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CRIMES CONTRA A PESSOA AULA 8

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CRIMES CONTRA A PESSOA
AULA 8
- Não procura diminuir as conseqüências do ato: é uma redundância, pois equivaleria ao arrependimento posterior art. 16, CP.
- Homicídio doloso contra menor, (§ 4º acrescentado pelo ECA): não poderia estar nesta disposição pois se refere ao homicídio culposo; trata-se de impropriedade técnica. É de aplicação obrigatória sempre que a vítima for menor de 14 anos, em qualquer tipo de homicídio (privilegiado, qualificado ou simples). 
OBS: Tem que ser menor na data do fato.
OBS: Menoridade e grupo de extermínio: embora tenha sido prevista para ações de grupo de extermínio, a majorante é aplicada a todos os sujeitos ativos que pratiquem homicídio contra menor de 14 anos.
- Majorantes do homicídio: as majorantes representam um plus na culpabilidade, diferente das qualificadoras que integram a tipicidade. As majorantes e minorantes não se confundem com as qualificadoras ou agravantes ou atenuantes genéricas. Elas funcionam como modificadoras da pena na terceira fase do cálculo de sua aplicação. 
- Fuga para evitar prisão em flagrante: não se confunde com a omissão de socorro, pois o risco pessoal iminente afasta a tipicidade da própria conduta omissiva e não somente da majorante.
5- Perdão judicial (§ 5º, 121, CP): a gravidade das conseqüências do fato deve ser avaliada pelo juiz em função da pessoa do agente, de forma subjetiva. Há necessidade de existência de vínculo afetivo significativo entre autor do fato e vítima. 
OBS: Se estiverem presentes os requisitos exigidos, não poderá deixar o juiz de conceder o perdão. É direito subjetivo de liberdade do indivíduo.
SÚM. 18 STJ
Homicídio: crime hediondo- homicídio simples praticado em ação típica de grupo de extermínio e o homicídio qualificado (art. 1º, I, lei 8072/90).
Ação penal: Pública incondicionada em todas as suas modalidades.
OBS: Não se admite continuidade delitiva nos crimes contra vida (Súm. 605 STF).
Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio (art. 122 CP)
a) Bem jurídico tutelado: é a vida humana que no sistema Brasileiro é indisponível.
b) Atipicidade da tentativa: no Brasil não se pode punir o cadáver ou aquele que tentou e não conseguiu se matar.
OBS: SE O CRIME NÃO SE CONSUMA, O AGENTE NÃO RESPONDE.
c) Sujeito ativo: qualquer pessoa, pois é crime comum. É necessário que o sujeito seja capaz de induzir, instigar ou auxiliar a colocação em prática da vontade de alguém de suicidar-se.
OBS: A VÍTIMA NUNCA SERÁ SUJEITO ATIVO, POIS MATAR-SE NÃO É CRIME.
OBS: Se 2 pessoas fizerem pacto de morte e sobreviverem ambas serão co-autoras.
OBS: Se alguém induzir outrem a instigar uma 3ª pessoa a suicidar-se, o indutor será partícipe (atividade meramente acessória) e o instigador será autor do 122, pois realizou o verbo nuclear do tipo.
d) Sujeito passivo: é a pessoa induzida, instigada ou auxiliada. A vítima precisa ter capacidade de discernimento, pois se não tiver tal compreensão, será caso de autoria mediata. 
OBS: A vítima precisa ser determinada, não configurando o crime quando houver um número indeterminado de pessoas. 
Ex: publicação de livro que instigue o suicídio, caso de seitas com suicídio em massa.
OBS: Se a vítima for obrigada a se suicida, haverá homicídio e não suicídio.
Ex: caso dos skinheads que obrigaram o rapaz a se jogar do trem em SP. 
e) Tipo objetivo: é o núcleo do tipo. Quem praticar essas ações será AUTOR do crime e não partícipe, quando for um único sujeito ativo. 
- Induzir: fazer surgir uma idéia que ainda não existe na mente da vítima;
- Instigar: animar, estimular, reforçar uma idéia já existente na mente do agente;
- Auxiliar: ajudar materialmente alguém a se suicidar.
