Buscar

Leitura e Fatores da Textualidade

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 32 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 32 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 32 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Curso de Atualização e Aperfeiçoamento em Língua Portuguesa e Redação de Textos 
Linguística Aplicada ao Ensino da Língua Portuguesa
Profª. Vládia Medeiros 
�
LEITURA, TEXTO E SENTIDO
O que é ler?
Para que ler?
Como ler?
É sabido que o domínio da leitura é essencial para se obter sucesso nos estudos, sendo necessário na maior parte das situações acadêmicas e profissionais. A competência em leitura envolve um conjunto de habilidades que incluem, entre outras, a capacidade do leitor criar suas próprias estratégias de compreensão adequando-as às características do texto, construir significado, identificar estrutura do texto, estabelecer uma rede de relações entre enunciados, organizando as informações que compõem as diferentes partes do material, realizar inferências, localizar informações relevantes, avaliar a informação recebida e utilizar adequadamente a informação (Brandão & Spinillo, 1998; Solé, 1998; Vicentelli, 2000).
Dembo (2000) enfatiza que a leitura para compreensão, aquisição e retenção da informação requer um engajamento ativo por parte do leitor. Pesquisas vêm demonstrando que bons leitores compreendem melhor, lembram-se mais do que lêem e exibem um repertório mais vasto de estratégias de leitura do que o dos alunos que apresentam dificuldades nessa área. (Dembo 2000; Vicentelli, 2000).
 Mais precisamente, como cita Dembo (op. cit.), bons leitores conseguem identificar mais facilmente as informações essenciais e separá-las dos exemplos e das informações de apoio, ao passo que os maus leitores sublinham o texto indiscriminadamente. Enquanto maus leitores raramente fazem resumos do texto, leitores competentes investem esforços no sentido de elaborar uma síntese do texto baseada na seleção de idéias que melhor o representa. Bons leitores tentam manter-se ativamente engajados na leitura gerando questões sobre o conteúdo lido e almejam respondê-las enquanto lêem. Maus leitores apresentam uma certa passividade e dificuldade em gerar perguntas sobre o material, enquanto lêem. Existe, ainda, uma grande diferença entre bons e maus leitores no que diz respeito ao monitoramento da compreensão. Na realidade, bons leitores são conscientes do grau e da qualidade de sua compreensão e sabem o que fazer e como fazer quando não compreendem o material. Por não conseguirem monitorar adequadamente a compreensão da leitura, maus leitores acabam por depender de terceiros para identificação de suas dificuldades.
No que concerne especificamente ao desenvolvimento do leitor competente, há estratégias de aprendizagem que podem ser ensinadas e usadas para apoiar cada momento relativo ao processo de ler: o antes, o durante e o após (Dembo, 2000). Na realidade, ao aluno pode ser ensinado analisar o título do texto, transformá- lo em perguntas e fazer inferências sobre o seu conteúdo, antes mesmo de começar a leitura. Já, durante a leitura, o estudante deve ser encorajado a elaborar um diálogo com o texto, gerar questões que facilitem a identificação das idéias principais e que possibilitem o monitoramento da compreensão. Resumir, fazer um roteiro do texto e elaborar uma representação gráfica do conteúdo lido constituem, sem dúvida, atividades importantes a serem realizadas após a leitura.
Toda leitura pressupõe busca de informações, segundo Faullstich (1989).
Há dois tipos básicos de leitura:
leitura informativa: busca de respostas a questões específicas;
leitura seletiva: busca a idéia principal ou tópico-frasal e as idéias a ela relacionadas.
Objetivos da Leitura
. manter-se informado;
. realizar trabalhos acadêmicos;
. realizar o trabalho do dia-a-dia;
. dar aulas;
. deleitar-se;
. realizar consultas (dicionários, gramáticas, 
 catálogos);
. ler por hábito, por coincidência (panfletos);
. ler porque se oferecem a nossos olhos (outdoors, cartazes, faixas).
Algumas reflexões acerca dos conceitos de língua, leitura, texto e sentido.
O conceito de texto e leitura varia conforme o sentido de língua que adotemos. 
Considerações sobre LÍNGUA:
a)Língua: representação do pensamento
sujeito psicológico, individual, com livre arbítrio;
texto é o produto do pensamento do autor(ativo); o leitor é passivo;
a leitura reduz-se a captação das idéias do autor.
b) Língua: estrutura (código)
 1) sujeito “assujeitado”, (pré)determinado, num estado de não consciência.
 2) o texto é produto da codificação de um emissor a ser decodificado pelo receptor, bastando conhecer o código.
 3) a leitura está focada no texto,”tudo está dito”; o leitor faz o reconhecimento do sentido (das palavras e estruturas do texto).
c) Língua: interação (diálogo)
 1. os sujeitos são atores / construtores sociais ativos;
 2. o texto é construído na interação; 
 3. a leitura é uma atividade interativa altamente complexa de produção de sentidos; a compreensão deixa de ser captação, deixa de ser só decodificação.
O sentido de um texto é, portanto, construído na interação entre sujeitos e não algo que pré-exista a essa interação.
Dascal (1992) disse que a melhor caracterização do Homo sapiens repousa no anseio de seus membros por sentido.
Considerações sobre TEXTO
Conceito Tradicional
É um artefato lingüístico formado pela combinação de letras (sons) que formam palavras que rotulam coisas ou estados de coisas do mundo real que formam sentenças e têm sentido literal e para entendê-lo basta dominar o código.
Conceitos Contemporâneos
”Texto é um evento comunicativo no qual convergem ações lingüísticas, cognitivas e sociais.” 
 Beaugrande (1997) 
“Texto é um evento dialógico de interação
entre sujeitos sociais – contemporâneos ou não – co-presentes ou não, do mesmo grupo social ou não, mas em diálogo constante.
 Bakhtin (2002)
É um lugar de constituição e interação de sujeitos sociais, como um evento, portanto, em que convergem ações lingüísticas, cognitivas e sociais. 
 Beaugrande (1997)
Segundo Ingedore Koch (2006), texto é um lugar de interação entre sujeitos sociais, os quais, dialogicamente, nele se constituem e são constituídos; e que, por meio de ações lingüísticas e sociocognitivas, constroem objetos-de-discurso e propostas de sentido, ao operarem escolhas significativas entre as múltiplas formas de organização textual e as diversas possibilidades de seleção lexical que a língua põe à disposição.
 
Ler é compreender os sentidos.
Estratégias de Leitura:
1) seleção;
2) antecipação;
3) inferência; 
4) verificação.
Espera-se que o leitor:
processe;
critique;
contradiga;
concorde;
rechace;
desfrute;
avalie
dê sentido e significado ao que lê.
Estratégias para a construção do sentido
Texto 1: Deputados lá e cá.
Antecipações e hipóteses baseados: 
no meio de comunicação: internet;
no autor: desconhecido;
no gênero textual: mensagem audiovisual;
no título: “Deputados lá e cá”
As hipóteses e antecipações poderão, no decorrer da leitura, ser confirmadas ou rejeitadas.
Também poderão ser reformuladas e novamente testadas em um movimento que destaca a nossa atividade de leitor, respaldadas em conhecimentos arquivados na memória.
Hipóteses / Antecipações baseadas nas informações dadas e no título:
________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
 DEPUTADOS DE CÁ...
DEPUTADOS DE LÁ ... 
Os deputados ingleses, na Mãe dos Parlamentos : 
1 . Não têm lugar certo e reservado onde sentar-se na Câmara dos Comuns. 
2 . Não têm escritórios, não têm secretários, nem automóveis. 
3 . Não têm residência (pagam pela sua, em Londres ou nas províncias). 
4 . Não têm passagem de aviãogratuita, salvo quando a serviço do próprio Parlamento. 
Enfim, têm que pagar de seu bolso, arcar com suas despesas. 
E seus salários equiparam-se ao de um Chefe de Seção de qualquer repartição. 
Em suma, são SERVIDORES DO POVO e não PARASITAS DO POVO ! 
 
