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Direito Financeiro

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Capítulo 1
Teoria Geral do Direito 
Financeiro
1. Necessidades Públicas e Básicas do Estado. 
Atividade Financeira do Estado
A CF traz para o Estado uma série de obrigações e deveres que devem ser cum-
pridos (em forma de serviços públicos). Para tanto, precisa buscar recursos a fim 
de atender as necessidades da sociedade e da população.
As necessidades das pessoas são ilimitadas, todavia, os recursos do Estado 
não, e virão da própria sociedade. A CF e as leis traçam quais são as necessidades 
sociais básicas que o Estado deverá priorizar, mas, ainda assim, é sempre o Estado 
que, em decisão política, decidirá quais necessidades vai atender no momento da 
aprovação das leis orçamentárias.
Na atribuição de funções e deveres, a CF divide as competências para atendi-
mento das necessidades públicas, ou seja, estabelece quais são as obrigações de 
cada um dos entes federados (União – art. 21; Estados – art. 25, § 1º; Municípios 
– art. 30); e, dentro dessas competências atribuídas, a CF determina como cada 
ente deverá, conjunta ou privativamente, gastar o dinheiro público.
As necessidades públicas que o Estado deve atender podem ser necessidade-
-fim (saúde, educação, lazer, etc.) e necessidade-meio (investimento em hospitais, 
contratação de enfermeiros, etc.)
A atividade financeira do Estado está dividida, doutrinariamente, em 3 itens 
fundamentais:
– obtenção de receitas: como o dinheiro público será arrecadado;
– gestão dos recursos e do patrimônio público: como o patrimônio/bens 
do Estado será cuidado e como o dinheiro será aplicado para compor as 
reservas. Engloba também a dívida pública;
– realização de receitas: como o dinheiro será gasto.
Direito Financeiro6
Exercício
1. A atividade financeira do Estado compreende:
a) Apenas a obtenção de receitas originárias.
b) Apenas a obtenção de receitas, tanto originárias como derivadas.
c) Obtenção de receitas, a gestão do patrimônio público e a realização de 
despesas.
d) A prestação de serviços públicos e a realização de obras públicas.
e) Apenas a geração das despesas.
2. Direito Financeiro: Conceito, Objeto, 
Autonomia, Constituição Financeira
Direito financeiro é a disciplina jurídica que estuda e regula a atividade finan-
ceira do Estado. O objeto central desta disciplina é a atividade financeira, ou 
seja, as normas jurídicas que determinam a obtenção das receitas, a gestão dos 
recursos e bens públicos e a realização das despesas do Estado. Abrange ainda 
a dívida pública, o orçamento, o controle e fiscalização da atividade financeira 
do Estrado.
Trata-se de matéria autônoma, mas, sendo o direito uma ciência una, a au-
tonomia existe apenas para fins didáticos. O direito financeiro vincula-se muito 
fortemente com o direito tributário, com o direito administrativo e com o direito 
constitucional. Assim, a autonomia do direito financeiro é meramente didática e 
científica.
A parte da Constituição Federal que se dedica ao direito financeiro abrange 
os arts. 70 a 75, que tratam das normas de fiscalização e controle orçamentário. 
Abrange ainda os arts. 163 a 169 da CF, que dispõem sobre a ordem financeira 
do país.
No art. 163, encontramos a determinação de que lei complementar disporá 
sobre normas gerais de finanças públicas. Observa-se que esta lei tem caráter 
nacional, contudo, a União não pode interferir na autonomia financeira (opção 
política) de cada um dos Estados-membros. Lei complementar também disporá 
sobre a dívida pública, concessão de garantias, emissão e resgate de títulos da 
dívida pública, fiscalização das normas jurídicas financeiras, operações de câmbio 
e as diretrizes dos bancos públicos da União.
Atualmente, duas são as leis complementares que tratam dos assuntos 
acima dispostos: 4.320/1964 (recepcionada como LC pela atual Constituição) 
e 101/2000.
Direito Financeiro 7
Exercício
2. Assinale a assertiva incorreta. No que tange às regras de Finanças Públicas, 
segundo a Constituição Federal:
a) É de competência de lei complementar dispor sobre: finanças públicas, 
dívida pública externa e interna; incluída a das autarquias, fundações 
e demais entidades controladas pelo poder público; e concessão de 
garantias pelas entidades públicas.
b) A competência da União para emitir moeda será exercida exclusiva-
mente pelo Banco Central, ao qual é vedado conceder, direta ou in-
diretamente, empréstimo ao Tesouro Nacional e a qualquer órgão ou 
entidade que não seja instituição financeira.
c) Em nenhuma hipótese, poderá o Banco Central, na medida em que lhe 
é defeso conceder empréstimo à União, comprar títulos de emissão do 
Tesouro Nacional.
d) As disponibilidades de caixa da União serão depositadas no Banco 
Central.
Capítulo 2
Despesa Pública
1. Conceito. Classificação
O conceito de despesa pública estabelecido pela doutrina é: o dispêndio de recur-
sos para atendimento de necessidades públicas devidamente autorizadas pela lei 
orçamentária. Observa-se que o interesse público deve sempre orientar o gasto 
de dinheiro público e que a lei sempre deve, previamente, autorizar a despesa. 
Não atendidos esses dois requisitos, teremos uma despesa irregular.
Aliomar Baleeiro conceitua despesas públicas como um “conjunto de dispên-
dios do Estado, ou de outra pessoa de direito público, para o funcionamento dos 
serviços públicos”, e “aplicação de certa quantia em dinheiro, por parte da au-
toridade ou do agente público competente, dentro duma autorização legislativa, 
para a execução de fim a cargo do governo”.
A doutrina traz uma classificação que diverge um pouco do conceito: despesas 
orçamentárias são as que têm autorização legislativa e despesas extraorçamentá-
rias são as que não têm autorização legislativa. Nota-se, contudo, que a despesa 
sempre vem determinada na lei orçamentária, mas, por vezes, não está especifica-
da, detalhada, delimitada na lei. Estas são as chamadas extraorçamentárias.
É exemplo de despesa extraorçamentária o chamado cartão de pagamento: 
o administrador recebe um cartão com uma determinada quantia disponível, 
porém, não há especificação na lei em quê deverá ser gasto. Há apenas a regra 
geral de que o gasto seja efetuado em prol do interesse público.
Exercício
3. Cespe (STM – Analista jurídico – 2011): “A despesa pública é definida como 
todo pagamento autorizado ou efetuado a qualquer título por autoridades 
competentes do poder público.”
Direito Financeiro 9
2. Classificação Doutrinária – Parte I
Além da classificação doutrinária, temos, à luz da Lei nº 4.320/1964, que possui 
status de lei complementar, a classificação de despesa pública, que orienta todos 
os entes da Federação.
A doutrina adota o critério em razão do local da realização da despesa pú-
blica, dividindo-os em interna (dentro do território nacional) e externa (despesas 
gastas fora do país).
Ainda, temos o critério de classificação quanto à regularidade dessas despe-
sas, podendo ser ordinárias, extraordinárias e especiais, sendo imprescindível para 
a sua criação que estas sejam autorizadas mediante lei.
Despesa ordinária é a que possui previsão orçamentária. Aquela prevista com 
antecedência pelo administrador público no exercício anterior, ou seja, possui 
certa regularidade.
Despesa especial é aquela que surge ao longo do exercício, a partir de uma 
decisão administrativa. Nesse caso, o administrador público necessita do crédito 
especial, valor em dinheiro destinado para satisfazer a despesa; por exemplo, a 
reforma de um prédio público.
Já a despesa extraordinária, surge diante de situações emergenciais ou de 
calamidade pública, necessitando da criação do crédito extraordinário.
Quanto ao benefício das despesas públicas, é importante destacar que sua 
criação sempre obedecerá ao interesse público, mas que seus reflexos ocorrem 
de forma variada emâmbito social. São divididos em despesa produtiva, despesa 
improdutiva e despesa reprodutiva.
Exercício
4. (Esaf – 2013 – Dnit) A respeito dos créditos adicionais de que tratam a Lei nº 
4.320/1964 e a Constituição Federal, é correto afirmar:
a) Os saldos remanescentes dos créditos especiais e extraordinários pode-
rão ser reabertos no exercício seguinte.
b) Créditos para atender despesas em razão de calamidades públicas são 
denominados créditos especiais.
c) Os créditos suplementares destinam-se à criação de dotações orçamen-
tárias.
d) Não é necessária a indicação dos recursos para abertura de créditos 
especiais.
e) Os créditos adicionais são abertos mediante decreto do Poder Executivo.
Direito Financeiro10
3. Classificação Doutrinária – Parte II
O critério da contraprestação trata da vantagem que a despesa pública receberá 
em troca. Divide-se em despesa-compra e despesa-transferência.
No caso da despesa-compra, o Estado gastou o dinheiro, mas, em troca, re-
cebeu alguma contraprestação; por exemplo, pagamento do servidor público.
Na despesa-transferência, ocorre a entrega do dinheiro para a despesa, 
todavia, não há obrigatoriedade de contraprestação ao Estado; por exemplo, 
aposentadoria.
Temos a classificação quanto à origem do compromisso, que diz respeito ao mo-
mento em que a obrigação foi contraída. Embora seja uma classificação doutriná-
ria, se refletirá nas regras de tratamento das despesas segundo a Lei nº 4.320/1964.
Restos a Pagar (art. 36 da Lei nº 4.320/1964) é o tipo de despesa considerada 
muito importante, com previsão inclusive na Lei de Responsabilidade Fiscal e ga-
rante que o compromisso assumido durante o exercício anterior e não pago até o 
dia 31 de dezembro, seja cumprido no exercício seguinte sob a rubrica orçamen-
tária de restos a pagar.
