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1º Ten Al MARCOS PAULO MONTEIRO PRADO 
 
 
 
 
 
 
 
ART – TRATAMENTO RESTAURADOR 
ATRAUMÁTICO 
Uma opção de prevenção em odontologia de 
baixo custo e ampla cobertura 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RIO DE JANEIRO 
2008 
P896a Prado, Marcos Paulo Monteiro. 
 
 ART – Tratamento Restaurador Atraumático: uma opção de 
prevenção em odontologia de baixo custo e ampla cobertura /. - Prado, 
Marcos Paulo Monteiro. - Rio de Janeiro, 2008. 
 22 f. ; 30 cm. 
 
 Orientador: Gabriela Prado Pereira 
 Trabalho de Conclusão de Curso (especialização) – Escola de Saúde 
do Exército, Programa de Pós-Graduação em Aplicações Complementares 
às Ciências Militares.) 
 Referências: f. 20-22. 
 
 1. Cáries dentárias - Tratamento. I. Pereira, Gabriela Prado. II. 
Escola de Saúde do Exército. III. Título. 
 
CDD 617.63406 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1º Ten Al MARCOS PAULO MONTEIRO PRADO 
 
 
 
 
ART – TRATAMENTO RESTAURADOR 
ATRAUMÁTICO 
 Uma opção de prevenção em odontologia de baixo 
custo e ampla cobertura 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Orientadora: GABRIELA PRADO PEREIRA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RIO DE JANEIRO 
2008 
Trabalho de conclusão de curso apresentado à 
Escola de Saúde do Exército, como requisito parcial 
para aprovação no Curso de Formação de Oficiais 
do Serviço de Saúde, especialização em Aplicações 
Complementares às Ciências Militares. 
 
 
1º Ten Al MARCOS PAULO MONTEIRO PRADO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
 
 
 
ART – TRATAMENTO RESTAURADOR 
ATRAUMÁTICO 
Uma opção de prevenção em odontologia de baixo 
custo e ampla cobertura 
 
Rio de Janeiro, 05 de outubro de 2008 
 
Trabalho de conclusão de curso apresentado à 
Escola de Saúde do Exército, como requisito parcial 
para aprovação no Curso de Formação de Oficiais 
do Serviço de Saúde, especialização em Aplicações 
Complementares às Ciências Militares. 
 
COMISSÃO DE AVALIAÇÃO 
 
 
 
 
GABRIELA PRADO PEREIRA 
 
 
 
IVIE LESSA - 1º Ten 
 
 
 
HELENAIDE PAIVA PEREIRA - 1º Ten 
 
 
 
RESUMO 
 
 
O Tratamento Restaurador Atraumático, conhecido pela sigla do inglês “ART” (Atraumatic 
Restorative Treatment), envolve restaurações atraumáticas e procedimentos educativos e 
preventivos. É uma forma simplificada de atendimento, que dispensa o uso de anestesia e 
isolamento absoluto, permitindo sua aplicação em locais desprovidos de equipamentos 
odontológicos, ideal para muitas regiões de difícil acesso do nosso país, sendo 
particularmente interessante sua aplicação pelo Exército Brasileiro, reconhecidamente a 
principal instituição a dar apoio às populações mais necessitadas do nosso país. O ART 
consiste em um tratamento odontológico cujos pilares são: ser executado em locais sem 
estrutura para um atendimento odontológico; somente utilizar instrumentos manuais (curetas 
odontológicas) para a remoção do tecido cariado e um cimento restaurador para preencher 
essas cavidades em seguida. Desta forma, o presente trabalho tem por finalidade realizar uma 
revisão bibliográfica sobre o ART, discriminando suas características, indicações e resultados 
obtidos em estudos prévios, confirmando sua total aprovação na odontologia de hoje, voltada 
para promoção de saúde. 
 
Palavras-chave: ART, prevenção, papa-cárie. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
 
The Atraumatic Restorative Treatment, known by English's acronym "ART", involves 
atraumatic restorations and educational and preventive procedures. It is a simplified form of 
attendance, that dispense the anesthesia and absolute isolation use, allowing it’s application in 
places without dentist equipments, ideal for a lot of areas of difficult access, being particularly 
interesting it’s application for the Brazilian Army, thankfully the main institution to give 
support to the neediest populations of our country. ART consists of a dental treatment whose 
pillars are: to be executed at places without structure for a dental attendance; only to use 
manual instruments (dentin curette) for the removal of the decayed tissue and a restauring 
cement to fulfill those cavities soon afterwards. Those, the aim of this work is to make a 
review of the literature on ART, pointing it’s characteristics, indications and results obtained 
in previous studies, confirming it’s total approval in the present dentistry, with emphasis to 
promotion of health. 
 