 Já, os DEPUTADOS DE CÁ... 
1 . Salário: R$ 12 mil reais;
2 . auxílio-moradia: R$ 3 mil; 
3 . transporte: 4 passagens aéreas de ida e volta a Brasília por mês; 
4 . 13º e 14º salários (no fim e no início de cada ano legislativo), 
5 . verba para despesas comprovadas: R$7 mil; 
6 . verba para assessores: R$ 3,8 mil, 
7 . férias de 90 dias ao ano e folga remunerada de 30 dias; 
8 . mais R$ 35 mil por mês, como verba de gabinete;
9 . direito a contratar 20 servidores para seu gabinete; 
10. engraxate, barbeiro e cabeleireiro grátis... 
11. e, ainda recebem R$ 25,4 mil, para trabalhar durante o recesso.
O dinheiro saiu dos cofres públicos 
 ( do bolso do povo ) ! 
 VAMOS ACORDAR ! 
Ou, devemos deixar tudo como está, há, pelo menos há 507 anos?!
Na atividade de leitores “ativos”:
Estabelecemos relações entre nossos conhecimentos anteriormente constituídos e as novas informações contidas no texto,
 fazemos inferências, 
fazemos comparações, 
formulamos perguntas relacionadas com o seu conteúdo.
Ainda mais:
processamos ;
criticamos;
contrastamos e avaliamos as informações que nos são apresentadas, produzindo sentido para o que lemos.
 Agimos estrategicamente, o que nos permite dirigir e auto-regular o nosso processo de leitura.
O processamento textual (leitura e compreensão de um texto) realiza-se através de estratégias de ordem sociocognitiva: uso de vários tipos de conhecimento que arquivamos na memória. Logo compreensão e coerência são subjetivas e variáveis.
Os conceitos que assimilamos não são armazenados de forma estanque (compartimentada, separados uns dos outros) e sim numa organização e reorganização constantes através de experiências e novos conhecimentos.
Para o processamento textual concorrem três grandes sistemas de conhecimento:
lingüístico;
enciclopédico;
interacional.
a)Conhecimento Lingüístico: conhecimento gramatical e o lexical (combinações possíveis entre as palavras, flexões, vocabulário, etc.;
b)Conhecimento Enciclopédico ou
Conhecimento de Mundo: armazenado na memória semântica ou social; informações armazenadas ao longo da vida, “cultura”.
c)Conhecimento Sociointeracional: das formas de “inter-ação” através da linguagem: normas da comunicação humana, adequação do texto ao interlocutor, gênero textual adequado a cada situação de interação social (bilhete, telegrama, e-mail, carta, memorando, ofício, circular...); variedade lingüística a ser usada em cada ocasião etc.(formal, informal etc.); reconhecimento dos objetivos do falante/autor; ações lingüísticas que asseguram a compreensão e aceitação do texto pelo receptor, como explicações do significado dos termos usados em um texto, glossário.
Analisemos os sistemas de conhecimento através de exemplos.
1. Considerando as diferenças entre língua oral e escrita, assinale a opção que representa uma inadequação da linguagem usada ao contexto comunicativo.
a)“O carro bateu e capotô, mas num deu pra vê direito”.
- um pedestre que assistiu ao acidente comenta com o outro que vai passando.
b) “E aí, ô meu! Como vai essa força?”
 - um jovem que fala para um amigo.
c)Só um instante, por favor. Eu gostaria de 
 fazer uma observação”
– alguém comenta em uma reunião de trabalho.
d)“Venho manifestar meu interesse em candidatar-me ao cargo de Secretária Executiva desta conceituada empresa”
–alguém que escreve uma carta candidatando-se a um emprego.
e)“Porque se a gente não resolve as coisas como têm que ser, a gente corre o risco de termos, num futuro próximo, muito pouca comida nos lares brasileiros”
– um professor universitário em um congresso internacional.
A única variante não adequada é a da letra “e”, já que se trata da fala de um professor universitário e espera-se dele o domínio da norma culta e, ainda, que a utilize num momento de formalidade (congresso internacional). “as coisas” é uma muleta lingüística; “a gente” é coloquial (nós); “como têm que ser” por “como devem ser”etc.
No nível formal teríamos:
“Porque se não resolvemos este problema como deve ser feito, corremos o risco de ter, em um futuro próximo, poucos alimentos nos lares brasileiros.”
2. As línguas humanas podem, sim, ser excelentes instrumentos, mas podem ser também perversos instrumentos de poder e de dominação, especialmente quando se naturalizam relações espúrias, isto é, ilegítimas, entre determinadas construções lingüísticas e as pessoas que as falam.
 (Marta Scherre, 2005, adaptado)
Marta Scherre utiliza o termo “espúrias”, que pode não ser do conhecimento do leitor e preocupa-se em explicar seu significado: “ilegítimas”, introduzido por uma expressão explicativa “isto é”. Ela tem consciência das ações lingüísticas que asseguram a compreensão e aceitação do texto pelo receptor.
​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​
3. No exemplo abaixo, a intenção era reforçar um convite já feito por uma jovem de 16 anos a um amigo da escola.
Caio,
Massa saber que vens. Te espero às 8h. Traz uns cedês para ouvirmos. Vou fazer um rango maneiro.
Bjs.,
 Cris
Estimado amigo Caio,
Compraz-me sobremaneira saber que me darás o prazer de fazer-me uma visita hoje. Seria indelével para nossos espíritos que pudéssemos deleitarmo-nos com a audição de música de qualidade, motivo pelo qual sugiro que portes alguns cedês de tua preferência para que possa conhecer teu gosto musical. Estarei empenhada em preparar um delicioso jantar, com iguarias dignas de um comensal da tua estirpe. 
Um afetuoso abraço,
 Cris
Tendo em vista que ambos são jovens e o gênero é “recado”, o 1º modelo é o único adequado tendo em vista a variante lingüística utilizada e a extensão, pois se supõe uma comunicação rápida, com informações essenciais e numa linguagem informal.
Texto 2: LÍNGUA
 Caetano Veloso
Gosto de sentir a minha língua roçar
A língua de Luís de Camões
Gosto de ser e de estar
E quero me dedicar
A criar confusões de prosódia
E uma profusão de paródias
Que encurtem dores
E furtem cores como camaleões
Gosto do Pessoa na pessoa
Da rosa no Rosa
E sei que a poesia está para a prosa
Assim como o amor está para a amizade
E quem há de negar que esta lhe é superior
E quem há de negar que esta lhe é superior
E deixa os portugais morrerem à míngua
Minha pátria é minha língua
Fala Mangueira
Fala!
Flor do Lácio, Sambódromo
Lusamérica, latim em pó
O que quer
o que pode
Esta língua (...)
Sejamos o lobo do lobo do homem
Sejamos o lobo do lobo do homem
(...)
A língua é minha Pátria
E eu não tenho Pátria: tenho mátria
Eu quero frátria (...)
Texto 3 - Língua Portuguesa
 Olavo Bilac
 
Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um só tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela (...)
Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma.
Conhecimento lingüístico:
ganga: resíduo, em geral não aproveitável, de uma jazida.
vela: v. velar, encobrir, esconder, ocultar; cuidar de, zelar; vigiar.
viço: vigor, verdor, frescura, exuberância.
Responda.
1.Que conhecimentos enciclopédicos são indispensáveis para que haja compreensão do 1º verso?
________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________2.Qual a compreensão possível dos versos 5 e 6 tendo em vista a história da língua portuguesa?
________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Importância do Contexto
Análise do contexto:
cenário;
entorno sociocultural;
linguagem;
conhecimentos prévios;
contexto (construído na interação).
Depois de escrito, o texto tem uma existência independente do autor. Entre a produção do texto e a sua leitura, pode passar muito tempo, o contexto de produção pode ser absolutamente diferente do contexto de uso.
 Define-se contexto como informações que acompanham o texto. Por isso, a compreensão do texto, muitas vezes, depende da compreensão do contexto. Assim sendo, não basta a leitura do texto, é preciso retomar os elementos do contexto, aqueles que estiveram presentes na situação de sua construção.
 O contexto deve ser visto em suas duas dimensões: estrutura de superfície e estrutura de profundidade.
A estrutura de superfície considerada os elementos do enunciado, enquanto a estrutura de profundidade considera a semântica das relações sintáticas. Num caso, o leitor busca o primeiro sentido produzido pelas orações; no outro, vasculha a visão do mundo que enforma o texto.
O Contexto pode ser imediato ou situacional.
O contexto imediato relaciona-se com os elementos que seguem ou precedem o texto imediatamente. São os chamados referentes textuais.
O contexto situacional é formado por elementos exteriores ao texto. Esse contexto acrescenta informações, quer históricas, quer geográficas, quer sociológicas, quer literárias, para maior eficácia da leitura que se imprime ao texto.
A pluralidade de leituras e sentidos
Considerar o leitor e seus conhecimentos e que esses conhecimentos são diferentes de um leitor para outro implica aceitar uma pluralidade de leituras e sentidos em relação ao mesmo texto.
Leitor Competente
O sentido de um texto, qualquer que seja a situação comunicativa, não depende somente da estrutura textual em si mesma. 
Os objetos de discurso a que o texto faz referência são apresentados muitas vezes de forma lacunar, permanecendo muita coisa implícita.
O produtor do texto pressupõe da parte do leitor/ouvinte conhecimentos textuais, lingüísticos, situacionais e enciclopédicos e não explica as informações consideradas redundantes (Princípio de Economia Lingüística) e que podem ser facilmente recuperáveis via inferenciação.
Recupere as informações preenchendo as lacunas.
 Quando D.João VI ( __________________), em 1808, fugiu de seu país (______________) e resolveu instalar-se aqui(______________), fugia da invasão napoleônica. Não sabia ele que o exército do ilustre corso (_____________________________________)
estava enfraquecido, faminto, com muitas baixas, sem munição e que poderia ser facilmente derrotado. E ele teria mudado os rumos da História.
O leitor/ouvinte espera sempre um texto dotado de sentido e procura a partir da informação contextualmente dada, construir uma representação coerente por meio da ativação de seu conhecimento de mundo e/ou deduções que o levem a estabelecer relações de causalidade.
Ele põe em funcionamento todos os componentes e estratégias cognitivas que tem à disposição para dar ao texto uma interpretação dotada de sentido.
Texto 4: Cálice 
 Chico Buarque & Gilberto Gil 
Pai, afasta de mim esse cálice,
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice 
de vinho tinto de sangue
Como beber dessa bebida amarga,
tragar a dor, engolir a labuta
Mesmo calada a boca resta o peito, 
silêncio na cidade não se escuta
De que me vale ser filho da santa, melhor seria ser filho da outra
Outra realidade menos morta,
tanta mentira, tanta força bruta
Como é difícil acordar calado, 
se na calada da noite eu me dano
Quero lançar um grito desumano
que é uma maneira de ser escutado
Esse silêncio todo me atordoa,
atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada, pra a qualquer momento, ver emergir o monstro da lagoa
De muito gorda a porca já não anda,
de muito usada a faca já não corta
Como é difícil, pai, abrir a porta, 
essa palavra presa na garganta
Esse pileque homérico no mundo,
de que adianta ter boa vontade
Mesmo calado o peito,
resta a cuca dos bêbados do centro da cidade
Talvez o mundo não seja pequeno, 
nem seja a vida um fato consumado
Quero inventar o meu próprio pecado, quero morrer do meu próprio veneno
Quero perder de vez tua cabeça,
minha cabeça perder teu juízo
Quero cheirar fumaça de óleo diesel,
me embriagar até que alguém me esqueça.
Pratiquemos!
1. Situe a época, isto é, o contexto de produção do texto de Chico e Gil.
________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
________________________________________
________________________________________
________________________________________
2.Identifique o jogo fonético-semântico feito pelos autores com a palavra-título “Cálice”.
________________________________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
3.Há uma conotação religiosa no texto?
________________________________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
​​​​________________________________________
4. Dê o sentido que os versos abaixo adquirem tendo em vista o contexto de produção do texto.
A)“Mesmo calada a boca resta o peito...”
________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
​​​​​​​​​​​​​​​​​
B) “...tanta mentira, tanta força bruta.”
________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________
C) “Como é difícil acordar calado,
 se na calada da noite eu me dano”
________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
A Lingüística Textual e as definições de texto 
	
