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AULAS DE ADMINISTRATIVO

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OAB - DIREITO ADMINISTRATIVO
AULA 01
DIREITO ADMINISTRATIVO:
Ramo do direito público, que tem relação forte com a atuação do Estado (D.A. está voltado à atuação estatal – atos administrativos, licitações, desapropriações, etc).
INTERPRETAÇÃO DO DIREITO ADMINISTRATIVO:
Interpretação = processo técnico que revela, a partir do texto legal, o sentido e o alcance das normas e sanções jurídicas. 
Regras de Interpretação em Direito Administrativo:
- Desigualdade jurídica entre a AP e os Administrados é a verticalidade da relação jurídica, já que a AP se encontra em posição privilegiada em relação aos administrados.
- Presunção de legitimidade dos atos administrativos inversão do ônus da prova sobre a validade do ato administrativo, transferindo para o particular o encargo de demonstrar eventual nulidade/defeito do ato administrativo.
- Necessidade de poderes discricionários para a AP conseguir atender o interesse público.
 
FONTES DE DIREITO ADMINISTRATIVO:
- Fonte Primária Lei + Súmulas Vinculantes do STF[1: SUMULA VINCULANTE (art. 103-A, CF/88) Competência para aprovar/revisar/ cancelar = STF, de ofício ou por provocação. Aprovação da SV = decisão de 2/3 dos membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional. Efeito vinculante = a partir da publicação da SV na imprensa oficial. Os efeitos se estendem aos demais órgãos do Judiciário e à AP (direta e indireta), em todas as esferas (Estadual, Federal e Municipal).]
- Fontes Secundárias Doutrina, jurisprudência, costumes.
COMPETÊNCIA PARA CRIAR LEIS DE DIREITO ADMINISTRATIVO:
REGRA: competência concorrente entre União, Estados e DF.
Observação: Municípios não participam de competências concorrentes (Art. 24, CF), porém podem criar leis sobre D.A., a partir do interesse local (Art. 30, I, CF).
PORTANTO:
União, Estados, DF e Municípios poderão legislar em D. Administrativo.
DESAPROPRIAÇÃO: competência privativa da UNIÃO (art. 22, II, CF) para legislar sobre desapropriação. Porém, todos os entes federativos podem fazer procedimentos desapropriatórios. [2: COMPETÊNCIAS PRIVATIVAS DA UNIÃO (art. 22, II, CF): - Direito Marítimo, Aeronáutico, Espacial – Portos e Navegação;- Requisições militares e civis, em caso de iminente perigo e em tempo de guerra;- Aguas, energia, telecomunicações, radiodifusão;- Política nacional de transportes – Trânsito e Transportes;- Serviço Postal;- Jazidas, Minas, Recursos Minerais e Metalurgia;- Polícia Federal, Polícia Rodoviária e Ferroviária Federais;- Registros Públicos;- Atividades Nucleares;- Defesa Territorial, Marítima, Civil e Nacional.- Normas Gerais de Licitação e Contratação, para a AP direta e indireta (competência para legislar sobre normas específicas é concorrente )]
 LEI COMPLEMENTAR EM DIREITO ADMINISTRATIVO:
REGRA: Lei Ordinária sobre matéria de D. Administrativo. Portanto, é possível Medida Provisória sobre quase todos os temas de D. Administrativo (MP não pode versar sobre matéria cuja competência é de Lei Complementar “LC não permite MP”).[3: MEDIDAS PROVISÓRIAS: É vedada a utilização de MP para legislar sobre matéria:- Nacionalidade, Cidadania, Direitos Políticos, Partidos Políticos, Direito Eleitoral- Direito Penal, Processo Penal, Processo Civil;- Organização do Poder Judiciário e do MP (inclusive garantias e carreira dos membros);- Planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamentos e créditos adicionais;- Reservada à Lei Complementar- Detenção ou sequestro de bens, de poupança popular ou ativos financeiros- Já disciplinada em projeto de Lei aprovado pelo Congresso Nacional e pendente de sanção ou veto do Presidente da República]
EXCEÇÂO: Matéria que só pode ser legislada por LC:
- Áreas de atuação das Fundações Governamentais (art. 37, XIX, CF).
REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO:
Formado por Regime Jurídico Administrativo, que dá ao Estado prerrogativas e sujeições para que ele atue e desenvolva suas atividades.
O Regime Jurídico Administrativo está formado por dois princípios (veremos mais a frente):
Supremacia do interesse público em detrimento do interesse do particular (prerrogativas da Administração Pública)
Indisponibilidade do interesse público (limitações da Administração Pública)
Estes dois princípios que compõem o Regime Jurídico Administrativo são princípios implícitos, pois não estão nem na CF/88 tampouco nas leis. 
ATIVIDADE ADMINISTRATIVA:
 O Estado tem três atividades: legislativa, administrativa e jurisdicional.
A atividade administrativa é a execução concreta, direta e imediata (atividade típica) das leis. A Administração Pública atua de ofício, diferentemente do Poder Judiciário, que em regra atua mediante provocação.
Exemplo: fiscalização de trânsito, fiscalização de obras; regulamentação de serviços públicos (transporte, lixo, saúde, educação, etc).
PRINCÍPIOS BASILARES DO DIREITO ADMINISTRATIVO:
SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO SOBRE O INTERESSE PRIVADO:
Prioridade do interesse da coletividade em face do interesse individual.
São as prerrogativas da Administração Pública.
Exemplos da supremacia (prerrogativas) do interesse Público: 
- Atributos dos atos administrativos 
- Clausulas exorbitantes dos contratos administrativos
- Desapropriação
- Autotutela (Poder Pública pode revogar ou anular seus próprios atos)
Interesse público primário x Interesse público secundário:
Primário: dimensão coletiva dos interesses privados (interesse da sociedade). Exemplo: fiscalização da vigilância sanitária nos estabelecimentos de comercialização de comida.
Secundário: interesse só da Pessoa Jurídica Estatal. Normalmente está relacionado aos interesses econômicos do Estado. Exemplo: arrecadação de tributos por parte de um município.
Quando há embate entre interesse público primário e secundário, prevalece o primário.
INDISPONIBILIDADE DO INTERESSE PÚBLICO
São as limitações (restrições) da Administração Pública. Este princípio estabelece que o interesse público é indisponível.
Exemplo: quando a A.P. vai comprar algo, deve fazer licitação, para conseguir localizar a melhor proposta/melhor preço.
São consequências do princípio da indisponibilidade do interesse público:
Legalidade
Continuidade da prestação do serviço público
Publicidade
Controle Jurisdicional
PRINCÍPIOS EXPRESSOS DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL (ART. 37, CAPUT):
A A.P. Direta (União, Estados, Municípios, DF) e Indireta (Autarquias, Empresas Públicas, Sociedades de Economia Mista, Fundações, Agências Reguladoras) devem obedecer estes princípios.
OBSERVAÇÃO: este princípio deve ser obedecido pela Administração Pública de todos os Poderes, e não só do Poder Executivo.
Há Administração Pública nos Poderes Legislativo e Judiciário (função atípica), logo, devem ter atuação pautada nos princípios administrativos explícitos na CF/88.
Exemplo: O Poder Judiciário, quando aplica sanção aos servidores do Judiciário, está atuando de forma atípica, exercendo função de administração pública. 
LIMPE:
São os princípios básicos e expressos (expressamente previstos na CF/88):
LEGALIDADE
IMPESSOALIDADE
MORALIDADE
PUBLICIDADE
EFICIÊNCIA
LEGALIDADE:
Tem duas facetas:
AP deve obediência à lei
AP deve obediência aos princípios
A A.P. só faze fazer o que a lei/ o princípio permitir ou determinar.
 Legalidade Particular (Direito Privado) x Legalidade da A.P. (Direito Administrativo):
Para os particulares, vige o princípio da autonomia privada (podem fazer tudo aquilo que a lei não proibir). Para a A.P., vige o princípio da legalidade (só pode fazer aquilo que a lei ou os princípios administrativos permitir ou determinar).
 Legalidade em sentido amplo:
Denomina-se legalidade em sentido amplo porque condiciona a obediência não só à lei (sentido formal), mas também aos princípios.
A legalidade no Direito Administrativo atualmente não é mais entendida no sentido estrito. Hoje, durante o neoconstitucionalismo, a lei não é mais interpretada restritivamente, mas em sentido amplo. Com isto, a legalidade não se restringeà letra da lei, mas abrange lei e os princípios.
Logo, se um ato administrativo violar um princípio, este ato será considerado ilegal. Da mesma maneira, será ilegal se não observar a letra da lei.
A A.P. só pode fazer aquilo que a lei (sentido estrito) ou os princípios administrativos permitirem/determinarem.
Consequência: Se somente houver Portaria, Decretos, Regulamentos permitindo que A.P. faça determinado ato, a A.P. não pode fazê-lo. A A.P. só pode atuar de acordo com a lei em sentido estrito.
EXCEÇÃO AO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE:
Medida Provisória (art. 62,CF)
Decreto Autônomo (art. 84, VI,CF)
Se houver MP ou DA permitindo/determinando que a A.P. pratique determina ato, ela está autorizada a fazê-lo, ainda que não haja LEI em sentido estrito prevendo isto.
IMPESSOALIDADE:
“A Administração Pública permanece, quem passa é o gestor”. 
Impõe três condutas:
Igualdade de tratamento às pessoas/ não discriminação: todos os administrados são iguais. 
Exemplo: nas licitações (contratação de móveis de escritório), o prefeito de uma cidade não pode beneficiar seus parentes que são donos de fábricas de móveis. Todos os participantes da licitação são iguais.
Neutralidade do agente público: os atos praticados por agente público são imputados diretamente à Administração Pública (este é o teor da Teoria do Órgão). Por isto, é proibida a autopromoção dos agentes públicos (art. 37, §1º, CF/88):
 “Art. 37, §1º: A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos”.
