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GUANABARA, Ricardo. Visões alternativas do direito no Brasil (RESUMO)

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GUANABARA, Ricardo. Visões alternativas do direito no Brasil
Resumo 1	2
Resumo 2	5
Resumo 3	7
Introdução:	7
Definindo os alternativos:	7
O uso alternativo do direito: (1)	7
O direito achado na rua: (2)	8
Uma crítica ao direito alternativo:	9
Conclusão:	9
Resumo 1
O termo 'direito alternativo' admite diversas correntes, com propostas distintas, apesar de terem pontos de contato.
Analisaremos duas:
1)uso alternativo do direito- utilizada por magistrados gaúchos e propõem utilizar a justiça de forma mais flexível
2) direito alternativo- não valoriza o que existe do juridico, propõem construir novo direito, 'insurgente'. 
Sentido da palavra 'alternativo':
-França- aversão à juridicidade, pois os franceses evitam a justiça, buscando mediação. É o contrário do que ocorre nos EUA, que busca juridicizar tudo
-Brasil- subversão do ordenamento jurídico existente, partindo de dentro ou de fora do estado. 
Corrente 1) coloca a magistratura no centro do movimento, e a justiça ao lado dos oprimidos, procurando adaptar normas jurídicas às necessidades dos setores populares, e considerando a neutralidade do judiciário um mito. 
Corrente 2) coloca as comunidades como autoras da luta pelos seus direitos. Prestação de serviços jurídicos aos trabalhadores, enfatiza a necessidade de um direito insurgente das classes oprimidas, por fora do estado. Busca criar um novo direito a partir dos próprios dominados.
Os precursores desses direito alternativo tem sua origem na italia. Foram criticados por muitos autores conservadores, mas acabaram ganhando destaque pelo seu preparo, pelo apoio dos partidos politicos progressistas e pela imprensa francesa. Era uma epoca de muitas reinvindicações sociais, e a instituição juridical vigente precisava aplicar a lei a uma sociedade que estava sofrendo muitas mudanças.
Os juizes italianos possuiam tendências:
estrutual-funcionalista, enfatiza valores de ordem e segurança juridical. Representada por conservadores e moderados, defensores da tradição no judiciário.
Conflitismo pluralista-reformista. Buscava mudança social e judicial, buscando aprofundamento da democracia.
Conflitismo dicotômico de tipo marxista- juizes que utilizam direito alternativo, intenção de sociedade mais igualitária.
No Brasil, os juizes que fazem uso do direito alternativo só apareceram
na segunda metade dos anos 80, no RS, quando magistrados gauchos se reuniram para discutir sobre a Constituinte do ano seguinte.Houve convergencia de muitas ideias, inclusive a de eleicões diretas para desembargadores e presidentes dos tribunais. A união se consolidou com o grupo de filosofia do direito, na faculdade que seria a única a ter a cadeira de direito alternativo.
Sobre a 1 corrente, uso alternativo do direito:
A maioria dos juizes alternativos, ainda hoje, recebem muitas criticas pelas afirmações e questionamentos que fazem referente ao funcionamento dos tribunais e da ideia de justiça. Esses juizes se preocupam em fundamentar suas ideias.
Amilton Carvalho- uso alternativo do direito é instrumento para os que desejam botar o seu conhecimento a favor da emancipação popular; através de uma incipiente democratização, o direito se tornaria instrumento necessário para que as classes populares resistissem à dominação. O judiciario deveria ser um espaço para que os cidadão lutassem pelos seus direitos.
O movimento alternativo tem ganhado muitos adeptos. A. Carvalho diz que não significa negação às leis, visto que essas são essenciais para a vida em sociedade, mas uma busca para que as mesmas sejam justas e comprometidas com a maioria da população, através da separação entre direito e lei. É preciso superar o legalismo estreiro sem abdicar dos principios gerais do direito.
Esses juizes gauchos sofrem criticas de que estariam tentando substituir os legisladores. Carvalho responde que os legisladores atuam em serviço da classe dominante, do capital, o que gera injustiças por nao considerar as particularidades. Seria, portanto, função do judiciário corrigir e alterar situações não previstas pelo legislativo, e não somente buscar a intenção do legislador. Sendo a lei apenas um referencial, o judiciário, que é um Poder de Estado, deveria buscar o melhor para o povo. Segundo Carvalho, o que gera instabilidade são as leis injustas, o que acabaria caso fosse aplicado amplamente o direito alternativo.