 A Lingüística Textual é uma área do conhecimento recentemente constituída que, em oposição à Lingüística Estrutural, procura ir além dos limites da frase e introduzir o sujeito e a situação da comunicação em seus estudos sobre a leitura e produção textual.
 
 Vários teóricos vêm, ao longo da história da Lingüística Textual, tentando definir texto e conhecer de forma mais eficiente a relação que se estabelece entre autor/falante e leitor/ouvinte envolvidos no processo de interação que se estabelece a partir do texto.
 Se pretendemos produzir textos com qualidade, devemos refletir sobre o que é texto e textualidade. Segundo Costa Val (Redação e Textualidade. São Paulo: Martins Fontes, 2004), texto ou discurso é uma ocorrência lingüística falada ou escrita, de qualquer extensão, dotada da unidade sociocomunicativa, semântica e formal. E a textualidade é um conjunto de características que fazem que um texto seja um texto, e não apenas uma seqüência de frases. 
FATORES DE TEXTUALIDADE
(O que fazdo texto um texto)
1. OS FATORES LINGÜÍSTICOS
COERÊNCIA. Um texto para ser coerente depende do conhecimento da língua e de mundo e do grau de compartilhamento desse conhecimento entre produtor e receptor. Se o receptor de um texto não conhecer bem a língua que lhe deu forma, bem como a realidade de que ele fala, com toda certeza irá classificá-lo como incoerente. A coerência textual depende também das inferências, da intertextualidade, dos fatores pragmáticos e interacionais (tipos de atos de fala na interação, contexto de situação, intenção comunicativa).
Platão & Fiorin (1995) entendem coerência como sendo a unidade do texto e consideram coerente o texto que é um conjunto harmônico, com todas as partes se encaixando de maneira complementar, sem deixar nada ilógico, contraditório e desconexo. Num texto coerente, todas as partes se interligam.
COESÃO. A coesão é responsável pela ligação dos sentidos isolados para evidenciar a estruturação da seqüência superficial do texto, não perdendo de vista o todo e a intenção com que se produz esse todo, para constituir finalmente um texto.Os mecanismos para a coesão de um texto podem ser o uso adequado dos operadores argumentativos, do léxico através da reiteração (repetição do mesmo item lexical: sinônimos, nomes genéricos etc.) e da colocação (uso de termos pertencentes a um mesmo campo significativo).
Por coesão (Koch, 2003), podemos entender o fenômeno relacionado aos elementos lingüísticos presentes no texto e que se interligam, através de recursos também lingüísticos, formando seqüências que veiculam sentido.
As ruas estão molhadas, porém está chovendo.
O elemento de coesão está presente (porém), mas não é adequado, provocando incorência. O uso de “porém” (adversidade, oposição) supõe que unirá idéias que se opõem no todo ou em parte.
2. OS FATORES PRAGMÁTICOS 
INTENCIONALIDADE. A intencionalidade revela o esforço feito pelo produtor para estabelecer um discurso coerente e coeso a fim de cumprir o seu objetivo comunicativo em função do receptor. 
ACEITABILIDADE. A aceitabilidade é inerente ao receptor, que analisa e avalia o grau de coerência, coesão, utilidade e relevância do texto capaz de levá-lo a alargar os seus conhecimentos ou de aceitar a intenção do produtor.
SITUCIONALIDADE. A situcionalidade é responsável pela adequação do texto ao contexto sociocomunicativo. 
INFORMATIVIDADE. A informatividade responde pela suficiência de dados no texto, como também pelo grau de previsibilidade nas ocorrências no plano conceitual e no formal.
INTERTEXTUALIDADE. A intertextualidade mostra a interdependência dos textos entre si, tendo em vista que um texto só faz sentido quando é entendido em relação a outro texto (COSTA VAL, 2004).
A intertextualidade é um diálogo entre textos, é a interação que um texto faz com outro. 
A intertextualidade pode ser tanto explícita, aparecendo no texto através de citações e referências, como no texto científico; quanto implícita, que exigirá um pouco mais de esforço por parte do receptor para o entendimento do texto, pois nessa, o emissor não introduz dados da fonte, atribuindo ao leitor o papel da decodificação do texto, a partir de seus conhecimentos prévios.
Texto 5 - Modere-se com moderação
 Ricardo Freire
 As cervejas não são mais as mesmas. As que não mudaram de sabor mudaram pelo menos de controle acionário. A mudança maior, no entanto, aconteceu no âmbito dos slogans. Em vez de refrescar pensamento ou descer redondo, todo anúncio de cerveja agora termina com uma variação do mesmo conselho: beba com moderação.
 A moda começou com os cigarros, que precisavam ceder cinco segundos de cada comercial para fazer propaganda eleitoral gratuita das advertências do Ministério da saúde. Depois foi a vez dos remédios, que passaram a encaminhar o telespectador à sala de espera do médico, “a persistirem os sintomas”. Aproxima-se o dia em que toda publicidade será obrigada a vir com o próprio antídoto.
No México, acredite, os comerciais dirigidos a crianças precisam trazer alguma mensagem educativa. Os anúncios podem mostrar os pimpolhos se entupindo de sucrilhos ou de chocolate, desde que no pé da tela corra um letreiro com os dizeres “Coma legumes e verduras” ou “escove os dentes três vezes ao dia”.
Taí um exemplo que poderia ser seguido no Brasil. Não nos comerciais para crianças, evidentemente, porque nossas crianças não obedecem nem aos pais, que dirá a um rodapé de televisão. Mas talvez valesse a pena investir nos adultos. Comerciais de carros, de bancos ou de operadoras de celular ficariam mais úteis se trouxessem mensagens como “Não fure fila, ô mal educado”, “Jogue a embalagem no lixo, seu porco” ou “Sinal vermelho foi feito para parar, sabia?”.
Não. Pensando bem, não gostamos de nada muito impositivo. E aí reside o charme do beba - com - moderação. Uma coisa é você pegar e tascar uma imagem de feto mal formado nas embalagens de cigarro. É tão violento, que você nem olha: ignora. Outra coisa é você usar da diplomacia. ”Desenvolva um enfisema pulmonar com moderação”. Por exemplo, seria mais eficiente.
Moderação é a chave de tudo. Esses irritantes comerciais de ofertas de eletrodomésticos, por exemplo, seriam perdoados se terminassem com um bordão tipo “Endivide-se com moderação”. Cada nova guloseima lançada no mercado poderia advertir “Vicie-se com moderação”. Já “Encha sua cara de espinhas com moderação” poderia fazer parte das campanhas de Páscoa dos supermercados. Produtos caríssimos, desses que você fica com raiva só de ver o anúncio, poderiam se proteger contra o mau-olhado com a frase “ Inveje com moderação”.
Já estava mais do que na hora de o Ministério Público obrigar os partidos políticos a encerrar seus comerciais e propagandas de TV com a frase “Acredite com moderação”. Caso o partido estivesse sinceramente engajado em se redimir e dizer só a verdade, poderia usar uma frase mais positiva: “Desconfie com moderação”. 
Se bem que, dada a tradição brasileira, daqui a pouco é muito provável que a palavra moderação siga o mesmo caminho de “pra variar” e “se dar bem”, e acabe significando exatamente o contrário do que dizem os dicionários. Garçom, traz mais uma rodada aí - e com bastante moderação !
COERÊNCIA
A coerência ou conectividade conceitual é a relação que se estabelece entre as partes de um texto, criando uma unidade de sentido. Ela é o resultado da solidariedade, da continuidade do sentido, do compromisso das partes que formam esse todo. Está, pois, ligada à compreensão, à possibilidade de interpretação daquilo que se diz, escreve, ouve, vê, desenha, canta etc.
A coerência caracteriza-se, portanto, por uma interdependência semântica entre os elementos constituintes de um texto. Ela é o resultado de processos mentais de apropriação do real e da configuração dos esquemas cognitivos que definem o saber sobre o mundo.
 
