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Romildo de Godói 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CRIAÇÃO RACIONAL 
DE ABELHAS JATAÍ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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editora 
Copyright 1989 ícone Editora Ltda. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Coleção: Brasil Agrícola 
Produção: José Carlos Santa Luzia 
Capa: SantaLuzia /Anízio Arte-final: Anízio de Oliveira 
 Revisão: Rosa Maria Cury 
 
 
 
 
Todos os direitos reservados. 
Proibida a reprodução total ou parcial desta obra. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ÍCONE EDITORA LTDA. 
Rua Anhagüera, 56/66 - Barra Funda 
01135-São Paulo - SP. 
Tels. (011) 826-7074/826-9510
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este livro à minha amada Denise 
e a meus filhos: Robinson e Juliane 
e a todos que amam a Natureza 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Meus agradecimentos 
 
Aos amigos que tanto me incentivaram, dando-me 
forças para concluir este livro: 
 
José Roberto Locatelli Fonseca 
 
Dalziso dos Santos Filho e 
Lúcia Elena Pavão dos Santos 
 
 
 
 
 
 
e ao saudoso Francisco Ferreira de Almeida que me ensinou o canto dos 
pássaros, o nome dos bichos e deu-me, pela primeira vez, o mel de jataí, 
abrindo uma caixinha, despertando assim minha curiosidade de menino e o 
meu amor por estas abelhinhas e por toda a natureza. 
APRESENTAÇÃO 
 
Entre uma teoria e outra, as realizações de um administrador 
dependem da constante busca do prático e funcional através da observação. 
Foi assim que conheci Romildo de Godói, observador, prático e funcional 
em suas realizações. 
A observação é a característica do pesquisador. 
A praticidade, bem como a funcionalidade são propriedades comuns 
aos homens de ação e realização, sem rodeios que os tornem enfadonhos. 
Com essas características, Godói produziu o livro Criação Racional 
de Abelha Jataí, com a simplicidade que são realizadas as coisas da 
natureza, ressaltando o útil, o prático, o funcional, tal qual revelam as 
personagens principais do presente trabalho, as jataís. 
A originalidade do trabalho contribui para complementar as 
inúmeras publicações sobre outras espécies cultivadas no Brasil, 
proporcionando excelente fonte de consulta para os pesquisadores, além de 
possibilitar um tratamento mais científico às colméias conduzidas com fins 
domésticos e também comerciais. 
vel, de fácil compreensão, o autor aborda, com riqueza de detalhes, a vida e 
o manejo dessas nossas tão conhecidas (e também desconhecidas) 
abelhinhas. 
Além da parte técnica, de grande competência, sentimos ainda 
passar, nas entrelinhas, um grande respeito pela natureza e por tudo que dela 
vem, pois seu autor tem profunda formação humanística e sensitiva. 
Que este livro possa, guardadas as devidas distâncias, incentivar a 
colméia humana a trabalhar mais ao seu respeito às vidas que a cercam e 
que dela, de algum modo, dependem. 
Está de parabéns o autor deste trabalho, que muito me honrou com o 
pedido de seu prefácio. 
 
Gláucia Elisabete Duarte de Oliveira 
Prof de Ciências e Biologia por profissão e 
naturalista por opção 
PREFÁCIO 
 
Pequena bolha alada vem. Fábrica de mel e cera, chega a sua colméia 
e mergulha em seu mundo sempre escuro, cheio de trabalho e segredos. 
Dentro, em permanente azáfaraa, uma quantidade de pequeninos 
seres se agita, construindo e mantendo sua harmonia quase perfeita. 
Não há individualidade a zelar lá dentro. Tudo é pelo todo e para o 
todo. Para que a colônia dure e se expanda. Para que a espécie se perpetue. 
De fora, na luz, outro ser as observa. Um homem. Com carinho e 
infinita paciência vai coletando seus dados, pouco a pouco, como uma 
operária ao seu pólen. E como esse homem tem muito da índole dos seres 
que está a estudar, divide o que observou com os outros, que também o 
passarão adiante, numa bela seqüência de ensinamentos. 
Antes todos os homens assim o fossem! 
Neste livro, sobre as nossas tão amáveis abelhas jataís, os leitores 
irão encontrar ensinamentos ei orientações seguras de quem conhece, estuda 
e ama o que faz. Em linguagem acessí- 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A abrangência do presente trabalho permite recomendá-lo, à guisa 
de apresentação, a todos os naturalistas, leigos e pesquisadores, iniciantes e 
veteranos da apicultura, técnicos em geral, agrônomos e zootecnistas." 
Enfim, presta-se àqueles que desejam informações precisas e 
objetivas acerca do assunto. 
 
Sebastião Orlando da Silva 
Mestre em Administração Rural e 
Prof. assistente de Teoria Geral de Administração da 
Academia da Força Aérea. 
ÍNDICE 
 
I - A CADEIA ECOLÓGICA 
1 - Trabalho para uma conscientização .................17 
 
II - CRIAÇÃO SEM GRANDES INTERESSES 
1 - As abelhas jataís ...............................................27 
2-O melhor lugar para instalar um apiário .............29 
3- Como instalar um apiário na área urbana ..........30 
4 - Normas a seguir pelos criadores sem grandes 
interesses .........................................................................32 
 
III - CRIAÇÃO RACIONAL DE ABELHAS JATAÍS 
1 – Introdução .............................................................37 
2 - Características das jataís ........................................38 
3 - Outros detalhes da colônia ....................................38 
4 - Característica do ninho ..........................................39 
5 - Importância do canudo de entrada .........................43 
6- O batume ................................................................44 
7 - Os favos de cria .....................................................45 
8 - Os inimigos das jataís ............................................46
9 - Doenças e medidas preventivas .............................49 
10 - O manejo da colméia ...........................................50 
11 - O fenômeno do alvoroço de centenas 
de abelhinhas ..............................................................50 
12 - O preparo da colméia i para as floradas ..............51 
13- O xarope de reforço ..............................................51 
14- O alimentador .......................................................51 
15 - A enxameação ......................................................52 
16 - As caixas-isca .....................................................53 
17 - Transferência da colméia selvagem para 
a caixa-padrão .............................................................54 
18 - Como proceder com jataís alojadas 
em árvores frondosas ..................................................57 
19 - Multiplicação de colméias por processo artificial 
- primeiro processo e segundo processo .....................60 
20 - Instalação do apiário na zona rural ......................61 
21 - Hora apícola para abelhas jataís ...........................63 
22 - O transporte para as grandes floradas ..................64 
23 - Colméia-padrão ....................................................65 
24 - Descrição da colméia-padrão ...............................66 
25 - Descrição das gavetas ..........................................66 
26 - Cera moldada para jataís ......................................77 
27 - Extração do mel ...................................................79 
28 - Exploração comercial ..........................................79 
29 - Comparação do custo de instalação 
da Apis mellifera e das jataís ......................................80 
30 – BIBLIOGRAFIA ................................................83 
I. A CADEIA ECOLÓGICA 
 
Trabalho para uma Conscientização 
 
A vida, em qualquer ponto da Terra, é uma só. Por mais simples que 
se nos apresente, sempre cumpre o seu papel biológico. 
Como exemplo, cito as algas, esses seres simples, formados de uma 
única célula. Elas são responsáveis por boa parte da oxigenação do ar. 
As bactérias, chamadas de rizóbio, fixam o nitrogênio da atmosfera 
no solo, vivendo em simbiose com as leguminosas e muitas outras plantas 
que se beneficiam do nitrogênio para o seu crescimento. 
Certoa cera moldada, elas usam esta mesma 
cera noutros lugares, confeccionando o batume ou mesmo potinhos para 
pólen ou néctar. De qualquer forma, as abelhinhas terão que depositar o 
néctar nas gavetas, pois a câmara do ninho tem espaço reduzido. 
Passados 4 meses, abra a caixa e observe se elas encheram as gavetas 
superiores de potinho de mel; se realmente estiverem cheias, troque-as de 
lugar, passando para o lugar das gavetas inferiores e as inferiores para o 
lugar das superiores. 
Observação: ao espremer os favos novos de mel das apis-mellifera, 
este bagaço poderá ser colocado à distância de 30 m 
 
77 
das colméias de jataís para elas aproveitarem a cera e a sobra do mel. Logo 
que elas perceberem, começarão o transporte do mel e da cera para a 
colméia. Esta é uma maneira simples de auxiliá-las na penosa e dispendiosa 
tarefa da produção de cera. 
 
Gaveta com Cera Moldada 
 
 
Com um conta-gotas, pingar mel em alguns semipotinhos para 
induzir as jataís a depositar o néctar neles. 
A finalidade da cera moldada é reduzir o consumo de mel ingerido 
pelas abelhinhas na fabricação de cera. 
 
78 
 
 
 
 
 
 
 
Extração do Mel 
 
Observe primeiramente as gavetas, se elas estiverem cheias, 
devemos extrair o mel. 
O processo é simples. Com uma faca, untada em óleo, vá 
desprendendo os filamentos e a cera que prendem as gavetas. Retire as 
gavetas, uma por vez, e assopre as abelhinhas que ali se encontram. Após, 
com um bastãozinho de madeira (palito de dente) fure os potinhos de mel na 
parte superior, deixando o mel escorrer sobre uma vasilha. O mel é bastante 
aquoso e escorrerá com facilidade. Em seguida, devolva as gavetas à caixa. 
Não se preocupe em deixar mel nas gavetas, pois em torno dos favos de cria, 
na câmara do ninho, há uma reserva suficiente de mel para elas. 
Deste modo teremos uma produção elevada, pois será poupado o 
trabalho delas nas próximas safras fabricarem novos potinhos para mel. 
O mel deve ser guardado em vidros escuros com tampa e em lugar 
fresco, a fim de conservar suas propriedades nutritivas e medicinais. 
Devemos consumi-lo como qualquer xarope, é ótimo calmante para a tosse e 
resfriado, muito empregado no meio rural. Seu preço chega a ser dez vezes 
maior que o mel da apis-mellifera, isto, quando se encontra à venda. 
Caso sua produção seja grande, que se consegue com mais de 50 
colméias, a comercialização do mel poderá ocorrer através das lojas de 
produtos naturais, farmácias homeopáticas, laboratórios de pesquisa e 
produção de medicamentos ou pessoas que fazem macrobiótica. 
 