Carvalho define que o direito alternativo busca utilizar o sistema juridico já instituido, utilizando-se das suas ambiguidades, lacunas e contradições de forma democratizadora, buscando, através de interpretação qualificada e diferenciada, o avanço das lutas populares e democratização das normas. É o chamado positivismo de combate, que significa a valorização das leis que representem conquistas populares. As leis deveriam estar de acordo com os pincipios universais, como o direito à vida e à liberdade; a lei violando esses principios, o juiz estaria autorizado a negar a vigência da lei.
Os juízes dessas correntes alternativas negam a ideia de juiz alheio aos setores sociais mais desfavorecidos. Quanto mais apegado ao texto da lei, mais o juiz estará submisso aos poderosos. O juiz deverá se aproveitar das contradições e espaços para interpretar favoravelmente aos menos favorecidos.
Tarso Genro- apoia o direito alternativo, defende que o juiz deve ser criador de direito, não de forma arbitraria, mas de forma a preservar os direitos dos homens a partir de princípios que já estão postos na historia.
O direito alternativo é utilizado não só em âmbito cível mas também penal. Quanto ao direito penal, os alternativos afirmam que o CP brasileiro favorece os ricos e é duro com os pobres; buscam, portanto, alterar essa realidade, buscando maior relevância dos crimes contra patrimônio publico e maiores penas para a corrupção. Buscam, também, diminuição de penas para alguns crimes e descriminalização de outros, assim como tratamento humano nas penitenciarias. Querem, também, maior destaque para crimes contra a moral, como sedução, prostituição, que hoje tem tendência à absolvição.
Decisões ´gaúchas´ vem ganhando espaço na jurisprudência, como as referentes às invasões dos sem-terra. 
Sobre a 2 corrente, direito alternativo:
Defensores dessa corrente defendem a necessidade de educar a população para que essa busque seus direitos, substituindo um direito ‘oficial` por um autentico, vindo das ruas. Sendo o Estado defensor das classes dominantes, esse novo direito insurgente deveria formar uma democracia fora do Estado, e visaria a defender os interesses dos desfavorecidos.
Projeto ‘ o direito achado na rua´- ensinamentos jurídicos para comunidades sindicais, religiosas... ensinamentos das relações jurídicas praticadas no dia a dia, sem destaque para os códigos. Projeto critico ao direito vigente, à neutralização e à despolitização. Privilegia a politização da questão politica, buscando a criação de um novo sistema.
Antonio Carlos Wolkmer analisa sistema atual como burguês-capitalista, que se baseia em proposições criadas pelo estado e aplicadas pelos juízes, não considerando as relações não-oficiais, existentes em associações, comunidades, segmentos sociais. Sendo o direito atual incapaz de realizar suas funções, Wolkmer diz que é necessário um novo ordenamento que contemple a crise de produção e administrativa do Estado. Contemplação das massas.
O novo direito questiona os valores, busca reconhecimento de práticas sociais como pluralismo jurídico. Para Boaventura, esse pluralismo jurídico significaria uma forma alternativa de poder, pois apresentaria formas internas de resoluções de conflitos, que vigorariam ao lado do direito oficial.
Seguindo a ideia de Boaventura, Welkmer diz que, além de racionalidade emancipatória e ética politica libertadora, é necessário resgatar um novo sujeito histórico, que não seriam as oligarquias ou os setores médios, mas as grandes massas, organizadas ou não. 
Wilson Ramos Filho- diferença entre direito alternativo e uso alternativo do direito. Direito alternativosignifica que nem todo poder emana do estado, por isso o povo acaba criando um direito alternativo, com maior legitimidade e sem se importar se tem valor para o Estado. Há formuladores que buscam dotas esse direito alternativo de fundamentação teórica, para lhe conferir mais força.
O ordenamento jurídico tem impedido as aspirações legitimas da sociedade, e por isso o juiz deveria apoiar o direito supralegal, como forma de recuperar a justiça. O direito burguês oculta as relações de domínio. Cabe aos intelectuais jurídicos garantir força ao direito alternativo, das ruas, negando o monopólio do Estado.
Há a proposta, ainda mais ousada do que o direito alternativo, de que o direito das ruas seja utilizado pelas instituições atuais, isto é, pelo Ministerio Publico.
