Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Aula 1 - As derivadas utilizadas no movimento unidimensional MÓDULO 1 - AULA 1 Aula 1 - As derivadas utilizadas no movimento unidimensional Metas Apresentar, sem demonstrar, os principais resultados sobre limites e deriva- das de funções reais, com uma variável real, e definir velocidade e aceleração em um movimento unidimensional. Objetivos Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de: 1. identificar o domínio e o contradomínio de uma função; 2. calcular o limite de funções simples; 3. calcular derivadas de funções simples; 4. esboçar gráficos de funções simples; 5. calcular a velocidade e a aceleração de uma partícula, em um movi- mento unidimensional, a partir da sua posição. Pré-requisitos Para ter bom aproveitamento desta aula, é importante que você saiba somar frações e elevar expressões a potências, que conheça o conceito de funções, que tenha noções de geometria plana (ângulos, geometria dos triângulos), de trigonometria básica (seno, cosseno, tangente, cotangente) e que conheça as definições das grandezas cinemáticas de um movimento unidimensional. Esses conteúdos podem ser encontrados nos livros das disciplinas de Mate- mática Básica, Geometria Básica, Cálculo I e Introduçào às Ciências Físicas 1. 7 CEDERJ Aula 1 - As derivadas utilizadas no movimento unidimensional Introdução Desde o início, o homem tenta compreender os fenômenos naturais, tendo como um dos objetivos principais melhorar as suas condições de existência na Terra. Ele inicia tentando entender esses fenômenos de forma qualitativa e lhes confere um caráter quantitativo, utilizando, para isso, ferramentas matemáticas apropriadas. Uma dessas ferramentas é o cálculo diferencial e integral de que precisamos: para obter as equações que descrevem os movi- mentos dos corpos utilizados na construção dos carros, aviões, navios etc.; para descrever os fenômenos eletromagnéticos necessários à produção de ener- gia elétrica e dos eletrodomésticos, para descrever os fenômenos que envolvem trocas de calor, utilizados na construção de máquinas térmicas, bem como para descrever os fenômenos quânticos necessários à produção de equipamen- tos eletrônicos. Nesta disciplina, você vai aprofundar os seus conhecimentos sobre a mecânica da partícula. Para isso, será necessário utilizar alguns conhecimen- tos sobre o cálculo diferencial e intregral e, por isso, apresentaremos, nesta aula, ainda que de maneira informal, alguns dos seus conceitos e ferramentas. Se você já foi aprovado na disciplina de Cálculo Diferencial e Integral, inicie o estudo desta aula na seção "As derivadas no estudo do movimento dos corpos". Funções As funções reais de uma variável real já foram estudadas em disciplinas do Ensino Médio e em Pré-Cálculo. É preciso recordar que uma função real consiste em uma tripla: o domínio, o contradomínio e a lei de definição (fórmula). O domínio de uma função f é o maior subconjunto dos números reais <, no qual a fórmula da função assume valores reais. O contradomínio de uma função f é o maior subconjunto dos números reais <, que contém os valores da função definidos pela fórmula. Exemplo 1.1 Considere a função f : < − {2} −→ < definida por f(t) = 1 t−2 . Determine o domínio, o contradomínio e a lei de definição dessa função. CEDERJ 8 Aula 1 - As derivadas utilizadas no movimento unidimensional MÓDULO 1 - AULA 1 f = <− {2} −→ < t −→ 1 t− 2 Resolução A lei que define a função é f(t) = 1 t− 2 . Nesse caso, a fórmula que define a função só não assume um valor real quando a variável t é igual ao número real 2, uma vez que o denominador da expressão que define a função se anula em t = 2. Logo, o domínio da função, que é o maior subconjunto dos números reais <, no qual a fórmula da função assume valores reais, é igual ao conjunto {< − {2}}. A expressão que define a função pode assumir qualquer valor dos números reais; logo, o contradomínio da função, que é o maior subconjunto dos números reais < que contém os valores da função definidos pela fórmula, é igual ao conjunto dos números reais {<}. Atividade 1 Atende ao Objetivo 1 Seja a função f definida por f(t) = sen(t), quais são o domínio e o contra- domínio dessa função? Resposta Comentada Como a expressão sen(t) assume valores reais para todos os valores da variá- vel t no conjunto dos números reais, o maior subconjunto dos números reais <, no qual a fórmula da função assume valores reais, é igual ao conjunto dos números reais {<}; logo, o domínio da função é o conjunto dos números reais {<}. Como sen(t) só assume valores no intervalo dos números reais [−1, 1], o contradomínio da função é o conjunto de números reais que pertencem ao intervalo de números reais [−1, 1]. Atividade 2 Atende ao Objetivo 1 Seja a função f1 definida por f1(t) = t + 1, quais são o domínio e o contra- domínio dessa função? 9 CEDERJ Aula 1 - As derivadas utilizadas no movimento unidimensional Resposta Comentada Como a expressão t+1 assume valores reais para todos os valores da variável t no conjunto dos números reais, o maior subconjunto dos números reais <, onde a fórmula da função assume valores reais é igual ao conjunto dos núme- ros reais {<}; logo, o domínio da função é o conjunto dos números reais {<}. Como a expressão t + 1, que define a função, pode assumir qualquer valor dentre os números reais, o contradomínio da função é o conjunto de números reais {<}. Atividade 3 Atende ao Objetivo 1 Seja a função f2 definida por f2(t) = t2 − 1 t − 1 . Quais são o domínio e o con- tradomínio dessa função? Resposta Comentada A lei que define a função é t2 − 1 t − 1 . Nesse caso, a fórmula que a define não assume um valor real apenas quando a variável t é igual ao número real 1, uma vez que o denominador da expressão que define a função se anula em t = 1. Logo, o domínio da função, que é o maior subconjunto dos números reais <, no qual a fórmula da função assume valores reais, é igual ao conjunto {< − {1}}. O domínio de f2 é {< − {1}}. A identificação do contradomínio da função f2 fica mais fácil quando simpli- ficamos a fração. f2(t) = t2 − 1 t − 1 = (t − 1)(t+ 1) t − 1 = t+ 1. (1.1) A equação 1.1 mostra que, se t 6= 1, temos que f2(t) = f1(t) (a função f1 foi discutida na Atividade 2), cujo contradomínio é igual ao conjunto dos números reais {<}. Como o valor da função f1 em t = 1 é igual a 2 e a função f2 não é definida no valor t = 1, o número real 