Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Direito Ambiental O Instituto IOB nasce a partir da experiência de mais de 40 anos da IOB no desenvolvimento de conteúdos, serviços de consultoria e cursos de excelência. Por intermédio do Instituto IOB, é possível acesso a diversos cursos por meio de ambientes de aprendizado estruturados por diferentes tecnologias. As obras que compõem os cursos preparatórios do Instituto foram desenvolvidas com o objetivo de sintetizar os principais pontos destacados nas videoaulas. institutoiob.com.br Direito ambiental - 2ª edição / Obra organizada pelo Instituto IOB - São Paulo: Editora IOB, 2014. ISBN 978-85-8079-037-5 Informamos que é de inteira responsabilidade do autor a emissão dos conceitos. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Instituto IOB. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na Lei nº 9.610/1998 e punido pelo art. 184 do Código Penal. Sumário Capítulo 1 – Introdução ao Direito Ambiental, 7 1. Introdução ao Direito Ambiental Brasileiro, 7 2. Princípios, Desenvolvimento Sustentável e Informação, 9 3. Princípios, Prevenção, Precaução e Poluidor-pagador, 10 Capítulo 2 – Direito Ambiental Constitucional, 13 1. Histórico da Tutela Ambiental no Estado Constitucional, 13 2. Divisão de Bens, 14 3. Repartição de Competências, 16 4. Ordem Econômica: Função Social da Propriedade, 19 5. Patrimônio Cultural, 21 6. Meio Ambiente – Art. 225, CF – I, 22 7. Meio Ambiente – Art. 225, CF – II, 24 8. Direito Administrativo Ambiental – Conceitos, Objetivos e Instrumentos, 26 Capítulo 3 – Direito Administrativo Ambiental, 30 1. Sisnama, 30 2. Estudo de Impacto Ambiental, 32 3. Licenciamento Ambiental, 37 4. Estudo de Impacto Ambiental e Licenciamento – Continuação, 39 Capítulo 4 – Biossegurança, 42 1. Definição, 42 2. Licenciamento Ambiental da Atividades que Envolvam Pesquisa, 47 Capítulo 5 – Gestão de Florestas Públicas, 51 1. Gestão de Florestas Públicas – Princípios e Definições, 51 2. Concessão Florestal, 55 3. Órgão de Gestão e Fiscalização, 57 Capítulo 6 – Tutela Penal – Lei nº 9.605/1998, 61 1. Antecedentes da Tutela Penal, 61 2. Crimes de Perigo Concreto x Abstrato, 63 3. Aplicação da Pena, 65 4. Infrações Administrativas – Lei nº 9.605/1998 e Decreto nº 6.514/2008, 68 5. Infrações Administrativas – Multas e Advertências, 69 6. Infrações Administrativas – Multas e Advertências – Continuação, 71 Capítulo 7 – Responsabilidade Civil, 74 1. Caracterização do Dano Ambiental, 74 2. História, Responsabilidade Objetiva e Subjetiva, 76 3. Teoria do Risco, 78 Capítulo 8 – SNUC, 81 1. SNUC – Lei nº 9.985/2000, 81 2. SNUC – Unidades de Proteção Integral e Unidades de Uso Sustentável, 84 3. SNUC – Refúgio de Vida Silvestre, 85 4. SNUC – Reserva Extrativista, 87 Capítulo 9 – Novo Código Florestal, 90 1. Introdução ao Direito Ambiental, 90 2. Considerações Iniciais sobre o Novo Código Florestal, 91 3. Responsabilidade Civil e o Dano Ambiental, 92 4. Área de Preservação Permanente (APP) e Reserva Legal, 94 5. Espaços Especialmente Protegidos e Alguns Reflexos, 95 6. Anistia Ambiental, 97 7. Programa de Regularização Ambiental, Anistia Penal e Cadastro Ambiental Rural, 98 8. Análise Prática e Formas de Cobrança, 99 Capítulo 10 – Processo Ambiental, 102 1. Processo Ambiental, 102 2. Processo Ambiental – Inquérito Civil, 103 3. Processo Ambiental – Ação Civil Pública, 105 4. Processo Ambiental – Ação Civil Pública (indivíduo) – Continuação, 107 Capítulo 11 – Direito Ambiental Internacional, 110 1. Histórico, 110 2. Histórico – Continuação, 113 Capítulo 12 – Recurso Hídrico, 116 1. Recursos Hídricos, 116 Capítulo 13 – Proteção à Fauna, 119 1. Proteção à Fauna, 119 Capítulo 14 – Mineração, 122 1. Introdução ao Estudo da Mineração, 122 2. Mineração – Continuação, 125 Capítulo 15 – Lei de Agrotóxicos – Lei nº 7.802/1989, 129 1. Lei de Agrotóxicos, 129 Gabarito, 133 Capítulo 1 Introdução ao Direito Ambiental 1. Introdução ao Direito Ambiental Brasileiro 1.1 Apresentação Nesta unidade, terá início o estudo do direito ambiental. 1.2 Síntese O direito ambiental é tema complexo porque lida com o consenso. Se de um lado existe a tentativa de proteger a natureza, do outro, encontramos o desenvolvimento econômico, e o direito ambiental surgirá da relação entre es- ses dois institutos, ou seja, é imprescindível proteger a natureza, como também é necessário construir estradas e extrair minérios, etc. Apesar de ser um direito com o objeto muito específico, o meio ambiente, a todo momento o direito ambiental busca recepcionar institutos de outros ramos do direito. O direito ambiental busca perspectivas constitucionais, mecanismos civis D ire ito A m bi en ta l 8 e administrativos para a tutela da natureza, mecanismos fiscais e extrafiscais, para tentar reverter situações de degradação ambiental e prevenir possíveis fu- turos danos ambientais. Pelo fato de aproveitar vários institutos, a grande maioria da doutrina diz que o direito ambiental não possui status de disciplina autônoma, apesar de todas as suas especificidades. Uma árvore individualmente considerada não é meio ambiente, é coisa, pertence a alguém, é propriedade e possui tutela civilista. Já quando se fala em meio ambiente, não é a tutela da árvore em si, a tutela é a qualidade de vida proporcionada por essa árvore. Meio ambiente não é corpóreo. É um bem de uso comum do povo, mas é indivisível, indeterminado e insuscetível de apropriação exclusiva. O direito ambiental vai tentar proteger a qualidade ambiental, não a quan- tidade de recursos disponíveis. O meio ambiente era visto como propriedade, onde o proprietário da terra po- deria fazer o que quisesse com os recursos disponíveis. Se esta terra estivesse sendo degradada, somente o proprietário poderia suscitar o direito de reparação, sem a ga- rantia que a quantia recebida seria alocada na natureza, pois nada o obrigava a isso. Se eu entendo o meio ambiente como direito difuso, não mais protejo a propriedade, e sim, passo a ter a legitimação difusa para a tutela do bem. Os dois institutos coexistem. Hoje, a propriedade é limitada pela visão di- fusa da natureza, assim como o direito difuso observa o direito de propriedade. O direito difuso tem como características, objeto indivisível, sujeitos inde- terminados, intensa litigiosidade interna, modificação no tempo e espaço. Ex.: Construção de Hidrelétrica, tenho o interesse do estado em construir, da comu- nidade ambientalista, fazendeiros que não querem abandonar suas terras me- diante desapropriação e todos têm legitimidade de reivindicação. Neste caso, o conflito só se resolve mediante políticas públicas com características específicas. Uma das características do direito difuso, já mencionada anteriormente, é a modificação do tempo e espaço. Podemos mencionar o seguinte exemplo: se a Mata Atlântica for destruída e totalmente alagada, passo a ter o direito difuso à preservação da qualidade das águas e dos peixes que ali vivem. Todas as ações do direito brasileiro têm que ser adotadas antes que essa modificação ocorra. Exercício 1. (TRF – 1ª Região – 2004) O meio ambiente, ecologicamente equi- librado, é: a) Um bem de uso especial. b) Um bem de domínio útil. c) Um bem de uso comum do povo. d) Um bem dominical. D ire ito A m bi en ta l 9 2. Princípios, Desenvolvimento Sustentável e Informação 2.1 Apresentação Nesta unidade, estudaremos os princípios do desenvolvimento sustentável e da informação. 2.2 Síntese A lei da política nacional do meio ambiente, Lei nº 6.938/1981, conceitua meio ambiente como conjunto de condições, leis, influência e interações de ordem física, química e biológica,que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas. Apesar de ser um conceito geral, não é prejudicial, pois amplia a realidade do que se pretende tutelar e lança para a doutrina e jurisprudência a delimitação dos seus contornos. Ex.: o patrimônio histórico cultural é parte do meio ambiente, quem lhe causar algum dano terá responsabilidade civil objetiva e o dever de reparar a lesão causada, ou seja, recebe a tutela do direito ambiental e do direito administrativo. O princípio do desenvolvimento sustentável teve suas bases lançadas em 1972, na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente Humano, em Estocolmo, com o levantamento da hipótese de a proteção ambiental po- der ser utilizada como forma de impedir o crescimento e respectivo desenvol- vimento econômico dos países pobres. Como resposta a esse dilema, em 1987, a mesma Organização das Nações Unidas divulga um relatório em que estabelece e define o princípio do desen- volvimento sustentável como aquele que “atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras de as gerações futuras atenderem as suas próprias necessidades”1. Trata-se de um conceito intergeracional. Trabalha com a ideia de que o desenvolvimento e crescimento econômico não são contraditórios com a ideia de preservação ambiental, é possível mediante modificação das práticas de pro- dução e consumo, realizar o tão sonhado desenvolvimento com o mínimo de tutela ambiental. 1. COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO. Nosso Futuro Comum. Rio de Janeiro: FGV, 1991. p. 46. D ire ito A m bi en ta l 10 Alguns autores trabalham com a ideia dos 3 R do desenvolvimento susten- tável: reduzir, reaproveitar, reciclar, o que implica em uma relação direta entre economia e natureza. Um projeto de desenvolvimento sustentável precisa ter também a relevân- cia social como pilar. Em momento algum, há a negativa de desenvolvimento econômico, mas, sim, o estímulo a bases sustentáveis. O princípio do desenvolvimento sustentável está implícito no texto constitu- cional, no caput do seu art. 225, que traz a seguinte redação: “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletivi- dade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.” O princípio da informação consiste no direito que o indivíduo tem de re- ceber informações quando solicitado. Além de um direito do indivíduo, é um dever para a administração pública. Se o indivíduo solicita a informação, ou Ministério Público, e a administração pública não possui, ela é obrigada a le- vantar essa informação. Exercício 2. (Juiz Federal – 5ª Região) Julgue o item em certo ou errado relativo aos princípios jurídicos protetivos do meio ambiente: O princípio do desenvolvimento sustentável preconiza um elo entre a economia e a ecologia, estando referido em diversas declarações interna- cionais, mas, por não estar previsto expressamente na CR/1988, atua ape- nas como aspiração social e vetor ideológico para a atividade econômica. 3. Princípios, Prevenção, Precaução e Poluidor-pagador 3.1 Apresentação Nesta unidade, estudaremos os princípios ambientais da prevenção, precaução e poluidor-pagador. 3.2 Síntese O princípio da prevenção é o mais importante do direito ambiental; uma vez que o dano ambiental é, em sua essência, irreparável, todas as medidas D ire ito A m bi en ta l 11 jurídicas de tutela, sejam elas administrativas, civis ou penais, devem ser pre- ventivas, isto é, necessitam ser adotadas antes que o dano ocorra, pois uma vez lesada a natureza, ela não mais pode ser reparada. Todos os ramos do direito do qual o direito ambiental se utiliza são preven- tivos; até mesmo o direito penal, quando lida com crimes ambientais, tem viés preventivo. A prevenção é saber quais são os possíveis danos que a minha atividade causará e tomar medidas específicas e pontuais para evitá-los. Os riscos já são conhecidos. A cada novo passo tecnológico, sabendo-se dos riscos ocasionados, a pre- venção se faz presente. O Estudo de Impacto Ambiental é um dos principais institutos do direi- to ambiental brasileiro previsto em nossa Constituição, e trabalha exatamente com a efetivação da prevenção. O princípio da precaução implica em um risco incerto. Ideia de dever de cuidado. Se eu não sei quais os efeitos da minha atividade na natureza, eu vou ter que tomar todo tipo de precaução. Caso haja a falta de certeza científica sobre os riscos potenciais de uma atividade, deve-se evitar a sua realização. Trata-se de uma ideia proibitiva, tam- bém conhecida como in dubio pro natura. Além desta acepção negativa, impedindo o empreendedor de agir quando este não conhece os riscos de sua atividade, a precaução possui também uma acepção positiva, levando o empreendedor a estudar e pesquisar sua atividade com o objetivo de determinar com clareza quais os riscos que ela pode trazer à saúde humana e ao meio ambiente. Uma vez ciente de quais são os efeitos, passo da ideia de precaução para a de prevenção. Podemos mencionar como principais diferenças entre prevenção e precau- ção, é que a prevenção trabalha como o risco certo, e a precaução, por sua vez, com o chamado “risco incerto”. Quando se está diante de ação em que o fundamento é a precaução, temos uma inversão do ônus da prova automática. O princípio do poluidor-pagador não significa que se pagar tem direito a poluir, significa, em uma primeira vertente, que aquele que polui é obrigado a pagar e reparar o dano causado. Já a segunda vertente definidora do princí- pio poluidor-pagador determina que aquele que realiza uma atividade poten- cialmente poluidora é responsável por internalizar as externalidades negativas causadas por seu empreendimento, ou seja, o fator econômico é tudo aquilo à disposição de um empreendedor para realizar a produção e colocá-la no mer- cado. Existem vários institutos, externos e internos. Como institutos internos podemos considerar o maquinário, matéria-prima, energia, capital. Como ins- titutos externos podemos considerar os que escapam ao fator de produção, que D ire ito A m bi en ta l 12 têm via de mão dupla. Podem estar fora e influenciar o fator de produção, como podem escapar do fator de produção e influenciar toda a sociedade. Tais externalidades podem ser positivas. Ex.: uma plantação de arroz be- neficiada pelo excesso de chuva. Podem ser também negativas, no caso de geadas que destruam uma plantação. A principal externalidade negativa é a poluição, que é o custo ambiental que escapa do fator de produção e afeta a sociedade. Nas externalizações negativas, não há meios de tutelá-las, pois são fenôme- nos naturais. O princípio poluidor-pagador determina que o empreendedor passe as ex- ternalidades negativas para o seu fator de produção arcando com os custos am- bientais dentro do processo produtivo, para não dividir com a sociedade. Ex.: obrigação de uma empresa de siderurgia em instalar filtros em suas chaminés. Exercício 3. (Cespe – Procurador Federal – 2006) Julgue os itens que se seguem. O princípio do poluidor-pagador impõe ao poluidor a obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados por sua atividade e, ao consumidor, a obrigação de contribuir pela utilização dos recursos ambientais. O princípio da precaução determina que não se pode produzir inter- venções no meio ambiente antes que as incertezas científicas sejam equacionadas de modo que a intervenção não seja adversa ao meio ambiente. Capítulo 2 Direito Ambiental Constitucional 1. Histórico da Tutela Ambiental no Estado Constitucional 1.1 Apresentação Nesta unidade, estudaremos a história da tutelaambiental no Estado Constitucional. 1.2 Síntese O art. 225 da Constituição Federal traz em seu caput, a consagração ex- pressa do direito ambiental brasileiro. Vejamos: “Todos têm direito ao meio am- biente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.” D ire ito A m bi en ta l 14 Tal proteção ambiental encontra garantia no art. 5º, inciso LXXIII, que traz um remédio constitucional para fazer valer a defesa ambiental. Tal dispositivo garante ao cidadão a legitimidade de ingressar com ação popular. Vejamos o refe- rido dispositivo: “LXXIII – qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência.” A Constituição Federal, no art. 170, inciso VI, colocou a defesa do meio ambiente em igualdade com a propriedade privada, livre concorrência, função social da propriedade, eliminando qualquer hierarquia entre os princípios. Tratamento diferenciado O final do referido inciso VI, permite a administração pública, que, em caso de licitação, havendo duas empresas concorrentes, uma tenha uma linha de produção ecologicamente correta, enquanto a outra, uma linha de produ- ção normal, pode se optar pela primeira, mesmo que não haja previsão em edital, uma vez que tal possibilidade está expressa na constituição. Para finalizar o estudo, vejamos tal dispositivo constitucional: “A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: (...) VI – defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação.” Exercício 4. (TRF – 1999) A legitimidade para a propositura de ação popular que vise, por exemplo, anular ato lesivo ao meio ambiente é: a) de brasileiros e estrangeiros residentes no país. b) reconhecida também a entidades de defesa do meio ambiente. c) exclusiva de cidadãos brasileiros que sejam eleitores. d) conferida exclusivamente a brasileiros, sem maiores condições de exigências. 