A Administração Pública deve fazer a publicidade de seus atos, mas não pode criar símbolos ou imagens para se promover, porque isso configura promoção pessoal.
Uma autoridade (agente ou gestor público) não pode criar imagem própria para fazer propaganda de seu governo. Somente podem ser usados nas publicidades os símbolos oficiais, previstos na Constituição Federal:
“Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da República Federativa do Brasil. § 1º São símbolos da República Federativa do Brasil a bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais.§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão ter símbolos próprios”.
Exemplo: É lícito que um prefeito construa casas populares e coloque outdoor divulgando a obra pública, com um símbolo pessoal da sua gestão? Não. O prefeito pode colocar no outdoor, por exemplo, um símbolo do “Município de São Paulo”, mas não pode colocar nada que remeta à sua pessoa.
Exemplo2: É lícito batizar/homenagear obra pública com nome de político? O STF entendeu que não pode ser homenageado político vivo que pertença a mesma região da obra pública, sob pena de violação do princípio da impessoalidade.
Exemplo 3: Quando um prefeito determina a construção de escolas na cidade, quem está construindo, na verdade, é a prefeitura, e não a pessoa do prefeito.
Respeito à finalidade dos atos administrativos: cada ato administrativo tem uma finalidade.
Exemplo: a finalidade de um ato de remoção é deslocar/transferir um servidor de um local para outro, por diversos motivos (saúde, família, etc). Se o superior hierárquico utilizar a remoção do funcionário público com a finalidade de punição, terá desrespeitado o princípio da impessoalidade.
MORALIDADE:
Impõe o respeito à ética, à honestidade e à probidade.
Probidade x Moralidade:
O princípio se chama “Moralidade Administrativa” e é diferente do conceito da “probidade”. A probidade é um dever – A moralidade é um princípio. 
Dever de probidade: dever de ser probo, ético, honesto e manter boa conduta.
Na atuação da gestão administrativa, o gestor deve pautar-se pelo princípio da moralidade.
PORÉM, ao estudar a Lei de Licitações, a lei fala de “probidade” como princípio. Mas, na regra geral, a probidade é um dever.
Para que haja violação à moralidade, não é necessário que haja violação econômica, basta que haja lesão à probidade.
Exemplo: a contratação de parente para ser servidor público, ainda que o parente trabalhe honestamente e não lese ao erário público, haverá violação à moralidade.
Súmula vinculante nº 13, do STF:
É proibida a contratação a nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta/colateral/por afinidade até o terceiro grau da autoridade nomeante ou de servidor da mesma PJ investido em cargo de direção/assessoramento/chefia, para o exercício de cargo em comissão/confiança/função gratificada na AP direta e indireta, em qualquer dos Poderes da União/Estados/Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola o princípio da moralidade administrativa..
OBS: proibição não alcança agentes políticos do Poder Executivo (Ministros de Estado e Secretários Estaduais, Distritais e Municipais).
Improbidade administrativa:
Lei 8429/92 trouxe o rol de atos de improbidade. É a imoralidade administrativa qualificada (muito grave) que dá ensejo à aplicação de penas graves.
A improbidade não é um crime, mas um ato. Ninguém pratica crime de improbidade, mas um ato de improbidade administrativa.
Esta Lei trouxe três atos de improbidade administrativa (arts. 9º, 10 e 11):
- Enriquecimento ilícito: é enriquecimento sem causa (exemplo: pessoa não trabalhou, mas recebeu vencimentos mesmo assim).
Elemento subjetivo do enriquecimento ilícito é o dolo.
- Causar dano ao erário público: o agente público não enriquece, mas favorece alguém que enriqueceu e que, posteriormente, lhe pagou por isso.
Elemento subjetivo do dano ao erário é o dolo ou a culpa
- Violação aos princípios da Administração Pública: se um dos princípios for violado, fica caracterizado o ato de improbidade administrativa.
Elemento subjetivo da violação é o dolo.
Meios de proteção da moralidade administrativa:
Ação popular: é cabível em quatro hipóteses proteção do patrimônio histórico e cultural; proteção da moralidade administrativa; proteção do meio ambiente; proteção do patrimônio.
Ação civil pública
Ação de improbidade
PUBLICIDADE:
Impõe a divulgação dos atos oficiais, para conhecimento público e início de efeitos externos.
A Administração Pública está obrigada a fazer a divulgação dos seus atos, o que ocorre por meio da imprensa, pelos sites, pelo Diário Oficial, etc.
 Publicidade = princípio.
 Publicar = efetivação do princípio. 
Obedece-se ao princípio da publicidade através da publicação dos atos administrativos
A publicidade é requisito de eficácia do ato administrativo. Portanto, no caso da multa (ato administrativo), enquanto não for notificado o condutor, não tem eficácia (não produz efeitos).
A regra é a publicidade dos atos administrativos. A exceção é o sigilo, para preservar determinadas situações. 
O STF entendeu que a divulgação do ato no programa “A voz do Brasil” não é suficiente para atender ao princípio da publicidade, deve ser feita em veículo oficial da AP. 
A partir do momento em que a A.P. publica o ato, ele produz efeitos. A produção de efeito está condicionada à publicação do ato administrativo.
Exemplo: Caso a comissão presidente de um certame não publique a lista dos aprovados (ato administrativo) em um certo concurso público, o ato é valido, mas não produzirá efeitos. Só produzirá efeitos quando for publicada.
Exemplo 2: A participação de uma licitação fraudulenta, na qual foi publicado o ato administrativo de quem venceu. Produz efeito este ato administrativo? Sim, ainda que ilegal. Produz efeitos até ser declarado ilegal o ato administrativo, pela própria Administração Pública ou pelo Poder Judiciário.
A publicação de um ato não tem o condão de torná-lo legal.
Exemplo 3:Se a A.P. aplica uma multa ao condutor, deve notifica-lo da autuação da multa.
Exemplo 4: Se o chefe do executivo do município/estado/União Federal formaliza contrato administrativo, deve publicar o resumo deste contrato no Diário Oficial.
FORMAS DE PUBLICIDADE:
- Atos individuais simplescomunicação do interessado. Exemplo: autorização para o servidor sair mais cedo.
- Atos individuais com efeitos coletivos (são de interesse imediato do indivíduo, mas com repercussão para um grupo de pessoas) publicação no Diário Oficial. Exemplo: deferimento de férias de um servidor, porque implica a redistribuição de tarefas a todos na repartição pública. 
- Atos gerais (destinatário indeterminado) publicação no Diário Oficial. Exemplo: editar convocatório para concurso público
EXCEÇÕES À PUBLICIDADE:
Sigilo para preservar a segurança do Estado
Sigilo para preservar a vida privada e a imagem das pessoas: ler Leis nº 8.159/91 e 12.527/11
 LEI DE ACESSO ÀS INFORMAÇÕES (Lei nº 12.527/2011):
Regulamenta o direito constitucional de acesso dos cidadãos às informações públicas. Objetiva melhorar o controle social e a gestão pública.
Aplica-se a todos os entes federativos e às entidades privadas sem fins lucrativos que recebam, para a realização de ações de interesse público, recursos públicos (contratos de gestão, termos de parceria, convênio, acordo, ajuste com o Poder Público). A publicidade que estas entidades privadas estão sujeitas se refere somente à parcela dos recursos públicos recebidos e à sua destinação, se prejuízo da prestação de contas que devem fazer, em decorrência de uma obrigação legal.
EFICIÊNCIA:
Princípio inserido pela EC nº 19/98, logo não estava no texto original da CF/88. É a emenda da chamada “Administração Gerencial”.
Trata-se da redução de custos na Administração Pública, mas sem prejudicar o trabalho dos servidores. Relaciona-se também à capacitação do servidor público.
É um princípio autoaplicável, não depende de regulamentação.
 Impõe dois comandos:
Dirigido à Administração Pública: a A.P. deve atender satisfatoriamente aos administrados. Exemplo: quando houve o apagão aéreo (problemas nas torres de comando da INFRAERO), a A.P. não atendeu ao comando da Eficiência.
Dirigido ao agente público: o agente público deve fazer o melhor como profissional, diante dos meios que possui.
 Instrumentos constitucionais para colaborar com o princípio da eficiência:
Contrato de gestão (art. 37, §8º,CF): contrato entre entes, nos quais se estabelecem metas para melhorar a eficiência da gestão]
Contrato de desempenho (art. 41, §1º, III e §4º, CF): direcionado aos agentes públicos. Antes, a estabilidade do agente público era automática: transcorridos dois anos, o agente seguramente se tornava estável. Após a EC nº 19/98, a estabilidade deixou de ser automática. Após ingressar no cargo, o agente público fica durante avaliação de desempenho por 3 anos (será avaliado quando à produtividade, assiduidade e comparecimento aos cursos de aperfeiçoamento). Passados os 3 anos e adquirida a estabilidade, ainda assim o agente público fica submetido a avaliações periódicas de desempenho, de acordo com o §4º.
AULA 02
PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS EXPRESSOS NA LEI 9784/99 (LEI DO PROCESSO ADMINISTRATIVO FEDERAL
São princípios implícitos na Constituição Federal, mas expressos no ordenamento jurídico.
RAZOABILIDADE
Art. 2º, caput e § único, VI, da Lei nº 9.784/99.
Impõe a adequação entre os meios e os fins previstos na lei.
Exemplo: o ato de remoção tem a finalidade de transferir o agente público de um local a outro, por motivos diversos (saúde, família, etc). Se o superior hierárquico do servidor público aplicar a remoção ao servidor para puni-lo, haverá violação ao princípio da razoabilidade.
Exemplo 2: servidor público que levou caneta da repartição pública para casa (falta leve) é punido com demissão (penalidade administrativa mais grave que pode ser aplicada a um servidor). Neste caso, fere-se o princípio da razoabilidade.
Exemplo 3: em uma ação de improbidade administrativa, se a Administração Pública penalizar o servidor as sete sanções de improbidade administrativa, também estará ferindo o princípio da razoabilidade.