2 não pertence ao contradomímio da função f2. Logo, o contradomínio da função f2, que é o maior subconjunto dos números reais <, no qual a fórmula da função assume valores reais, é igual ao conjunto {< − {2}}. CEDERJ 10 Aula 1 - As derivadas utilizadas no movimento unidimensional MÓDULO 1 - AULA 1 Gráficos de funções Antes de iniciarmos o estudo dos limites de funções, é bom lembrar mais um aspecto da teoria de funções: os gráficos. Você sabe que, dada uma função f , digamos, f = A −→ B (1.2) t −→ f(t) (1.3) podemos considerar Gf = {(t, y) � A×B −→ y(t) = f(t)} (1.4) o gráfico de f , que é um subconjunto do produto cartesiano A×B. O gráfico da função f é uma consequência de sua definição, mas, dado Gf , podemos reconstruir a função f. Dessa forma, é possível nos referir à função f ou ao seu gráfico como se fossem, essencialmente, o mesmo objeto. A grande vantagem do gráfico Gf , especialmente no caso das funções reais, de uma variável real, é que ele pode ser esboçado como um subconjunto do plano cartesiano. O gráfico da função Gf é uma função. A representação do gráfico da função no plano cartesiano é o conjunto de pontos desse plano com coorde- nadas t e f(t). Logo, eles são diferentes. Todavia, os livros de Física não fazem essa diferença. Neles, o gráfico da função Gf e a representação do grá- fico da função no plano cartesiano são denominados gráficos da função. Adotaremos a linguagemdos livros de Física. Uma técnica rudimentar para representar um gráfico no plano cartesi- ano consiste em encontrar alguns pontos do gráfico e colocá-los no referido plano. Exemplo 1.2 Seja a função definida por f(t) = −2 t + 3, escreva os pontos do gráfico correspondentes ao conjunto de valores de t igual a A = {0, 1, 2, 3, 4}. Re- presente os pontos do gráfico encontrados no plano cartesiano. 11 CEDERJ Aula 1 - As derivadas utilizadas no movimento unidimensional Resolução O conjunto B, obtido com a regra y(t) = f(t) = −2 t + 3 e com o conjunto A, é dado por B = {3, 1,−1,−3,−5}. Logo, os pontos do gráfico associados aos conjuntos A e B são A×B = {(0, 3), (1, 1), (2,−1), (3,−3), (4,−5)}. A Figura 1.1, abaixo, mostra que a representação do gráfico da função f no plano cartesiano deve ser uma reta. O conhecimento prévio dessa repre- sentação teria facilitado a construção da representação do gráfico no plano cartesiano. Figura 1.1: Pontos do gráfico da função f(t) = −2 t + 3. Atividade 4 Atende ao Objetivo 4 Seja a função f definida por f(t) = t + 1, esboce o gráfico da função, utili- zando a informação de que ele é uma reta. CEDERJ 12 Aula 1 - As derivadas utilizadas no movimento unidimensional MÓDULO 1 - AULA 1 Resposta Comentada O gráfico de uma reta pode ser construído com dois pontos. O valor da função em t1 = 0 é f(0) = 1. O valor da função em t2 = 1 é f(1) = 2. Logo, os pontos {(0, 1), (1, 2)} pertencem à reta. Figura 1.2: Gráfico da função f(t) = t + 1. Atividade 5 Atende ao Objetivo 4 Seja a função f2 definida por f2(t) = t2 − 1 t − 1 . Faça o gráfico dessa função. 13 CEDERJ Aula 1 - As derivadas utilizadas no movimento unidimensional Resposta Comentada Essa função já foi tratada na Atividade 3, em que vimos que seu domínio é {< − {1}} e seu contradomínio é igual a {< − {2}}. Logo, o gráfico de f2 é igual ao gráfico da função f1 construído na Atividade 4, sem o ponto (1, 2), conforme está mostrado na Figura 1.3. Figura 1.3: Gráfico da função f2(t) = t2 − 1 t − 1 . Atividade 6 Atende ao Objetivo 4 Seja a função f definida por f(t) = t2 − 6 t+ 8, esboce o gráfico da função f na vizinhança das raízes da equação f(t) = 0. CEDERJ 14 Aula 1 - As derivadas utilizadas no movimento unidimensional MÓDULO 1 - AULA 1 Resposta Comentada As raízes da equação f(t) = t2 − 6 t+ 8 = 0 são t1 = 6 + √ 62 − 4.8) 2 = 4; t2 = 6−√62 − 4.8) 2 = 2. O conjunto B, formado com os valores da função f quando t assume valores no conjunto A = {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9}, é igual a B = {8, 3, 0,−1, 0, 3, 8, 15, 24, 35}. Figura 1.4: Alguns pontos do gráfico da função f(t) = t2 − 6 t+ 8. Os pontos {(0, 8), (1, 3), (2, 0), (3,−1), (4, 0), (5, 3), (6, 8), (7, 15), (8, 24), (9, 35)} do plano cartesiano que estão na vizinhança das raízes da equação f(t) = t2 − 6 t+ 8 = 0 foram representados na Figura 1.4. 15 CEDERJ Aula 1 - As derivadas utilizadas no movimento unidimensional Convém ressaltar que a construção do gráfico de uma função cuja re- presentação no plano cartesiano não é uma reta necessita de muitos pontos. Por isso, o método rudimentar para construir gráficos não é utilizado quando a função não é uma reta. Nesse caso, utilizam-se técnicas matemáticas mais elaboradas, que serão apresentadas após o estudo das derivadas. Limites de funções Nesta aula, apresentaremos alguns resultados relativos aos limites de funções reais, com uma variável real. As demonstrações desses resultados serão feitas na disciplina de Cálculo I. O limite é uma ferramenta matemática que permite investigar o valor de uma função na vizinhança de um ponto b do seu domínio. A vizinhança de um número real b é o conjunto de números reais, defi- nido por: {t � <; |t− b| < r}, no qual r é denominado raio da vizinhança . A frase matemática que define a vizinhança de um número real b deve ser lida da seguinte forma: a vizinhança de um número real b é o conjunto de números reais (t) que pertencem (�) ao subconjunto dos números reais que são menores do que o número r + b e maiores do que o número b − r, em que r é um número real positivo. A vizinhança de um número real b pode ser representada por intervalo aberto sobre um eixo orientado, em que a variável t assume valores reais. A vizinhança do número real b foi representada na Figura 1.5. Figura 1.5: A representação da vizinhança do número real b no eixo Ot é o intervalo aberto (b− r, b+ r). A frase matemática que representa o limite de uma função é: CEDERJ 16 Aula 1 - As derivadas utilizadas no movimento unidimensional MÓDULO 1 - AULA 1 lim t−→a f(t) = L . Essa frase matemática deve ser lida da seguinte maneira: o limite da função f , quando t tende ao valor a, é L. Para que essa frase matemática ganhe significado, é necessário definir uma vizinhança do número real a com raio δ e uma vizinhança do número real L com raio ε. Essas vizinhanças foram representadas na Figura 1.6. Podemos, en- tão, dizer que, se o limite da função f , quando t tende ao valor a, existe e é igual a L − qualquer