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LEI DE DROGAS- LEI N°11.343/06 E lei n° 12.961/14 Antecedentes históricos: O uso de drogas remonta aos primórdios da humanidade, registrando-se, todavia, que o ópio e o Cannabis, já eram utilizados desde o ano 3.000 a.C. Só com a evolução das sociedades, tal uso se tornou criminalmente punível. No Brasil, a primeira legislação criminal que puniu o uso e o comércio de substâncias tóxica vinha contemplada no Livro V das Ordenações Filipinas: quem guardasse em casa ou vendesse substâncias como o rosalgar e o ópio, poderia perder a fazenda, ser expulso do Brasil e enviado para a África. Posteriormente vieram: O Código Republicano de 1890, a Consolidação das Leis Penais em 1932, o Decreto 780, modificado peloo Decreto-lei 891, de 1938, o Código Penal de 1940, Lei 6368/76 e Lei 10.409/200 e a Lei 13.343/06, e, mais recentemente, a Lei n° 12.961/14. Lei 13.343/06 A Lei 11.343/06, tem como finalidade articular, organizar e coordenar as atividades relacionadas com o uso indevido, a atenção e a reinserção social de usuários e dependentes de drogas, assim como a repressão da produção não autorizada e do tráfico ilícito de drogas. Assim, consoante se depreende da leitura do art. 1°, o principal objetivo da Lei de Drogas é conferir tratamento diverso ao usuário e ao traficante drogas. Lei 11.343/06 – TRÁFICO DE DROGAS Art. 1°- Esta Lei institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas- Sisnad; prescreve medidas para prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependente de drogas; estabelece normas para a repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas e define crimes. Parágrafo único. Para fins desta Lei, consideram-se como drogas substâncias ou os produtos capazes de causar dependência, assim especificados em lei ou relacionados em listas atualizadas pelo Poder Executivo da União. 2. RESSALVAS À PROIBIÇÃO DAS DROGAS De acordo com o artigo 2° da Lei supra é proibido em todo o território nacional, o plantio, a cultura, a colheita e a exploração de vegetais e substratos dos quais possam ser extraídas ou produzidas drogas, entretanto, estabelece duas ressalvas: 1. Plantas de uso estritamente ritualístico-religioso; 2- quando houver autorização legal ou regulamentar para fins medicinais ou científicos. 3. PORTE DE DROGAS PARA O CONSUMO PESSOAL De outra banda, os artigos 27 e 28, determina a forma de aplicação das penas previstas e define os crimes de uso de drogas para o consumo pessoal, respectivamente. Já no caput do artigo 28 estão descritos os tipos penais e as penas cominadas: Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em deposito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas: I- Advertência sobre os efeitos da droga; II- A prestação de serviço à comunidade; III- Medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo. 6. Bem Jurídico tutelado – A saúde pública, que encontra base constitucional no art. 196 e segs. da CF. Trata-se de crime de perigo de abstrato. 7. Sujeitos do Crime – a) Ativo: Qualquer pessoa; b) passivo: a coletividade. 8. Condutas Típicas: 1. Adquirir: obtenção da propriedade de alguma coisa, seja de maneira gratuito ou onerosa, pouco importando a forma de aquisição. Evidenciada a existência de um acordo de vontades sobre a substância definida como droga e o preço, para a configuração da conduta, pouco importa se houve tradição ou não ao adquirente, tampouco o pagamento do valor acordado. 2. guardar: tomar conta da droga, protegendo, tendo-a sob sua vigilância, geralmente, por meio de ocultação, sendo a clandestinidade a característica marcante. É crime permanente. 3. trazer consigo: transportar junto ao corpo, dá a ideia de deslocamento , de um local para outro. Não importa o animus do agente, i. é., faz-se o transporte para depois ter consigo ou se o faz para terceiros; 4. Ter em depósito: manter em reservatório ou armazém, conservando a coisa, sob imediato alcance e disponibilidade. A manutenção pode se exposta ao público, ou não. Não importa o local do armazenamento. 5.transportar: levar a droga de um local para outro, geralmente, por meio não pessoal. 9. Atipicidade do uso de drogas – A conduta de mero uso da droga, em si, não é incriminada, visto que dentre as cinco condutas nucleares do art. 28, caput da Lei 11.343/06 não consta a conduta de mero uso da droga. Mas o individuo que é flagrado usando substância entorpecente, deverá responder pelo crime de porte de drogas para o consumo pessoal e não simplesmente pelo uso de drogas. 