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Farmacovigilância e
Farmacoepidemiologia
Autora
Marisa Aparecida Crozara
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Objetivos
O objetivo deste conteúdo é apresentar os conceitos de farmacovigilância e
farmacoepidemiologia, abordando as fases do lançamento de novos medicamentos e o
histórico dessas disciplinas. Serão discutidas as metodologias de trabalho, os sistemas de
farmacovigilância, as notificações, os estudos de utilização de medicamentos, os centros de
informações de medicamentos e o uso racional de medicamentos. Além disso, o conteúdo
incluirá um histórico das pesquisas clínicas, ética em pesquisa com seres humanos, critérios
de admissão e exclusão de pacientes, monitoramento de ensaios clínicos, delineamento de
ensaios clínicos, testes estatísticos e a organização da documentação de ensaios clínicos.
Histórico da disponibilidade dos
medicamentos
1
Identificamos cinco épocas distintas relacionadas à disponibilidade dos medicamentos. Entre
o final do século XIX e início do século XX a indústria farmacêutica surgiu, porém, somente nos
anos 1920 conhecemos os primeiros medicamentos industrializados. Nessa época, a
expectativa era por medicamentos eficazes para o tratamento das doenças existentes. O
acesso da população a esses poucos medicamentos era total.
Figura - Medicamentos
Fonte: khemporn tongphay/Shutterstock.
A partir da década de 1940, os lançamentos de novos medicamentos começaram a aumentar
até que, na década de 1970, atingiu um número de 7 mil registros. Diante da nova situação, o
acesso aos medicamentos passa a ser parcial, pois não existiam recursos suficientes para
disponibilizar todo arsenal terapêutico para a população. Foi nesse período que se iniciaram as
políticas restritivas, como a lista de medicamentos essenciais para distribuição à população
por meio da Central de Medicamentos (CEME), atualmente extinta. Nas décadas de 1980 e
1990, a disparidade econômica entre os países aumentou significativamente. A Organização
Mundial da Saúde (OMS) passou a classificá-los em desenvolvidos e em desenvolvimento,
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identificando que, nos países em desenvolvimento, a disponibilidade de medicamentos era
precária.
Ao final do século XX iniciaram-se as grandes fusões das indústrias farmacêuticas,
aumentando o monopólio nesse mercado. A pesquisa de novos medicamentos voltou-se para
a biotecnologia lançando inovações terapêuticas, porém, com altos preços. A falta de acesso
aos medicamentos leva a população a dar início a ações judiciais para garantir o direito aos
tratamentos.
Aumento do consumo e gastos
com medicamentos
2
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Vários fatores colaboraram para o aumento do consumo dos medicamentos:
O aumento da expectativa de vida, que passou de 34 anos no início do século XX a 72
anos atualmente;
A crescente população de idosos com doenças crônicas e degenerativas;
O aumento do consumo de medicamentos; e
O consumo de medicamentos obtidos por biotecnologia.
No período de 2002 a 2006, o Ministério da Saúde registrou um aumento de 9,6% nos gastos
totais em saúde; o aumento nos gastos com medicamentos foi de 123,9% no mesmo período.
Esse fenômeno foi global. As vendas mundiais cresceram 9% em 2003, o equivalente a US$
500 bilhões; quase a metade desses gastos, US$ 230 bilhões, ocorreu nos Estados Unidos e
Canadá. A estimativa era de que os gastos com medicamentos prescritos nos Estados Unidos
alcancem US$ 500 bilhões em 2013.
A partir de 2001, o percentual de aumento dos gastos com medicamentos prescritos foi
declinando continuamente até 2007. Em 2006, esse aumento foi de 8% e, em 2007, de 3,8%,
alcançando US$ 286,5 bilhões, sendo o menor percentual desde 1961. Isso se deu à perda de
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exclusividade de medicamentos patenteados, menor número de produtos aprovados e o
impacto de problemas de segurança do medicamento.
Os medicamentos genéricos conquistaram o seu espaço no mercado. Nos Estados Unidos, em
2008, a cada dez medicamentos vendidos, nove eram genéricos e, aproximadamente, 68% das
prescrições foram atendidas com este grupo de medicamentos.
No Brasil, de acordo com dados do Ministério da Saúde, os gastos com o Programa de
Medicamentos Excepcionais atingiram 2,5 bilhões de reais em 2009. Comparado a 2007, isso
representou um aumento de aproximadamente 1,1 bilhões de reais.
Figura - Evolução dos gastos em medicamentos do Ministério da
Saúde, 2004-2009
Fonte: IDISA (s.d.).
Tabela – Gastos anuais do Ministério da Saúde com medicamentos do Programa de
Medicamentos de Dispensação em Caráter Excepcional, 2000-2007
Ano Gasto anual (em reais)
2000 684.975.404,43
2001 777.617.274,95
2002 651.842.605,65
2003 797.490.209,67
2004 1.084.660.016,68
2005 1.343253.116,61
2006 1.406.436.999,30
2007 1.410.181.600,74
Fonte: Carias (2011).
Programa de medicamentos
excepcionais
2.1
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Uso de medicamentos:
benefício x risco
3
Uso de medicamento e benefício vs. risco
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Apesar da redução no aumento dos gastos pela entrada dos medicamentos genéricos no
mercado, o consumo de medicamentos cresce e os problemas relacionados ao uso também.
Desde o início da utilização dos medicamentos, foram surgindo problemas mostrando que a
eficácia não é isenta de riscos; nenhum deles é completamente inócuo. O risco é conhecido
desde a Antiguidade. Podemos dizer que a Farmacovigilância possui mais de 160 anos ao
registrar-se uma reação adversa a medicamento (RAM) grave.
Figura – Medicamentos
EM Karuna/Shutterstock.
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Em 1848, uma paciente de 15 anos faleceu com fibrilação ventricular, após cirurgia na unha de
pododáctilo, pelo uso de clorofórmio como anestésico. A revista médica do Reino Unido The
Lancet formou uma comissão para o relato de casos associados à anestesia. Criou-se a
notificação espontânea que se tornou realidade naquele país. Os trabalhos sobre o uso de
clorofórmio foram publicados em 1893.
Desenvolvimento da farmacovigilância
no mundo
3.1
Desenvolvimento da farmacovigilância no Brasil e no mundo
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1906: O FDA, antes chamado Órgão Regulador de Medicamentos, aprovou um Ato que
exigia que os medicamentos fossem puros e livres de contaminação. Ainda não havia
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exigências quanto à eficácia.
1922: Foram relatados casos de icterícia em razão do uso de arsênico no tratamento
de sífilis.
1937: Cento e sete crianças morreram por ingestão de um xarope de sulfanilamida
dissolvido em dietilenoglicol.1952: Foi publicado o primeiro livro sobre eventos adversos: Myller’s Side Effects of
Drugs.
1954: Cem pessoas morreram por ingestão de um produto para furunculose que
continha estanho.
1960: O FDA iniciou a coleta de notificações de RAMs e financiou o primeiro programa
hospitalar de monitorização de fármacos, o Boston Drug Surveillance.
1961: Um obstetra australiano, Willian McBride, relatou um aumento de 20% na
malformação fetal chamada focomelia, sendo uma forma rara até então, associada ao
uso de talidomida durante a gestação.