que seja a vizinhança de L com raio ε, por menor que seja o seu raio ε −, existe uma vizinhança de a de raio δ, tal que as imagens (valores da função) dos pontos da vizinhança de a, e diferentes de a, pertencem à vizinhança de L com raio ε. Isto é, se t pertence à vizinhança do número a, então |f(t)− L| < ε. Na Figura 1.6 foi desenhada a vizinhança do número L com raio ε e a do número a de raio δ. Esta última contém números reais t, que fornecem valores da função na vizinhança do número L com raio �. Isto é, se t pertence à vizinhança de a com raio δ, f(t) pertence à vizinhança de L com raio ε. Figura 1.6: Limite da função no ponto a. Você pode desenhar na Figura 1.6 outra vizinhança do número real L com um raio ε1 menor do que a que foi desenhada com raio ε(ε1 < ε), e ve- rificar que existe outra vizinhança de a com raio δ1 menor do que δ (δ1 < δ), cujas imagens da função dos pontos contidos na vizinhança de a com raio δ1 estão na vizinhança do número L com raio ε1. 17 CEDERJ Aula 1 - As derivadas utilizadas no movimento unidimensional Observe na Figura 1.6 que, por menor que seja o valor do raio ε da vizinhança do número L, as imagens dos pontos localizados na vizinhança do número a, com raio δ, sempre satisfazem à seguinte relação: ]f(t)−f(a)| < ε. Logo, nesse caso, o limite da função f , quando t tende ao valor a, é igual a L = f(a). Isto é, o limite coincide com o valor da função no ponto a. Você vai verificar na Atividade 7 que o limite de uma função em um ponto a pode ser diferente do valor da função no ponto a. Atividade 7 Atende ao Objetivo 2 Seja a função f2 definida por f2(t) = t2 − 1 t − 1 , utilize o gráfico da função f2 obtido na Atividade 5, para descobrir o lim t−→1 f2(t). Resposta Comentada Com a finalidade de descobrir o limite solicitado, vamos desenhar, no gráfico da função f2, representado na Figura 1.7, a vizinhança do ponto (1, 2) do gráfico com raio ε, tão pequeno quanto se queira. Isso nos ajudará a verificar se existe uma vizinhança do ponto (1, 0) do gráfico com raio δ, cujas imagens de todos os pontos da vizinhança de (1, 0) e diferentes de (1, 0) estão na vizinhança do ponto (0, 2) com raio ε. Figura 1.7: Limite da função f2(t) = t2 − 1 t − 1 . CEDERJ 18 Aula 1 - As derivadas utilizadas no movimento unidimensional MÓDULO 1 - AULA 1 A Figura 1.7 mostra que, qualquer que seja o valor do raio ε da vi- zinhança do ponto (1, 2), as imagens de todos os pontos da vizinhança do ponto (1, 0) e diferentes de (1, 0), estão na vizinhança do ponto (0, 2) com raio ε. Logo, o limite lim t−→1 f2(t) vale 2. É importante ressaltar que, nesse caso, o limite da função não é igual ao valor de f2 no ponto, uma vez que ela não é definida em t = 1, isto é, o ponto 2 não pertence ao contradomínio dafunção f2. Atividade 8 Atende ao Objetivo 2 Seja a função f definida por f(t) = { −1, se t < 0, 1, se t > 0, encontre o limite da função f quando t tende a zero. Resposta Comentada Com a finalidade de descobrir o limite solicitado, vamos desenhar, na Fi- gura 1.8, a vizinhança do ponto (0, 1) do gráfico com raio ε, tão pequeno quanto se queira. Faremos isso a fim de verificar se existe uma vizinhança do ponto (0, 0) do gráfico com raio δ, cujas imagens de todos os pontos da vizinhança de (0, 0) e diferentes de (0, 0) estão na vizinhança do ponto (0, 1) com raio ε. A Figura 1.8 mostra que, qualquer que seja o valor do raio δ, temos as considerações seguintes: • As imagens da vizinhança do ponto a = 0, para valores de t > 0 (vizi- nhança à direita), valem 1. Logo, qualquer que seja o valor do raio ε da vizinhança do ponto (0, 1), as imagens de todos os pontos da vizinhança à direita do ponto (0, 0) e diferentes de (0, 0) estão na vizi- nhança do ponto (0, 1) com raio ε. Todavia, qualquer que seja o valor do raio ε da vizinhança do ponto (0, 1), as imagens de todos os pontos 19 CEDERJ Aula 1 - As derivadas utilizadas no movimento unidimensional Figura 1.8: Gráfico da função f . da vizinhança à esquerda do ponto (0, 0) e diferentes de (0, 0) não estão na vizinhança do ponto (0, 1) com raio �. Logo, o limite lim t−→1 f2(t) não é igual a 1. • As imagens da vizinhança do ponto a = 0, para valores de t < 0 (vizi- nhança à esquerda), valem -1. Logo, qualquer que seja o valor do raio ε da vizinhança do ponto (0,−1), as imagens de todos os pontos da vizinhança à esquerda do ponto (0, 0) e diferentes de (0, 0) estão na vizinhança do ponto (0,−1) com raio ε. Todavia, qualquer que seja o valor do raio ε da vizinhança do ponto (0,−1), as imagens de todos os pontos da vizinhança à direita do ponto (0, 0) e diferentes de (0, 0) não estão na vizinhança do ponto (0, 1) com raio ε. Logo, o limite lim t−→1 f2(t) não é igual a -1. Dado o exposto, a função f não tem limite em t = 0; veremos a seguir que ela tem limites laterais esquerdo e direito e que eles são diferentes. Limites laterais Os limites laterais investigam o comportamento das funções reais, com uma variável real, nas suas vizinhanças do lado esquerdo e do lado direito de um ponto. Considere uma função f tal que, para algum r > 0, (a, a+r) ⊂ Dom(f). CEDERJ 20 Aula 1 - As derivadas utilizadas no movimento unidimensional MÓDULO 1 - AULA 1 Dizemos que existe um limite lateral à direita representado pela frase mate- mática lim t−→a+ f(t) = L+ se, para cada vizinhança de L+, por menor que seja o seu raio, encontramos uma vizinhança de a de raio r, tal que as imagens dos pontos da vizinhança de a − que estão à direita de a, e diferentes de a − pertencem à vizinhança de L+. Considere uma função f tal que, para algum r > 0, (a−r, a) ⊂ Dom(f). Dizemos que existe um limite lateral à esquerda representado pela frase ma- temática lim t−→a− f(t) = L− se, para cada vizinhança de L−, por menor que seja o seu raio, encontramos uma vizinhança de a de raio r, tal que as imagens dos pontos da vizinhança de a − que estão à esquerda de a, e diferentes de a − pertencem à vizinhança de L−. A função analisada na Atividade 8 não tem limite no ponto t = 0. Todavia, é fácil perceber que ela tem um limite lateral à direita igual a 1 e um limite lateral à esquerda igual a -1. Pelas definições de limites laterais de uma função real, com variável real, é facil perceber que o limite da função só existe na vizinhança de um ponto a se os limites laterais direito e esquerdo da função nesse ponto forem iguais, isto é, lim t−→a− f(t) = lim t−→a+ f(t)⇔ lim t−→a f(t). Propriedades