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5. contrato de doação

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D) CONTRATO DE DOAÇÃO
I – CONCEITO OU DEFINIÇÃO (art. 538): É contrato em que uma pessoa, por liberalidade, transfere de seu patrimônio bens ou vantagens para o de outra, que os aceita.
II – PARTES: 
doador – sujeito passivo 
donatário – sujeito ativo
III - NATUREZA JURÍDICA
Duas doutrinas principais, uma que entende que a doação tem natureza contratual e outra que diz que não tem. Prevalece no nosso ordenamento que a natureza jurídica da doação é a de um contrato. A doutrina contrária diz que não é contrato porque não geraria obrigação para as duas partes, mas apenas para o doador. Por certo, ainda que seja um contrato unilateral, ainda é um contrato
Enfim, é a doação um contrato que transfere o domínio, ou seja, é um contrato relativo à transmissão gratuita de situações patrimoniais.
IV – CARACTERÍSTICAS DO CONTRATO DE DOAÇÃO
a) TIPICO (arts, 538 a 564)
b) PURO – não é mistura de dois ou mais outros contratos
c) CONSENSUAL OU FORMAL, dependendo do valor da doação, se for baixo é consensual, se o valor for alto é formal (art. 108).
d) GRATUITO – uma vez que o donatário não sofre nenhum ônus, ou seja, à prestação do doador não corresponde qualquer contraprestação do donatário. Constitui liberalidade, em geral não é imposto ônus para donatário. Será Oneroso se houver imposição de encargo.
e) UNILATERAL – já que somente o doador tem obrigações, poderá ser bilateral se onerado com encargos.
f) PRÉ-ESTIMADO, já que desde o momento da celebração já se sabe seu objeto, contudo pode ser aleatório. Exemplo doação de uma safra determinada.
g) DE EXECUÇÃO IMEDIATA OU FUTURA – normalmente se executa tão logo celebrado, mas nada impede que seja executado no futuro.
h) NEGOCIÁVEL – uma vez que as cláusulas podem ser, ao menos em tese, negociadas.
i) INTUITO PERSONE – é celebrado em função da pessoa do donatário, não se transfere por herança.
	V – REQUISITOS
SUBJETIVOS: 
animus donandi (consentimento e a liberalidade) o donatário tem que manifestar a sua aceitação (consentimento), não pode ser compelido (art. 539) e a liberalidade traduz-se na vontade de doar sem esperar nada em troca.
	Aceitação pode ser:
Tácita: revelada pelo comportamento; quando a doação é feita em contemplação de casamento futuro com certa e determinada pessoa e o casamento se realiza (art. 546).
Expressa: verbal, escrita ou mímica.
Presumida: quando doador fixa prazo para donatário para declarar se aceita ou não a liberalidade. Se não se manifestar, presumi-se aceitação. Salvo se for doação com encargos.
	
OBS. Elemento Essencial da doação: Além de aceitação é a LIBERDADE!!! Nunca pode ser forçada.
	Não há “aninums donandi”:
	- na atividade do proprietário ou do credor que deixa consumar usucapião ou a prescrição;
Na venda por baixo preço, salvo se este for simbólico;
Na concessão de gorjetas, prestação de serviços gratuito...etc.
Se o doador morrer antes da aceitação esta prevalece, se o donatário morrer antes da aceitação extingue-se o contrato.
	
Capacidade civil: Em contrato de doação exige-se a mesma capacidade ativa para a celebração dos contratos em geral.
1) Para os doadores exige-se:
Doação do cônjuge adúltero:
A doação feita pelo cônjuge adultero ao amante é anulável, pelo cônjuge ou herdeiro necessário, em até dois anos após a dissolução da sociedade (art. 550).
Doação de ascendente a descendente:
Todavia não vigora a restrição imposta aos ascendentes, no caso de permuta ou venda a descendentes. Não necessitam o ascendente da anuência dos demais descendentes, nem do cônjuge para doar a um descendente, importando adiantamento de legítima a doação de ascendente a descendente ou de um cônjuge a outro. (art. 544 CC).
Doação entre cônjuges
	Doação entre marido e mulher, se for universal e no caso de parcial 	adquirido depois do casamento é inócua. No caso de separação total é 	perfeitamente possível. Ou seja, pode haver doação entre cônjuges desde 	que não vise a burla do regime de casamento.