1962: A Assembleia Mundial da Saúde reconheceu a gravidade do problema de
segurança dos medicamentos e criou a Resolução 2051, estabelecendo o Sistema
Internacional de Monitorização de RAMs, definido como Farmacovigilância. A Norma
425 da OMS define Farmacovigilância como o conjunto de procedimentos de
detecção, de registro e de avaliação de RAMs para determinar sua incidência,
gravidade e sua relação de causalidade, com a forma de dosificação de um
medicamento ou fórmula magistral, objetivando a prevenção, com base no estudo
sistemático e pluridisciplinar das ações dos medicamentos.
1968: Início dos trabalhos sob a responsabilidade da OMS com a participação de
médicos, farmacêuticos, estatísticos, analistas de sistemas e um administrador. Em
dois anos foram registradas 24.719 notificações.
1978: O Centro de Farmacovigilância da OMS foi transferido para Uppsala, na Suécia.
Atualmente, 108 países oficiais e 34 países-membros associados fazem parte desse
Centro. A responsabilidade é da OMS, mas os recursos para execução dos trabalhos
são do governo sueco.
Figura – Imagens de vítimas da focomelia por talidomida
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Fonte: Instituto Phorte (2018).
Verifique as orientações para o uso controlado da talidomida no link indicado a seguir:
bvsms.saude.gov.br
[https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/talidomida_orientacao_para_uso_controlado.pdf]
Desenvolvimento da farmacovigilância
no Brasil
3.2
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1970: Lacaz publica o primeiro livro sobre o assunto, Doenças Iatrogênicas, e foram
promovidos vários cursos de farmacoterapia, enfocando o uso racional dos
medicamentos.
A Organização Panamericana de Saúde, em Santiago, no Chile, formou o primeiro
grupo de farmacêuticos clínicos que tiveram contato com o programa de Boston.
Professores chilenos e espanhóis da área estiveram no Brasil e desenvolveram
trabalhos hospitalares enfocando as RAMs.
1985-1987: A Divisão de Medicamentos (DIMED) tentou implantar a política de
vigilância sanitária de medicamentos com a assessoria dos professores Juan Laporte
e Gianni Tognoni, que não deu certo. Porém, foi feita a tradução de um livro,
Epidemiologia do Medicamento, até hoje única em português. Essa época foi quando a
farmacoepidemiologia direcionou-se ao desenvolvimento.
1989: Incentivos à formação de profissionais na área de farmacoepidemiologia.
1990: Criação da Sociedade Brasileira de Vigilância de Medicamentos (SOBRAVIME),
que tem se desenvolvido e promove a elaboração de trabalhos na área e a realização
de congressos.
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https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/talidomida_orientacao_para_uso_controlado.pdf
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/talidomida_orientacao_para_uso_controlado.pdf
1990: Criação de várias Centrais de Informação de Medicamentos (CIM) em hospitais
para suporte aos profissionais, importantes para a farmacovigilância e
farmacoepidemiologia.
Este desenvolvimento culminou com a implantação de um Sistema Nacional de
Farmacovigilância. Em 7 de maio de 2001, a Portaria nº 696/MS criou o Centro Nacional de
Monitorização de Medicamentos (CNMM) na Unidade de Farmacovigilância da ANVISA.
Figura - Logotipo da ANVISA.
Fonte: Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
Em agosto de 2011, o Brasil passou a fazer parte do Programa Internacional de Monitoração de
Medicamentos. A Organização Mundial de Saúde admitiu o país no programa coordenado pelo
The Uppsala Monitoring Centre – WHO Collaborating Centre for International Drug Monitoring,
em Uppsala, na Suécia.
Descubra mais sobre o histórico da ANVISA, sua missão, visão e valores no link indicado a seguir:
gov.br/anvisa [https://www.gov.br/anvisa/pt-br/acessoainformacao/institucional]
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https://www.gov.br/anvisa/pt-br/acessoainformacao/institucional
https://www.gov.br/anvisa/pt-br/acessoainformacao/institucional
Farmacovigilância3.2.1
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Farmacovigilância é a identificação e avaliação dos efeitos, agudos ou crônicos, do risco do
uso dos tratamentos farmacológicos no conjunto da população ou em grupos de pacientes
expostos a tratamentos específicos (ANVISA). A farmacovigilância é a ciência que identifica,
avalia, compreende e previne os efeitos adversos ou qualquer problema possível relacionado
com fármacos (OMS).
Os medicamentos podem produzir efeitos indesejáveis significativos para a saúde pública,
tornando a farmacovigilância indispensável à regulação sanitária.
O que é a RAM?
Qualquer efeito nocivo não intencional e indesejado de um medicamento, observado com
doses terapêuticas habituais em seres humanos para fins de tratamento, profilaxia ou
diagnósticos (ANVISA).
Qualquer efeito nocivo, não intencional e indesejado de um medicamento observado em doses
terapêuticas habituais em seres humanos para fins de tratamento, profilaxia, diagnósticos ou
com objetivo de modificar uma função biológica (OMS).
De maneira geral, as RAMs são classificadas em Tipo 1 e Tipo 2 ou, respectivamente, Tipo A e
Tipo B. As RAMs Tipo A são previsíveis com base nas ações farmacológicas dos
medicamentos; são, frequentemente, dose dependentes, têm elevada morbidade e baixa
mortalidade. Estima-se que cerca de 80% do total dos efeitos indesejados de medicamentos
são do tipo A.
As do Tipo B, por sua vez, são incomuns, não relacionadas à dose, imprevisíveis e
potencialmente mais graves. Quando ocorrem, frequentemente é necessária a suspensão do
medicamento. Elas podem ser consequência de reações de hipersensibilidade ou
imunológicas. Também podem constituir reações idiossincráticas ao medicamento de algum
outro mecanismo. As reações tipo B são mais difíceis de predizer, de identificar e representam
o maior interesse da farmacoepidemiologia.
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Ainda são incluídas outras categorias de RAMs, como a do tipo C, relacionada à dose e tempo
de uso; do tipo D, relacionada ao tempo de uso – normalmente ocorre após algum tempo de
uso –; do tipo E, como reação de abstinência ao fim do uso do medicamento; e do tipo F,
relacionada à falha da terapia relacionada à dose e, frequentemente, causada por interação de
medicamentos.
As reações adversas raras são reações cuja frequência seja de 1 em 1.000 a 1 em 10.000
pacientes expostos. Por exemplo, para detectar um evento adverso que ocorre na população
com a frequência de 1:50.000 indivíduos, com um grau de 90% de segurança, seria necessário
acompanhar pelo menos 250 mil pessoas em ensaio clínico.
Tabela – Classificação das reações adversas quanto à frequência
Muito comum> 1/10 > 10%
Comum > 1/100 e 1% e 1/1.000 e 0,1% e 1/10.000 e 0,01 e 10.000 pacientes) para a aprovação, nem todas
as questões de segurança serão identificadas. A informação das RAMs de baixa frequência de
eventos, uso em crianças e gestantes, idosos ou interações, não são conhecidas.
O grande interesse da farmacovigilância são as reações graves, ou seja, reações que
representem risco de morte ou que resultem em morte, hospitalização ou prolongamento da
hospitalização, incapacidade permanente ou significante, anormalidade congênita e efeito
clinicamente significante, especialmente as reações não descritas ou pouco conhecidas.
Nesta década, a farmacovigilância ampliou-se; além de reações adversas, de falta de eficácia,
desvios da qualidade, uso indevido e abuso de medicamentos, incluiu, recentemente, novos
itens para observação e estudo:
plantas medicinais;
medicina tradicional e complementar;
produtos derivados de sangue;
produtos biológicos; e
produtos médico-farmacêuticos e vacinas.