2. Divisão de Bens 2.1 Apresentação Nesta unidade, estudaremos a divisão de bens no direito ambiental. D ire ito A m bi en ta l 15 2.2 Síntese Ao longo do texto constitucional existem diversos dispositivos que tratam do meio ambiente. Vivemos em uma federação constituída de três entes: Município, Estado e União. Compete à Constituição dividir claramente as competências de cada ente, assim como os bens de cada um. Tais divisões encontram-se nos seguintes dispositivos: “Art. 20. São bens da União: I – os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser atribuídos; II – as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortifica- ções e construções militares, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei; III – os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domí- nio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem como os terre- nos marginais e as praias fluviais; IV – as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as que con- tenham a sede de Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao serviço público e a unidade ambiental federal, e as referidas no art. 26, II; V – os recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica exclusiva; VI – o mar territorial; VII – os terrenos de marinha e seus acrescidos; VIII – os potenciais de energia hidráulica; IX – os recursos minerais, inclusive os do subsolo; X – as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré-his- tóricos; XI – as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios. § 1º É assegurada, nos termos da lei, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, bem como a órgãos da administração direta da União, participa- ção no resultado da exploração de petróleo ou gás natural, de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica e de outros recursos minerais no res- pectivo território, plataforma continental, mar territorial ou zona econômica exclusiva, ou compensação financeira por essa exploração. Apesar dos recursos minerais serem bens da União, se ao explorá-los, o município e o estado em que estiver, recebe os lucros da exploração. D ire ito A m bi en ta l 16 § 2º A faixa de até cento e cinquenta quilômetros de largura, ao longo das fronteiras terrestres, designada como faixa de fronteira, é considerada funda- mental para defesa do território nacional, e sua ocupação e utilização serão reguladas em lei.” “Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados: I – as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depó- sito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da União; II – as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no seu domínio, excluídas aquelas sob domínio da União, Municípios ou terceiros; III – as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União; IV – as terras devolutas não compreendidas entre as da União.” É importante frisar que o rio estadual é aquele que nasce e morre dentro do território estadual. Se o rio nasce e morre dentro do território municipal, ele pertence ao estado. Por fim, os recursos naturais encontrados na plataforma continental são de jurisdição da União. Exercício 5 (TRF – 4ª Região – 2004) Não são bens da União: a) os recursos naturais da zona econômica exclusiva. b) os potenciais de energia hidráulica. c) as praças e os logradouros públicos. d) os recursos minerais do subsolo. 3. Repartição de Competências 3.1 Apresentação Nesta unidade, estudaremos as repartições de competência. 3.2 Síntese A competência de exclusividade da União está presente no art. 21 da Cons- tituição Federal. Vejamos os incisos relacionados ao direito ambiental: “Art. 21. Compete à União: (...) XIX – instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos e definir critérios de outorga de direitos de seu uso.” D ire ito A m bi en ta l 17 A legislação infraconstitucional estabelece esse critério na lei de política nacional de recursos hídricos. Os princípios que definem a utilização dos recursos hídricos não são de todos semelhantes aos princípios de gestão ambiental. Quando a legislação brasileira menciona os recursos hídricos, traz como objetivo principal o uso que se faz da água, preocupando-se com a qualidade do recurso. De acordo com princípio dos recursos hídricos chamado de princípio do acesso à água, deve-se vetar a ocupação humana, caso esta comprometa a qua- lidade da água. Vejamos os demais incisos do art. 21 da Constituição, que envolvem direito ambiental: “XX – instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habita- ção, saneamento básico e transporte urbanos; (...) XXIII – explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza e exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e re- processamento, a industrialização e o comércio de minérios nucleares e seus derivados, atendidos os seguintes princípios e condições: (...) c) sob regime de permissão, são autorizadas a produção, comercialização e utilização de radioi-sótopos de meia-vida igual ou inferior a duas horas; d) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da existência de culpa; (...).” A responsabilidade por dano ambiental causada pelo Estado é ainda que decorrente apenas de dano nuclear. A competência privativa da União está prevista no art. 22 da Constituição Federal. Vejamos: “Compete privativamente à União legislar sobre: (...) IV – águas, energia; (...) XII – jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia; (...) XIV – populações indígenas; (…) XXVI – atividades nucleares de qualquer natureza;” (...) As competências comuns são as de execução, voltadas ao exercício de ges- tão ambiental, ou competências materiais. Encontram previsão no art. 23 da Constituição. Vejamos: “Art. 23 É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: I – zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições democráti- cas e conservar o patrimônio público; (...) III – proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos; D ire ito A m bi en ta l 18 IV – impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de outros bens de valor histórico, artístico ou cultural; (...) VI – proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas; VII – preservar as florestas, a fauna e a flora; VIII – fomentar a produção agropecuária e organizar o abastecimento ali- mentar; IX – promover programas de construção de moradias e a melhoria das con- dições habitacionais e de saneamento básico; X – combater as causas da pobreza e os fatores de marginalização, promo- vendo a integração social dos setores desfavorecidos; XI – registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em seus territórios.” A competência para fazer o exercício de gestão ambiental é dos três entes; caso haja conflitos, estes serão resolvidos pela legislação infraconstitucional. As competências concorrentes encontram-se previstas no art. 24 da Consti- tuição Federal. Vejamos o mencionado dispositivo: “Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar con- correntemente sobre: (...) VI – florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição; VII – proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisa- gístico; VIII – responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico; (...) § 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar- -se-á a estabelecer normas gerais. § 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados. § 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a com- petência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades. § 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário.” “Art. 30. Compete aos Municípios: I – legislar sobre assuntos de interesse local; II – suplementar a legislação federal e a estadual no que couber; (...) VIII – promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, me- diante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano.” Compete aos três entes da federação, já que o município tem interesse local na preservação do meio ambiente, defender a natureza e controlar a poluição. D ire ito A m bi en ta l 19 A competência para legislar sobre água é exclusiva, no que se refere à polí- tica nacional de recursos hídricos, e privativa da União. Por fim, o art. 23 diz que compete a todos os entes da Federação combater a poluição. Todas as legislações referentes a rios, feitas por municípios e estados, são constitucionais, desde que seja na sua esfera de sua competência. Exercício 6. (XX Concurso para Ministério Público Federal) Assinale a alternativa correta: a) o combate à poluição, em qualquer de suas formas, é de competên- cia exclusiva da União. b) Situa-se no âmbito da legislação concorrente a competência para legislar sobre proteção do meio ambiente. c) Tendo em vista o princípio da descentralização administrativa, é da competência exclusiva dos Estados-membros a preservação das florestas. d) Nenhuma das alternativas está correta. 4. Ordem Econômica: Função Social da Propriedade 4.1 Apresentação Nesta unidade, estudaremos a função social da propriedade. 