PROPORCIONALIDADE:
Muitos doutrinadores entendem que é a mesma coisa da razoabilidade.
Celso Antônio Bandeira de Melo enxerga diferenças entre o princípio da razoabilidade e o da proporcionalidade.
Para ele:
 Proporcionalidade: é a medida da razoabilidade. Então, quando é uma questão mais matemática, fala-se em proporcionalidade.
Tanto a proporcionalidade quanto a razoabilidade indicam que a Administração Pública deve buscar o bom senso/moderação. A A.P. deve agir usando os estritos meios necessários para atingir a sua finalidade.
OBSERVAÇÃO:
Incidência dos princípios da razoabilidade ou proporcionalidade:
Só incidem sobre atos discricionários, e não sobre atos vinculados.
- Ato vinculado = lei vincula o Administrador Público a apenas uma possibilidade. Se acontecer X, o agente público deve necessariamente fazer Y.
- Ato discricionário = a lei permite que o agente público escolha a melhor opção no caso concreto, de acordo com a sua razoabilidade/proporcionalidade. Caso aconteça X, o agente público pode fazer Y ou Z, a depender do que é melhor no caso concreto.
Exemplo: diante do comportamento faltoso de um funcionário público, a lei permite que o agente público tome quatro providências (advertência, suspensão, afastamento, demissão). Neste caso, o agente público deve refletir qual é o melhor meio/menos gravoso para punir o funcionário (ato discricionário); por isto, deve seguir os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade.
MOTIVAÇÂO:
Art. 2º, caput e § único, VII e 50 da Lei 9.784/99 + art. 93, X, CF/88 (limitado à Administração Pública do Poder Judiciário).
O princípio da motivação está expresso na CF, mas não de modo genérico para todas as administrações públicas. Está expresso de modo genérico para todas as administrações públicas na Lei nº 9.784/99.
A motivação impõe a indicação dos pressupostos de fato e de direito que determinam a prática de um ato. A motivação que não indica tanto os pressupostos fáticos quanto os de direito é nula. 
Exemplo: Fiscal de trânsito multa condutor, por ter estacionado em local errado. No ato administrativo (multa), o fiscal irá explicar os fundamentos fáticos que ensejaram a multa (no dia, o veículo estava estacionado irregularmente em vaga para idoso) e os fundamentos do direito (este fato – estacionar em vaga para idoso – fere o artigo X do Código de Trânsito). 
A ausência de motivação implica o prejuízo à ampla defesa e ao contraditório do administrado. O administrado só consegue se defender se souber exatamente do que está sendo acusado.
 Motivação como regra ou como exceção?
Todos os atos administrativos devem estar motivados.
Excepcionalmente, quando a lei dispuser que não é necessário motivar, a A.P. está dispensada deste ônus argumentativo.
A CF/88 traz exceção ao princípio da motivação: é livre a exoneração e nomeação para alguém em cargo em comissão. Isto quer dizer que aquele que nomeia/exonera alguém para ocupar cargo em comissão não precisa motivar o ato de nomeação/exoneração.
 Motivação x Motivo x Causa: 
Motivação é a justificativa escrita sobre as razões fáticas e jurídicas que determinaram a prática do ato. Exemplo: na multa de trânsito, o documento de notificação do infrator contém a motivação do ato. 
Motivo é o fato que autoriza a realização do ato administrativo. Exemplo: o tráfego em velocidade não permitida é o motivo do ato administrativo. 
Causa é o nexo de pertinência lógica entre o motivo do ato e o conteúdo, sendo útil para aferir a proporcionalidade do ato. Exemplo: a demissão de servidor motivada em faltas justificadas é ato de punição desproporcional e ilegal, possuindo um defeito em sua causa.
 Motivação dispensada: 
- Motivação Evidente = atos de gesticulação executados por policial na disciplina do trânsito
- Motivação Inviável = sinais de trânsito emitidos por semáforo eletrônico.
- Nomeação e Exoneração de cargos comissionados são cargos de livre provimento, dispensando motivação. Entretanto, se for apresentado motivo falso ou inexistente, a exoneração de comissionado será nula (teoria dos motivos determinantes).
 Motivaçãoaliunde/ per relationem:
É admitida no ordenamento jurídico. 
Quem toma a decisão, ao decidir, faz referência a uma manifestação/parecer anterior.
Exemplo: “ante o exposto e considerando o parecer do Ministério Público de fls. X, defiro a tutela antecipada”..
SEGURANÇA JURÍDICA:
Impõe maior estabilidade nas relações jurídicas (art. 2º, caput, da Lei nº 9.784/99 + art. 5º, XXXVI,CF/88). 
É o respeito ao:
- Direito adquirido
- Coisa julgada
- Ato jurídico perfeito
Permite-se: a convalidação de um ato anulável, a conversão de um ato nulo. Impede-se a anulação de um ato administrativo após 5 anos.
Por conta da segurança jurídica, até um ato anulável pode ser mantido no ordenamento jurídico, através da convalidação.
Por conta da segurança jurídica, até um ato nulo pode ser convertido e, com isto, mantido no ordenamento jurídico.
Após 5 anos e havendo boa fé do administrado, não é mais possível anular um ato administrativo. 
Este princípio impede a retroação de nova interpretação.
Proteção de expectativas legítimas de promessas firmes:
Exemplo: se a A.P. der uma permissão de uso de bem público (instalação de banca para venda de jornais), a A.P. não pode colocar um prazo para esta permissão, pois pode ser revogada a qualquer prazo. Porém, se a A.P. colocar um prazo de 3 anos e revogar antes a permissão, estará ferindo o princípio da segurança jurídica. 
Se a A.P. colocar um prazo na permissão, a doutrina entende que é uma “permissão qualificada”, haverá uma expectativa legítima no particular. Sendo assim e considerando o princípio da segurança jurídica, a A.P. deverá obedecer o prazo estipulado no ato administrativo. 
Não gera direito adquirido a regime funcional ou contratual:
Exemplo: quando a pessoa ingressa na carreira pública, estará regida por uma lei (estatuto do servidor – regime funcional). Se o interesse público modificar-se no decorrer do tempo e for editada lei nova alterando o estatuto do servidor, revogando o anterior regime funcional, o funcionário público não tem direito adquirido ao regime anterior. 
OBSERVAÇÕES:
Nem a lei pode prejudicar um ato jurídico perfeito/coisa julgada/direito adquirido. 
AUTOTUTELA:
Art. 53, Lei nº 9.784/99 + Súmula 473, STF.
Súmula 473: A A.P. estabelece seus próprios atos, pode de ofício anular ou revogar seus próprios atos, sem que haja prévio pronunciamento do Judiciário.
A A.P. tem o dever de anular os atos ilegais e o poder de revogar os atos lícitos mas inconvenientes, respeitados os direitos adquiridos, independentemente de apreciação judicial. 
Exemplo: a A.P. deu permissão para X instalar banca de jornal na praça, com a realização de licitação prévia. Após um tempo, a permissão foi revogada, pois naquele lugar será construído uma rua. Neste caso, não é mais conveniente para a A.P. manter aquela permissão, podendo revogá-la automaticamente.
 A autotutela não afasta a tutela jurisdicional. Se o particular se sentir prejudicado pela atividade de anulação/revogação da Administração Pública, poderá buscar o Poder Judiciário. O Judiciário não poderá analisar o mérito, somente a forma do ato (controle judicial limitado).
OUTROS PRINCIPIOS ADMINISTRATIVOS
FINALIDADE:
Dever de atendimento aos fins de interesse geral, sendo vedada total ou parcial renúncia de poderes ou competências, salvo autorização legal.
Teoria do Desvio de Finalidade/ de Poder/ Tresdestinação: É ato praticado com fim diverso daquele previsto, explicita ou implicitamente, na regra de competência, tornando o ato nulo. É aplicável a todas as categorias dos agentes públicos, ainda que os atos realizados não sejam materialmente atos administrativos.
Exemplos: Remoção de servidor público usada como forma de punição; Estrada construída com determinado trajeto somente para valorizar fazendas do governador; Ordem de prisão executada durante o casamento do inimigo do delegado da cidade; Processo administrativo disciplinar instaurado, sem fundamento, contra servidor desafeto do chefe da repartição, etc.
- TRESDESTINAÇÃO LÍCITA: Ordem jurídica autoriza a substituição da finalidade que inicialmente motivou a prática do ato administrativo. Exemplos: 
(i) Expropriação: O CC/02 autoriza que o bem desapropriado receba qualquer destinação pública, ainda que diferente daquela anteriormente prevista no decreto expropriatório, afastando a possibilidade de retrocessão (desfazimento da desapropriação).
CONTINUIDADE:
Prevê que a prestação do serviço público é continua e ininterrupta.
 GREVE: é possível que o servidor público faça greve? O servidor público civil tem direito de greve, já o servidor público militar não (art. 142,CF/88). O servidor público civil pode realizar a greve nos termos da lei ordinária específica. Porém, uma vez que não há lei específica ordinária, o STF entendeu que o direito de greve do servidor público é uma norma de eficácia limitada (apesar de o servidor ter direito de greve, o exercício deste direito está condicionado à existência de uma lei ordinária).
 Em 2008, foi impetrado Mandado de Injunção no STF, para que fosse elaborada a lei de greve do servidor público. No julgamento, o STF entendeu que enquanto não foi editada a lei do servidor público, o exercício do direito de greve do servidor será balizado pela lei geral de greve dos particulares (aplicação por analogia da lei geral de greve).
 CONTRATOS ADMINISTRATIVOS: é possível se valer da “exceção de contrato não cumprido” em contratos administrativos (a Administração Pública interrompe a prestação do serviço público, pois o particular não cumpriu com suas obrigações contratuais)? Sim, é a interrupção por inadimplemento. 
Não há violação à continuidade do serviço público, se a interrupção do serviço se der por (i) inadimplemento do usuário do serviço, desde que houver prévio aviso e desde que a interrupção não cause prejuízo à sociedade (serviço essencial) ou (ii) por razões de ordem técnica, desde que houver urgência.
