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ANDRADE, Vera. Dogmática jurídica - escorço de sua configuração e identidade (RESUMO)

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ANDRADE, Vera. Dogmática jurídica - escorço de sua configuração e identidade
Resumo 1	2
Resumo 2	3
Resumo 1
Procura reconstruir conceito de dogmática jurídica. Os juristas definem a dogmática jurídica como uma ciência do direito que tem como objeto um determinado direito positivo e que busca criar um sistema de aplicação interna. Dogmática jurídica busca ser útil à aplicação do direito, interpreta as leis criadas pelos legisladores e explica a relação entre elas, criando assim um sistema uniforme, previsível, o que garante aplicação igualitária do direito, segurança jurídica.
Trata-se de uma ciência de dever-ser, sistemática, prática. Atividade dos juristas é estudar o direito para facilitar a aplicação. É compatível com qualquer sistema, pois não é vinculado com nenhum conteúdo do direito. Esse é o paradigma dos próprios juristas, que auto-declaram a sua função como avalorativa e descritiva (sem considerar a natureza prescritiva de seus enunciados).
A dogmática jurídica possui objeto e método certos, que visam a obtenção de um fim determinado. Analisar a dimensão do método com a dimensão ideológica e funcional da dogmática é importante para questionar o cumprimento da sua funcionalidade.
Dogmática jurídica é um modelo geral de ciência jurídica que se aplica a vários ramos; começou no direito privado e depois se expandiu ao público. Existem dogmáticas jurídicas parciais que são ciências jurídicas parciais, pois se vinculam ao ramo do direito positivo que tratam.
Ferraz Junior identifica 3 heranças das quais a dogmática jurídica se originou:
1-herança jurisprudencial (romana): modo de pensar problemas como conflitos que deveriam ser solucionados por autoridade através de formulas gerais, as chamadas doutrinas
2-herança exegética (medieval): juntou-se ao modo romano, principalmente pelos glosadores, os textos, como o código de Justiniano, o que gerou uma forma exegética de pensar.
3-herança sistemática (moderna): a crença nos textos foi substituída pela crença na razão, que deveria ser utilizada para aplicar de modo sistemático o direito.
Essas 3 heranças criaram a dogmática jurídica de hoje, acrescentando-se, ainda, a perspectiva histórica e social no séc XIX. Foi, portanto, apenas no séc XIX que a dogmática jurídica se configurou. É errado, porem, conceber o paradigma dogmático somente como acumulação dessas tradições, visto que é, na verdade, fruto das exigências do séc XIX. Dogmática jurídica deve ser vista como uma atitude ideológica que responde a imperativos institucionais.
Puceiro: paradigma dogmático deve ser visto como conceito histórico, porém é quando relaciona-se com alguma determinada cultura historica que ganha sentido preciso. O paradigma dogmático não é um conceito universal, livre de vinculação com contexto histórico.
	Paradigma dogmático se configura no séc XIX como conjunto de processos. Esses processos, quando pertinentes ao conceito de ciência, dizem respeito ao momento da fundação do paradigma, já quando pertinentes ao conceito de Estado, referem-se ao paradigma já acabado. Ao longo do seu desenvolvimento, o paradigma vai vinculando-se ao Estado.
O Estado, que vinculou o paradigma dogmático, tem pressupostos:
conceito moderno de ciência, voltado para o sistema e coerência lógica-formal.
Separação de teoria e práxis. Modelo de saber jurídico teórico, descritivo, com atividade neutra.
Superação das doutrinas de direito natural. Historificação do objeto do saber, identificando Direito e norma jurídica e, depois, direito e sistema conceitual de ciência.
Consolidação de modelo moderno de Estado- monopólio estatal, codificações, positivação do direito
Separação do poder estatal em legislativo e judiciário 
Segurança jurídica como certeza abstrata e geral, resultante do Estado soberano
Nesse paradigma dogmático convergem o saber e o poder.
Apesar de ser um processo histórico, o paradigma dogmático é marcado também por uma vocação universalista, pois se despreende da sua estrutura historica para ser recebido por vários países, se tornando o modelo oficial de ciência jurídica.