-Criticas ao direito alternativo
Luciano Oliveira tem uma perspectiva critica. Reconhece que as propostas do uso alternativo do direito são menos drásticas do que o direito alternativo, pois pretende uma mudança jurídica ‘por cima´, já o direito alternativo propõem a criação de novos direitos pela perspectiva dos dominados.
A principal critica ao direito alternativo está na recusa deste de aceitar o formalismo e positivismo dos juristas, sem esforço para identificar diferenciações no direito atual, como a divisão entre direitos políticos e civis e direitos socio-economicos. Ao condenar os direitos já existentes no Brasil, não consideram que os direitos civis e políticos já estão protegidos pelo direito positivo, devendo a busca se centrar na sua implementação. Já quanto aos direitos econômicos, a tarefa seria de criar novos direitos. A não valorização do direito já garantido pode se voltar contra as classes populares, pois elas são as maiores vitimas da arbitrariedade.
A aplicação única do ‘direito das favelas ´ pode violar os direitos estatais já garantidos, como os fundamentais, violando os direitos humanos. Isso ocorreria quando ocorresse um julgamento interno, com punições próprias. 
O autor adverte sobre o perigo de não valorizar pontos importantes do direito vigente. A luta deve se focar na criação de mais direitos para os desfavorecidos, e nas questões civis e politicas, na implementação dos direitos já instituídos. 
-conclusão
Discute-se muito a democratização do judiciário. Foi abordado duas formas de mudança:
Corrente 1- uso alternativo do direito, mudança de dentro e por alto, utilizando instrumentos e instituições já existentes. Interpretação dos espaços vagos das leis.
Corrente 2- direito alternativo, não valoriza textos e instituições legais existentes, mas os relacionamentos jurídicos das sociedades. Direito insurgente, não valoriza esforços já garantidos.
Para ambas correntes, o trabalho será árduo, pois as faculdades ensinam, cada vez mais, o direito positivado nos códigos.
Resumo 2
O direito alternativo tem diferentes sentidos em cada país. Na França, por exemplo, o sentido alternativo refere-se ao uso cada vez maior da mediação para a solução de conflitos.
No Brasil, o direito alternativo busca, de certa forma, uma subversão do ordenamento jurídico existente, seja a partir de dentro do Estado, seja a partir de fora, com a mobilização de setores organizados da sociedade. 
Distinguem-se, no Brasil, as seguintes correntes de direito alternativo: “uso alternativo do direito” e “direito achado na rua” ou “direito insurgente”. Ambas compartilham da visão marxista como crítica ao direito, pretendendo colocar a justiça ao lado dos oprimidos. A ideia de pluralismo jurídico permeia os textos alternativos, tendo como fonte o estudo de Boaventura de Sousa Santos, realizado nos anos 70 no Brasil, no qual observou formas de legalidade alternativa (direito de Pasárgada).
	USO ALTERNATIVO DO DIREITO
	DIREITO ACHADO NA RUA
	Matriz europeia (Itália – final dos anos 60 e 70)
	Matriz latino-americana
	Centra o movimento na magistratura
	Centra o movimento na própria comunidade
	Parte do direito oficial vigente
	Pretende a criação de um direito insurgente das classes oprimidas, gestado fora do Estado
	Procura adaptar as normas jurídicas existentes às necessidades dos setores populares (por isso vê a neutralidade do poder judiciário como mito)
	Busca a conscientização das classes populares por meio da educação legal e política, para que possam demandar soluções para seus problemas
	No Brasil, desenvolveu-se a partir da segunda metade dos anos 80 (Congresso da Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul - 1986), destacando-se a atuação do juiz Amilton Bueno de Carvalho
	O projeto “Direito Achado na Rua” foi desenvolvido na Universidade de Brasília, para proporcionar educação jurídica a distância a grupos como organizações sindicais, associações de bairro, comunidades religiosas
	Não nega a lei, mas quer que ela seja justa e comprometida com a maioria da população (quando necessário, há de se separar direito e lei). Então é preciso superar o legalismo estreito, sem perder de vista os princípios gerais do direito. Caberia ao judiciário corrigir situações não previstas ou mal previstas (buscar o melhor para povo; a lei é apenas um referencial). Nega a validade da lei injusta. O juiz deve fazer uma interpretação da lei comprometida com os excluídos. Principal instrumento é a hermenêutica (art. 5 da LINDB - Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum)
	Busca a paulatina substituição do direito oficial por um direito “autêntico”, vindo da sociedade. A nova ordem jurídica deve privilegiar os direitos humanos e as carências dos setores subalternos. Nem todo direito emana do Estado. Os diversos grupos sociais produzem e praticam um direito com maior legitimidade do que o direito oficial, e paralelo a este.