Keywords: ART, prevention, “papa-cárie”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 
2 REVISÃO DE LITERATURA .............................................................................................. 
2.1 TRATAMENTO RESTAURADOR ATRAUMÁTICO ....................................................... 
2.2 ANTECEDENTES ................................................................................................................. 
2.3 CONCEITO DE INTERVENÇÃO MÍNIMA ....................................................................... 
2.4 EFICÁCIA ............................................................................................................................. 
2.5 MATERIAL UTILIZADO .................................................................................................... 
2.6 EVOLUÇÃO ......................................................................................................................... 
 
3 DISCUSSÃO ........................................................................................................................... 
4 CONCLUSÃO ........................................................................................................................ 
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
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17 
19 
20 
ÍNDICE DE ABREVIATURAS 
 
TRA − Tratamento Restaurador Atraumático 
ART − Atraumatic Restorative Treatment 
CIV − Cimento de ionômero de vidro 
DSEI − Distrito Sanitário Especial Indígena 
HIV+ − Human Immunodeficiency Vírus Positive 
OMS − Organização Mundial de Saúde 
S. mutans − Streptococcus mutans 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Segundo Bresciani (2003), a doença cárie tem diminuído nas últimas décadas em 
países industrializados, porém ainda representa um problema a ser solucionado em vários 
países. Segundo a Organização Mundial de Saúde, essa doença atinge entre 50 e 99% das 
pessoas em todas as comunidades. Em países sub-industrializados a incidência desta doença 
não diminuiu significativamente e o seu tratamento, na maioria das vezes, não é realizado 
devido à falta de condições financeiras, por parte dos pacientes, para o tratamento 
convencional,sendo a extração dentária o tratamento mais comumente realizado para esses 
casos (FRENCKEN, 1997). 
O Tratamento Restaurador Atraumático (ART) foi desenvolvido por Frencken na 
década de 80, tendo, originalmente, como objetivo a atenção à saúde bucal de populações 
subdesenvolvidas com alta prevalência e gravidade da doença cárie. Considerada como um 
tratamento alternativo, atraumático e definitivo, esta técnica está fundamentada na filosofia de 
intervenção mínima e o método consiste na realização de restaurações com a utilização apenas 
de instrumentos manuais, sem a necessidade de anestesia local. Essa técnica caracteriza-se 
pela possibilidade de manter uma pequena camada profunda de tecido cariado sob o cimento 
de ionômero de vidro (CIV), o qual é tido como o material de eleição, por possuir a 
característica de liberação de flúor, adesividade às estruturas dentais, dispensando a 
necessidade de se confeccionar retenções adicionais por meio de desgastes destas estruturas, e 
também pela sua biocompatibilidade, que significa o material causar o mínimo de reação 
possível aos tecidos adjacentes ao local de sua aplicação. A remoção do tecido cariado, feita 
manualmente, é interrompida no momento em que o paciente relata sentir qualquer sinal de 
dor. Segundo Oliveira et al (1998), o ART é considerado um tratamento definitivo, não sendo 
indicado a reabertura desta cavidade para realizar nova restauração. 
Este trabalho tem por finalidade realizar uma revisão bibliográfica sobre o tratamento 
restaurador atraumático, abordando suas características, sua eficácia através de estudos 
variados, indicações e sua evolução, por meio de avanços na descoberta de novos materiais 
que permitam facilitar a realização do ART. 
 
 
 
 
 
 
 