Exploração Comercial 
 
Comparando-se a produtividade de mel entre Tetragonisca angustula 
(jataí) e Apis mellifera (européia), observa-se que 
 
79 
esta última tem um rendimento financeiro 12 vezes superior à Tetragonisca 
angustula, como podemos verificar pelo quadro abaixo: 
 
Espécie Produção 
média/ano 
em litros 
Preço 
médio/litro 
NCz$(OTN) 
Relação 
comparativa 
Tetragonisca 
angustula 
01 8,00(1,29) 3:1 
Apis mellifera 40 3,00 (0,48) 
Fonte: Dados coletados no comércio apícola de Piraçununga - SP, em 17/mar/88. 
 
Considerando-se os custos de produção relacionados para ambas as 
espécies, conclui-se que a exploração comercial das abelhas jataís é viável, 
uma vez que as instalações para essa exploração têm custo 
(comparativamente) muito inferior àquele estimado para a espécie Apis 
mellifera, conforme quadro que segue: 
 
Comparação de Custo de Instalação da Apis Mellifera e da 
Tetragonisca Angustula (Jataí) 
 
Utilização Custo estimado em NCz$ 
Instalações Apis Jataí Apis Jataí 
Ninho completo X X 18.00 15,00 
Melgueira X 15,00 
Tela excluidora X 4,00 
Cera moldada 1 kg X 6,00 
Aparelho p/ fixar cera X 15,00 
Fumigador X 18,00 
Centrífuga X 160,00 
Vestimenta completa X 43,00 
 Ferramentas diversas X 7,00 
Arame p/ os quadros 1 kg X 1,00 
Diversos* X 5,00 2,00 
Total 292,00 17,00 
 
* Refere-se à cobertura, cavaletes, vasilhas para armazenagem de mel. Fonte: dados 
coletados junto ao comércio apícola de Piraçununga-SP, em 17/mar/88. 
 
80 
 
 
 
 
 
Como puderam observar, os custos com as instalações entre uma e outra 
espécie, têm uma diferença de NCz$ 275,00, ou seja, de 44,57 OTN. 
 
 
 
 
81
BIBLIOGRAFIA 
 
Revista "VIDA" n° 31 - AS ABELHAS JATAÍS -Editora Três -1986. 
 
Revista "APICULTURA NO BRASIL" N° 12 - Ano 2 -jan/mar/86 - Padilla 
Editorial S.A. 
 
Revista "APICULTURA NO BRASIL" N° 13 - Ano 3 -mar/abr/86 - Padilla 
Editora S.A. 
 
Revista "APICULTURA NO BRASIL" N° 14 - Ano 3 -mai/jun/86 - Padilla 
Editora S.A. 
 
GUIA RURAL ABRIL - Ano 86 - Editora Abril. 
 
GLOBO RURAL N° 12 - Ano 1 - set/86 - Editora Rio Gráfica. 
 
"A CRIAÇÃO DE ABELHAS INDÍGENAS SEM FERRÃO" - 2° ed. SP - 
Nogueira Neto, P. - Editora Chácaras e Quintais. 
 
1° CONGRESSO BRASILEIRO DE APICULTURA -"Genética, Seleção e 
Melhoramento" - Lionel Segui Gonçalves - Warwick Estevam Kerr - 
Florianópolis - SC. 
 
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(Romildo Godoy)
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	294091_741.pdf
	Criacao Racional de Abelhas Jatai.pdffungo, chamado de micorriza, além de conviver com as 
orquídeas, é responsável pela germinação de suas sementes. 
À minhoca drena a água da chuva para o subsolo, com seus túneis 
faz com que o oxigênio chegue até as raízes das plantas. Traz para a 
superfície os sais minerais, ou seja, os mi- 
 
17 
cronutrientes através de seus excrementos. Transforma a matéria orgânica 
em húmus, adubando a terra. 
Os cupins alados, popularmente conhecidos como aleluia, siri, arará, 
saem aos milhões em revoadas, logo nas primeiras chuvas de setembro para 
cumprirem seu ciclo de vida. Servem para alimentar outros seres, já que são 
ricos em proteínas e hormônios, fortificando e induzindo o desenvolvimento 
do ovário e esperma das fêmeas e machos de muitos répteis, batráquios, 
peixes, aves e alguns mamíferos, bem como para alimentar suas crias. Os 
criadores de pássaros também usam para induzi-los à reprodução em 
cativeiro. 
As vespinhas, cujo ninho parece uma bola de papelão pendurada nos 
beirais das casas, armazenam, em cada alvéolo de cria, uma aleluia para 
alimentar suas larvas. Por curiosidade, certa vez, colhi num único vespeiro 
mais de um copo de aleluia. 
Tudo vive em perfeita harmonia e equilíbrio, cada ser cumprindo 
uma função específica. 
Os mosquitos, cujas larvas ajudam a apressar a decomposição da 
matéria, servem de alimento para os girinos, alevinos, alguns tipos de 
vespas e marimbondos-caçadores. 
O pernilongo tem a mesma função, suas larvas alimentam uma 
grande gama de seres aquáticos: girinos, alevinos, larvas de libélulas, 
baratas d'água, aranhas, larvas de crustáceos etc. 
As sanguessugas já eram conhecidas dos médicos do Império 
Romano, que as usavam em seus soldados. Não muito longe, na época dos 
boticários, eram guardadas em vidros e usadas quando necessário nas 
sangrias dos seus pacientes. Na natureza, este processo se efetua quando os 
animais vão saciar a sede. Elas gradam em seus focinhos, efetuando a 
sangria. Deste modo, acreditamos que a sanguessuga é um instrumento 
natural de sangria que provoca a renovação do sangue para o equilíbrio da 
saúde dos animais silvestres. 
A barata, destas que vivem atrás dos armários, nos dá uma lição. 
Este inseto horrendo, desprezível, mesmo depois de esfacelado, arrastando 
parte do abdômen pelas vísceras, tenta 
 
18 
sobreviver. E pensar que há pessoas que se sentem menos que uma barata, 
tentando contra a sua própria vida. 
Não compreendo como há homens, sentindo-se orgulhosos e felizes, 
perseguindo e prendendo os animais, as aves, derrubando florestas, 
envenenando os rios, simplesmente para atender aos seus anseios 
mesquinhos e egoísticos. Pensam, talvez, que prendendo os animais, 
atirando nas aves, ficam mais homens, que transformando as florestas em 
dinheiro, serão os donos do mundo! 
A natureza é patrimônio de todos. Aquilo que o homem cria deve 
alimentá-lo, porém, o que a natureza cria pertence a ela. Dentro do racional, 
do bom senso, sim, o homem pode tirar proveito. Não aprovo as aberrações 
e os exageros inconseqüentes e destruidores. 
Outros esterilizam a terra com agrotóxicos, venenos que perduram 
sem se decomporem até por trinta anos, atingindo os mananciais, dizimando 
milhares de seres de vida aquática, tanto da fauna como da flora, que 
demoraram séculos e séculos para formarem um ecossistema, quando não, 
atingindo os lençóis freáticos, contaminando as fontes. 
Na década de 50, tínhamos abundância de peixes em quaisquer rios 
do país, suprindo, as necessidades protéicas das populações ribeirinhas; 
hoje, colhemos os frutos da inconscientização e muitas vezes da 
irresponsabilidade de muitos empresários e latifundiários. 
Assistimos em 1985 à triste reportagem da mortandade de paturis, 
marrecos e outras aves na região de Ribeirão Preto, dizimadas por 
agrotóxicos nos arrozais, ao inconcebível envenenamento de peixes, 
causado por lavagem de bomba pulverizadora de inseticidas na cabeceira de 
um açude, no bairro do Ramalho, na região de Piraçununga. 
Atualmente, há estudos de âmbito internacional, comprovando a 
eficiência do controle biológico. Nossos técnicos e engenheiros agrônomos 
vêm publicando com freqüência fórmulas simples de inseticidas, repelentes 
naturais, lista de plan- 
 
19 
tas amigas que auxiliam o desenvolvimento de outras plantas e até mesmo 
simples fertilizantes que funcionam melhor que os adubos químicos. 
A Bíblia nos dá um exemplo significativo. Quando José no Egito 
desvendou o sonho do faraó, das sete vacas gordas e sete espigas cheias e as 
sete vacas magras e sete espigas finas, que significavam sete anos de fartura 
e sete anos de miséria, o faraó nomeou-o para administrar suas terras; 
durante os sete anos de fartara, a terra produzia de mãos cheias, durante sete 
anos de miséria, vieram pessoas de todas as terras e o Egito alimentou a 
todas. José não usou de produtos químicos para ter abundância de colheita. 
Gênesis 41:1-57. 
Não somos contra a modernização e o progresso. Penso que 
quaisquer projetos, que usem os recursos naturais como instrumento, devem 
ser pesquisados, estudados e analisados, enfim, deve-se ver os prós e os 
contras antes que sejam concretizados, a fim de que não venham afetar o 
equilíbrio da natureza e o bem-estar das gerações futuras. 
O mercúrio, já foi comprovado, causa deformação genética; caindo 
na cadeia ecológica, vai sendo passado de ser para ser, uma vez que não se 
decompõe. As partículas deste metal líquido escorrem com as águas da 
garimpagem. Vão para os rios, aderem-se às algas que alimentarão os peixes 
onívoros e herbívoros e que servirão de alimento aos homens, que, por sua 
vez, terão filhos com defeitos congênitos. 
A monocultura é outro exemplo. Nos solos onde são feitas as 
grandes culturas de algodão e soja por vários anos, podemos afirmar, 
categoricamente, que estas terras estão, cada vez mais, morrendo e os rios 
que as contornam contaminados, praticamente sem vida. 
Ah! meu pantanal matogrossense, ah! minha amazônia, pulmão 
verde do mundo, meus filhos não te verão. 
Ah! meus bandos de coleirinhas, bigodinhos, patativas, caboclinhos, 
azulões, tietês, puvins, pintassilgos e pássaros-pretos mortos pelas nuvens 
de agrotóxicos pulverizados sobre 
 