Exemplo (i): pode ocorrer a interrupção do serviço de energia elétrica para o particular que não pagou a conta de luz, desde que a administração pública notifique previamente o particular do corte do serviço.
Porém, não pode ocorrer a interrupção do serviço de energia elétrica para um hospital que não pagou a conta de luz, mesmo que a administração pública notifique previamente o hospital. Isto ocorre porque o serviço prestado pelo hospital é relevante à sociedade
Exemplo (ii): pode ocorrer a interrupção do serviço de energia elétrica se um poste caiu na rua e a Administração Pública necessita consertá-lo urgentemente (ordem técnica). 
AULA 03 
PODERES ADMINISTRATIVOS
O Direito Administrativo surgiu para limitar os poderes do Estado. 
 Poder instrumental:
Administração Pública só tem poder se ele for um instrumento indispensável para se alcançar o interesse da coletividade (interesse público). Se a AP extrapola o uso do poder instrumental de buscar o bem estar da sociedade e utiliza seus poderes somente porque lhe é benéfico, ocorre o “abuso de poder”
Abuso de poder é gênero, do qual são espécies:
Desvio de Poder = extrapolação da finalidade prevista em lei (vício de finalidade). É muito mais grave que o excesso de poder,
Excesso de Poder = extrapolação da competência definida em lei (vício de competência).
 Poder-dever:
 Os poderes administrativos são poderes-deveres. Isto porque, a Administração Pública não pode, a seu critério, utilizar ou não os poderes que detêm. A AP é obrigada, se o caso concreto exigir, a utilizar seus poderes, já que os poderes administrativos não são disponíveis.
FORMA DE EXERCÍCIO DOS PODERES ADMINISTRATIVOS:
São quatro os poderes administrativos (polícia, hierárquico, normativo e disciplinar).
Podem ser exercido de duas maneiras:
De forma vinculada
De forma discricionária
Discricionariedade e Vinculação não são propriamente poderes da Administração, mas maneira pela qual são exercidos os quatro poderes administrativos.
OBSERVAÇÃO:
Tanto na forma vinculada quanto na forma discricionária, a AdministraçãoPública está adstrita à lei (princípio da legalidade); Só haverá atuação administrativa se estiver prevista em lei. A diferença entre vinculação e discricionariedade reside no fato de que a lei prevê, em algumas situações.. a prática do ato com mais liberdade (margem de escolha – discricionariedade) por parte da Administração Pública.
ATO VINCULADO:
A lei estabelece de forma objetiva os critérios a serem observador pelo Administrador Público, não podendo ele atuar com margem de escolha.
Exemplo: a lei estabelece que se o servidor que faltar mais de 30 dias consecutivos ao trabalho será penalizado com demissão.
ATO DISCRICIONÁRIO:
A lei confere ao agente público uma margem de escolha no caso concreto dentro dos limites impostos pela lei.
Exemplo: a lei prevê que se a Administração pública for alienar bem imóvel adquirido por decisão judicial, poderá aliená-lo por leilão ou por concorrência (ambas são modalidades de licitação).
A Administração Pública “escolher” qual a forma de realização do ato administrativo, porque a lei permite. Esta “escolha” é o mérito administrativo.
O mérito de administrativo deverá estar pautado em dois critérios:
- Oportunidade
- Conveniência 
OBSERVAÇÃO:
Em algumas situações, a discricionariedade não vem tão explícita como no exemplo acima da alienação do imóvel (ou o administrador aliena por concorrência ou por leilão). Há situações em que a lei utiliza conceitos indeterminados, permitindo que o agente público valore, no caso concreto, a sua atuação.
Exemplo: a lei permite que o Administrador Público dissolva uma passeata se ela for considerada “tumultuosa”. Porém, a lei não define o que é “tumultuoso”. Nestes casos, o Administrador Público deverá valorar, no caso concreto, o que é tumulto e qual a melhor forma de atuação. 
 Controle jurisdicional dos atos administrativos:
O judiciário não pode, no controle jurisdicional dos atos administrativos, intervir no MÉRITO dos atos administrativos (oportunidade e conveniência). No exemplo acima da passeata, se o Administrador Público entender que a manifestação “x” foi tumultuosa, eventual controle jurisdicional não poderá rever este posicionamento da administração pública. 
O judiciário só pode fazer controle jurisdicional quanto à FORMA dos atos administrativos (I) discricionário e (II) vinculado (abuso de poder – excesso de poder ou desvio de finalidade; violação da lei e dos princípios administrativos) e desde que provocado. 
 
 ESPÉCIES DE PODER ADMINISTRATIVO:
São quatro os poderes administrativos;
Normativo
Hierárquico
Disciplinar
Polícia
NORMATIVO:
É o poder que a Administração Pública tem para a expedição de normas gerais e abstratas.
Não é poder legislativo (expedir leis), mas somente de atos administrativos normativos gerais que são inferiores à lei.
No poder normativo, o ato administrativo esmiúça a lei, especificando o conceito abstrato previsto em lei. Por isto, o ato administrativo não pode criar obrigações, pois seu objetivo é facilitar a execução do texto legal.
Exemplo: a lei penal estabelece que é proibido traficar entorpecentes. A Administração Pública (Ministério da Saúde) pode definir, por intermédio de ato administrativo normativo, o que é considerado “entorpecente”. 
 PODER REGULAMENTAR X PODER NORMATIVO:
Muitas vezes, a doutrina, ao se referir ao Poder Normativo, faz uso da expressão “Poder Regulamentar”. Ocorre que Poder Regulamentar é uma espécie do Poder Normativo.
- Poder Normativo = gênero
- Poder Regulamentar = espécie
Dentre os vários atos administrativos que a Administração Pública pode expedir, está o REGULAMENTO ou o DECRETO.
São conceitos distintos, mas se referem ao mesmo ato administrativo.
- Regulamento = ato administrativo privativo do Chefe do Poder Executivo (legitimidade privativa dos Governadores, Prefeitos e Presidente da República).
- Decreto = forma de expedição de um regulamento.
Logo, o poder regulamentar se refere especificamente à expedição de decretos e regulamentos. Já o poder normativo, se refere à expedição de todos os atos normativos abstratos. 
OBSERVAÇÂO:
No direito comparado, há duas espécies de “Regulamento”.
Regulamento executivo: ato administrativo criado dentro dos limites da lei, para facilitar a execução da lei, especificando o preceito legal.
Regulamento autônomo: poder que a Administração Pública tem de expedir ato administrativo substituto à lei. Quando, em determinado caso concreto, há omissão legal quanto a algum tema, a Administração Pública, para suprir a omissão, pode expedir um regulamento autônomo. 
No Brasil, a princípio, não é possível a edição de regulamentos autônomos. Isto porque a Constituição Federal estabelece que ninguém está obrigado a fazer ou deixar de fazer algo, senão em virtude de lei. Logo, não há como expedir regulamento autônomo para criar obrigações não previstas em lei.
PORÉM:
O art. 84,VI, da CF, alterado por EC 32/2001, prevê que o Presidente da República pode, por meio de DECRETO/REGULAMENTO, pode:
- extinguir cargo vago
- tratar de matéria de organização administrativa, desde que não crie despesa nem extinga órgãos.
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:
VI - dispor, mediante decreto, sobre
a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos; b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos;
Pela CF, os cargos públicos só podem ser criados por lei. De acordo com o princípio da simetria, se os cargos são criados por lei, só podem ser extintos por lei também. Logo, o decreto do Presidente que extinguisse cargo pode ser considerado “Decreto autônomo”.
A doutrina majoritária estabelece que:
REGRA: só existem REGULAMENTOS EXECUTIVOS
EXCEÇÃO: permissivo constitucional (art. 84, VI) prevendo a possibilidade de REGULAMENTOS AUTONÔMOS, para extinção de cargos vagos e disposição de matéria de organização e funcionamento da Administração Federal. 
 
HIERÁRQUICO:
Poder de distribuição de competência interna (somente há hierarquia entre órgãos de uma mesma pessoa jurídica).
Envolve:
Ordenação: organização das funções administrativas. As ordens emanadas pelos órgãos e agentes superiores devem ser cumpridas (dever de obediência), salvo se manifestamente ilegais (exceção ao dever de obediência). 
Coordenação: coordenar internamente as funções de um mesmo órgão administrativo.
Controle: controlar o desempenho dos agentes públicos, para verificar se estão cumprindo as leis e instruções expedidas.
Corrigir (autotutela): invalidar atos ilegais e revogar atos inconvenientes e não oportunos ao interesse públicos.
Delegação da atividade ou função administrativa: poderá haver a delegação sempre que (a) houver conveniência e (b) não houver impedimento legal para a delegação. A delegação pode ocorrer entre órgãos de mesma hierarquia ou entre órgãos hierarquicamente diferentes (superior x inferior). Aquele que recebeu a delegação da função administrativa (órgão delegado) será o responsável pelo ato praticado. A possibilidade de delegação é a REGRA, sendo que a proibição da delegação é EXCEÇÃO. 
Avocação da competência: é o chamamento da competência para si (uma autoridade que originalmente não era competente, ao avocar a competência, passa a ser competente para praticar o ato). A avocação da competência é EXCEPCIONAL, sendo que deve ser necessariamente motivada e temporária. 
 Hierarquia Externa:
Não existe hierarquia entre pessoas jurídicas diferentes. A hierarquia somente existe entre os órgãos e agentes de uma mesma pessoa jurídica. 
Logo, não há hierarquia entre União x Municípios ou Estados x Municípios.
ESPÉCIES DE HIERARQUIA:
 Hierarquia Horizontal:
Ocorre por meio dos atos de coordenação.
É a distribuição da competência territorial ou da competência material, para órgãos de um mesmo nível hierárquico.
Exemplo:a competência para cuidar da área da saúde é do Ministério da Saúde; a competência para cuidar da área do meio ambiente é do Ministério do meio ambiente, etc.