Coerência está, pois, ligada à compreensão, à possibilidade de interpretação daquilo que se diz ou escreve. Assim, a coerência é decorrente do sentido contido no texto, para quem ouve ou lê. Uma simples frase, um texto de jornal, uma obra literária (romance, novela, poema...), uma conversa animada, o discurso de um político ou do operário, um livro, uma canção, enfim, qualquer comunicação, independente de sua extensão, precisa ter sentido, isto é, precisa ter coerência. 
Coerência, ou textualidade, é o que faz com que um texto seja compreensível aos leitores. Por essa razão, a coerência deve ser vista como um princípio de interpretabilidade do texto.
FATORES RESPONSÁVEIS PELA COERÊNCIA 
A coerência depende de uma série de fatores:
•	o conhecimento do mundo e o grau em que esse conhecimento deve ser ou é compartilhado pelos interlocutores; 
•	o domínio das regras que norteiam a língua - isto vai possibilitar as várias combinações dos elementos lingüísticos; 
•	os próprios interlocutores, considerando a situação em que se encontram, assuas intenções de comunicação, suas crenças, a função comunicativa do texto. 
A coerência se estabelece, portanto, numa situação comunicativa; ela é a responsável pelo sentido que um texto deve ter quando partilhado por esses usuários, entre os quais existe um acordo pré-estabelecido, que pressupõe limites partilhados por eles e um domínio comum da língua. 
A coerência se manifesta nas diversas camadas da organização do texto. Ela tem uma dimensão semântica - caracteriza-se por uma interdependência semântica entre os elementos constituintes do texto – e tem, principalmente, uma dimensão pragmática - fundamental no estabelecimento da coerência, o conhecimento de mundo, acumulado ao longo de uma existência, de maneira ordenada. 
Importante: na verdade, quando se diz que um texto é incoerente, precisa-se esclarecer que motivos levaram a afirmar isso. Ele pode ser incoerente em uma determinada situação, porque quem o produziu não o soube adequar ao receptor, não valorizou suficientemente a questão da comunicabilidade, não obedeceu ao código lingüístico, enfim, não levou em conta o fato de que a coerência está diretamente ligada à possibilidade de se estabelecer um sentido para o texto. 
EXEMPLOS
a) Todo mundo destrói a natureza menos eu. 
b) Todo mundo destrói a natureza menos todo mundo. 
a) Todo mundo viu o mico-leão, mas eu não. 
b) Todo mundo viu o mico-leão, mas eu não ouvi o sabiá cantar. 
a) Apesar de estarem derrubando muitas árvores, a floresta sobrevive. 
b) Apesar de estarem derrubando muitas árvores, a floresta não tem muitas árvores. 
as frases de letra a de cada par são facilmente compreendidas, têm coerência; 
as frases de letra b de cada par apresentam problema de compreensão.
 