20 
as lavouras e pomares, ninguém mais ouvirá vossas sinfonias de saudação 
nos crepúsculos do dia. 
Minha terra tem palmeiras, onde não canta o sabiá. Sabe, meu 
cancioneiro Gonçalves Dias, tua Canção do Exílio hoje é utopia. 
Matam-se os tatus, os tamanduás, as emas, as seriemas, os inhambus, 
as codornas, as perdizes, aumentam os cupinzeiros, os formigueiros, as 
cigarrinhas nas pastagens, os gafanhotos, os grilos e há proliferação 
incontrolável dos insetos, principalmente de cupins, formigas quenquém e 
saúvas. 
Matam-se as cobras, as raposas e os gambás, aumentam os ratos, 
ratazanas e camundongos. 
Matam-se os gaviões, carcará, caruncho, pato, aumentam as cobras, 
raposas, gambás, ratos etc. 
Matam-se as corujas, aumentam os besouros, as mariposas e 
mandruvás. A coruja sondaia é a maior predadora dos ratos. 
Matam-se as gralhas, diminui a disseminação de sementes de 
araucária, reduzindo as florestas das mesmas, cujos frutos alimentaram 
muitos índios e imigrantes italianos na época de escassez da colonização do 
estado do Paraná. 
A extinção do jacu e da jacutinga de determinadas regiões do estado 
de São Paulo reduziu também a disseminação das sementes de inúmeras 
palmeiras, que fornecem coquinhos de polpa adocicada, muito apreciados 
pelas crianças, além de um palmito de boa qualidade. 
A perseguição e matança de certas aves aumenta, consideravelmente, 
o número de pragas prejudiciais à lavoura e ao gado. Um bem-te-vi ou um 
siriri podem ingerir cerca de 300 insetos diariamente, e uma andorinha, 
nada menos que 1.000. Uma garça-carrapateira ou um anum são vorazes 
comedores de grilos, gafanhotos e todo tipo de inseto que puderem caçar; 
beneficiam também o gado, catando-lhe os carrapatos, razão destas aves 
sempre estarem por perto.Ateia-se fogo nos marimbondos e vespinhas, aumentam os 
curuquerês, aranhas, grilos e cupins. Matam-se as mamangavas, diminui a 
produção dos maracujazeiros. 
21 
Destroem-se as abelhas, diminui a polinização das floradas, como 
conseqüência abaixa a produção nos pomares, nas lavouras e nas hortas. 
Observem a contribuição da apis-mellifera no aumento da produção das 
frutas e grãos: 
 
 sem polinização com polinização 
abóbora - 5% de aumento 
arroz - 176% de aumento 
café 10,63 kg 19,11 kg 
cebola 177 sementes por 
inflorescência 
1.660 sementes por 
inflorescência 
chuchu 10% de frutificação 47% de frutificação 
feijão - 176% de aumento 
guaraná - 58% na produção 
de amêndoa seca 
laranja: hamlim 37,95 de frutificação 
 natal 15,5% de 
frutificação 
manga 4,7 frutos p/ cacho 9,8 frutos p/ cacho 
pera 1% de frutificação 4,8% de frutificação 
pêssego 9 frutos p/ galho 15 frutos por galho 
soja variedade 
Santa Rosa 
37,95% de vagens e 
40% de aumento de 
peso das vagens 
 
Como puderam observar, a presença das abelhas é indispensável. 
Aumenta, não somente a produção, como também a qualidade das frutas e 
grãos. 
Em minhas observações, concluí que as abelhas jataís são ótimas 
polinizadoras, portanto, recomendo-as na produção de sementes de 
hortaliças, condimentos, ervas medicinais e flores. São excelentes, de fácil 
manejo e isentas de agressividade, podendo ser criadas, realmente, por 
quaisquer pessoas, principalmente por aqueles que são alérgicos à ferroada 
da Apis mellifera. 
Quando a cadeia ecológica é ceifada, há a superpopulação de um ou 
outro ser, daí o surgimento das pragas. Centenas de cupinzeiros pelas 
pastagens, sauveiros por toda parte, enfim, proliferação descontrolada de 
toda sorte de insetos. 
 
22 
A formiga lava-pé é a grande faxineira do solo, come grande 
quantidade de insetos; as formigas pixixica do nordeste são as faxineiras dos 
cacaueiros, como nos conta Jorge Amado em um de seus romances. 
Os pernilongos, que tinham seu predador natural nos peixinhos 
larvófagos, nos guarus, nos lambaris, nos piquiras e nos canivetes, 
encontram-se à vontade para proliferarem aos milhões e se espalharem pela 
cidade, já que os córregos são verdadeiros depósitos de lixo, de água em 
putrefação. 
Empresários, filtrai o ar que escapa pelas chaminés das fábricas, 
tratai os esgotos antes de encaminhá-los para os riachos, pois ali, bem perto, 
estão vossos filhos, precisando de água potável e ar puro para terem uma 
vida sadia e viverem com dignidade. 
Latifundiários, a monocultura desencadeia as pragas, fazei a rotação 
das culturas e deixai alguns hectares de matas, onde elas se abrigarão, 
juntamente com os predadores naturais. 
Muitas vezes, o homem, por ignorar as leis da natureza, põe em risco 
a vida das gerações futuras. Foi pensando nisto e em muito mais que iniciei 
este ensaio ecológico. Espero que os indiferentes à natureza, de certa forma, 
possam tirar algum proveito desta introdução. 
Ainda menino, por mera coincidência, encontrei no alicerce da velha 
casa do seu Chiquinho, um canudinho de cera por onde entravam e saíam 
umas abelhinhas. 
Era bonito vê-las. E na claridade da manhã brilhavam como ouro, 
num vaivém sem parar. Num vôo lento chegavam bundudinhas, pesadinhas 
de mel, outras pareciam usar botinhas amarelas, chegavam com as patinhas 
cheias de pólen, ou bolotinhas de visgo, fato que me custou muito para 
entender. 
Foi justamente lá que comecei, há 35 anos, a gravar em minha 
memória as primeiras páginas deste livro. 
 
Espero que meu modesto trabalho possa acrescentar alguma coisa a 
mais em favor da natureza, e sirva de estímulo para que o homem pare por 
um instante a fim de observar uma flor se abrindo, uma borboleta recém-
nascida secando suas 
23 
asas ao sol, uma ave tratando de seus filhotes com o mesmo carinho que os 
seres humanos têm por sua prole, porque foi com todas as vibrações de meu 
ser que principiei a escrever. 
"O vento sopra em agosto para que as folhas caiam e as árvores se 
rejuvenesçam verdejantes, anunciando a força enigmática da primavera." 
"A mãe natureza me ensina a simplicidade de sua sabedoria e 
fortalece minha fé em Deus." 
"O homem não pode viver divorciado da natureza, pois perde a 
sensibilidade de amar a Deus e ao seu semelhante." 
"A vida é uma essência maravilhosa e divina. O homem faz toda 
sorte de engenhos, os mais sofisticados possíveis, menos construir um 
grãozinho de milho e fazê-lo nascer; sendo assim, somente o Criador tem o 
direito sobre as vidas." 
 
24 
 
 
Colméia alojada em gomo de bambu. 
 
 
Potinhos de mel. 
 
25 
 
II. CRIAÇÃO SEM GRANDES INTERESSES 
 
As Abelhas Jataís 
 
A maioria das colméias de jataís se encontra em mãos de pessoas 
simples, sem grandes interesses. Permanecem esquecidas, penduradas num 
canto de rancho com canudos de entrada que chegam a ter mais de 30 cm de 
comprimento, colméias com mais de 20 anos, como já pude observar. 
Encontramos jataís sendo criadas nos mais diversos tipos de ninhos, 
caixinhas de tábuas finas empenadas com fendas até de 1 cm de abertura, 
em caixas de papelão, gomos de bambu, cabaças e até mesmo em velhas 
latas. Esquecidas, tomando sol e chuva, penduradas sem o mínimo de 
capricho ou de segurança nos mais diversos lugares. 
Alguns criadores têm-nas por tradição que passa de geração para 
geração. Quando um interessado tenta adquiri-las, o jataí é valorizado de 
uma maneira até cômica. 
- Ah! não posso vender. É do tempo do vovô! 
Há colméias que nunca foram abertas, nem para tirar o mel, por 
desconhecimento do manejo, ou mesmo por medo das abelhinhas 
abandonarem a caixa. 
 
27 
Certa vez perguntei a um senhor se ele já havia tirado o mel de seu 
jataí, ao que ele me respondeu: 
— Nunca, mas deve ter mais de 8 litros, porque faz vários 
anos que ninguém mexe. 
Há aqueles que, estando com tosse, usam o mel como xarope. Ainda 
aqueles que o usam como colírio, misturam, meio a meio, água destilada 
com mel e pingam nos olhos para amenizar conjuntivite ou cataratas. 
As jataís permanecem esquecidas pelos seus donos, que se lembram 
apenas quando um curioso ou interessado quer saber que abelhinhas são 
aquelas. Então, entusiasmados, fazem um relatório completo, onde 
conseguiu, como capturou o enxame, ou de quem ganhou. 
Não faz muito tempo, quis comprar de um vizinho uma colméia que 
estava numa caixa, corroída por cupins - praticamente era o batume 
ressecado suspenso por dois fios de arame - simplesmente me respondeu: 
— Não dou, não vendo e não troco. 
Há 20 anos tive a infelicidade de presenciar o enfincamento de um 
tronco de copaíba para servir de mourão. Nele havia um belo jataí. Tentei 
dialogar com o sitiante, queria até mesmo comprar o mourão. Contudo, o 
homem seriamente me respondeu: 
— O senhor vai me desculpar, não vou estragar um mourão desses, 
não tenho tempo nem para cuspir, muito menos para andar atrás de abelha. 
Saí indignado com a grosseria, não tive chance de explicar-lhe que 
as sementes de almeirão, de mostarda, de rabanete, de cebola e outras 
hortaliças, bem como dos condimentos, alfavaca, manjericão, salsa e 
algumas plantas medicinais tais como erva-doce, menta, melissa e orégano 
que ele tinha plantado na horta, em grande parte, eram obra da polinização 
das jataís, uma vez que as abelhas Apis mellifera pouco procuram estas 
plantinhas. 
Felizmente, nem todos são assim. Há os que amam a natureza e 
procuram preservar as velhas figueiras, ipês, paineiras, 
 
28 
jequitibás, jacarandás, guarantãs, maçarandubas, copaíbas, 
angiqueiros e muitas outras árvores, principalmente se nelas houver um 
abelheiro, alguma orquídea ou mesmo uma casinha de joão-de-barro. 
Interessam-se em aprender e se aprimorar. Escrevem para os mais diversos 
setores, lêem revistas, jornais, enfim, buscam se conscientizar sobre tudo 
que possa se relacionar com o meio ambiente. 
 