elementares dos limites de funções reais, com uma variável real Podemos formar novas funções a partir da soma, da multiplicação ou da divisão de funções conhecidas. Por isso, os matemáticos provaram uma série de propriedades elementares que permitem calcular com facilidade os limites dessas novas funções. Essas propriedades estão listadas a seguir: Se lim t−→a f(t) = L e lim t−→a g(t) = M , então: 1. lim t−→a (f + g)(t) = lim t−→a f(t) + lim t−→a g(t) = L+M ; 2. para α ε <, lim t−→a (α f(t)) = α lim t−→a f(t) = αL; 21 CEDERJ Aula 1 - As derivadas utilizadas no movimento unidimensional 3. lim t−→a (f.g)(t) = lim t−→a f(t). lim t−→a g(t) = L.M ; 4. para L 6= 0, lim t−→a ( 1 f(t) ) = 1 L . Atividade 9 Atende ao Objetivo 2 Calcule os limites das seguintes funções: 1. lim t−→1 (t+ 1)2 (t2 + 3 t+ 4); 2. lim t−→3 t2 − 9 t− 3 . Resposta Comentada 1. lim t−→1 (t+ 1)2 (t2 + 3 t+ 4) = lim t−→1 (t+ 1)2. lim t−→1 (t2 + 3.t+ 4) = 4× 8 = 32 2. lim t−→3 t2 − 9 t− 3 = limt−→0 (t+ 3).(t− 3) t− 3 = limt−→0 t+ 3 = 6 Limites de funções trigonométricas Os limites das funções trigonométricas podem ser encontrados com o Teorema do Confronto. Listamos a seguir alguns desses limites. 1. lim t−→a sen(t) = sen(a); 2. lim t−→b cos(t) = cos(b); 3. lim t−→0 sen(t) t = 1. Atividade 10 Atende ao Objetivo 2 Calcule o limite lim h−→0 cos(h)− 1 h . CEDERJ 22 Aula 1 - As derivadas utilizadas no movimento unidimensional MÓDULO 1 - AULA 1 Resposta Comentada O cálculo desse limite requer o conhecimento das seguintes identidades tri- gonométricas: 1. sen2(h) + cos2(h) = 1; 2. cos(h) = 1− 2 sen2 ( h 2 ) . Portanto, temos que lim h−→0 cos(h)− 1 h = −2 lim h−→0 sen2 ( h 2 ) h . A expressão trigonométrica sen2(h/2) h pode ser transformada em: sen2(h/2) h = h 4 sen2(h/2) hh 4 = h 4 sen2(h/2) (h/2)2 = h 4 ( sen(h/2) h/2 )2 . Logo, temos que lim h−→0 sen2(h/2) h = lim h−→0 h 4 ( sen(h/2) h/2 )2 ⇒ lim h−→0 sen2(h/2) h = lim h−→0 h 4 . lim h−→0 ( sen(h/2) h/2 )2 . Se denominarmos h/2 de u, temos que lim h−→0 ( sen(h/2) h/2 )2 = lim u−→0 ( sen(u) u )2 = lim u−→0 ( sen(u) u )2 = 1. Consequentemente, o limite solicitado é nulo, uma vez que lim h−→0 cos(h)− 1 h = lim h−→0 h 4 = 0. Funções deriváveis A noção de função derivável é uma das noções fundamentais da Mate- mática indispensável no estudo da Mecânica. A derivada de uma função real, com uma variável real, é definida da seguinte forma: Sejam I um intervalo não trivial (é um intervalo que não se reduz a um único elemento), f : I −→ < e t � I, diz-se que f é diferenciável em t se existe o limite lim t2−→t1 f(t2)− f(t1) t2 − t1 . 23 CEDERJ Aula 1 - As derivadas utilizadas no movimento unidimensional Nesse caso, dizemos que a derivada da função f é a função f ′ : II ⊂ < −→ < e t � II com a seguinte regra de definição: f ′(t1) = lim t2−→t1 f(t2)− f(t1) t2 − t1 = lim∆t−→0 ∆f ∆t , e dizemos que f ′(t1) é a derivada de f em t1. Nos livros de Física, é comum encontrar as derivadas representadas com a notação de Leibniz, isto é, f ′ = df dt . Daqui em diante, a não ser que seja estritamente necessário fazer a diferença, denominaremos por derivada da função tanto a função derivada f ′ quanto a relação que define a derivada f ′(t). Utilizaremos também a notação em que a derivada da função f é re- presentada por parênteses com uma aspa contendo, no seu interior, a função que define a derivada; por exemplo, se f(t) = t, a representação da função derivada será (t)′. Exemplo 1.3 Seja a função definida por f(t) = C, sendo C uma constante, qual é a deri- vada da função f em relação a t? Resolução Por definição, a derivada da função f no ponto t1 é dada por: f ′(t1) = lim t2−→t1 f(t2)− f(t1) t2 − t1 = limt2−→t1 C − C t2 − t1 = 0. Logo, a derivadada função constante é zero, isto é, (C)′ = 0. Exemplo 1.4 Seja a função definida por f(t) = t. Qual é a derivada da função f em relação a t ? Resolução Por definição, a derivada da função f no ponto t1 é dada por: f ′(t1) = lim t2−→t1 f(t2)− f(t1) t2 − t1 = limt2−→t1 t2 − t1 t2 − t1 = 1. Logo, a derivada da função f(t) = t é (t)′ = 1. CEDERJ 24 Aula 1 - As derivadas utilizadas no movimento unidimensional MÓDULO 1 - AULA 1 Atividade 11 Atende ao Objetivo 3 Calcule as derivadas em relação a t das seguintes funções: 1. f(t) = t2; 2. f(t) = t3. Resposta Comentada 1. t2 − t1 = h⇒ f(t2) = (t1 + h)2 = t21 + 2h t1 + h2 ⇒ f ′(t1) = lim t2−→t1 f(t2)− f(t1) t2 − t1 = limh−→0 t21 + 2h t1 + h 2 − t12 h ⇒ f ′(t1) = lim h−→0 (2 t1 + h) = 2 t1 ⇒ (t2)′ = 2 t. 2. t2 − t1 = h⇒ f(t2) = (t1 + h)3 = t31 + 3h2 t1 + 3h t12 + h3 ⇒ f ′(t1) = lim t2−→t1 f(t2)− f(t1) t2 − t1 = limh−→0 t31 + 3h 2 t1 + 3h t1 2 + h3 − t13 h ⇒ f ′(t1) = lim h−→0 (3h t1 + 3 t 2 1 + h 2) = 3 t1 ⇒ (t3)′ = 3 t2. Exemplo 1.5 Seja a função definida por f(t) = sen(t). Qual é a derivada da função f em relação a t? Resolução Se t2 − t1 = h⇒ f(t2) = sen(t1 + h) = sen(t1) cos(h) + cos(t1) sen(h) ⇒ f ′(t1) = lim t2−→t1 f(t2)− f(t1) t2 − t1 = limh−→0 sen(t1 + h)− sen(t1) h ⇒ f ′(t1) = lim h−→0 sen(t1) cos(h) + cos(t1) sen(h)− sen(t1) h ⇒ f ′(t1) = lim h−→0 sen(t1) (cos(h)− 1) + cos(t1) sen(h) h ⇒ f ′(t1) = sen(t1) lim h−→0 (cos(h)− 1) h + cos(t1) lim h−→0 sen(h) h . Como o limite do primeiro termo da derivada é nulo e o do segundo termo da derivada vale um, a derivada se reduz a f ′(t1) = cos(t1). Conse- quentemente, a derivada do seno é o cosseno, isto é, (sen(t))′ = cos(t). 25 CEDERJ Aula 1 - As derivadas utilizadas no movimento unidimensional Atividade 12 Atende ao Objetivo 3 Seja a função definida por f(t) = cos(t), qual é a derivada da função f em relação a t? Resposta Comentada Se t2 − t1 = h⇒ f(t2) = cos(t1 + h) = cos(t1) cos(h)− sen(t1) sen(h)⇒ f ′(t1) = lim t2−→t1 f(t2)− f(t1) t2 − t1 = limh−→0 cos(t1 + h)− cos(t1) h ⇒ f ′(t1) = lim h−→0 cos(t1) cos(h)− sen(t1) sen(h)− cos(t1) h ⇒ f ′(t1) = lim h−→0 cos(t1) (cos(h)− 1)− sen(t1) sen(h) h f ′(t1) = cos(t1) lim h−→0 (cos(h)− 1) h − sen(t1) lim h−→0 sen(h) h = −sen(t1). Logo, a derivada se reduz a f ′(t1) = −sen(t1). Consequentemente, a derivada do seno é menos o cosseno, isto é, (cos(t))′ = −sen(t). Propriedades das derivadas As propriedades das derivadas, que serão demonstradas na disciplina de Cálculo I, estão listadas a seguir: Sejam I um intervalo não trivial e f, g : I −→ < duas funções derivá- veis em t εI, então, as seguintes propriedades se verificam: 1. (f + g)′=f ′+g′; 2. para α ε <, (α f)′ = α f ′; 3. (f.g)′=f ′.g + f.g′; 4. se além disso, g 6= 0, então