tentativas, não se conseguiu a aprovação de um 
Código Civil, mas apenas de uma Consolidação das Leis Civis (era simplesmente 
a reunião de leis civis que se encontravam esparsas em nosso Direito). 
Somente em 1.899, Campos Sales, ao ocupar a Presidência da República, 
indicou Clóvis Bevilácqua para a tarefa de elaborar o Código Civil. No final desse 
ano, apresentou ele um projeto, que após 16 anos de debates e um longo 
parecer de Rui Barbosa no Senado, se transformou no Código Civil, promulgado 
em 1º de janeiro de 1916 e vigente a partir de 1º de janeiro de 1917, com 
novas alterações introduzidas pela Lei nº 3.725/19. 
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O Código Civil apresentou-se como um diploma atualizado para a época. 
Mas o Direito evoluiu após essa data. Com a intenção de atualizar o Código, 
várias leis foram publicadas derrogando o Código Civil. Algumas delas: estatuto 
da mulher casada, condomínio, lei dos registros públicos, lei do inquilinato, lei 
do divórcio, reconhecimento de filhos havidos fora do casamento, código de 
defesa do consumidor, lei regulando a união estável entre homem e mulher, etc. 
A própria Constituição de 1.988 modificou alguns dispositivos do Código Civil no 
tocante à família, filiação, função social da propriedade, etc. 
Tendo-se em vista a atualização do Direito Civil, em 1.967 uma comissão, 
encabeçada por Miguel Reale, foi nomeada para elaborar um novo Código Civil. 
Após muitos debates, em 1.975 foi o anteprojeto enviado ao Congresso 
Nacional. Em 1.983 o projeto foi aprovado na Câmara dos Deputados. Após 
anos de tramitação no Senado Federal, foi aprovado (em 26.11.97) e enviado 
novamente à Câmara para apreciação de emendas. Em 15 de agosto de 2.001 a 
Câmara dos Deputados aprovou, por votação simbólica, sem registro de voto no 
painel eletrônico. O projeto voltou à Comissão Especial para revisão definitiva, 
tendo sido sua redação final aprovada, também por votação simbólica no 
Plenário da Câmara em novembro do mesmo ano e enviado em dezembro ao 
Presidente Fernando Henrique Cardoso que o sancionou, sem vetos. Finalmente 
foi promulgado no dia 10 de janeiro e publicado em 11 de janeiro de 2.002 o 
novo Código Civil (Lei 10.406/02), com 2.046 artigos, para entrar em vigor 
em 11 de janeiro de 2.003, após um ano de vacatio legis (esse termo será 
analisado mais adiante). 
 
DIVISÃO DO ATUAL CÓDIGO CIVIL 
 
Como falei mais acima, o atual Código Civil (Lei nº 10.406, de 10 de 
janeiro de 2.002 – que é a data da promulgação), contém duas partes. Vamos 
ver com atenção o conteúdo de cada uma dessas partes, pois será muito 
importante para as próximas aulas: 
A) PARTE GERAL ⎯ apresenta normas concernentes às pessoas físicas e 
jurídicas (arts. 1º a 69), ao domicílio (arts. 70 a 78), aos bens (arts. 79 a 103), 
e aos fatos jurídicos: disposições preliminares, negócio jurídico, atos jurídicos 
lícitos, atos ilícitos, prescrição e decadência e prova (arts. 104 a 232). 
B) PARTE ESPECIAL ⎯ apresenta normas atinentes ao direito das 
obrigações (poder de constituir relações obrigacionais para a consecução de 
fins econômicos ou civis ⎯ contratos, declaração unilateral de vontade e atos 
ilícitos - arts. 233 a 965); ao direito de empresa (regendo o empresário, a 
sociedade, o estabelecimento - arts. 966 a 1.195); ao direito das coisas 
(posse, propriedade, direitos reais sobre coisas alheias, de gozo, de garantia e 
de aquisição - arts. 1.196 a 1.510); ao direito de família (casamento, relações 
entre cônjuges, parentesco e proteção aos menores e incapazes - arts. 1.511 a 
1.783); e ao direito das sucessões (normas sobre a transferência de bens por 
força de herança e sobre inventário e partilha - arts. 1.784 a 2.027). Contém 
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ainda um Livro Complementar (disposições finas e transitórias – arts. 2.028 a 
2.046). 
Precisamos agora, para encerrar essa parte introdutória, dar um conceito 
de Direito Civil. Baseado em tudo que foi dito, costumo conceituá-lo com 
sendo o ramo do Direito Privado destinado a reger as relações familiares, 
patrimoniais e obrigacionais que se formam entre indivíduos encarados como 
tais, ou seja, enquanto membros da sociedade. 
 
 LEI DE INTRODUÇÃO AO CÓDIGO CIVIL 
Meus Amigos e Alunos. Todos nós sabemos que desde 2.003 entrou em 
vigor o novo Código Civil. Trata-se da Lei 10.406/02. Ela foi publicada no dia 10 
de janeiro de 2.002, mas somente entrou em vigor no ano seguinte. Vamos ver 
isso melhor logo adiante, porque esse fenômeno tem um nome - vacatio legis. 
Mas antes disso já vigorava também uma lei conhecida como Lei de Introdução 
ao Código Civil, ou, simplesmente, L.I.C.C. que é o Decreto-lei 4.657, de 04 de 
setembro de 1.942. 
As perguntas que poderiam ser feitas agora, são: o novo Código Civil 
revogou a antiga LICC? Ou ele incorporou a LICC em seu texto? Foi publicada 
uma nova LICC após a edição do novo Código Civil? Ou a antiga LICC continua a 
vigorar normalmente? A resposta é essa última alternativa, ou seja, a antiga 
LICC (Decreto-lei 4.657/42) continua a vigorar normalmente. Conclusão: o 
novo Código Civil não revogou a LICC, nem a incorporou em seu texto. Esta é 
uma lei autônoma; não sendo parte integrante do Código Civil. No entanto 
suas normas são aplicáveis não só ao Direito Civil, como a todo nosso 
ordenamento jurídico, conforme veremos adiante. 
 