Sendo que, em qualquer hipótese, não sendo o regime de casamento a separação de bens ou participação final nos aquestos (se bem individual), e no caso do bem a ser doado ser imóvel, é necessário a outorga do outro cônjuge para a doação (art. 1656). O ato praticado sem outorga é anulável, podendo ser anulado até dois anos após o término da sociedade conjugal.
Doação de subvenção periódica
(Art. 545) A doação em forma de subvenção periódica ao beneficiado extingue-se morrendo o doador, salvo se este outra coisa dispuser, mas não poderá ultrapassar a vida do donatário.
Da sobrevida do doador em relação ao donatário
(Art. 547) O doador pode estipular que os bens doados voltem ao seu patrimônio, se sobreviver ao donatário.
Parágrafo único. Não prevalece cláusula de reversão em favor de terceiro.
2) Para os donatários exige-se:
Doação feita a nascituro 
(art. 542). A doação feita ao nascituro valerá, sendo aceita pelo seu representante legal.
Doação feita a incapaz (menor ou interditado)
	(Art. 543) Se o donatário for absolutamente incapaz, dispensa-se a 	aceitação, desde que se trate de doação pura. 
Doação em contemplação de casamento
(Art. 546) A doação feita em contemplação de casamento futuro com certa e determinada pessoa, quer pelos nubentes entre si, quer por terceiro a um deles, a ambos, ou aos filhos que, de futuro, houverem um do outro, não pode ser impugnada por falta de aceitação, e só ficará sem efeito se o casamento não se realizar.
OBJETIVOS: 
É a transferência de valores ou vantagens do patrimônio do doador para o do donatário. Sendo que tal diminuição patrimonial tem que ser concreta, sendo que alguns doutrinadores entendem que gorjetas ou esmolas não são doações, pois tem valores irrisórios.
	Não há restrições.todo bem livre no comércio pode ser objeto de doação, sendo porem proibidas as doações a título universal (doação de todo patrimônio), se ficar os bens suficientes para a subsistência.
Da doação que inviabilize a subsistência do doador
(Art. 548) É nula a doação de todos os bens sem reserva de parte, ou renda suficiente para a subsistência do doador.
Da doação em parte superior à que poderia dispor em testamento
(Art. 549) Nula é também a doação quanto à parte que exceder à de que o doador, no momento da liberalidade, poderia dispor em testamento.
50% do patrimônio deve ser reservados aos herdeiros necessários, podendo assim doar apenas 50% do que tiver no ato da doação.
	Da obrigação do cumprimento dos encargos
	(Art. 553) O donatário é obrigado a cumprir os encargos da doação, caso 	forem a benefício do doador, de terceiro, ou do interesse geral.
	Da doação de bens futuros e de herança de pessoa viva
	São perfeitamente válidas as doações de coisas futuras (filhote do 	cachorro) mas é nula a doação de herança de pessoa viva.
	Da doação a entidade
	(Art. 554) A doação a entidade futura caducará se, em dois anos, esta não 	estiver constituída regularmente.
FORMAIS: 
No caso de bens imóveis é essencial a escritura pública, se o bem tiver valor superior a 30 salários mínimos (art. 108) e contrato escrito se tiver valor menor. No caso de bens móveis o contrato escrito é exigido para bens de valor alto e dispensável p
ara os de pequeno valor ou quando a tradição se dá de plano.
VI - CLASSIFICAÇÃO 
Pura e simples – nada é exigido do donatário que recebe o bem doado sem qualquer condição ou encargo.
Condicional – é a doação subordinada a ocorrência de evento futuro e incerto, ou seja, implemento de condição. Tais condições podem ser suspensivas (doação condicionada a casamento ou formatura) ou resolutiva (quando se estipula que o bem retornará ao doador se este tiver sobrevida do donatário”.
Modal ou com Encargo – é aquela que sujeita do donatário à realização de uma tarefa. A doação pode se dar em interesse geral(doar para construir escola), em interesse do donatário (dou o dinheiro para que o donatário termine os estudos), em interesse do doador (dou o carro, mas que o donatário me leve todo dia ao hospital), ou em favor de terceiro (dou o dinheiro para A, mas para este comprar um casa para B).