4.2 Síntese A função social da propriedade rural teve uma alteração radical com o ad- vento da Constituição Federal de 1988. Antes disso, o instituto que trabalhava com a proteção da função social da propriedade rural era o Estatuto da Terra, que estabelecia os seguintes requisitos a serem preenchidos, para que se cum- prisse com a função social da propriedade: I – respeitar o bem-estar dos proprietários e os trabalhadores; II – atender as exigências da legislação trabalhista; IV – manter níveis satisfatórios de produtividade. (a nova CF menciona que basta ser utilizado de maneira adequada e racionalmente, ou seja, os recursos ambientais ali disponíveis devem ser utilizados de maneira racional) D ire ito A m bi en ta l 20 V – conservação dos recursos naturais (aspecto meramente quantificativo, não qualitativo. Não há viés ambiental. A nova CF modifica completamente e exige o requisito qualitativo.) A função social da propriedade rural está prevista no art. 186 da Cons- tituição Federal, que traz também os requisitos para o seu cumprimento. Vejamos: “Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos: I – aproveitamento racional e adequado; II – utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente; III – observância das disposições que regulam as relações de trabalho; IV – exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalha- dores.” A função ambiental consiste na possibilidade de uma propriedade rural ser desapropriada para reforma agrária, caso não preserve o meio ambiente enquanto bem difusamente considerado. A função social da propriedade urbana está prevista no art. 182 da Consti- tuição. Vejamos: “Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Pú- blico municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes. § 1º O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades com mais de vinte mil habitantes, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana. § 2º A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor.” Plano diretor é norma de ordenamento e divisão do parcelamento do solo urbano, e determinação de quais atividades poderão ou não ser executadas. É totalmente vinculado ao cumprimento social da propriedade urbana. Só aten- de a função social a propriedade que cumpre o plano diretor. O plano diretor é obrigatório para municípios com mais de 20 mil habitantes, ou menos, caso o município esteja inserido em uma região metropolitana, ou dentro de áreas de abrangência de um empreendimento de grande impacto ambiental. D ire ito A m bi en ta l 21 Exercício 7. Quando atende as exigências fundamentais de ordenação da cidade expressasno respectivo plano diretor, o que é obrigatório para cidades com mais de 20 mil habitantes, a propriedade urbana: a) cumpre sua função social b) só pode ser desapropriada mediante prévia desafetação; c) não pode ser tombada; d) não pode ser objeto de desapropriação. 5. Patrimônio Cultural 5.1 Apresentação Nesta unidade, estudaremos o patrimônio cultural. 5.2 Síntese Ao ser analisado o conceito de meio ambiente, percebe-se que a Lei nº 6.938/1981 traz um conceito abrangente. A Constituição Federal estabelece a proteção à tutela do patrimônio histó- rico e cultural em três dispositivos: arts. 215, 216 e 216-A. O art. 215 estabelece que o Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais. O § 1º dispõe que o Estado protegerá as manifestações das culturas popula- res, indígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional. O art. 216 traz uma noção de patrimônio cultural, estabelecendo que cons- tituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imate- rial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira. Na sequência, elenca uma lista de bens considerados patrimônio histórico e cultural. É preciso lembrar que patrimônio imaterial são todas as manifestações cul- turais que passam de geração em geração, havendo dados folclóricos e caracte- rísticos de determinado grupo social. Salienta-se que a proteção que o Direito faz a este patrimônio é diferente. D ire ito A m bi en ta l 22 Ainda, os Estados há pouco tempo firmaram um tratado para proteção do patrimônio mundial imaterial. Por fim, é importante observar o art. 216-A, trazido pela EC nº 71, de 2012. Exercício 8. A Constituição Federal assegura a proteção do meio ambiente cultural, abrangendo a expressão: a) o conjunto de bens imóveis existentes no país cuja conservação seja de interesse público por sua vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil ou por sua importância arquitetônica. b) os bens de natureza material ou imaterial, tomados individualmen- te ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação ou à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasi- leira, excluídos sítios de valor paisagístico, arqueológico ou paleon- tológico. c) os bens de natureza material ou imaterial, tomados individualmen- te ou em conjunto, portadores de referência à sociedade brasileira, incluídos os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagís- tico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico. d) conjunto de bens móveis e imóveis existentes no país cuja conser- vação seja de interesse público por sua vinculação a fatos memo- ráveis da história do Brasil ou por sua importância arquitetônica e que tenham sido tombados por ato do Poder Público. 6. Meio Ambiente – Art. 225, CF – I 6.1 Apresentação Nesta unidade, estudaremos o art. 225 da Constituição Federal. 6.2 Síntese O art. 225 é o dispositivo mais importante da Constituição Federal no que se refere à tutela do meio ambiente. Ao estabelecer em seu caput que “todos têm o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado...”, não faz distin- ção entre brasileiros e estrangeiros, aqui residentes ou não. Não é qualquer meio ambiente que a Constituição tenta proteger, mas sim o ecologicamente equilibrado, o sadio. O meio ambiente como bem de uso co- D ire ito A m bi en ta l 23 mum do povo, trabalhando com a ideia de qualidade ambiental, de bem difuso, ou seja, em qualquer processo de análise de gestão ambiental, tem que envolver todos os interessados, não só o governo, mas a sociedade civil também. O art. 225 ao mencionar as presentes e futuras gerações, acaba por determi- nar o princípio do desenvolvimento sustentável. Vejamos o referido dispositivo: “Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.” O § 1º estabelece os deveres específicos do Poder Público. Vejamos: “§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Pú- blico: I – preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o mane- jo ecológico das espécies e ecossistemas; II – preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material gené- tico;”(...) Este inciso encontra regulamentação pela Lei de Biossegurança nº 11.105/2005. “III – definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supres- são permitidas somente através de lei, vedada qualquer ação que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção.” Regulamentado pela Lei nº 9.985/2000, também conhecida como lei do SNUC (Sistema Nacional de Unidades de Conservação). “IV – exigir, na forma da lei, instalação de obra ou atividade potencialmen- te causadora de significativa degradação do meio ambiente, sem estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade.” Estabelece um dos princi- pais institutos do direito brasileiro no controle e tutela ambiental, conhecido como EIA (Estudo de Impacto Ambiental). Nada mais é do que o princípio da prevenção, que terá um documento específico de implementação a que deve ser dado publicidade. A exigência do EIA é somente em relação a atividades significativas, pois não gera alternativa ao Poder Público, sob pena de responsabilidade do agente público que assim se omitiu. Todas as Constituições Estaduais que traziam dispositivos que davam com- petência ao estado para definir se os casos de estudo de impacto ambiental seriam realizado, foram consideradas inconstitucionais. Vejamos os mais alguns incisos do art. 225 da Constituição Federal: “V – controlar a produção, comercialização e emprego de técnicas, méto- dos e substâncias que ofereçam risco à vida, qualidade de vida e meio ambiente; D ire ito A m bi en ta l 24 VI – promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a cons- cientização pública para a preservação do meio ambiente; VII – proteger a fauna e a flora, vedando, na forma da lei, práticas que co- loquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais à crueldade.” Ex.: a farra do boi foi considerada inconsti- tucional, por expor os animais à crueldade. Exercício 9. (Procurador do Estado) O princípio do meio ambiente ecologicamen- te equilibrado é tratado na CR/1988 como: a) norma programática cuja efetividade fica condicionada ao progres- so econômico e à distribuição da renda. b) um direito fundamental da pessoa humana direcionada ao desfrute de condições de vida adequadas no ambiente saudável. c) um princípio geral de alcance limitado e restrito às áreas de prote- ção ambiental. d) um direito difuso, mas não exigível em função de sua generalidade, inconsistência e definição imprecisa. 7. Meio Ambiente – Art. 225, CF – II 7.1 Apresentação Nesta unidade, daremos continuidade ao estudo do art. 225 da Consti- tuição Federal. 