Despesa processada é aquela que teve o cumprimento de seus requisitos da 
parte que foi contratada pelo ente público. Já a despesa não processada é aquela 
em que não houve o compromisso por parte do contratado, impedindo o paga-
mento da referida despesa por parte da administração pública, porém, o compro-
misso já está firmado.
O art. 37 da Lei nº 4.320/1964 trata das despesas assumidas de exercícios 
anteriores, as que já foram Restos a Pagar no orçamento, contudo, que não fo-
ram pagas no ano seguinte e aguardarão disponibilidade com outras despesas 
vencidas de períodos anteriores.
O recebimento de despesas referentes a exercícios anteriores obedece a uma 
ordem cronológica.
Exercício
5. (Ceperj – 2012 – Procon – RJ) Após um ano de inscrição de uma determinada 
despesa em Restos a Pagar, foi efetuado o seu cancelamento. Caso o credor 
do Estado venha a reclamar o seu recebimento, o ente público poderá efe-
tuar o pagamento à conta de dotação destinada a:
a) Despesa orçamentária.
b) Despesa orçamentária do exercício vigente.
c) Despesas de exercícios anteriores.
Direito Financeiro 11
d) Obrigações de exercícios anteriores.
e) Reserva de contingência.
4. Classificação Econômica – Parte I
Nesta unidade, observamos a classificação econômica das despesas públicas; clas-
sificação esta adotada pela Lei nº 4.320/1964 e de destacada importância em 
razão de sua grande incidência em provas.
A classificação econômica decorre de lei. Tanto a Constituição Federal quanto 
a Lei de Responsabilidade Fiscal trazem essa classificação em seus textos e todo 
legislador seguirá essa denominação no momento de elaborar o orçamento pú-
blico, possibilitando a conceituação do tipo de ônus econômico que o Estado tem 
com determinada despesa.
Conforme a Lei nº 4.320/1964, as despesas são classificadas em despesa cor-
rente e despesa de capital.
A despesa corrente não está vinculada à construção do patrimônio público. 
Essa categoria divide-se em despesa de custeio, despesa de transferência corrente 
e despesa de subvenção – econômica ou social.
Na despesa de custeio, emprega-se o recurso público na manutenção da má-
quina administrativa. No caso da despesa de transferência corrente, não há ne-
nhuma contraprestação do credor, como pagamento de aposentadoria. Na des-
pesa de subvenção – econômica ou social, ocorre entrega de dinheiro público nas 
mãos de particulares para que estes exerçam atividade pública.
A despesa de capital surge com a entrega de dinheiro público para a constru-
ção de obra pública. Observamos um aumento do patrimônio líquido do capital 
estatal. Essa classificação divide-se em investimentos públicos, inversões financei-
ras e transferência de capital.
Com os investimentos públicos, o Estado garante o crescimento econômico 
do país, como a construção de escolas. Já as inversões financeiras não trazem 
grande repercussão na economia do país, como a reforma de hospitais.
A transferência de capital ocorre quando existe um tipo de despesa de deter-
minado ente público a ser transferida para outro ente público.
Exercício
6. Com base no conceito de despesa pública, aponte a única opção falsa.
a) São exemplos de despesas extraorçamentárias os pagamentos de restos 
a pagar do exercício anterior, serviços de terceiros e encargos diversos.
Direito Financeiro12
b) A despesa pública, segundo a Lei nº 4.320/1964, classifica-se em des-
pesa corrente e despesa de capital.
c) É definida como o gasto ou compromisso de gastos dos recursos 
governamentais, devidamente autorizados pelo poder competente, 
com o objetivo de atender às necessidades de interesse coletivo, prevista 
na Lei de Orçamento.
d) As despesas orçamentárias são as que, para serem realizadas, depen-
dem de autorização legislativa e que não podem se efetivar sem crédito 
orçamentário correspondente.
e) As despesas de capital são os gastos realizados pela administração pú-
blica com a finalidade de criar novos bens de capital e que constituirão 
incorporações ao patrimônio público de forma efetiva ou mediante a 
mutação patrimonial.
5. Classificação Econômica – Parte II
A classificação econômica da despesa pública é regida pela Lei nº 4.320/1964, e 
se classifica como despesa corrente e despesa de capital; porém, a doutrina atual 
utiliza outras nomenclaturas para abordar essas mesmas classificações, como a 
despesa orçamentária efetiva e despesa orçamentária não efetiva.
Despesa orçamentária efetiva: no momento de sua realização, reduz a situa-
ção líquida patrimonial da entidade. Constitui fato contábil modificativo diminu-
tivo. Na doutrina antiga, seria a despesa corrente.
Despesa orçamentária não efetiva: no momento de sua realização, não reduz 
a situação líquida patrimonial da entidade e constitui fato contábil permutativo. 
Na doutrina antiga, seria a despesa de capital.
A lei supracitada classifica as despesas públicas em rubricas orçamentárias 
(destinações orçamentárias) como classificação institucional; classificação esta 
que serve para verificar a qual órgão/unidade pública será direcionado o dinheiro 
público. Temos como classificação institucional: a unidade orçamentária e órgão 
orçamentário.
Unidade orçamentária – estrutura administrativa responsável pela dotação 
orçamentária e pela realização da ação. No final da cadeia da administração pú-
blica, é a que recebe o dinheiro.
Órgão orçamentário – agrupamento de unidades orçamentárias. É a subdivi-
são das secretarias para receber e gastar o dinheiro público.
Devemos observar que o código de classificação orçamentária se compõe de 
cinco dígitos: os dois primeiros identificam o órgão e os demais, a unidade.
Direito Financeiro 13
Temos ainda a classificação funcional que agrega gastos públicos por área de 
ação governamental. Permite a consolidação nacional dos gastos de cada setor, 
possuindo funções e subfunções.
Funções: são ações desenvolvidas pelo governo reunidas em grupos. Ex.: edu-
cação, transporte, saúde, etc.
Subfunção: divisão da função,que detalha o tipo de gasto. Ex.: na educação 
– compra de material escolar; na saúde – compra de vacinas.
Exercício
7. De acordo com a legislação vigente sobre os critérios de classificação orça-
mentária das despesas públicas, o critério de classificação programática é 
aquele por meio do qual as despesas públicas são segregadas em:
a) Correntes e de capitais.
b) Funções e Subfunções.
c) Órgãos setoriais e em suas respectivas unidades orçamentárias.
d) Programas, projetos e atividades, bem como as operações especiais 
quando efetivamente contribuírem para a consecução dos objetivos 
dos programas.
e) Funções, programas, subprogramas, projetos/atividades e subprojetos/
subatividades.
6. Transferência de Capital
A transferência de capital gera uma despesa para quem está transferindo. O ente 
público transfere recursos para outro ente da Federação. Essa transferência é 
regida pela Lei nº 4.320/1964, que diz:
“São Transferências de Capital as dotações para investimentos ou inversões 
financeiras que outras pessoas de direito público ou privado devam realizar, 
independentemente de contraprestação direta em bens ou serviços, constituindo 
essas transferências auxílios ou contribuições, segundo derivem diretamente da 
Lei de Orçamento ou de lei especialmente anterior, bem como as dotações para 
amortização da dívida pública.”
A transferência voluntária é regida pela Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei 
Complementar nº 101/2000) em seu art. 25:
“Entende-se por transferência voluntária a entrega de recursos correntes 
ou de capital a outro ente da Federação, a título de cooperação, auxílio ou 
Direito Financeiro14
assistência financeira, que não decorra de determinação constitucional, legal 
ou os destinados ao Sistema Único de Saúde.
§ 2º É vedada a utilização de recursos transferidos em finalidade diversa da 
pactuada.
§ 3º Para fins da aplicação das sanções de suspensão de transferências volun-
tárias constantes desta Lei Complementar, excetuam-se aquelas relativas a ações 
de educação, saúde e assistência social.”
A transferência voluntária poderá ocorrer de recursos correntes ou de capital, 
porém, terá destino certo de investimento, não podendo ser utilizado para fina-
lidades diversas, podendo haver sanções como a suspensão da transferência vo-
luntária; todavia, como supramencionado, excetuando as transferências relativas 
à educação, à saúde e à assistência social.
Há algumas exigências para que ocorra a transferência voluntária, tais como 
as descritas no § 1º do art. 25 da Lei Complementar nº 101/2000.
Exercício
8. (FCC – 2012 – DPE-SP) As transferências de capital da União para os municí-
pios são consideradas na União como Despesa Orçamentária:
a) Efetiva, pois, no momento de sua realização, reduz a situação líquida 
patrimonial.
b) Não efetiva, pois, no momento de sua realização, constitui fato contábil 
permutativo.
c) Não efetiva, pois, no momento de seu pagamento, constitui fato con-
tábil permutativo.
d) Efetiva, pois, no momento de sua realização, não provoca mudança 
quantitativa no patrimônio público.
e) Não efetiva, pois, no momento de seu pagamento, reduz a situação 
líquida patrimonial.
7. Classificação de Acordo com Lei de 
Responsabilidade Fiscal
A classificação das despesas públicas de acordo com a Lei de Responsabilidade 
Fiscal (Lei Complementar nº 101/2000) traz uma série de normas e regras, descri-
tas no art. 16 da referida Lei:
Direito Financeiro 15
“Art. 16. A criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação governamental 
que acarrete aumento da despesa será acompanhado de:
I – estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva 
entrar em vigor e nos dois subseqüentes;
II – declaração do ordenador da despesa de que o aumento tem adequação or-
çamentária e financeira com a lei orçamentária anual e compatibilidade com o plano 
plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias.” (Não se aplica à despesa consi-
derada irrelevante, nos termos em que dispuser a Lei de Diretrizes Orçamentárias.)