10- Tipo subjetivo- O crime é punido exclusivamente a titulo doloso. Além disso, para a consumação do crime do art. 28, depende do elemento subjetivo especial do tipo representada pela expressão, “para consumo pessoal”. 11. Distinção entre porte de drogas para o consumo pessoal e o tráfico de drogas. Para a tipificação do crime do art. 28 da Lei 11.343/06, depende da intenção especial do agente “ para consumo pessoal”.Em razão disso, convém distinguir o crime de porte de drogas para consumo pessoal do delito de tráfico de drogas. Dois são os sistemas legais utilizados pelo ordenamento jurídico para distinguir o usuário do traficante: a) sistema de quantificação legal: fixa o quantum diário para o consumo pessoal. b) sistema de quantificação judicial: incumbe ao juiz analisar as circunstâncias fáticas do caso concreto e decidir de se trata de porte de drogas para consumo pessoal ou tráfico de drogas. Para tanto, o juiz atenderá, conforme dispõe o art. 28,§2° da Lei 11.343/06: a) À natureza e à quantidade da substância apreendida; b)ao local e às condições em que se desenvolveu a ação; c) às circunstâncias sociais e pessoais; d) à conduta e aos antecedentes do agente. 12.ELEMENTO NORMATIVO DO TIPO: SEM AUTORIZAÇÂO OU EM DESACORDO COM DETERMINAÇÂO LEGAL OU REGULAMENTAR O porte de drogas para consumo pessoal só constituirá fato típico se o agente adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar. Assim, como a exploração de drogas no Brasil, é permitida em situações excepcionais ( vg. Dentistas, médicos, hospitais, conforme se depreende dos arts. 2° e 31 da Lei de Drogas, a tipificação do crime exige a prática de qualquer um dos núcleos verbais sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar. 13. PENAS A SEREM APLICADAS AO PORTE DE DROGAS PARA CONSUMO PESSOAL: 1. Advertência sobre os efeitos das drogas; 2.prestação de serviços à comunidade; ( que deve ser cumprida em programas comunitários, entidades educacionais ou assistenciais, hospitais, estabelecimentos congêneres, públicos ou privados, sem fins lucrativos , que se ocupem, preferencialmente da prevenção do consumo de drogas). Essa pena possui duas características que a diferenciam das demais penas alternativas previstas na lei penal comum, a saber: a) não substitutividade; b) não conversibilidade. 3.Medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo. 14. Duração máxima das medidas alternativas do art. 28: 05(cinco) meses (art.28,§3°). Em caso de reincidência específica: 10 meses (art. 28,§4°). Medidas coercitivas de garantia para o cumprimento das penas do art. 28, De acordo com o art. 28, §6° da Lei 11.343/06, o juiz poderá submeter o agente que injustificadamente se recusar a cumprir as medidas previstas no caput,do citado dispositivo legal, a a) admoestação verbal; b) multa.( o valor será fixado nos termos do art. 29) cuja inadimplência acarretará a execução pela Procuradoria Fiscal.(Fazenda Nacional). 15. Valor da multa coercitiva O juiz fixará o número de dias-multa nunca inferior a 40(quarenta), nem superior 100(cem), segundo acapacidade econômica do agente, o valor de avos até 3(três) vezes o valor do maior salário mínimo. 16.Destinação da Multa- Fundo Nacional Antidrogas.(art. 29,§único). 17. Prescrição- 02(dois) anos Lei de Drogas ( continuação). TRÁFICO DE DROGAS 1. Sujeitos do Crime – Ativo: qualquer pessoa Passivo: A coletividade. 2. Objetividade jurídica : a saúde pública(tutela imediata) e a saúde individual das pessoas que integram a sociedade ( tutela mediata). 3.Condutas Típicas: 1)Importar: proporcionar o ingresso irregular da droga no território nacional, consumando-se no momento em que a substância entra, indevidamente, no território brasileiro; 2)Exportar: levar para fora do Brasil. Consuma-se no momento em que a droga sai do território nacional. 3)remeter: enviar a algum lugar, por qualquer meio, mas dentro do território nacional. O delito se consuma no momento em que a agente se despe da posse da droga, enviando-a a um terceiro. 4)preparar: por em condições adequadas para uso. 5) produzir: dar origem, gerar; 6)fabricar: produzir em grande escala, a partir de matérias primas, manufaturar); 7)adqurir: entrar na posse, de forma gratuita ou onerosa; 8)vender: alienar mediante contraprestação. 9)expor á venda: apresentar, colocar à mostra para fins de alienação; 10)oferecer: tornar disponível, geralmente de forma gratuita. 11)ter em depósito: manter em reservatório ou armazém, conservando a coisa. Caracteriza-se pela mobilidade e transitoridade no sentido de ser possível um rápido deslocamento da droga de um local para outro. 