	Todo mundo destrói a natureza menos eu.
	menos indica exclusão de uma parte do grupo, portanto, neste caso, pode ser combinado com o pronome eu
	.Todo mundo destrói a natureza menos todo mundo.
	há uma restrição, porque o vocábulo menos indica exclusão de uma parte do grupo, portanto, neste caso, não pode ser combinado com todo mundo, que indica o grupo inteiro
	Todo mundo viu o mico-leão, mas eu não.
	mas introduz uma idéia oposta, que é perfeitamente aceitável, porque todo mundo se diferencia de eu 
	Todo mundo viu o mico-leão, mas eu não ouvi o sabiá cantar.
	mas introduz uma idéia oposta, que é inaceitável porque o conteúdo da idéia introduzida por mas não é o contrário da idéia anterior. Assim, a primeira parte Todo mundo viu o mico-leão não pode ser combinada com eu não ouvi o sabiá cantar por intermédio do vocábulo mas
	Apesar de estarem derrubando muitas árvores, a floresta sobrevive.
	o uso de apesar de pressupõe a presença de idéias contrárias, qualquer que seja a ordem : negativa/positiva, positiva/negativa 
	3 b. Apesar de estarem derrubando muitas árvores, a floresta não tem muitas árvores.
	o uso de apesar de pressupõe a presença de idéias contrárias, qualquer que seja a ordem: negativa/positiva, positiva/negativa. Daí a incoerência da frase b, em que ocorrem duas negativas simultâneas
Fatores de Coerência – Resumo
	Elementos lingüísticos
	Seleção pertinente de palavras que servem como pistas para a ativação dos conhecimentos arquivados na memória, e que constituem o ponto de partida para a compreensão e para a elaboração de inferências.
	Conhecimento de Mundo
	É a totalidade do conhecimento armazenado em memória, adquirido através das experiências advindas do contato do sujeito com o mundo.
	Conhecimento Partilhado
	É o que há de comum entre o conhecimento de mundo de cada sujeito e o dos demais.
	Inferência
	É a operação pela qual o leitor/ouvinte, utilizando seu conhecimento de mundo, estabelece uma relação não explícita entre duas ou mais idéias, para compreender e interpretar um texto.
	Fatores de Contextualização
	Dizem respeito à data, local, autor, elementos gráficos, ilustrações etc., que ajudam a estabelecer a coerência textual.
	Intencionalidade e Aceitabilidade
	Refere-se ao modo como os emissores usam os textos para perseguir e realizar suas intenções, produzindo, para tanto, textos adequados aos efeitos desejados.
	Situacionalidade
	Trata-se de analisar em que medida a situação comunicativa imediata, ou a situação sócio-político-cultural interfere na coerência do texto, tanto no momento de sua produção quanto de sua interpretação. Um texto que é coerente em uma situação pode não o ser em outra.	
	Informatividade
	Diz respeito ao grau de previsibilidade da informação no texto. Um texto será tanto menos informativo quanto mais previsível e esperada for a informação por ele trazida.
	Focalização
	Tem a ver com a concentração dos interlocutores em apenas uma parte de seu conhecimento e na perspectiva da qual são vistos os componentes do mundo textual. Diferenças de focalização provocam sérios problemas de compreensão e interpretação.
	Intertextualidade
	É a relação necessária que um texto mantém com outro(s) ou por citação ou por relação de sentidos que se assemelham ou se opõem.
	Consistência e Relevância
	Por consistência se compreende a exigência que cada enunciado seja consistente com relação aos anteriores e posteriores, de modo que não haja contradição. Já por relevância se entende o fato de todos as partes do texto sejam referentes ao mesmo tema subjacente.
COESÃO
A coesão é responsável pela ligação dos sentidos isolados para evidenciar a estruturação da seqüência superficial do texto, não perdendo de vista o todo e a intenção com que se produz esse todo, para constituir finalmente um texto. Os mecanismos para a coesão de um texto podem ser o uso adequado dos operadores argumentativos, do léxico através da reiteração (repetição do mesmo item lexical: sinônimos, nomes genéricos etc.) e da colocação (uso de termos pertencentes a um mesmo campo significativo).
Por coesão (Koch, 2003), podemos entender o fenômeno relacionado aos elementos lingüísticos presentes no texto e que se interligam, através de recursos também lingüísticos, formando seqüências que veiculam sentido.
COESÃO REFERENCIAL - neste tipo de coesão, um componente da superfície textual faz referência a outro componente. Para essa referência são largamente empregados os pronomes pessoais de terceira pessoa (retos e oblíquos), pronomes possessivos, demonstrativos, indefinidos, interrogativos, relativos, diversos tipos de numerais, advérbios (aqui, ali, lá, aí), artigos. Exemplos:
EXEMPLO
 Madre Teresa de Calcutá, que em 1979 ganhou o Prêmio Nobel da Paz por seu trabalho com os destituídos do mundo, estava triste na semana passada. Perdera uma amiga, a princesa Diana. Além disso, seus problemas de saúde agravaram-se. Instalada em uma cadeira de rodas, ela mantinha-se, como sempre, na ativa. Já que não podia ir a Londres, pretendia participar, no sábado, de um ato em memória da princesa, em Calcutá, onde morava há quase setenta anos. Na noite de sexta-feira, seu médico foi chamado às pressas. Não adiantou. Aos 87 anos, Madre Teresa perdeu a batalha entre seu organismo debilitado e frágil e sua vontade de ferro e morreu vítima de ataque cardíaco. O Papa João Paulo II declarou-se "sentido e entristecido". Madre Teresa e o papa tinham grande afinidade.
 (Revista VEJA, nº 36, setembro/97)
A coesão ou conectividade seqüencial é a ligação, o nexo que se estabelece entre as partes de um texto, mesmo que não seja aparente. Contribuem para esta ligação elementos de natureza gramatical (como os pronomes, conjunções, preposições, categorias verbais), elementos de natureza lexical (sinônimos, antônimos, repetições) e mecanismos sintáticos (subordinação, coordenação, ordem dos vocábulos e orações). É um dos mecanismos responsáveis pela interdependência semântica que se instaura entre os elementos constituintes de um texto.
A coesão está associada à ligação, à relação de sentido entre as partes componentes do texto. Dentre os tipos de coesãovamos nos ater à coesão referencial e à seqüencial.
COESÃO REFERENCIAL é aquela em que os elementos coesivos fazem referência a algum termo mencionado no texto anteriormente (anafóricos) ou posteriormente (catafóricos). Dois processos caracterizam a coesão referencial:
SUBSTITUIÇÃO
Tenho um projeto. Ele é audacioso.
Existe a hipótese de fecharmos contrato hoje. Ela deve ser analisada com cuidado.
Nossa empresa oferece preços módicos. Nossa concorrente faz o mesmo.
A indústria brasileira e a boliviana geram muito lucro. Ambas são concorrentes.
O eletricista será transferido para a Europa. Lá faz muito frio.
2. REITERAÇÃO – repetição de expressões
A instalação estava destruída. Nada sobrou da instalação.	
O disjuntor caiu. Só podia: este disjuntor não foi bem colocado. 
 (mesma palavra)
Luís Inácio Lula da Silva viajou. O presidente foi resolver questões diplomáticas.
 (metonímia)
É fascinante visitar uma hidrelétrica; o lugar é belíssimo.	 
 (nomes genéricos)
Os grevistas mediram a energia necessária. A medição durou pouco tempo. 
 (nominalização)
Gosto muito de doces. Cocada, então, eu adoro.
 (hipônimo – a parte substitui o todo)
O fusca se chocou violentamente. O veículo ficou destruído). (
(hiperônimo – o todo substitui a parte)
RETOMADA OU ANTECIPAÇÃO DE INFORMAÇÕES
Madri e Barcelona são muito diferentes: esta é cosmopolita, aberta ao novo; aquela é tradicional, gosta de conservar as tradições em seus mínimos detalhes.
As palavras ESTA e AQUELA retomam outras já expressas no texto. São chamadas palavras anafóricas. Pronomes relativos ou demonstrativos, advérbios ou locuções adverbiais são anafóricos.
Às vezes uma palavra se refere a outra que ainda será expressa. Neste caso, ela é catafórica, como em: 
Quero que você saiba isto: o uso imoderado da energia elétrica pode provocar um colapso no sistema.
COESÃO SEQÜENCIAL está relacionada ao fato de os elementos coesivos, em vez de substituírem ou se referirem a algo do texto, fazerem o texto progredir, criando relações de sentido entre as seqüências. Veja alguns exemplos de elementos coesivos seqüenciais.
Assim, deste modo
	Exemplificação, confirmação, complementaridade
E, nem, mas também, além de, aliás	Adição de idéias
Isto é, quer dizer, ou seja, em outras palavras	Esclarecimentos e retificações
Mas, porém, contudo, entretanto, todavia	Oposição de idéias
Embora, ainda que, mesmo que, apesar de	Concessão e contradição de idéias
Até, mesmo, até mesmo, no máximo	Situam algo no topo de uma escala
Ao menos, pelo menos, no mínimo
	Situam algo no plano mais baixo de uma escala
O nível da água está baixando, mas é possível consumir energia normalmente. 
 (oposição, contrariedade)
A represa está muito cheia e o consumo de energia continua assegurado. 
 (adição, acréscimo)
Ou se faz racionamento ou não será possível consumir energia tranqüilamente.
 (alternância)
É possível consumir energia tranqüilamente, embora a represa esteja vazia. 
 (concessão)
 É possível consumir energia tranqüilamente quando a represa está cheia.	 
 (tempo)
Apenas será possível consumir energia tranqüilamente se a represa estiver cheia. (condição)
O consumo de energia fica melhor à medida que a represa fica cheia.
 (proporção)
Os usuários devem colaborar para que haja energia elétrica para todos.	 
 (finalidade)
O presidente da ANEEL afirmou que não haverá racionamento em 2005.	 
 (integração)
Mãos à obra
Muitos são os processos usados para evitar a
repetição de palavras idênticas num texto. Um 
dos mais comuns é a substituição da segunda
ocorrência por um vocábulo equivalente, de
conteúdo geral, como mostra o modelo. Faça o mesmo com as frases a seguir.
Modelo: O carro atropelou o cachorro e o motorista não socorreu o animal.
1. Ontem esteve tensa a situação no Iraque. A população do _____________ recebeu instruções contra um possível ataque norte-americano.
2. No balé existem tantos homossexuais quanto
 em qualquer outra profissão. O que ninguém
 percebe é que a _________________ é uma arte
 essencialmente masculina.
3. A indicação das possibilidades de se contrair
 Aids se baseia em dados e comportamentos da
 _________________ observados até agora.
4. Os militares que estiverem em motocicletas ou
 bicicletas não precisam mais bater continência ao
passar por superiores, devendo apenas
manter os ___________________ em
velocidade moderada.
5. Com o surgimento dos festivais em 1968, a
 lagosta de São Fidélis, no rio de Janeiro, ganhou
 fama, e muitos turistas visitam a cidade o ano
 inteiro para saborear o _____________________.
	6.	Uma baleia apareceu morta na praia de Copacabana, mas o _______________________ foi visto boiando no meio da semana e os ferimentos na pele do ______________________ mostram que morreu há cinco dias.
	7.	Hoje, quem abre crediário para adquirir uma televisão, leva um _____________________, mas acaba desembolsando o equivalente a dois.
Sandálias, chinelos e tamancos estão na moda; com a chegada do verão, os _________________ abertos são bem mais confortáveis.
02.	Preencha as lacunas das frases abaixo com palavras específicas que possam adequar-se às palavras gerais destacadas na continuidade do texto.
O novo prazo de financiamento de _____________________procura reanimar a indústria de veículos, paralisada pelas dificuldades econômicas do momento.
Dizem que a _____________________ diminuiu a fertilidade masculina. Um cientista declarou que o consumo da droga causa a redução do número de espermatozóides.
O fato de a cesta básica passar a conter __________________________ não significa que a produção nacional desse cereal tenha crescido no último ano.
O _____________________ roubado no Museu do Louvre na semana passada mostra que nem as obras de arte bem protegidas estão livres dos ladrões.
03.	Indique termos gerais que se apliquem a cada um os conjuntos a seguir.
	1.	sala – quarto – cozinha – banheiro: 
	__________________________________
	2.	metalúrgico – professor – químico – economista: 
	__________________________________
	3.	incisivos – caninos – molares – pré-molares|: 
	__________________________________
	4.	caixas – envelopes – sacolas – latas: 
	_________________________________
	5.	comícios – feiras – festivais – shows: 
	__________________________________
	6.	gim – uísque – vodca – cachaça: 
	__________________________________
	7.	azeitonas – amendoim – ovos de codorna: 
	__________________________________
04.	Preencha as lacunas das frases a seguir com sinônimos das palavras anteriormente destacadas.
Toda a imprensa italiana parou ontem, em uma greve sem precedente no país. A __________________ está sendo promovida pelo sindicato da categoria.
Quando chegaram, os bombeiros encontraram o prédio em ruínas, mas ainda puderam retirar uma vítima dos ____________________________.
Entre os adolescentes, as mortes ligadas a causas externas aumentaram de 42% para 50% do total de ____________________ nessa faixa etária.
O prefeito de Itaguaí demitiu 52% dos funcionários do município: de 2.297 __________________________________ sobraram apenas 1.103.
Mais cinco presos foram removidos da cadeia de Santo André; lá os ____________________________ tinham prometido fazer baderna caso continuasse a superlotação.
A Confederação conseguiu inscrever a equipe de vôlei do Brasil no torneio, ainda que fora do prazo, pois a decisão de participar da ________________________ só foi tomada ontem. 
Um novo remédio contra o glaucoma é mais eficaz do que os tratamentos tradicionais; o _____________ deve ser tomado apenas uma vez por dia; a nova ____________________ não tem efeitos colaterais.
09.	Uma outra estratégia para evitara repetição de palavras consiste na substituição da segunda ocorrência da palavra por um pronome pessoal. Observe o modelo e faça o mesmo nas frases a seguir:
	Modelo: Todos têm uma função e todos precisam cumprir sua função.
		Todos têm uma função e todos precisam cumpri-la.
O professor pretendia usar o computador, mas não sabia como ligar o computador.
O professor pretendia usar o computador mas não como ______________________.
O editor prometeu um prêmio aos escritores, mas não disse aos escritores quando o prêmio seria entregue.
O editor prometeu um prêmio aos escritores, mas não ________________ quando ________________ seria entregue.
Pegou a folha de papel e escreveu na folha de papel o seu endereço.
Pegou a folha de papel e escreveu _____________ o seu endereço.
Ouviu falar da peça e resolveu assistir à peça.
Ouviu falar da pela e resolveu __________________________.
	5.	Fiz isso porque quis fazer isso!
		Fiz isso porque quis ________________________!
06.	Também pode-se evitar a repetição de palavras idênticas num texto substituindo a segunda ocorrência do vocábulo por um pronome demonstrativo. Preencha as lacunas das frases a seguir com o pronome demonstrativo adequado.
Os gregos e os romanos criaram as bases da cultura ocidental, __________________ no plano teórico, _________________ no prático.
Minhas camisas são melhores que ___________ que você está comprando.
3.	Teu jornal fala muito sobre o tema, mas _________ aqui o trata com mais inteligência.
4.	Brasil e Rússia jogarão mais uma vez no Maracanã; ________________ de vermelho, ____________ de verde e amarelo.
5.	A Segunda Guerra Mundial foi menos violenta que ____________________ de agora, entre dois países tão pequenos e pobres.
07.	O pronome relativo também é usado para evitar a repetição de palavras. Uma as duas frases a seguir com o auxílio de um pronome relativo, de modo a evitar a repetição da palavra destacada.
	que (o qual ...) onde o qual (e flexões) 
cujo (e flexões)
1.	Gostei do novo romance de Lygia Fagundes Telles.
	Lygia Fagundes Telles é uma de nossas melhores romancistas.
	____________________________________________________________________
2.	Morei durante muito tempo na Espanha.
	Na Espanha eu fui feliz.
	____________________________________________________________________
	3.	Falei com Maria e Pedro.
		Maria é minha amiga.
	____________________________________________________________________
4. Assisti a um excelente filme.
 O filme trata da fidelidade incondicional dos árabes a seus amos.
 ___________________________________
 ___________________________________
 ___________________________________
08.	Outro processo empregado para evitar a repetição de palavras idênticas num texto é a substituição de uma palavra por uma qualificação ou caracterização correspondente. Sublinhe os termos representativos desse processo nos textos a seguir.
O circo é motivo de uma exposição fotográfica do Museu de Arte Moderna. A exposição revela o drama do teatro de lona no Brasil, sem espaço nem prestígio.
Há um bom número de pessoas tentando acalmar a discussão entre Albert Sabin é uma grande loja brasileira que usou sem autorização a imagem do descobridor da vacina antipólio para um anúncio institucional.
Salvador Dali é o motivo de uma importante exposição do Museu de Belas-Artes do rio de Janeiro. Espera-se que o interesse pela obra do grande pintos espanhol aumente, sobretudo entre os jovens.
Santo Agostinho é, de fato, surpreendentemente avançado para sua época. Os pensamentos desse doutor da Igreja Católica estão distribuídos por todas as suas importantes obras.
Os Beatles estão voltando à moda, é o que se deduz da enorme venda de discos do antigo conjunto inglês nos Estados Unidos.
PERÍFRASE
 (Dicionário Caldas Aulete)
  1 Ling. Figura de estilo que consiste no uso de maior quantidade de palavras para exprimir o que poderia ser dito com menos palavras, visando suavizar a realidade ou descrevê-la de modo mais explícito e analítico; CIRCUNLÓQUIO. 
 [F.: Do gr. períphrasis, eos.]
Perífrase lexical 
Aquela na qual a locução usada substitui uma palavra como expressão de seu significado; circunlóquio. [Pode ter objetivos diversos, como amenizar eufemisticamente uma expressão (bem-aventurança eterna em vez de morte), facilitar o entendimento (osso da coxa em vez de fêmur), criar uma imagem simbólica ou metafórica do objeto ou fato (rei dos animais em vez de leão) etc. 
Perífrase morfológica 
Aquela na qual se substitui a flexão gramatical da palavra que representa o significado por uma locução na qual outra palavra expressa a função gramatical (como vou entrar em vez de entrarei). 
 