7.2 Síntese Continuamos na análise do art. 225 da Constituição Federal em seu § 2º. Vejamos: “§ 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.” Este parágrafo parte do princípio de que a atividade mineradoraé degradante, bem como que a proteção ambiental é importante assim como o desenvolvimento econômico do país. O direito am- biental busca um consenso entre as duas coisas. “§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujei- tarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrati- D ire ito A m bi en ta l 25 vas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.” Esse dis- positivo discute a responsabilização plena, tripla (civil, penal e administrativa), por condutas antiecológicas, desde que o elemento ensejador (dano, crime e tipo administrativo), de cada esfera de responsabilidade, esteja presente. Na esfera civil, desde que comprovado dano efetivo, já causado, ou poten- cial, uma vez que é possível responsabilizar a ameaça de dano. A responsabilidade penal trabalha com o crime, ou seja, conduta típica, ilícita e culpável. A responsabilização administrativa trabalha com o tipo administrativo, onde ao incorrer em conduta prevista, há a aplicação de sanção ou penalidade administrativa. Há a possibilidade de responsabilização individual em cada esfera, uma vez que estas são distintas e autônomas. “§ 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a pre- servação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.” Com exceção da Mata Atlântica, nenhum desses espaços tem sua tutela regu- lamentada. Há a tramitação da PEC para aumentar esses espaços em mais dois ecossistemas: Cerrado e Caatinga. “§ 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais. § 6º As usinas que operam com reator nuclear deverão ter sua localização definida por lei federal, e sem a qual não poderão ser instaladas.” É possível a exploração de minerais e recursos hídricos em terras indígenas, desde que preenchidos os requisitos do § 3º do art. 231 da Constituição. Veja- mos quais são eles: “§ 3º O aproveitamento dos recursos hídricos, incluídos os potenciais ener- géticos, a pesquisa e a lavra das riquezas minerais em terras indígenas só podem ser efetivados com autorização do Congresso Nacional, ouvidas as comunida- des afetadas, ficando-lhes assegurada participação nos resultados da lavra, na forma da lei.” Exercício 10. (Procurador da República) Julgue as afirmações: I. Nos chamados espaços territoriais especialmente protegidos, a al- teração e a supressão são permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem a sua proteção. D ire ito A m bi en ta l 26 II. Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei. III. As pessoas jurídicas respondem penalmente pelas condutas e ativi- dades consideradas lesivas ao meio ambiente, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. IV. As usinas hidrelétricas e as que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas. 8. Direito Administrativo Ambiental – Conceitos, Objetivos e Instrumentos 8.1 Apresentação Nesta unidade, estudaremos os conceitos, objetivos e instrumentos do Direito Administrativo Ambiental. 8.2 Síntese O direito ambiental revoluciona o direto administrativo, uma vez que o di- reito ambiental administrativo afasta o estado como centro das preocupações e traz a figura do cidadão, uma vez que, quando a administração atua no domínio econômico modificando e alterando a natureza, não tem presunção de nada. O Estado em uma atividade produtiva, com interferência ambiental, terá que elaborar o EIA (Estudo de Impacto Ambiental) e se licenciar, bem como será responsabilizado caso gere algum dano ao meio ambiente. A Política Nacional do Meio Ambiente, instituída pela Lei nº 6.938/1981, cria vários institutos. Quando se analisa o contexto histórico em que foi adota- da, se assemelha à Constituição Federal. A Constituição Federal não queria simplesmente alterar o ordenamento jurídico em vigor, ela queria destruir qualquer resquício ditatorial. A Lei nº 6.938/1981 ocorreu no contexto do grave incidente em Cubatão, importante polo petroquímico. No final década de 1970, médicos passaram a notar que gerações inteiras demonstravam má formação fetal, entre vários outros problemas decorrentes da poluição do local. A mencionada lei que institui o direito difuso no ordenamento jurídico brasileiro, que depois é regulamentado pela lei de ação civil pública, além de ter gerado alteração no Código Civil de 1916, vigente à época, possibilitando responsabilizar o poluidor. D ire ito A m bi en ta l 27 Em consonância com o art. 225, § 1º, da Constituição, o Direito Adminis- trativo Ambiental é o conjunto dos instrumentos legais, técnicos, científicos, políticos e econômicos criados no âmbito legislativo, com a finalidade de insti- tuir diretrizes que harmonizem o desenvolvimento econômico com a proteção do meio ambiente. Seu objetivo geral é “a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no país, condições ao desenvol- vimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana”. Segurança nacional está nesta definição por ter sido esta lei confeccionada no âmbito da ditadura, por isso, pode ser descon- diderado. Os artigos mais importante da Lei nº 6.938/1981 são os arts. 2º, 3º, 6º, e 9º, pois estabelecem os instrumentos da política nacional. Vejamos tais dispositivos: “Art. 3º Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: I – meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas; II – degradação da qualidade ambiental, a alteração adversa das caracterís- ticas do meio ambiente; III – poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de ativida- des que direta ou indiretamente: a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; c) afetem desfavoravelmente a biota; d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos; IV – poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental; V – recursos ambientais: a atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora.” Os objetivos do Direito Ambiental Administrativo estão previstos no art. 4º da Lei nº 6.938/1981. Vejamos o mencionado dispositivo: “Art. 4º – A Política Nacional do Meio Ambiente visará: I – à compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a preser- vação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico; D ire ito A m bi en ta l 28 II – à definição de áreas prioritárias de ação governamental relativa à quali- dade e ao equilíbrio ecológico, atendendo aos interesses da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios; III – ao estabelecimento de critérios e padrões de qualidade ambiental e de normas relativas ao uso e manejo de recursos ambientais; IV – ao desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias nacionais orientadas para o usoracional de recursos ambientais; V – à difusão de tecnologias de manejo do meio ambiente, à divulgação de dados e informações ambientais e à formação de uma consciência pública sobre a necessidade de preservação da qualidade ambiental e do equilíbrio ecológico; VI – à preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas à sua utilização racional e disponibilidade permanente, concorrendo para a manu- tenção do equilíbrio ecológico propício à vida; VII – à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos.” O art. 9º da Lei nº 6.938/1981 estabelece os instrumentos da Política Nacio- nal do Meio Ambiente. Vejamos: “Art. 9º São instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente: I – o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental; II – o zoneamento ambiental; III – a avaliação de impactos ambientais; IV – o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras; V – os incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação ou absorção de tecnologia, voltados para a melhoria da qualidade ambiental; VI – a criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Poder Público federal, estadual e municipal, tais como áreas de proteção ambiental, de relevante interesse ecológico e reservas extrativistas; VII – o sistema nacional de informações sobre o meio ambiente; VIII – o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental; IX – as penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção da degradação ambiental; X – a instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser di- vulgado anualmente pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis – Ibama; XI – a garantia da prestação de informações relativas ao Meio Ambiente, obrigando-se o Poder Público a produzi-las, quando inexistentes; D ire ito A m bi en ta l 29 XII – o Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras e/ou utilizadoras dos recursos ambientais; XIII – instrumentos econômicos, como concessão florestal, servidão am- biental, seguro ambiental e outros.” Exercício 11. A redação da lei que instituiu a PNMA (Política Nacional do Meio Ambiente) no Brasil, foi apenas uma compilação da carta de Estocol- mo de 1972, não havendo, até então, outros fatores que instruíssem sua edição, haja vista não se gozar no referido momento histórico de garantias constitucionais que tornassem possível o exercício pleno de di- reitos políticos, o que comprometeu, sobremaneira, qualquer reflexão doutrinária, a respeito da temática ambiental. A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação da biosfera e a recuperação da degradação ambiental visando assegurar no país condições ao desenvolvimento econômico, aos interesses da lei de Segurança Nacional, e proteção da dignidade humana. Capítulo 3 Direito Administrativo Ambiental 1. Sisnama 1.1 Apresentação Nesta unidade, estudaremos o Sisnama (Sistema Nacional do Meio Ambiente). 