O Decreto-lei nº 4.657/42, também chamado de Lei de Introdução ao 
Código Civil, é um conjunto de normas sobre normas, isto porque disciplina 
as próprias normas jurídicas, prescrevendo-lhes a maneira de aplicação e 
entendimento, predeterminando as fontes e indicando-lhes as dimensões 
espaço-temporais. Logo, esta “lei” ultrapassa o âmbito do Direito Civil, 
atingindo tanto o direito privado quanto o público. Contém, portanto, normas 
de sobredireito. É, na verdade, um código de normas. É considerada uma lei 
de introdução às leis por conter princípios gerais sobre as normas sem qualquer 
discriminação, indicando como aplicá-las, determinando sua vigência no tempo e 
no espaço, eficácia, fontes, interpretação e integração. Traça, ainda, regras de 
Direito Internacional Privado, conforme tratados e convenções assinados pelo 
Brasil. A doutrina costuma usar a seguinte frase para conceituá-la: “é um 
repositório de normas, preliminar à totalidade do ordenamento jurídico 
nacional”.Ela continua em vigor, a despeito do novo Código Civil, em toda a sua 
plenitude. 
Notem que costumo colocar algumas expressões em negrito. Pois esses 
negritos não estão aí por acaso. Sempre que faço isso é porque há uma razão, 
para chamar atenção do aluno para um aspecto mais relevante da matéria. No 
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caso do parágrafo anterior as expressões estão em negrito pois todas elas já 
caíram em concursos, conforme veremos nos testes (que possuem gabarito 
comentado) que colocamos no final da aula. 
A LICC se aplica, então ao Direito Comercial? E ao Direito Administrativo? 
E ao Tributário? Sim! Como dissemos acima, ela se aplica a todo o 
ordenamento jurídico; a todos os ramos do Direito, seja Público ou Privado. 
Porém cada matéria do Direito tem suas peculiaridades, que devem ser 
respeitadas. Aponto, como exemplo, o Direito Penal. Veremos logo adiante que 
pela LICC, uma lei somente poderá retroagir se não prejudicar o Direito 
Adquirido, o Ato Jurídico Perfeito e a Coisa Julgada. Isto também se aplica ao 
Direito Penal. Porém esta matéria tem mais um dispositivo peculiar: a lei 
somente retroage no Direito Penal para favorecer o réu e nunca para prejudicá-
lo. Observem que a regra geral sobre o tema é de que a lei não pode retroagir, 
prejudicando quem quer que seja. Mas no Direito Penal, ao se permitir o 
benefício da retroatividade ao acusado de um crime, a vítima está sendo 
prejudicada. Mas esta é a regra do Direito Penal, inclusive com previsão na 
Constituição. Portanto, a LICC é básica para todas as matérias. Mas, se cada 
matéria deverá respeitar a LICC, deverá, também, observar suas próprias 
regras, distinguindo-as, portanto, das outras matérias. Outro exemplo: A LICC 
manda aplicar os costumes em casos omissos (art. 4º). Esta regra se aplica a 
todo o ordenamento jurídico. Mas não no Direito Penal (como exemplo), pois 
esta matéria possui regras específicas sobre este tema, não permitindo o uso de 
costumes para criar uma nova figura penal (os costumes não podem criar um 
novo crime). 
A partir daqui, tudo que falarei se aplicará integralmente ao Direito Civil. 
Nosso objetivo aqui é o Direito Civil. Até porque a LICC se refere mais ao Direito 
Civil do que às outras matérias. E a nossa aula trata de .... Direito Civil. No 
entanto o que estou falando pode se aplicar a outras matérias também, 
respeitadas as suas peculiaridades, que serão melhor explicadas pelos 
professores de cada matéria. 
 
FONTES DE DIREITO CIVIL 
Quais são as Fontes de Direito para a nossa matéria? Na verdade “Fontes 
do Direito” é uma expressão figurada. Em sentido comum, fonte é o ponto em 
que surge um veio d’água. Em sentido técnico é o meio pelo qual se 
estabelecem as normas jurídicas. Ex: um Juiz precisa apontar um dispositivo 
(que é a fonte) para fundamentar sua sentença. As fontes mais importantes 
são: 
A) FONTES DIRETAS (formais ou imediatas) – são as formadas pela lei e 
pelos costumes. Para alguns autores acrescente-se a analogia e os princípios 
gerais de direito. No entanto, para outros estes são apenas formas de se 
integrar a norma jurídica, como veremos mais adiante. Todos esses itens, por si 
só, são capazes de gerar a regra jurídica. A lei é a principal fonte de direito. 
As demais são acessórias. Mas nem por isso são menos importantes, 
especialmente para fins de concurso. 
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B) FONTES INDIRETAS (não formais ou mediatas) – são as formadas 
pela doutrina e pela jurisprudência. Não geram, por si só, a regra jurídica, mas 
contribuem para que ela seja elaborada. 
Vamos iniciar nosso estudo pelas Fontes Indiretas. 
1) Doutrina é a interpretação da lei feita pelos estudiosos da matéria. 
Forma-se doutrina por meio dos pareceres dos jurisconsultos, dos ensinamentos 
dos professores, das opiniões dos tratadistas e dos trabalhos forenses. Esta 
nossa aula, embora singela sob o ponto de vista jurídico, não deixa de ter um 
conteúdo doutrinário. 
2) Jurisprudência é a interpretação da lei feita pelos juízes em suas 
decisões. Como fonte do direito podemos dizer que a jurisprudência é o 
conjunto uniforme e constante das decisões judiciais sobre casos semelhantes. 
“Uma andorinha não faz verão” e, da mesma maneira, uma decisão solitária não 
constitui jurisprudência; é necessário que as decisões se repitam e sem 
variações de fundo. Quanto a importância dela, diversificam os sistemas 
jurídicos contemporâneos. Para os anglo-saxões, de direito costumeiro (dizemos 
direito consuetudinário – direito dos costumes), ela é de suma importância, 
sendo certo que a pessoa que tem a jurisprudência a seu favor certamente 
ganhará a causa. Já em nosso sistema jurídico ela não tem tanta relevância, 
pois nosso sistema é baseado em leis. A jurisprudência é fonte indireta de 
direito porque muitas vezes cria soluções não encontradas na lei ou em outras 
fontes. Embora se constitua numa importante fonte de consulta, os Juízes não 
são obrigados a segui-la. 
No entanto é possível que a partir de agora a jurisprudência tenha maior 
relevância na aplicação do Direito, pois a chamada “Reforma do Poder 
Judiciário” aprovou a “Súmula de Efeitos Vinculantes”. Há uma grande discussão 
a respeito do tema, dividindo os autores a respeito dos “prós e contras” do 
dispositivo. Mas não estamos aqui para defender uma ou outra posição. Nosso 
objetivo é dizer que atualmente elas existem, estão previstas na Constituição e 
por isso devem ser cumpridas. Explicando o assunto: Súmulas são enunciados 
que, sintetizando as decisões assentadas pelo respectivo Tribunal em relação a 
determinados temas específicos de sua jurisprudência, servem de orientação a 
toda a comunidade jurídica. As súmulas de efeito vinculante são as mesmas 
súmulas editadas pelos Tribunais, porém com um efeito chamado “vinculante”, 
que torna estas súmulas obrigatórias aos Juizes de instâncias inferiores e ao 
próprio Tribunal que proferiu tal súmula. 
 
Falaremos, agora sobre as Fontes Diretas, que são as mais importantes 
para nosso sistema jurídico e, por isso mais complexas exigindo um estudo mais 
aprofundado: 
 