O povo lusitano foi bastante satirizado por Gil Vicente.
Utilizou-se a expressão "povo lusitano" para substituir "os portugueses". Esse rodeio de palavras que substituiu um nome comum ou próprio chama-se perífrase.
Perífrase é a substituição de um nome comum ou próprio por um expressão que a caracterize. Nada mais é do que um circunlóquio, isto é, um rodeio de palavras.
Outros exemplos: astro rei (Sol) | última flor do Lácio (língua portuguesa) | Cidade-Luz (Paris) Rainha da Borborema (Campina Grande) | Cidade Maravilhosa (Rio de Janeiro).
09. Nas questões de abaixo apresentamos alguns segmentos de discursos separados por ponto final. Retire o ponto final e estabeleça entre eles o tipo de relação que lhe parecer compatível, usando para isso os elementos de coesão adequados.
 
A. O solo do Nordeste é muito seco e aparentemente árido. Quando caem as chuvas, imediatamente brota a vegetação.
____________________________________________________________________________________________________________________________________________________
B.	Uma seca desoladora assolou a região sul, principal celeiro do país. Vai faltar alimento e os preços vão disparar.
______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
 C.Inverta a posição dos segmentos contidos na questão B e use conectivos apropriados: Vai faltar alimento e os preços vão disparar.
 Uma seca desoladora assolou a região sul, principal celeiro do país.
____________________________________________________________________________________________________________________________________________________
D.	O trânsito em São Paulo ficou completamente paralisado dia 15, das 14 às 18 horas. Fortíssimas chuvas inundaram a cidade.
_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
I - Preciso de remédio.
II -	O remédio custa caro.
	Unindo as duas frases com um relativo teremos:
Preciso de remédio cujo custa caro.	
O remédio que preciso custa caro.
O remédio de cujo preciso custa caro.
Preciso de remédio cujo remédio custa caro.
O remédio de que preciso custa caro.
O texto argumentativo
     Comunicar não significa apenas enviar uma mensagem e fazer com que nosso ouvinte/leitor a receba e a compreenda. Dito de outra forma , podemos dizer que nós nos valemos da linguagem não apenas para transmitir idéias, informações. São muito freqüentes as vezes em que tomamos a palavra para fazer com que nosso ouvinte/leitor aceite o que estamos expressando (e não apenas compreenda); que creia ou faça o que está sendo dito ou proposto.
     Comunicar não é, pois, apenas um fazer saber, mas também um fazer crer, um fazer fazer. Nesse sentido, a língua não é apenas um instrumento de comunicação; ela é também um instrumento de ação sobre os espíritos, isto é, uma estratégia que visa a convencer, a persuadir, a aceitar, a fazer crer, a mudar de opinião,a levar a uma determinada ação.
     Assim sendo, talvez não se caracterizaria em exagero afirmarmos que falar e escrever é argumentar.
     Texto Argumentativo é o texto em que defendemos uma idéia, opinião ou ponto de vista, uma tese, procurando (por todos os meios) fazer com que nosso ouvinte/leitor aceite-a, creia nela.
     Num texto argumentativo, distinguem-se três componentes: a tese, os argumentos e as estratégias argumentativas.
     TESE, ou proposição, é a idéia que defendemos, necessariamente polêmica, pois a argumentação implica divergência de opinião.
     A palavra ARGUMENTO tem uma origem curiosa: vem do latim ARGUMENTUM, que tem o tema ARGU , cujo sentido primeiro é "fazer brilhar", "iluminar", a mesma raiz de "argênteo", "argúcia", "arguto".
     Os argumentos de um texto são facilmente localizados: identificada a tese, faz-se a pergunta por quê? (Ex.: O autor é contra a pena de morte (tese)...porque ... (argumentos).
    As ESTRATÉGIAS não se confundem com os ARGUMENTOS. Esses, como se disse, respondem à pergunta”por quê?”(o autor defende uma tese tal “porque” (justificativa)... - e aí vêm os argumentos).
     ESTRATÉGIAS argumentativas são todos os recursos (verbais e não-verbais) utilizados para envolver o leitor/ouvinte, para impressioná-lo, para convencê-lo melhor, para persuadi-lo mais facilmente, para gerar credibilidade etc.
         A utilização de vários argumentos, sua disposição ao longo do texto, o ataque às fontes adversárias, as antecipações ou prolepses (quando o escritor/orador prevê a argumentação do adversário e responde-a antes de ouvir a contra-argumentação), a qualificação das fontes, a utilização da ironia, da linguagem agressiva, da repetição, das perguntas retóricas, das exclamações etc. são alguns outros exemplos de estratégias.
. Como outros exemplos de estratégias persuasivas (convincentes) podemos elencar: citação de obras ou autores que confirmem nossa afirmação, estatísticas com resultados de pesquisas feitas por instituições confiáveis, reportagens etc.
A CLAREZA do texto - para citar um primeiro exemplo - é uma estratégia argumentativa na medida em que, em sendo claro, o leitor/ouvinte poderá entender, e entendo, poderá concordar com o que está sendo exposto. Portanto, para conquistar o leitor/ouvinte, quem fala ou escreve vai procurar por todos os meios ser claro, isto é, utilizar-se da estratégia da clareza. A clareza não é, pois, um argumento, mas é um meio (estratégia) imprescindível, para obter adesão das mentes, dos espíritos.
     O emprego da LINGUAGEM CULTA FORMAL deve ser visto como algo muito estratégico em muitos tipos de texto. Com tal emprego, afirmamos nossa autoridade (= "Eu sei escrever. Eu domino a língua! Eu sou culto!") e com isso reforçamos, damos maior credibilidade ao nosso texto. Imagine, estão, um advogado escrevendo mal ... ("Ele não sabe nem escrever! Seus conhecimentos jurídicos também devem ser precários!").
     Em outros contextos, o emprego da LINGUAGEM INFORMAL e até mesmo POPULAR poderá ser estratégico, pois, com isso, consegue-se mais facilmente atingir o ouvinte/leitor de classes menos favorecidas.
     O TÍTULO ou o INÍCIO do texto (escrito/falado) devem ser utilizados como estratégias ... como estratégia para captar a atenção do ouvinte/leitor imediatamente. De nada valem nossos argumentos se não são ouvidos/lidos.
 A estrutura de um texto argumentativo
2.1. A argumentação formal
 A nomenclatura é de Othon Garcia, em sua obra "Comunicação em Prosa Moderna".
 O autor, na mencionada obra, apresenta o seguinte plano-padrão para o que chama de argumentação formal: 
1.	Proposição (tese): afirmativa suficientemente definida e limitada; não deve conter em si mesma nenhum argumento. 
2.	Análise da proposição ou tese: definição do sentido da proposição ou de alguns de seus termos, a fim de evitar mal-entendidos. 
3.	Formulação de argumentos: fatos, exemplos, dados estatísticos, testemunhos etc. 
4.	Conclusão. 
 Observe o texto a seguir, que contém os elementos referidos do plano-padrão da argumentação formal.
 
