Buscar

TGP - Nota de Aula 02 - Direito Material e Direito Processual 2016.1

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

nota de aula 02
Direito Material e Direito Processual
1- Introdução:
	Diante das arbitrariedades cometidas durante séculos por aqueles que eram mais fortes e, portanto, detinham o poder, eclodem na Europa movimentos para a redução dos poderes estatais. Essa onda culmina com a Revolução Francesa e funda a teoria do estado mínimo - o Estado Liberal. Mesmo nesse cenário, de Estados reduzidos, os governos ainda reservam para si o monopólio da função jurisdicional.
	Contemporaneamente os Estados mais modernos vem afastando as ideias extremamente liberais do Estado mínimo, aproximando-se mais do Estado do bem estar social, que de fato intervém na vida de seus cidadãos por meio de suas várias atividade, dentre elas a atividade jurisdicional, agora respeitando todos os limites que fazem dessa atividade aquela que busca o bem comum, que nesse caso se traduz em “pacificação com justiça” e a consequente busca pela concretização dos valores humanos, sendo também dever do Estado ter e manter a estrutura (física e humana) necessária para que essa justiça aconteça num espaço de tempo razoável.
2 - Função Jurídica do Estado e suas duas atividades:
O Estado exerce sua função jurídica em duas espécies de atividades: uma se dá pelo uso da legislação e a outra atividade pela jurisdição;
a legislação exerce o papel de traduzir em normas genéricas os valores de dada sociedade, normas essas sem destinatários específicos, porém destinadas à toda sociedade, para que esses cidadãos se amoldem a elas e as cumpram, praticando ou evitando determinados comportamentos;
já a jurisdição é uma atividade voltada, entre outras coisas, para a aplicação prática da legislação, caso haja uma ocasião real (caso concreto) que se encaixe nas previsões contidas nessa legislação. A jurisdição faz valer a legislação aplicando-a aos casos que surgem naturalmente das relações humanas;
na vida em sociedade, em geral as leis são cumpridas, essa é a regra. Os cidadãos, em sua maioria cumprem as leis e é esse comportamento que permite a vida em sociedade. 
O Estado só interfere quando uma pessoa se insurge à regra e a descumpre, sendo então uma exceção à regra, e mesmo assim, o Estado age se for provocado por aquele que se sinta ofendido com tal atitude infratora, seja ele cidadão comum ou promotor de justiça;
quando surgem essas situações conflituosas, o que era um preceito abstrato (a norma sem destinatário específico), torna-se um preceito concreto, preceito esse que dirá, ao fim de um processo, por meio de uma sentença (expressão do preceito concreto), como se deslindará (solucionará) o conflito;
sobre essa transformação do preceito abstrato em preceito concreto existem duas correntes conflitantes: a corrente dualista do ordenamento jurídico, de Chiovenda, e a corrente unitarista ,de Carnelutti;
para a Corrente Dualista de Chiovenda e aqueles que o acompanham, o direito se divide em direito material (que ditas as regras em abstrato) e que se concretizam com o acontecimento da vida humana que se encaixe na lei, sem que nada nem ninguém estranhos ao fato participe dessa concretização e, em direito processual que tem a função de por em prática a legislação, que é a “vontade do direito”;
para a Corrente Unitarista de Carnelutti e seus seguidores, o direito Material (também chamado de direito objetivo) e o direito processual (também chamado de direito subjetivo) se complementam. Para o estudioso o direito material não consegue prever todos os comportamentos humanos, e por essa razão necessitaria do direito processual para fazer a adequação das situações reais, ou seja o direito material só se efetivaria mediante a sentença que criaria norma especial aplicável ao caso concreto e que solucionaria o conflito.
3 - Direito Material e Direito Processual:
quebrada a regra geral de que “todos respeitam a lei”, surge o descontentamento daquele que foi de alguma forma atingido por uma desobediência. O descontente provocará o Estado e este, em conjunto com o demandante (o descontente) e, posteriormente com o demandado (aquele que “não respeitou a lei” ou que, supostamente, obstaculiza o desejo daquele que ficou, com isso, descontente), desempenhará a função jurisdicional, em cooperação com as partes, ou com pelo menos a parte autora, pois os réus podem ser julgados à revelia;