1) COSTUME 
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No direito antigo, o costume desfrutava de larga projeção, devido à escassa 
função legislativa e ao pequeno número de leis escritas. Ainda hoje, nos países 
de direito costumeiro (ou direito consuetudinário), como na Inglaterra, ele 
exerce papel importante como fonte do direito. No direito moderno, de um 
modo geral, o costume foi perdendo paulatinamente sua importância. Costume 
é a reiteração constante de uma conduta, na convicção de ser a mesma (a 
conduta) obrigatória. São seus elementos o uso contínuo e a obrigatoriedade. 
Apesar de ter pouca aplicabilidade prática, o costume tem caído em concursos 
com freqüência, daí a sua importância para o nosso estudo. Em relação à lei, o 
costume pode ser classificado em: 
a) Segundo a Lei (secundum legem) ⎯ quando a lei se reporta 
expressamente aos costumes e reconhece a sua obrigatoriedade. Exemplo: art. 
569, II, do C.C.: “O locatário é obrigado: a pagar pontualmente o aluguel nos 
prazos ajustados e, em falta do ajuste, segundo o costume do lugar”. 
Observe que é a própria lei que determina a aplicação do costume. 
b) Na Falta da Lei (praeter legem) ⎯ tem caráter supletivo, 
complementar; alei deixa lacunas que são preenchidas pelo costume. Não há 
lei regendo determinado assunto! O que faço? Deixo de fazer algo por falta de 
previsão legal? Não! Aplico o costume. Lembre-se que também o Juiz não pode 
deixar de decidir uma causa com o argumento de que não há previsão legal. 
Nesse caso deve ao menos tentar aplicar o costume na falta da lei. Mas depois 
veremos que também há outras formas de se integrar a norma jurídica. 
Exemplo: já faz parte dos costumes, no Brasil, o uso do chamado “cheque pré-
datado”, desnaturando esse título de crédito; notem que o cheque é uma ordem 
de pagamento à vista, mas quando se coloca a expressão “bom para o dia tal”, 
estamos transformando este título em uma promessa de pagamento. Outro 
exemplo: a lei silencia quanto ao modo pelo qual o arrendatário deve tratar a 
propriedade arrendada: devemos então nos socorrer dos costumes locais; 
portanto cada Estado pode ter suas regras próprias sobre o tema. 
c) Contra a Lei (contra legem) ⎯ quando contraria o que dispõe a lei. 
Pode ocorrer em dois casos: no desuso da lei (esta passa a ser letra morta); ou 
quando o costume cria nova regra contrária à lei. 
Os costumes segundo a lei e na falta da lei são aceitos pacificamente por todos. 
Já o costume contra a lei tem gerado inúmeras discussões, sendo que a corrente 
majoritária não o aceita. Ele existe na prática. Mas não é aceito. Um exemplo 
disso é o famoso “jogo do bicho”. Este jogo de azar é um costume arraigado em 
nosso povo. Mas é uma contravenção penal. É possível uma prisão por este 
motivo, pois a lei ainda não foi revogada. Pessoalmente eu conheço apenas um 
caso em que o costume contra a lei foi aceito: o Código Civil determina que só 
se admite prova testemunhal em contratos cujo valor não exceda dez vezes o 
maior salário mínimo vigente no país. Segundo os usos e costumes de Barretos 
e Araçatuba (sem falar em outras localidades do Brasil) os negócios de gado, 
por maiores que sejam, são celebrados verbalmente, na confiança, sem que 
haja documento escrito. Foram considerados válidos, ainda que contra a lei. 
Alguns autores vêem no art. 5º da LICC (Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos 
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fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum) uma válvula que 
permite ao juiz aplicar o costume contra dispositivo legal. 
 
2) LEI 
Etmologicamente o vocábulo lei é originário do verbo legere = ler, eleger, 
escolher (em sentido figurado seria a escolha de uma determinada regra dentro 
de um conjunto). A lei pode ser definida de vários modos. Como vocês estão 
observando, nosso curso é bem objetivo, direcionado para concursos públicos. 
Por isso evitamos longas citações de autores e intermináveis discussões 
doutrinárias. O importante para todos nós é o que tem caído ultimamente nos 
concursos. No entanto em algumas raras ocasiões precisamos citar alguns 
professores. Neste caso, para conceituar lei adotamos o conceito da Professora 
Maria Helena Diniz: Lei é a norma imposta pelo Estado e tornada obrigatória na 
sua observância, assumindo forma coativa. Costuma-se dizer que “a norma 
jurídica é um imperativo autorizante”. 
Atualmente há uma exigência de maior certeza e segurança para as relações 
jurídicas. Por isso, nas sociedades modernas, há um entendimento de 
supremacia da Lei, da norma escrita sobre as demais fontes. Portanto a Lei é, 
indiscutivelmente, a fonte mais importante na ordem jurídica. 
Vejam o que diz nossa Constituição Federal: “Ninguém será obrigado a fazer 
ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei” (artigo 5º, inciso II). E 
o artigo 4º da Lei de Introdução ao Código Civil determina que somente quando 
a lei for omissa é que se aplicarão as demais formas de expressão de direito. 
Também o Código de Processo Civil, no seu artigo 126, prevê que “o juiz não se 
exime de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei. No 
julgamento da lide caber-lhe-á aplicar as normais legais; não as havendo, 
recorrerá à analogia, aos costumes e aos princípios gerais de direito.” 
 
Características da Lei 
• Generalidade – a Lei não se dirige a um caso particular, mas a um 
número indeterminado de indivíduos. 
• Imperatividade – a Lei impõe um dever, uma conduta. 
• Permanência – ela perdura até que seja revogada por outra. 
• Competência – ela deve emanar de autoridade competente (de acordo 
com o previsto na Constituição). 
 
Há várias classificações de leis. Depois de ler muito sobre o assunto, elaborei 
uma classificação das leis, baseada na melhor e mais atualizada doutrina. A 
classificação que daremos a seguir ajuda o aluno a entender o sentido de 
diversas palavras que têm caído nos concursos. Já vi cair em alguns testes, logo 
no enunciado da questão, o seguinte: “Nossa lei adjetiva prescreve ......” O que 
é uma lei adjetiva? E uma lei substantiva? E cogente? E dispositiva? A resposta 
está logo adiante. Vamos, pois, à Classificação das Leis: 
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A) Quanto à Obrigatoriedade (ou imperatividade): 
 Cogentes – de ordem pública, impositivas, de aplicação obrigatória, 
imperatividade absoluta; não podem ser ignoradas pela vontade dos 
interessados. 
 Dispositivas – de ordem particular, supletivas; permitem às partes (ao 
menos em tese) estipular o que quiserem. 
 
B) Quanto à Natureza: 
 Substantivas (também chamadas de materiais, primárias ou de primeiro 
grau) – São leis que visam realizar uma ordem à sociedade, disciplinando a 
conduta dos indivíduos no seu cotidiano. Busca-se impor ao cidadão a prática de 
uma determinada conduta ou a omissão de outra considerada danosa à 
sociedade. Nosso ordenamento jurídico, na sua maior parte, possui normas de 
natureza substancial, sejam elas no plano Constitucional ou Infraconstitucional, 
em suas especialidades como o Civil (Código Civil), Penal (Código Penal), 
Comercial, Tributário, Administrativo, Trabalhista, Militar, Eleitoral e diversas 
outras que vêm surgindo na atualidade. 
 Adjetivas (também chamadas de formais, processuais, secundárias ou de 
segundo grau) – Nosso ordenamento jurídico possui um grupo de normas 
também denominadas de instrumentais, que irão realizar a eficácia contida na 
norma material; elas traçam os meios para a realização do direito material. 
Exemplos: Código de Processo Civil, Código de Processo Penal, etc. 
Exemplificando – Duas pessoas querem casar! Quais as normas aplicáveis? 
Normas de Direito Material (ou Substantivas), ou seja, aplica-se o Código Civil. 
Passados alguns anos estas pessoas desejam se separar! Quais as normas 
aplicáveis? Normas de Direito Processual (ou Adjetivas), ou seja, essas pessoas 
necessitarão ingressar com uma ação no Poder Judiciário e o processo irá 
tramitar de acordo com as normas processuais. O divórcio está previsto no 
Código Civil; mas os meios para se divorciar estão disciplinados no Código de 
Processo Civil. Outro Exemplo: Duas pessoas desejam pactuar um contrato de 
locação: aplicam-se então as disposições do Direito Material. Uma delas não 
paga o aluguel. A outra deve ingressar com uma ação de despejo, que é Direito 
Processual (ou Adjetiva). 
 
C) Quanto ao Autorizamento: 
Mais que perfeitas – sua violação autoriza a nulidade do ato ou o 
restabelecimento à situação anterior e ainda uma aplicação de pena ao violador 
(ex: pessoa casada que contrai novas núpcias – o segundo casamento é nulo e 
o transgressor responderá pelo crime de bigamia). 
Perfeitas – sua violação autoriza apenasnulidade ou anulabilidade do ato 
(ex: celebrar ato jurídico sem ser plenamente capaz). 
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Menos que perfeitas – há uma aplicação de sanção ao violador da 
norma, mas o ato não é considerado nulo ou anulável (ex: o divorciado, 
enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do casal 
não deve se casar; se isso ocorrer o regime do casamento será 
obrigatoriamente o de separação de bens). 
Imperfeitas – a violação não acarreta qualquer conseqüência jurídica, 
não havendo penalidade (ex: dívidas de jogo, dívidas prescritas, etc.). 
 