2 REVISÃO DE LITERATURA 
 
2.1 TRATAMENTO RESTAURADOR ATRAUMÁTICO 
 
A remoção completa do tecido cariado foi, por muito tempo, considerada a estratégia 
ideal no tratamento de lesões de cárie dentinária, independente de sua extensão. Entretanto, 
especialmente em cavidades profundas, a remoção total da lesão de cárie pode resultar em 
exposição do tecido pulpar, o que requer tratamentos mais invasivos e manipulação direta 
deste tecido. Atualmente, a remoção parcial de cárie, objetivando a manutenção da 
integridade da polpa tem sido considerada como a terapia de escolha no tratamento de lesões 
profundas, desde que certos princípios de diagnóstico sejam respeitados. Procedimentos 
clínicos como capeamento pulpar indireto e tratamento restaurador atraumático, baseiam-se 
no mecanismo de defesa do complexo dentino-pulpar para alcançarem níveis de sucesso 
adequados. Realiza-se a remoção parcial de tecido cariado deixando-se apenas uma fina 
camada de dentina cariada na porção mais profunda da lesão (FRENCKEN, 1997). 
Conseqüentemente, vários aspectos são importantes para a indicação e realização destes 
procedimentos, como o mecanismo de defesa do complexo dentino-pulpar frente à lesão de 
cárie, diagnóstico inicial, diferenciação dos tipos de dentina que compõe a lesão cariosa e os 
materiais indicados para aplicação sobre a dentina remanescente (PAGANI, 2007). 
Segundo Frencken et al (1997), no “Manual de ART”, a técnica tem sido desenvolvida 
por causa de milhões de pessoas de países em desenvolvimento e grupos específicos 
(refugiados e comunidades carentes), as quais são incapazes de obter tratamento odontológico 
convencional. A opção por instrumentos manuais foi feita justamente para tornar a técnica 
acessível a todos os grupos populacionais, além de causar menos trauma para os dentes e ter 
baixo custo frente ao equipamento elétrico. Concluíram que a limitação da dor reduz a 
necessidade de anestesia local, logo reduz o trauma psicológico dos pacientes, além de 
simplificar o controle de infecção. Efeitos na microbiota bucal foram observados por Mertz-
Fairhurst et al (1998), demonstrando que as bactérias remanescentes sob restaurações e 
selantes mostravam-se em número e patogenicidade diminuída em relação à cárie e que a 
liberação de fluoreto do CIV contribuiu ainda mais para baixar o número de S. mutans na 
placa dental, mas não o suficiente para inibir o crescimento dos Lactobacilos, 
microorganismo característico na fase crônica da doença cárie. A atuação limitada sobre a 
microflora é interessante como terapia de choque nestes pacientes sob risco. No entanto, o 
controle da higiene bucal deve ser eficiente como forma de colaborar nesta terapêutica e na 
prevenção de novas lesões. 
O termo atraumático refere-se à ausência de dor em todos os momentos do tratamento, 
quer seja durante a remoção do tecido cariado, realizada com o uso de instrumentos manuais, 
removendo-se apenas a dentina infectada, a qual não apresenta sensibilidade dolorosa; ou 
durante a restauração, que é feita sob isolamento relativo (RAGGIO, 2002). A técnica 
restauradora atraumática é uma técnica bastante simples e de rápida execução, pois não prevê 
a realização de nenhum tipo de preparo cavitário, sendo necessária apenas a remoção da 
dentina infectada. Portanto, requer infra-estrutura mínima, não havendo a necessidade de 
energia elétrica para sua realização (FRENCKEN & HOLMGREN, 2001). 
Como limitação, a técnica restauradora atraumática não atende a todas as necessidades 
curativas do paciente, por estar contra-indicada para o tratamento de lesões de cárie em 
estágios avançados (MONICO & TOSTES, 1998). 
 O ART por vezes é confundido com adequação do meio bucal, porém são duas 
técnicas distintas e por isso se faz necessária uma breve distinção entre ambas. Segundo 
Oliveira et al (1998), enquanto que o ART é um tratamento restaurador definitivo, a 
adequação do meio bucal pode ser definida como um conjunto de medidas que leva ao 
controle da doença cárie. A filosofia atual de promoção de saúde visa não só à vedação das 
cavidades cariosas, re-integrando os dentes afetados na sua função, como também ao controle 
da atividade cariogênica. A adequação do meio bucal apresenta as seguintes etapas: 
1. Identificar, remover e/ou controlar os fatores da doença; 
2. Fazer o controle da placa bacteriana através da higiene da cavidade bucal e 
profilaxia profissional; 
3. Remover parcialmente o tecido cariado e promover imediato preenchimento da 
cavidade com cimento de óxido de zinco e eugenol reforçado, cimento de ionômero de vidro 
ou, conforme a situação, aplicação de soluções cariostáticas. 
Todos esses passos devem ser realizados de maneira intensiva, no período máximo de 
um mês, quando, verificando-se uma queda no risco e/ou atividade de cárie, só então podem 
ser removidas as coberturas temporárias e realizadas as restaurações definitivas. A adequação 
do meio bucal é, portanto, uma fase intermediária entre o estado da cavidade bucal como se 
apresenta no ato da consulta e o estado final de controle da doença cárie. É uma fase de 
preparo da cavidade bucal para receber o tratamento definitivo. 
 