 Hierarquia Vertical:
Ocorre por meio de atos de subordinação
É a distribuição, dentro de um mesmo órgão, de competências diferentes, para órgãos subordinados a outros órgãos. 
Exemplo: dentro do Ministério da Saúde, os Postos de Saúde tem competência para cuidar das doenças “X” e os Hospitais Públicos tem competência para cuidar das doenças “Y”.
PODER DISCIPLINAR
É o poder sancionatório (aplicar sanções) àqueles que têm vinculo especial com o poder público. Por isto, nem toda penalidade aplicada pela Administração decorre do exercício do poder disciplinar. 
Exemplos:
 Servidor público que faltou por 30 dias consecutivos ao trabalho aplicação da pena de demissão (exercício do poder disciplinar, pois o servidor tem vinculo especial funcional com a AP).
 Cidadão que estaciona em local proibido e leva multa da autoridade fiscalizatória do trânsito aplicação da pena de multa (não houve exercício do poder disciplinar, pois a penalidade decorreu do descumprimento de uma norma geral de trânsito por pessoa que não tem vinculo com a AP).
ESPÉCIES DE VÍNCULOS COM O PODER PÚBLICO:
Só pode ser utilizado o poder disciplinar perante àqueles que tem vinculo com a AP.
São espécies de vínculo:
Vínculo contratual
Vínculo hierárquico
HIERARQUICO:
Servidores públicos, contratados pela Administração Pública, alunos de escola pública, etc.
CONTRATUAL:
Aqueles que contrataram com a Administração Pública (Contratos administrativos).
SANÇÕES DISCIPLINARES:
Devem ser precedidas por um devido processo legal, pois acarreta a aplicação de sanção. 
PODER DE POLÍCIA:
Decorre da supremacia geral da Administração Pública (perseguir interesse público em detrimento do interesse privado).
Não há necessidade de demonstrar vinculo específico com a Administração Pública, como ocorre no Poder Disciplinar.
 POLÍCIA JUDICIÁRIA X POLÍCIA ADMINISTRATIVA:
Polícia judiciária: repressão e prevenção da prática de ilícitos criminais. É objeto de estudo do Processo Penal.
Polícia administrativa: exercida por corporações especializadas (Polícia Militar e Civil). É polícia ostensiva e investigativa, que visa atingir pessoas que cometeram ilícitos. É a matéria estudada no Direito Administrativo, no Direito Tributário (art. 78, CTN – cobrança de taxas).
POLÍCIA ADMINISTRATIVA: é o poder que a Administração Pública tem de restringir o exercício de liberdades individuais e o uso da propriedade privada, sempre para adequá-los ao interesse público. 
Exemplos:
A Administração Pública pode colocar placas com nomes de ruas nos muros das casas, ainda que os proprietários não concordem. É uma restrição do uso da propriedade para adequá-lo ao interesse público (orientação dos transeuntes).
A Administração Pública pode restringir, em determinadas áreas da cidade, o número de andares que os prédios podem ter, para adequar as construções às leis urbanísticas.
A Administração Pública pode restringir o exercício do direito à associação (passeatas), se considerar que está sendo tumultuosa e violando a paz pública. 
A Administração Pública pode colocar semáforos nas vias públicas, restringindo momentaneamente o direito de ir e vir dos transeuntes, para garantir a paz pública e o direito de locomoção de todos.
A Administração Pública pode determinar a demolição de prédio em ruínas, para evitar que caia sobre a cabeça de algum transeunte (interesse coletivo) e, com isto, restringir o uso da propriedade do dono do prédio (interesse particular).
MANIFESTAÇÃO DO PODER DE POLÍCIA ADMINISTRATIVA:
Quanto ao momento:
A manifestação do poder de polícia pode ocorrer através de:
Atos preventivos: o exercício do poder de polícia ocorre antes de o cidadão praticar alguma atividade.
Exemplos: licença para construir.
Atos repressivos: o exercício do poder de polícia ocorre depois do ato exercido pelo cidadão.
Exemplo: multa de trânsito; embargo de obra já iniciada em desacordo com a licença; 
Quanto à forma:
A manifestação do poder de polícia pode ocorrer através de:
Atos gerais: ato destinado a uma coletividade indeterminada de pessoas.
Exemplo: ato proibindo que qualquer cidadão estacione na Rua X, a partir das 21h00.
Atos individuais: ato destinado a uma pessoa em específico.
Exemplo: multa de trânsito. 
Quanto ao exercício:
Atos vinculados: é a exceção, pois a regra é que todos os atos de polícia sejam exercidos com certa margem de escolha do Administrador Público.
Exemplo: Licença para construir. Uma vez que o particular preencheu todos os requisitos objetivos necessários para construir, a Administração Pública é obrigada a conceder a licença.
Atos discricionários: a regra é a discricionariedade dos atos de polícia. A princípio, a discricionariedade é um atributo decorrente do poder de polícia. Porém, nem todo ato de polícia é discricionário.
CONSELHOS PROFISSIONAIS
A lei 9.649/65 criou os conselhos profissionais, prevendo que são particulares que prestam serviço público por delegação da Administração Pública.
Porém a ADI 1717, analisando a lei, estabeleceu que os Conselhos Profissionais não exercer, na maioria das vezes, serviço público, mas exercício de poder de polícia do estado. Assim, uma vez que o poder de polícia não pode ser delegado a particulares, o STF entendeu que os Conselhos Profissionais tem natureza de autarquia (não são particulares) personalidade de pessoa jurídica de direito público. 
O conselho profissional limita o exercício da liberdade profissional do cidadão, para adequá-la ao interesse público Poder de Polícia.
PODER DE POLÌCIA x PESSOAS DE DIREITO PRIVADO:
Só Pessoa de Direito Público pode exercer o Poder de Polícia (é atividade privativa).
Nenhuma Pessoa de Direito Privado, ainda que estando a serviço da Administração Pública, pode exercer o poder de polícia.
Exemplo: a colocação de radar em ruas e avenidas para limitar o exercício do direito de locomoção por pessoa jurídica de direito privado contratada pela Administração Pública é possível (poder de polícia). Isto porque, neste caso, não há delegação de atos decisórios do poder de polícia (aplicação da multa ao particular, julgamento dos recursos administrativos), somente de atos executórios materiais. 
 ASPECTOS MATERIAIS DO PODER DE POLÌCIA: são os atos de mera execução do poder de polícia e podem ser delegados a particulares. Não tratam do poder de polícia em si.
ATRIBUTOS DO PODER DE POLÍCIA:
DISCRICIONARIEDADE: é a regra, mas há atos de poder de polícia vinculados. 
IMPERATIVIDADE: é a imposição unilateral de obrigações ao particular, por meio de atos administrativos, independentemente da concordância do particular. Exemplo: determinação da Administração Pública local no sentido de proibir o estacionamento na rua X. 
COERCIBILIDADE: a AP pode se valer de meios indiretos de coerção, para compelir o particular a cumprir as obrigações impostas pela AP. Normalmente, a coercibilidade está junto com a imperatividade (a AP estabelece uma obrigação e também uma multa, no caso de descumprimento da obrigação). Exemplo: A AP proíbe estacionar na rua X e, para coibir o particular de estacionar ali, prevê que quem descumprir a norma receberá multa (meio de coerção indireta)
AUTOEXECUTORIEDADE: a AP pode se valer de meios diretos de coerção, para executar o ato administrativo. Nestes casos, a AP não precisa da autorização do Judiciário para fazer cumprir o ato administrativo (desnecessidade de controle judicial prévio). Exemplo: a AP pode guinchar um carro estacionado de forma indevida e assim fazer cumprir o ato administrativo que proibiu o estacionamento na rua X.
 Nem todo ato administrativo possui o atributo da autoexecutoriedade. A doutrina prevê que a autoexecutoriedade decorre de (i) lei ou de (ii) situação de urgência. 
AULA 04ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA
A Administração Pública pode se organizar de duas formas:
 Concentração x Desconcentração: relacionado à criação ou não de órgãos públicos. É a técnica de cumprimento de competências administrativas, por meio de órgãos públicos despersonalizados e sem divisões internas. (raro de acontecer).
Centralização x Descentralização: relacionado à criação ou não de pessoas jurídicas. É a repartição entre órgãos públicos pertencentes a uma única pessoa jurídica, mantendo a vinculação hierárquica. Exemplo: Ministérios da União; Secretarias dos Estados e dos Municípios; Delegacias de Polícia; Postos de Atendimento da Receita Federal; Subprefeituras; Tribunais; Casas Legislativas.
	DESCONCENTRAÇÃO
	DESCENTRALIZAÇÃO
	Competências atribuídas aos órgãos públicos sem personalidade jurídica própria
	Competências atribuídas às entidades com personalidade jurídica própria
	Conjunto de órgãos forma a ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA
	Conjunto de entidades com PJ forma a ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA INDIRETA
	Órgãos não podem ser acionados diretamente perante o Poder Judiciário já que não tem personalidade jurídica, exceto alguns órgãos dotados legalmente de capacidade processual especial (Mesa do Senado + Presidência da República)
	Entidades respondem judicialmente pelos prejuízos causados aos particulares
	Exemplos: Ministérios, Delegacias de Polícia, Receita Federal
	Autarquias, Fundações Públicas, Empresas Públicas, Sociedades de Economia Mista
	Há manifestação do Poder Hierárquico, pois ocorre a distribuição interna das competências entre os órgãos de uma mesma pessoa jurídica.
	Não há, em regra, manifestação do Poder Hierárquico, pois ocorre a distribuição da competência entre pessoas jurídicas diferentes.
DESCONCENTRAÇÃO:
A diferença entre Concentração e Desconcentração se relaciona à presença ou não de órgãos públicos (Desconcentração: com órgãos públicos X Concentração: sem órgãos públicos).
 ÓRGÃOS PÚBLICOS:
São unidades de atuação integrantes da estrutura da Administração Pública Direta e Indireta. Os órgãos públicos pertencem a pessoas jurídicas, mas não são pessoas jurídicas. São divisões internas de uma pessoa jurídica estatal, também chamados de “repartições públicas”.