D) Quanto à Hierarquia (nesse ponto aconselhamos o aluno a ler a 
Constituição Federal no tópico “espécies normativas”; nosso objetivo agora é 
apenas relembrar as espécies de lei, em sentido amplo): 
 Constitucionais – constantes na Constituição; é a lei máxima de nosso 
País. 
 Emendas à Constituição – nossa Constituição permite sua reforma por 
meio de emendas, que são leis que modificam parcialmente a Constituição. A 
proposta deve ser discutida e votada em cada Casa do Congresso, em dois 
turnos cada. Considera-se aprovada se obtiver em todas as votações três 
quintos dos votos dos respectivos membros. 
 Complementares – matérias especiais, estipuladas na própria 
Constituição, para melhor regulamentar determinado assunto; possui quorum 
especial para aprovação (maioria absoluta - metade mais um dos votos das 
duas Casas do Congresso). 
 Ordinárias – leis comuns, elaboradas pelo Poder Legislativo (Congresso 
Nacional = Federal; Assembléia Legislativa = Estadual; Câmara dos Vereadores 
= Municipal). A aprovação se dá por maioria simples ou relativa, abrangendo 
apenas os presentes à votação. 
 Delegadas – elaboradas com autorização expressa do Legislativo. Podem 
ser internas (o encargo é atribuído a uma comissão do próprio Poder Legislativo) 
ou externas (atribui-se ao chefe do Executivo a elaboração da lei). 
 Medidas Provisórias – também têm a mesma posição hierárquica das 
leis ordinárias. São normas com força de lei, baixadas pelo Presidente da 
República, em caso de relevância e urgência. Devem ser submetidas de 
imediato ao Congresso Nacional. 
 Decretos Legislativos – são normas promulgadas pelo Poder Legislativo 
sobre assuntos de sua competência (Ex: autorização de referendo ou 
convocação de plebiscito). 
 Resoluções – são normas expedidas pelo Poder Legislativo, destinadas a 
regular matéria de sua competência, de caráter administrativo ou político. 
 
Toda norma jurídica tem um âmbito temporal, espacial, material e 
pessoal, dentro dos quais ela tem vigência e validade. É o que chamamos de 
“limites ao campo de aplicação das normas jurídicas”. Quanto à Vigência, 
vamos analisar as leis sob dois prismas: Temporal e Territorial. 
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Daqui para diante é conveniente que o aluno tenha em mãos a LICC 
(Decreto-lei 4.657/42), para poder acompanhar melhor a aula. Vamos fazer 
referência a alguns dispositivos importantíssimos dessa lei e é aconselhável ao 
aluno ler e reler esses artigos citados. No entanto vou transcrever, sempre que 
houver necessidade, os dispositivos mais importantes. 
 
I - VIGÊNCIA DAS LEIS NO TEMPO 
 
As leis nascem, se modificam e morrem. A lei é levada ao conhecimento 
de todos por meio de sua publicação no Diário Oficial. Orientando a aplicação 
das leis, citamos, inicialmente, dois princípios informadores de sua eficácia: 
A) Princípio da Obrigatoriedade das Leis – uma vez em vigor, a lei é 
obrigatória para todos os seus destinatários, sem qualquer distinção. Publicada a 
lei, ninguém se escusa de cumpri-la alegando que não a conhece (art. 3º da Lei 
de Introdução do Código Civil – L.I.C.C.). Tal dispositivo visa garantir a eficácia 
da ordem jurídica que ficaria comprometida se fosse admitida a alegação de 
ignorância de lei em vigor. O erro de direito (alegação de desconhecimento da 
lei) só pode ser invocado em raríssimas ocasiões e quando não houver o 
objetivo de furtar-se o agente ao cumprimento da lei. Esta exceção será 
analisada em aula mais à frente, sobre os Negócios Jurídicos. 
B) Princípio da Continuidade das Leis – a partir da vigência a lei tem 
eficácia contínua, até que outra a revogue. O desuso não faz com que a lei 
perca sua eficácia. 
 
INÍCIO DA OBRIGATORIEDADE DAS LEIS 
A criação de uma lei obedece a um procedimento próprio, definido nas 
normas constitucionais. De uma forma geral, o processo de criação de uma lei 
passa por cinco etapas: 
a) Iniciativa – na área federal cabe aos membros ou comissões do Poder 
Legislativo, Presidente da República, Supremo Tribunal Federal, Tribunais 
Superiores, Procurador Geral da República e também ao cidadão em geral, como 
previsto no artigo 61 da Constituição Federal. 
b) Discussão e Aprovação – são os estudos, debates, redações, 
correções, emendas e votação do projeto; no âmbito federal o projeto deve ser 
aprovado pelas duas Casas: Câmara dos Deputados e Senado Federal. 
c) Sanção ou Veto – sanção é o ato pelo qual o chefe do Poder Executivo 
manifesta a sua concordância com o projeto aprovado pelo Legislativo. A sanção 
pode ser expressa ou tácita (quando simplesmente deixa transcorrer o prazo de 
15 dias sem sua manifestação). Por outro lado, pelo veto, o chefe do Executivo 
manifesta sua não-concordância com o projeto; o veto deve ser sempre 
expresso; pode ser total ou parcial. Nesse caso a matéria é reexaminada pelo 
Legislativo e o veto pode ser derrubado pelo Congresso, em sessão conjunta, 
pelo voto da maioria absoluta, em escrutínio secreto. 
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d) Promulgação – decorre da sanção e tem o significado de 
proclamação. Dá-se conjuntamente com a sanção, com a assinatura do 
Presidente da República. Este atesta perante a sociedade a existência da lei, 
ordenando-lhe o respectivo cumprimento. 
e) Publicação – divulgação da nova lei, tornando-se conhecida de todos. 
 
A rigor as leis nascem pela promulgação, a seguir, devem ser publicadas 
em órgão oficial (Diário Oficial). Mas a força obrigatória da lei está condicionada 
a sua vigência, ou seja, ao dia em que realmente começa a vigorar. Como 
veremos logo a seguir, uma lei pode ter sido publicada e ainda não estar 
vigorando. No Brasil a matéria é disciplinada pela Lei de Introdução ao Código 
Civil, pelas seguintes disposições: 
 
Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar, em todo o país, 
quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada (art. 1º da LICC). 
Esse princípio não é absoluto porque quase todas as leis contêm em seu texto 
disposição prescrevendo sua entrada em vigor na data da respectiva publicação. 
A regra geral teórica é que a lei entra em vigor 45 após a publicação. No 
entanto a lei pode entrar em vigor na data de sua publicação ou em outra data 
mais à frente, desde que haja previsão expressa em seu texto. Desta forma, 
quando não houver disposição da data em que a lei entrará em vigor 
(omissão proposital da lei), aí sim, ela entrará em vigor em quarenta e cinco 
dias após a publicação. No entanto, é raríssimo encontrar uma lei que seja 
omissa a este respeito. Vejam... a teoria é uma coisa... na prática a coisa é 
diferente... No entanto, mesmo não tendo aplicação prática, isto é muito exigido 
nos concursos, conforme veremos mais adiante, nostestes que fornecemos ao 
final da aula. 
O espaço compreendido entre a publicação da lei e sua entrada em vigor 
denomina-se vacatio legis. Geralmente este prazo é estabelecido para melhor 
divulgação dos textos legais. Enquanto não transcorrido esse período, a lei 
nova, mesmo que já publicada, ainda não tem força obrigatória, vinculante. 
Nos Estados estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando 
admitida, se inicia três meses depois de oficialmente publicada (art. 1º, §1º da 
LICC). Isto é, se uma lei for editada no Brasil, mas para surtir efeitos no 
estrangeiro (em geral quando cuida de atribuição de embaixadores, cônsules, 
etc.) e ela for omissa quanto à data que entrará em vigor (data de sua vigência 
efetiva), esta lei somente entrará em vigor 03 (três) meses após a sua 
publicação. 
Cuidado então: no Brasil 45 dias; no exterior são 03 meses (e não 90 
dias como às vezes eu vejo cair em concursos, como uma forma de 
“pegadinha”). Para o Direito, 90 dias é um prazo diferente de 03 meses! 
 