 
2.2 ANTECEDENTES 
 
O ART teve início na África, em meados dos anos 80, se difundindo para outras 
regiões do mundo como Caribe e Tailândia. Foi posto em prática em situações clínicas em 
meados dos anos 90 e idealizado para o atendimento a populações de áreas carentes, como em 
países em desenvolvimento, onde falta infra-estrutura para a realização de um tratamento 
odontológico tradicional (ABO-RJ, 2001). Frencken et al (1996) desenvolveram um projeto 
direcionado a saúde bucal de refugiados em campos situados na fronteira entre Tailândia e 
Camboja baseado em resultados de estudos sobre a efetividade de procedimentos 
restauradores independentes de aparelhos elétricos. O objetivo foi fazer uma investigação 
epidemiológica da saúde bucal da população de refugiados assim como melhorar as condições 
de saúde oral desta população. 
A remoção química e mecânica da cárie foi introduzida em1972, quando surgiu no 
mercado um produto denominado GK 101, o primeiro sistema para esse tipo de remoção da 
cárie (SCHUTZBANK, 1975). Esse produto continha em sua composição n-monocloroglicina 
e hipoclorito de sódio e removia a cárie de forma muito lenta. No ano de 1984, foi lançado o 
Caridex™ (National Petent Medical Products Inc., EUA), baseado no GK 101, mas que 
continha como princípio ativo o ácido n-monocloro-DL-2 aminobutírico (NMAB), para 
reduzir efeitos agressivos nos tecidos sadios. A ação do Caridex™ causava ruptura do 
colágeno da dentina infectada, facilitando sua remoção. Seu insucesso clínico foi resultado da 
grande quantidade de produto a ser utilizada, do tempo gasto para a ação dele, de sua pequena 
vida útil, seu alto custo e da necessidade de usar instrumentais rotatórios durante a remoção 
da dentina cariada cronificada (KATZ, 1988). 
Segundo Pereira et al (2004), na década de 1990, foi desenvolvido o Carisolv™, que 
tinha como principal diferença dos outros produtos anteriormente lançados três aminoácidos 
em sua composição (leucina, lisina e ácido glutâmico), em vez de apenas um, o que produziria 
efeito diferente na dentina cariada, ou seja, a reação dos três aminoácidos com o hipoclorito 
de sódio (0,5%) neutralizava o comportamento agressivo em tecidos saudáveis, permitindo 
aumento da velocidade da remoção da cárie. A ação do hipoclorito consiste na reação dele 
com os aminoácidos presentes no Carisolv™, que degradam o colágeno encontrado nas 
porções desmineralizadas da lesão cariosa. O inconveniente do Carisolv™ era que, além de o 
gel ter alto custo e pequena vida útil, era necessário adquirir um conjunto de curetas 
específicas, desenhadas especialmente para remoção da dentina infectada, o que elevava, 
ainda mais, o custo do procedimento. 
2.3 CONCEITO DE INTERVENÇÃO MÍNIMA 
 
Apesar dos avanços da odontologia moderna, com a supervalorização dos conceitos 
estéticos e o desenvolvimento de novos materiais e técnicas restauradoras, grande parte da 
população ainda apresenta problemas de saúde bucal, devido ao fato de que nem todos têm as 
mesmas possibilidades de acesso a esse tipo de odontologia. Assim, é constante a busca por 
tratamentos de mínima intervenção e por materiais que facilitem a reabilitação estética e, 
principalmente, funcional dos pacientes, sobretudo, no contexto da promoção de saúde bucal, 
de modo a contribuir para o bem-estar geral do indivíduo. 
Se não houver tratamento direcionado para as lesões iniciais de cárie, a doença 
progredirá e lesões em dentina surgirão, como conseqüência da ação das bactérias 
acidogênicas. A dentina acometida pela ação dessas bactérias apresenta-se em diferentes 
camadas, sendo que a camada superficial é a necrótica, altamente infectada pela penetração 
bacteriana, amolecida e sem possibilidade de reorganização, devido à desnaturação 
irreversível das fibras colágenas. Abaixo dessa camada superficial, existe uma zona de 
desmineralização e, logo abaixo, a zona esclerótica, a qual pode apresentar descoloração, 
porém, não exibe sinais de infecção, sendo capaz de regenerar-se (FUSAYAMA, 1979). Um 
sistema eficaz de remoção de cárie deveria identificar a porção mineralizada e a porção 
desmineralizada, e apenas remover a última (RIOS, 2003). 
Braga et al (2005) afirmam que a dentina infectada tem como características 
principais: consistência amolecida, aspecto umedecido, alta concentração de bactérias, 
degradação das fibras colágenas pelos ácidos e pelas enzimas proteolíticas produzidas pelas 
bactérias e não é mais passível de remineralização. Já Katz (1988) descreve a dentina afetada 
como sendo semelhante à dentina sadia, tendo dentina peritubular densa e mineralizada, rica 
em fibronectina, proteína que parece controlar os odontoblastos, sendo passível de 
remineralização. 
O conceito de intervenção mínima não é recente, mas somente na década de 90 que 
seu emprego começou a ser amplamente difundido, através de simpósios, artigos científicos e 
publicações da OMS, entidade que endossa e promove ativamente o ART em vários países 
(WHO, 2008). 
 