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Objetivos da farmacovigilância3.2.2
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Os objetivos da farmacovigilância têm sido ampliados nos últimos anos por causa de uma
preocupação maior com a questão do uso dos medicamentos e incluem:
Identificação de RAMs desconhecidas ou interações;
Detecção do aumento de frequência de RAMs conhecidas e determinar fatores que
predispõem ao aparecimento de RAMs;
Análise dos aspectos quantitativos das RAMs;
Criação de programas de formação e informações sobre RAMs dirigidos a todos os
profissionais de saúde; e
Promoção da análise do equilíbrio entre benefício e risco dos medicamentos
comercializados.
Além das reações adversas a medicamentos, são questões importantes para a
farmacovigilância:
Desvios da qualidade de produtos farmacêuticos (afastamento dos parâmetros de
qualidade estabelecidos para um produto ou processo);
Erros de administração de medicamento;
Perda da eficácia;
Uso de fármacos para indicações não aprovadas que não possuem base científica
adequada;
Notificação de casos de intoxicação aguda ou crônica por produtos farmacêuticos;
Avaliação de mortalidade;
Abuso e uso errôneo de produtos; e
Interações com efeitos adversos, de fármacos com substâncias químicas, outros
fármacos e alimentos.
As RAMs podem ocorrer em virtude de vários fatores tais como:
Genética e dieta;
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Processos usados na fabricação do medicamento que influenciam a qualidade
farmacêutica e composição;
Distribuição, dispensação e uso do medicamento, incluindo-se indicações, dose e
disponibilidade; e
Uso de medicamentos de tradição popular e terapias complementares (plantas
medicinais), que podem gerar problemas toxicológicos específicos quando usados
sozinhos ou combinados com outros medicamentos.
A preocupação com o grande volume de RAMs é que, além do sofrimento do paciente, existe
um impacto nos gastos com saúde. As internações hospitalares causadas por RAMs alcança
10% ou mais dos casos. Além disso, o atendimento e os serviços para tratar RAMs ficam
sobrecarregados em razão das internações, procedimentos e exames necessários.
Alguns países gastam de 15% a 20% do orçamento de seus hospitais para lidar com as
complicações decorrentes do uso de medicamentos. Além das RAMs, os problemas
relacionados a medicamentos incluem abuso, mau uso, intoxicação, falha terapêutica e
erros de medicação (OMS, 2004).
Nos países em desenvolvimento e em transição a situação pode ser pior, pois há muita
limitação quanto à disponibilidade de informações sobre RAMs. A falta de legislação e
regulamentação apropriada no campo de medicamentos, incluindo-se notificações de RAMs,
também contribui para o problema por causa do grande número de medicamentos com
desvios de qualidade, ou falsificados, circulando pelo mercado, pela falta de informações
independentes e pelo uso sem controle de medicamentos (OMS, 2004).
Gastos com o tratamento das RAMs3.2.3
Métodos utilizados para
notificação de suspeitas de
RAMs
4
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Métodos de notificação de possíveis RAMs
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Método de notificação voluntária4.1
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Notificação voluntária é aquela na qual o profissional de saúde tem liberdade para notificar
uma ocorrência que, em sua opinião, pode ser uma RAM. É um ato universalmente adotado na
farmacovigilância, que consiste na coleta e comunicação de reações indesejadas
manifestadas após o uso dos medicamentos.
O notificador deverá não só comunicar as suspeitas de reações adversas, como também as
queixas técnicas relativas ao medicamento. É utilizado em vários países por suas vantagens
como a simplicidade, baixo custo e rendimento aceitável. Porém, tem seus pontos falhos,
porque não calcula a incidência de reações detectadas por não conhecer a população que
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utilizou o medicamento, e utiliza as estatísticas de vendas tendo um índice inferior da
verdadeira incidência. Por isso, a notificação voluntária exige a complementação com dados
de estudos intensivos de monitorização. É popularmente conhecida como método do cartão
amarelo, que é a cor da folha utilizada na Grã-Bretanha, e foi um dos primeiros programas a
existir mundialmente.
Ficha de notificação
É um documento no qual se registra as informações necessárias para a avaliação posterior da
situação. É composta dos seguintes itens:
Dados do paciente: Nome ou iniciais para proteger a identidade do paciente, idade (a importância dessas reações. A reunião de múltiplas notificações sobre uma
possível relação causal, previamente desconhecida ou mal documentada, frequentemente gera
um "sinal". Sem essas notificações, não há como realizar estudos de causalidade, o que pode
levar à subestimação da questão de segurança.
Dessa forma, deve ser notificado:
No caso de medicamentos novos, todas as reações suspeitas, incluindo-se as não
graves. (Em muitos países, os medicamentos ainda são considerados novos até cinco
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anos, após seu registro no Ministério da Saúde).
No caso de medicamentos estabelecidos ou bem conhecidos, todas as suspeitas de
RAMs graves e as inesperadas (incomuns).
Aumento da frequência de determinada reação.
Suspeitas de RAMs associadas a interações – medicamento e medicamento,
medicamento e alimento, medicamento e suplementos alimentares (incluindo-se
produtos fitoterápicos e de medicina alternativa).
Casos de RAM em campos específicos de interesse, tais como abuso de drogas e uso
de medicamentos na gravidez e durante a lactação.
Suspeita de RAM associada à retirada de medicamentos do mercado.
Casos de RAMs decorrentes de superdosagem ou de erro de medicação.
Perda de eficácia ou observância de desvios da qualidade do medicamento.
É necessário verificar se existem informações complementares, assegurar o controle de
qualidade da fonte, avaliar a clareza, identificar campos não preenchidos e garantir a qualidade
do diagnóstico e do acompanhamento, para que as informações possam ser numeradas e
codificadas. A classificação ATC (Anatomical Therapeutical Chemical Classification – OMS)
para medicamentos e a classificação WHO-ART (World Health Organization – Adverse
Reaction Terminology) para reações adversas são utilizadas para a posterior classificação e
padronização.
A análise dos casos deve sempre ser acompanhada de revisão bibliográfica, com busca de
informações em bases de dados confiáveis.
O Sistema de Notificação Voluntária tem como principais objetivos:
Identificar problemas de segurança dos medicamentos: Coletar informações sobre
RAMs para detectar problemas que possam não ter sido evidentes durante os ensaios
clínicos.
Investigar a causalidade: Analisar os relatos para determinar a relação causal entre o
uso do medicamento e a RAM reportada.
Estabelecer a incidência das RAMs: Avaliar a frequência e a gravidade das RAMs em
populações diversas.
Facilitar a comunicação de opiniões sobre riscos e benefícios: Prover uma plataforma
para que profissionais de saúde e pacientes compartilhem suas percepções sobre os
riscos e benefícios dos medicamentos.
Informar os profissionais que prescrevem e os pacientes: Divulgar informações
atualizadas e precisas sobre a segurança dos medicamentos para apoiar a tomada de
decisões informadas.
Objetivos do sistema de notificação
voluntária
4.1.1
Caracterizam-se por serem métodos ativos de obtenção de informações. Consistem em
estudar determinada população, registrando-se todos os eventos aparentemente ou não
Métodos de busca ativa4.2
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relacionados a medicamentos. É um enfoque mais ativo e clínico de farmacovigilância, e o
mais completo.