1.2 Síntese O Sisnama (Sistema Nacional do Meio Ambiente) pode ser considerado um organograma dos órgãos de gestão ambiental no país. Uma vez que todos os entes da Federação possuem competência material de fiscalizar as atividades que interfiram no meio ambiente e, para fiscalizá-las, existe a necessidade de um organograma constituído. A lei que institui o Sisnama é a Lei nº 6.938/1981. Vejamos um dos seus principais artigos: “Art. 6º Os órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, bem como as fundações instituídas pelo Po- D ire ito A m bi en ta l 31 der Público, responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade ambiental, constituirão o Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama), assim estru- turado: I – órgão superior: o Conselho de Governo, com a função de assessorar o Presidente da República na formulação da política nacional e nas diretrizes governamentais para o meio ambiente e os recursos ambientais.” O conselho de governo, na prática, nunca se reuniu. Na época em que a lei foi feita, não existia ministério do meio ambiente. Como hoje há um ministério, não faz mais sentido a existência de conselho, pois é só o presidente convocar o minis- tro do meio ambiente. “II – órgão consultivo e deliberativo: o Conselho Nacional do Meio Am- biente (Conama), com a finalidade de assessorar, estudar e propor ao Conselho de Governo, diretrizes de políticas governamentais para o meio ambiente e os recursos naturais e deliberar, no âmbito de sua competência, sobre normas e padrões compatíveis com o meio ambiente ecologicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida; licenciamento e estudo de impacto am- biental órgão democrático, III – órgão central: a Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da Re- pública1, com a finalidade de planejar, coordenar, supervisionar e controlar, como órgão federal, a política nacional e as diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente.” O órgão central hoje é o Ministério do Meio Ambiente. A secretaria não existe desde 1992, pois foi alçada a status ministerial. Hoje é o Ministério do Meio Ambiente com as mesmas funções descritas. Órgão de ca- ráter político que centraliza todas as ações governamentais de meio ambiente, para depois dividir aos órgãos competentes a parte de execução. “IV – órgão executor: o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recur- sos Naturais Renováveis, com a finalidade de executar e fazer executar, como órgão federal, a política e diretrizes governamentais fixadas para o meio am- biente.” O Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente) é o órgão, em âmbito federal, que detém o poder específico do poder de polícia ambiental. É uma autarquia que tem como características o exercício de concessão de licença para as atividades potencialmente poluidoras, licença esta voltada para o prin- cípio da prevenção, uma vez que o empreendimento antes de ter iniciado suas atividades, já deve ter obtido a licença. Possui como característica também a prática de fiscalização ambiental, que uma vez constatada a irregularidade, há a possibilidade de aplicação de várias penalidades. “V – Órgãos Seccionais: os órgãos ou entidades estaduais responsáveis pela execução de programas, projetos e pelo controle e fiscalização de atividades 1. Hoje é o Ministério do Meio Ambiente que desempenha este papel. D ire ito A m bi en ta l 32 capazes de provocar a degradação ambiental; cabe a cada um decidir de que modo criará os programas, projetos e fiscalização local.” “VI – Órgãos Locais: os órgãos ou entidades municipais, responsáveis pelo controle e fiscalização dessas atividades, nas suas respectivas jurisdições. Ór- gãos locais ou setoriais, são os órgãos ou entidades integrantes da administração federal, direta ou indireta, bem como as fundações instituídas pelo poder pú- blico, com a capacidade e a competência de regulamentar qualquer aspecto dos recursos naturais e do meio ambiente. § 1º Os Estados, na esfera de suas competências e nas áreas de sua jurisdi- ção, elaborarão normas supletivas e complementares e padrões relacionados com o meio ambiente, observados os que forem estabelecidos pelo Conama. § 2º Os Municípios, observadas as normas e os padrões federais e estaduais, também poderão elaborar as normas mencionadas no parágrafo anterior. § 3º Os órgãos central, setoriais, seccionais e locais mencionados neste arti- go deverão fornecer os resultados das análises efetuadas e sua fundamentação, quando solicitados por pessoa legitimamente interessada. § 4º De acordo coma legislação em vigor, é o Poder Executivo autorizado a criar uma Fundação de apoio técnico científico às atividades do Ibama. As normas do Conama devem ser obedecidas por todos os entes, com uma exceção, caso seja mais severa. Exercício 12. (Analista Ambiental – Ibama – 2008) Julgue o item subsequente acer- ca da política nacional do meio ambiente (PNMA). O Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama) é constituído por órgãos e entidades da União, estados, Distrito Federal, municípios e territórios, responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade am- biental, e sua composição conta com um órgão superior, que é o con- selho de governo; um órgão consultivo e deliberativo, que é o Conse- lho Nacional do Meio Ambiente (Conama); bem como com um órgão central, um órgão executor, órgãos seccionais e locais. 2. Estudo de Impacto Ambiental 2.1 Apresentação Nesta unidade, analisaremos o estudo de impacto ambiental. D ire ito A m bi en ta l 33 2.2 Síntese O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) é um documento técnico, elabo- rado à custa do empreendedor, com a finalidade de analisar quais serão os possíveis impactos ambientais causados pelo respectivo empreendimento, as- sim como as medidas mitigadoras dos efeitos da atividade na natureza. É fun- damental que este estudo tome um posicionamento, a favor ou contrário ao empreendimento. E caso seja desfavorável, que traga alternativas e conselhos para que se adeque legislação. O EIA possui previsão legal na Declaração do Rio de meio ambiente, ado- tada na época da ECO 92, declaração esta, de princípios do direito ambiental, que estabelece em seu princípio 17, a obrigatoriedade do Estudo de Impacto Ambiental, assim como a Lei nº 6.938/1981, que o traz como um dos instru- mentos da Política Nacional do Meio Ambiente. A Constituição prevê que o estudo deve ser realizado para atividades de significativo impacto. A regulamentação do EIA está prevista na Resolução Conama nº 01/1986. Vejamos o seu art. 2º: “Art. 2º Dependerá de elaboração de estudo de impacto ambiental e res- pectivo relatório de impacto ambiental – Rima, a serem submetidos à aprova- ção do órgão estadual competente, e do Ibama e1n caráter supletivo, o licen- ciamento de atividades modificadoras do meio ambiente, tais como: I – Estradas de rodagem com duas ou mais faixas de rolamento; II – Ferrovias; III – Portos e terminais de minério, petróleo e produtos químicos; IV – Aeroportos, conforme definidos pelo inciso 1, art. 48, do Decreto-lei nº 32, de 18/11/1966; V – Oleodutos, gasodutos, minerodutos, troncos coletores e emissários de esgotos sanitários; VI – Linhas de transmissão de energia elétrica, acima de 230KV; VII – Obras hidráulicas para exploração de recursos hídricos, tais como: barragem para fins hidrelétricos, acima de 10 MW, de saneamento ou de ir- rigação, abertura de canais para navegação, drenagem e irrigação, retificação de cursos d’água, abertura de barras e embocaduras, transposição de bacias, diques; VIII – Extração de combustível fóssil (petróleo, xisto, carvão); IX – Extração de minério, inclusive os da classe II, definidas no Código de Mineração; X – Aterros sanitários, processamento e destino final de resíduos tóxicos ou perigosos; D ire ito A m bi en ta l 34 XI – Usinas de geração de eletricidade, qualquer que seja a fonte de energia primária, acima de 10 MW; XII – Complexo e unidades industriais e agro-industriais (petroquímicos, siderúrgicos, cloroquímicos, destilarias de álcool, hulha, extração e cultivo de recursos hídricos); XIII – Distritos industriais e zonas estritamente industriais – ZEI; XIV – Exploração econômica de madeira ou de lenha, em áreas acima de 100 hectares ou menores, quando atingir áreas significativas em termos percen- tuais ou de importância do ponto de vista ambiental; XV – Projetos urbanísticos, acima de 100 ha. ou em áreas consideradas de relevante interesse ambiental a critério da SEMA e dos órgãos municipais e estaduais competentes; XVI – Qualquer atividade que utilize carvão vegetal, em quantidade supe- rior a dez toneladas por dia.” Este rol de atividade não é taxativo, mas, sim, exemplificativo. O EIA deve ser feito por equipe técnica multidisciplinar. A equipe pode pertencer aos quadros funcionais do próprio empreendimento. O ônus de con- tratar a equipe, assim como todos os custos de elaboração, ficam a cargo do empreendedor. Para que seja realizado o estudo, deve-se traçar as diretrizes, o que não é algo simples, uma vez que todos os possíveis impactos devem ser analisados, assim como as medidas mitigadoras de impactos causados, ou seja, filtros em chaminés, estação de tratamento de esgoto, etc. Deve haver também um plano de monitoramento que