O Melhor Lugar para Instalar um Apiário 
 
Após anos de estudos e observações, cheguei à conclusão de que o 
melhorlugar para instalar a criação de jataís é na periferia, onde temos um 
campo nectarífero e polinífero abundante durante todo o ano. 
Fiz o levantamento do campo apícola por vários lugares e encontrei 
fruteiras, arbustos, plantas rasteiras, trepadeiras, hortaliças em abundância, 
cada espécie obedecendo à sua época de floração. 
As plantas que seguem na listagem seguinte estão divididas por 
local, todas dão sua contribuição às jataís. Algumas fornecendo pólen, 
outras néctar, muitas os dois elementos indispensáveis, além de uma 
minoria que fornece resina. 
Na horta: as hortaliças podem variar sua época de floração de 
acordo com o plantio, podendo assim florescer praticamente o ano todo. 
Almeirão, cebola, mostarda, rabanete, salsa (muito procurada, fornece em 
abundância pólen e néctar), boldo-do-chile, erva-doce, alfavaca, fumo, 
melissa, manjericão, sabugueiro... 
Nos terrenos baldios: unha-de-gato, assa-peixe, guanxuma, gerbão, 
maria-pretinha, dormideira, caruru, malva-branca, picão... 
Nas cercas e caramanchões: amor-agarradinho (abundância de 
néctar e pólen, floração em diversas épocas), jasmim-estrela, maracujazeiro, 
primavera, viuvinha, madressilva... 
 
29
 
Nos parques e ruas: astrapéia-rosa (abundância de néctar e pólen), 
chapéu-de-sol, eucalipto, grevillea, giesta, ipê-do-rio, lantana, quaresmeira, 
sibipiruna, unha-de-vaca, violeteiras... 
Nos jardins: alecrim, bela-emília (arbusto de florzinhas azuis que 
fornece resina, floresce em diversas épocas), calêndulas, camaradinha, 
chagas-de-cristo, coroa-de-cristo (fornece néctar, pólen e resina durante o 
ano todo), coléus (folhagem de diversas cores), cosmos, girassol, incenso, 
margaridas, onze-horas, roseiras... 
Nos quintais: uma diversidade grande de árvores frutíferas: 
amoreira, abacateiro, cerejeira, cajuzeiros, caramboleiras, goiabeiras, 
jambeiros, joão-bolão, laranjeiras, limoeiros, mar-meleiros, macieiras, 
mangueiras, nectarineiras, nespereiras, pereiras, pessegueiros, tamarineiras, 
uvaieiras, uva-japonesa, videiras... 
O pasto apícola na área urbana é realmente vasto e abundante, como 
pude observar. 
As abelhas jataís em caixas simples podem fornecer no máximo um 
copo de mel por ano, portanto, aqueles que moram na cidade e as têm sem 
grandes interesses, aconselho-os a pensar numa criação racional, aproveitar 
esta disponibilidade abundante das floradas que ocorrem durante os 360 dias 
do ano, aumentando a produção das plantas e a produção de mel. 
Nossas jataís não têm fronteiras, voam por todos os lados em busca 
do precioso néctar, não incomodam ninguém. Que tal, leitor, pensar numa 
criação funcional, que exige tão pouco e traz tanta satisfação interior, além 
de aumentar o ciclo de amizade e o conhecimento a respeito da natureza? 
 
Como Instalar um Apiário na Área Urbana 
 
Fale com os parentes, amigos, conhecidos. Faça que eles entendam 
seus objetivos, conscientizando-os da importância das abelhas jataís. Peça-
lhes autorização para colocar algumas 
30 
colméias no fundo do quintal, ou mesmo pendurá-las no beirai dos ranchos. 
Em se conseguindo o local, instale no máximo 8 colméias. A cada 
1.000m de distância, repita mais 8 colméias e assim sucessivamente. 
Evite a área central da cidade, pois o fluxo constante de veículos, 
além de matar um bom número de abelhinhas que se chocam contra os pára-
brisas, afeta-lhes a linha de vôo com o deslocamento brusco da massa de ar. 
Se houver critério, seriedade e perseverança, em menos de 3 anos 
você estará, no mínimo, com 40 colméias. Se seus recursos financeiros 
forem precários, coloque-as em caixas simples de 15 x 15 x 20 cm de altura 
e tábuas de 3/4" de espessura. Vá fazendo as caixas-padrão à medida do 
possível, que em pouco tempo estará com um apiário bem montado. 
Use caixas-isca de 12 x 12 x 20 cm de altura o tanto quanto possível, 
coloque-as nos pontos estratégicos onde receba o sol da manhã e da tarde, 
para que a cera, com o calor, exale o odor peculiar a elas, atraindo-as. 
Havendo possibilidade e disponibilidade, tente comprar algumas colméias 
ao iniciar a criação. 
 
31 
Normas a Seguir pelos Criadores sem Grandes Interesses 
 
1 - Retire as colméias de gomos de bambu, cabaças e outros tipos de 
ninho. Coloque-as em caixas de 15 x 15 x 20 cm de altura, feitas com tábuas 
de 3/4" Os favos de cria, de tempos em tempos, sofrem movimento de 
subida e descida, razão da caixa ter mais altura que comprimento. 
2 - Evite instalar as colméias em lugares sombrios e úmidos, onde há 
correntes de ar, isto é, corredores entre paredes e muros. 
3 - Na época da extração do mel, retire um dos lados da caixa e vá 
cuidadosamente retirando a cera do batume com um garfo untado em óleo 
comestível e colocando-a de lado, até avistar os potinhos de mel. Proceda 
desta maneira com quais quer tipos de ninho, sempre com o máximo de 
paciência e cautela. 
4 - Certifique-se de que os potinhos são de mel ou de pólen. Para 
tanto, use um palito comprido com ponta e fure a parte superior dos 
potinhos. Caso seja mel, logo você notará. Se aparecer uma substância 
amarelada, são potinhos de pólen, que não devem ser retirados, pois as jataís 
usam para tratar das crias. O pólen tem aparência de gema de ovo cozida; é 
conhecido, conforme a região, por samora, borá, saburá. É retirado 
pelas abelhinhas da antera que se acha no ápice do estame das flores, 
enquanto o mel é retirado do nectário que se localiza um pouco acima do 
ovário das flores. O pólen é transportado pelas patinhas traseiras, enquanto o 
mel é transportado pela vesícula melífera das jataís. 
5 - Com os potinhos de mel à vista, usar uma seringa de 10 ml com 
agulha de 40 x 16 para a extração do mel. Este processo é racional e 
higiênico, demorado, porém seguro. Temos também um outro processo mais 
rápido, contudo mais primitivo, como segue: coloque a caixa na posição 
inclinada, apoian- 
 
32
do um dos cantos sobre uma mesa ou banco, conforme o desenho. Segure-a 
firmemente com a mão esquerda, com a mão direita apanhe um garfo. Após, 
assopre as abelhinhas a fim de afastá-las dos potinhos e vá cautelosamente 
pressionando com o garfo sobre os mesmos. O mel escorrerá no canto da 
caixa que está sobre a mesa, deixe o garfo e escorra o mel numa vasilha. 
Retire somente o mel que está acessível. O que se encontra atrás dos 
favos de cria é praticamente impossível extraí-lo, sem perder um grande 
número de abelhas que morrerão esmagadas ou afogadas nele. 
6 - Efetuada a operação, devolva toda a cera retirada à caixa. Feche-
a, certificando se não ficou nenhuma aresta. Se houver, vede-a com fita 
crepe, argila, ou use a própria cera delas para a vedação. Coloque a caixa no 
mesmo lugar, mantendo a altura e posição. Imediatamente, elas começarão a 
entrar e iniciarão a tarefa de calafetagem e arrumação de todo o ninho. 
O mel deve ser extraído sempre por volta das 10:00 h da manhã, em 
dias ensolarados e sem vento, pois que grande parte das operárias estarão 
fora, coletando pólen, resina e néctar, o que facilitará em muito o trabalho 
de extração, isto porque teremos menos abelhas na colméia. 
33 
Extração do mel 
 
Método rústico 
 
34 
 
 
Favos de cria com pupas e realeira. 
 
 
 
 
Rainha sobre um favo de cria. 
35 
III. CRIAÇÃO RACIONAL DE ABELHAS JATAÍS 
 
Introdução 
 
As abelhas jataís, também chamadas de abelhas indígenas, são 
nativas do Brasil. Pertencem à espécie dos meliponídeos, cientificamente 
conhecidas por Tetragonisca angustula. 
A palavra "jataí" é de origem indígena e vem da língua tupi "yata' i". 
Melipona é palavra de origem grega, méli = mel, pónos = trabalho. 
As jataís são abelhas pequeninas, sem ferrão e muito cobiçadas pelos 
apicultores. Encontradas, com freqüência, nas altitudes acima de 500 
metros. 
Produzem mel de excepcionais qualidades: fino, suave, levemente 
azedinho, que o difere dos outros méis. Por suas propriedades medicinais, é 
indicado no tratamento de resfriado, bronquite, glaucoma e catarata, além de 
ser bactericidae atuar na cicatrização de feridas. 
Como todos os apídeos, as jataís possuem uma sociedade organizada 
dividida em: operárias, zangões e rainha. 
 
37 
Características das Jataís 
 
1- Operárias: medem aproximadamente 5 mm de comprimento. 
Têm abdômen dourado, cabeça e tórax de um preto opaco. Não possuem 
ferrão, todavia têm mandíbulas que usam contra os insetos invasores de suas 
colônias. Voam em média até mil metros para coletarem néctar, pólen e 
resina. O número de operárias pode variar desde algumas centenas até 5.000 
porcolméia. 
As operárias exercem várias funções: 
 
a) faxineiras: mantêm a limpeza, a ventilação do ninho, a 
alimentação das crias e uma diversidade de tarefas internas. 
b) damas de companhia: cortejam a rainha pelo interior do ninho. 
c) sentinelas: fiscalizam a calafetagem de todo o ninho e vigiam o 
canudo de entrada. 
d) coletoras: voam para os campos, na coleta de pólen, néctar e 
resina. 
 
2 - Zangões: são em número reduzido, em torno de quatro, e são 
procriados somente na época de soltar nova família. Assemelham-se às 
operárias, porém de porte maior e abdômen longo; sua função é de fecundar 
a rainha virgem, depois da fecundação desaparecem. 
 
3 - Rainha: mede 10 mm de comprimento, possui abdômen tão 
desproporcional que causa pena Quando fecundada, o abdômen dobra de 
volume e ela perde a capacidade de voar. Na época do fluxo nectarífero, sua 
postura pode chegar a 50 óvulos por dia. 
A rainha virgem é arisca e voa somente para ser fecundada e formar 
a nova colônia. 
 