Gramática e desempenho Lingüístico
1.Pretende-se demonstrar no presente artigo que o estudo intencional da gramática não traz benefícios significativos para o desempenho lingüístico dos utentes de uma língua.
2.Por "estudo intencional da gramática" entende-se o estudo de definições, classificações e nomenclatura; a realização de análises (fonológica, morfológica, sintática); a memorização de regras (de concordância, regência e colocação) - para citar algumas áreas. O "desempenho lingüístico", por outro lado, é expressão técnica definida como sendo o processo de atualização da competência na produção e interpretação de enunciados; dito de maneira mais simples, é o que se fala, é o que se escreve em condições reais de comunicação.
3.A polêmica pró-gramática versus contra gramática é bem antiga; na verdade, surgiu com os gregos, quando surgiram as primeiras gramáticas. Definida como "arte", "arte de escrever", percebe-se que subjaz à definição a idéia da sua importância para a prática da língua. São da mesma época também as primeiras críticas, como se pode ler em Apolônio de Rodes, poeta Alexandrino do séc.II ª C.:
"Raça de gramáticos, roedores que ratais na musa de outrem, estúpidas lagartas que sujais as grandes obras, ó flagelo dos poetas que mergulhais o espírito das crianças na escuridão, ide para o diabo, percevejos que devorais os versos belos". 
4.Na atualidade, é grande o número de educadores, filólogos e lingüistas de reconhecido saber que negam a relação entre o estudo intencional da gramática e a melhora do desempenho lingüístico do usuário. Entre esses especialistas, deve-se mencionar o nome do Prof. Celso Pedro Luft com sus obra "Língua e liberdade: por uma nova concepção de língua materna e seu ensino" (L&PM, 1995). Com efeito, o velho pesquisar apaixonado pelos problemas da língua, teórico de espírito lúcido e de larga formação lingüística, reúne numa mesma obra convincente fundamentação para seu combate veemente contra o ensino da gramática em sala de aula. Por oportuno, uma citação apenas:
"Quem sabe, lendo este livro muitos professores talvez abandonem a superstição da teoria gramatical, desistindo de querer ensinar a língua por definições, classificações, análises inconsistentes e precárias hauridas em gramáticas. Já seria um grande benefício". (p. 99) 
5.Deixando-se de lado a perspectiva teórica do Mestre, acima referida suponha-se que se deva recuperar lingüisticamente um jovem estudante universitário cujo texto apresente preocupantes problemas de concordância, regência, colocação, ortografia, pontuação, adequação vocabular, coesão, coerência, informatividade, entre outros. E, estimando-lhe melhoras, lhe fosse dada uma gramática que ele passaria a estudar: que é fonética? Que é fonologia? Que é fonemas? Morfema? Qual é coletivo de borboleta? O feminino de cupim? Como se chama quem nasce na Província de Entre-Douro-e-Minho? Que é oração subordinada adverbial concessiva reduzida de gerúndio? E decorasse regras de ortografia, fizesse lista de homônimos, parônimos, de verbos irregulares ... e estudasse o plural de compostos, todas regras de concordância, regências ... os casos de próclise, mesóclise e ênclise. E que, ao cabo de todo esse processo, se voltasse a examinar o desempenho do jovem estudante na produção de um texto. A melhora seria, indubitavelmente, pouco significativa; uma pequena melhora, talvez, na gramática da frase, mas o problema de coesão, de coerência, de informatividade - quem sabe os mais graves - haveriam de continuar. Quanto mais não seja porque a gramática tradicional não dá conta dos mecanismos que presidem à construção do texto.
6.	Poder-se-á objetar que o ilustração de há pouco é apenas hipotética e que, por isso, um argumento de pouco valor. Contra argumentar-se-ia dizendo que situação como essa ocorre de fato na prática. Na verdade, todo o ensinode 1° e 2° graus é gramaticalista, descritivista, definitório, classificatório, nomenclaturista, prescritivista, teórico. O resultado? Aí estão as estatísticas dos vestibulares. Valendo 40 pontos a prova de redação, os escores foram estes no vestibular 1996/1, na PUCRS: nota zero: 10% dos candidatos, nota 01: 30%; nota 02: 40%; nota 03: 15%; nota 04: 5%. Ou seja, apenas 20% dos candidatos escreveram um texto que pode ser considerado bom.
7.	Finalmente pode-se invocar mais um argumento, lembrando que são os gramáticos, os lingüistas - como especialistas das línguas - as pessoas que conhecem mais a fundo a estrutura e o funcionamento dos códigos lingüísticos. Que se esperaria, de fato, se houvesse significativa influência do conhecimento teórico da língua sobre o desempenho? A resposta é óbvia: os gramáticos e os lingüistas seriam sempre os melhores escritores. Como na prática isso realmente não acontece, fica provada uma vez mais a tese que se vem defendendo.
8.	Vale também o raciocínio inverso: se a relação fosse significativa, deveriam os melhores escritores conhecer - teoricamente - a língua em profundidade. Isso, no entanto, não se confirma na realidade: Monteiro Lobato, quando estudante, foi reprovado em língua portuguesa (muito provavelmente por desconhecer teoria gramatical); Machado de Assis, ao folhar uma gramática declarou que nada havia entendido; dificilmente um Luis Fernando Veríssimo saberia o que é um morfema; nem é de se crer que todos os nossos bons escritores seriam aprovados num teste de Português à maneira tradicional (e, no entanto eles são os senhores da língua!).
9.Portanto, não há como salvar o ensino da língua, como recuperar lingüisticamente os alunos, como promover um melhor desempenho lingüístico mediante o ensino-estudo da teoria gramatical. O caminho é seguramente outro. 
 Gilberto Scarton
     Eis o esquema do texto em seus quatro estágios:
Primeiro estágio: primeiro parágrafo, em que se enuncia claramente a tese a ser defendida.
Segundo estágio: segundo parágrafo, em que se definem as expressões "estudo intencional da gramática" e "desempenho lingüístico", citadas na tese.
Terceiro estágio: terceiro, quarto, quinto, sexto, sétimo e oitavo parágrafos, em que se apresentam os argumentos.
Terceiro parágrafo: parágrafo introdutório à argumentação.
Quarto parágrafo: argumento de autoridade.
Quinto parágrafo: argumento com base em ilustração hipotética.
Sexto parágrafo: argumento com base em dados estatísticos.
Sétimo e oitavo parágrafo: argumento com base em fatos. 
Quarto estágio: último parágrafo, em que se apresenta a conclusão. 
2.2 A argumentação informal
     A nomenclatura também é de Othon Garcia, na obra já referida.
     A argumentação informal apresenta os seguintes estágios:
Citação da tese adversária 
Argumentos da tese adversária 
Introdução da tese a ser defendida 
Argumentos da tese a ser defendida 
Conclusão 
     Observe o texto exemplar de Luís Alberto Thompson Flores Lenz, Promotor de Justiça.
	 
	Considerações sobre justiça e eqüidade
Hoje, floresce cada vez mais, no mundo jurídico a acadêmico nacional, a idéia de que o julgador, ao apreciar os caos concretos que são apresentados perante os tribunais, deve nortear o seu proceder mais por critérios de justiça e eqüidade e menos por razões de estrita legalidade, no intuito de alcançar, sempre, o escopo da real pacificação dos conflitos submetidos à sua apreciação.
Semelhante entendimento tem sido sistematicamente reiterado, na atualidade, ao ponto de inúmeros magistrados simplesmente desprezarem ou desconsiderarem determinados preceitos de lei, fulminando ditos dilemas legais sob a pecha de injustiça ou inadequação à realidade nacional.
Abstraída qualquer pretensão de crítica ou censura pessoal aos insignes juízes que se filiam a esta corrente, alguns dos quais reconhecidos como dos mais brilhantes do país, não nos furtamos, todavia, de tecer breves considerações sobre os perigos da generalização desse entendimento.
Primeiro, porque o mesmo, além de violar os preceitos dos arts. 126 e 127 do CPC, atenta de forma direta e frontal contra os princípios da legalidade e da separação de poderes, esteio no qual se assenta toda e qualquer idéia de democracia ou limitação de atribuições dos órgãos do Estado.
Isso é o que salientou, e com a costumeira maestria, o insuperável José Alberto dos Reis, o maior processualista português, ao afirmar que: "O magistrado não pode sobrepor os seus próprios juízos de valor aos que estão encarnados na lei. Não o pode fazer quando o caso se acha previsto legalmente, não o pode fazer mesmo quando o caso é omisso".
Aceitar tal aberração seria o mesmo que ferir de morte qualquer espécie de legalidade ou garantia de soberania popular proveniente dos parlamentos, até porque, na lúcida visão desse mesmo processualista, o juiz estaria, nessa situação, se arvorando, de forma absolutamente espúria, na condição de legislador.
A esta altura, adotando tal entendimento, estaria institucionalizada a insegurança social, sendo que não haveria mais qualquer garantia, na medida em que tudo estaria ao sabor dos humores e amores do juiz de plantão.
De nada adiantariam as eleições, eis que os representantes indicados pelo povo não poderiam se valer de sua maior atribuição, ou seja, a prerrogativa de editar as leis.
Desapareceriam também os juízes de conveniência e oportunidade política típicos dessas casas legislativas, na medida em que sempre poderiam ser afastados por uma esfera revisora excepcional.
A própria independência do parlamento sucumbiaria integralmente frente à possibilidade de inobservância e desconsideração de suas deliberações.
Ou seja, nada restaria, de cunho democrático, em nossa civilização.
Já o Poder Judiciário, a quem legitimamente compete fiscalizar a constitucionalidade e legalidade dos atos dos demais poderes do Estado, praticamente aniquilaria as atribuições destes, ditando a eles, a todo momento, como proceder.
Nada mais é preciso dizer para demonstrar o desacerto dessa concepção.
Entretanto, a defesa desse entendimento demonstra, sem sombra de dúvidas, o desconhecimento do próprio conceito de justiça, incorrendo inclusive numa contradictio in adjecto.
Isto porque, e como magistralmente o salientou o insuperável Calamandrei, "a justiça que o juiz administra é, no sistema da legalidade, a justiça em sentido jurídico, isto é, no sentido mais apertado, mas menos incerto, da conformidade com o direito constituído, independentemente da correspondente com a justiça social".
Para encerrar, basta salientar que a eleição dos meios concretos de efetivação da Justiça social compete, fundamentalmente, ao Legislativo e ao Executivo, eis que seus membros são indicados diretamente pelo povo.
Ao Judiciário cabe administrar a justiça da legalidade, adequando o proceder daqueles aos ditames da Constituição e da Legislação. 
Luís Alberto Thompson Flores Lenz
	 