Já que não tem personalidade jurídica própria, os órgãos públicos não podem ser acionados judicialmente para responder pelos prejuízos causados por seus agentes. A ação deverá ser dirigida à pessoa jurídica à qual o órgão se vincula. Caso a ação judicial coloque equivocadamente o órgão no polo passivo, será extinta sem resolução do mérito (carência da ação – ilegitimidade de parte).
Exemplo: Ação de reparação de danos causado por agente público pertencente ao Ministério da Cultura deve ser ajuizada contra a União Federal (pessoa jurídica a que o Ministério da Cultura pertence). 
EXCEÇÃO: alguns órgãos públicos são dotados de capacidade processual especial (capacidade judiciária/ personalidade judiciária), pois podem defender seus interesses em juízo (principalmente nas ações de mandado de segurança e habeas data) Presidência da República + Mesa do Senado. 
 HIERARQUIA DOS ÓRGÃOS:
Independentes = órgãos que representam o poder. Não está hierarquicamente subordinado a ninguém (está no topo da hierarquia administrativa). Exemplo: Presidência da República, Governo do Estado, Prefeitura do Município.
Autônomos = órgão que possui autonomia administrativa e financeira, mas está subordinado aos órgãos independentes. Exemplo: Ministérios Federais (Ministério da Fazenda, Ministério do Meio Ambiente), Secretarias Estaduais e Municipais (Secretaria da Educação, dos Transporte).
Superiores = não tem autonomia, porque dependem de orçamento e da atividade exercida pelos órgãos autônomos. Porém, conservam poderes de decisão. Exemplo: Procuradoria da Fazenda Nacional, Secretaria da Receita Federal. 
Subalternos = órgão de mera execução de atividade, obedecendo ordens. Não possuem poder de decisão próprio, não tem autonomia financeira. Exemplo: Recursos humanos. 
DESCENTRALIZAÇÃO
A Administração Pública Indireta (Descentralizada) é formada por entidades com personalidade jurídica própria, que podem ser de direito público ou privado.
	DIREITO PÚBLICO
	DIREITO PRIVADO
	Autarquias
	Empresas Públicas
	Fundações Públicas
	Sociedades de Economia Mista
	Agências Reguladoras
	Fundações Governamentais
	Associações Públicas
	
REGRAS GERAIS DAS ENTIDADES DA ADMINISTRAÇÃO INDIRETA (DIREITO PUBLICO OU PRIVADO):
Personalidade jurídica própria:
Patrimônio/ receita/ autonomia administrativa/ responsabilidade por seus atos)
Criação e extinção por lei específica:
OBS: o art. 37, XIX, CF prevê que a lei específica cria as autarquias e a lei específica autoriza a criação das Fundações Públicas, das Empresas Públicas e das Sociedades de Economia Mista.
LOGO: 
- Criação por lei (a simples publicação da lei já cria a entidade) Autarquia
- Autorização por lei (além da publicação da lei, é necessário o registro dos atos constitutivos da entidade a ser criada) Fundações Públicas, Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista. 
Fins públicos:
Finalidade pública específica prevista na lei criadora/autorizadora da criação. Não é possível que a finalidade seja lucrativa. O lucro pode ser uma consequência da atividade exercida, mas não pode ser a premissa da atividade.
Controle exercido pelos entes da Administração Pública Direta/ Tutela Administrativa/ Supervisão Ministerial:
É o controle finalístico, realizado pela Administração Direta, para verificar se a entidade da Administração Indireta está cumprindo as finalidades previstas na lei específica.
Este controle não configura:
- Hierarquia
- Subordinação
Isto porque não há nem hierarquia nem subordinação entre pessoas jurídicas diversas.
ENTIDADES EM ESPÉCIE:
Podem ser tanto de Direito Público quanto de Direito Privado.
DIREITO PÚBLICO:
AUTARQUIAS:
 Direito Público Interno: aplicam-se às autarquias todas as prerrogativas/deveres do Estado/Fazenda Pública (Regime Jurídico Administrativo).
Exemplos: 
- Imunidade Tributária Reciproca (entes federativos não podem cobrar impostos uns dos outros, aqui incluídas as autarquias).
- Bens públicos impenhoráveis
- Privilégios processuais das Fazendas Públicas (prazo em dobro para recorrer e em quádruplo para contestar) + Reexame Necessário
- Não podem ser submetidas ao regime falimentar
- Privilégios de cobrar seus créditos por meio da Lei de Execuções Fiscais
- Pagamento de débitos judiciais por meio de precatórios
- prescrição quinquenal para as ações contra as Autarquias
- Regime de Pessoal é o estatutário
- Respondem objetiva e diretamente pelos prejuízos que causarem aos particulares;
- Contratos administrativos que dependem de licitação, etc. 
 Exerce atividade típica do Estado. Exemplo: Poder de Polícia, Serviços Públicos. 
 Autonomia Gerencial + Patrimônio/Receitas próprios: tem capacidade de autogoverno, já que não está subordinada hierarquicamente à Administração Pública Direta, embora sofra controle finalístico (supervisão ministerial).
 Criação e extinção por lei específica
 Não podem exercer atividade econômica
Exemplo: USP, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (IBAMA), Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), Instituto Nacional de Colonização Agrária (INCRA).
ESPÉCIES DE AUTARQUIA:
AUTARQUIAS COMUNS
Todas as características acima vistas. É a regra geral.
AUTARQUIAS DE CONTROLE/PROFISSIONAIS:
São os Conselhos de Classe (CREA, CRO, CRM, etc). São consideradas autarquias porque exercem Poder de Polícia (só entes públicos exercem poder de polícia).
EXCEÇÃO: a OAB não é autarquia, mas pessoa jurídica de Direito Privado.
AUTARQUIAS EM REGIME ESPECIAL:
Podem ser de duas espécies: universidades públicas ou agências reguladoras:
As Autarquias com Regime Especial possuem todas as características jurídicas das autarquias, mas possuem duas peculiaridades, quais sejam:Dirigentes estáveis: nas autarquias comuns, os dirigentes ocupam cargos em comissão exoneráveis livremente pelo Poder Executivo; nas agências reguladoras, os dirigentes estão protegidos contra o desligamento desmotivado (ad nutum). 
 Mandatos fixos: dirigentes permanecem no cargo por prazo determinado, sendo desligados automaticamente após o mandato. 
Universidades:
São as universidades públicas. São consideradas especiais, pois gozam de autonomia pedagógica (liberdade de atuação).
- Dirigentes:
Diferentemente dos demais tipos de autarquia, os seus dirigentes não são indicados pelo órgão hierarquicamente superior (Ministérios aos quais estão vinculadas às autarquias especiais), mas por meio de eleição dentro da própria universidade. Depois de nomeado, o vencedor cumpre um mandato com prazo certo e, dentro do mandato, não pode ser exonerado/perder a função (exceção = se houver processo administrativo ou se ele pedir exoneração).
Agências reguladoras:
 Criação relacionada à fase neoliberal da política econômica brasileira, a partir da década de 90: a redução da participação estatal em diversos setores da economia implicou o aumento do número de agentes privados prestando serviços antes desempenhados pelo Estado. Com isto, surgiu a necessidade de fiscalizar e controlar a atuação dos investidores privados.
 Possuem Poder Normativo: podem estabelecer regras gerais e abstratas disciplinando a sua atuação (RESOLUÇÕES). Tais regras ocupam posição de inferioridade em relação à lei. As normas somente obrigam o prestador do serviço, nunca os particulares (os particulares só estão obrigados a fazer ou deixar de fazer algo em virtude de lei).
 Dirigentes: são nomeados pelo Presidente da República e aprovados pelo Senado Federal (Federal); nomeados pelo Governador do Estado e aprovado pela Câmara Estadual (Estadual). 
O dirigente tem estabilidade, logo não pode perder o mandato desmotivadamente (ad nutum), somente por meio de processo administrativo ou por exoneração. 
Depois que deixar o cargo, o dirigente fica de “quarentena”, isto é, durante 4 meses fica proibido de prestar serviços em nenhuma empresa regulada pela agencia reguladora que ele dirigia.
Exemplos: ANEEL (Energia Elétrica); ANATEL (Telecomunicações); ANP (Petróleo); ANS (Saúde); ANVISA (Vigilância Sanitária).
FUNDAÇÕES
 Pessoa jurídica fundada através da destinação específica de um patrimônio público.
 Criada por lei específica. Esta lei específica vai definir se a Fundação é Pessoa Jurídica de Direito Público ou de Direito Privado. Porém, normalmente, são de Direito Público.
- Se for PJ de Direito Público: Segue o regime das autarquias (Autarquia Fundacional). Pode exercer todas as atividades típicas da Administração Pública, inclusive a prestação de serviços e o poder de polícia.
- Se for PJ de Direito Privado: Segue o regime misto/híbrido. Não goza de nenhuma prerrogativa pública, mas se submete a todas as limitações do Estado (é um regime muito parecido com as empresas estatais).
 A criação das autarquias (feita por lei específica) deve obedecer à lei complementar de cada ente federativo. Os entes federativos editam leis para estabelecer dentro de quais áreas (saúde, educação, etc) poderão ser criadas autarquias.
 Fundações Privadas x Fundações Públicas:
Existem Fundações Privadas (reguladas pelo Código Civil e sujeitas à fiscalização do Ministério Público) e Fundações Públicas (regime jurídico administrativo). O que diferencia uma da outra é o patrimônio: se for patrimônio público, a fundação é pública; se for patrimônio privado, a fundação é privada.
Exemplos: FUNAI, IBGE, FUNASA. 
DIREITO PRIVADO
EMPRESAS ESTATAIS
É gênero, que abarca as duas espécies:
-- Empresas Públicas (Caixa Econômica, Correios, Infraero)
-- Sociedades de Economia Mista (Petrobrás, Eletrobrás)
Estão submetidas ao mesmo regime; porém, há três grandes diferenças entre elas. Então, vamos estabelecer as diferenças e, depois, o regime geral.