Um exemplo de sistema de busca ativa é denominado Trigger, que no sistema de prescrição
eletrônica sinaliza medicamentos que podem estar sendo utilizados para o tratamento de uma
RAM. Essas prescrições são analisadas posteriormente verificando-se a possibilidade de ser
realmente um RAM e, então, proceder à notificação.
Estabelecimento da causalidade – uso
de algoritmos
4.3
Estabelecimento da causalidade das RAMs por meio de
algoritmos
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"https://player.vimeo.com/video/365748139".
O estabelecimento de uma relação causal entre o medicamento suspeito e a reação observada
é fundamental. Para esta finalidade realiza-se a avaliação sistemática das notificações
espontâneas de possíveis reações adversas com a aplicação de algoritmos, sendo o algoritmo
de Naranjo o mais utilizado (Doherty, 2009). O algoritmo de Naranjo consiste em questionários
para determinar o grau de causalidade do efeito adverso. Sua aplicação tem por objetivo
classificar as RAMs conforme os scores, dentro de uma das categorias: definidas, prováveis,
possíveis, duvidosas (OMS).
O algoritmo de Naranjo baseia-se nas respostas a dez perguntas com pontuação
predeterminada para classificar as RAMs, conforme os scores obtidos.
Tabela – Algoritmo de Naranjo
Sim Não Não sabe Pontuação
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1 - Existe
informações
conclusivas sobre a
RAM?
+1 0 0
2 - O evento
adverso apareceu
quando se
administrou o
medicamento
suspeito?
+2 -1 0
3 - A RAM
melhorou ao
suspender o
medicamento ou ao
administrar um
antagonista
específico?
+1 0 0
4 - A RAM
reapareceu ao
readministrar que
podem causar esta
reação?
+2 -1 0
5 - Existem causas
alterantivas que
podem causar esta
reação?
-1 +2 0
6 - Ocorreu a RAM
depois de se
administrar
placebo?
-1 +1 0
7 - Detectou-se o
medicamento no
sangue ou em
outros fluidos em
concentrações
tóxicas?
+1 0 0
8 - A RAM foi mais
severa com uma
dose maior ou
menos severa ao
reduzir a dose:
+1 0 0
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9 - O paciente teve
reações parecidas
com o
medicamento ou
com outros
medicamentos
similares no
passado?
+1 0 0
10 - A RAM foi
confirmada
mediante alguma
evidência objetiva?
+1 0 0
Pontuação Total
RAM provada
pontuação maior
ou igual 9
RAM provável
pontuação entre 5 e
8
RAM possível
pontuação entre 1 e
4
RAM duvidosa
pontuação menor e
ou igual a zero
Fonte: Elaborado pela autora (2018).
Dependendo dos resultados, as decisões são tomadas quanto ao uso e comercialização do
medicamento junto às autoridades sanitárias e indústrias farmacêuticas envolvidas,
solicitando as medidas cabíveis e ampla informação aos profissionais de saúde e ao mesmo
tempo ao público em geral.
Desenvolvimento da
farmacovigilância no Brasil
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"https://player.vimeo.com/video/957835346".
Apesar da existência do Sistema Nacional de Farmacovigilância da Anvisa desde 2001, os
hospitais não possuíam uma central de farmacovigilância estruturada, pois os dirigentes
alegavam um aumento de custos sem previsão de retorno do investimento. O que havia
anteriormente eram iniciativas pontuais de farmacêuticos hospitalares, que pouco podiam
fazer por falta de recursos humanos e financeiros.
Como estratégia, a Anvisa criou, em 2002, a Rede de Hospitais Sentinelas, composta por mais
de cem hospitais distribuídos em todos os estados brasileiros, com a finalidade de educar e
integrar os profissionais da saúde nessa nova prática de identificar, notificar possíveis RAMs e
enviar às autoridades sanitárias os relatos desses problemas, contribuindo, assim, com as
ações regulatórias da Anvisa. A maioria são hospitais-escola, e hospitais gerais de grande e
médio porte.
Figura - Hospital
Desenvolvimento da
farmacovigilância no Brasil
5
Hospitais sentinelas5.1
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Fonte: imaginima/iStock.
Cada hospital designa um gerente de risco, responsável em dar assistência às áreas de
farmacovigilância, tecnovigilância, hemovigilância e vigilância de saneantes. É importante a
participação de comissões de infecção hospitalar e de serviços de vigilância epidemiológica,
integradas com as farmácias hospitalares, no controle do uso dos medicamentos, já que estes
são a maior expectativa para o resultado do tratamento.
Este projetofoi outra estratégia para ampliar as fontes de notificação de efeitos adversos a
medicamentos e de queixas técnicas de medicamentos, estimulando as ações de saúde em
farmácias e drogarias. A proposta é que a farmácia, pública ou particular, deixe de ser um
estabelecimento meramente comercial.
Para aderir ao projeto, os estabelecimentos devem estar de acordo com as exigências da
Vigilância Sanitária e do Conselho Regional de Farmácia, e o farmacêutico deve permanecer no
estabelecimento durante todo o horário de funcionamento. Cumpridos esses requisitos, os
estabelecimentos recebem o selo de “Farmácia Notificadora”.
O farmacêutico deve notificar o Centro Nacional de Monitorização de Medicamentos (CNMM),
forjando, assim, um elo entre a população e o governo.
Farmácias notificadoras5.2
Reações adversas graves são aquelas que podem levar a hospitalização, incapacidade,
anomalias congênitas, ou mesmo a morte, afetando a qualidade de vida e os custos de saúde.
Embora os medicamentos sejam desenvolvidos para tratar doenças, todos têm o potencial de
causar efeitos indesejados. Ensaios clínicos de pré-comercialização avaliam a segurança e
eficácia, mas nem todas as RAMs são identificadas devido ao tamanho limitado das amostras
e duração dos estudos. Após a comercialização, o uso mais amplo e prolongado pode revelar
novas RAMs, tornando a farmacovigilância pós-comercialização essencial para monitorar e
gerenciar essas reações.
Figura – Reações adversas graves à medicação
Reações adversas graves5.3
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Fonte: Biblioteca Central Pedro Zulen.
Farmacoepidemiologia6
O estudo e a aplicação de métodos, conhecimentos e raciocínio epidemiológico aos efeitos
(benéficos ou adversos) relacionados ao uso dos medicamentos pela população foi
denominada farmacoepidemiologia. Sua origem encontra-se na farmacovigilância,
desenvolvida a partir da observação dos efeitos adversos dos medicamentos iniciada por volta
dos anos 1950.
A farmacoepidemiologia tem por objetivo medir e explicar a variabilidade resultante do uso de
medicamentos numa população com a aplicação de métodos epidemiológicos a dados obtidos
em trabalhos de farmacologia clínica e terapêutica.
A farmacoepidemiologia, segundo Strom (2005), é definida como "o estudo do uso e os efeitos
das drogas em um grande número de pessoas".
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Tipos de estudos epidemiológicos6.1
Tipos de estudos epidemiológicos
Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou acesse o link:
"https://player.vimeo.com/video/365748171".
É o tipo de investigação em que o pesquisador estuda os efeitos da exposição ou não a um
determinado fator. O pesquisador decide quais elementos serão expostos ou não ao referido
fator; portanto, há intervenção do investigador nesses estudos. Quando compara indivíduos
expostos com outros não expostos ao referido fator, estará conduzindo um ensaio clínico
controlado.