O art. 16 é aplicado nas principais atividades do Estado, tais como: empenho 
e licitação de serviços, fornecimento de bens ou execução de obras, bem como 
indenização para desapropriação de imóveis urbanos.
As despesas obrigatórias correntes de caráter continuado são despesas de 
caráter obrigatório, ou seja, definidas por lei ou pactuadas em contrato. A des-
pesa corrente diminui o patrimônio e tem caráter continuado, logo, é uma 
despesa que demorará mais de dois anos para acabar. Por esses motivos, tais 
despesas deverão obedecer algumas regras a mais que as despesas comuns; 
essas despesas deverão estar previstas no Plano Plurianual (PPA), na Lei de Dire-
trizes Orçamentária (LDO) e na Lei Orçamentária Anual (LOA).
Como as despesas correntes geram déficit para o Governo, deverá ocorrer uma 
medida de compensação, aumentando-se a receita ou reduzindo outros gastos.
Despesas de pessoal: são despesas correntes, obrigatórias e de caráter conti-
nuado.
O art. 19 traz os limites para cada despesa: União – 50%; Estados e Muni-
cípios – 60%, tomando como base a receita corrente líquida, ou seja, tudo que 
estes entes arrecadarem como impostos e transferências constitucionais.
Exercício
9. No que se refere à despesa pública, a criação, expansão ou aperfeiçoamento 
de ação governamental, que acarrete aumento da despesa, será acompa-
nhado de:
I. Estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que 
deve entrar em vigor e nos dois subsequentes;
II. Declaração do ordenador da despesa, de que o aumento tem adequa-
ção orçamentária e financeira de acordo com a lei orçamentária anual, 
compatibilidade com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orça-
mentárias;
Direito Financeiro16
III. Relatório de impacto socioeconômico elaborado pela Contadoria Geral do 
Estado sobre o orçamento anual com aprovação do Congresso Nacional;
IV. Relatório elaborado pela comissão de orçamento da Câmara dos Depu-
tados, em conformidade com a Lei das Diretrizes Orçamentárias (LDO).
8. Processamento – Parte I
A despesa pública é limitada e totalmente controlada por normas jurídicas. A 
regra é que nenhuma despesa será realizada sem autorização legislativa; caso 
não esteja e se fizer necessário ao longo do ano, deve-se criar uma lei só para 
autorizar essa despesa, instituindo um crédito adicional.
Inicialmente, encaminham-se os recursos financeiros à unidade orçamentária 
que vai realizar a despesa. De nada adiantará o órgão receber autorização do 
recurso, se o recurso não tiver sido repassado, fato denominado como descen-
tralização.
Dentro da unidade orçamentária, temos a licitação. A Lei da Licitação terá de 
ser obedecida. Uma vez feita a licitação e resolvido o problema da concorrência, 
o contratado que virá realizar atividade e que vai receber o dinheiro terá de ter o 
empenho dos recursos. Ato tipicamente do Direito Financeiro. O empenho é 
o ato pelo qual se fará a reserva do dinheiro necessário para pagar as despesas 
no final do contrato.
Não pode exceder o limite dos créditos orçamentários previstos em lei.
Além disso, a despesa pode ser feita por estimativa. Empenho por estimativa 
é admitido na lei.
Nota de empenho não é a mesma coisa que empenho. A nota de empenho 
é documento em que todas as características dessa despesa estarão registradas 
para ficar claro que existe uma obrigação a ser cumprida mesmo que por estima-
tiva, ou seja, o valor do contrato.
Exercício
10. (FCC – 2013 – TRT – 15ª Região) O empenho da despesa é o ato emanado 
de autoridade competente que cria para o Estado, o que inclui o TRT da 15ª 
Região, obrigação de pagamento pendente ou não de implementação de 
condição. É regra atinente a esse ato:
a) É vedado o empenhamento por estimativa.
b) O excesso aos limitesdos créditos concedidos deve estar autorizado na 
Lei Orçamentária Anual. (empenhamento global da despesa)
Direito Financeiro 17
c) O regime de adiantamento é exceção à necessidade do prévio empenho.
d) Em casos especiais previstos em lei específica será dispensada a emissão 
da nota de empenho.
e) É vedado o empenhamento global da despesa.
9. Processamento – Parte II
Neste momento, já temos o contrato e se faz necessário assumir com os parti-
culares as cláusulas de pagamento, prestando atividades e/ou serviços, entrega 
de bens.
Ambas as partes devem cumprir o contratado (Particular x Administração Pú-
blica).
Após a realização do contrato, passamos para a fase de entrega de bens e 
serviços: o efetivo cumprimento do contrato pelo particular contratado. Ainda 
estamos na esfera do Direito Administrativo. O Direito Financeiro está aguardan-
do todos os atos administrativos que são necessários, como: licitação, contrato, 
cumprimento do contrato e, passando pela fase eminentemente financeira, vol-
tada para regras do Direito Financeiro e para regras da (Lei nº 4.320/1964, arts. 
62 e 63), que é a liquidação.
Na fase de liquidação, é o momento de verificar se as cláusulas do contrato 
foram cumpridas e se estão sendo entregues de forma correta e com qualidade. 
A liquidação é feita por autoridade competente para validar o que foi contratado 
e realizar o pagamento ou não.
A administração pública não pode realizar nenhum pagamento sem a devida 
retenção dos tributos. Tem o dever de fazer o recolhimento dos tributos direta-
mente aos cofres públicos.
Por fim, temos o pagamento, que se dá por uma ordem de pagamento, deno-
minado de ordenador da despesa e, caso a despesa tenha alguma irregularidade, 
será o primeiro a responder pelas irregularidades. Vale lembrar que todos os res-
ponsáveis serão penalizados pela validação da despesa irregular.
Exercício
11. (23 MPF) Assinale a alternativa incorreta:
a) A realização de despesa pública passa por três fases distintas: o empe-
nho, a liquidação e o pagamento. Quando se tratar de obras, serviços e 
compras, a realização de despesa será precedida de licitação.
Direito Financeiro18
b) O empenho é o ato pelo qual se reserva do total da dotação orçamen-
tária, a quantia necessária ao pagamento. A nota de empenho cria para 
o credor da Administração Pública o direito subjetivo ao pagamento, 
autorizando-o, inclusive, a promover a cobrança do crédito mediante 
processo de execução na forma do art. 730 e seguintes do CPC.
c) O pagamento é a última fase da realização da despesa pública. Prece-
de-o a ordem de pagamento, que é o de despacho proferido pelo or-
denador da despesa (autoridade legalmente competente para a prática 
do ato).
d) É na fase de liquidação que a Administração verifica o direito adquirido 
pelo credor, tendo por base os documentos comprobatórios da 
despesa. Examinam-se a conformidade entre o contrato, a nota de 
empenho e os comprovantes da entrega do material e da prestação 
efetiva do serviço.
10. Precatórios
Uma despesa importante no orçamento público são os precatórios. O pagamento 
que deverá ser feito pelo Estado aos seus credores, que são: servidores públicos, 
pessoas naturais, empresas particulares, e que entraram na justiça contra o ente 
estatal e ganharam ação, que já transitou em julgado e foi executada e terminada 
a execução. Os credores da Fazenda Pública promoverão a execução de quantia 
certa contra a Fazenda Pública com base no art. 730 do CPC.
Na execução contra a Fazenda Pública, não existe penhora de bens, pois são 
impenhoráveis, bem como não existe o leilão dos bens públicos. A execução se 
faz pela emissão de uma ordem de pagamento, chamado de precatório.
O precatório tem regramento constitucional para todos os entes da Federação.
No art. 100 da CF, os precatório s dividem-se em 3 (três) tipos de créditos:
a) créditos alimentícios: relacionados a salário, remuneração;
b) créditos de pequeno valor: da União (60 salários mínimos), dos Estados (40 
salários mínimos) e dos Municípios (até 30 salários mínimos);
c) demais créditos: que são os de maior valor.
O precatório de pequeno valor pode ser alterado conforme § 4º por uma lei 
do próprio Estado ou Município, mas deve ser no mínimo o teto do Regime Geral 
de Previdência Social.
Para que o precatório entre no orçamento do ano seguinte, ele tem de ser 
expedido até 1º de julho. Além disso, a atualização dos precatórios é obrigatória, 
Direito Financeiro 19
tanto a correção monetária e juros. Não há possibilidade de fracionar o pagamen-
to de precatórios, além dos casos previstos em lei.
A União poderá assumir a dívida dos Estados e Municípios, porém, os mesmos 
passam a dever para União.
Exercício
12. Sobre os precatórios, assinale a alternativa incorreta:
a) Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal, Estaduais, 
Distrital e Municipais, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão ex-
clusivamente na ordem cronológica de apresentação dos precatórios e 
à conta dos créditos respectivos, proibida a designação de casos ou de 
pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais abertos 
para este fim.
b) Os débitos de natureza alimentícia compreendem aqueles decorrentes 
de salários, vencimentos, proventos, pensões e suas complementações, 
benefícios previdenciários e indenizações por morte ou por invalidez, 
fundadas em responsabilidade civil, em virtude de sentença judicial 
transitada em julgado, e serão pagos com preferência sobre todos os 
demais débitos, sem qualquer exceção.
c) Os débitos de natureza alimentícia, cujos titulares tenham 60 (sessenta) 
anos de idade ou mais na data de expedição do precatório, ou sejam 
portadores de doença grave, definidos na forma da lei, serão pagos 
com preferência sobre todos os demais débitos, até o valor equivalente 
ao triplo do fixado em lei para os fins do disposto no § 3º deste artigo, 
admitido o fracionamento para essa finalidade, sendo que o restante 
será pago na ordem cronológica da apresentação do precatório.
d) É obrigatória a inclusão, no orçamento das entidades de direito 
público, de verba necessária ao pagamento de seus débitos, oriundos 
de sentenças transitadas em julgado, constantes de precatórios 
judiciários apresentados até 1º de julho, fazendo-se o pagamento até 
o final do exercício seguinte, quando terão seus valores atualizados 
monetariamente.