	Crítica: os juízes estariam tentando substituir os legisladores (nesse sentido, Amilton de Carvalho argumenta que os legisladores estariam a serviço da classe dominante) 
	
Crítica ao direito alternativo: na visão de Luciano Oliveira, a corrente do uso alternativo é menos radical do que a do direito achado na rua, tendo em vista suas propostas de mudança jurídica “pelo alto”, enquanto este último busca rechaçar o direito estatal e seu “racionalismo positivista”. Assim, ao se condenar os direitos já existentes ou alegar a sua inexistência (dado o enorme peso da questão social no país), os alternativos ignoram que os direitos civis e políticos já estão protegidos pelo direito positivo, devendo, então, a tarefa ser a de buscar sua implementação efetiva. Quanto aos direitos sócioeconômicos, aí sim, trata-se de realmente criar novos direitos.
Resumo 3
Introdução:
Duas correntes do “direito alternativo”: 
1 - “Uso alternativo do direito” é capitaneada por magistrados gaúchos e se propõe usar o arcabouço legal da Justiça de maneira mais flexível. 
2 - “Alternativa” não valoriza o arcabouço jurídico existente e propõe-se construir um novo direito denominado “insurgente” ou “achado na rua”. 
Definindo os alternativos:
(FR: percorre o sentido contrário da sociedade norte-americana, ou seja, recorrem a agência de mediação que tem como objetivo resolver conflitos e evitar o recurso à justiça “oficial”.)
Brasil: busca, de certa forma, uma subversão do ordenamento jurídico existente. 
1 - “uso alternativo do direito” parte da própria prática judicial e coloca a magistratura no centro do movimento. Justiça “do lado dos oprimidos”. Procura adaptar as normas jurídicas existentes às necessidades dos setores populares. (reconhecida influência europeia)
2 – Coloca as próprias comunidades como atores principais na luta pelos seus direitos, reivindicando um maior grau de educação para os segmentos populares para que possam demandar soluções para seus problemas. (matriz latino-americana)
O uso alternativo do direito: (1)
Movimento de juízes brasileiros, sobretudo gaúchos, têm produzido sentenças polêmicas e causado contrariedade. Se espelham no movimento “Jurisprudência Alternativa” da Itália do final dos anos 60/70 que recebeuapoio dos partidos políticos “progressistas”. Boaventura de Sousa Santos aponta 3 grandes tendências entre os juízes italianos: a)”estrutural-funcionalista”: enfatiza os valores da ordem e da segurança jurídicas e é representada por juízes conservadores e moderados; b) “conflitivismo pluralista”: defensora da mudança social e da organização judiciária visando ao aprofundamento da democracia dentro do Estado de direito; c) “conflitivismo dicotômico de tipo marxista”: abriga juízes que fazem um uso alternativo do direito, cujo objetivo é conferir à magistratura uma função criadora na construção de uma sociedade “mais igualitária”. 
No Brasil: movimentos começa a se solidificar e se institucionalizar só na segunda metade dos anos 80. 
Afirmações de Amilton Bueno que traduz o movimento: 
“Eu ensino a usar o direito para a emancipação da classe trabalhadora.” ou “O justo está no compromisso com a maioria do povo, que obviamente, no regime capitalista, é explorada.”
Doutrina e fundamentação do uso alternativo do direito: 
Segundo Amilton Carvalho: instrumental teórico e prático de profissionais que querem colocar seu desejo/atuação a serviço da “emancipação popular”. “incipiente democratização” em que o direito seria instrumento indispensável para a classe popular resistir à “dominação/exploração”. Assim, Judiciário deveria ser uma “arena democrática”, disponível aos cidadãos para que lutassem por seus direitos. O uso alternativo do direito não se caracteriza pela negativa da lei, que é uma “conquista da humanidade”, não sendo possível viver em sociedade sem normas, sejam escritas ou não. Um ponto fundamental do uso alternativo é a separação entre direito e lei, quando necessário. Sendo um poder do Estado, caberia ao Judiciário “buscar o que é melhor para o povo”, já que a lei “é apenas um referencial”. Essa prática se utiliza do sistema jurídico positivado e já instituído, através das seguintes possibilidades: “utilização das contradições, ambiguiudade e lacunas do direito legislado, sob uma ótica democratizante” com vistas a buscar, “via interpretação qualificada e diferenciada”, espaços que possibilitem o “avanço das lutas populares e permitam uma democratização das normas”. As posições concernentes ao uso alternativo do direito recusam uma visão de neutralidade do direito da Justiça e um compromisso de alinhamento aos setores sociais mais desfavorecidos. Conforme Horácio Rodrigues, o instrumento principal nesse processo é a hermenêutica, possibilitada no caso brasileiro pela própria legislação do país, conforme atesta art. 5º da Lei de Introdução ao Código Civil: “Na interpretação da lei, o juiz atenderá aos fins solciais a que ela se destina e às exigências do bem comum”. 