acompanhe cotidianamente o impacto que ocasionado. Diante disso, se faz necessário uma equipe de profissionais de diferentes áreas, como engenheiros ambientais, arquitetos, para que o estudo seja concluído. Vejamos as diretrizes a serem seguidas no art. 5º da mencionada resolução: “Art. 5º O estudo de impacto ambiental, além de atender à legislação, em especial os princípios e objetivos expressos na Lei de Política Nacional do Meio Ambiente, obedecerá às seguintes diretrizes gerais: I – Contemplar todas as alternativas tecnológicas e de localização de proje- to, confrontando-as com a hipótese de não execução do projeto; II – Identificar e avaliar sistematicamente os impactos ambientais gerados nas fases de implantação e operação da atividade; III – Definir os limites da área geográfica a ser direta ou indiretamente afe- tada pelos impactos, denominada área de influência do projeto, considerando, em todos os casos, a bacia hidrográfica na qual se localiza; IV – Considerar os planos e programas governamentais, propostos e em implantação na área de influência do projeto, e sua compatibilidade. Parágrafo único. Ao determinar a execução do estudo de impacto ambien- tal o órgão estadual competente, ou o Ibama ou, quando couber, o Município, D ire ito A m bi en ta l 35 fixará as diretrizes adicionais que, pelas peculiaridades do projeto e caracterís- ticas ambientais da área, forem julgadas necessárias, inclusive os prazos para conclusão e análise dos estudos.” Vejamos o conteúdo mínimo de atividades técnicas que devem ser englo- badas pelo EIA: “Art. 6º O estudo de impacto ambiental desenvolverá, no mínimo, as se- guintes atividades técnicas: I – Diagnóstico ambiental da área de influência do projeto completa des- crição e análise dos recursos ambientais e suas interações, tal como existem, de modo a caracterizar a situação ambiental da área, antes da implantação do projeto, considerando: a) o meio físico – o subsolo, as águas, o ar e o clima, destacando os recursos minerais, a topografia, os tipos e aptidões do solo, os corpos d’água, o regime hidrológico, as correntes marinhas, as correntes atmosféricas; b) o meio biológico e os ecossistemas naturais – a fauna e a flora, destacan- do as espécies indicadoras da qualidade ambiental, de valor científico e eco- nômico, raras e ameaçadas de extinção e as áreas de preservação permanente; c) o meio socioeconômico, o uso e ocupação do solo, os usos da água e a socioeconomia, destacando os sítios e monumentos arqueológicos, históricos e culturais da comunidade, as relações de dependência entre a sociedade local, os recursos ambientais e a potencial utilização futura desses recursos. II – Análise dos impactos ambientais do projeto e de suas alternativas, atra- vés de identificação, previsão da magnitude e interpretação da importância dos prováveis impactos relevantes, discriminando: os impactos positivos e negativos (benéficos e adversos), diretos e indiretos, imediatos e a médio e longo pra- zos, temporários e permanentes; seugrau de reversibilidade; suas propriedades cumulativas e sinérgicas; a distribuição dos ônus e benefícios sociais. III – Definição das medidas mitigadoras dos impactos negativos, entre elas os equipamentos de controle e sistemas de tratamento de despejos, avaliando a eficiência de cada uma delas. IV – Elaboração do programa de acompanhamento e monitoramento (os impactos positivos e negativos, indicando os fatores e parâmetros a serem con- siderados. Parágrafo único. Ao determinar a execução do estudo de impacto Ambien- tal o órgão estadual competente; ou o Ibama ou quando couber, o Município fornecerá as instruções adicionais que se fizerem necessárias, pelas peculiarida- des do projeto e características ambientais da área.” O Relatório de Impacto Ambiental (Rima) consiste na tradução do EIA para uma linguagem acessível à população, garantindo-se, assim, os princípios da informação, publicidade e participação popular. Não tem características téc- nicas. O EIA não é publicado, apenas o Rima. D ire ito A m bi en ta l 36 Após abertura do relatório abre-se a fase de comentários, lapso temporal em que qualquer cidadão pode ter acesso ao relatório e fazer comentários sobre o empreendimento. O estudo de impacto ambiental, assim como o relatório de impacto am- biental, tem caráter de publicidade, resguardando-se o sigilo industrial. Veja- mos o art. 9º da Resolução nº 01/1986: “O relatório de impacto ambiental – Rima refletirá as conclusões do estudo de impacto ambiental e conterá, no mínimo: I – Os objetivos e justificativas do projeto, sua relação e compatibilidade com as políticas setoriais, planos e programas governamentais; II – A descrição do projeto e suas alternativas tecnológicas e locacionais, especificando para cada um deles, nas fases de construção e operação a área de influência, as matérias-primas, e mão-de-obra, as fontes de energia, os processos e técnica operacionais, os prováveis efluentes, emissões, resíduos de energia, os empregos diretos e indiretos a serem gerados; III – A síntese dos resultados dos estudos de diagnósticos ambiental da área de influência do projeto; IV – A descrição dos prováveis impactos ambientais da implantação e ope- ração da atividade, considerando o projeto, suas alternativas, os horizontes de tempo de incidência dos impactos e indicando os métodos, técnicas e critérios adotados para sua identificação, quantificação e interpretação; V – A caracterização da qualidade ambiental futura da área de influência, comparando as diferentes situações da adoção do projeto e suas alternativas, bem como com a hipótese de sua não realização; VI – A descrição do efeito esperado das medidas mitigadoras previstas em relação aos impactos negativos, mencionando aqueles que não puderam ser evitados, e o grau de alteração esperado; VII – O programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos; VIII – Recomendação quanto à alternativa mais favorável (conclusões e comentários de ordem geral). Parágrafo único. O Rima deve ser apresentado de forma objetiva e adequada a sua compreensão. As informações devem ser traduzidas em linguagem acessí- vel, ilustradas por mapas, cartas, quadros, gráficos e demais técnicas de comuni- cação visual, de modo que se possam entender as vantagens e desvantagens do projeto, bem como todas as conseqüências ambientais de sua implementação.” Exercício 13. (Analista de Gestão Corporativa – Hemobras – 2008) A respeito do EIA/Rima, julgue os próximos itens. Para a realização do EIA/Rima, o empreendedor deve contratar equi- pe multidisciplinar habilitada e independente, a qual será responsável tecnicamente pelos resultados do estudo. D ire ito A m bi en ta l 37 Na elaboração do EIA e de seu respectivo relatório, a equipe multidisci- plinar responsável é contratada pelo empreendedor. Os componentes da equipe, sejam pessoas físicas ou jurídicas, devem estar devidamente registrados no Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental, gerido pelo Ibama. Como essa equipe é tecnica- mente responsável pelos resultados apresentados naquele documento, ela não deve manter qualquer relação direta com o contratante, deven- do o órgão licenciador competente intermediar todos os contatos entre as partes, bem como o pagamento dos serviços prestados por esta ao empreendedor. 3. Licenciamento Ambiental 3.1 Apresentação Nesta unidade, estudaremos o licenciamento ambiental. 3.2 Síntese O licenciamento ambiental não possui previsão expressa na Constituição Federal, porém, o art. 170, em seu parágrafo único, encontramos a seguinte redação: “É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previs- tos em lei.” Desta forma, podemos concluir que o licenciamento se encaixa na exceção do referido artigo, ou seja, configura um dos casos previstos em lei. A licença ambiental é um ato vinculado, não há outra alternativa a não ser conceder, se preenchidos os requisitos; já uma autorização, trata-se de um ato discricionário. A licença ambiental, embora tenha esse nome, é de natureza jurídica de uma autorização, de acordo com a jurisprudência. O conceito de licenciamento ambiental está estabelecido na Resolução Conama nº 237/1997. Vejamos: “a) Licenciamento Ambiental: procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras, ou daquelas que, sob qual- D ire ito A m bi en ta l 38 quer forma, possam causar degradação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares, bem como as normas técnicas aplicáveis ao caso. (art. 1º da Resolução nº 237/1997) b) Licença Ambiental: ato administrativo pelo qual o órgão ambiental com- petente estabelece as condições, restrições e medidas de controle ambiental que deverão ser obedecidas pelo empreendedor, pessoa física ou jurídica, para localizar, instalar, ampliar e operar empreendimentos ou atividades utilizado- ras dos recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras, ou aquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental. (art. 1º da Resolução nº 237/1997).” Entre os entes federativos, o estado fica