     Eis o esquema do texto em seus cinco estágios;
Primeiro estágio: primeiro parágrafo, em que se cita a tese adversária.
Segundo estágio: segundo parágrafo, em que se cita um argumento da tese adversária "... fulminando ditos dilemas legais sob a pecha de injustiça ou inadequação à realidade nacional".
Terceiro estágio: terceiro parágrafo, em que se introduz a tese a ser defendida.
Quarto estágio: do quarto ao décimo quinto, em que se apresentam os argumentos.
Quinto estágio: os últimos dois parágrafos, em que se conclui o texto mediante afirmação que salienta o que ficou dito ao longo da argumentação.
A ARGUMENTAÇÃO 
A argumentação é um recurso que tem como propósito convencer alguém, para que esse tenha a opinião ou o comportamento alterado. 
Sempre que argumentamos, temos o intuito de convencer alguém a pensar como nós. 
No momento da construção textual, os argumentos são essenciais, esses serão as provas que apresentaremos,com o propósito de defender nossa idéia e convencer o leitor de que essa é a correta. 
Há diferentes tipos de argumentos, a escolha certa consolida o texto. 
Argumentação por citação 
Sempre que queremos defender uma idéia, procuramos pessoa ‘consagradas’, que pensam como nós acerca do tema em evidência. 
Apresentamos no corpo de nosso texto a menção de uma informação extraída de outra fonte. 
A citação pode ser apresentada assim: 
Assim parece ser porque, para Piaget, “toda moral consiste num sistema de regras e a essência de toda moralidade deve ser procurada no respeito que o indivíduo adquire por essas regras” (Piaget, 1994, p.11). A essência da moral é o respeito às regras. A capacidade intelectual de compreender que a regra expressa uma racionalidade em si mesma equilibrada. 
O trecho citado deve estar de acordo com as idéias do texto, assim tal estratégia poderá funcionar bem. 
Argumentação por comprovação 
A sustentação da argumentação se dará a partir das informações apresentadas (dados, estatísticas, percentuais) que o acompanham. 
Esse recurso é explorado quando o objetivo é contestar um ponto de vista equivocado. 
Veja: 
O ministro da Educação, Cristovam Buarque, lança hoje o Mapa da Exclusão Educacional. O estudo do Inep, feito a partir de dados do IBGE e do Censo Educacional do Ministério da Educação, mostra o número de crianças de sete a catorze anos que estão fora das escolas em cada Estado. 
Segundo o mapa, no Brasil, 1,4 milhão de crianças, ou 5,5 % da população nessa faixa etária (sete a catorze anos), para a qual o ensino é obrigatório, não freqüentam as salas de aula. 
O pior índice é do Amazonas: 16,8% das crianças do estado, ou 92,8 mil, estão fora da escola. O melhor, o Distrito Federal, com apenas 2,3% (7 200) de crianças excluídas, seguido por Rio Grande do Sul, com 2,7% (39 mil) e São Paulo, com 3,2% (168,7 mil). 
(Mônica Bergamo. Folha de S. Paulo, 3.12.2003) 
Nesse tipo de citação o autor precisa de dados que demonstre sua tese. 
Argumentação por raciocínio lógico 
A criação de relações de causa e efeito é um recurso utilizado para demonstrar que uma conclusão (afirmada no texto) é necessária, e não fruto de uma interpretação pessoal que pode ser contestada. 
A UFPE oferece muitos cursos de capacitação para seus funcionários. Este curso é de capacitação em Língua Portuguesa da UFPE, portanto todos os que aqui estão são funcionários da Instituição.
 
Argumento de autoridade (ab autoritatem) 
É o argumento que se vale da lição de pessoa conhecida em determinada área, para corroborar a afirmação feita pelo autor. As citações de doutrina são os exemplos mais claros do argumento de autoridade, que tem duplo efeito: primeiro, de fazer presumir-se certa a conclusão, porque emanada de alguém de notório conhecimento; segundo, de revelar que a conclusão é isenta de parcialidade.
Eu defendo a tese de que a palavra “fôrma” deva acentuada, pois em alguns contextos pode ser confundida com “forma”, como diz Celso Pedro Luft no seu “Guia Ortográfico da Língua Portuguesa”.
Exercício de Argumentação.
“Impor à mulher o dever de carregar por nove meses um feto que sabe, com plenitude de certeza, não sobreviverá, causando-lhe dor, angústia e frustração, importa violação de ambas as vertentes de sua dignidade humana. A potencial ameaça à integridade física e os danos à integridade moral e psicológica na hipótese são evidentes. A convivência diuturna com a triste realidade e a lembrança ininterrupta do feto dentro de seu corpo, que nunca poderá se tornar um ser vivo, podem ser comparadas à tortura psicológica”.
A afirmação é do advogado Luís Roberto Barroso, que representou a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde (CNTS) em Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental. A CNTS pediu ao ministro Marco Aurélio para autorizar a interrupção de gravidez cujo feto é anencéfalo, ou seja, sem cérebro. O pedido foi atendido.
A Igreja, em contrapartida, entende que “a vida é sempre um dom de Deus e deve ser respeitada, desde o seu início até o seu fim natural. Não temos o direito de tirar a vida de ninguém. A mulher que gera um filho com anencefalia pode passar por um drama grave e por muitos sofrimentos, sabendo que o feto pode morrer ainda no seu seio, ou então, morrerá logo depois de nascer. Temos que ter muita compreensão para com essa mãe e a sociedade dispõe de muitos meios para ajudá-la. Mesmo o risco para a saúde da mãe pode ser controlado pela medicina. Mas o sofrimento da mãe não é justificativa suficiente para tirar a vida do filho dela. Além disso, fazer o aborto, nestes casos, pode marcar a mãe com um segundo drama, que ela vai carregar para o resto da vida. Abortar um filho não é solução, mas é um problema a mais para a mãe. Melhor, neste caso, é deixar que a natureza siga o seu curso natural.”
Exponha, sucintamente, a sua opinião sobre o tema.
________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Encéfalo
Parte do sistema nervoso central que se encontra alojado na caixa craniana, e que abrange o cérebro, cerebelo e tronco cerebral (ou encefálico).
Anencefalia:
Monstruosidade fisiológica que consiste na falta do encéfalo. [F.: an- + -encefalia.]
AMBIGÜIDADE
Um enunciado ambíguo é aquele que pode ter mais de um sentido.
“Sendo hoje domingo de Páscoa pediremos à senhora Jandira que ponha um ovo no altar.”
CUIDADO ESCOLA!
Depois da consulta, o ginecologista lhe disse que estava esperando um bebê.
W.C. (UMA QUESTÃO DE INTERPRETAÇÃO)
	Certa vez, uma família inglesa foi passar as férias na Alemanha. No decorrer de um passeio, as pessoas da família viram uma casa de campo que lhes pareceu boa para passar as férias de verão. Foram falar com o proprietário da casa, um pastor, alemão, e combinaram de alugá-la no verão seguinte.
	De volta à Inglaterra, discutiram muito acerca da planta da casa. De repente, a senhora lembrou-se de não ter visto o W.C. Conforme o sentido prático dos ingleses, escreveu imediatamente para confirmar tal detalhe. A carta foi escrita assim:
	Gentil Pastor,
	Sou membro da família inglesa que o visitou há pouco com a finalidade de alugar sua propriedade no próximo verão. Como esquecemos um detalhe muito importante, agradeceria se nos informasse onde se encontra o W.C.
	O pastor alemão, não compreendendo o significado da abreviatura W.C. e julgando tratar-se da capela da religião inglesa White Chapel, respondeu nos seguintes termos:
	Gentil Senhora,
	Tenho o prazer de comunicar-lhe que o local de seu interesse fica a 12 km da casa. É muito cômodo, sobretudo se tem o hábito de ir lá freqüentemente; nesse caso, é preferível levar comida para passar lá o dia inteiro. Alguns vão a pé; outros, de bicicleta. Há lugar para quatrocentas pessoas sentadas e cem em pé. Recomenda-se chegar cedo para arrumar lugar sentado, pois os assentos são de veludo. As crianças sentam ao lado dos adultos e todos cantam em coro. Na entrada, é distribuída uma folha de papel para cada um; no entanto, se chegar depois da distribuição, pode-se usar a folha do vizinho ao lado. Tal folha deve ser restituída à saída para poder ser usada durante um mês. Existem ampliadores de som. Tudo o que se recolhe é para as crianças pobres da região. Fotógrafos especiais tiram fotografias para os jornais da cidade, a fim de que todos possam ver seus semelhantes no desempenho de um dever tão humano.
 In: Fiorin, José Luiz. ELEMENTOS DA 
 ANÁLISE DO DISCURSO, Editora Contexto.
Os trechos abaixo são de textos realmente escritos, encontrados em comunicados de igrejas,

Outros materiais