Jurisprudência “alternativa”
âmbito criminal: aumento da pena para o crime corrupção e diminuição para crimes como furto; âmbito trabalhista: proteção do direito de greve; âmbito cívil: devolução de parcelas corrigidas a consumidores desistentes de consórcios... 
O direito achado na rua: (2)
	Convicção de que é preciso “educar”, política e legalmente, as classes populares visando à sua conscientização e à organização de um movimento que busque paulatinamente a substituição do direito “oficial” vigente por um direito “autêntico”, vindo da sociedade → fundar uma nova “democracia” fora desse Estado, constituída por novos agentes, num esforço de criação de um novo direito, denominado “insurgente” e das “classes oprimidas”. 
	“O Direito Achado na Rua” (UnB) → preocupa-se menos com o direito dos códigos, lecionado nas universidades, e mais com as diversas relações jurídicas praticadas no dia a dia das sociedades. 
	O “novo direito” procura lutar, entre outros pontos, pelo “questionamento dos valores”, pela “fundamentação de uma ética política de práxis-comunitária”, pela “redescoberta de um novo sujeito histórico e pelo reconhecimento dos movientos e práticas sociais como fontes do pluralismo jurídico”. A ideia de pluralidade tem como matriz Boaventura de Sousa Santos nos anos 70 no Brasil. 
	Wilson Ramos Filho enfatiza as diferenças entre Direito Alternativo (1) x Direito Achado Na Rua (2):
– parte da ideia de que”nem todo direito emana do Estado, sobretudo na América Latina, onde predomina a instabilidade institucional e há uma impermeabilidade do sistema jurídico.”
- predomina a ideia de que os ordenamentos jurídicos têm “obstaculizado as aspirações legítimas da sociedade”. O “direito achado na rua” sustenta que os grupos “espoliados” e “oprimidos” são capazes de gerar um direito paralelo ao direito estatal. 
Uma crítica ao direito alternativo:
Luciano Oliveira insere o direito alternativo em um movimento mais amplo, denominado “perspectiva crítica” a qual não forma um bloco monolítico e ressalta que a corrente do uso alternativo do direito é “menos radical” do que a do direito alternativo, exatamente por suas propostas de mudança jurídica “pelo alto”. A principal crítica está na recusa geral dessa corrente ao formalismo e ao positivismo dos juristas. Na visão dele, há que se criar direitos sócio-econômicos, mas também valorizar o legalismo no que se refere à dimensão dos direitos civis e políticos já consagrados pelo ordenamento jurídico.
Conclusão:
- “uso alternativo do direito”: sugere uma mudança “a partir de dentro e pelo alto” do quadro jurídico do Brasil, com a utilização do instrumental e das instituições já existentes de forma a servir aos segmentos mais desfavorecidos da sociedade. Interpretar a lei visando a proteger o mais fraco socialmente parece ser o guia de ação desses magistrados, sobretudo gaúchos, que se aproveitam das lacunas e contradições do direito, mas não se furtam a, se for preciso, julgar contra os textos legais para “fazer justiça”.
- “direito achado na rua” (“direito insurgente”): sugere uma mudança jurídica mais profunda, já que valoriza, não os textos e instituições legais vigentes, mas os relacionamentos jurídicos não oficiais praticados diariamente pela comunidades, associações profissionais, de moradores etc. Abrigam-se sob o rótulo “direito alternativo”. Todos criticam fortemente os textos legais em vigor no Brasil e propõem sua substituição por um “novo direito”, ignorando esforços feitos no Brasil dos últimos anos para dotar o país de leis garantidoras da liberdade e da integridade individual.

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