Normalmente se estipula um prazo para o cumprimento do encargo, se não houve o doador deverá notificar o donatário para cumprir em um prazo razoável, caso não cumpra o encargo poderá o doador exigir tal cumprimento sob pena de revogação da doação.
Art. 553. O donatário é obrigado a cumprir os encargos da doação, caso forem a benefício do doador, de terceiro, ou do interesse geral.
Se a doação for em interesse geral, após a morte do doador o MP pode exigir o cumprimento do encargo. O doador pode pedir a revogação o MP apenas o cumprimento. (art. 553, parágrafo único).
Bilateral e oneroso ou unilateral e gratuito? 
Diferença entre contra prestação e encargo: contra prestação é benefício que reverte em favor de uma das partes em contra partida por sua prestação. Já encargo não e contra partida por benefício, posto que, em regra não reverte em favor da parte que realizou a prestação, mesmo quando assume encargo em favor do doador não é contra prestação (dou o carro para que me leve às compras uma vez por semana).
Assim o contrato de doação é gratuito e é bilateral (gera obrigações para ambas as partes).
Remuneratória – quando vise remunerar, a título de agradecimento. Ex. gorjeta.
Meritória – quando do doador quer contemplar o o merecimento do donatário (doação de carro por ter passado no vestibular).
Inter vivos ou causa mortis – Em regra no nosso ordenamento a doação é ato inter vivos, causa mortis é inventário e não doação, mas admite-se a situação de doação causa mortis na doação propter nuptias, ou seja, que é doação feita a um dos cônjuges com a condição de valer apenas após a morte do doador. A doa o bem a B com condição de se casar, mas a doação somente se efetivará quando A morrer.
Indenizatória – Tem por objetivo compensar alquem por algum prejuízo sofrido.
VII – PROMESSA DE DOAÇÃO:
Pura e simples - Se a doação for pura e simples (a doutrina se divide) contudo, se o donatário tiver de recorrer ao Judiciário para fazer prevalecer a promessa a doação perderá o animus donandi, o espírito de liberalidade, essencial à validade da doação. Dessa forma, o máximo que se poderia exigir seria perdas e danos, caso se prove que a promessa tenha gerado algum prejuízo. Ex. A promete a B que pagará o estudos de seus filhos, B matricula os filhos, pagando a matricuala, e A não cumpre a promessa. Contudo, há que se analisar, sempre, o caso concreto.
Com Encargos - Se a doação for gravada com encargos é claro que pode ser exigida, uma vez que se tenha sido realizado o encargo.
Efeitos:
Obrigacional - A promessa de doação gera efeito obrigacional tão somente, posto que a transferência da titularidade somente se dá com a tradição (bens móveis) e registro no SRI (imóveis), dái se dizer que o efeito é meramente obrigacional e não real. 
Irrevogabilidade - Em regra a doação é irrevogável, salvo as hipóteses legais.
Doação a título universal - É vedada a doação a título universal sem reservar bens para a sua subsistência, contudo pode fazer a doação a título universal se reservar para si o usufruto do bem.
Cláusulas de restrição - A doação pode ser gravada com cláusula de inalienabilidade (não pode vender, doar, trocas), impenhorabilidade (não responde por dívidas do donatário) e incomunicabilidade (em caso de casamento o bem não se comunica, independentemente do regime de casamento).
Reversão - O doador pode gravar que o bem lhe retorne em caso de morte do donatário, contudo não pode estabelecer que se o donatário morrer o bem passara a outrem (seria testar pelo donatário) isso é vedado.
Vícios Redibitórios e evicção – Nas doações puras o doador não responde por vícios redibitórios, nem pela evicção, salvo pela evicção no caso de casamento com certa pessoa e não houve cláusula exoneratória. Contudo nas doações com encargos responde pela evicção e vícios redibitórios.
VIII – INVALIDADE DA DOAÇÃO:
A doação pode conter vícios graves, o que gera a anulação da doação a qualquer tempo, ou pode conter defeito leve, o que gera a faculdade do interessado de pedir a anulação do ato sujeita a prazo decadencial.