- Alguém: outra pessoa além do sujeito ativo.
- Tipo de conteúdo variado: ainda que o agente pratique várias condutas juntas, incorrerá em crime único.
OBS: Não basta o sujeito criar uma situação tentadora para a vítima, a instigação deve estar direcionada a fato determinado
OBS: Possibilidade de omissão: nada impede que a prestação de auxílio também ocorra sob forma de omissão, quando o agente for garantidor (tem o dever jurídico de evitar o suicídio). 
Exs: mãe que sabe da depressão da filha e a deixa sozinha em casa sem assistência e esta se mata, médico de hospital psiquiátrico que deixa paciente com objetos cortantes no quarto; carcereiro que deixa preso com idéias suicidas portar cinto na cela, ...
OBS: Requisitos da participação em suicídio:
- Eficácia causal da participação;
- Consciência de participar na ação voluntária de alguém em suicidar-se;
f) Tipo subjetivo: adequação típica
Dolo: direto ou eventual de provocar a morte da vítima instigando ou induzindo a suicidar-se:
Ex: dolo eventual: filha depressiva que usa drogas e o pai a expulsa de casa, sabendo das intenções da filha em se matar; marido que vem reiteradamente espancando a esposa e sabe que esta quer se matar e não pára com as agressões.
OBS: Não há o crime de participação em suicídio na forma culposa e muito menos participação culposa no crime.
g) Consumação e tentativa:
- Consumação: com a morte da vítima.
- Tentativa: trata-se de uma figura complexa, que prevê no próprio tipo a figura tentada (tentativa qualificada), pois se admite a punição quando resultar de lesão grave. Logo, não se admite a tentativa branca (lesão leve), mas somente a cruenta (lesão grave).
h) Classificação doutrinária: comum, comissivo, excepcionalmente omissivo (auxílio), de dano, material, instantâneo, doloso, de conteúdo variado.
i) Figuras majoradas: 
- motivo egoístico: vantagem pessoal
-vítima menor (entre 14 e 18 anos): precisa ter certa capacidade de discernimento, caso contrário será homicídio.
-capacidade de resistência diminuída: doença, embriaguez
OBS: Greve de fome: o médico tem o dever zelar pela saúde (art. 146, § 3º CP c/c art. 13 CP). Se não atuar responderá por omissão imprópria.
OBS: Testemunhas de Jeová: o médico também está obrigado a agir e amparado pelo art. 146, § 3 º CP. (vida x liberdade de consciência).
OBS: Roleta russa: quem sobrevive responde pelo 122; mas se algum foi coagido a participar da aposta e sobreviver responde por homicídio doloso.
OBS: Pacto de morte: o sobrevivente responde por homicídio se participou de algum ato executório. Se somente houver induzido, instigado ou auxiliado seu parceiro responde pelo 122. Se ninguém morrer: o que realizou a atividade executória contra o parceiro responde por homicídio tentado e aquele que contribuiu responde pela tentativa qualificada de suicídio (lesão corporal grave).
j) Ação penal: publica incondicionada
2- Infanticídio (art. 123 CP):
a) Bem jurídico tutelado: vida humana do recém nascido ou nascente.
OBS: Não há necessidade de vida extrauterina autônoma, bastando a vida biológica.
b) Sujeito ativo: somente a mãe pode ser sujeito ativo do crime e desde que se encontre sob a influencia do estado puerperal. É crime próprio.
c) Sujeito passivo: próprio filho (durante o parto ou logo após). O feto sem vida não é objeto do infanticídio.
d) Tipo objetivo: matar o próprio filho, durante o parto ou logo após, em estado puerperal.]