Capítulo 3
Receita Pública
1. Conceito
Ao Estado incumbe o dever, competência e serviços públicos para atendimento 
da sociedade. Será a receita pública que propiciará recursos para tanto e desta 
feita deverá ser observada sua arrecadação bem como sua aplicação.
A definitividade da receita pública implica em sua aplicação integral ao ente 
e patrimônio público. No caso dos empréstimos e operações de crédito, seu 
ingresso não será considerado definitivo (vide Lei nº 4.320/1964). Trata-se de 
uma classificação econômica visando o critério de disponibilidade.
A receita pública possui processamentos/estágios para que o dinheiro ingresse 
e seja aplicado inicialmente com uma previsão orçamentária. Sem ela não será 
possível identificar quais valores de despesa poderão ser autorizados. Surge então 
o lançamento fiscal, que indicará a responsabilidade do pagamento da receita, 
vinculando a responsabilidade tributária. Em seguida, o processo de arrecadação 
será realizado por órgãos/entidades/bancos para concluir no recolhimento, quan-
do o valor será transferido para o tesouro, com o ingresso do dinheiro para os 
cofres públicos. Quanto ao regime de caixa, será considerado o valor arrecadado 
expressamente, de modo objetivo.
Exercício
13. A receita pública caracteriza-se:
a) Como um excesso de arrecadação ao patrimônio público.
b) Como um superávit financeirono balanço patrimonial.
c) Como um ingresso de recursos ao patrimônio público, aumentando o 
disponível.
d) Como um suplemento incorporado ao orçamento público.
Direito Financeiro 21
2. Classificação Doutrinária
Inicialmente, a receita pública será separada por alguns critérios, sendo a primeira 
análise quanto à sua previsibilidade, em receita ordinária e receita extraordinária. 
Trata-se de uma previsão do orçamento público, de forma técnica. A primeira na 
qual é previsível, já a segunda implica em não ser possível realizar estimativas (Ex.: 
a herança vacante).
Quanto à sua origem, a receita pública subdivide-se em originária/de econo-
mia privada, que tem sua origem no patrimônio público, com aplicação em um 
ato de economia privada – “o particular deu o seu dinheiro ao Estado por livre e 
espontânea vontade” (sic). Subdivide-se também em derivada/de economia pú-
blica, que tem sua origem no pelo particular, de forma compulsória para o Estado 
(tributos e multas).
Quanto à sua vinculação, os impostos não poderão ser vinculados à nenhuma 
despesa específica – a lei orçamentária decidirá como aplicar o valor arrecadado 
por este. As receitas vinculadas são as contribuições: estão ligadas a uma despesa 
específica.
Exercício
14. São receitas derivadas:
a) As multas em geral, o Imposto sobre a Renda, a taxa e as contribuições 
de melhoria.
b) As tarifas, as contribuições em geral, os depósitos e os empréstimos 
públicos.
c) Os preços públicos, os empréstimos compulsórios e as contribuições 
especiais e de melhoria.
d) Os depósitos, os empréstimos públicos em geral e os preços públicos.
e) As reparações de guerra, as multas penais e administrativas, os tributos 
em geral, os preços públicos e as tarifas.
3. Classificação Econômica
Essa classificação econômica é adotada pela Lei nº 4.320/1964, com a identifica-
ção da fonte da receita pública, bem como sua previsão.
A divisão preliminar será em receitas correntes e receitas de capital.
A primeira subdivide-se em: receita tributária (possui ingresso diário), receita 
de contribuições (também são receitas tributárias vinculadas, de caráter compul-
Direito Financeiro22
sório), receita de serviços (da prestação de serviços pelo ente público), receita 
patrimonial (da exploração do patrimônio público), receita industrial (lucro das 
empresas públicas), receita agropecuária (da produção rural), transferências cor-
rentes (recursos recebidos de um ente da Federação para outro ente) e outras 
receitas correntes (variações de receitas).
Já nas receitas de capital, não há um fluxo constante/contínuo, porém, são 
previsíveis e poderão ser planejadas. Serão subdivididas em: operações de crédito 
(será considerado todo valor ingressado), alienação de bens (venda de imóveis), 
amortização de empréstimos (pagamento de empréstimos realizado por outrem 
ao ente estatal), transferências de capital (um ente da Federação transfere um 
valor para outro ente e aquele que recebe será considerado destinatário de uma 
receita, com vínculo a uma despesa de capital) e outras receitas de capital (varia-
ções de receitas).
Exercício
15. Consoante o disposto na Lei Federal nº 4.320/1964, a receita classificar-se-á 
nas seguintes categorias econômicas: receitas correntes e receitas de capital. 
Aponte a opção falsa com relação a esse tema.
a) As receitas de capital são as provenientes de operações de crédito, co-
brança de multas e juros de mora, alienação de bens, de amortização 
de empréstimos concedidos, de indenizações e restituições, de transfe-
rências de capital e de outras receitas de capital.
b) São receitas correntes as receitas tributárias, patrimonial, agropecuária, 
industrial, de contribuições, de serviços e diversas e, ainda, as transfe-
rências correntes.
c) Os tributos são receitas que a doutrina classifica como derivadas.
d) Conceitua-se como receita tributária a resultante da cobrança de tribu-
tos pagos pelos contribuintes em razão de suas atividades, suas rendas 
e suas propriedades.
e) Será considerada receita de capital o superávit do orçamento corrente, 
segundo disposição da Lei Federal nº 4.320/1964.
4. Receitas de Capital: Operações de Crédito. 
Amortizações de Empréstimos. Transferências 
de Capital
As operações de crédito compreendem a emissão de títulos da dívida pública, 
contratos de empréstimos e financiamentos para entes públicos ou particulares.
Direito Financeiro 23
O empréstimo ocorre por intermédio de bancos estatais controlados pela 
União, ou seja, o dinheiro público migra para essas instituições financeiras.
No momento em que os devedores começam a pagar (amortizar a dívida), há 
a geração de uma receita de capital conforme definição disciplinada pela Lei nº 
4.320/1964.
Vale lembrar que os juros recebidos, associados a esses empréstimos, são clas-
sificados como receitas correntes (constantes).
Já a transferência de capital corresponde aos recursos financeiros recebidos 
de outras pessoas de direito público ou privado para satisfazer finalidade pública 
específica. Assim, referidos recursos ficam vinculados à finalidade pública e não 
à pessoa jurídica.
Exercício
16. De que maneira pode ocorrer a transferência de capital?
5. Teoria dos Preços e Fases do Processamento
Trata-se de um tema controvertido porque envolve direito tributário, direito admi-
nistrativo, direito do consumidor e direito financeiro.
O serviço público é definido como uma atividade própria do Estado com im-
posição da Constituição Federal ou por lei. É essencial e compulsório.
Antigamente, quando os serviços públicos eram prestados exclusivamente 
pelo poder público, a qualidade dos serviços era inferior à da atualidade.
Hoje, os serviços públicos são prestados por entidades de administração des-
centralizadas mediante cobrança de taxas (tributos) ou por empresas privadas 
mediante concessões (cobrança de preço).
Se o serviço foi delegado à pessoa jurídica de direito privado, não poderá 
haver cobrança de tributo e sim de preço público. Exemplos: energia elétrica, 
telefonia, construção e conservação de estradas.
O problema existe quando o ente público é o prestador de serviço e quer 
cobrar o preço público para não obedecer aos princípios da legalidade e da ante-
rioridade e regras tributárias.
A jurisprudência atual afirma existirem dois contratos distintos nas conces-
sões: um entre o Estado e a empresa privada e o outro entre a prestadora do 
serviço e o consumidor. Exemplos: fornecimento de água e transporte público.
Direito Financeiro24
Exercício
17. Quais são as regras aplicadas nos contratos de concessão?
6. Receita Pública. Restituição e Anulação 
de Receitas. Dívida Ativa
Quando o contribuinte faz um pagamento indevido, o CTN garante o direito de 
restituição.
Para os cofres públicos, esse pagamento indevido é classificado como uma re-
ceita e, para a Lei nº 4.620/1964, a devolução não é tratada como uma despesa, 
mas, como uma anulação de receita.
Há duas formas para a restituição: a administrativa com o requerimento do 
contribuinte e a judicial por meio de uma determinação do juiz para que seja 
restituído o pagamento indevido.
A Dívida Ativa é um lançamento de crédito não quitado pelo contribuinte 
no momento oportuno. A cobrança ocorre mediante execução fiscal que exigirá 
além do valor principal, multa, juros, correção monetária e encargos legais.
As características da Dívida Ativa são: prova pré-constituída, título executivo 
extrajudicial, presunção relativa de liquidez e certeza. Pode ser ilidida por prova 
em contrário e só pode ser cobrada pela Procuradoria da Fazenda Nacional, Es-
tadual ou Municipal.
Exercício
18. Quais os procedimentos do Estado para garantir o pagamento do crédito 
pela ação de execução fiscal?
Capítulo 4
Orçamento Público
1. Aspectos Conceituais do Orçamento.Natureza 
Jurídica do Orçamento. Demais Características 
do Orçamento
Orçamento público hoje está sendo construído a partir de três leis orçamentárias: 
o plano plurianual, a lei de diretrizes orçamentárias e a lei orçamentária anual.