DIFERENÇAS:
Capital:
E.P. = capital 100% público (não admite investimento de particulares). OBS: não precisa ser 100% do mesmo ente público, podendo ser constituído assim: 50% da União Federal e 50% do INSS (autarquia federal); 10% da Universidade de São Paulo e 90% do Governo do Estado de São Paulo.
S.E.M. = capital misto (admite investimento de particulares, desde que a maioria do capital votante pertença ao poder público)
Forma Societária:
E.P. = pode ser constituída sob qualquer forma societária, inclusive a S.A.). 
S.E.M. = só pode ser constituída sob a forma de Sociedade Anônima (S.A.). 
Deslocamento de Competência para a Justiça Federal:
E.P. = ação proposta em face de E.P. federal, deverá a ação ser julgada na Justiça Federal para julgamento das causas comuns. Se a ação tiver como base matéria especializada (eleitoral, trabalhista), a ação se mantém na Justiça Especializada.
S.E.M. = ação proposta em face de S.E.M. federal, não haverá deslocamento para a Justiça Federal, podendo ser julgada na justiça cível comum estadual.
Problema: a empresa estatal “X” foi constituída a partir da criação de lei específica, com capital de 50% da União e 50% dos Correios (ECT) e sob a forma de Sociedade Anônima. O servidor desta empresa estatal quer ajuizar ação, para cobrança de remuneração atrasada. Qual será a competência para o processamento da ação?
Resposta: esta é uma empresa pública (capital 100% público). Uma vez que a causa trata de matéria especializada, não haverá deslocamento para a Justiça Federal (o que ocorre com todas as causas comuns contra E.P.), permanecendo a competência da Justiça do Trabalho.
SEMELHANÇAS
 Pessoas Jurídicas de Direito Privado, submetidas ao regime híbrido/misto (não gozam das prerrogativas administrativas, mas se submetem às restrições impostas à AP)
Não gozam de nenhuma das prerrogativas inerentes à Administração Pública.
- Não seguem o regime de pagamento por meio de precatórios.
- Obrigações Trabalhistas: precisam respeitar as normas previstas na CLT, pois seus empregados são contratados sob o regime celetista.
- Obrigações Fiscais: não gozam dos privilégios fiscais da Fazenda Pública, somente dos privilégios fiscais que os particulares que atuam na mesma área gozam. Exemplo: se os bancos privados que exercem a atividade “x” gozam de isenção tributária quanto ao tributo “y”, a Caixa Econômica Federal, se realizar a atividade “x”, também gozará de isenção tributária. 
- Obrigações Civis e Comerciais: as empresas estatais não celebram contratos administrativos com cláusulas exorbitantes/privilégios estatais, somente celebram os contratos privados civis “normais”.
Submissão às limitações da AP:
- Empregados, ainda que sejam celetistas, só podem ser contratados mediante concurso público; 
- Contratos realizados são civis (não são administrativos), mas dependem de licitação prévia.
 Criação por lei específica autorizadora. 
 Submetidas ao controle finalístico exercido pela Administração Direta (Tutela Ministerial). 
 Finalidade: podem ser criadas para duas finalidades públicas diferentes
- Prestação de Serviço Público (descentralização)
- Exploração de Atividade Econômica (pode ter lucro, mas não pode ser esta a finalidade) 
OBS: todas as vezes que a Empresa Estatal é criada para prestar serviço público, seu regime jurídico se aproxima mais do Direito Público e todas as vezes que é criada para explorar atividade econômica, se aproxima mais do Direito Privado. Exemplo: as prestadoras de serviço público respondem objetivamente pelos danos causados (art. 37,§6º,CF), já as exploradoras de atividade econômica respondem pelos danos causados de acordo com o Código Civil (art. 927, CC/02)
 As empresas estatais não estão submetidas ao regime falimentar/recuperação judicial. 
OBS: o texto da lei das falências é expresso ao prever que a lei não se aplica nem às Sociedades de Economia Mista nem às Empresas Públicas. Porém, a CF/88 prevê que se a empresa estatal atua explorando atividade econômica, ela segue o mesmo regime dasempresas privadas no que tange às obrigações comerciais; logo, estaria sujeita à falência.
PORTANTO = a doutrina entende que a lei de falências só não se aplica às S.E.M e às E.P prestadoras de serviço público, mas se aplica àquelas exploradoras de atividade econômica.
EXCEÇÃO:
 Construção jurisprudencial:
Correios (ECT) é uma empresa pública, mas como presta serviço público indelegável goza das prerrogativas da Fazenda Pública (imunidade tributária, prerrogativas processuais, etc).
INFRAERO é uma empresa pública, mas goza de imunidade tributária, embora não goze das prerrogativas da Fazenda Pública.
TERCEIRO SETOR:
ENTES DE COOPERAÇÃO (Entes Paraestatais)
Pessoas Jurídicas de Direito Privado que não fazem parte da Administração pública, mas que cooperam com o Estado na consecução de alguns fins públicos.
OBS:
- 01º Setor (Estado); 
- 02º Setor (Mercado); 
- 03º Setor (ONG´s), alguns dos entes de cooperação são ONG´s;
- 04º Setor (Economia Informal). Não têm fins lucrativos e servem para ajudar o Estado na prestação de um serviço público ou no fomento de uma atividade.
SERVIÇO SOCIAL AUTÔNOMO (Sistema “S”, SEBRAE, SENAT, SESC, SESI).
 Privilégios: Recebem recursos orçamentários. Têm capacidade tributária. São beneficiárias da Parafiscalidade.
 Sujeitas às regras de licitação da Lei 8666/93 e à fiscalização do Tribunal de Contas.
ORGANIZAÇÃO SOCIAL:
 Lei 9637/98: As Organizações Sociais servem para prestação de serviços públicos, serviços estes que estão listados nesta Lei. Ex.: meio-ambiente; pesquisa; saúde; desenvolvimento tecnológico.
 Surgiram como órgãos públicos extintos, que foram transformadas em Pessoas Jurídicas de Direito Privado denominadas Organização Social.
 Criação: Celebração do Contrato de Gestão: É o vínculo jurídico das Organizações Sociais o Estado (“entidade fantasma” segundo Maria Sylvia, já que 01º celebra-se o contrato de gestão, para que depois as Organizações Sociais existam no mundo jurídico).
 A empresa não precisa existir no mundo jurídico, nem ter experiência prévia no ramo em que for atuar para que celebre o contrato de gestão. Ato Administrativo Discricionário do Ministério do Planejamento e Gestão, após a celebração do contrato de gestão, dá o status de Organização Social.
 Controle/ Licitação: Art.24, inc.24 da Lei 8666/93: Dispensa a Administração de licitar com as Organizações Sociais quando o contrato a ser firmado for decorrente de contrato de gestão. Entretanto, as Organizações Sociais estão sujeitas às regras de licitação. Estão sujeitas ao controle do Tribunais de Contas, já que podem receber dotações orçamentárias, cessão de servidores públicos e receber bens públicos. Ex. Instituto de matemática pura e aplicada.
OSCIP - ORGANIZAÇÕES da SOCIEDADE CIVIL de INTERESSE PÚBLICO
Lei 9790/99: Diferenças para as Organizações Sociais:
A Pessoa Jurídica precisa existir no mundo jurídico no mesmo ramo de atividade, há pelo menos 01 ano, para tornar-se uma OSCIP.
 O Vínculo jurídico com o Estado é o Termo de Parceria, que tem natureza de contrato administrativa, segundo parte da doutrina.
Regra Geral: Não há cessão de servidores, não há transferência de bens públicos, nem dotação orçamentária (não participa diretamente do orçamento, mas recebe recursos públicos via depósito bancário).
Estão sujeitas às regras de licitação e ao controle dos Tribunais de Contas.
O Conselho de Administração da OSCIP deve ser formado por particulares, diferentemente das Organizações Sociais, onde os Conselhos de Administração e Fiscal podem ser compostos por servidores públicos.
OBSERVAÇÂO: O que tem ocorrido é que a Administração contrata as OSCIP´s para, via de regra, burlar o concurso público, já que os empregados das OSCIP´s não necessitam de concurso.
ENTIDADES DE APOIO
 Constituição: As entidades de apoio podem ser constituídas como Fundação, Associação ou Cooperativas, criadas por servidores públicos com a finalidade de melhor desenvolver suas atividades.
 Funcionam ao lado das Universidades Públicas e hospitais públicos. São fundações privadas que atuam com a estrutura e o dinheiro do Estado. Vínculo Jurídico: Convênio celebrado com a universidade. Ex. As entidades de apoio fazem convenio com a universidade pública para organizarem uma pós-graduação, da qual se poderá cobrar mensalidade.
 Lei 8958/94: Entidades de apoio que atuam junto às Universidades Públicas. Quanto às outras entidades ainda não há legislação.
ORGANIZAÇÃO DA SOCIEDADE CIVIL (lei 13.019/04)
 TERMO DE COLABORAÇÃO: planos de trabalho propostos pela administração pública em regime de mútua cooperação
 TERMO DE FOMENTO: planos de trabalho propostos pela entidade privada em regime de mútua cooperação
Transferência de recursos
 PROCEDIMENTO DE MANIFESTAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL
Organizações da sociedade civil, movimentos sociais e cidadãos poderão apresentar propostas ao poder público para que este avalie a possibilidade de realização de um chamamento público objetivando a celebração de parceria.
 CHAMAMENTO PÚBLICO
- Publicação do edital no site do órgão interessado;
- Classificação das propostas pela comissão de seleção composta por 2/3 de servidores;
- Julgamento objetivo – vinculação ao edital
 HABILITAÇÃO DA ENTIDADE:
- Sem fins lucrativos
- Mínimo de 3 anos de existência
- Experiência no objeto
- Capacidade técnica e operacional
 DISPENSA E INEXIGIBILIDADE DO CERTAME
- Inexigibilidade - inviabilidade de competição
- Dispensa (rol exaustivo):
urgência decorrente de paralisação ou iminência de paralisação de atividades de relevante interesse público - mesmas condições da vencedora
 nos casos de guerra ou grave perturbação da ordem pública - assistência social, saúde ou educação
de proteção a pessoas ameaçadas ou em situação que possa comprometer a sua segurança.
