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Proteção Penal ao Indivíduo Conceitos essenciais da Parte Especial do CP: Bem jurídico tutelado: é o valor social protegido pela norma penal incriminadora. É o bem da vida que tem relevância jurídico-penal de forma subsidiária (Roxin). A proteção penal dos bens jurídicos deve estar norteada pela Constituição Federal como norma fundamental que fixa o conteúdo e os limites da norma penal. Ex: vida. Integridade física, patrimônio, fé-pública, etc... Sujeitos do crime: Para cada conduta prevista como crime existe um agente e uma vítima. *Sujeito Ativo: é o autor, coautor ou partícipe da conduta descrita no tipo penal. Em regra será sujeito ativo o ser humano maior de 18 anos. Pode-se responsabilizar a PJ em conformidade com o art. 173, § 5º e 225, § 3º da CF e de forma indireta a depender da conduta da pessoa física que atuou em seu nome e benefício. ►Classificação dos crimes quanto à pluralidade de sujeitos ativos: - Crimes unissubjetivos, monossubjetivos ou de concurso eventual: podem ser cometidos por uma só pessoa ou por várias em concurso de agentes (art. 29 CP). São a maioria dos crimes. Exs: homicídio, lesão corporal, furto, tráfico de drogas, etc.. - Crimes plurissubjetivos ou de concurso necessário: dá-se quando o tipo penal exige a pluralidade de sujeitos ativos como requisito típico, ou seja, a conduta descrita deve ser praticada com duas ou mais pessoas. Ex; Bigamia. Os crimes de concurso necessário dividem-se em: de condutas convergentes: bigamia (art. 235 CP); de condutas paralelas: quadrilha ou bando (art. 288 CP); de condutas contrapostas: rixa (art. 137 CP). ►Classificação dos crimes quanto à qualidade especial do sujeito ativo: - Crimes comuns: não se exige nenhuma qualidade especial do agente. Qualquer PF com 18 anos pode praticar o crime. São a maioria dos crimes. Exs. homicídio, furto, estelionato, tráfico de drogas, etc... -Crimes Próprios: quando a lei requer alguma qualidade específica do sujeito ativo. Ex: peculato (só o funcionário público pode ser autor); autoaborto; infanticídio; etc.. Esses crimes admitem a participação de terceiro que não ostente a condição especial, pois esta é pessoal e indispensável (elementar do tipo), comunicando-se aos coautores e partícipes (art. 30 CP). -Crimes bipróprios: quando a lei exige condição especial do sujeito ativo e passivo. Ex: crime de maus-tratos, art. 136 CP. - Crimes de mão própria ou atuação pessoal: exige-se uma qualidade especial do agente, mas não há possibilidade de coautoria, somente admitindo a participação. Ex: falso testemunho ou falsa perícia (art. 342 CP). *Sujeito Passivo: é a PF, PJ ou ente não personificado que sofre as consequências diretas e indiretas da conduta. Exs: feto, recém- nascido, Estado, sociedade, etc.. O sujeito passivo pode ser: constante ou formal – Estado; eventual ou material- é o titular do BJT na norma penal. OBS: Pessoa morta não pode ser sujeito passivo e nem os animais, pois não são mais titulares de direitos e bens jurídicos. Os entes sem personalidade jurídica, como a família, pode ser sujeito passivo, sendo chamados de crimes vagos. OBS: Sujeito passivo ≠ Prejudicado civilmente pelo crime. Ex: moeda falsa: sujeito passivo coletividade ou fé-pública; prejudicado- quem recebeu a moeda. ► Classificação dos crimes quanto ao sujeito passivo: - Vagos: quando a vítima for um ente sem personalidade jurídica. Ex: crimes contra a família. - Única subjetividade passiva: possuem só uma vítima. -Dupla subjetividade passiva: possuem duas vítimas: Ex: violação de correspondência: destinatário e remetente. Tipo Objetivo: é o verbo nuclear descrito no tipo, ou seja, é a conduta incriminada. Ex: matar, constranger mediante violência ou grave ameaça, subtrair, falsificar, etc.. Elementos do Tipo Objetivo: -Núcleo: ação ou omissão descrita na lei. -Elementos