- estado puerperal: é um estado febril e perturbador da psique comum às parturientes. Para que haja o infanticídio, o puerpério deve provocar alteração emocional capaz de levar a mulher a matar o próprio filho por diminuição da capacidade de discernimento.
e) Nexo causal: deve haver relação de causalidade entre o estado puerperal e a conduta infanticida.
f) Efeitos do puerpério:
- puerperio não produz alteração na mulher; (responde por homicídio)
-produz perturbações psicossomáticas que dão causa à violência contra o filho; (infanticídio)
-produz doença mental;(inimputável e é isenta de pena- art. 26, caput CP)
-produz perturbação da saúde mental diminuindo a capacidade de entendimentoou determinação;(redução de pena em razão da semi-imputabilidade)
g) durante ou logo após o parto deve ser combinado com o estado puerperal.
OBS: O estado puerperal é elementar do tipo e portanto se comunica ao terceiro que participa da ação, respondendo ambos por infanticídio e não por homicídio, desde que a mãe for autora ou co-autora do crime.
OBS: Aborto e infanticídio: aborto- feto (antes de iniciado o parto)
h) Tipo objetivo: Dolo (direto ou eventual)
i) Consumação: com a morte do próprio filho nascente ou recém nascente.
j) Tentativa: admissível
 
k) não há previsão culposa, mas se a morte ocorrer por culpa, o agente responderá por homicídio culposo.
l) Crime impossível: quando a mãe pensa que o filho está vivo e tenta matá-lo, mas a criança está morta.
OBS: Se a morte ocorrer antes do parto é crime de aborto. Se ocorrer durante ou logo após e sob a influencia do puerpério será infanticídio. Se ocorrer durante ou logo após o parto, mas sem a influencia do puerpério será homicídio.
OBS: Não há a exigência absoluta de prova pericial para constatar o puerpério.
OBS: Haverá possibilidade de concurso de pessoas conforme art. 30CP (existem posições contrárias).
Aborto (art. 124 e ss. CP):
1- Figuras típicas do aborto:
a) Aborto provocado (art. 124): a própria mulher assume as responsabilidade pelo abortamento.
b) Aborto sofrido (art. 125): o aborto ocorre sem o consentimento da mulher.
c) Aborto consentido (126): a gestante não provoca o aborto, mas consente que terceiro o provoque.
2- Bem jurídico tutelado: é a vida do ser humano em formação (embrião ou feto). Quando o aborto for provocado por terceiro protege-se também a saúde da gestante.
3- Âmbito de proteção: vida intrauterina (desde a concepção até os momentos anteriores ao parto – antes do rompimento da bolsa amniótica).
4- Sujeito Ativo: 
-No autoaborto e no aborto consentido (art. 124 CP): é a própria gestante, pois somente ela pode provocar o aborto em si mesma ou deixar que alguém o provoque.
-No aborto provocado por terceiro com ou sem o consentimento da gestante: qualquer pessoa pode ser sujeito ativo.
5- Sujeito Passivo:
- No autoaborto e no aborto consentido (art. 124 CP): é o produto da concepção (embrião ou feto), não sendo considerada a autolesão na gestante.
OBS: No aborto não se aplica a agravante genérica do art. 61, II, h (crime praticado contra gestante), pois é elementar do tipo de aborto.
6- Tipo Objetivo:
a) “Aborto”: é a interrupção da gestação até o início do parto, havendo necessidade da expulsão prematura do feto e sua morte. A partir do início do parto o crime será de homicídio ou infanticídio. É necessário que exista gravidez em curso e que o feto esteja vivo dentro da mulher, sendo que sua morte deverá ser resultado das manobras abortivas.
a.1) “Autoaborto”: provocar o aborto em si mesma ou permitir que outro o faça (art. 124 CP);
a.2) “Aborto sem o consentimento” (art. 125 CP): 
- sem consentimento real: a mulher é forçada a abortar.
- sem consentimento presumido: quando a gestante é menor de 14 anos, alienada ou débil mental).
7- Espécies de aborto: 
a) Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento (art. 124 CP): nas duas modalidades é crime de mão própria, pois somente a gestante pode provocar o aborto em si mesma ou permitir que terceiro o faça. A mulher que consente que terceiro faça o aborto incorre na mesma pena como se tivesse realizado ao aborto em si mesma.