 CONTRATOS FIRMADOS ENTRE AS ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL E TERCEIROS
Procedimento seletivo simplificado via internet
 PRESTAÇÃO DE CONTAS
Relatório de Execução do Objeto: elaborado pela organização da sociedade civil, assinado pelo seu representante legal, contendo as atividades desenvolvidas para o cumprimento do objeto e o comparativo de metas propostas com os resultados alcançados;
Relatório de Execução Financeira: assinado pelo seu representante legal e o contador responsável, com a descrição das despesas e receitas efetivamente realizadas.
Prazo de até 90 dias + 30 dias
 RESPONSABILIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO DA SOCIEDADE CIVIL E APLICAÇÃO DE PENALIDADES
Advertência; 
Suspensão temporária da participação em chamamento público e impedimento de celebrar termos de fomento, termos de colaboração e contratos com órgãos e entidades da esfera de governo da administração pública sancionadora, por prazo não superior a 2 (dois) anos.
Declaração de inidoneidade para participar em chamamento público ou celebrar termos de fomento, termos de colaboração - Ministro de Estado ou do Secretário Estadual ou Municipal
AULA 05
BENS PÚBLICOS
EXPRESSÃO “DOMÍNIO PÚBLICO”:
A doutrina dizia que a expressão “domínio público” possuía dois significados:
Sentido amplo: 
Poder do estado sobre todos os bens que se encontram no território nacional é a soberania estatal. 
Porém, hoje em dia, não se usa mais a expressão “domínio público” para fazer referência ao poder estatal sobre todos os bens localizados no país, mas a expressão “domínio iminente”. 
Sentido restrito: 
Hoje em dia, somente se usa a expressão “domínio público” para fazer referência ao sentido estrito.
Domínio público = são os bens de propriedade do Estado. São os bens públicos.
CONCEITO DE “BENS PÚBLICOS”:
O conceito de bens públicos não é pacífico na doutrina.
Doutrina tradicional: 
Bens públicos são os bens das Pessoas Jurídicas de Direito Público + Pessoas Jurídicas de Direito Privado atreladas à prestação de um serviço público.
Doutrina pós-Código Civil/02:
Com o CC/02 (art. 98), o conceito de “bens públicos” se refere somente aos bens das Pessoas Jurídicas de Direito Públicointerno. 
A titularidade do bem (PJ de Direito Público) é o único critério para definir se o bem é público ou não.
Doutrina atual:
Ainda segue a linha do CC/02, mas “flexibiliza” o conceito de bens públicos, pois além da titularidade do bem, considera também a destinação do bem como critério para definir se é o bem público ou não.
Se o bem privado (titularidade de Pessoa Jurídica de Direito Privado) estiver atrelado à prestação de um serviço público, este bem gozará das garantias dos bens públicos.
Exemplo: os bens da empresa de ônibus (prestação do serviço público de transporte) gozam das mesmas garantias dos bens públicos, não podendo ser penhorados para pagar débitos trabalhistas, por exemplo.
CLASSIFICAÇÃO DOS BENS PÚBLICOS:
 Quanto à finalidade:
BENS DE USO COMUM
Finalidade específica de utilização livre (ordinária/comum) do bem pela sociedade.
A utilização do bem não depende de autorização/ manifestação do Estado.
Exemplo: praia, praça, calçada, ruas, etc.
BENS DE USO ESPECIAL
Finalidade pública específica de utilização pelo próprio Estado, definida pela Administração Pública.
Não são bens de utilização livre pela sociedade.
Exemplo: prédios que sediam repartições públicas; carros oficiais para transportar os chefes de governo, etc.
BENS DOMINICAIS/DOMINIAIS:
Embora pertençam ao Estado, não tem finalidade pública. Só são considerados públicos, porque pertencem a um ente público.
AFETAÇÃO E DESAFETAÇÃO DOS BENS:
A doutrina estabelece que estes três tipos de bens (dominiais, especiais e comuns), podem ser classificados da seguinte forma:
BENS AFETADOS:
São os bens que estão afetados/atrelados à finalidade pública:
- Bens de uso comum
- Bens de uso especial
 BENS DESAFETADOS:
São os bens que não tem destinação pública:
- Bens dominicais
 FENÔMENO DA AFETAÇÃO E DESAFETAÇÃO DE BENS:
Esta classificação de bens afetados x desafetados não é estanque, pois os bens que originariamente não tinham finalidade pública podem vir a adquirir esta finalidade com o tempo (afetação) e os bens que tinham finalidade pública podem vir a perder esta finalidade (desafetação). 
Afetar bens = dar finalidade pública a um bem que não tinha esta finalidade antes, através do USO.
Desafetar bens = retirar a finalidade pública de um bem que antes tinha esta finalidade, através de LEI ou ATO ADMINISTRATIVO.
OBSERVAÇÃO: parte da doutrina (a banca da OAB entende assim) estabelece que a desafetação pode ocorrer, além da LEI ou do ATO ADMINISTRATIVO, por meio de FATOS DA NATUREZA.
 Exemplo: uma biblioteca pública (bem de uso especial) foi atingida por um incêndio e perdeu sua capacidade de ser bem público especial (desafetação), em virtude de um fato da natureza.
CARACTERÍSTICAS:
INALIENABILIDADE 
Há uma Inalienabilidade Relativa. Os bens públicos poderão alienados desde que se vinculem às formalidades legais.
Os bens públicos afetados, enquanto preservarem essa condição, porque predispostos a uma finalidade pública, são absolutamente inalienáveis.
 Formalidades Legais para Alienação de Bens IMÓVEIS:
Desafetação: 
Essa formalidade só é exigida para os bens afetados. Pode ser feita através de Decreto do Chefe do Executivo.
Autorização Legislativa: 
Exigível apenas para os Bens Públicos, afetados ou não, pertencentes às Pessoas Jurídicas de Direito Público. 
Para alienação de bens pertencentes às Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista prestadoras de serviço público não há necessidade de autorização legislativa.
Autorização do Presidente da República: 
Essa formalidade só é exigida no âmbito da União (Lei Federal 9.636/93). Tal exigência é dispensada quando foi o próprio presidente quem pediu a autorização legislativa para alienação do bem.
Licitação na Modalidade Concorrência. Exceção (lei 8.666/93):
Quando o bem imóvel for adquiro pelo Estado em procedimento judicial ou em dação em pagamento, a licitação poderá ser por Leilão.
Avaliação Prévia:
Lei 8.666/93, art.17: Traz hipóteses de dispensa obrigatória dessas formalidades para alienação de bens públicos, nos seus inciso I (bens imóveis) e II (bens móveis) :
 Formalidades p/ Alienação de Bem Público MÓVEL:
Licitação: 
Via de regra, na modalidade Leilão.
Avaliação Prévia.
Não há necessidade de autorização legislativa.
Tanto para alienação de bem móvel quanto para a alienação de bem imóvel exige-se uma fundamentação amparada na existência do interesse público, que motive a alienação, do contrário a alienação estará viciada.
IMPENHORABILIDADE:
Para cumprimentos de decisões judiciais contra a Administração há o regime de Precatórios, que será dispensado, no âmbito federal, quando o valor cobrado for até 60 salários mínimos.
IMPRESCRITIBILIDADE:
Impossibilidade da prescrição aquisitiva (Usucapião) dos bens públicos.
IMPOSSIBILIDADE DE ONERAÇÃO:
Os bens públicos não podem ser gravados por ônus de direito real.
Os bens públicos podem sofrer Enfiteuse, que ainda permanece no Direito Administrativo (é direito pessoal, e não direito real).
BENS EM ESPÉCIE:
BENS DA UNIÃO:
Art. 20, CF/88:
“Art. 20. São bens da União:
I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser atribuídos;
II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei;
III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais;
IV - as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as áreas referidas no art. 26, II;
IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as que contenham a sede de Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao serviço público e a unidade ambiental federal, e as referidas no art. 26, II; 
V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica exclusiva;
VI - o mar territorial;
VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos;
VIII - os potenciais de energia hidráulica;
IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo;
X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré-históricos;
XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios”.
 Terrenos da Marinha e seus acrescidos: 
- São todos aqueles terrenos banhados pelo mar, ou pelos rios ou lagoas navegáveis que sofram influência das marés, que entrem até 33 metros da linha do preamar médio, medido em 1831. 
Os terrenos acrescidos são as áreas de terra que se formam natural ou artificialmente, em complementação, para dentro do mar, ou lagoas ou rios navegáveis que sofram influência das marés, em seguimento ao terreno da marinha, sem limite de extensão. 
EC 46/05: Subtraiu da União as Ilhas Costeiras que forem sede de municípios, que agora não pertencerão à União, e sim ao município cuja sede se localize nela. Não envolve as Ilhas Oceânicas. 
 Terrenos Reservados e seus Acrescidos: 
São os terrenos banhados pelos rios ou lagoas navegáveis que não sofram influência das marés, até 15 metros para dentro da terra, contados a partir da linha média das enchentes ordinárias, medidas em 1831, mais os seus acrescidos. 
SÚMULA 479, STF: os terrenos que ficam à margem dos rios navegáveis pertencem à União e não são suscetíveis de indenização (porque são domínio público federal).
 Terras Tradicionalmente ocupadas pelos Índios: 
São de propriedade da União. Os índios têm título de usufruto permanente da terra e suas riquezas. São as terras nas quais as comunidades indígenas ocupam, em caráter permanente e definitivo, nelas se reproduzindo, tirando seu sustento e fomentando sua cultura. Os índio detêm a posse ‘ad memoriam’. 
 Faixas de Fronteira: 
Áreas de

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