objetivos ou descritivos: são todos os dados da figura típica que podem ser percebidos por meio dos sentidos (Objeto material- pessoa ou coisa sobre a qual recai a conduta; meio executório e circunstâncias temporais ou espaciais. Ex: Furto- “subtrair coisa alheia móvel”: subtrair- núcleo; coisa móvel: objeto material; alheia: elemento normativo (conceito jurídico); Tipo Subjetivo: é a intenção do agente em praticar todos os elementos descritos no tipo. Pode ser dolosa ou culposa (se houver previsão expressa, conforme art. 18, § único CP). Elemento subjetivo especial ou fim especial de agir: é uma intenção específica descrita, excepcionalmente, em alguns tipos. Ex: com o fim de obter vantagem indevida, animus definitivo, etc.. Consumação: análise do iter criminis: Fase interna- - Cogitação: o crime está na esfera psíquica do agente, sem nenhuma exteriorização do ato (irrelevância penal). Fase externa- - Preparação: quando a ideia criminosa se materializa por meio de condutas voltadas ao cometimento do crime. Regra geral: os atos preparatórios não são puníveis. Exceção: O legislador transforma em crimes autônomos algumas condutas que constituem atos preparatórios de outros delitos. Ex: quadrilha ou bando ou petrechos para falsificação de moeda. - Execução: é o ato idôneo e inequívoco tendente à consumação do crime. ► Critérios para aferição do início da execução: Critério material: a execução se inicia quando a conduta do agente passa a colocar em risco o BJT. Critério formal-objetivo: só há início da execução se o agente praticou alguma conduta nuclear do tipo. OBS: Para o CP há consumação quando se fazem os presentes todos os elementos da definição legal do delito (art. 14, I, CP). ► Variação da Consumação conforme a natureza do crime: Crimes materiais ou de resultado: consumam-se com a ocorrência do resultado naturalístico ou material (modificação do mundo exterior provocada pela conduta); Ex: homicídio Tipo = Conduta + Resultado naturalístico = Consumação Crimes de mera conduta: consumam-se com a ação ou omissão prevista e punida na norma penal incriminadora. O tipo penal traz somente uma conduta sem resultado. Ex: omissão de socorro Tipo = Conduta = Consumação Crimes Formais: o tipo traz a conduta e o resultado, mas não há necessidade de configuração deste para a consumação. Ex: perigo de contágio venéreo Tipo = Conduta + Resultado naturalístico Consumação = Conduta Crimes Permanentes: a fase consumativa prolonga-se no tempo. Ex: sequestro Crimes Culposos: são todos consumados com a realização do resultado naturalístico. Crimes Omissivos: - Próprios: são de mera conduta - Impróprios: são sempre materiais ou de resultado Crimes qualificados pelo resultado: consumam-se com a ocorrência do resultado agravador. Crimes habituais: só se consumam se o sujeito praticar a conduta repetidas vezes. Uma só conduta é fato atípico. Tentativa ou conatus (art. 14 CP): Início da execução + não consumação + por circunstâncias alheias à vontade do agente. É uma norma de adequação típica por subordinação mediata ou indireta (extensão temporal da figura típica que alcança condutas anteriores ao momento consumativo). É causa de diminuição obrigatória na terceira fase. OBS: Existem crimes que são punidos com a mesma pena tentados ou consumados. São os Crimes de Atentado ou Empreendimento, art. 352 CP. ► Tipos de tentativa: Perfeita ou crime falho: o agente percorre todo o iter criminis, mas, por circunstâncias alheias a sua vontade, não consegue consumar o crime. Imperfeita: o agente não consegue, por circunstâncias alheias a sua vontade, prosseguir na execução do crime. Branca ou incruenta: quando a vítima não é atingida (o BJT não chega a ser lesionado). Cruenta: a vítima é atingida. Abandonada ou qualificada: desistência voluntária e arrependimento eficaz (art. 15 CP). Inadequada ou inidônea: é o crime impossível (art. 17 CP). ☺☺Crimes que não admitem tentativa:- Culposos: o agente não quer o resultado. Logo, é incompatível com a tentativa. - Preterdolosos: o resultado agravador decorre de culpa. - Unissubsistentes: a conduta não admite fracionamento, pois há uma ação ou omissão indivisível. Ex: injúria (art. 140 CP). - Omissivos puros: há a previsão de um não fazer (omissão de socorro) e a própria inércia já consuma o delito. - Contravenções Penais: o art. 4º da LCP veda a punição da tentativa - Crimes que a lei pune somente quando ocorre resultado: art. 122 e art. 164 CP. - Crimes permanentes de forma exclusivamente omissiva: art. 148 na forma omissiva. - Crimes de atentado ou empreendimento: art. 352 CP. Exaurimento: ocorre quando o agente, após consumar o delito, pratica nova conduta, provocando nova agressão ao BJT. Ex: art. 317, § 1º CP. Ação Penal: Pública: incumbe ao MP - Incondicionada: independe de autorização para instauração. Inicia-se pela denúncia. Quando o tipo penal nada disser, temos APP Incondicionada, art. 100 CP. - Condicionada: o exercício depende de autorização do ofendido ou representante legal ou de requisição do MJ. A lei vai dizer expressamente quando a APP for condicionada, art. 100, § 1º CP. Privada: vem expressa na lei. - Exclusivamente privada: o titular será o ofendido ou seu representante legal quando menor de 18 anos. - Personalíssima: só pode ser ajuizada pelo ofendido, não se transmitindo a titularidade ao herdeiros (CCADI). Ex: art. 236 CP. - Subsidiária da pública: no caso de inércia do MP nas ações penais públicas, a vítima ou seu representante legal podem oferecer queixa-crime subsidiária. AGRAVANTES/ATENUANTES (art. 61/62 e 65/66 CP) MAJORANTES/MINORANTES OU CAUSAS DE AUMENTO/DIMINUIÇÃO (previstas na parte geral e especial do CP e leis especiais) -São consideradas na 2ª fase de aplicação da pena, tomando por base a pena-base. Esta pena-base tem como ponto de partida a pena simples ou qualificada de um crime, e é aplicada com fundamento no artigo 59 do CP. OBS: As qualificadoras mudam o patamar mínimo e máximo da pena prevista nos tipos penais. Ex: homicídio simples (121, CP): reclusão de 6 a 20 anos; Homicídio qualificado: reclusão de 12 a 30 anos -São consideradas na 3ª fase de aplicação da pena, tomando por base a pena intermediária ou provisória. Aqui se estabelece a pena - definitiva - Devem respeitar os limites legais de pena previstos. Súmula 231 do STJ: A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena abaixo do mínimo legal. (ENTENDIMENTO MAJORITÁRIO) -Não devem respeito aos limites legais de pena previstos, ou seja, a pena definitiva pode ficar aquém do mínimo ou além do máximo. Somente na 3ª fase é que se pode fixar a pena abaixo ou acima do mínimo e máximo legais (ENTENDIMENTO MAJORITÁRIO). -O quantum de aumento ou de diminuição fica a critério do juiz. Recomenda-se 1/6 para cada circunstância reconhecida na sentença. -São obrigatórias, desde que não constituam elementar ou qualificadora de crime (non bis in idem). -O quantum está previsto em lei, ainda que em quantidade variável, restringindo mais a atividade do juiz na sentença. -Essas causas encontram-se tanto na parte geral (causas gerais), quanto especial (causas especiais) do CP e legislação extravagante. - Como identificá-las na legislação: CAUSAS DE AUMENTO: índice de soma ou multiplicação a ser aplicado sobre a pena. Ex: no concurso formal a pena é aumentada de 1/6 a 1/2 (art. 70, CP); a pena é aumentada em 1/3 se a vítima é menor de 14 anos (121, § 4º, CP); a pena é aplicada em dobro se a manobra abortiva gera a morte da gestante (127 CP). CAUSAS DE DIMINUIÇÃO: índice de redução a ser aplicado sobre a pena. Exs: pena reduzida de 1/3 a 2/3 na tentativa (art. 14, § único, CP); pena reduzida de 1/6 a 1/3 no homicídio privilegiado (121, § 1º).
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