É necessário ter em mente que para construir o orçamento sempre haverá três 
leis para União, estados, municípios e Distrito Federal.
O aspecto contábil do orçamento traz a previsão das receitas e autorização de 
todas as despesas.
Dentro do orçamento, há uma manifestação política em relação a quem está 
no governo e como este colocará no orçamento suas posturas políticas.
Por fim, observa-se que existe a influência do orçamento na economia do país.
Quanto à natureza jurídica, o princípio da legalidade vigora na elaboração do 
orçamento no Brasil.
A natureza formal é de lei ordinária. Contudo, cumpre observar que a lei orça-
mentária é um ato-condição, uma vez que carece de obrigatoriedade.
Orçamento é uma lei anual de efeito concreto, que prevê as receitas e autoriza 
as despesas, de modo a executar as políticas governamentais.
Exercício
19. “O Orçamento Público funciona como um balizador na Economia, podendo 
ser expansionista ou recessivo, destacando-se as seguintes funções principais:
 I. Alocativa, na medida em que oferece bens e serviços que não seriam ofere-
cidos pelo mercado ou seriam em condições ineficientes, cria condições para 
Direito Financeiro26
que bens privados sejam oferecidos no mercado pelos produtores, assim 
como corrige imperfeições no sistema de mercado;
 II. Distributiva, pois pode tornar a sociedade menos desigual em termos de 
renda e riqueza, através de tributação, incentivos fiscais, subsídios;
 III. Estabilizadora, ajustando o nível geral de preços, nível de empregos e im-
plementando medidas de intervenção econômica, instrumentos de política 
monetária, fiscal, cambial.”
 Está correto o que se afirma em:
a) I, apenas.
b) II, apenas.
c) II e III, apenas.
d) I e II, apenas.
e) I, II e III.
2. Controle de Constitucionalidade 
do Orçamento. Orçamento Participativo. 
Orçamento Base Zero. Orçamento-Programa
Um tema que gera muita discussão é a possibilidade que o Poder Judiciário (STF) 
tem no que se refere ao controle da constitucionalidade do orçamento.
Ocorre que o próprio Supremo Tribunal Federal tem se manifestado no sen-
tido de que o orçamento, por ser uma lei de aplicação, de execução, não estaria 
sujeito ao controle de constitucionalidade.
É preciso esclarecer que já se entendeu que a lei de efeito concreto não está 
sujeita ao controle da constitucionalidade.
Observa-se que se entende pela possibilidade do controle concentrado se con-
tiver norma geral e abstrata.
É imprescindível entender neste momento os tipos de orçamento e como es-
tes funcionam.
O primeiro orçamento é o participativo, pois a Constituição da República pas-
sou a aceitar a participação popular na elaboração do orçamento.
O orçamento base zero considera que tudo aquilo que aconteceu no ano 
anterior não deverá ser muito efetivo na deliberação do orçamento seguinte. 
Nota-se, portanto, que no orçamento base zero cada orçamento parte do zero, 
não havendo vinculação daquilo que foi gasto em anos anteriores.
O orçamento-programa, aplicado hoje no Brasil de forma efetiva, parte não 
apenas de um orçamento contábil, mas, sim, de um planejamento.
Direito Financeiro 27
Exercício
20. (Esaf) Entre as características do orçamento-programa, há uma opção falsa. 
Aponte-a.
a) Orçamento é o instrumento de ligação entre o planejamento e as fun-
ções executivas da organização.
b) As decisões orçamentárias são tomadas com base em avaliações e aná-
lises técnicas das alternativas possíveis.
c) Há utilização sistemática de indicadores e padrões de medição do tra-
balho e dos resultados.
d) Na elaboração do orçamento, são considerados todos os custos do pro-
grama, inclusive os que extrapolam o exercício.
e) O principal critério de classificação é o institucional.
3. Espécies de Orçamento
A Constituição Federal regula em grande parte a matéria do orçamento e é pre-
ciso que estas normas sejam aplicadas e obedecidas por todos os entes da Fede-
ração. Entretanto, algumas normas são colocadas especificamente para o orça-
mento da União.
Cumpre observar que o orçamento é subdividido em orçamentos delimitados 
de acordo com a sua natureza e destinação de órgão, empresa ou até de atividade 
que a União tenha.
O orçamento fiscal contém receita e despesa dos órgãos, poderes, autarquias 
e fundações.
Além do orçamento fiscal, há orçamento de investimento das empresas públi-
cas; aquelas empresas que tenham a maioria do capital social com direito a voto 
pertencente à União. Exemplo: Petrobras e Banco do Brasil.
Por fim, existe o orçamento da Seguridade Social que, por sua vez, tem suas 
receitas próprias.
A Lei de Diretrizes Orçamentárias é uma lei anual, sendo também uma lei 
programática.
A Lei de Responsabilidade Fiscal traz em seu art. 4º que a LDO deve atender o 
disposto no § 2º do art. 165 da Constituição.
A lei traz três importantes anexos: anexo de metas fiscais, anexo de riscos 
fiscais e anexo de metas econômicas.
Direito Financeiro28
Exercício
21. (TRT – 8ª Região): Assinale a opção correta acerca do orçamento-programa:
a) A classificação programática, consubstanciada em programas e ativida-
des, subdivide-se em origem, espécie e subalínea.
b) O sistema de mensuração do orçamento-programa é estruturado nos 
níveis forte, mediano e fraco de mensuração e evidenciação.
c) No orçamento-programa, a locação de recursos visa à aquisição de 
meios com ênfase nos aspectos contábeis da gestão administrativa go-
vernamental.
d) Os elementos essenciais do orçamento-programa são os objetivos e 
propósitos almejados, os mecanismos de medidas de desempenho, os 
programas e seus respectivos custos.
e) A atividade, elemento do orçamento-programa, tem a função de disponi-
bilizar um bem de capital à sociedade ao final da execução orçamentária.
4. Lei Orçamentária Anual
A Lei de Responsabilidade Fiscal traz em seu art. 5º questões que serão obrigató-
rias, que deverão constar na Lei Orçamentária Anual.
Tal dispositivo determina que a Lei Orçamentária Anual conterá, em anexo, 
demonstrativo da compatibilidade da programação dos orçamentos com os obje-
tivos e metas constantes do Anexo de Metas Fiscais da LDO.
Também na Lei Orçamentária Anual há uma reserva de contingência, pois 
como a LDO terá o anexo de riscos fiscais, na Lei Orçamentária Anual, deverá 
constar recursos reservados para atender as emergências.
A Lei Orçamentária Anual também deve trazer as despesas da dívida.
Observa-se que há, ainda, a questão do refinanciamento da dívida pública.
Insta ressaltar que a atualização monetária do principal da dívida mobiliária 
refinanciada não poderá superar a variação do índice de preços previsto na Lei de 
Diretrizes Orçamentárias, ou em legislação específica.
Quando a Lei Orçamentária Anual estiver publicada e entrar em vigor, o Poder 
Executivo terá 30 dias para editar o Decreto de Execução Orçamentária.
Exercício
22. (TRT – 8ª Região) Assinale a opção que apresenta orçamento com ênfase no 
objetivo do gasto público que não constitui instrumento de planejamento:
Direito Financeiro 29
a) Orçamento por objeto.
b) Orçamento base-zero.
c) Orçamento programa.
d) Orçamento por desempenho.
e) Orçamento clássico.
5. Princípios Orçamentários – Parte I
A ciência das Finanças Públicas elaborou os princípios pertinentes e os doutrina-
dores do Direito Financeiro passaram também a estudar estes princípios.
Primeiramente, observa-se que orçamento depende de lei, conforme estabe-
lece o princípio da legalidade.
É preciso salientar que ditadura não combina com DireitoFinanceiro e nossa 
Constituição Federal dispõe que as leis referentes ao presente estudo são de 
iniciativa do Poder Executivo, tramitando no Poder Legislativo.
Ainda, os créditos adicionais, que podem ser extraordinário, especial ou su-
plementar, dependem de autorização legislativa, obedecendo ao princípio da 
legalidade.
O princípio da legitimidade orçamentária (art. 70 do CRFB) dispõe que não 
basta que seja legal, deve ser legítimo. A legitimidade está vinculada ao interesse 
público, à necessidade pública.
Por sua vez, o princípio da programação vem disposto nos §§ 1º e 2º do art. 
165 da Constituição Federal.
Exercício
23. (Vunesp – 2013 – MPE-ES) O princípio orçamentário da programação 
preceitua:
a) A necessidade de estruturar o orçamento pelos chamados programas 
de trabalho, que consistem em instrumentos de organização da ação 
governamental, visando à concretização dos objetivos definidos.
b) A prescrição legal de subordinação da administração pública aos precei-
tos constitucionais.
c) A vedação das autorizações globais, ou seja, a classificação e designa-
ção dos itens que devem constar do orçamento, de forma a apresentar 
o planejamento de forma mais analítica possível.
Direito Financeiro30
d) Que a lei orçamentária não conterá matéria estranha à previsão da re-
ceita e à fixação da despesa.
e) Que em cada exercício financeiro, o montante da despesa não deveria 
ultrapassar a receita prevista para o período.
6. Princípios Orçamentários – Parte II
O princípio da anterioridade ou da precedência da lei orçamentária significa dizer 
que a lei orçamentária será aprovada no exercício anterior.
Neste sentido, o prazo para publicação da Lei Orçamentária Anual é 31 de 
dezembro do ano anterior.
Ainda, os créditos adicionais devem ser aprovados por lei e terão vigência 
naquele exercício. Este crédito adicional terá que ser utilizado naquele exercício, 
havendo a exceção em situação em que a aprovação do crédito adicional se der 
nos últimos quatro meses do exercício.