à esse conjunto de atos praticados em cooperação e que buscam resolver a lide (conflito), dá-se o nome de processo. Processo é, portanto, o conjunto de poderes, faculdades, deveres, obrigações exercidos por todas as partes envolvidas, na busca da “pacificação com justiça”;
Direito Processual, no entanto, é o conjunto de normas e princípios que regulam esses poderes e deveres exercidos por todos os envolvidos no processo;
o Direito Processual cuida das relações dos sujeitos processuais (daí o nome direito subjetivo);
o Direito Processual organiza a posição dos sujeitos processuais;
o Direito processual estabelece as regras para a atuação dos sujeitos processuais;
o Direito Processual nada estabelece quanto à regra infringida que deu origem ao conflito originário (essa função é do direito material);
 é função do direito processual estar a serviço do direito material;
é objetivo do direito processual o exercício da jurisdição, da ação, da execução e do processo, para com esses institutos garantir o ordenamento jurídico, ao tempo que são esses institutos que fazem do direito processual um direito distinto do direito material; 
às regras que são ofendidas e que geram conflitos a serem resolvidos por meio do processo, da-se o nome de direito material. São eles o direito civil, direito penal, direito empresarial, direito tributário, direito trabalhista, direito administrativo, entre outros.
4 - O Processo como instrumento: o processo é instrumento em várias ordens, senão vejamos:
4.1 O processo como instrumento da pacificação social:
se o direito material se destina a prever comportamentos positivos e negativos que traduzam os valores da sociedade, o direito processual é instrumento para afastar ou mesmo solucionar os conflitos surgidos das relações sociais;
Assim, quando o equilíbrio e a paz social são interrompidos é o direito processual que é instrumento para que seja alcançada a paz novamente;
4.2 O processo como instrumento a serviço do direito material:
aqui o enfoque é o papel que o sistema processual tem, ligando o direito material abstrato ao caso concreto de um dado cidadão;
esse é o aspecto positivo do processo, pois é a partir dele, e de sua efetividade, em um tempo razoável, que se faz possível a volta à paz social;
o processo deve, no aspecto acima descrito, ser um “eficiente caminho à ordem jurídica justa”; 
há também o aspecto negativo da instrumentalidade, que dá destaque ao fato de se deixar claro que o processo não tem um fim em si mesmo;
destaca-se assim, que pelo aspecto negativo, as exigências formais do processo somente devem ser levadas ao extremo, na medida em que sejam indispensáveis à obtenção do objetivos almejados, sob pena de nulidade, caso as exigências formais caminhem em sentido contrário ao escopo do caso concreto;
5 - Evolução do direito processual- são três as fases metodológicas do estudo do direito processual a serem verificadas:
5.1 Período do sincretismo: nessa fase o direito processual era entendido como mero meio para a busca da satisfação do direito material lesado. A ação era entendida como o próprio direito material, que ferido, ganhava força para buscar sua reparação; 
5.2 A segunda fase foi o revés da primeira, com uma supervalorização do processo, foi a fase autonomista ou conceitual, na qual o direito processual se descobriu como ciência. Foi nesse período em que praticamente tudo que se estuda atualmente sobre processo foi desenvolvido (natureza jurídica da ação, condições da ação, pressupostos processuais, etc.). O pecado dessa fase foi a falta de um olhar crítico;
5.3 A terceira fase é a atual, é a fase instrumentalista. Os estudiososdo direito processual já são seguros da autonomia de sua ciência e hoje têm o olhar crítico que faltou à fase anterior. O olhar que percebe as falhas e busca a melhoria do sistema, um olhar em busca da efetividade do processo num tempo razoável. Muito se andou, mas muito se há pra fazer nesse sentido. Espera-se que o Novo CPC, que em março vindouro entra em vigor, possa avançar na busca da efetividade do processo.

Outros materiais