Outros Detalhes da Colônia 
 
As abelhinhas recém-nascidas são amarelo-pálidas, muito lentas e 
não voam. São encontradas durante todo o ano, em 
 
38 
maior número na entrada da primavera, pouco mais de 80 abelhinhas. 
As sentinelas que ficam em redor do canudo de entrada podem variar 
desde algumas até mais de trinta. 
Nossas abelhinhas possuem extraordinária capacidade de se 
adaptarem para nidificar nos locais mais inimagináveis, desde que haja 
espaço suficiente. 
No início da primavera, chegam a fazer até três realeiras (alvéolo 
maior na lateral dos favinhos de cria, onde se desenvolverá nova rainha) e 
soltam famílias, geralmente no início do verão, perpetuando assim a 
espécie. 
São extremamente asseadas, não pousando sobre quaisquer dejetos, 
como fazem as abelhas arapuá, que retiram material para construir seu 
ninho até de estrume de cachorro. Raramente coletam água, pois tiram-na 
do próprio néctar, que é aquoso. 
A cera é produzida através de glândulas localizadas no dorso do 
abdômen. Para elas produzirem 100 g de cera, precisam ingerir mais ou 
menos 400 g de mel. 
As jataís encontradas na natureza, ou em simples caixinhas, 
produzem muito pouco, a média por ano é de um copo de mel. Criadas 
racionalmente, podem atingir uma produção anual de até cinco copos de 
mel, portanto, conhecendo seus hábitos, comportamentos e preferências, 
podemos atingir ótima produção. 
 
Característica do Ninho 
 
Possui uma única entrada e raramente aparece mais de uma. É um 
canudinho de cera com 5 mm de diâmetro e comprimento variável na parte 
externa que pode chegar a mais de 30 cm. Na parte interna tem 
aproximadamente 20 cm e, na maioria das vezes, termina com vários 
orifícios que se comunicam com a parte central do ninho. O canudo de 
entrada situa-se na posição inclinada; às vezes, quando o enxame fica por 
 
39 
muitos anos num mesmo local, o canudo toma a forma de um gancho, 
porém sempre com o orifício de entrada voltado para cima. 
Ao redor da base do canudo, elas depositam uma resina viscosa e 
pegajosa, onde ficam detidas formigas e outros insetos intrusos. A mesma 
resina é usada também para a calafetagem do ninho. 
 
Esquema do interior da colméia 
 
Ninho 
 
 
40 
 
Duas camadas de favos de cria, os da parte inferior formarão 
nova colméia. 
 
41 
 
Túnel interno que sai do ninho. 
 
42 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
À noite, nos dias de temperaturas baixas, ou muita umidade na 
atmosfera, costumam fechar a entrada do canudo com uma película de cera, 
repleta de furinhos por onde passa o ar que chega ao interior do ninho, 
através do bater de asas constante das abelhinhas que, assim fazendo, 
provocam a circulação do ar. 
O trabalho externo das abelhinhas somente acontece com 
temperaturas acima de 22 graus, umidade relativa do ar em tor no de 25% e 
muita luminosidade. Há dias, portanto, que a entrada dificilmente será 
aberta, principalmente no inverno oudias chuvosos. 
Temperatura, umidade e luminosidade são três fatores primordiais na 
criação desta abelhinha. 
Fato interessante acontece no verão: quando uma chuva repentina se 
aproxima, elas voltam rapidamente e formam um fluxo na entrada do 
canudo, num verdadeiro e maravilhoso espetáculo. 
As jataís nos trazem satisfação. São carismáticas, atraem nossa 
atenção e nos fazem deleitar por alguns instantes, quem sabe, às vezes, em 
busca da razão da nossa existência. 
 
Importância do Canudo de Entrada 
 
Por ele, conhecemos o desenvolvimento da colônia, sua população e 
idade. 
1 - Se o fluxo de entrada e saída for abundante e constante, num dia 
de temperatura elevada e muita luminosidade, a colônia é forte. 
2 - Se a quantidade de abelhinhas nas mesmas condições climáticas, 
em torno do canudo de entrada for mais de vinte, a colônia também é forte, 
podendo ter uma população acima de 5.000 operárias; caso contrário, é 
fraca, com menos de 2.000 operárias, principalmente se o número em torno 
do canudo for inferior a dez. 
 
43 
3 - Quanto mais longo for o canudo mais velha será a colméia, 
porém isto não significa que a colônia seja forte. Há, pois, colônias alojadas 
há anos, em locais tão reduzidos que delimitam o crescimento da população. 
Estas colônias costumam enxamear mais do que outras devido às condições 
ambientais. 
O canudo é aumentado, à medida que a cera e a resina vão ficando 
ressecadas, fato que ocorre em virtude da aderência de poeiras e insetos. 
Outro fato observável é que da base do canudo até os favos de cria 
há aproximadamente 20 cm, que são percorridos pelas abelhinhas através de 
um túnel feito de resina e cera, assim elas não expõem suas crias logo na 
entrada do ninho. 
 
O Batume 
 
É a parte que envolve favos de cria, potes de mel e pólen, enfim, 
protege toda a colônia. É constituído de cera e resina, formando um 
invólucro com dezenas de lâminas, distribuídas nos mais diversos sentidos, 
paralelas, superpostas, com inúmeras cavidades e galerias, por onde elas 
circulam, cuidando de toda tarefa, confecção de potinhos para néctar e 
pólen, lâminas para confecção dos favinhos, trato das crias, limpeza etc. 
As inúmeras cavidades do batume têm a função térmica de manter a 
temperatura a 36°C para o perfeito desenvolvimento do choco dos ovos e 
larvinhas. Serve também de proteção contra a invasão de insetos intrusos até 
o interior do ninho. 
Quanto mais finas forem as paredes das caixas, mais batume elas 
usarão, portanto, o ideal é usarmos tábuas de 3/4" de espessura para sua 
confecção, que mantém a temperatura constante e veda melhor a infiltração 
de excesso de umidade. 
 
44 
Os Favos de Cria 
 
No interior do batume, na parte superior ou na parte inferior, 
encontramos os favos de cria. São em média dez, construídos 
horizontalmente, superpostos, ligados por finas coluninhas de cera e 
separados entre si por um espaço de 1,5 mm. 
O favinho central tem aproximadamente 60 mm de diâmetro e em 
torno de 500 alvéolos. Os da parte superior e inferior vão reduzindo de 
tamanho até que o último favo (superior ou inferior) tenha pouco mais de 20 
mm de diâmetro e nada mais que 50 alvéolos. 
Os favinhos são de formato arredondado e todos levemente côncavos 
e muito delicados. Nos favos de cor escura, encontramos as pupas prestes a 
nascerem; nos favos claros de um amarelo esmaecido estão os óvulos, ou 
larvinhas que flutuam numa papa leitosa que as alimenta. 
Ao manusearmos estes favinhos claros, devemos tomar cuidado, a 
fim de não afogarmosas larvinhas nesta papa, colocando-os na posição 
encontrada, ou seja, horizontal e sempre num recipiente coberto com pano 
para evitarmos o ataque de certos mosquitinhos que estudaremos adiante. 
As jataís fabricam os favos até o teto; quando não há espaço 
superior, voltam a fabricá-los embaixo. Primeiramente fazem uma lâmina 
circular de cera e sobre a mesma vão puxando os alvéolos que são pequenas 
cápsulas esféricas de 1,5 mm de diâmetro e 3 mm de profundidade, onde 
ficam os óvulos, larvas, pupas, ou abelhinhas prestes a nascer. 
Às vezes encontramos duas camadas de favos de cria, cada uma com 
oito ou dez favinhos separados por uma distância de mais ou menos 3 cm; 
temos então duas famílias. Uma delas logo partirá para formar nova colônia. 
Os favinhos são circundados e sustentados pelo batume. Há colônias 
com até doze favos de crias; são consideradas populosíssimas. 
Nas laterais e a alguns centímetros dos favinhos, ficam os potinhos 
de mel e pólen, fabricados de forma que fiquem su- 
 
45 
perpostos, dificultando o trabalho de extração de mel pelo apicultor. 
Na parte externa do batume, porém dentro da caixa, encontramos as 
bolotinhas de resina viscosa que servem para a calafetagem e como arma 
contra os invasores da colônia. As jataís contornam a base do canudo de 
entrada com esta resina e os insetos que se atreverem a atravessá-la, ali, 
ficarão presos. 
 
Os Inimigos das Jataís 
 
Embora miudinhas e sem ferrão, as jataís se defendem e combatem 
seus inimigos até a morte. Quando a colméia é atacada por quaisquer 
insetos, travam suas insignificantes mandíbulas nas asas ou pernas dos 
mesmos e juntam várias. Nem fogo ou água consegue fazê-las soltar. 
 
Principais inimigos: 
 
1 - As formigas: encontrando frestas, entram e matam as jataís, 
principalmente as doceiras. A colméia deve ficar, pois, sobre suportes 
adequados, como mostra o desenho da página 62 , bem como as imediações 
devem ser capinadas. 
 
2 - As libélulas: este inseto é conhecido por aviãozinho d'água, pitu, 
lava-bunda etc. 
Na primeira fase de vida, habita as águas, devorando centenas de 
alevinos (filhotes de peixes); na fase alada, permanece revoando, devorando 
os insetos de vôo lento. As jataís constituem-se num prato predileto; 
apanha-as em pleno vôo, suga-lhes todo o líquido do corpo, soltando-as já 
mortas. 
As libélulas podem ser evitadas, instalando-se o apiário distante dos 
charcos, lagos e córregos, que elas freqüentam para desovar. 
 
46 
3 - As abelhas-limão: em certas regiões são conhecidas por iraxim. 
São preto-brilhante, assemelham-se à arapuá, todavia têm o corpo mais 
afilado e alongado. Quando macetadas, exalam forte cheiro, idêntico ao do 
limão, daí o seu nome popular. 
Atacam ferozmente as jataís. Apesar das nossas abelhinhas serem 
realmente valentes, acabam sendo massacradas por um verdadeiro exército 
dessas predadoras, que invadem a colméia pelo canudo adentro, 
apoderando-se do interior do ninho. 
Percebendo a tempo, podemos evitar o ataque das abelhas-limão, 
transferindo a colméia das jataís a 100 metros de distância. 
O apicultor deve impreterivelmente localizar o ninho delas; para isso 
tem de ter paciência e persistência e seguir a linha de vôo das predadoras. 
Achando o ninho, deve destruí-lo; não existe outra maneira, quando se 
pretende criar as abelhas jataís. 
 