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Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação desta lei, 
destinada à correção de seu texto, o prazo deste artigo e dos parágrafos 
anteriores começará a correr da nova publicação (art. 1º, §3º da LICC). 
Exemplo: Uma lei foi publicada em determinado dia e é omissa em 
relação ao dia que entrará em vigor. Assim, somente entrará em vigor 45 dias 
após a publicação. Cinco dias depois de publicada, alguém notou que houve um 
erro no texto da Lei. Desta forma ela deve ser republicada. E aquele prazo de 45 
dias recomeça a contar; inicia-se novamente a contagem do prazo de vacatio a 
partir do dia da republicação da Lei. Note que continua sendo a mesma Lei. 
 
Já as correções de texto de lei que já está em vigor consideram-se lei 
nova (art. 1º, §4º). Sujeita-se, naturalmente, aos prazos normais das demais 
leis. Exemplo: Uma Lei foi publicada, cumpriu o prazo de vacatio legis e entrou 
em vigor. Alguns dias depois notou-se o erro. Neste caso, quando houver a 
republicação, esta será considerada como lei nova. 
Assim, resumindo: se houver republicação de uma lei dentro do prazo de 
vacatio legis trata-se da mesma lei e o prazo de vacatio recomeça a contar; se 
houver republicação após a lei entrar em vigor, a “republicação”, na verdade 
será considerada como lei nova e deve se verificar se a mesma contém ou não 
um prazo de vacatio. 
 
O prazo de vacatio legis conta-se: incluindo-se o dia do começo (ou seja, 
o dia da publicação da Lei) e também do último dia do prazo (que é o dia do seu 
vencimento), conforme o art. 8º, §1º da Lei Complementar nº 95/98, com texto 
modificado pela L.C. nº 107/01. Desta forma a lei entrará em vigor no dia 
subseqüente a sua consumação integral (ainda que se trate de domingo ou 
feriado). 
 
Quando o Código Civil entrou em vigor? Por incrível que pareça, até 
nisso não houve unanimidade. Para alguns autores a contagem foi a seguinte: 
ele foi promulgado no dia 10 de janeiro, sendo publicado no Diário Oficial da 
União no dia 11 de janeiro de 2.002. Pelas Leis Complementares citadas acima, 
um ano depois seria igual a 11 de janeiro 2.003, como começa a vigorar no dia 
subseqüente de sua consumação integral, ele entraria em vigor no dia 12 de 
janeiro de 2.003, pois este prazo se daria “no dia e mês correspondente do ano 
seguinte, mais um dia”. 
Mas não foi isso o que ocorreu. E é fácil de se entender o porquê!! O início 
do prazo de vacância se deu no próprio dia da publicação (ou seja, no dia 11 de 
janeiro de 2.002). Desta forma, o prazo de um ano se completou no dia 10 de 
janeiro de 2.003 (sendo que esse dia também é contado). Aplicando-se 
conjuntamente os parágrafos 1º e 2º do art. 8º, da LCF 95/98, modificada pela 
107/01 tem-se que o dia subseqüente, ou seja, 11 de janeiro de 2003, é o dia 
da entrada em vigor do novo Código Civil. Vamos analisar pelo lado prático da 
questão: o ano que começa no dia 01/01/2002, termina no dia 31/12/2002 e 
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não “no dia e mês correspondente do ano seguinte”, que seria 01/01/2003; isto 
é um fato! Guardadas as devidas proporções, o ano que começa no dia 
11/01/2002, termina no dia 10/01/2002, e não “no mesmo dia e mês 
correspondente do ano seguinte”. 
Meus amigos: Embora as Leis Complementares mencionadas acima não 
façam parte da L.I.C.C. e não estejam previstas nos editais de concursos, 
aconselho o aluno a “dar uma lida” nelas, pois elas trazem regras gerais, 
estabelecendo padrões para a elaboração, a redação, a alteração e a 
consolidação da legislação federal. 
Observação – Como vimos, se uma lei nada dispuser em seu texto de 
quando ela entrará em vigor, a vigência se dará em 45 dias após a publicação. 
No entanto este dispositivo não se aplica aos decretos e aos regulamentos, cuja 
obrigatoriedade é determinada pela sua publicação (salvo se eles dispuserem 
de forma diversa). Assim, na omissão de quando essas espécies normativas 
entrarão em vigor, isto ocorrerá na data da sua publicação. 
 
FIM DA OBRIGATORIEDADE DAS LEIS 
Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a 
modifique ou a revogue. De fato, algumas leis são expedidas com prazo de 
duração (Ex: lei que concede favores fiscais durante 10 anos às indústrias que 
se instalarem em determinada região; racionamento de combustível durante a 
guerra; Imposto/Contribuição Provisória de Movimentações Financeiras - IPMF, 
CPMF -, Leis Orçamentárias, etc.). Tais normas desaparecem do ordenamento 
jurídico com o decurso do prazo estabelecido. Assim, lei temporária é a que 
nasce com termo prefixado (ou uma data determinada) de duração. A Lei já 
nasce com um prazo para perder sua vigência. 
Contudo, não se fixando este prazo, prolonga-se a obrigatoriedade 
(princípio da continuidade) até que a lei seja modificada ou revogada por 
outra. Revogar (do latim revocatio, revocare = anular, desfazer, desvigorar) é 
tornar sem efeito uma lei ou qualquer outra norma jurídica. Podem ser 
revogadas as leis, os regulamentos, as portarias, as cláusulas contratuais, etc. 
A revogação pode ser classificada em: 
a) Total (ou ab-rogação) – consiste em tornar sem efeito toda a lei ou 
norma anterior. 
b) Parcial (ou derrogação) – consiste em tornar sem efeito uma parte 
da lei ou norma. 
 É evidente que o aluno sabe o que é uma revogação total ou parcial. E 
quais as suas diferenças. Mas o examinador prefere usar expressões como ab-
rogação e derrogação, pois estas não são do nosso dia-a-dia. Os examinadores 
de concursos públicos gostam muito de pedir sinônimos nas provas. Portanto, 
sempre que possível irei mencionar sinônimos de uma palavra. Mesmo correndo 
o risco de ser repetitivo. Mas é melhor ser repetitivo e fazer com que o aluno 
grave a matéria e fornecer o máximo de conceitos possível, do que omitir 
determinado ponto. Caiu recentemente em um concurso, de forma resumida: o 
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que o novo Código Civil fez em relação ao Código Comercial? Derrogou ou Ab-
rogou? Resposta. O Código Civil derrogou, isto porque o artigo 2.045 diz que foi 
revogada a Parte Primeira do Código Comercial. Em que pese o C.Comercial 
estar todo ultrapassado, o NCCivil apenas revogou sua parte primeira. Portanto 
derrogação. 
 A revogação ainda pode ser:c) Expressa – quando a lei nova taxativamente declara revogada a lei 
anterior; ela diz expressamente o que está revogando. Seria interessante 
que todas as leis dissessem exatamente o que estão revogando. Mas isso 
não ocorre na prática. O art. 9o da LC 98/95 com a redação da LC 107/01 
determina que “a cláusula de revogação deverá enumerar, 
expressamente, as leis ou disposições legais revogadas”. 
d) Tácita – quando a lei posterior é incompatível com a anterior e não há 
disposição expressa no texto novo indicando a lei que foi revogada, 
geralmente utiliza-se uma expressão genérica: “revogam-se as 
disposições em contrário”. Neste caso a percepção daquilo que foi 
revogado é mais difícil, pois o jurista deve cotejar os dois textos (ou mais) 
de lei para saber o que exatamente a lei nova revogou na velha. 
Notem que as espécies de revogação podem ser “combinadas”. Ou seja, a 
revogação expressa pode ser total (a nova lei diz que está revogando toda a lei 
anterior) ou parcial (a nova lei aponta apenas um ou dois artigos que está 
revogando da lei velha). E a revogação tácita também pode ser total ou parcial. 
Observação – quando uma lei se torna incompatível com a mudança havida na 
Constituição, chamamos de “não-recepção da lei pela nova ordem 
constitucional”. 
Uma Lei revogada pode continuar regulando situações jurídicas? Resposta: 
Sim! Trata-se da ultratividade (ou pós-atividade) da Lei. Ocorre quando a lei 
nova prevê, de forma expressa, que a lei anterior continuará produzindo efeitos. 
Exemplo: o art. 2.039 do atual Código Civil determina que “o regime de bens 
nos casamentos celebrados na vigência do Código anterior é o por ele 
estabelecido”. Portanto os regimes estabelecidos pelo Código anterior continuam 
vigorando no atual sistema. 
Como se Revogam as Normas? O princípio geral é o de que as normas se 
revogam por outras da mesma hierarquia ou de hierarquia superior. Assim, uma 
nova Constituição revoga a Constituição anterior e todas as leis, regulamentos, 
portarias, etc., que lhe sejam contrárias, e que passam a ser “inconstitucionais” 
(ou melhor, não-recepcionadas pela nova ordem constitucional). Uma lei 
ordinária revoga as leis ordinárias anteriores e as normas de menor hierarquia, 
como os regulamentos, as portarias e outros preceitos inferiores contrários às 
suas disposições, e assim por diante. Portanto não pode uma lei ordinária 
revogar a Constituição; nem um contrato (que é “lei” entre as partes) revogar 
uma lei ordinária. 
 