Ex: se a marielly tivesse sobrevivido, responderia por esse tipo de aborto.
OBS: Há possibilidade de participação quando o partícipe instiga, induz ou auxilia a gestante tanto a praticar o autoaborto quanto a permitir que terceiro o faça.
Ex; o cunhado que levou a marielly para o local do aborto é partícipe do 124 CP.
OBS: Não há possibilidade de coautoria no 124 CP, pois se o terceiro for além dos atos acessórios e executar o crime junto com a gestante não será coautor, mas sim autor do 126 CP.
Ex: o enfermeiro que praticou o aborto na marielly, não é coautor do 124, mas autor do 126 CP. Não há coautoria entre o terceiro e a gestante. 
b) Aborto sem o consentimento da gestante (art. 125 CP) ou aborto sofrido: há necessidade de ausência de consentimento da gestante, pois é elementar do tipo.
- O terceiro que provoca o aborto sem o consentimento da gestante, não responderá pelo crime de constrangimento ilegal, pois o constrangimento integra a definição do art. 125.
- Não há necessidade que haja violência, grave ameaça ou fraude; basta a simulação ou mesmo a dissimulação, ardil ou qualquer outra forma de burlar a atenção ou vigilância da gestante.
EXs: Empurrar a gestante da escada, colocar abortivo no chá, ou qualquer outra forma que possa enganar a gestante.
c) Aborto provocado com o consentimento da gestante (art. 126 CP): o terceiro que provoca o aborto com o consentimento da gestante não será coautor do 124, mas responde por crime próprio do art. 126 CP, não se aplicando a art. 29 CP. Por razões de política criminal atribuiu-se maior desvalor à conduta do terceiro que efetivamente realiza as manobras abortivas do que a conduta da gestante em somente consentir.
OBS: O aborto consentido (art. 124, 2ª parte) e o aborto consensual (art. 126 CP) são crimes de concurso necessário, pois exigem a participação da gestante e do terceiro, mas, cada um responde por um crime diferente.
8- Tipo subjetivo: é o dolo que consiste na vontade livre e consciente de interromper a gravidez, matando o feto ou assumindo o risco de matar. Na hipótese de dolo eventual, se a mulher não tiver certeza da gravidez, mas mesmo assim praticar manobras abortivas, está caracterizado o crime.
OBS: Se o agente mata mulher que sabe estar grávida, comete homicídio em concurso formal com aborto, aplicando a pena mais grave com aumento (exasperação). O homicídio será por dolo eventual.
Ex: caso do enfermeiro que praticou o aborto na marielly.
OBS: Se houver a intenção de matar a mulher e provocar o aborto, haverá concurso formal impróprio e as penas serão somadas (cúmulo material).
OBS: Se o agente não queria matar a mulher, mas apenas lesionar, sabendo ou devendo saber da gravidez, e da lesão decorre o aborto, responde por lesão corporal gravíssima (art. 129, § 3º, V CP) – segundo Heleno Fragoso. Para os demais doutrinadores, quando o agente desfere um pontapé no ventre de uma mulher visivelmente grávida, não responde por lesão corporal gravíssima, mas pelo aborto provocado do art. 126 CP, pois assumiu o risco de matar o feto.
OBS: Não existe aborto culposo. Se ocorrer em decorrência de culpa, resta apenas a reparação do dano.
9- Consumação: com a morte do feto ou embrião tanto dentro do ventre quanto fora, não havendo a necessidade da expulsão do feto. Alguns doutrinadores entendem que a destruição do óvulo seria aborto.
- A prova sempre será pericial, não sendo suficiente a prova testemunhal. É indispensável a prova de que o feto estava vivo no momento da manobra abortiva, conforme o art. 158 CP.
OBS: Anticoncepcionais não configuram aborto.
10- Tentativa: quando não há a morte do feto por circunstâncias alheias à vontade do agente.
- Tentativa de autoaborto: não é punível, bem como as autolesões que possam decorrer desta tentativa. 
Bibliografia: BITENCOURT, Cezar. CP comentado. São Paulo: Saraiva, 2011.

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