O ensaio clínico controlado randomizado é o padrão ouro em pesquisa para a obtenção de
evidências clínicas para o cuidado à saúde. É baseado na comparação entre duas ou mais
intervenções, que são controladas pelos pesquisadores e aplicadas de forma aleatória nos
grupos de participantes.
Figura – Estudos Epidemiológicos
Fonte: PureSolution/Shutterstock.
Estudos experimentais6.1.1
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Em setembro de 2008, o Ministério da Saúde anunciou oficialmente o lançamento do maior
estudo já desenvolvido na área de epidemiologia na América Latina, o Estudo Longitudinal de
Saúde do Adulto. Conhecido como ELSA Brasil, é uma pesquisa pioneira sobre doenças crônicas,
como diabetes e doenças cardiovasculares, e seus fatores de risco na população brasileira.
Criado a partir de uma chamada pública lançada, em 2005, pelo Ministério da Saúde e pelo
Ministério da Ciência e Tecnologia, o ELSA reúne investimentos de mais de R$ 22 milhões do
Governo Federal.
Saiba mais sobre o ELSA em: scielo.br
[https://www.scielo.br/j/rsp/a/zVxyNzGGLfVksY7Pfk7DPRP/?format=pdf&lang=pt]
Estudos observacionais6.1.2
Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou acesse o link:
"https://player.vimeo.com/video/957835387".
Estudos em que a informação é sistematicamente colhida e não há uma intervenção ativa do
investigador. Observações sistemáticas, especialmente ao longo do tempo, podem permitir
conclusão causal, portanto, deve-se respeitar a eficácia desse modelo. Os estudos
observacionais podem ser descritivos e analíticos:
Estudos descritivos
Descrevem uma situação, por exemplo, a distribuição da doença na população em relação ao
sexo, idade ou outras características. Podem ser realizados durante períodos de tempo
específicos ou em diversos países.
Estudos analíticos
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Geralmente feito pela formulação de hipóteses na tentativa de explicar uma situação, por
exemplo: Por que a mortalidade é alta nesse grupo de pessoas? A queda da incidência de gripe
pode ser atribuída à vacinação? É comum serem baseados em estudos descritivos prévios.
Os estudos observacionais, descritivos e analíticos, podem ser categorizados em transversais,
longitudinais e do tipo caso-controle:
Estudos transversais
Esses estudos, também chamados estudos de prevalência, são muito utilizados na
investigação epidemiológica. Medem simultaneamente, em uma população previamente
delimitada, a exposição e o efeito no momento de sua realização. Por isso nem sempre é
garantido, durante a coleta de dados, que a exposição tenha antecedido o efeito, o que dificulta
a interpretação das eventuais associações. São estudos fáceis de realizar e de custo baixo. As
informações obtidas são geralmente úteis na avaliação das necessidades de saúde das
populações e no planejamento das ações para intervenções.
Estudos longitudinais
Esses estudos fornecem dados sobre eventos ou mudanças que ocorrem em determinado
espaço de tempo. Os dados são coletados mais de uma vez e em diferentes períodos de
tempo. O estudo longitudinal no qual um grupo de indivíduos é acompanhado por algum tempo
é chamado estudo de coorte.
Estudo de caso-controle6.1.3
Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou acesse o link:
"https://player.vimeo.com/video/957835428".
Esse tipo de estudo possibilita a comparação entre dois grupos de pessoas. Um dos grupos é
composto por pessoas com uma determinada doença (variável de desfecho), e essas pessoas
são denominadas casos. O outro grupo é composto por pessoas com características
semelhantes aos casos, porém não sofrem da doença, e essas pessoas são denominadas
controles. A comparação entre os dois grupos tem por objetivo identificar diferenças de
exposição, no passado, a uma ou mais variáveis que possam ter contribuído para a ocorrência
da doença. No caso de comprovação de associação estatisticamente significante entre uma
variável e a doença, essa passa a ser chamada fator de risco. Tem como vantagem um custo
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relativamente barato, facilidade na execução e grande utilidade na investigação de causas de
doenças, especialmente as doenças raras.
Os estudos de caso-controle possibilitam o estudo de várias causas possíveis de uma doença,
uma vez que se pode estudar qualquer número de exposições como potenciais fatores de risco
usando os mesmos casos e controles.
Tabela – Tipos de desenho de pesquisa em função da presença de
grupo controle, acompanhamento dos pacientes no tempo e
intervenção do pesquisador
Fonte: href="http://www.scielo.br/pdf/ramb/v50n2/20787.pdf"
target="_blank">scielo.br.
Apesar de existir o conceito de que o ensaio clínico controlado e randomizado (experimental)
seja o padrão ouro da pesquisa clínica, e o estudo de coorte prospectivo (observacional) o
melhor tipo de estudo em sua modalidade, nem sempre é possível aplicá-los em todas as
questões científicas. É papel do pesquisador, definir qual o melhor tipo de estudo para sua
pesquisa.
Frequentemente existe uma hipótese envolvendo uma proporcionalidade entre uma exposição
e um efeito. A dificuldade na farmacoepidemiologia é que um efeito clínico pode ser
consequência de muitos fatores. O que se quer determinar é em que grau essa ocorrência está
ligada ao uso do fármaco. A farmacoepidemiologia pode ser aplicada em dois momentos, no
período de pré-marketing de um novo medicamento e na última fase de testes, os ensaios
clínicos, quando se avalia a eficácia e a margem de segurança do fármaco em pequenos
grupos de indivíduos.
Os estudos de pré-comercialização, de maneira geral, são realizados com poucos pacientes e
excluem as gestantes, idosos e crianças. Também não são incluídos nesses estudos
indivíduos que apresentem outras doenças. As doses utilizadas nos estudos geralmente são
mantidas e as condições de seguimento são rigorosas. Além disso, costumam ser de curta
duração, de dias a semanas. Toda esta situação faz com que a estratégia nos estudos de pré-
comercialização seja artificial e bastante diferente da prática clínica habitual. Assim sendo, os
efetuados na população, chamados pós-comercialização, quando o medicamento já está no
mercado, pode fornecer dados importantes sobre sua segurança e efeitos nos grupos não
previamente investigados. Além disso, podem ser detectados efeitos raros ou retardados ao
uso.
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Estudos de utilização de medicamentos6.2
Estudos de utilização de medicamentos
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"https://player.vimeo.com/video/365748220".
Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou acesse o link:
"https://player.vimeo.com/video/957835468".
A Organização Mundial da Saúde define os Estudos de Utilização de Medicamentos como os
estudos “que compreendem a comercialização, distribuição, prescrição, dispensação e uso de
medicamentos em uma sociedade, com especial ênfase em suas consequências sanitárias,
sociais e econômicas” (DUKES, 1993).
Nos Estados Unidos eles são descritos como um processo dinâmico cujo principal objetivo é
uma prescrição de medicamentos racional.
Todas as definições de estudos de utilização de medicamentos apontam para o uso racional,
que dita que os profissionais da saúde devem garantir que o paciente receba o medicamento
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prescrito na dose e horários corretos, pelo período de tempo necessário, com o menor custo
possível. Alcançar tais resultados envolve diferentes profissionais que devem ter
conhecimento da terapêutica e dos aspectos sociais e econômicos na aplicação desses
recursos.