Vícios graves que geram a nulidade da doação (ato nulo):
Incapacidade absoluta do doador
Objeto impossível (LUA)
Forma inadequada
Doação Universal sem reserva de usufruto ou de bens suficientes para a subsistência do doador
Doação de um cônjuge a outro se o bem pertence ao patrimônio comum do casal (no regime da comunhão parcial, separação de bens e participação final nos aquestos) pois configuraria fraude ao regime de casamento. Ex. Separação obrigatória no casamento de idosos.
Doação inoficiosa (aquela que fere a legítima dos herdeiros necessários. Se o doador tiver descendentes, ascendentes ou cônjuge, só pode doar metade de seu patrimônio (parte disponível) a outra metade é a herança legítima, reservada aos herdeiros necessários, ainda em vida do doador. Tal defeito não vicia toda a doação, mas apenas a parte que ferir a legítima. Nesse caso será a doação reduzida para tal patamar.
Doação Simulada – Exemplo quando o pai simula venda ao filho para na verdade esta doando, apenas com o objetivo de não caracterizar adiantamento de legítima.
Vício leves que geram a possibilidade de anulação da doação (ato anulável)
Incapacidade relativa do doador – Prazo decadencial para se pleitear a anulação é de 4 anos a contar do dia em que cessar a incapacidade.
fraude contra credores (a fraude é presumida quando a doação é feita para descendentes ou ascendentes) Cabe ao credor a ação pauliana ou revogatória para anular a doação. O prazo para a anulação será de 4 anos a contar do dia em que se realizou o negócio ou do ato em que se efetivou o registro da doação.
Fraude execução – quando o devedor aliena o bem já com conhecimento de uma ação de execução contra ele. Independente para quem foi doado.
Cônjuge Adultero ao cúmplice – prazo decadencial para pleitear a anulação é de 2 anos contados do dia da dissolução da sociedade conjugal. (art. 550)
IX – REVOGAÇÃO DE DOAÇÃO
Casos de Revogação (art. 555):
descumprimento do encargo – não cumpriu o fim a que se destina (art. 562).
Ingratidão – é a lei que estabelece o que vem a ser considerado ingratidão, e ocorre ingratidão: (art. 557)
Quando o donatário (quem recebe) atenta contra a vida do doador ou cometa crime de homicidio doloso contra ele.
Quando o donatário ofende fisicamente o doador
Quando o donatário calunia ou injuria gravemente o doador
Quando o donatário, podendo, se nega a prestar alimentos ao doador.
Obs: 
- Pode ocorrer também a revogação quando o ofendido, nos casos do artigo anterior, for o cônjuge, ascendente, descendente, ainda que adotivo, ou irmão do doador (art. 558)
- Não se pode renunciar antecipadamente o direito de revogar a liberalidade por ingratidão do donatário. (art. 556)
- A revogação por qualquer desses motivos deverá ser pleiteada dentro de um ano, a contar de quando chegue ao conhecimento do doador o fato que a autorizar, e de ter sido o donatário o seu autor. (art. 559)
- O direito de revogar não se transmite aos herdeiros (art. 560), salvo se homicídio doloso (art. 561). Morrendo o donatário transmite-se os bens doados aos herdeiros, uma vez que isso aconteça, a doação não pode ser revogada. A doação é então um direito personalíssimo.
- A revogação por ingratidão não prejudica os direitos adquiridos por terceiros, nem obriga o donatário a restituir os frutos percebidos antes da citação válida; mas sujeita-o a pagar os posteriores, e, quando não possa restituir em espécie as coisas doadas, a indenizá-la pelo meio termo do seu valor. (art. 563). Efeito ex nunc.
- Segundo o CC a revogação por ingratidãonos casos de homicidio tentado, ofensas físicas e atentado contra a honra a revogação pode se dar independentemente de ação penal, contudo, e for o donatário julgado inocente no penal a doação não poderá ser revogada.
Não são revogáveis por ingratidão:
as doações puramente remuneratórias (em relação a serviços prestados pelo donatário), sendo que aquilo que se sobrepor ao valor dos serviços pode ser revogado, pois não é mais puramente remuneratório. 
as oneradas com encargo já cumprido ( a existência do encargo desobriga o donatário do dever de gratidão);
as que se fizerem em cumprimento de obrigação natural (por ser inexigível)
as feitas para determinado casamento (pois as núpcias gera direito de terceiros, cônjuge e filhos do casal)

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