4 - A arapuá: conhecida também como irapuá, palha-de-mé, é 
comum no território brasileiro. 
Seu ninho tem o formato de uma bola de barro, que pode variar 
desde 20 cm até mais de 50 cm de diâmetro, ultrapassado pelos galhos das 
árvores que o sustentam, encontrado comumente nos capões de faveiro 
(sucupira). 
Costuma atacar a parte externa das colméias de jataís, a fim de 
roubar-lhes resina e cera. Quando muitas, são prejudiciais à criação de 
abelhas jataís, portanto, devemos reduzir o número de ninhos, deixando 
apenas um por quilômetro quadrado. 
A arapuá é excelente polinizadora das flores de bananeira e das 
cucurbitáceas: abobreiras, chuchuzeiros, meloeiros, melancieiras, 
morangueiras e pepineiros. Outro fato interessante, observado por mim, é 
que há uma espécie de periquito que costuma furar a base do ninho da 
arapuá para ali procriar. 
 
6* - Os forídeos: mosquitinhos pretos, facilmente reconhecíveis, 
porque andam às carreiras, são ligeiros e persistentes. 
 
47 
 
 
* nota do digitalizador: há um erro na contagem do livro, não existe o item n° 5
Atacam a colméia, quando o apicultor, descuidado e sem higiene no 
manejo das jataís, deixa expostos favinhos de crias amassados ou potes de 
pólen danificados. Os mosquitinhos, atraídos pelo odor, vão depositando 
centenas de ovinhos sobre os mesmos. Logo nascerão as larvinhas, que, 
famintas, provocam um verdadeiro desastre, devorando pólen e matando as 
larvinhas das jataís, causando putrefação e dizimando a colméia. Evitamos 
isto manejando adequadamente os favos de cria e potes de pólen, colocando-
os sempre na posição horizontal em vasilhas com tampa ou na própria caixa-
padrão, sempre recobrindo-as com um pano, até o término do manejo ou da 
transferência. 
Podemos também evitar, em grande parte, a presença dos 
mosquitinhos, usando um fumigador pequeno, carregado com maravalhas e 
folhas verdes de eucalipto, dando baforadas pelas imediações da colméia. 
A maior incidência dos forídeos ocorre no inverno e entrada do 
verão. 
 
7 - Os pássaros: por mera coincidência, comem uma ou outra 
abelhinha, sem maiores conseqüências. Acredito que elas não têm sabor 
agradável aos pássaros e, pelo que observei, a Apis mellifera é o prato 
predileto dos bem-te-vis, siriris e joões-bobos. 
 
8 - As aranhas e lagartixas: devem ser retiradas, pois costumam se 
alojar no teto e por baixo das caixas. Comem diariamente nada menos que 
dez abelhinhas. Portanto, uma vistoria quinzenal é sempre benéfica. 
 
9 - O enxame invasor: são os enxames de jataís, oriundos de outras 
paragens, que tentam desalojar a colônia já instalada. A luta é terrível, 
centenas delas de ambas as partes caem atracadas, cobrindo o chão. O 
enxame mais forte sai vitorioso, porém a mortandade é grande e seriamente 
prejudicial ao apicultor. Acontece muito quando o enxame invasor não 
encontra lugar para nidificar. O enxame selvagem solta nova família e ela 
não tem condições de nidificação, então a solução é desalojar outra colméia. 
É a lei da sobrevivência. 
 
48 
Quando percebemos a tempo, transferimos a colméia doméstica à 
distância de 20 metros, no mínimo, e no lugar desta, colocamos uma caixa-
isca, capturando o enxame invasor, ganhamos, então, um novo enxame e 
evitamos o massacre. 
A maior incidência ocorre no início da primavera e se estende pelo 
verão. 
 
Doenças e Medidas Preventivas 
 
As jataís são muito resistentes, uma vez que são nativas adaptadas ao 
nosso clima, portanto, dificilmente contraem doenças. Contudo, algumas 
medidas preventivas são benéficas. 
 
1 - Abrigar as colméias sob cobertura de telha ou sapé, evitando 
assim a insolação. Usar tábuas de 3/4" de espessura na confecção das caixas 
e pintá-las com tinta a óleo de cor clara: branco, azul ou amarelo. Esta 
medida evita a possibilidade de instalação de fungos e o aquecimento 
demasiado das caixas, por causa da reflexão dos raios solares ao incidirem 
sobre as cores claras. 
 
2 - O alimentador tem de ser devidamente retirado e lavado, pois há a 
possibilidade de desenvolvimento do fungo (monilíase-lingual), que aparece 
com freqüência nos alimentadores ornamentais para pássaros, levando à 
morte nossos beija-flores e, logicamente, nossas abelhinhas. O xarope de 
açúcar é o mais propenso aos fungos, principalmente se estiver com mais de 
três dias. 
 
3 - Nunca abrir a caixa com temperatura inferior a 24 graus. O 
choque térmico pode afetar e levar à morte larvinhas e gorar os ovinhos. 
Portanto, abrir a caixa somente quando se fizer realmente necessário, em 
dias claros, quentes, sem ventos e de preferência na sombra. Abri-la por 
curiosidade reverte em prejuízo; asjataís terão que consertar aqui, ali, por 
conseguinte gastarão tempo, material e consumirão mais mel. 
 
49 
O Manejo da Colméia 
 
Pouco exige do apicultor. Se o fluxo de entrada e saída da colméia 
for constante e abundante nas horas mais quentes do dia, não há necessidade 
de vistorias, a não ser que haja alvoroço. 
 
O Fenômeno do Alvoroço de Centenas de Abelhinhas 
 
Pode ocorrer devido a quatro fatores: 
 
1 - Quando, repentinamente, uma chuva de verão se aproxima, há o 
retorno imediato das operárias campeiras e forma um alvoroço na entrada da 
caixa de centenas delas, sem nenhuma conseqüência para o apicultor. 
 
2 - Quando indicar excesso de calor (acontece muito com colméias 
fortes), elas saem, descongestionando o ninho para melhor ventilação. Neste 
caso, esborrifar água sobre elas e proteger a colméia com cobertura 
adequada. Este fato acontece freqüentemente com colméias expostas longas 
horas ao sol. O bom seria instalar o apiário sob rancho, caramanchões ou 
mesmo sob árvores. 
 
3 - Alvoroço e morte de dezenas delas. É sinal de que um enxame 
selvagem está tentando apoderar-se da colméia. Transfere-se, então, a 
colméia para longe, ou seja, 20 metros, no mínimo, e instala-se no lugar 
desta a caixa-isca, bem untada de cera das jataís, a fim de capturar o enxame 
invasor. 
 
4 - Havendo alvoroço sem morte por mais de um dia, indica 
enxameação, isto é, a colméia está se preparando para soltar nova família, 
portanto, instalar caixas-iscas nas imediações. Se a colméia alvoroçada 
estiver na sombra, é mais do que certo que, brevemente, sairá nova família. 
Outra medida, também segura, é fazer a divisão da colméia, como veremos 
posteriormente. 
 
50 
O Preparo da Colméia para as Floradas 
 
Um mês antes das floradas, devemos fazer uma vistoria, a fim de nos 
certificarmos se elas estão fabricando os potes de mel nas gavetas; caso 
contrário, providenciamos alguns potes de mel em colônias vizinhas para 
servirem de guia, ou usamos a cera moldada. 
É bom reforçarmos os enxames mais fracos, fornecendo-lhes xarope 
nos alimentadores; isto induz a postura da rainha, conseqüentemente mais 
operárias e assim mais produtividade durante a nova estação. 
 
O Xarope de Reforço 
 
1/2 xícara de mel puro de Apis mellifera, de preferência mel de 
laranjeira. 
1 xícara de água fervida ou destilada. 
0,25 gramas de farinha de soja. 
Misturamos os ingredientes com rigorosa medida de higiene e 
colocamos nos alimentadores uma quantidade que dê para três dias. O 
restante pode ser guardado na geladeira. Repetir o reforço até uma semana 
antes do início das floradas. 
 
O Alimentador 
 
Consiste num pedaço de mangueira de 5 mm de diâmetro por 10 cm 
de comprimento, tapado com rolha nas duas extremidades. Cortamos a 
mangueira no sentido longitudinal, 1 cm à frente de cada rolha, formando 
um cochinho. 
Devemos preenchê-lo com algodão, umedecido no xarope, e 
introduzi-lo na gaveta superior da caixa. Temos de lavar 
 
51 
muito bem o cochinho, quando formos colocar mais xarope, isto depois de 
três dias. 
 
 
 
Colocar o alimentador sempre na gaveta superior. 
O xarope de reforço deve ser dado às colméias mais fracas, pelo 
menos um mês antes de ocorrerem as grandes floradas, pois induzirá a 
postura da rainha, aumentando a população da colméia. 
 
A Enxameação 
 
Soltam em média duas famílias por ano no início da primavera e no 
verão, geralmente na primeira quinzena de novembro. Neste período, as 
caixas-iscas deverão já estar preparadas e instaladas. 
 
52 
A enxameação acontece da seguinte maneira: algumas dezenas de 
abelhinhas, ao encontrarem um novo local para nidificar, primeiramente 
começam transportando cera e resina da colméia-mãe para a nova morada. 
Iniciam vedando todas as frestas. Depois trabalham na construção do túnel 
interno e por fim trabalham na construção da parte superior do batume, onde 
irão alojar a nova família. No interior do batume, fabricam as lâminas 
circulares de cera, na posição horizontal, para confecção dos alvéolos de 
cria. 
Esta operação dura alguns dias. Somente depois de preparada a nova 
moradia é que se mudam em definitivo, juntamente com a rainha já 
fecundada. 
Portanto, observe que, pelo menos alguns dias, a nova morada 
permanece ligada à colméia-mãe. Às vezes, deparamos com algumas 
dezenas de abelhinhas esvoaçando em torno de um mourão, alicerces ou 
outros lugares quaisquer, procurando um buraco ou fresta para entrar e não 
vemos nenhum canudinho de cera. É mais que certo que estão procurando 
um novo local, portanto devemos instalar as caixas-isca. 
 
As Caixas-Isca 
 
São caixinhas de madeira de 12 x 12 x 20 cm de altura com furo na 
parte inferior. Esfrega-se cera e resina das jataís por toda a parte interna da 
caixinha. A cera e a resina esfregadas na caixinha exalam um odor peculiar, 
que as atrai de longe. No furo que é o orifício de entrada, fixamos um 
canudinho de cera, ou lambuzamos com cera, isto facilitará a descoberta da 
entrada da caixinha por elas. 
Quanto mais caixas-isca melhor, aumentam as probabilidades de 
captura. Devem ser espalhadas na orla das matas, nos cantos de parede, na 
base dos mourões e nos troncos de árvores. O apicultor deve, a cada quinze 
dias, fazer uma visita, a fim de certificar-se da captura de algum enxame. 
 