temos que ( f g )′ = f ′.g − f.g′ g2 . Essas propriedades permitem obter as derivadas de funções oriundas da soma, produto ou divisão de funções cujas derivadas são conhecidas. Exemplo 1.6 Seja a função definida por f(t) = a t2 + b t+c, em que a, b e c são constantes, qual é a derivada da função f em relação a t? CEDERJ 26 Aula 1 - As derivadas utilizadas no movimento unidimensional MÓDULO 1 - AULA 1 Resolução Como (c)′ = 0 e a derivada da soma de funções é a soma das derivadas das funções, temos que: (a t2 + b t+ c) ′=(a t2)′+(b t)′+(c)′=(a t2)′+(b t)′. Uma vez que (t)′ = 1, (t2)′ = 2 t e a derivada de uma constante vezes a função é a constante vezes a derivada da função, temos que: (a t2 + b t+ c) ′=(a t2)′+(b t)′+(c)′=a (t2)′+b (t)′ = 2 a t+ b. Exemplo 1.7 Seja a função f(t) = tn, em que n > 0 é um número inteiro, calcule a derivada da função f em relação a t. Resolução As derivadas de (t)′ = 1, (t2)′ = 2 t e (t3)′ = 3 t2 podem ser obtidas da relação (tn)′ = n tn−1 quando fazemos n igual a 1, 2 ou 3. Isso é um indicativo de que a derivada (tn)′ pode ser obtida pelo método da indução. Vamos supor que a expressão (tn−1)′ = (n− 1) tn−2 é verdadeira. Nesse caso, podemos calcular a derivada da função f(t) = tn utilizando a propriedade que fornece a derivada do produto de funções. (tn)′ = (tn−1.t) ′ = (tn−1) ′ .t+ tn−1.(t)′ ⇒ (tn)′ = (n− 1) tn−2.t+ tn−1 = (n− 1) tn−1 + tn−1 = n tn−1. Logo, temos que (tn)′ = n tn−1. Atividade 13 Atende ao Objetivo 3 Seja a função f(t) = tan(t). Calcule a derivada da função f em relação a t. Resposta Comentada A tangente de t é sen(t) cos(t) . A sua derivada pode ser calculada utilizando-se a regra de derivação para o quociente de funções, isto é, (tan(t))′ = ( sen(t) cos(t) )′ = (sen(t))′cos(t)− sen(t)(cos(t))′ cos2(t) ⇒ 27 CEDERJ Aula 1 - As derivadas utilizadas no movimento unidimensional (tan(t))′ = cos(t)cos(t)− sen(t)(−sen(t)) cos2(t) ⇒ (tan(t))′ = cos2(t) + sen2(t) cos2(t) = 1 cos2(t) = sec2(t). A derivada da tangente é a secante quadrada, ou seja, (tan(t))′ = sec2(t). Derivadas de ordem superior Vimos nas seções anteriores que, por meio do processo de derivação, é possível obter, a partir de uma dada função f , outra função f ′ cujo domínio pode ser consideravelmente menor do que o da função f original. É claro que a noção de derivabilidade e o processo de derivação podem ser aplicados a esta nova função f ′, cujo domínio é formado por todos os pontos t1, tais que f ′ é derivável em t1. A função (f ′) ′ é denotada simplesmente por f ′′ (lê-se f duas linhas) e chamada derivada segunda de f . Se f ′′(t1) existe, então dizemos que f é duas vezes derivável (diferenciável) em t1 e que o número f ′′(t1) é a derivada segunda de f calculada em t1. Da mesma maneira, podemos definir a derivada terceira de f , como f ′′′ = (f ′′)′. De modo mais geral, se k é um inteiro positivo, então f (k) denota a derivada de ordem k de f , que é obtida derivando-se f , sucessivamente, k vezes. As várias funções para k > 0 são, usualmente, chamadas de derivadas de ordem superior de f . Às vezes é conveniente pensar na função original como a derivada de ordem zero e escrever f = f (0). Na notação de Leibniz, a derivada de ordem k da função f é f (k) = dkf dtk . No caso da primeira derivada, o índice 1 é omitido, isto é, f (1) = d1f dt1 = df dt . Exemplo 1.8 Seja a função definida por f(t) = a t2 + b t+c, em que a, b e c são constantes, qual é a derivada segunda da função f em relação a t? Resolução A derivada da função f , que foi calculada no Exemplo 1.6, é f ′ = 2 a t+ b. Como (b)′ = 0 e (t)′ = 1, a segunda derivada da função f é dada por: f ′′(t) = (2 a t+ b)′ = (2 a t)′ + (b)′ = 2 a (t)′ = 2 a. Atividade 14 Atende ao Objetivo 3 Sejam as funções definidas por f1(t) = sen(t) e f2(t) = cos(t), quais são as CEDERJ 28 Aula 1 - As derivadas utilizadas no movimento unidimensional MÓDULO 1 - AULA 1 derivadas segundas das funções f1 e f2 em relação a t? Resposta Comentada As derivadas do seno e do cosseno, que foram encontradas no Exemplo 1.5 e na Atividade 12, são (sen(t))′ = cos(t); (cos(t))′ = −sen(t). Por isso, as derivadas segundas do seno e do cosseno são dadas por: (sen(t))′′ = (cos(t))′ = −sen(t); (cos(t))′′ = (−sen(t))′ = −cos(t). Representação geométrica da derivada A derivada de uma função f em um ponto t1 tem um significado geo- métrico que pode ser visto facilmente no gráfico da função. W� W� I�W�� I�W�� W I 6I 6W Figura 1.9: A derivada é o coeficiente angular da reta tangente. Na Figura 1.9 foram desenhados o gráfico da função f , a reta secante que corta a curva nos pontos (t1, f(t1)) e (t2, f(t2)) e a reta tangente no ponto (t1, f(t1)). O coeficiente angular msec da reta secante é: msec = f(t2)− f(t1) t2 − t1 = ∆f ∆t . Pode-se perceber que, quanto menor o intervalode tempo ∆t, mais a reta secante se aproxima da reta tangente à função no ponto t1. No limite em que ∆t −→ 0, temos que o coeficiente angular mtan da reta tangente é : mtan = lim t2−→t1 f(t2)− f(t1) t2 − t1 = lim∆t−→0 ∆f ∆t . 29 CEDERJ Aula 1 - As derivadas utilizadas no movimento unidimensional Logo, no gráfico da função f , a derivada da função f no ponto t1 é o coeficiente angular da reta tangente que toca a curva no ponto t1, isto é, f ′(t1) = mtan. Propriedades dos gráficos Os gráficos de funções reais, com uma variável real, têm propriedades que estão relacionadas com as derivadas primeira e segunda das funções. Discutiremos a seguir essas propriedades e as suas relações com as derivadas. I�W� WW�W�W�W� Figura 1.10: Função que é crescente nos intervalos (t1, t2) e (t4,∞) e decres- cente no intervalo (t2, t4). Estão desenhadas retas tangentes à função em três pontos, cada uma em um dos intervalos mencionados. Considerando f uma função real, com uma variável real, que assume valores em um intervalo I, dizemos que f é crescente em um intervalo A ⊂ I quando os valores de f aumentam com o crescimento dos valores de t ⊂ A e decrescente quando os valores de f diminuem com o crescimento dos valores de t. A Figura 1.10mostra que a função f é crescente nos intervalos abertos (t1, t2) e (t4,∞) e decrescente no intervalo (t2, t4). Na disciplina de Cáculo I, a seguinte proposição vai ser demonstrada: Seja f uma função derivável em um intervalo não trivial I. Então: 1. Se f ′(t) > 0 quando t assume valores em um subintervalo A ⊂ I, a CEDERJ 30 Aula 1 - As derivadas utilizadas no movimento unidimensional MÓDULO 1 - AULA 1 função f é crescente no intervalo A. 2. Se f ′(t) < 0 quando t assume valores em um subintervalo A ⊂ I, a função f é decrescente no intervalo A. Essa proposição pode ser visualizada na Figura 1.10, uma vez que os coeficientes angulares das retas tangentes são positivos nos intervalos abertos (t1, t2) e (t4,∞) e negativos no intervalo (t2, t4). Figura 1.11: Concavidades dos gráficos das funções reais, com uma variável real. Representamos na Figura 1.11 o gráfico da função f(t) = t3. Observe que a função f é crescente no intervalo nele representado. Todavia, a forma do gráfico quando t < 0 é diferente daquela em que t > 0. Dizemos que o gráfico da função é côncavo para cima quando t > 0 e côncavo para baixo quando t < 0. Observe também que a derivada da função está aumentando onde o gráfico da função tem concavidade para cima e está diminuindo onde o gráfico da função tem concavidade para baixo. Os matemáticos definem a concavidade do gráfico de uma função da seguinte maneira: seja f uma função derivável em um intervalo não trivial I, dizemos que f tem concavidade para cima em um subintervalo B ⊂ I, se a derivada f ′ é uma função crescente no subintervalo I; e que tem concavidade para baixo em B se a derivada f ′ é uma função decrescente no subintervalo B. Como a derivada h = f ′ é uma função real, com uma variável real, ela será crescente quando os valores da sua derivada h′ = f ′′ forem positivos e 31 CEDERJ Aula 1 - As derivadas utilizadas no movimento unidimensional decrescente quando os valores da sua derivada h′ forem negativos. Por isso temos a proposição seguinte: Seja f uma função derivável em um intervalo não trivial I. 1. Se f ′′(t) > 0 quando t assume valores em um subintervalo A ⊂ I, o gráfico da função tem concavidade para cima nesse intervalo. 2. Se f ′′(t) < 0 quando t assume valores em um subintervalo A ⊂ I, o gráfico da função tem concavidade para baixo nesse intervalo. Os gráficos podem ter pontos com características especiais. Existem relações entre as propriedades desses pontos e as suas derivadas. W U� W�W� U� W� I�W� Figura 1.12: Máximos e mínimos de uma função. O gráfico da Figura 1.12 mostra que é possível encontrar uma vizi- nhança de t2 com raio r2 em que f(t2) é máximo. É importante ressaltar que existem outros valores de t nos quais os valores da função são maiores do que f(t2). Por isso, dizemos que, nesse caso, existe um máximo rela- tivo em t2. Observe que, no ponto onde existe um máximo local, o valor da derivada da função é nulo (o que traduz o fato de, nesse ponto, a função não aumentar nem diminuir) e a concavidade do gráfico é voltada para baixo. O gráfico da Figura 1.12 também mostra que o valor mínimo da função ocorre em t4. Esse mínimo também é um mínimo relativo, uma vez que é possível encontrar uma vizinhança de t4, com raio r4, onde f(t4) é mínimo. CEDERJ 32 Aula 1 - As derivadas utilizadas no movimento unidimensional MÓDULO 1 - AULA 1 Observe que, no ponto onde existe um mínimo relativo, o valor da derivada da função é nulo e a concavidade do gráfico é voltada para cima. Por outro lado, dizemos que uma função f possui um máximo relativo (ou máximo local) em um ponto c, se existe um intervalo aberto I contendo c, tal que f esteja definida em I e f(c) ≥ f(t) para todo t ε I. Nesse caso, dizemos que o ponto (c, f(c)) é um máximo relativo do gráfico de f . Dizemos que uma função f possui um mínimo relativo (ou mínimo local) em um ponto c, se existe um intervalo aberto I contendo c, tal que f esteja definida em I e f(c) ≤ f(t) para todo t ε I. Nesse caso, dizemos que o ponto (c, f(c)) é um mínimo relativo do gráfico de f . Figura 1.13: O ponto (c, f(c)) é um ponto de inflexão pois é onde a concavi- dade do gráfico muda. Observe, no gráfico da Figura 1.13, que para valores de t < c na vizinhança de c com raio r, a derivada f ′ diminui, fica constante no entorno de t3 e aumenta para valores de t > c, isto é, a curva muda de concavidade em c. Denominamos o ponto (c, f(c)) do gráfico da função de ponto de inflexão. Seja f uma função derivável em um intervalo não trivial I, dizemos que o ponto (c, f(c)) do gráfico da função f é um ponto de inflexão, se existe a derivada da função no ponto e, além disso, a concavidade do gráfico muda no ponto (c, f(c)). Mudar de concavidade no gráfico significa mudar o sinal da derivada segunda f ′′, quando se passa pelo ponto (c, f(t)). Isso faz com que a segunda derivada no ponto de inflexão tenha que ser nula, isto é, f ′′(c) = 0. 33 CEDERJ Aula 1 - As derivadas utilizadas no movimento unidimensional Exemplo 1.9 Esboce o gráfico da função f(t) = t3 − 3 t2 + 2 t para valores de t no subin- tervalo [0,∞). Resolução Com a finalidade de encontrar os pontos onde o gráfico corta o eixo Ot, vamos encontrar as raízes da equação: f(t) = t3 − 3 t2 + 2 t = t (t2 − 3 t+ 2) = 0. Uma das raízes da equação f(t) = 0 é t = 0. As outras são as raízes da equação de segundo grau t2 − 3 t+ 1 = 0, isto é, t+ = 3 + √ 32 − 4.2 2 = 3 + √ 1 2 = 3 + 1 2 = 2; t− = 3−√32 − 4.2 2 = 3−√1 2 = 3− 4 1 = 1. Agora, com a finalidade de analisar as propriedades do gráfico da função f , vamos encontrar suas derivadas primeira e segunda: f ′ = (t3 − 3 t2 + 2 t)′ = (t3)′ − 3 (t2)′ + 2 (t)′ = 3 t2 − 6 t+ 2 f ′′(t) = (3 t2 − 6 t+ 2)′ = 6 t− 6. Os pontos de inflexão da função são aqueles em que a derivada segunda da função se anula e onde a derivada da função existe, isto é, f ′′(t) = 0 ⇒ 6 t − 6 = 0 ⇒ t = 1. Além disso, f ′(t) existe em t = 1. Logo, o gráfico só tem um ponto de inflexão, que é (1, f(1)) = (1, 0). Nos pontos onde existem máximos e mínimos locais, a derivada da função tem que ser nula, ao passo que a segunda derivada não pode ser nula. Por isto, as seguintes equações devem ser satisfeitas: f ′(t) = 3 t2 − 6 t+ 2 = 0 e f ′′(t) = 6 t− 6 6= 0. As raízes da primeira derivada foram calculadas a seguir: 3 t2 − 6 t+ 2 = 0 { t+ = 6+ √ 62−4.3.2 6 = 1 + √ 3 3 ; t− = 6− √ 62−4.3.2 6 = 1− √ 3 3 . Os valores da segunda derivada em t+ e t− são: f ′′(t+) = 6 t− 6 = 6 ( 1 + √ 3 3 ) − 6 = √ 33 > 0; f ′′(t−) = 6 t− 6 = 6 ( 1− √ 3 3 ) − 6 = − √ 3 3 < 0. Como em t+ a derivada primeira de f é nula e a derivada segunda é positiva, existe um mínimo relativo no ponto (1 + √ 3 3 , f(1 + √ 3 3 )) = (1 + √ 3 3 ,−2 √ 3 9 ). Já em t−, uma vez que a derivada primeira de f é nula e a derivada segunda é negativa, existe um máximo relativo no ponto (1 − √ 3 3 , f(1 − √ 3 