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Repristinação – Essa “palavrinha” é muito importante nos concursos. 
Tem caído bastante. Tanto no Direito Civil como no Direito Constitucional. 
Repristinar significa restituir ao valor, caráter ou estado primitivo. Na ordem 
jurídica repristinação é o restabelecimento da eficácia de uma lei anteriormente 
revogada. Preceitua o art. 2º, §3º da Lei de Introdução ao Código Civil que a lei 
revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência, salvo 
disposição em contrário. Exemplo: Se a lei “A” é revogada pela lei “B” e 
posteriormente a lei “B” é revogada pela lei “C”, não se restabelece a vigência 
da lei “A”. No Brasil não há repristinação ou restauração automática da lei velha, 
se uma lei mais nova for revogada. Só haverá repristinação quando a nova lei 
ressalvar expressamente que a lei velha retomará eficácia. 
 
Um outro item que vem caindo muito em concursos é a regra disposta no 
art. 2º, §2º da LICC: a lei nova que estabeleça disposições gerais ou especiais 
a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior. Explicando. Uma 
lei está vigorando normalmente. Posteriormente outra lei é editada, dispondo 
sobre o mesmo assunto. Este fato, por si só, não faz com que a primeira lei seja 
revogada ou modificada. As duas leis podem coexistir normalmente. Somente se 
o texto de uma delas for incompatível com o da outra é que haverá revogação. 
Exemplo: O Código Civil trata no art. 1.711 e seguintes, disposições sobre o 
bem de família de uma forma geral. No entanto a Lei nº 8.009/90 também trata 
deste tema. Qual lei deve ser aplicada? Se cotejarmos os textos de ambas as 
leis, veremos que elas não são antagônicas. Uma completa a outra. Uma é 
especial em relação a outra, sendo que seus artigos não são incompatíveis entre 
si. Portanto ambas vigoram normalmente. 
 
CONFLITO DAS NORMAS NO TEMPO 
Esse tema também é muito importante. Está em quase todos os editais 
que exigem a LICC. Podem surgir conflitos quando uma norma é modificada 
por outra e já se haviam formado relações jurídicas na vigência da lei anterior. 
Qual norma deve ser aplicada? Para solucionar o conflito são usados dois 
critérios: a) disposições transitórias e b) princípio da irretroatividade das leis. 
A) Disposições Transitórias (ou direito intertemporal) – A lei, para 
evitar eventuais e futuros conflitos, em seu próprio corpo, geralmente ao 
final, pode estabelecer regras temporárias, destinadas a dirimir conflitos entre a 
nova lei e a antiga. Observem que o atual Código Civil contém um Livro 
Complementar, chamado “das disposições finais e transitórias” (arts. 2.028 até 
2.043). Em seu corpo percebe-se que há uma série de regras, sendo que 
algumas delas autorizam a aplicação do Código anterior (mesmo que já 
revogado). 
B) Irretroatividade das Leis – A regra no Brasil é a irretroatividade. 
Irretroativa é a lei que não se aplica às situações constituídas anteriormente. 
Etimologicamente retroatividade quer dizer atividade para trás, ou seja, 
produção de efeitos em situações passadas. Juridicamente, podemos dizer que 
uma norma retroage quando ela vigora, não somente a partir de sua publicação, 
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mas, ainda, regula certas situações jurídicas que vêm do passado. Na realidade 
a lei é expedida para disciplinar fatos futuros, a partir de sua vigência. O 
passado escapa ao seu império. Sua vigência estende-se, como já se acentuou, 
desde o início de sua obrigatoriedade até o início da obrigatoriedade de outra lei 
que a derrogue. 
Há casos, porém, em que a lei nova retroage ao passado, alcançando 
conseqüências jurídicas de fatos efetuados sob a égide de lei anterior. Em regra, 
deve prevalecer o princípio da irretroatividade; as leis não têm efeitos 
pretéritos; elas só valem para o futuro. O principal argumento favorável à 
irretroatividade da lei é a garantia dos direitos individuais e a segurança das 
relações jurídicas, diante da incerteza e dos riscos de alterações futuras. O 
artigo 5º, inciso XXXVI da Constituição Federal determina que “A lei não 
prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada”. 
Por via de conseqüência, repita-se, a retroatividade das leis é exceção 
(Ex: a própria Constituição Federal, em seu artigo 5º, inciso XL, assim dispõe: 
“A lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu”). Assim, uma lei que 
estabelece que determinada conduta não é mais crime, beneficiará todos os que 
por essa conduta estivessem sendo processados, retroagindo e alcançando 
situações passadas que se incluirão no benefício. Entrando uma norma em 
vigor, tem ela efeito imediato e geral, respeitando-se as três situações jurídicas, 
que veremos em seguida: 
 
1) Ato Jurídico Perfeito ⎯ é o que já se consumou, segundo a norma 
vigente no tempo em que se efetuou (Ex: o contrato de locação celebrado 
durante a vigência de uma lei não pode ser alterado somente porque a lei 
mudou; é necessário que seu prazo termine). 
2) Direito Adquirido⎯ é o que já se incorporou ao patrimônio e à 
personalidade de seu titular (Ex: pessoa que já se aposentou e a lei modifica 
posteriormente o prazo para a aposentadoria, ampliando-o); o direito já foi 
conquistado, embora possa não ter sido ainda exercido. 
3) Coisa Julgada ⎯ é a decisão judicial de que já não caiba mais recurso 
(transitou em julgado). Há um dito forense, segundo o qual “uma sentença com 
trânsito em julgado faz do branco, preto e do quadrado, redondo”. 
 