53 
Verificando-se que o enxame foi capturado, esperar até a noite e 
trazê-lo para o apiário. 
A transferência para a caixa definitiva deverá ser efetuada um mês 
após, visto que neste período as abelhinhas terão reservas de cera, pólen e 
néctar e não sofrerão tanto. 
Este processo de captura é o mais cômodo e natural para ampliação 
do apiário. 
 
Transferência da Colméia Selvagem para a Caixa-Padrão 
 
Material necessário: 
1 facão 
1 machado 
1 formão (bem afiados) 
1 garfo de cozinha 
1 faca 
1 frasco de óleo comestível 
2 vasilhas com tampa, uma para mel, outra para pólen e 
cera 
1 caixa de fósforo 1 caixa-padrão 
 
1- etapa: em se localizando a colméia, primeiramente, limpar o 
local, cortando galhos, cipós, os quais poderão dificultar a operação. Em 
seguida, retirar o canudinho de cera da seguinte maneira: 
Aquecer levemente a lâmina da faca, após assoprar o canudinho, a 
fim de afastar as abelhinhas que ali se encontram. Introduzir uma varinha 
(fiapo de mato ou capim) no canudo, com a outra mão apanhar a faca 
previamente aquecida e cortar o canudo rente à madeira. O canudinho sairá 
intacto e devemos colocá-lo no furo da caixa-padrão, mediante leve 
aquecimento da borda do mesmo. 
 
54 
 
2° etapa: averiguar, com algumas batidas leves, onde as paredes dos 
mourões e das árvores secas fazem barulho chocho; as batidas devem ser 
dadas nas imediações do canudo. Em se achando o local, abrir duas fendas, 
uma a 20 cm acima, outra a 20 cm abaixo, usar o formão se possível, caso 
contrário o machado. Ir lascando o tronco cuidadosamente até avistar o 
ninho. 
 
3° etapa: com o ninho já à vista, untar levemente o garfo com óleo e 
iniciar a retirada de todo o batume que envolve os favinhos de cria, potes de 
mel e pólen. Após, retirar os favos de cria com delicadeza e paciência para 
não amassá-los, ir depositando-os na câmara do ninho. Potes de mel, pólen e 
a cera do batume serão colocados nos espaços laterais, perto dos favos de 
cria. Os favos de cria devem ser colocados na posição encontrada, ou seja, 
na horizontal. Todo material: cera, resina, potes de mel e pólen, deve ser 
devidamente retirado do ninho e recolocado na caixa-padrão. 
Averiguar se a rainha foi transferida, ela é tímida e costuma 
esconder-se pelas frestas e cantos do ninho. 
Usar um fumigador pequeno, porém com o máximo de cautela e o 
mínimo de fumaça, para desalojar as abelhas que ainda persistirem em ficar 
pelos cantinhos e frestas do velho ninho. 
As abelhinhas recém-nascidas precisam ser capturadas e colocadas 
na nova caixa; para isso usar uma folha de mato na frente delas e quando 
subirem, ir colocando-as na caixa. 
 
4° etapa: finalizando a operação, taparo oco da antiga colméia com 
folhas de papel, capim ou mesmo terra. Fechar a caixa-padrão e colocá-la no 
mesmo lugar, altura e posição da ex-colméia. As abelhinhas que estão 
esvoaçando logo encontrarão o canudo da nova caixa e começarão a entrar. 
 
55 
 
 
56 
 
 
 
 
 
 
 
Transferir a colméia do lugar de origem para o apiário a partir do 
terceiro dia, sempre à noite - este tempo é suficiente para que elas fixem 
favos de crias, potes de pólen e mel - vedando toda a caixa. 
Observação: havendo mel em abundância, a metade dos potinhos de 
mel deverá ser distribuída pelas gavetas, a fim de servirem de guia para que 
as abelhas depositem o mel ali. A outra metade pode ser guardada para 
posterior consumo. 
 
Como Proceder com Jataís Alojadas em Árvores Frondosas 
 
Derrubar uma árvore frondosa que demorou dezenas de anos para 
atingir este porte, apenas para capturar uma jataí, é realmente inconcebível. 
A jataí que ali se encontra, fornecer-lhe-á muitos enxames e até 
mesmo mel. 
 
Procedemos da seguinte maneira: usamos uma caixa de 13 x 16 x 14 
cm de altura, faltando a parte posterior. Usamos duas gavetas iguais às da 
caixa-padrão. Retiramos de uma outra colméia alguns potinhos de mel e 
colocamos nas gavetas para servirem de guia. 
Em seguida retiramos o canudo de cera da árvore e o grudamos no 
orifício de entrada da caixa. Após, fixamos a caixa com arame e com a parte 
posterior que está faltando voltada para árvore, logicamente na mesma 
direção, posição e altura da entrada do ninho das jataís na árvore. Veja o 
desenho da página 59 . As frestas deverão ser vedadas com barro argiloso, 
ou mesmo massa de cimento. 
As jataís demorarão dois ou três meses, depois passarão a depositar o 
néctar nesta caixa. Geralmente, o oco das árvores, mesmo de paredes 
espessas, são ambientes pequenos; nossas 
 
57 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
58 
Aproveitando o Jataí de uma árvore 
 
 
 
59 
abelhinhas têm pouco espaço para armazenar o néctar, quando encontram 
espaço sobressalente, passam a ocupá-lo. 
Esta experiência,eu a fiz com uma jataí que se encontrava no tronco 
de um jacarandá, depois repeti-a numa colméia que se encontrava num 
alicerce e os resultados foram positivos. 
Quanto a novos enxames, devemos instalar as caixas-isca, pois as 
colméias em ambientes pequenos costumam enxamear mais. Instale nas 
imediações desta colméia três ou quatro caixas-isca num raio de até 10 cm 
que será o suficiente para a captura. 
 
Multiplicação de Colméias por Processo Artificial 
 
1° Processo 
Abrimos uma colméia forte, escolhendo um dia claro, com 
temperatura elevada e sem vento, durante o mês de outubro ou novembro, e 
inicia-se a verificação do ninho. 
Retiramos a cera que circunda os favos de cria, observando se há 
realeiras ou mais de uma rainha. 
A realeira fica nas laterais dos favos centrais e tem aproximadamente 
5 mm de comprimento e 4 mm de diâmetro. Com um pouco de prática e 
paciência, podemos facilmente encontrá-la. 
Se houver realeira, ela deverá ser retirada juntamente com o favo 
onde ela se encontra. Retiramos mais 4 favinhos de cria e colocamos todos 
na caixa definitiva. Não devemos esquecer ainda de acrescentar alguns potes 
de pólen e mel, bem como parte do batume. Temos de retirar o canudo de 
cera da colméia-mãe e colocá-lo na entrada da nova caixa. Transferimos, 
então, a colméia-mãe a 50 m de distância. A nova família se formará com as 
abelhinhas que estão esvoaçando. 
Dentro de poucos dias, nascerá a nova rainha e teremos, 
forçosamente, uma outra colméia. 
 
60 
2° Processo 
Diferencia pouca coisa do primeiro. Se a colméia tiver mais de uma 
rainha, capturamos uma delas, prendemo-la numa caixa de fósforo vazia. 
Após, transferimos alguns potes de mel e pólen, bem como 4 favinhos de 
cria e parte da cera do batume para a nova caixa. Em seguida, soltamos a 
rainha na caixa e transferimos a colméia-mãe a 50 m de distância. As 
abelhinhas que estão esvoaçando, entrarão, na nova caixa e formarão uma 
nova família. 
Tanto num como noutro processo, a nova caixa tem de ser mantida 
na mesma altura, direção e posição do local da colméia-mãe. 
 
Instalação do Apiário na Zona Rural 
 
Aconselhamos a construção de suportes individuais de madeira ou de 
ferro com proteção contra formigas. 
O desenho na página 62 nos ilustra melhor. As colméias são 
colocadas sobre estes suportes a 80 cm de altura com o canudo de entrada 
voltado para leste. 
Evitamos as baixadas que são propensas a muita umidade no ar e a 
luz solar demora mais para chegar. 
Fazemos, então, uma cerca quebra-vento contornando todo o apiário 
a cinco metros de distância. Plantamos amor-agarradinho (trepadeira que 
fornece abundância de néctar e pólen, cujas florzinhas são rosadas, 
apresentam-se em cachos e desabrocham em várias épocas do ano), ou 
simplesmente plantamos coroa-de-cristo (cactácea boa fornecedora de 
resina, pólen e néctar que floresce o ano todo). A coroa-de-cristo, conhecida 
cientificamente por Euphorbia milii, ajuda no controle biológico das pragas, 
prendendo na viscosidade do pedúnculo floral as mais diversas espécies de 
insetos: mosquitos, formigas etc. 
 
61 
A quantidade de colméias no apiário vai depender do pasto apícola, 
podendo comportar desde algumas até mais de 50 colméias, colocadas a 2 m 
uma da outra. 
As jataís, quando bem manejadas, fornecem pouco mais de 1 litro de 
mel por ano, sua extração segue sempre duas etapas cíclicas. A primeira em 
fins de setembro e a segunda, em fins de janeiro. 
A baixa produção de mel tem como causa principal o restrito pasto 
apícola, principalmente nas épocas mais secas do ano. Seguem-se outros 
fatores, tais como: falta de padronização das caixas, manejo inadequado e 
competição de outros insetos nas floradas. 
 
O Suporte 
 
 
Os suportes poderão ser feitos em madeira ou ferro 
 
62 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A seguir colocamos uma lista de plantas que contribuem para a 
formação do campo apícola necessário às abelhas jataís. 
 
Flora Apícola para Abelhas Jataís 
 
Plantio Tipo Nome vulgar Florescimento Produz 
semente árvore algarobeira set/out PN 
semente verdura almeirão várias épocas N 
semente trepadeira amor-agarradinho várias épocas PN 
estaca árvore astrapéia-rosa jun/jul/ago PN 
estaca arbusto boldo jun/jul PN 
estaca arbusto coroa-de-cristo o ano todo PNR 
semente arbusto erva-doce 
(funcho) 
nov/dez/jan PNR 
semente rasteira esporinha set/out/dez P 
semente arbusto alfavaca set/out PN 
semente arbusto fumo (tabaco) jan/fev/mar PNR 
estaca arbusto incenso jun/jul PN 
estaca trepadeira jasmim-estrela nov/dez NR 
mudas árvore citros (todos) ago/dez N 
estaca trepadeira madressilva set/out N 
estaca arbusto margaridão abr/mai P 
estaca arbusto melissa jun/jul PN 
semente arbusto manjericão várias épocas PN 
semente árvore pitangueira set/out PN 
estaca árvore sabugueiro nov/dez PN 
semente arbusto salsa várias épocas PN 
semente árvore sibipiruna out PN 
semente árvore uvaieira jun/jul PN 
semente arbusto violeteira várias épocas N 
Legenda: P = pólen, N = néctar, R = resina 
 
Nota: conforme a região e o clima as plantas poderão oscilar suas épocas de 
floração. 
 