 
 
 
2.4 EFICÁCIA 
 
Muitos estudos têm sido realizados sobre Tratamento Restaurador Atraumático (ART), 
no sentido de avaliar e demonstrar suas utilidades e aplicabilidade no tratamento odontológico 
preventivo restaurador, principalmente em países em desenvolvimento, áreas rurais e grupos 
comunitários menos favorecidos dentro de países desenvolvidos. O Tratamento Restaurador 
Atraumático - ART é uma alternativa de tratamento da cárie dentária direcionado para a saúde 
pública baseado na educação em saúde de adultos e crianças e também na solução dos 
problemas causados pela doença na cavidade bucal. 
Mickenautsch et al (1999), verificaram que após um ano de introdução da técnica do 
ART na África do Sul, o número de extrações foi reduzido, mais dentes foram restaurados e o 
tratamento foi considerado mais conservativo e mais agradável para os pacientes. 
Phantumvanit et al (1996) constataram, através de análise realizada em zona rural da 
Tailândia, após um ano, que a taxa de sucesso de ART em dentição permanente foi de 93%. 
Observaram também que a técnica foi bem aceita pelas crianças, que compareciam ao 
tratamento. Trabalhos recentes de pesquisa no Zimbabwe e na Tailândia tem mostrado através 
de estudos longitudinais e aplicação prática que, além de aplicável a todas as comunidades e 
bem recebido pela maioria dos pacientes, o ART tem obtido ótimos resultados. Os resultados 
de um recente estudo de Frencken et al (1996) no Zimbabwe em 1995 mostraram, através de 
cuidadosa aplicação do ART, que 85% das superfícies restauradas na dentição permanente 
apresentaram boas condições após três anos. Esse resultado representou grande avanço 
odontológico preventivo restaurador, já que, na região, o tratamento odontológico antecedente 
ao ART consistia de extrações múltiplas dos dentes destruídos pela cárie dental. 
Gotjamanos (1996) demonstrou que 50 dos 55 dentes examinados, em estudo na 
Austrália, após três a 56 meses da aplicação do ART, mostraram-se favoráveis à resposta 
pulpar, incluindo presença de abundante camada de dentina reparadora e odontoblastos. Para 
isso, a técnica de escavação manual da dentina cariada precisa ter rigorosa monitoria com o 
intuito de evitar exposição pulpar. Neves e Souza (1999) avaliaram o Tratamento Restaurador 
Atraumático em crianças HIV+, através de coleta e análise microbiológica da saliva, antes e 
após a realização do ART, e concluíram que o ART pode ser uma alternativa em programa de 
Saúde Bucal, para grupos populacionais especiais (portadores de graves doenças sistêmicas). 
Pela simplicidade e funcionalidade da técnica, o ART é um fator de auxílio no controle da 
cárie dentária em populações especiais, com alto risco de cárie como é o caso de crianças 
HIV+, em que as condições sistêmicas muitas vezes, podem dificultar uma intervenção 
convencional (PAGANI, 2007). 
Quanto à efetividade das restaurações, Frencken et al (1997) observaram, após um 
ano, 529 restaurações executadas dentro da técnica de ART, encontrando 79% e 55% de 
sucesso de restaurações de uma e duas superfícies, respectivamente, na dentição decídua. 
Pitiphat et al (1998) acompanharam, durante seis meses, 93 restaurações, tendo obtido um 
sucesso de 87% e 56% de restaurações de uma e duas superfícies, respectivamente. 
Observaram também que a dentição decídua obteve maior taxa de insucesso. Já em 1994, 
obtiveram, após dois anos de avaliação, sucesso em 86% de restaurações de uma face e 69% 
em restaurações de mais de uma superfície na dentição permanente. O resultado na dentição 
decídua foi novamente inferior, sendo 65% e 45%, respectivamente. Mallow et al (1998) 
obtiveram sucesso em 76,3% das restaurações de ART, após um ano, numa escola rural no 
Camboja e, após três anos,o índice baixou para 57,9%. A diminuição da efetividade das 
restaurações foi atribuída à falta de condicionamento dentinário, realizado com o líquido do 
próprio cimento de ionômero de vidro (que contém ácido poliacrílico), e à inexperiência dos 
operadores em relação à técnica. 
Schriks e Van Amerongen (2003) avaliaram a ansiedade e a reação de 403 crianças 
frente à realização de tratamento odontológico convencional e tratamento realizado pela 
técnica ART. Os autores verificaram que durante todo o tratamento odontológico das crianças 
tratadas pela técnica restauradora atraumática, os índices de tranqüilidade foram 
significativamente melhores que aquelas atendidas pela técnica convencional. 
Pagani et al (2007), em estudo sobre adequação do meio bucal através de ART, 
comprovaram ser este método, utilizando concomitantemente verniz fluoretado, instruções 
sobre dieta mais adequada e controle da higiene bucal, eficiente como terapia alternativa para 
pacientes infectados pelo HIV, devido à comprovada diminuição das colônias de S. mutans e 
Lactobacillus, havendo considerável melhora na qualidade de vida dos pacientes, 
minimizando o sofrimento causado pela doença cárie. 
Quanto à aceitação do ART, em estudo feito junto aos profissionais dentistas da 
Secretaria Municipal de Goiânia, sobre a opinião destes sobre o ART, Rios et al (2003), 
obtiveram os seguintes dados: 
• A maioria dos profissionais acredita na eficácia do ART; 
• A maioria dos profissionais acha que o ART deveria ser utilizado no serviço 
público; 
• Existe interesse em obter-se maior conhecimento e/ou aprimoramento técnico 
sobre ART pela maior parte dos cirurgiões dentistas da Secretaria Municipal de Saúde de 
Goiânia. 
 