II - VIGÊNCIA DAS LEIS NO ESPAÇO 
 
Toda lei, em princípio, tem seu campo de aplicação limitado no espaço 
pelas fronteiras do Estado que a promulgou. Chama-se isso Territorialidade 
da Lei. Esse espaço ou território, em sentido amplo, inclui as terras (ou o 
território propriamente dito), as águas e a atmosfera territoriais. 
Os Estados modernos, contudo, admitem a aplicação, em determinadas 
circunstâncias, de leis estrangeiras, em seu território, no intuito de facilitar as 
relações internacionais. É essa uma conseqüência do crescente relacionamento 
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entre homens da comunidade internacional. O Brasil adotou a teoria da 
Territorialidade, mas de forma moderada, também chamada de 
Territorialidade Temperada. Leis e sentenças estrangeiras podem ser 
aplicadas no Brasil, observadas as seguintes regras: 
• Não se aplicam leis, sentenças ou atos estrangeiros no Brasil quando 
ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes. 
• Não se cumprirá sentença estrangeira no Brasil sem o exequatur 
(“cumpra-se”), ou seja, a permissão dada pelo Superior Tribunal de Justiça 
(artigo 105, inciso I, letra “i” da C.F.) para que a sentença tenha efeitos. 
Território é a extensão geográfica ocupada por uma nação e sobre a qual 
o Estado exerce sua soberania. Fala-se em território real e ficto. O território 
real compreende: todo o solo ocupado pela nação, inclusive de ilhas que lhe 
pertencem, os rios, os lagos e os mares interiores, os golfos, as baías e os 
portos, a faixa de mar exterior que banha as suas costas, o espaço aéreo 
correspondente, etc. Já como exemplo de território ficto (ficção jurídica) 
citamos as embaixadas, que estando em países estrangeiros, são considerados 
território nacional. 
Houve uma época que era muito comum cair em concursos, como 
exemplo de território ficto, os navios e aeronaves. Não tenho mais visto isto 
cair. Mas, como “cautela e caldo de galinha não faz mal a ninguém”, vamos 
abordar esses assuntos, pois ainda causa muita confusão. Observem, portanto, 
as seguintes regras sobre o tema. É considerado Território: 
 
a) Navios, embarcações e aeronaves de guerra, onde quer que se encontrem. 
Exemplo: um navio de guerra brasileiro é considerado território brasileiro onde 
quer que se encontre: em águas brasileiras, em alto-mar e em águas 
estrangeiras, mesmo que o Brasil não esteja em guerra com este País. Da 
mesma forma um navio de guerra estrangeiro (por exemplo grego) será 
considerado território estrangeiro (no exemplo, grego), mesmo que ele esteja 
no Brasil; ou seja, no interior deste navio de guerra, onde quer que se encontre, 
vigoram as leis de seu País de origem; da bandeira que ostenta. 
b) Navios mercantes, em águas territoriais do país a que pertençam e em alto-
mar, isto é, fora das águas territoriais de outro país. Exemplo: aplica-se no 
interior de um navio brasileiro em águas brasileiras ou de um navio brasileiro 
em alto-mar as leis brasileiras. Da mesma forma, em um navio grego na Grécia 
ou o navio grego em alto-mar aplicam-se as leis gregas. 
c) Navios e as embarcações mercantes estrangeiros, quando em águas 
territoriais de outro país. Exemplo: um navio mercante brasileiro na Grécia, 
aplica-se a lei grega; da mesma forma um navio grego no Brasil aplica-se a lei 
brasileira. 
d) Aeronaves, mesmo mercantes, quando sobrevoando em alto mar a qualquer 
altura atmosférica. Exemplo: um avião de passageiros brasileiro sobrevoando o 
alto-mar, aplica a lei brasileira. 
 
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INTERPRETAÇÃO DAS LEIS 
Uma lei deve ser sempre clara, hipótese em que não seria necessário 
qualquer trabalho interpretativo. Mas quando surge uma ambigüidade no seu 
texto, má redação, imperfeição ou falta de técnica, deve haver a intervenção do 
intérprete, a pesquisar o verdadeiro sentido que o legislador realmente quis dar 
ou estatuir. Trata-se da mens legis (ou intenção da lei). Daí surge a 
hermenêutica, que é a teoria científica da arte de interpretar, descobrir o 
sentido e o alcance da norma jurídica. Existem vários métodos e critérios de 
interpretação das leis, conforme veremos adiante. Mas é importante deixar claro 
que todas essas espécies de interpretação não se operam de forma isolada; elas 
devem se completar. São elas: 
 
a) Quanto às Fontes ⎯ a interpretação pode ser autêntica (feita pelo 
próprio legislador), doutrinária (feita pelos estudiosos da matéria) ou 
jurisprudencial (feita por nossos Tribunais). 
b) Quantos aos Meios ⎯ a interpretação pode ser gramatical 
(observando as regras de lingüística), lógica (a lei é examinada no seu 
conjunto), ontológica (busca-se a essência da lei, sua razão de ser, a ratio legis 
ou razão da lei), histórica (circunstâncias que provocaram a expedição da lei), 
sistemática (compara a lei atual com os textos anteriores) ou sociológica ou 
teleológica (adapta o sentido ou finalidade da norma às novas exigências 
sociais). 
c) Quanto aos Resultados ⎯ a interpretação pode ser declarativa (a 
letra da lei corresponde precisamente ao pensamento do legislador, não sendo 
necessária a interpretação), extensiva (o legislador disse menos do que 
pretendia dizer, sendo necessário ampliar a aplicação da lei) e restritiva (o 
legislador disse mais do que pretendia, sendo necessário restringir a sua 
aplicação). 
 
INTEGRAÇÃO DA NORMA JURÍDICA 
A lei procura prever e disciplinar todas as situações importantes às 
relações individuais e sociais. Mas, muitas vezes, o legislador não consegue 
prever todas as situações que uma norma pode criar. E um Juiz não pode 
eximir-se de julgar um caso alegando lacuna ou obscuridade da lei. O Juiz deve 
inicialmente aplicar a lei de forma objetiva e direta. Não deu? Tenta-se 
interpretar a lei, usando os mecanismos mencionados acima! Esgotados, sem 
resultados, os critérios interpretativos, cumpre ao aplicador da lei suprir a 
lacuna encontrada, recorrendo, aí sim, à analogia, aos costumes e aos 
princípios gerais do direito. Observem que há uma ordem preferencial, uma 
hierarquia na utilização desses métodos de integração da norma jurídica. A 
analogia figura em primeiro lugar. Vejamos: 
1) Analogia – consiste em aplicar, à hipótese não prevista especialmente 
em lei, dispositivo relativo a caso semelhante. Trata-se de um processo de 
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raciocínio lógico pelo qual o juiz estende um preceito legal a casos não 
diretamente compreendidos na descrição legal: 
Caso “X” → Aplica-se a regra jurídica Y. 
Caso “Z” (parecido com o caso X) → Como a lei é omissa, permite-se a 
aplicação da regra Y por analogia. Exemplo: o Código Civil determina que 
quando a cláusula testamentária for suscetível de interpretações diferentes, 
prevalecerá a que melhor assegure a observância da vontade do testador. Não 
há qualquer previsão em relaçãoa isto quanto às doações. No entanto, entende-
se que tal dispositivo pode ser aplicado, por analogia, também às doações, pois 
elas também são formas de liberalidades. São casos análogos. Enquanto no 
primeiro caso trata-se de uma liberalidade para ter efeito depois da morte 
(testamento) a outra é uma liberalidade para ser aplicada enquanto as partes 
ainda estão vivas (doação). 
Desta forma, é na aplicação da analogia que se origina a missão conferida 
ao Juiz pelo artigo 4º da Lei de Introdução, impedindo-o de furtar-se a uma 
decisão. Tem o Juiz autorização legal para interpretar e integrar as normas, 
devendo, para tanto, manter-se dentro de limites assinalados pelo direito. O 
magistrado cria uma norma individual, que só vale para cada caso concreto, 
pondo fim ao conflito, sem dissolver definitivamente a lacuna. A analogia 
pode ser assim classificada: 
a) Analogia Legis – aplicação de uma outra norma já existente, como no 
exemplo fornecido acima, retirado do próprio Código Civil (a lei fala de uma 
regra aplicável ao testamento, mas é omissa em relação à doação; como são 
casos parecidos, a regra referente ao testamento pode ser aplicada, por 
analogia, também no que se refere às doações). 
b) Analogia Juris – aplicação de um conjunto de normas para extrair 
elementos que possibilitem a sua aplicabilidade a um caso concreto não 
previsto, mas similar, parecido com outro. 
 