3 )) = (1 −√ 3 3 , 2 √ 3 9 ). CEDERJ 34 Aula 1 - As derivadas utilizadas no movimento unidimensional MÓDULO 1 - AULA 1 Outra informação importante diz respeito às regiões onde a curva é côncava para baixo e às regiões onde a curva é côncava para cima: se f ′′(t+) = 6 t − 6 = 6 ( 1 + √ 3 3 ) − 6 = √ 3 3 > 0 e f ′′(t) = (6 t − 6) > 0 ⇒ t > 1, então a curva é côncava para cima; se f ′′(t+) = 6 t − 6 = 6 ( 1 + √ 3 3 ) − 6 = √ 3 3 > 0 e f ′′(t) = (6 t− 6) < 0⇒ t < 1, então a curva é côncava para baixo. Para esboçar o gráfico, devemos também investigar o comportamento da fun- ção quando t→ ∞. Nesse caso, quando t é muito grande, o termo dominante da função é o monômio t3. Ele tende a inifinito por valores positivos quando t tende a infinito. A Figura 1.14 mostra o esboço do gráfico da função f . Figura 1.14: Gráfico da função f(t) = t3 − 3 t2 + 2 t. Atividade 15 Atende ao Objetivo 4 Esboce o gráfico da derivada da função f(t) = t3 − 3 t2 + 2 t para valores de t no subintervalo [0,∞). 35 CEDERJ Aula 1 - As derivadas utilizadas no movimento unidimensional Resposta Comentada Com a finalidade de analisar as propriedades do gráfico da derivada h = f ′ da função f , vamos encontrar suas derivadas de primeira e segunda ordem: h = f ′ = 3 t2 − 6 t+ 2, h′ = f ′′(t) = 6 t− 6, h′′ = f ′′′(t) = 6. Como a derivada segunda h′′ da função h é sempre positiva, não existem pontos de inflexão. Além disso, podemos afirmar que o gráfico da derivada h da função f é côncavo para cima em todo o domínio da função. Nos pontos onde existem máximos e mínimos locais, a derivada da função h tem que ser nula e a derivada segunda h′′ não pode ser nula. Nesse caso, uma vez que a derivada segunda de h é sempre positiva, só podem existir pontos de mínimo local. Nesses pontos, a derivada primeira de h tem que ser nula. Por isso, temos que: h′ = f ′′(t) = 6 t− 6 = 0 ⇒ t = 1. Logo, a derivada da função só tem um mínimo local no ponto (1, h(1)) = (1,−1). Para esboçar o gráfico, devemos também investigar o comportamento da função quando t → ∞. Nesse caso, quando t é muito grande, o termo dominante da função h é o monômio 3 t2. Ele tende para infinito por valores positivos quando t tende para infinito. Por fim, os pontos onde a função h cruza o eixo Ot já foram encontrados no Exemplo 15. A Figura 1.15 mostra o esboço do gráfico da derivada da função f . CEDERJ 36 Aula 1 - As derivadas utilizadas no movimento unidimensional MÓDULO 1 - AULA 1 W I·�W� Figura 1.15: Gráfico da derivada da função h(t) = f ′(t) = t3 − 3 t2 + 2 t. As derivadas no estudo do movimento dos corpos Você já encontrou derivadas ao estudar movimentos unidimensionais no Ensino Médio. Só que, naquela ocasião, elas não foram chamadas de deriva- das. Por exemplo, quando um corpo se desloca sobre o eixo OX, a função que localiza o corpo é a sua coordenada x. A componente da velocidade média do objeto no eixo OX entre os instantes t1 e t2 é vmx(t1, t2) = x(t2)− x(t1) t2 − t1 . Já a velocidade instantânea é o limite da velocidade média quando t2 tende a t1, isto é, vx(t1) = lim t2−→t1 vmx = lim t2−→t1 x(t2)− x(t1) t2 − t1 . O limite que define a velocidade instantânea descreve o comportamento da velocidade média no entorno do instante t1. Ele é, por definição, a derivada da função x em relação ao tempo. vx = dx dt . 37 CEDERJ Aula 1 - As derivadas utilizadas no movimento unidimensional A velocidade média e a velocidade instantânea têm um significado ge- ométrico no gráfico de x versus t. Na Figura 1.16 estão representadas as posições da partícula para os instantes de tempo t1 e t2. O coeficiente angu- lar da reta secante à curva que passa pelos pontos com coordenadas (t1, x1) e (t2, x2) é x2(t)− x1(t) t2 − t1 . Esse coeficiente angular é, por definição, a veloci- dade média da partícula, isto é, vmx(t1, t2) = x2(t)− x1(t) t2 − t1 . Assim sendo, no gráfico de x versus t, a velocidade média entre os instantes t1 e t2 é repre- sentada geometricamente pelo coeficiente angular da reta secante que passa pelos pontos (t1, x1) e (t2, x2). WWW�W� [�W� [� [� Figura 1.16: A velocidade média entre dois instantes é o coeficiente angular da reta secante ao gráfico entre esses instantes. Na Figura 1.17 foram desenhadas várias retas secantes associadas às velocidades médias em intervalos de tempo cada vez menores (t2 < t3 < t4). Observe que, à medida que o intervalo de tempo tende a zero, a reta secante se aproxima da reta tangente. Por isso, a velocidade instantânea é representada CEDERJ 38 Aula 1 - As derivadas utilizadas no movimento unidimensional MÓDULO 1 - AULA 1 geometricamente pelo coeficiente angular da reta tangente à curva de x versus t no ponto da curva com coordenadas (t1, x1). Esse resultado era esperado, uma vez que a velocidade instantânea é a derivada da posição x em relação ao tempo t, vx = dx dt . W� 6W�� 6W�� 6W�� [� [�[� [� W�W�W� Figura 1.17: A velocidade instantânea é o coeficiente angular da reta tangente no ponto de coordenadas (t1, x(t1)). Outros conceitos importantes no estudo do movimento unidimensional são os de aceleração média e aceleração instantânea. A componente da ace- leração média do objeto no eixo OX entre os instantes t1 e t2 é definida como amx(t1, t2) = vx(t2)− vx(t1) t2 − t1 . Na Figura 1.18 estão representadas as velocidades instantâneas da partícula para os instantes de tempo t1 e t2. O coeficiente angular da reta secante à curva que passa pelos pontos com coordenadas (t1, vx1) e (t2, vx2) é mx = vx(t2)− vx(t1) t2 − t1 . Esse coeficiente angular é, por definição, a aceleração 39 CEDERJ Aula 1 - As derivadas utilizadas no movimento unidimensional média da partícula, isto é, amx(t1, t2) = vx(t2)− vx(t1) t2 − t1 . Portanto, no gráfico de vx versus t, a aceleração média entre os instantes t1 e t2 é representada geometricamente pelo coeficiente angular da reta secante que passa pelos pontos (t1, vx(t1)) e (t2, vx(t2)). W 6W 6Y[ Y[� Y[� Y[�W� W�W� Figura 1.18: A aceleração média entre dois instantes de tempo é o coeficiente angular da reta secante ao gráfico da velocidade versus tempo, entre esses instantes. Assim como no caso da velocidade, a aceleração instantânea é o limite da aceleração média quando t2 tende a t1, isto é, ax(t1) = lim t2−→t1 amx = lim t2−→t1 vx(t2)− vx(t1) t2 − t1 = lim∆t−→0 ∆vx ∆t . O limite que define a aceleração instantânea descreve o comportamento da aceleração média no entorno do instante t1. Ele é, por definição, a derivada