2.5 MATERIAL UTILIZADO 
 
O cimento de ionômero de vidro convencional, tipo quimicamente ativado, é o 
material de eleição para a fase restauradora, pois tem como principais características a 
adesividade às estruturas dentais, biocompatibilidade, liberação e re-incorporação de flúor. 
Manipular corretamente os cimentos de ionômero de vidro é fundamental para garantir um 
resultado clínico satisfatório (RAGGIO, 2002). Os cimentos de ionômero de vidro 
desenvolvidos para o Tratamento Restaurador Atraumático apresentam mudanças em relação 
ao tempo de presa, que foi diminuído pelo aumento de ácido tartárico em sua composição, 
com a finalidade de acelerar a presa (endurecimento) do material. Também apresentam menor 
desgaste superficial em conseqüência do aumento da proporção pó-líquido, que dificulta a 
manipulação do material, pois é necessário agregar maior quantidade de pó a uma gota do 
líquido somente. Em função desse menor desgaste superficial, podem ser utilizados em locais 
com maior exigência mastigatória (RAGGIO & IMPARATO, 2005). O cimento de óxido de 
zinco e eugenol melhorado apresentou resultado similar em relação à durabilidade quando 
comparado ao cimento de ionômero de vidro em restaurações realizadas pela técnica 
atraumática, após avaliação clínica de 12 meses. O cimento de ionômero de vidro 
convencional mostrou desempenho superior em relação à eficácia mastigatória (OLIVEIRA, 
2000). 
Em um estudo sobre o efeito do CIV sobre a dentina cariada, verificou-se que em 45% 
da amostra, a dentina tornou-se com consistência endurecida. Remineralização e até hiper-
mineralização foram observadas, na dentina após o uso de restaurações com CIV (RAMOS, 
2001). 
O Fuji IX e o Ketac Molar são materiais dentários do tipo cimento de ionômero de 
vidro especialmente elaborados para serem utilizados na técnica do ART. A prova da 
efetividade da técnica foram os resultados obtidos nos campos de refugiados da Tailândia ao 
final de um ano, onde 79% das restaurações de ART estavam em perfeitas condições. Através 
desse trabalho concluiu-se que em um ambiente de pouca tecnologia obteve-se grande 
efetividade (RAMOS, 2001). 
Uma avaliação clínica da alteração da microflora oral demonstrou que, após o uso do 
CIV (Fuji IX) no ART, observam-se propriedades anti-cariogênicas do mesmo, comprovadas 
pela redução do número de Streptococcus mutans, o principal microorganismo associado à 
doença cárie, na saliva (GOTJAMANOS, 1996). 
 