12) transportar: levar a droga de um lugar para outro, geralmente por meio não pessoal. 13)trazer consigo:transportar junto ao corpo (n bolsa, no bolso da calça), ou no seu interior( cápsulas de cocaína ingeridas pela chamada “mula”). 14) guardar: tomar conta da droga, protegendo, tendo-a sob vigilância, geralmente, por meio de ocultação. 15)prescrever: receitar, indicar. Trata-se de crime próprio, só pode ser cometido por médico ou dentista. 16)ministrar: introduzir no organismo de alguém substância entorpecente, por qualquer meio. 17)entregar a consumo: ceder: abarca toda e qualquer conduta relacionada à traficância que não possa ser enquadrada nas modalidades anteriores. Distingue-se do fornecimento por consistir em tradição da droga a terceiro praticada de maneira isolada, única, esporádica. 18.fornecer: prover, abastecer, entregar, ainda que gratuitamente ( amostra grátis).Geralmente há continuidade no tempo e é utilizada como forma de captação de clientela. * Em todas as condutas acima é irrelevante haver ou não lucro, ou mesmo o intuito de lucro. ** O crime é de ação múltipla ou de conteúdo variado. *** As condutas de: expor à venda, ter em depósito, trazer consigo e guardar previstos no art. 33 da Lei de Drogas, são permanentes, o possibilita a prisão em flagrante e a violação domiciliar independentemente de prévia autorização judicial e encontro fortuito de provas. 4. Tipo subjetivo- Os crimes de tráfico de drogas são punidos exclusivamente a título de dolo. * Os verbos prescrever e ministrar constantes do art. 33 também são utilizadas no art. 38 da Lei de Drogas,diferenciando-se pelo fato de que esta figura delituosa pode ser praticada apenas culposamente. Sanção Penal: Na lei anterior, isto é, Lei 6368/76, o crime de tráfico de substância entorpecente, previsto no art. 12 era de reclusão de 3(três) a 15(quinze) anos, e pagamento de 50(cinquenta a 360(trezentos e sessenta) dias-multa. Com o advento da Lei 11.343, a sanção penal cominada para o crime previsto no art. 33, foi aumentada: reclusão, de 5(cinco) a 15(quinze) anos e pagamento de 500(quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos dias-multa). CRIMES EQUIPARADOS AO TRÁFICO DE DROGAS 1.Tráfico de matéria prima, insumos ou produtos químicos à preparação de drogas. a) matéria prima: é a substância bruta da qual podem ser extraídas ou produzidas as drogas; b)insumo: elemento participante do processo de determinado produto. Não obstante ser impossível se extrair dele a droga, o insumo é utilizado para a produção da substância entorpecente quando agregado à matéria prima. c)produtos químicos: substância química qualquer, pura ou composta, utilizada em laboratório no processo de elaboração da droga, sem, todavia, se agregar à matéria-prima ( ex.: acetona utilizada para refino de cacaína). A REPRESSÃO À PRODUÇÃO NÃO AUTORIZADA E AO TRÁFICO ILICITO DE DROGAS. Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Pena- reclusão de 5(cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500(quinhentos) a 1.500(mil e quinhentos) dias-multa. §1° Nas mesmas penas incorre quem: I- importa, exporta, remete, produz,fabrica, adquire, vende, expõe á venda, oferece, fornece, tem em depósito, transporta, traz consigo ou guarda, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à preparação de drogas; II- semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, de plantas que se constituem em matéria- prima para preparação de drogas; III- utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem a propriedade, posse, administração, guarda ou vigilância, ou consente que outrem dele se utilize, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, para o tráfico ilícito de drogas. §2° Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido de droga: Pena- detenção, de 1(um) a 3(três) anos e multa de 100(cem) a 300(trezentos) dias-multa. §3° Oferecer droga, eventualmente sem objetivo de lucro, a pessoa de seu relacionamento, para juntos a consumirem: Pena- detenção, de 6(seis) meses a 1(um) ano, e pagamento de 700(setecentos) a 1.500(mil e quinhentos) dias-multa, sem prejuízo das penas previstas no art. 28 §4° Nos delitos definidos na caput e no §1° deste artigo, as penas poderão ser reduzidas de um sexto a dois terços, desde que o agente seja primário, de bons antecedentes, não se dedique às atividades criminosas nem integre organização criminosa.
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