2) Costumes – já visto e analisado mais acima. Observem que os 
costumes são fontes de direito e, também, formas de integração da norma 
jurídica. Lembrem-se que eles estão colocados em um plano secundário em 
relação à lei. O juiz somente poderá recorrer aos costumes depois de esgotadas 
as possibilidades de suprir a lacuna com a analogia. Lembrem-se de seus 
elementos: o uso (elemento externo) e a convicção jurídica, a obrigatoriedade 
(elemento interno). 
 
3) Princípios Gerais de Direito – Na verdade são regras que se 
encontram na consciência dos povos e universalmente aceitas, mesmo que não 
sejam escritas. Possuem caráter genérico e orientam a compreensão do 
sistema jurídico. Exemplos: dar a César o que é de César; não se pode lesar o 
próximo; ninguém pode valer-se de sua própria torpeza, etc. De forma 
expressa, podemos citar em nosso Direito: ninguém pode se escusar de cumprir 
a lei, alegando que não a conhece; proibição de enriquecimento ilícito; igualdade 
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de direitos e deveres; equilíbrio dos contratos, etc. Exemplo: O Princípio da 
Função Social do Contrato (art. 421 do CC) pode ser notado a partir outros 
dispositivos inseridos também do Código Civil: a) art. 108 – dispensa da 
escritura pública para alienação de imóveis com valor igual ou inferior a 30 
salários mínimos; b) art. 157 – anulabilidade do contrato por submissão a 
situação desfavorável por necessidade ou inexperiência; c) redução da cláusula 
penal (multa contratual) pelo juiz quando excessiva ou desproporcional, etc. 
 
a) Observação – A eqüidade, pela LICC, não é um meio de suprir a lacuna da 
lei (notem que o art. 4º não menciona a eqüidade). No entanto, na prática, ela 
pode auxiliar o Juiz nesta missão. Trata-se do uso de “bom senso”, isto é, 
adaptação razoável da lei a um caso concreto. O Direito Romano definia o direito 
como ars boni et aequi, isto é, como a arte do bom e do justo, demonstrando a 
antigüidade do princípio da eqüidade. O Direito Processual Civil prevê a 
aplicação da eqüidade para o Juiz decidir (art. 127 do CPC). Portanto a equidade 
poderá ser Legal (quando contida no texto da norma) ou Judicial (a lei 
determina que o magistrado decida por eqüidade o caso concreto). No entanto, 
repito: a LICC não prevê a eqüidade como forma de integração da norma 
jurídica. 
 
ANTINOMIA – CONFLITO ENTRE DUAS NORMAS 
PREENCHIMENTO DAS LACUNAS 
 
 Antinomia é uma expressão muito comum em concursos, pois este termo 
não é muito usual em nosso dia-a-dia. Antinomia é a presença de duas normas 
conflitantes, sem que se possa afirmar qual delas deverá ser aplicada a um 
caso concreto. Obriga o Juiz, para solucioná-la, a aplicar os critérios de 
preenchimento de lacunas. A antinomia pode ser: 
a) Real (ou lacuna de colisão) – quando não houver, na ordem 
jurídica, qualquer critério normativo para solucioná-la. Aplicando-se uma 
norma, viola-se outra. Somente se soluciona através da edição de uma 
nova norma. 
b) Aparente – se os critérios para a solução forem normas integrantes 
do próprio ordenamento jurídico. 
 
Critérios para Solução de Antinomias Aparentes 
 Nossa ordem jurídica prevê uma série de critérios para a solução de 
antinomias aparentes no direito interno: 
• Hierárquico (lex superior derogat legi inferiori) – baseado na 
superioridade de uma fonte de produção jurídica sobre outra. Ex: em tese, 
dentro da esfera de sua competência, uma Lei Complementar revoga uma Lei 
Ordinária. 
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• Cronológico (lex posterior derogat legi priori) – baseado no tempo em 
que as normas começaram a ter vigência, restringindo-se somente ao conflito 
de normas pertencentes ao mesmo escalão. Ex: Leis mais recentes revogam 
as mais antigas. 
• Especialidade (lex specialis derogat legi generali) – baseado na 
consideração da matéria normada, com o recurso aos meios interpretativos. 
 
Segundo a melhor doutrina, não há uma regra geral e única para a solução 
destes conflitos, sendo o melhor caminho a adoção do princípio máximo da 
justiça, podendo o juiz aplicar uma das duas normas, de acordo com a sua livre 
convicção motivada. 
 
 
Meus Amigos e Alunos. Após apresentar a matéria em aula, sempre 
faço um quadro sinótico que é o resumo da matéria dada em aula. Este é um 
“esqueleto da matéria”. Tem a função de ajudar o aluno a melhor assimilar os 
conceitos dados em aula. A experiência nos mostra que este quadro é de suma 
importância, pois se o aluno conseguir memorizar este quadro, saberá situar a 
matéria e completá-la de uma forma lógica e seqüencial. Portanto após ler 
todo o ponto, o quadrinho de resumo deve ser também lido e relido, mesmo que 
o aluno tenha entendido a matéria dada. Esta é mais uma forma de fixação da 
aula. Além disso, é excelente para uma rápida revisão da matéria às vésperas 
de uma prova. 
 
Vamos então apresentar o resumo do que foi falado na aula de hoje, cujo tema 
foi Noções de Direito e Lei de Introdução do Código Civil. 
 
QUADRO SINÓTICO 
NOÇÕES DE DIREITO 
LEI DE INTRODUÇÃO AO CÓDIGO CIVIL 
 
DIREITO é o conjunto das normas gerais e positivas, que regulam a vida social. 
Direito Objetivo – é a norma; de acordo com ela devem agir os indivíduos. 
Direito Subjetivo – é a faculdade; quando se diz que alguém tem direito a 
algo, está-se referindo a um direito subjetivo. 
 
I – CLASSIFICAÇÃO DO DIREITO OBJETIVO 
A) Direito Público – Relação do Estado consigo mesmo, para com seus 
cidadãos e para com outros Estados. Matérias: Direito Constitucional, 
Administrativo, Penal, Processual (Penal e Civil), Tributário, Internacional, 
Eclesiástico, etc. 
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B) Direito Privado – Relação de Particulares entre si. Matérias: Direito 
Civil e Direito Comercial – há controvérsias a respeito do Direito do Trabalho – 
tese majoritária → D. Privado. 
 
II – DIVISÃO DO DIREITO CIVIL

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