A dogmática jurídica gera a descontextualização do direito, que pode ser aplicado em espaço e tempo variados.
Hoje em dia, relaciona-se muito a ciência jurídica com a dogmática jurídica. É, porém, errado falar em dogmática jurídica romana ou medieval referindo-se à instrumentalização cientifica do positivismo jurídico, pois a dogmática deriva da Escola Historica.
Os glosadores `descobriram’ a interpretação, o direito natural criou o sistema, e a escola historica, através da dogmática, um método de construção jurídica, segundo o qual a interpretação e o sistema serão redefinidos.
O paradigma dogmático de ciência jurídica atinge seu auge com o positivismo, com a configuração de estado moderno e liberal. A dogmática jurídica é a instrumentalização cientifica do juspositivismo.
Ciencia jurídica tradicional = dogmatica
Resumo 2
Dogmática Jurídica entendida como um paradigma científico ("um paradigma é aquilo que os membros de uma comunidade científica partilham. E, inversamente, uma comunidade científica consiste em homens que compartilham um paradigma.").
Referente: a própria imagem compartilhada pelos juristas dogmáticos sobre o trabalho que realizam (autoimagem).
Dogmática Jurídica se identifica com a ideia de Ciência do Direito 
Objeto: o Direito Positivo vigente em um dado tempo e espaço. 
Tarefa metódica (imanente): a "construção" de um "sistema" de conceitos elaborados a partir da "interpretação" do material normativo, segundo procedimentos intelectuais (lógico-formais) de coerência interna. 
Finalidade: ser útil para a aplicação do Direito.
Assim, partindo da interpretação das normas jurídicas produzidas pelo legislador e explicando-as em sua conexão interna, desenvolve um sistema de teorias e conceitos cuja função é garantir a maior uniformização e previsibilidade possível das decisões judiciais e, consequentemente, uma aplicação igualitária (SEGURANÇA JURÍDICA).
Ciência de "dever-ser" (normativa), sistemática, descritiva, avalorativa (axiologicamente neutra) e prática.
Neutralidade valorativa, quer em relação a sistemas econômicos ou políticos, quer em relação a grupos ou classes dentro de um sistema social (por isso válida pra qualquer sistema).
O texto trata depois da identidade da Dogmática Jurídica para além de sua autoimagem, seja revelando aspectos que o paradigma não reconhece (como a ideologia e a natureza prescritiva de seus enunciados), seja problematizando seu estatuto científico (embora para reafirmá-lo com outros argumentos).
A Dogmática Jurídica se singulariza pela adoção de determinado approach ao estudo do Direito, que lhe circunscreve o objeto e pela adoção de determinado método, atendendo a uma ideologia de base e direcionando-se para determinado fim ou função declarada. 
É da articulação approach-objeto-método-ideologia-função que deriva sua específica identidade.
Historicamente, o paradigma dogmático desenvolveu-se à sombra do Direito Privado.
Modelo geral de Ciência Jurídica que se materializa em diferentes desdobramentos disciplinares (a Dogmática do Direito Civil, Comercial, Administrativo, Tributário, Penal, etc.).
Existem Dogmáticas Jurídicas parciais autoconcebidas como Ciências Jurídicas parciais que, enraizadas num tronco comum (dependência paradigmática), apresentam uma relativa especificidade e autonomia.
Base sobre a qual se origino, no século XIX, a Dogmática Jurídica (Ferraz Júnior): neste quadro cultural, no século XIX: 
A herança jurisprudencial (romana)
Jurisprudentia: forma de uma técnica caracterizada como um modo peculiar de pensar problemas sob a forma de conflitos a serem resolvidos por decisão de autoridade, mas procurando sempre fórmulas generalizadoras (que constituíram as chamadas doutrinas).
A herança exegética (medieval) 
Interpretatio juris foi a grande arma da glosa.
A herança sistemática (moderna)
Racionalismo (séculos XVII e XVIII): a crença nos textos romanos acabou substituída pela crençanos princípios da razão, os quais deveriam ser investigados para serem aplicados de modo sistemático.