com a maioria dos licenciamentos ambientais existentes no país. Entre as entidades competentes, o Estado é que detém a competência para licenciar atividades potencialmente poluidoras. A União por intermédio do Ibama, a que compete as seguintes atividades: “empreendimentos e atividades com significativo impacto ambiental de âmbito nacional ou regional, a saber: I – localizadas ou desenvolvidas conjun- tamente no Brasil e em país limítrofe; no mar territorial; na plataforma conti- nental; na zona econômica exclusiva; em terras indígenas ou em unidades de conservação do domínio da União; II – localizadas ou desenvolvidas em dois ou mais Estados; III – cujos impactos ambientais diretos ultrapassem os limites territoriais do País ou de um ou mais Estados; IV – destinados a pesquisar, la- vrar, produzir, beneficiar, transportar, armazenar e dispor material radioativo, em qualquer estágio, ou que utilizem energia nuclear em qualquer de suas for- mas e aplicações, mediante parecer da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN); V – bases ou empreendimentos militares, quando couber, observada a legislação específica.” (art. 4º da Resolução nº 237/1997) O licenciamento supletivo é feito pelo Ibama, quando o município ou o estado deixa de fazê-lo. Os empreendimentos e atividades serão licenciados em um único nível de competência, ou seja, caso o empreendimento obtenha uma licença ambientalestadual, não necessitará da obtenção de outra licença ambiental em âmbito federal ou municipal. O licenciamento ambiental possui várias fases. A primeira fase para obten- ção de licença é ir até o órgão público competente, antes de realizar o pedido, saber quais as autorizações, licenças ou registros e qual será o conteúdo que o estudo de impacto ambiental que deve possuir. A segunda fase, depois que cumprida todas as obrigações, é elaborar o pedido. A terceira fase consiste em um período de análise após o pedido para o órgão público competente. Na análise do estudo de impacto ambiental, do pedido e do licenciamento, o órgão público pode solicitar esclarecimentos e pode inclusive instituir audiência pública. D ire ito A m bi en ta l 39 A Resolução do Conama nº 9 de 1987 estabelece que a audiência pública pode ser solicitada pelo órgão competente, pelo membro do Ministério Públi- co ou por no mínimo 50 cidadãos. Após a audiência pública, o Poder Público pode solicitar novos esclareci- mentos ao empreendedor. Após isso, o Poder Público elabora parecer técnico e jurídico, sobre a legalidade do deferimento ou indeferimento do pedido de licença. A fase final ocorre com o deferimento ou indeferimento do pedido. Em âmbito estadual ou municipal, as fases podem se dar de forma diferente. Exercício 14. (Petrobras – 2008) A respeito do licenciamento ambiental e da respon- sabilidade ambiental administrativa e penal, considere as afirmativas abaixo. I. O licenciamento ambiental, como importante instrumento da Po- lítica Nacional do Meio Ambiente, tem natureza essencialmente preventiva e constitui uma das formas de expressão do poder de polícia ambiental. II. Os estudos ambientais necessários ao procedimento de licencia- mento ambiental são realizados pelos técnicos do órgão ambiental competente, integrante do Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama), a expensas do empreendedor. 4. Estudo de Impacto Ambiental e Licenciamento – Continuação 4.1 Apresentação Nesta unidade, daremos continuidade ao assunto estudo de impacto ambiental e licenciamento. 4.2 Síntese A Lei nº 11941/2009 dispõe que o processo de licenciamento ambiental é realizado inteiramente pelo Ibama, inclusive em grau recursal. Esta lei retirou do Conama a competência de funcionar como última instância administrativa. A Resolução nº 02/1996 do Conama dispõe sobre a compensação ambiental, D ire ito A m bi en ta l 40 ou seja, se a atividade é altamente impactante, o empreendedor deve compen- sar o impacto criando ou financiando uma unidade de conservação. Quando se trata de atividade com alto nível de impacto ambiental, o li- cenciamento é escalonado em três fases para se conseguir a licença definitiva. A primeira fase consiste na licença prévia (LP), que é concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento ou atividade, aprovando sua localização e concepção, atestando a viabilidade ambiental e econômica da- quela atividade. Nesta fase, há a análise do EIA-Rima e onde se estabelece os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua implementação. A segunda fase consiste na licença de instalação (LI), que autoriza a insta- lação do empreendimento ou atividade de acordo com as especificações cons- tantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental e demais condicionantes, da qual constituem motivo deter- minante. Nesta fase, se pode permitir o desmatamento de parte da propriedade, deixando percentual de reserva legal, como também a permissão da construção do empreendimento, apenas. A terceira fase consiste na licença de operação (LO), que autoriza a ope- ração da atividade ou empreendimento a funcionar, após a verificação do efe- tivo cumprimento do que consta das licenças anteriores, com as medidas de controle ambiental e condicionantes determinados para a operação (art. 8º da Resolução nº 237/1997). Caso haja o cumprimento das duas fases anteriores e não seja concedida a licença de operação, não cabe indenização, uma vez que a licença tem natureza de autorização, ou seja, é um ato discricionário. Ex.: O aterro sanitário de Belo Horizonte estava esgotado. Em análise da região, descobriram terreno em condição e conseguiram as duas primeiras licenças. A população invadiu o terreno que estava limpo e iluminado, com vias de aces- so. Diante disso, foi negada a licença de operação em razão da total alteração da situação. O Poder Público pode determinar procedimentos simplificados para as ati- vidades e empreendimentos de pequeno potencial de impacto ambiental, o chamado licenciamento simplificado, que consiste em duas fases. Há também o licenciamento único, que torna possível a admissão de um único processo de licenciamento ambiental para pequenos empreendimentos e atividades similares, ou para aqueles integrantes de planos de desenvolvimento aprovados, previamente, pelo órgão governamental competente, desde que defi- nida a responsabilidade legal pelo conjunto de empreendimentos ou atividades. Há também o licenciamento corretivo, que é concedido para empresas que já estavam em funcionamento quando do surgimento das leis ambientais. – Não existe o direito adquirido a poluir. Se a legislação em vigor altera as D ire ito A m bi en ta l 41 características da empresa, é necessário que se conceda prazos para essas em- presas se adequarem à nova realidade. O Poder Público dispõe de 6 (seis) meses para dar resposta ao empreendedor, mas se precisar de EIA ou de realização de audiência pública, esse prazo pode chegar a 1 (um) ano. A licença pode ser modificada nos seguintes casos, onde também pode ha- ver a suspensão ou seu cancelamento. Vejamos: “O órgão ambiental competente, mediante decisão motivada, poderá mo- dificar os condicionantes e as medidas de controle e adequação, suspender ou cancelar uma licença expedida, quando ocorrer: I – Violação ou inadequação de quaisquer condicionantes ou normas legais. II – Omissão ou falsa descrição de informações relevantes que subsidiaram a expedição da licença. III – superveniência de graves riscos ambientais e de saúde.” (art. 19 da Resolução nº 237/1997) Exercício 15. Julgue o item a seguir: A competência para o licenciamento ambiental do Ibama é de caráter supletivo, competindo a esta entidade federal licenciar apenas as ativi- dades e obras de que decorram de significativo impacto ambiental de âmbito nacional ou regional. Capítulo 4 Biossegurança 1. Definição 1.1 Apresentação Nesta unidade, estudaremos a definição de organismos geneticamente modificados. 1.2 Síntese A Lei nº 11.105, de 24 de março de 20051 sobre Biossegurança, define organismo geneticamente modificado (OGM), como organismo cujo material genético, ou seja, suas moléculas de ADN/ARN, tenham sido modificadas por qualquer técnica de engenharia genética. 1. BRASIL. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/ lei/L11105.htm>. Acesso em: 19 fev. 2011. D ire ito A m bi en ta l 43 A lei também tutela o derivado de OGM, produto obtido de OGM e que não possua capacidade autônoma de replicação ou que não contenha forma viável de se tornar um OGM. Outra definição de célula germinal humana é célula-mãe, responsável pela formação de gametas, presentes nas glândulas sexuais femininas e masculinas, e suas descendentes diretas. O ponto mais polêmico são as células-tronco embrionárias: células de em- brião que apresentam a capacidade de se transformar em células de qualquer tecido de um organismo. A grande característica da Lei nº 11.105/2005 é tentar regulamentar o art. 225 da Constituição, quando este estabelece a obrigatoriedade do Poder Públi- co em fiscalizar atividades
Compartilhar