Já o princípio da anualidade ou periodicidade traz que o orçamento tem a 
vigência de um ano.
O princípio da unidade, por sua vez, estabelece que seja um só documento, 
um só orçamento.
O princípio da universalidade dispõe que este documento único contém o 
universo das receitas e das despesas.
O princípio da totalidade estabelece que dada a descentralização das ativida-
des governamentais, prevalece a coexistência de múltiplos orçamentos consolida-
dos em uma só Lei Orçamentária Anual.
O princípio da exclusividade ou pureza orçamentária dispõe que na Lei Orça-
mentária Anual constará apenas previsão de receita e autorização de despesas, 
não podendo ser colocados outros assuntos que não sejam matérias financeiras, 
que não tratem de receita e despesa, de gasto de dinheiro público.
Exercício
24. A Lei do Orçamento conterá a discriminação da receita e despesa de forma 
a evidenciar a política econômica financeira e o programa de trabalho do 
Governo, obedecidos os princípios da:
a) Unidade, Universalidade e Anualidade.
b) Unidade, Universalidade e Clareza.
c) Anualidade, Exclusividade e Universalidade.
Direito Financeiro 31
d) Anualidade, Clareza e Publicidade.
e) Clareza, Exclusividade e Unidade.
7. Princípios Orçamentários – Parte III
O princípio da não vinculação vem disposto no art. 167, IV, da Constituição 
Federal.
Ocorre que o próprio inciso IV coloca como se houvesse exceções, porém, 
este fato não é bem verdade, já que continuam sendo proibições de uma fixação 
do imposto a uma despesa específica. Estas ressalvas permitem que o legislador 
orçamentário determine os valores constitucionalmente definidos do total da re-
ceita corrente líquida.
Assim, não haverá a vinculação de um imposto a uma despesa específica, mas 
sim uma vinculação que é constitucional e que se refere a uma parte de toda a 
receita de impostos.
O princípio da especificação da receita e das despesas traz que os créditos des-
tinados a cada órgão devem ser discriminados no orçamento anual, que deverá 
estabelecer, ainda, o prazo para a efetivação das despesas.
Já o princípio da quantificação dos créditos é ligado ao princípio da especi-
ficação. Tal princípio dispõe que é vedada a concessão ou utilização de créditos 
ilimitados, nos termos do art. 167, VII, da Constituição Federal.
O princípio da economicidade está previsto no art. 70 da Constituição Federal.
Exercício
25. (FCC – 2013 – DPE/SP) Sobre os princípios orçamentários, é correto afirmar 
que o princípio:
a) Da exclusividade representou o fim às chamadas caudas orçamentárias 
que serviam para nomeações, promoções e abertura de créditos adicio-
nais suplementares.
b) Da unidade determina que receitas e despesas devem aparecer no orça-
mento de maneira discriminada, no mínimo, por elementos de despesa.
c) Do orçamento bruto determina que deve existir somente uma Lei Orça-
mentária Anual, sendo proibida a existência de orçamentos paralelos.
d) Da não afetação das receitas veda vinculação da receita de impostos a 
órgão, fundo ou despesa, salvo exceções estabelecidas pela Constitui-
ção Federal de 1988.
Direito Financeiro32
e) Da universalidade determina que a lei orçamentária deve ser divulgada 
por mecanismos oficiais de comunicação e de divulgação para garantir 
amplo conhecimento público.
8. Princípios Orçamentários – Parte IV
Os princípios orçamentários admitidos pela doutrina por muito tempo foram 
adotados pela CF/1988, e tornaram-se verdadeiras regras. Alguns foram, ainda, 
confirmados pela LC nº 101/2000, como é o caso do princípio da responsabili-
dade fiscal.
O art. 1º, § 1º, desta lei, traz este princípio, que se subdivide em: princípio da 
programação e princípio da transparência, e que deve ser utilizado como diretriz 
para correção e prevenção de riscos e desvios prejudiciais ao equilíbrio das contas 
públicas.
A responsabilidade fiscal se dá na medida em que são obedecidos, em todos 
os aspectos em que a atuação financeira do Estado está envolvida, os princípios 
constitucionais orçamentários.
A lei também preconiza o princípio do equilíbrio das contas públicas, ou seja, 
não pode o ente da Federação gastar mais do que foi arrecadado. Observa-se 
que a receita pública pode não alcançar o total previsto no orçamento. Caso isto 
ocorra, as despesas excedentes não poderão ser efetuadas. Assim sendo, por este 
princípio, a receita efetivamente arrecadada sempre limitará as despesas públicas.
Este princípio existe para que não haja um déficit público e o consequente 
impedimento do atendimento das necessidades públicas e o aumento da dívi-
da pública. Por outro lado, o superávit de receitas demonstra em verdade uma 
incompetência do agente público, pela excessiva e desnecessária tributação, e 
a principal função do Estado não é arrecadar, mas sim atender as necessidades 
da população.
Exercício
26. Considerando conceitos e princípios do orçamento público, assinale a opção 
correta:
a) Como a despesa orçamentária não deve ultrapassar o montante da re-
ceita arrecadada, a adoção do princípio da não afetação da receita é 
uma importante ferramenta para o controle dos gastos públicos e da 
dívida fundada flutuante.
Direito Financeiro 33
b) A proposta orçamentária que o Poder Executivo encaminha ao Legisla-
tivo compõe-se de mensagem sobre a situação econômica do país, do 
projeto de lei do orçamento e de anexos de metas fiscais.
c) De acordo com o princípio da totalidade orçamentária, as separações 
orgânicas que resultam da descentralização administrativa por território 
e por serviços devem ser respeitadas.
d) As parcelas da receita e despesa devem ser reconhecidas no orçamento 
pelo seu valor líquido, independentemente de o saldo ser positivo ou 
negativo.e) Princípio da especificação, discriminação ou unidade orçamentária inibe 
a incorporação de dotações globais na lei orçamentária.
9. Princípios Orçamentários – Parte V
A evolução dos princípios orçamentários se dá no sentido da CF para a LC nº 
101/2000, e cada vez mais nos aproximando de uma era em que a transparência 
e a publicidade se tornam fundamentais para um Estado Democrático de Direito. 
Atualmente, a população também tem um papel bastante importante na fiscali-
zação da atuação financeira do Estado, pois pode denunciar e/ou representar pe-
rante o Tribunal de Contas as irregularidades detectadas. Para que este controle 
seja possível, é necessária a transparência nas contas públicas.
Assim, são princípios consagrados na Lei de Responsabilidade Fiscal o princí-
pio da transparência orçamentária e o princípio da publicidade.
O princípio da transparência orçamentária ou clareza orçamentária se dá na 
elaboração das leis orçamentárias, que deve trazer a exata dimensão das neces-
sidades financeiras do Estado e dos recursos necessários para atingir as metas, e 
bem assim na execução de tais leis.
Pelo princípio da publicidade, todos os atos administrativos e legislativos de-
vem ter ampla divulgação, pela imprensa e pela internet e dos dados da execução 
orçamentária, para que toda a população tenha acesso a tais informações. A 
lei exige, inclusive, a publicação dois relatórios: relatório resumido de execução 
orçamentária, que é bimestral e que deverá demonstrar o cumprimento da lei or-
çamentária; e o relatório de gestão fiscal, que é um comparativo entre receitas e 
despesas controladas (despesas de pessoal e despesas com a dívida pública), que 
é quadrimestral.
Neste sentido, todos os órgãos públicos devem ter o seu Portal de Transparên-
cia para a publicação destes dados.
Direito Financeiro34
Exercício
27. (FCC – 2013 – TRT 8ª Região GO – Técnico) A elaboração do Orçamento 
Público deve basear-se em alguns princípios que o tornam mais transparen-
te, facilitando seu controle e avaliação. Dentro os princípios orçamentários, 
inclui-se o princípio:
a) Da universalidade, segundo o qual o orçamento deve ser aplicável a 
todos os órgãos da Administração direta e indireta, indistintamente.
b) Da periodicidade, segundo o qual o orçamento deve ser reelaborado, 
periodicamente, a cada término de mandado eletivo.
c) Da anualidade, segundo o qual a fixação de despesas deve ser alterada 
periodicamente.
d) Do equilíbrio, segundo o qual deve haver certa equidade orçamentária 
entre os Estados da Federação.
e) Da unidade, segundo o qual cada ente federado deve ter apenas um 
orçamento.
10. Processo Legislativo
Todas as leis têm um processo legislativo, ou seja, tramitarão dentro das casas 
legislativas até serem aprovadas. Assim também ocorre com as leis orçamentárias, 
que terão um trâmite a percorrer dentro do Congresso Nacional. É importante 
saber que estas leis devem tramitar de uma forma mais rápida, pois elas precisam 
ser apresentadas no Congresso até 30 de agosto e aprovadas e publicadas até 
31 de dezembro.
Para tanto, a CF estabelece um trâmite diferenciado para as leis orçamentá-
rias: haverá uma única comissão (chamada Comissão Mista do Orçamento), que 
tem como função emitir parecer sobre os projetos de lei orçamentária e contas 
do presidente, parecer sobre planos e projetos nacionais, regionais e setoriais e 
exercer o acompanhamento e a fiscalização orçamentária.
É ainda esta comissão que recebe as emendas dos parlamentares. Assim, a 
iniciativa do projeto de lei orçamentária é sempre do Poder Executivo, mas os 
deputados e senadores podem oferecer emendas a este projeto, que devem 
sempre ser compatíveis com o plano plurianual e a lei de diretrizes orçamentá-
rias. Apresentando, via emenda, nova despesa, o parlamentar deve indicar os 
recursos necessários: como os parlamentares não têm iniciativa para apontar 
novas despesas, deverá, para tanto, solicitar a anulação de outras já existentes, 
que nunca poderão ser as despesas de pessoal e encargos, dívida pública e 
Direito Financeiro 35
transferências constitucionais. Ainda por meio de emendas, podem os parla-
mentares corrigir erros e omissões dos dispositivos.