Seria equivocado conceber o paradigma dogmático meramente como o produto de uma recepção linear e cumulativa destas tradições, uma vez que resulta de exigências e condicionamentos específicos do século XIX.
Século XIX acrescentou a perspectiva histórica e social.
Cultura jurídica de natureza positivista e de inspiração liberal.
Paradigma dogmático como conceito "histórico"; guarda uma vinculação essencial com uma determinada estrutura histórica, a respeito da qual adquire um conteúdo e sentido precisos. E não "universal", suscetível de ser estendido a qualquer época.
"A dogmática, como forma de configuração do saber jurídico-científico se refere de modo concreto a uma certa atitude metodológica, condicionada por fatores de índole científica, histórica, cultural e política (...)." (Puceiro, 1981, p. 14)
No século 19:
a) consolidação de um conceito moderno de Ciência, basicamente voltado ao seu caráter sistemático e coerência lógico-formal; 
b) separação entre teoria e práxis (não obstante a funcionalização prática da teoria);
Saber jurídico como atividade essencialmente teórica, presidida por uma atitude axiologicamente neutra e tendencialmente descritiva; 
c) superação das (modernas) doutrinas de Direito Natural e a historificação do objeto do saber; identificação entre os conceitos de Direito e norma jurídica (Lei) num primeiro momento, e, a seguir, entre Direito e sistema conceitual de Ciência; 
d) consolidação de um conceito moderno de Estado caracterizado pelo monopólio estatal da violência física, da criação e aplicação do Direito por processos decisórios e a consequente estatização, normativização (codificação) e positivação do Direito; 
e) separação de poderes, com a distribuição de competências do monopólio estatal da criação e aplicação do Direito entre o Poder Legislativo e o Judiciário, tornado independente e "autônomo"; 
f) ênfase sobre a segurança jurídica como certeza de uma razão abstrata e geral, resultante de um Estado soberano.
O paradigma dogmático é tributário tanto do discurso cientificista quanto do discurso estatalista-Iegalista do século XIX, encontrando-se geneticamente vinculado à promessa epistemológica de edificação de uma "Ciência do Direito” e à promessa funcional de racionalização da práxis jurídica típica do Estado moderno.
Ele ser histórico não impede uma vocação universalista, uma vez que ele se liberta, posteriormente, de sua estrutura histórica originária para ser recebido (por um processo de transculturação) por diversos países da América Latina.
Descontextualização do Direito operada pela Dogmática Jurídica que, assentando na conversão da juridicidade num espaço abstrato (vazio) e num tempo igualmente abstrato (cronológico), torna-se suscetível de ser apropriada em espaços e tempos diversificados.
Problema: é tão forte a identificação moderna entre Ciência Jurídica e Dogmática Jurídica que se acaba estendendo este modelo a culturas jurídicas onde ele inexistia, como a romana e a medieval.
O que há de novo no método dogmático é a chamada "construção jurídica", em cujo âmbito a interpretação e o sistema serão também redefinidos relativamente àquelas raízes.
Dimensão "hermenêutico-analítica" de materialização da Dogmática Jurídica (tarefa metódica da interpretação à construção do sistema). 
"O problema básico da atividade jurídica não é apenas a configuração sistemática da ordem normativa, mas a determinação do seu sentido.( ...) Método e objeto são questões correlatas, cujo ponto comum é o problema do sentido."
Dimensão "propedêutica": produção teórica prévia à hermenêutico-analítica, consistente na (re)produção de teorias majoritariamente compartilhadas.
O paradigma dogmático de Ciência Jurídica atinge sua maturação com o positivismo jurídico.
As raízes do positivismo jurídico se encontram já na Escola histórica (rejeição ao racionalismo e ao universalismo do jusnaturalismo moderno e o deslocamento do objeto da Ciência Jurídica para um dado sensível da experiência).
A Dogmática Jurídica possui uma origem plural, que impossibilita captar nela um corpo doutrinário homogêneo. Trata-se de um conceito essencialmente complexo.

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