O uso racional dos medicamentos é um processo complexo que a Organização Mundial da
Saúde define como a prescrição do medicamento apropriado, disponibilidade a preço acessível,
dispensado e administrado corretamente; o medicamento deve ser eficaz, de qualidade e
inócuo. Atingir um resultado ideal depende de várias etapas, desde a fabricação do
medicamento até a administração ao paciente.
Nos países em desenvolvimento temos vários problemas que comprometem esses resultados,
desde a comercialização de produtos ineficazes, acesso limitado às informações sobre
medicamentos, atenção farmacêutica precária para os pacientes e pouca adesão aos
tratamentos até por falta de recursos.
Outro agravante para a população é o grande risco das iatrogenias decorrentes do uso
irracional e suas consequências econômicas. Estudos de autores norte-americanos
demonstram que para cada dólar gasto em medicamentos existe um componente agregado
que quase o duplica, por causa do tratamento dos problemas relacionados aos medicamentos,
como internações ou seu prolongamento e utilização de outras práticas complementares.
Está comprovado que o aumento do número de medicamentos ingeridos aumenta
significativamente a possibilidade de reações adversas ou interações que dificultam o sucesso
terapêutico. Sendo os medicamentos responsáveis por até 50% dos orçamentos dos
estabelecimentos de saúde, o uso desmedido dos medicamentos pode levar a uma situação de
alteração dos orçamentos para outros itens, ou medidas restritivas na dispensação, somente
considerando o fator financeiro e não o terapêutico.
O grande problema não é só reduzir os gastos que são excessivos, mas também identificar se
os recursos estão sendo bem aplicados. Os estudos de utilização de medicamentos (EUM)
auxiliam a responder estas perguntas, e o mais importante, possibilitam que se tomem
medidas para corrigir os possíveis desvios e distorções considerando o perfil de utilização e as
tendências do próprio país, região ou instituição.
Nos últimos anos houve um crescimento importante dos estudos de utilização em diversos
países. Os estudos de utilização incluem aqueles que podem ser realizados dentro do seu
conceito, entre os quais se mencionam:
Estudo de oferta de medicamentos (tem implícito o conceito de seleção de
medicamentos);
Estudos quantitativos de consumo de medicamentos;
Estudos qualitativos sobre a qualidade da prescrição;
Estudos sobre hábitos de prescrição médica;
Estudos de cumprimento da prescrição médica;
Vigilância orientada a problemas específicos;
Planejamento;
Organização; e
Estudos para avaliar o impacto de intervenções específicas.
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Esses estudos se realizam, tanto em países desenvolvidos como nos países em
desenvolvimento, buscando os mesmos objetivos: obter informações adequadas para
selecionar os medicamentos necessários no tratamento das doenças prevalentes, para que se
invista o estritamente necessário dos recursos, e que tanto a prescrição médica como o uso
pelos pacientes sejam de acordo com os padrões desejados.O estudo quantitativo de consumo
de medicamentos se desenvolveu como resposta à necessidade de converter e padronizar
dados internacionais de estatísticas de vendas ou de consumo de estoques de farmácia para
unidades de significado médico, para obter dados estimados de pessoas expostas a um
medicamento ou grupo de medicamentos.
Segundo Capellà e Laporte (1997) as aplicações do estudo quantitativo de consumo de
medicamentos são:
Descrição do consumo de medicamentos numa área determinada;
Detecção de desvios no consumo;
Detecção de diferenças internacionais e nacionais no consumo;
Avaliação de programas de intervenções (ações reguladoras, ações informativas); e
Denominador do consumo para o estabelecimento de análises benefício-risco.
Outro tipo de estudo de utilização bastante usado é o chamado revisão da utilização. Foi
desenvolvido nos EstadosUnidos e é frequentemente usado nos hospitais norte-americanos. É
definido como um sistema autorizado e estruturado que se desenvolve para melhorar a
qualidade do uso de medicamentos. O termo “autorizado” denota o respaldo da diretoria e dos
profissionais envolvidos, e “estruturado” porque se definem claramente os objetivos e métodos
para o estudo.
O desenvolvimento desses estudos de utilização foi favorecido pela tecnologia avançada, com
um grande enfoque para os estudos de qualidade de prescrição. A diferença do método
quantitativo para o de qualidade de prescrição é que este permite estabelecer como se usam
os medicamentos, enquanto o primeiro só quantifica o consumo.
Para o desenvolvimento dos estudos de utilização qualitativos é preciso estabelecer critérios
de uso, tais como dose, duração de tratamento e ajustes posológicos, que são comparados
com a utilização real. Os desvios detectados são corrigidos por meio de intervenções como
programas de educação continuada, recomendações incluídas no guia farmacoterapêutico,
limitações de prescrições a certas especialidades médicas e outras. As informações
fornecidas por estes estudos são valiosas para a instituição e para o serviço farmacêutico.
Esta tecnologia é conhecida no Brasil como prescrição eletrônica.
Os EUM classificam-se em retrospectivos, que são realizados depois que o paciente recebeu o
medicamento, sem possibilidade de modificar a terapia; e em prospectivos, que são realizados
antes da administração dos medicamentos, com a possibilidade de modificá-la se necessário.
Os estudos retrospectivos se iniciam com a identificação de um problema que se observa nas
bases de dados de consumo dos medicamentos:
Gastos muito altos de um medicamento ou grupo terapêutico;
Consumo muito elevado de um medicamento;
Consumo elevado de medicamentos com indicações muito específicas e padrões de
uso muito bem definidos; e
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Riscos de reações adversas e altos custos no seu tratamento.
Identificado o problema, todas as prescrições de um determinado período são revisadas
retrospectivamente e comparadas com os padrões estabelecidos, para definir a qualidade da
prescrição. Quando já se tem as variáveis estudadas e a identificação dos prescritores, realiza-
se a intervenção, que em geral são medidas educativas.
Os estudos prospectivos são mais recentes e se realizam pela farmácia que possui a
tecnologia de prescrição eletrônica. Quando o programa identifica um possível problema, gera
um sinal. Nesses casos, o farmacêutico avalia a prescrição, verifica se existe a necessidade de
alteração e informa o médico para que ele realize as modificações pertinentes.
Metodologia aplicada nos estudos de
utilização
6.3
Metodologia aplicada nos estudos de utilização de
medicamentos
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Classificação dos medicamentos6.3.1
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Desde os primeiros estudos de utilização havia a necessidade de um sistema de classificação
de medicamentos aceito internacionalmente. O estabelecimento de um sistema de
classificação é essencial não só em comparações internacionais, mas também nos estudos de
acompanhamento de consumo nacionais, na análise das mudanças no consumo ao longo do
tempo, nas informações sobre os medicamentos e no seu uso (Capellà e Laporte, 1997).
Figura – Medicamentos
Fonte: Poznyakov/Shutterstock.
O campo de pesquisa de utilização de medicamentos tem atraído um crescente interesse
desde os anos 1960. Um trabalho pioneiro, The consumption of drugs: report of a drug study
(1966-1967), foi feito por dois consultores da WHO Regional Office for Europe, Arthur Engel e
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Pieter Siderius. Este estudo mostrou grandes diferenças no padrão de consumo dos
medicamentos em seis países europeus durante o período de 1966 a 1967.
Em 1969, em um Simpósio sobre Consumo de Medicamentos em Oslo, o Drug Utilization
Research Group (DURG) foi formado e incumbido para desenvolver métodos de aplicabilidade
internacional para pesquisa de consumo de medicamentos (Ronning et al., 2000).