2.6 EVOLUÇÃO 
 
Como o desenvolvimento de materiais odontológicos é crescente, uma nova 
modalidade de remoção de cárie vem sendo adotada, desde 1972: a remoção química e 
mecânica da cárie, que é uma técnica não-invasiva para remoção do tecido cariado, que 
consiste na aplicação de agente químico sobre a dentina infectada, que auxiliará na remoção 
da cárie. Esse processo implica apenas a remoção do tecido infectado, preservando as 
estruturas dentinárias sadias e conseqüentemente não causando irritação pulpar e desconforto 
ao paciente. 
Foi desenvolvida, pela Profª Drª Sandra Kalil Bussadori, uma nova formulação 
denominada Papacárie® (Fórmula e Ação, Brasil), que foi lançada no mercado, sob registro 
da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Com o intuito de globalizar a 
utilização dos sistemas de remoção química e mecânica do tecido cariado, vem-se 
promovendo, no Brasil, o emprego dessa técnica, principalmente no âmbito da saúde pública. 
O Papacárie® tem como princípio ativo a papaína, endoproteína com atividade bactericida, 
bacteriostática e antiinflamatória, e é composto por cloramina (composto contendo cloro e 
amônia, com propriedades bactericidas e desinfetantes), azul de toluidina, água, sais e 
espessantes. Baseia-se nos princípios da remoção química e mecânica do tecido dentinário 
infectado, aliando a máxima preservação das estruturas dentárias sadias com o efeito 
antimicrobiano e antiinflamatório dos componentes básicos de sua formulação. O Papacárie® 
é um gel feito à base de papaína, uma enzima digestiva extraída da casca do mamão. A 
papaína é proveniente do látex das folhas e frutos do mamão verde adulto, Carica papaya, 
cultivado nos países tropicais como: Índia, Ceilão, África do Sul e Hawai. A papaína é uma 
enzima similar à pepsina humana, com utilização nas indústrias alimentícias, farmacêutica, 
cosmética, entre outras (DA SILVA, 2005). É necessário de 30 segundos (cáries agudas) ou 
40 a 60 segundos (cáries crônicas) para que o tecido infectado amoleça e a restauração possa 
ser feita. Uma reaplicação, geralmente se faz necessária. O aspecto vítreo da cavidade 
representa a remoção de todo tecido cariado. O Papacárie® é um biomaterial que associa as 
propriedades da remoção químico-mecânica atraumática da cárie, com baixo custo, fácil 
aplicabilidade e não necessita de aparatos tecnológicos para ser realizado (PEREIRA, 2004). 
A papaína interage com o colágeno exposto pela dissolução dos minerais da dentina pelas 
bactérias, o que torna a dentina infectada mais amolecida, permite sua remoção por meio de 
instrumentais não cortantes e dispensa, assim, o uso de anestesia e de instrumentais rotatórios. 
A cloramina é um composto que é baseado no princípio de que um ingrediente ativo age no 
colágeno pré-degradado da lesão, amolecendo-o, sem agir nos tecidos sadios adjacentes e sem 
provocar estímulos dolorosos. Reúne características atraumáticas e a ação bactericida e 
bacteriostática, o que torna essa técnica alternativa eficaz no tratamento das lesões de cárie 
(BANERJEE, 2000), e perfeitamente aplicável à técnica do ART (PEREIRA, 2004). 
Da Silva et al., (2005) avaliaram a citotoxicidade in vitro do Papacárie®, realizando 
testes a curto e longo prazo em cultura de fibroblastos nas diferentes concentrações (2%. 4%, 
6%, 8% e 10%) de papaína e concluíram que o mesmo não demonstrou ser citotóxico em 
cultura de fibroblastos. 
Segundo Bussadori (2005), é importante salientar as indicações do gel Papacárie, o 
qual pode ser utilizado com sucesso em pacientes com necessidades especiais, 
odontopediatria, adultos fóbicos, cáries muito próximas à polpa, ou seja, em qualquer tipode 
lesão de cárie, sendo uma das suas principais utilizações, seu uso no âmbito da saúde pública, 
devido ao seu baixo custo. Além disso, não há qualquer risco se o gel entrar em contato com 
tecidos moles bucais, pois o mesmo não é tóxico, como comprovado nos inúmeros testes 
realizados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 DISCUSSÃO 
 