Estas plantas foram escolhidas por terem crescimento rápido, serem 
rústicas, adaptáveis aos mais variados tipos de solo é serem muito 
procuradas pelas jataís. Além destas, temos ainda as plantas já citadas no II 
capítulo do livro, item "O Melhor Lugar para instalar um Apiário''. 
 
63 
Destacamos a algarobeira que fornece abundância de néctar, 
justamente na época do estio, quando poucas plantas estão produzindo. Tem 
ainda inúmeras utilidades: das folhagens e semente fazemos ótima ração 
para os bovinos, caprinos, ovinos, suínos e aves. Na alimentação humana as 
sementes dão ótima farinha para a confecção de bolo, biscoito, geléia, pão, 
licor, melaço e papa. Assim, o uso industrial da algarobeira também pode 
ser para a fabricação de álcool, aguardente, farinha, goma, tanino, 
dormentes, estacas, tacos, móveis,lenha, carvão. 
A coroa-de-cristo (Euphorbia milii var. milii) que fornece os três 
elementos: pólen, néctar e resina, durante todo o ano, além de formar 
intransponível cerca viva, altamente ornamental pela abundância de flores, 
de uma rusticidade incrível, e ajudar intensamente no controle biológico. 
A astrapéia-rosa (Dombeya wallichii) também floresce no período 
mais crítico do ano, junho, julho e agosto, dá abundância de néctar, apesar 
do baixo teor de açúcar, é muito procurada pelas abelhas em geral. A 
floração é de inúmeros buquês de florzinhas com o formato de uma bola. 
Cada buquê tem em média 120 florzinhas. Certa vez, por curiosidade, contei 
mais de 800 buquês somente de um lado da árvore e concluí que numa única 
florada há, em média, 32.000 florzinhas. A astrapéia-rosa fornece no 
período da manhã farta quantidade de néctar; se chacoalharmos um buquê 
sobre um prato, verificaremos a presença de inúmeras gotículas de néctar. 
 
O Transporte para as Grandes Floradas 
 
O apicultor deve aproveitar as grandes floradas dos pomares, bem 
como dos eucaliptais, não só para a colheita do néctar, bem como para 
aumentar a polinização e, conseqüentemente, a produção; para isso, deve 
levar as colméias até os locais. 
 
64 
O transporte tem de ser à noite e com muita cautela, evitando os 
solavancos. Devemos primeiramente assoprar o canudo de entrada, para que 
as abelhinhas deixem-no livre, depois apertá-lo na extremidade de entrada a 
fim de que as abelhinhas permaneçam na caixa até o final do transporte. No 
outro dia, já estará aberto o canudo, e elas trabalhando. 
Uma outra observação sobre as jataís é quanto à coleta do néctar, 
pois não são como as apis-mellifera que dão preferência a um tipo de 
florada. Isto é, se abre a florada dos laranjais, ou dos eucaliptais, vão todas 
para estes tipos de floradas. As jataís coletam néctar ou pólen de diversas 
flores ao mesmo tempo. De uma mesma colméia temos abelhinhas 
coletando néctar de flores de laranjeira, de manjericão, de gerbão, de 
mangueiras etc. 
Aconselhamos a instalar o apiário, portanto, no centro das floradas, 
isto se quisermos mel de um tipo de florada. 
Outro detalhe é colocarmos as colméias sempre sobre suportes, ou 
banquetas, a fim de evitarmos os predadores, principalmente as formigas. 
 
Colméia-Padrão 
 
Temos vários tipos de colméias para jataís, algumas muito 
funcionais. Pensamos numa que atendesse, não só as necessidades das 
abelhinhas, como também do apicultor," facilitando principalmente a 
extração do mel. Depois de vários ensaios, graças a Deus, consegui criar a 
colméia-juliane. 
 
A colméia-juliane tem as seguintes vantagens: 
 
1 - A câmara de cria é eficiente em tamanho e o túnel interno possui 
o comprimento aproximado da colméia sel- 
 
65 
vagem, ou seja, do canudo de entrada até os favos de cria, tem 20 
cm. 
2 - Ao abrirmos a caixa, a câmara de cria permanece praticamente 
lacrada, mantendo assim a temperatura interna. 
3 - Fácil manejo na extração do mel, pois as gavetas são 
móveis. 
4 - Devido ao uso da cera moldada na gaveta a produção 
aumenta, uma vez que, extraído o mel, elas voltam para a caixa 
com a cera praticamente intacta. 
 
Descrição da Colméia-Padrão 
 
Consiste numa caixa de 24 cm de comprimento x 15 cm de largura x 
18 cm de altura (medida interna da caixa) feita de preferência com tábuas de 
3/4', podendo ser de quaisquer madeiras desde que bem secas e bem lixadas. 
A montagem da caixa deve ser com parafusos que dão maior resistência e 
evitam o empenamento das tábuas. O parafuso sai facilmente, sendo, pois, 
um meio menos violento de se fazer as vistorias. O espaço pontilhado no 
desenho da página 68 é duas tábuas pregadas, resultando numa caixinha de 
8 x 8 x 18 cm de altura, o espaço, entretanto, deve ser preenchido com pó de 
serra ou isopor. A câmara do ninho fica encostada a esta caixinha, no 
espaço maior são colocadas as gavetas afastadas cada uma 4 mm das 
paredes da caixa. 
 
Descrição das Gavetas 
 
São ao todo 5 gavetas medindo 14 cm de largura x 15 cm de 
comprimento x 3,2 cm de altura; estas medidas são externas. 
 
66 
Corte Lateral da Caixa-Padrão 
 
 
67 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Corte da Caixa-Padrão 
 
 
 
Medidas internas da caixa 
24 x 15 x 18 cm de altura 
 
Medidas internas do espaço ocioso 
8 x 8x 18 cm de altura 
 
Medidas internas do ninho 
7 x 7 x 18 cm de altura 
 
Observação: usar tábuas de 3/4" para confecção da caixa 
 
68
 
 
Espaço ocioso, ao lado câmara do ninho. Caixa-padrão vista por cima 
com prateleira superior. 
 
69 
 
 
Prateleiras com sarrafinhos. 
Os sarrafinhos são os pontos de apoio para os potes de mel e servem 
para as jataís não grudarem os mesmos no fundo da prateleira 
superior. 
 
 
70
 
 
 
 
 
 
 
Vista frontal, com unia prateleira com sarrafinhos, observem a 
prateleira sem sarrafinhos não funcionam, pois as jataís grudam por 
todos os cantos cera, dificultam sua extração. 
 
71 
 
 
Observar como ficam prateleiras sem sarrafinhos. É anti-funcional. 
 
72 
 
Caixa simples, rústica e anti-funcional. 
 
 
73 
 
 
Os preguinhos servem de apoio para as prateleiras se apoiarem sobre 
eles. No fundo vemos ao alto potes de mel e pólen. Abaixo favos de 
cera, onde as prateleiras irão encostar. 
 
74 
As gavetas não possuem nem a parte anterior, nem a parte posterior, 
isto é, nem têm a frente, nem o fundo, ficam formando uma calha. Sobre a 
borda das laterais da gaveta são pregados 8 sarrafinhos no sentido 
transversal, ver desenho na página 
Estes sarrafinhos servirão de suporte para as jataís fixarem os 
potinhos de mel, e ficam 1 cm afastados um do outro. 
As gavetas ficam 4 mm afastadas das laterais da caixa e entram na 
mesma, correndo sobre dois sarrafinhos-guias de 160 mm de comprimento x 
10 mm de largura x 4 mm de altura. O sarrafinho-guia tem de ser pregado 
com a parte mais fina, ou seja, a altura no sentido horizontal da caixa, para 
que sobrem espaços entre uma gaveta e outra, a fim das gavetas poderem 
correr com facilidade. 
As gavetas podem ser confeccionadas com chapas de duratex ou 
eucatex. Os sarrafinhos poderão ser de pinho ou cedro. 
No fundo das gavetas irá a cera moldada ou alguns potinhos de mel 
para servirem de guia. 
O orifício de entrada das abelhinhas é feito na base da lateral da 
câmara do ninho. É um furo de 10 mm de diâmetro, pois se for menor 
dificulta a passagem das abelhinhas. Há casos interessantes de se observar, 
quando encontramos colméias selvagens com mais de um canudo de 
entrada, é que os orifícios de entrada são pequenos demais, dando passagem 
para duas ou três abelhinhas de cada vez, razão de serem chamadas de 
abelhas das três portas ou das sete portas. 
 
75 
As Gavetas e os Sarrafinhos-Suportes 
 
 
Medidas externas das gavetas 
 
São 5 gavetas de 15 cm de compr. 
14 cm de larg. 
3,2 cm de alt. 
 
São 8 sarrafinhos de: 
1 cm de larg. 
0,5 cm de alt. 
compr. igual à 
larg, das gavetas 
 
São pregados a 1 cm um do outro 
 
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Cera Moldada para Jataís 
 
Material necessário: 
- 250 g de cera de jataí 
- 300 g de cera de apis-mellifera 
- 6 tubos de ensaio de 10 mm de diâmetro 
 
Modo de fazer. Juntamos os dois tipos de cera para ferver em banho-
maria. Enquanto a cera derrete, aproveitamos para amarrar juntos os 6 tubos 
de ensaio. 
Estando a cera derretida, molhamos a base dos tubos de ensaio nela. 
Em seguida, colocaremos os tubos em água fria; a cera sairá facilmente, 
formando assim os semipotinhos. Colocamos a cera moldada nas gavetas e 
com um conta-gotas pingamos mel de jataí ou laranjeira (da apis-mellifera), 
uma gota em cada semipotinho. 
As jataís passarão a trabalhar neles e depositarão o néctar ali. Às 
vezes acontecerá que desmancharão toda a cera moldada. Não desanime, 
pois a finalidade desta cera é facilitar a fabricação da mesma, uma vez que 
as jataís gastam muito mel para produzi-la, cerca de 400 g de mel para cada 
100 g de cera. 
Quando as jataís desmancham

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