Já existia um sistema de classificação utilizado pela European Pharmaceutical Market
Research Association (EPhMRA) e pelo International Pharmaceutical Market Research Group
(IPMRG), oficial em muitos países da Europa e nos Estados Unidos, também utilizada pelo
Intercontinental Marketing Services (IMS). Essa classificação tinha algumas limitações, pois
classificava os medicamentos até o 3º nível, não permitindo a identificação de um princípio
ativo determinado (Capellà e Laporte, 1997).
Modificando e ampliando este sistema de classificação, o Norwegian Medicinal Depot (NMD)
desenvolveu um sistema de classificação de medicamentos conhecido como Anatomical
Therapeutic Chemical (ATC).
No sistema de classificação ATC, os medicamentos são divididos em diferentes grupos de
acordo com o órgão ou sistema onde o fármaco age, suas propriedades químicas,
farmacológicas e terapêuticas. Os medicamentos são classificados em 14 grupos principais:
A - Aparelho digestório e metabolismo
B - Sangue e órgão hematopoiéticos
C - Aparelho Cardiovascular
D - Medicamentos dermatológicos
G - Aparelho geniturinário e hormônios sexuais
H - Preparações hormonais sistêmicas, excluindo hormônios sexuais e insulinas
J - Anti-infecciosos gerais de uso sistêmico
L - Agentes antineoplásicos e imunomoduladores
M - Sistema musculoesquelético
N - Sistema nervoso
P - Produtos antiparasitários, inseticidas e repelentes
R - Aparelho respiratório
S - Órgãos dos sentidos
V - Vários
São classificados em subgrupos em até cinco diferentes níveis:
Órgãos ou aparelhos (1º nível);
Ex. J – Anti-infecciosos gerais de uso sistêmico.
Grupo Terapêutico (2º nível);
Ex. J01 – Penicilinas (grupo terapêutico principal)
Subgrupo terapêutico (3º nível);
Ex. J01C – Penicilinas de amplo espectro
Subgrupo químico (4º nível);
Ex. J01CA – Ampicilina e antibióticos similares
Substância química (5º nível).
Ex. J01CA04 – Amoxicilina
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O sistema ATC adotado pelos países nórdicos é recomendado pelo DURG da OMS para ser
usado nos estudos da utilização de medicamentos (Ronning et al., 2000).
Dose Diária Definida (DDD)6.3.2
Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou acesse o link:
"https://player.vimeo.com/video/957835570".
No Simpósio sobre Consumo de Medicamentos em Oslo, o Drug Utilization Research Group
(DURG) também foi incumbido de criar uma unidade de medida padrão para avaliar o consumo
de medicamentos. O Norwegian Medicinal Depot (NMD) desenvolveu uma unidade técnica de
medida chamada de Defined Daily Dose, ou Dose Diária Definida (DDD).
Figura – Medicamentos
Fonte: Seksan44/Shutterstock.
A DDD é definida como a média assumida de dose diária para adultos na indicação principal do
medicamento. Esta unidade tem sido usada na Noruega desde os anos 1970 (Ronning et al.,
2000).
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O uso da DDD como uma unidade de medida possibilita comparativos estatísticos demedicamentos sem influência do período de tempo; entre regiões e países, independente das
mudanças de preços e moeda corrente; e diferenças em classificação de medicamentos. A
DDD não é uma dose recomendada, apenas uma unidade técnica de medida.
A importância deste sistema foi permitir a medida dos dados de consumo de medicamentos,
em parâmetros equivalentes, possibilitando estudos de comparação de utilização de
medicamentos entre instituições, regiões ou países.
Quando apropriado, a DDD de um medicamento é revisada e trocada de acordo com resultados
reais de pesquisa. Neste caso, estudos de tendência devem ser especialmente levados em
consideração.
A lista atual das DDD é resultado de um trabalho multidisciplinar de farmacologistas,
farmacêuticos e clínicos, considerando as recomendações da literatura médica, do fabricante e
da experiência clínica com o medicamento. A DDD pode ser usada para estimar e comparar o
consumo de medicamentos em hospitais nas bases de dados da farmácia hospitalar.
O sistema de DDD para uso em estudos é apontada como uma ferramenta para estudos de
utilização de medicamentos e revisão de terapêuticas medicamentosas. Na América do Norte,
estudos de consumo e utilização de medicamentos focaram a prescrição de um único médico
e utilização de medicamentos por um paciente individual. Os escandinavos se voltaram para
um foco macroscópico, o total de consumo de medicamentos por estado ou país ou qualquer
outra definição de região política ou geográfica.
A metodologia é adequada para comparações de vendas e prescrições, não somente entre
área, mas através do tempo. Por exemplo, as DDD por 1000 habitantes-dia têm sido usadas
para demonstrar diferenças nacionais e internacionais na utilização de antibióticos,
antidiabéticos, medicamentos com ação cardiovascular e psicotrópicos. Ela relaciona-se a
diferenças na prevalência das doenças e fatores de risco e serve como indicador do uso
excessivo de agentes hipnóticos, ansiolíticos, conduzindo a medidas efetivas contra esse uso e
suas consequências.
Alega-se que a DDD só pode ser usada em nível populacional, o que é incorreto.
Possivelmente, esse mal entendido é causado pela confusão da unidade DDD com a DDD/1000
habitantes-dia. Obviamente, a DDD pode ser usada em nível individual, conforme falamos, e
inclusive tem sido usada para medir o uso de medicamentos anti-hipertensivos em pacientes
individuais e para estimar os efeitos de intervenções na redução do uso individual desses
medicamentos.
A informação obtida usando a metodologia da DDD em estudos retrospectivos é válida, porque
o cálculo da DDD é independente da forma de dosagem, de classificação e dos preços,
tornando possíveis os estudos internacionais retrospectivos.
Nos hospitais o uso da DDD/100 pacientes-dia foi adotada como uma unidade de medida para
o estudo de utilização de diferentes medicamentos.
O cálculo é feito dividindo o consumo do medicamento durante um período de tempo pelo
número total de pacientes/dia no mesmo período considerado. Deve ser usada a mesma
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unidade de medida no medicamento e sua respectiva DDD como grama, miligrama,
micrograma, miliequivalente ou unidades internacionais.
A interpretação do termo paciente-dia e leito-dia gera alguma confusão, porém, são termos
distintos; assim, leito-dia é cama à disposição do doente durante um dia, e paciente-dia é um
doente ocupando leito durante um dia.
Este tipo de relação de consumo permite uma avaliação comparativa, eliminando desvios tais
como taxa de ocupação ou número de dias de cada mês.
O consumo numa dada área geográfica é expresso em DDD/1000 habitantes/dia. O número de
DDD consumidas é calculado de acordo com a fórmula:
O resultado indica o número de pessoas, em cada mil, que podem estar recebendo o
tratamento padrão em DDD daquele medicamento no período de um ano. O cálculo do
consumo em hospitais é expresso em DDD/100 pacientes/dia. O número de DDD consumidas
é calculado de acordo com a fórmula:
í
- í
O sistema ATC e a ferramenta DDD são hoje usados internacionalmente, recomendados pela
OMS e estão disponíveis no seu site.
Cálculo da Dose Diária Definida (DDD)6.4
Os dez primeiros medicamentos de maior gasto, entre 534 itens da padronização de um
hospital particular, alcançaram quase 41% em relação ao total dos gastos de um ano.