A já comprovada eficácia do ART, em cumprir com excelência a missão a que se 
destina, que é levar a prevenção às regiões em que esta não se faz presente pela dificuldade de 
acesso ou por escassez de recursos no provimento de atendimento odontológico dentro da 
filosofia de promoção de saúde, nos leva a crer que esta técnica, que apresenta baixo custo e 
ampla cobertura, o conceito mais moderno de saúde pública, deveria ser adotada de forma 
mais abrangente no nosso país, onde existem várias regiões que não possuem infra-estruturas 
básicas de saúde à população. 
Em resumo, todos os dados disponíveis tendem a mostrar a eficácia, aplicabilidade, 
baixo custo e fácil manuseio da técnica. Importante salientar que o ART é apenas um 
componente do tratamento de saúde bucal, o qual deve sempre começar com mensagens de 
promoção de saúde sobre dieta prudente e ótima higiene oral. Tratamento este desenvolvido 
para atender milhões de pessoas de países em desenvolvimento e grupos específicos como 
refugiados e comunidades carentes, as quais estão impossibilitadas de obter tratamento 
dentário restaurador convencional. 
Nos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI) o TRA tem sido indicado como 
tratamento de escolha para procedimentos clínicos em saúde bucal. Portanto faz-se necessária 
uma avaliação de sua aplicabilidade nas condições encontradas no desenvolvimento de 
atividades em comunidades indígenas, assim como suas vantagens e desvantagens. 
Lima (2003), realizou uma análise das Ações de Saúde Bucal desenvolvidas no DSEI 
Parintins, e entrevistas com os índios usuários a fim de avaliar sua compreensão e satisfação 
com o tratamento realizado. 
Os seguintes objetivos foram traçados: 
− Verificar a viabilidade da execução do TRA nas comunidades indígenas do DSEI 
Parintins; 
− Verificar a adesão do paciente ao TRA. 
Desde que a técnica passou a ser utilizada nas comunidades, em 2002, foi observado 
pela equipe um aumento crescente no número de indígenas que receberam restaurações. Em 
2002 foram realizadas em nove viagens às aldeias 1.723 restaurações e em 2003 foram 1.199 
restaurações realizadas em seis viagens. 
Foram realizadas entrevistas com 22 indígenas das comunidades de Nova Alegria, 
Vila da Paz, Ponta Alegre, Molongotuba, Simão, Escola Agrícola São Pedro e Vila Nova. 
Todos os entrevistados relataram ter gostado do tratamento restaurador atraumático e 
conseguiram mastigar normalmente com o dente tratado. 
Dos 22 entrevistados, 17 relataram que fazer o tratamento restaurador atraumático é 
melhor que “arrancar” o dente. 
De acordo com as respostas colhidas no questionário, observou-se que 100% de do 
entrevistados estavam satisfeitos com a restauração feita utilizando-se o TRA e relataram 
estar satisfeitos com o tratamento realizado, dizendo ainda quererem que os odontólogos do 
DSEI continuem realizando o tratamento em área indígena. 
Houve resistência por parte dos indígenas no começo da aplicação da técnica TRA, 
pois eles associavam o ART à técnica de adequação do meio bucal feita com cimento de 
óxido de zinco e eugenol, que possui baixa resistência e que era usado na rotina de trabalho 
até 2001. Como era utilizado óxido de zinco e eugenol, as restaurações eram pouco duráveis e 
como a visitas da equipe odontológica eram de 3 em 3 meses ou até de 4 em 4 meses, muitos 
pacientes ficavam com a cavidade exposta e com grau variado de incômodo, fazendo com 
que, ao retorno da equipe, eles não quisessem mais que colocasse a “massinha branca” e sim 
“tirar” o dente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 CONCLUSÃO 
 
Extensivos estudos comprovaram o sucesso na aplicabilidade, eficácia e 
funcionalidade da técnica do ART como tratamento odontológico preventivo restaurador. 
O ART tem sido um sucesso pela sua utilização em milhões de pessoas de países em 
desenvolvimento que são incapazes de obter tratamento dentário convencional ou residem em 
locais que não possuem infra-estrutura adequada à instalação de equipamento odontológico 
elétrico e que, por isso, atualmente não têm acesso ao tratamento odontológico. Esse sucesso 
também é devido à utilização do material, cimento de ionômero de vidro, pelas suas 
propriedades de adesão química ao esmalte, dentina e cemento, pela sua biocompatibilidade, 
durabilidade, liberação contínua de flúor, atuando positivamente sobre a microbiota bucal e a 
dentina remanescente. 
Endossada por diversos autores de vários países e pela própria OMS, não resta dúvida 
de que o ART é uma técnica que tem sua indicação, como prevenção em odontologia, 
principalmente nos estados e cidades brasileiros mais carentes de recursos financeiros 
destinados à saúde, impedindo assim que as pessoas que habitam estas regiões tenham que 
conviver com a morbidade causada pela doença cárie, que rebaixa ainda mais a sua qualidade 
de vida. 
O grande número de estudos sobre ART confirmou a sua aplicabilidade. Por ser uma 
técnica manual de remoção de tecido dental cariado, não exige infra-estrutura voltada ao 
atendimento odontológico, equipamentos elétricos e sofisticados sistemas restauradores. 
No estudo de Lima (2003), sobre a aplicabilidade do ART nas comunidades indígenas 
Sateré – Mawé do Rio Andirá, concluiu-se que é viável a realização de ART em comunidades 
indígenas, devido às vantagens de sua aplicação nas condições de infra-estrutura encontrada 
nessas regiões, em comparação com técnicas tradicionais de restauração, como amálgama e 
resinas, que necessitam de energia elétrica, por exemplo. 
Após quase dois anos de utilização da ART na área indígena, está havendo um maior 
numero de pacientes a procura da equipe odontológica para “obturar” o dente e não mais 
“tirar” o mesmo. 
Como 100% dos entrevistados aprovaram a nova técnica podemos concluir que há 
uma ótima aceitabilidade por parte dos indígenas, o que ajuda na aplicabilidade da técnica. 
 
 
 
 
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