Pode, ainda, o próprio Poder Executivo alterar o projeto de lei orçamentária 
enquanto este estiver na comissão mista.
Tendo em vista que as emendas parlamentares podem ser contingenciadas 
pelo Poder Executivo, começou a existir uma discussão sobre a implementação 
do orçamento impositivo no Brasil. Atualmente, esta ideia está lançada pela PEC 
nº 565/2006 que pretende tornar obrigatório o cumprimento das emendas parla-
mentares, ou seja, a realização das despesas propostas por parlamentares e sena-
dores. Por outro lado, a LDO 2014 já determinou a liberação de 1,2% da receita 
corrente líquida para atendimento de emendas parlamentares, sendo 50% para 
a saúde.
Exercício
28. (Cespe 2013 – TRT – 8ª Região/PA e AP – Analista judiciário) No que se refe-
re à elaboração, execução, votação e aprovação da proposta orçamentária, 
assinale a alternativa correta:
a) As unidades orçamentárias que visem conceder dotação superior aos 
quantitativos previamente fixados em resolução do Poder Legislativo 
para a liberação de benefícios e subvenções às empresas públicas.
b) O projeto de lei orçamentária julgado, ainda que em parte, inconstitu-
cional ou contrário ao interesse público pelo presidente da República 
deve ser totalmente vetado, não cabendo veto parcial.
c) A Comissão Mista de Planos, Orçamento Público e Fiscalização integra 
a Secretaria de Orçamento Federal e tem como atribuição promover 
ajustes na receita prevista e na despesa fixada.
d) A proposta de lei orçamentária deve conter mensagem que exponha a 
situação econômico-financeira do país, projeto de lei do orçamento e 
tabelas explicativas com as estimativas de receitas e despesas.
e) O orçamento de investimento das empresas estatais é o principal or-
çamento que compõe a LOA, dado o grande volume de dotações e 
empenhos realizados nas corporações em que a União participa com 
mais de 40% do capital social.
Capítulo 5
Crédito Público
1. Natureza Jurídica
Até a CF/1988, a dívida pública brasileira era totalmente descontrolada. Hoje, o 
que se vê é um controle maior sobre a dívida, feito por normas bastante rígidas.
O crédito público, que traz as como bases da dívida pública, difere-se do 
crédito privado especialmente porque, naquela, uma das pessoas (a pessoa 
jurídica de direito público) envolvida poderá ter maior força para colocação e 
imposição das regras e condições, ou seja, existe uma soberania em relação ao 
devedor.
Para parte da doutrina, o crédito público é uma obrigação unilateral de direito 
público, que não pode ser compulsoriamente exigida, ou seja, o credor já conhe-
ce, anteriormente, essa impossibilidade de impor procedimentos executivos con-
tra o devedor estatal. Outra corrente, contudo, entende que o contrato público 
é bilateral, oneroso, em que existe o interesse púbico, mas cujo descumprimento 
gera consequências.
No Brasil, o contrato público deve sempre estar previsto em lei orçamentária e 
precisa da autorização e controle do Senado.
Este controle do Senado é regulado no art. 52 da CF: deve estabelecer limi-
tes máximos da dívida pública e controlar cada uma das operações feitas por 
todos os entes públicos, ou seja, União, Estados, Municípios e Distrito Federal 
(cada operação dependerá de uma autorização expressa, com limites e condi-
ções específicos). Deve ainda impor limites e condições para as operações de 
crédito externo e interno dos entes públicos e estabelecer limites e condições 
para a dívida mobiliária (que é a dívida baseada em títulos da dívida pública) 
dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. Observa-se que adívida 
mobiliária federal (da União) tem limite estabelecido por lei de iniciativa do 
Executivo, e não pelo Senado.
Direito Financeiro 37
Exercício
29. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios podem adquirir empréstimos 
públicos mediante emissão de títulos. Dispor sobre limites globais e condi-
ções para que estes empréstimos aconteçam é competência:
a) Comum dos entes federados envolvidos, mediante lei complementar.
b) Exclusiva da Assembleia Legislativa, Câmara Legislativa ou Câmara Mu-
nicipal, mediante decreto legislativo.
c) Exclusiva do Chefe do Poder Executivo, mediante decreto.
d) Exclusiva do Senado Federal, mediante resolução.
e) Privativa do Congresso Nacional, mediante decreto legislativo.
2. Classificação
A dívida pública no Brasil tem início com a própria independência do país, pois, 
enquanto colônia, o Brasil havia sido dado em garantia para a Inglaterra pela dívi-
da de Portugal. Dessa forma, foi condição para a independência do nosso país a 
assunção de parte da dívida que Portugal tinha com a Inglaterra.
A cada época ditatorial que a nossa história teve, a dívida foi se tornando 
cada vez mais descontrolada, pois os ditadores trazem consigo esta característica 
de não exercer qualquer controle sobre a dívida. Após, tivemos a construção de 
Brasília, que ocorreu numa época em que a arrecadação tributária era muito mais 
baixa do que a de hoje.
Com a CF/1988, veio também o governo democrático. Este diploma, junta-
mente com a posterior Lei de Responsabilidade Fiscal, criou limites que controla-
ram, finalmente, a dívida pública.
A doutrina faz uma classificação do crédito público que gera a dívida pública. 
Quanto à pessoa jurídica que realiza a operação, o crédito público pode ser federal, 
estadual ou municipal. Quanto ao local do pagamento, pode ser interno ou exter-
no. Quanto ao prazo de pagamento, a dívida pode ser flutuante (de curto prazo, 
para pagamento dentro de 12 meses) ou fundada ou consolidada (longo prazo, ou 
seja, com prazo maior do que 12 meses).
Quanto à dívida de flutuante, importante lembrar a Antecipação de Receitas Or-
çamentárias (ARO): são operações bancárias que antecipam o recebimento de recei-
tas previstas no orçamento. À medida que a arrecadação tributária vai acontecendo, 
esta operação (empréstimo), é paga, dentro do mesmo ano e do mesmo orçamento. 
Em não sendo paga no próprio ano, este empréstimo passa a integrar a dívida con-
solidada. Lembrar que a ARO deve ser quitada até o dia 10 de dezembro do ano 
em que foi contraída, e não pode ser contratada nos últimos 180 dias do mandato.
Direito Financeiro38
Exercício
30. (FCC – 2011 – TCE-PR – Analista de Controle) No dia 30 de janeiro do pe-
núltimo ano de mandato, o prefeito de um município do Estado do Paraná 
realizou operação de crédito por antecipação de receita orçamentária para 
atender insuficiência de caixa, obrigação que foi liquidada em 15 de dezem-
bro do mesmo ano. Nesse caso:
a) Houve ilegalidade, uma vez que não é possível contratar esse tipo de ope-
ração de crédito nos dois últimos anos de mandato de Prefeito Municipal.
b) Não houve ilegalidade, eis que respeitado o prazo-limite para contrata-
ção do tipo de operação de crédito, que é somente a partir do décimo 
dia do início do exercício.
c) Houve ilegalidade, pois a liquidação deveria ter ocorrido até o dia 10 de 
dezembro do ano da contratação.
d) Houve ilegalidade, uma vez que a operação de crédito foi contratada 
para atender insuficiência de caixa, hipótese que configura planejamen-
to inadequado.
e) Não houve ilegalidade, eis que ocorreu a liquidação total do débito.
3. Classificação Legal de Empréstimo Público
A Lei de Responsabilidade Fiscal também trouxe algumas definições que comple-
tam as ideias e conceitos dados pela CF.
Dívida pública consolidada ou fundada é a dívida de prazo maior que 12 
meses, e total em relação ao montante das operações de crédito que o ente já 
realizou ao longo do tempo.
Dívida pública mobiliária é a dívida com base em títulos da dívida pública, emi-
tidos e vendidos no mercado mobiliário, de acordo com os limites e possibilidades 
de cada ente.
Operação de crédito são empréstimos e as emissões de títulos da dívida, ou 
seja, qualquer tipo de operação que resulta no aumento da dívida, inclusive a 
compra financiada de bens.
Concessão de garantia é o compromisso de adimplência de uma obrigação fi-
nanceira ou contratual que um ente da Federação assume em relação a outro ente.
Refinanciamento da dívida mobiliária: os títulos em que se baseia a dívida 
mobiliária são títulos ao portador. O não resgate destes títulos é uma infração 
Direito Financeiro 39
grave em relação aos credores, de forma que a LRF impõe o pagamento destes 
títulos. Em não havendo, na data do pagamento, dinheiro para a quitação, a 
lei permite o refinanciamento destes títulos, ou seja, a emissão de novos títulos 
para a amortização de títulos antigos. O refinanciamento é sempre permitido 
pela Lei de Responsabilidade Fiscal, mas, para que seja caracterizado o refinan-
ciamento, o valor não pode ultrapassar o valor dos títulos antigos com a devida 
correção monetária.
Ultrapassado o limite da dívida estabelecido para um ente fiscal, aparecerá no 
relatório de gestão fiscal quadrimestral, incidindo a aplicação do art. 31 da LRF: 
a dívida deverá ser reconduzida ao limite nos próximos 3 quadrimestres, sendo 
25% já nos primeiros 4 meses. No prazo-limite da recondução, nenhuma opera-
ção de crédito poderá ser realizada (exceto refinanciamento da dívida mobiliária) 
e deve haver o resultado primário mediante o aumento de receitas, limitação do 
empenho (redução de gastos), etc.