CEDERJ 40 Aula 1 - As derivadas utilizadas no movimento unidimensional MÓDULO 1 - AULA 1 da função vx em relação ao tempo, no instante de tempo t1. Logo, a acelera- ção instantânea é a derivada da componente x da velocidade instantânea vx em relação ao tempo: ax = dvx dt . A aceleração instantânea tem um significado geométrico no gráfico de vx versus t. Na Figura 1.19 foram desenhadas várias retas secantes associadas às acelerações médias em intervalos de tempo cada vez menores (t2 < t3 < t4). Observe que, à medida que o intervalo de tempo tende a zero, a reta secante se aproxima da reta tangente. Por isso, a aceleração instantânea é representada geometricamente pelo coeficiente angular da reta tangente à curva de vx versus t no ponto da curva comcoordenadas (t1, vx(t1)). Esse resultado era esperado, uma vez que a aceleração instantânea é a derivada da componente vx da velocidade em relação ao tempo t. W� 6W�� 6W�� 6W�� Y[� Y[�W� Y[� Y[� Y[� W�W�W� Figura 1.19: A aceleração instantânea em t1 é o coeficiente angular da reta tangente ao gráfico, em t1. Atividade 16 Atende ao Objetivo 5 Uma partícula se desloca sobre o eixo OX. A sua posição sobre o eixo é x(t) = t3 − 3 t2 + 2 t. 1. Calcule a velocidade e a aceleração da partícula. 41 CEDERJ Aula 1 - As derivadas utilizadas no movimento unidimensional 2. Utilize o gráfico da Figura 1.20 para fazer uma descrição qualitativa do movimento da partícula. Suponha, que no gráfico, o tempo está em segundos. Figura 1.20: Gráfico da função f(t) = t3 − 3 t2 + 2 t. Resposta Comentada A velocidade da partícula é a derivada da sua posição, isto é, vx = (t 3 − 3 t2 + 2 t)′ = 3 t2 − 6 t+ 2. A aceleração da partícula é a derivada da velocidade. Logo, temos que: ax = (3 t 2 − 6 t+ 2)′ = 6 t− 6. O gráfico da coordenada x(t) fornece muitas informações sobre o movimento da partícula, uma vez que as propriedades geométricas do gráfico estão re- lacionadas com as derivadas de primeira e segunda ordens da função, que, nesse caso, são a velocidade e a aceleração da partícula. Em primeiro lugar, uma vez que o coeficiente angular da reta tangente na CEDERJ 42 Aula 1 - As derivadas utilizadas no movimento unidimensional MÓDULO 1 - AULA 1 origem é positivo, podemos dizer que a partícula parte da origem com a ve- locidade vx positiva. Ou seja, ela se afasta da origem no sentido positivo do eixo OX. No intervalo dos tempos (0, 1), a curva é côncava para baixo, o que significa que a aceleração da partícula é negativa nesse intervalo. Essa informação poderia ter sido retirada da percepção de que, nesse intervalo dos tempos, o coeficiente angular da reta tangente está diminuindo. Isso significa que a velocidade vx está diminuindo. A velocidade se anula em t ∼= 0,5s, que é o instante no qual a componente x da velocidade muda de sinal. Concluímos, então, que nesse instante de tempo há uma inversão do movimento. No instante t = 1s, a partícula passa pela origem com velocidade ne- gativa. A aceleração da partícula muda de sinal em t = 1s, porque a conca- vidade da curva muda. Como no intervalo de tempo (1, 2) a velocidade vx é negativa e a aceleração é positiva, o módulo da velocidade diminui, até que a partícula para novamente em t = 2s. Esse é o outro ponto de inversão do movimento da partícula. Para tempos superiores a 2 s, a partícula tem velocidade vx positiva e acele- ração ax positiva. Logo, ela retorna à origem e dela se afasta, aumentando a componente x da sua velocidade. sectionInformações sobre a próxima aula Na próxima aula estudaremos as integrais no movimento unidimensional. Resumo Nesta aula, você aprendeu que a velocidade e a aceleração de uma par- tícula que está se deslocando em uma dimensão são derivadas. Por isso, é fundamental dominar o conceito de derivada e conhecer as suas proprieda- des. Além disso, é preciso aprender as relações entre as derivadas primeira e segunda de uma função e as propriedades do gráfico da função, uma vez que o gráfico da coordenada da partícula em um movimento unidimensional fornece informações importantes sobre a sua cinemática. A seguir, estão as principais informações desta aula. Definição de derivada: df dt (t1) = lim t2−→t1 f(t2)− f(t1) t2 − t1 . Derivadas simples: C ′ = 0; tn′ = n tn−1; 43 CEDERJ Aula 1 - As derivadas utilizadas no movimento unidimensional sen(t)′ = cos(t) e cos(t)′ = −sen(t). As propriedades das derivadas: 1. (f + g)′=f ′+g′; 2. para α ε <, (α f)′ = α f ′; 3. (f.g)′=f ′.g + f.g′; 4. se, g 6= 0, então temos que ( f g )′ = f ′.g − f.g′ g2 . Derivadas de ordem superior: Se k é um inteiro positivo, então f (k) denota a derivada de ordem k de f , que é obtida derivando-se f , sucessivamente, k vezes. As relações entre as propriedades dos gráficos das funções reais, com uma variável real, e as derivadas primeira e segunda das fun- ções: A derivada f ′(t) é o coeficiente angular da reta tangente ao ponto (t, f(t)) do gráfico da função. Se a derivada f ′(t) é positiva em um intervalo (t1, t2), ela é crescente nesse intervalo. Se a derivada f ′(t) é negativa em um intervalo (t1, t2), ela é decrescente nesse intervalo. Se f ′′(t) > 0, o gráfico da função é côncavo para cima ( ⋃ ) e se f ′′(t) < 0, o gráfico da função é côncavo para baixo ( ⋂ ). Nos pontos de inflexão (t, f(t)) do gráfico de f , temos que f ′′(t) = 0. No ponto de máximo local, temos que: f ′(t) = 0 e f ′′(t) < 0. No ponto de mínimo local, temos que: f ′(t) = 0 e f ′′(t) > 0. Velocidade e aceleração em um movimento unidimensional sobre o eixo OX: vx = dx dt e ax = dvx dt . Informações sobre a próxima Aula Na próxima discutiremos as integrais do movimento unidimensional. Referências bibliográficas ALMEIDA, Maria Antonieta Teixeira. Introdução às ciências físicas I. v. 2, 4. ed. Rio de Janeiro: Fundação Cecierj, 2010. CEDERJ 44 Aula 1 - As derivadas utilizadas no movimento unidimensional MÓDULO 1 - AULA 1 OLIVERO Mário; CARDIM, Nancy. Cálculo I. 1. ed. Rio de Janeiro: Fun- dação Cecierj, 2010. PESCO, Dirce Uesu; ARNAUT, Roberto Geraldo Tavares. Matemática bá- sica. v. 1, 5. ed. Rio de Janeiro: Fundação Cecierj, 2010. . Geometria básica. v. 1, 2. ed. Rio de Janeiro: Fundação Cecierj, 2010. POMBO, Dinamérico Pereira; GUSMÃO, Paulo Henrique C. Cálculo I. v. 1, 3. ed. Rio de Janeiro: Fundação Cecierj, 2010. SANTOS, Angela Rocha; BIANCHINI, Waldecir. Aprendendo Cálculo com Maple: cálculo de uma variável. Rio de Janeiro: LTC, 2002. 45 CEDERJ
Compartilhar