Figura - Percentual dos dez primeiros medicamentos de maior gasto
Resultado de estudo de uso de
medicamentos com metodologia
ATC/DDD
6.5
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Fonte: Crozara, 2001.
O saneamento básico é um dos fatores determinantes da saúde. Há um reconhecimento científico
quanto à relação de causalidade entre condições inadequadas de saneamento básico – como
abastecimento de água potável, esgotamento sanitário, limpeza urbana, manejo de resíduos
sólidos e drenagem – e o quadro de saúde pública em um determinado local e momento. Saiba
mais sobre a associação entre a cobertura por serviços de saneamento e indicadores
epidemiológicos nos países da América Latina acessando o artigo a seguir: scielosp.org
[http://www.scielosp.org/pdf/rpsp/v32n6/a05v32n6.pdf]
Considerações finais
Foram apresentados os princípios da farmacovigilância, a qual consiste na ciência e nas
atividades relativas à detecção, avaliação, compreensão e prevenção de efeitos adversos ou
quaisquer outros possíveis problemas relacionados a medicamentos. Também foram
apresentados os princípios da farmacoepidemiologia, cujo desenvolvimento como disciplina
não teria ocorrido sem os esforços colaborativos da indústria farmacêutica e das
universidades.
Além do histórico dos medicamentos, seus gastos, riscos e benefícios, foi comentada a
questão da infraestrutura das bases de dados, registros e estudos publicados para apoiar as
atividades de vigilância pós-comercialização, que podem, em grande parte, ser atribuídas às
necessidades da indústria farmacêutica e das autoridades em medicamentos.
Autoria
Autora
Marisa Aparecida Crozara
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http://www.scielosp.org/pdf/rpsp/v32n6/a05v32n6.pdf
http://www.scielosp.org/pdf/rpsp/v32n6/a05v32n6.pdf
Possui graduação em Farmácia e Bioquímica pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas da
Universidade de São Paulo (1980) e mestrado em Curso de Pós-Graduação em Fármaco
Medicamentos pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo
(2001). Possui especialização em Administração de Instituições de Saúde pela Fundação
Getúlio Vargas (1985). Atualmente, é professora visitante do curso de especialização da
Universidade IPOG, professor visitante do Instituto de Pós-Graduação da Universidade
Oswaldo Cruz. Tem vasta experiência na área de Farmácia Hospitalar com ênfase em
Farmacovigilância, Atenção Farmacêutica, Farmacoeconomia e presta consultorias a empresas
da área.
Glossário
Composto xaroposo higroscópico, doce, venenoso, produzido de óxido de etileno (por exemplo,
pela reação etileno-glicol) e usado principalmente como solvente, umectante, plasticizante e
na produção de resinas de poliéster. Fonte: dicio.com.br/dietilenoglicol
[https://www.dicio.com.br/dietilenoglicol/]
É uma série potencialmente fatal de contrações descoordenadas, ineficazes e muito rápidas
dos ventrículos (câmaras inferiores do coração) causadas por múltiplos impulsos elétricos
caóticos. Fonte: msdmanuals.com/fibrilacaoventricular [https://www.msdmanuals.com/pt-
br/casa/dist%C3%BArbios-do-cora%C3%A7%C3%A3o-e-dos-vasos-
sangu%C3%ADneos/arritmias-card%C3%ADacas/fibrila%C3%A7%C3%A3o-ventricular]
Dietilenoglicol
Fibrilação ventricular
Bibliografia
CAPELLÀ, D.; LAPORTE, J. R. Métodosempregados em estudos de utilização de
medicamentos. In: STORPIRTIS, S., ed. Apostila IV do Curso de Especialização em Farmácia
Clínica Hospitalar (Mod. IX). São Paulo: [s.n.], 1997.
CARIAS, Claudia Mezleveckas et al. Medicamentos de dispensação excepcional: histórico e
gastos do Ministério da Saúde do Brasil. Revista de Saúde Pública [online], v. 45, n. 2, pp. 233-
240, 2011.
CROZARA, M. A. Estudo do consumo de medicamentos em hospital particular. Dissertação
(Mestrado em Ciências Farmacêuticas). Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Universidade de
São Paulo, São Paulo, 2001.
DOHERTY, Martin J. Algorithms for assessing the probability of an Adverse Drug Reaction.
Respiratory Medicine CME, v. 2, n. 2, p. 63-67, 2009. ISSN 1755-0017. Disponível em:
sciencedirect.com [https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1755001709000050?
via%3Dihub] . Acesso em: 27 maio 2024.
Bibliografia Clássica
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https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-do-cora%C3%A7%C3%A3o-e-dos-vasos-sangu%C3%ADneos/arritmias-card%C3%ADacas/fibrila%C3%A7%C3%A3o-ventricular
https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-do-cora%C3%A7%C3%A3o-e-dos-vasos-sangu%C3%ADneos/arritmias-card%C3%ADacas/fibrila%C3%A7%C3%A3o-ventricular
https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-do-cora%C3%A7%C3%A3o-e-dos-vasos-sangu%C3%ADneos/arritmias-card%C3%ADacas/fibrila%C3%A7%C3%A3o-ventricular
https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-do-cora%C3%A7%C3%A3o-e-dos-vasos-sangu%C3%ADneos/arritmias-card%C3%ADacas/fibrila%C3%A7%C3%A3o-ventricular
https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1755001709000050?via%3Dihub
https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1755001709000050?via%3Dihub
https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1755001709000050?via%3Dihub
DUKES. M. N. G. Drug Utilization Studies. Methods and Uses. Copenhagen: WHO Regional
Publications/WHO Regional Office for Europe, 1993.
INSTITUTO DE DIREITO SANITÁRIO APLICADO (IDISA). Medicamentos excepcionais e
prioridades de saúde no Brasil. Disponível em: idisa.org.br
[https://idisa.org.br/site/documento_4062_0__medicamentos-excepcionais-e-prioridades-de-
saude-no-brasil.html] . Acesso em: 23 maio 2024.
OMS. Organização Mundial da Saúde. Segurança dos medicamentos: um guia para detectar e
notificar reações adversas a medicamentos. Brasília: OPAS/OMS, 2004.
RONNING M.; HARBO B. T.; STROM H.; HARR L.F.; BLIX H. S.; ULLERUD T. G. Guidelines for ATC
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SOBRAFO. Sociedade Brasileira de Farmacêuticos em Oncologia. Guia para notificação de
reações adversas em oncologia. 2ª ed. São Paulo: Conectfarma Publicações Científicas, 2011.
disponível em: sobrafo.org.br [https://sobrafo.org.br/wp-content/uploads/2022/01/Guia-para-
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STROM, B. L. What is Pharmacoepidemiology? In: STROM, B. L., ed. Pharmacoepidemiology. 3ª
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VIEIRA, Fabiola Sulpino. Gasto do Ministério da Saúde com medicamentos: tendência dos
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WORLD HEALTH ORGANIZATION. The importance of pharmacovigilance: safety monitoring of
medicinal products. Uppsala: WHO Collaborating Centre for International Drug Monitoring,
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https://sobrafo.org.br/wp-content/uploads/2022/01/Guia-para-Notificacao-de-Reacoes-Adversas-em-Oncologia.pdf
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https://sobrafo.org.br/wp-content/uploads/2022/01/Guia-para-Notificacao-de-Reacoes-Adversas-em-Oncologia.pdf

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