Se vencido o prazo da recondução e o excesso de endividamento permanecer, 
ficam proibidas também as transferências voluntárias; medida que ocorrerá de 
imediato se o excesso acontecer no último ano do mandato do governante.
A instituição financeira que contratar com ente público proibido de realizar 
operações financeiras receberá apenas o principal, sem nenhum acréscimo.
Exercício
31. (FCC – 2010 – TCE-SP – Auxiliar da Fiscalização Fazendária) É considerada 
dívida pública consolidada ou fundada:
a) O montante total, apurado sem duplicidade, das obrigações financeiras 
do ente da Federação, assumidas em virtude de lei, contratos, convê-
nios ou tratados e da realização de operações de crédito, para amorti-
zação em prazo superior a 12 meses.
b) A dívida representada por títulos emitidos pela União, inclusive pelo 
Banco Central do Brasil, Estados e Municípios.
c) O compromisso financeiro assumido em razão da aquisição financiada 
de bens e recebimento antecipado de valores provenientes da venda a 
termo de bens e serviços.
d) O compromisso de adimplência de obrigação financeira ou contratual 
assumida por ente da Federação ou entidade a ele vinculada.
e) O compromisso financeiro assumido em razão da abertura de crédito 
bem como a emissão de títulos para pagamento do principal.
Capítulo 6
Vedações Orçamentárias 
Constitucionais
1. Vedações Constitucionais
Os princípios orçamentários, traduzidos no art. 167 da CF, são vedações totais 
aos entes da Federação. Este artigo é de suma importância.
São proibidos:
– o início de programas ou projetos não incluídos na lei orçamentária anual;
– a realização de despesas ou a assunção de obrigações diretas que exce-
dam os créditos orçamentários ou adicionais (suplementares ou especiais);
– as operações de crédito que excedam o montante das despesas de capital, 
exceto as autorizadas por créditos suplementares ou especiais com finali-
dade precisa e aprovados pelo Poder Legislativo por maioria absoluta;
– a vinculação de receita de impostos (princípio da não afetação de im-
postos), com as ressalvas dos limites mínimospara aplicação em saúde e 
educação;
– a abertura de crédito suplementar ou especial sem expressa autorização 
legislativa e indicação dos recursos correspondentes (nenhum crédito será 
autorizado sem lei);
– a transposição, o remanejamento ou a transferência de recursos de uma 
categoria de programação para outra ou de um órgão para outro sem 
autorização legislativa;
– concessão ou utilização de créditos ilimitados (princípio da quantificação 
dos créditos);
– a utilização, sem autorização legislativa específica, de recursos do orça-
mento para suprir necessidade ou cobrir déficit de empresas, fundações 
ou fundos;
– a instituição de fundo sem lei;
Direito Financeiro 41
– a transferência voluntária de recursos e a concessão de empréstimos, in-
clusive por antecipação de receitas, para a despesa de pessoal;
– a utilização dos recursos provenientes das contribuições sociais, para a 
realização de despesas distintas do pagamento de benefícios (destinação 
obrigatória das contribuições sociais).
O início de investimento cuja execução ultrapassa um ano fica condicionado à 
sua inclusão prévia no plano plurianual, sob pena de crime de responsabilidade.
Os créditos especiais e extraordinários (para atender despesas imprevisíveis e ur-
gentes, como as decorrentes de guerra, comoção interna ou calamidade pública e 
aprovados por medida provisória) terão vigência no exercício financeiro em que fo-
rem autorizados, exceto se a autorização ocorrer nos últimos 4 meses daquele ano. 
Neste caso, serão incorporados ao orçamento do exercício financeiro subsequente.
É permitida a vinculação de impostos municipais ou estaduais para pagamen-
to ou garantia do pagamento de dívidas com a União.
Exercício
32. No que se refere ao orçamento público, são vedações constitucionais as afir-
mativas a seguir, exceto:
a) O início de programas ou projetos não incluídos na lei orçamentária e a 
realização de despesas ou a assunção de obrigações diretas que exce-
dam os créditos orçamentário ou adicionais.
b) A realização de operações de créditos que excedam o montante das 
despesas correntes, ressalvadas as autorizadas mediante créditos suple-
mentares ou especiais com finalidade precisa.
c) A abertura de crédito suplementar ou especial sem prévia autorização 
legislativa e sem indicação dos recursos correspondentes.
d) A concessão ou utilização de créditos ilimitados
e) A utilização, sem autorização legislativa específica, de recursos dos or-
çamentos fiscais e da seguridade social para suprir necessidade ou co-
brir déficit de empresas, fundações e fundos.
2. Transposição, Remanejamento e Transferência
A lei orçamentária é entendida como um “ato-ficção”, pois estabelece gastos 
a partir de uma previsão de receitas. A lei não tem caráter obrigatório no que 
tange ao seu cumprimento. Até porque não há como “obrigar receitas”, e ainda 
Direito Financeiro42
porque a execução da lei é feita por ato do Executivo, podendo exercer o poder 
de congelar o orçamento. Assim, muito do que consta na lei pode não ocorrer, e 
é por isso que existe a ideia, ainda recente, de orçamento impositivo (obrigatorie-
dade de cumprimento, principalmente, das emendas parlamentares).
Observa-se, contudo, que este orçamento impositivo tende a ser um estabele-
cimento de limites mínimos, porque a sua total efetivação não é viável na prática.
A lei orçamentária já aprovada e em fase de execução poderá sofrer algumas 
modificações por conta das movimentações de rubricas orçamentárias, que ocor-
rem por iniciativa do próprio administrador público à medida que percebe a ne-
cessidade de mudar os créditos orçamentários do seu lugar original no orçamento 
anual. O que ocorre é que o crédito autorizado para uma despesa é movimentado 
para outro ponto.
Essa movimentação, que depende sempre de autorização legislativa, está ci-
tada no art. 167 da CF, definida pela Lei nº 4.320/1964 e pode ser feita das 
seguintes maneiras:
– transposição é a movimentação de dotação (receitas e despesas) da lei 
orçamentária anual que consiste no repasse de recursos de um para outro 
programa de trabalho;
– remanejamento é a movimentação da dotação orçamentária de um para 
outro órgão público;
– transferência é a movimentação de dotação orçamentária de uma atividade 
para outra, dentro do mesmo programa de trabalho.
Exercício
33. (Fumarc – 2011 – BDMG) O inciso VI do art. 167 da CF/1988 diz que são 
vedados a transposição, o remanejamento ou a transferência de recursos de 
uma categoria de programação para outra ou de um órgão para outro, sem 
prévia autorização legislativa. Marque abaixo a opção correta para o princí-
pio inserido no inciso:
a) Princípio da exclusividade.
b) Princípio da vedação do estorno.
c) Princípio da anualidade.
d) Princípio da não afetação.
Capítulo 7
Fiscalização Contábil, 
Financeira e Orçamentária
1. Principais Aspectos e Forma d e Controle
A fiscalização e controle em relação ao tratamento que se dá ao dinheiro público 
são previstos na CF. O art. 70 traz a ideia de que o controle deve ser prévio, con-
comitante e posterior à atuação do administrador, e abrange as áreas contábil, 
financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, ou seja, tem uma amplitude 
bem grande.
Ademais, este artigo ainda fala da fiscalização e controle em relação à le-
galidade dos atos administrativos, legitimidade (cumprimento do interesse pú-
blico), economicidade (a atuação administrativa deverá ser econômica e buscar 
a eficiência), aplicação das subvenções (repasses de recursos aos particulares, e 
controle desses particulares que recebem dinheiro público) e renúncia de receitas 
(que significa abrir mão da possibilidade de uma arrecadação).
A fiscalização e o controle são feitos não apenas pelo TCU, mas também pela 
Secretaria do Controle Interno, órgão presente em todos os poderes da Federação.
No art. 74 da CF, estão as atribuições desse setor de controle interno que 
são: avaliação do cumprimento das metas do plano plurianual, execução dos 
programas de governo e dos orçamentos da União; comprovação da legalida-
de e avaliação dos resultados quanto à eficácia e eficiência; controle de ope-
rações de créditos e garantias dadas pela União; apoio ao controle externo do 
exercício de sua missão institucional.
Resumidamente: nenhuma atuação estatal se dará sem que o setor de con-
trole interno verifique as questões financeiras e orçamentárias. Daí surge uma 
responsabilidade solidária do setor de controle interno.
Caso uma despesa seja realizada a despeito de parecer desfavorável do setor 
de controle interno, este deverá representar ao TCU, sob pena de continuar soli-
dariamente responsável.
Direito Financeiro44
Finalmente, o controle popular das contas públicas é feito por qualquer ci-
dadão, associação, partido político ou sindicato faz, mediante representação de 
irregularidades de que tenha conhecimento ao TCU.
Exercício
34. (FCC – 2011 – TCE/SP – Procurador) Ao tratar da Fiscalização Contábil, Fi-
nanceira e Orçamentária, a Constituição Federal dispõe, expressamente, 
que:
a) Contribuinte ou cidadão é parte legítima para, na forma da lei, denun-
ciar irregularidades e ilegalidades perante as Mesas do Senado e da 
Câmara dos Deputados;
b) Contribuinte, vereador, associação ou sindicato é parte legítima para, 
na forma da lei, denunciar irregularidades e ilegalidades perante o Con-
gresso Nacional;
c) Partido político, autarquia, associação ou empresa pública é parte le-
gítima para, na forma da lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades 
perante o Poder Executivo;
d) Cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima para, 
na forma da lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o 
Tribunal de Contas da União;
e) Órgão da Administração

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