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AULA 4: Atuação do psicólogo nos programas de DST/AIDS OBJETIVO DA AULA Ao final dessa aula, você será capaz de: 1- Identificar a dimensão ético-política do atendimento a pessoas com DST, HIV e AIDS; 2- Refletir sobre a Psicologia e o campo DST/AIDS; 3- Reconhecer as características da atuação do psicólogo em programas de DST/AIDS; 4- Conhecer a gestão do trabalho nos programas de DST/AIDS. Dimensão ético-política do atendimento a pessoas com DST, HIV e AIDS. A AIDS surgiu, no Brasil, no início da década de 1980, no exato momento em que o país sofria transformações político-sociais importantes para o direcionamento das ações políticas no campo da saúde e, no caso em particular, da AIDS. Nesta ocasião, podemos ressaltar o surgimento de alguns marcos históricos na área de saúde do país: a reforma sanitária, a Conferência Nacional de Saúde, a criação do SUS e todas as conquistas do movimento de saúde na elaboração da Constituição Federal Brasileira, de forma a garantir que o direito dos cidadãos brasileiros à saúde fosse assegurado, como citado no Art. 196: A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação (BRASIL, 1988). Eixos da Política Nacional do programa brasileiro Com o intuito de dar respostas políticas ao momento de epidemia do HIV/AIDS, a Política Nacional do programa brasileiro compreende três eixos principais, para que venham a funcionar de forma integrada e com base nos princípios do SUS: - Promoção à saúde, proteção dos direitos fundamentais das pessoas vivendo com HIV e AIDS e prevenção da transmissão das DST, do HIV e do uso indevido de drogas – Esse componente articula suas diretrizes, estratégias e ações, tendo em vista a redução da incidência da infecção pelo HIV/AIDS e por outras DST (BRASIL, 1999, p.13). - Diagnóstico e assistência – Esse componente articula suas diretrizes, estratégias e ações, tendo em vista a redução da incidência da infecção pelo HIV/AIDS e por outras DST (BRASIL, 1999, p.13). - Desenvolvimento institucional e gestão do programa- Esse terceiro componente tem relação, com o princípio da descentralização do SUS no que se refere aos vários aspectos de gestão do programa nacional, da execução de políticas e do seguimento de diretrizes pelos programas estaduais e municipais. A Psicologia e o campo DST/AIDS O trabalho do psicólogo no campo das políticas públicas relativas às DST/AIDS respeita praticamente, os mesmo compromissos sociais subjacentes às práticas profissionais que estabelecem os parâmetros a serem buscados nas ações desenvolvidas nesse campo. O psicólogo atuando no campo da AIDS deve: - AJUDAR- Ajudar no processo de ressignificação pessoal e coletiva das pessoas envolvidas no processo em especial na sua relação com o dia a dia. - ATUAR - Atuar de modo auxiliar na recuperação das pessoas fragilizadas pela doença, buscando sua recolocação no processo social e melhora na condição de vida. - OBSERVAR – Observar o contexto histórico particular de cada indivíduo, para que este não seja descolado de seu ambiente natural e zona de conforto neste processo de recuperação. Cada indivíduo é um modo particular e isto deve ser respeitado. Capacitação do psicólogo O psicólogo deve ter como referência a epidemiologia e os programas de saúde (federal, estaduais e municipais), pois essas informações fornecerão elementos para decidir quais serão as áreas prioritárias e as demandas da população. Três itens devem ser observados na capacitação de um psicólogo para este ambiente: - Conhecimento teórico e prático sobre DST, HIV, AIDS e hepatites, além de informações básicas na área de saúde em geral e capacidade de controle de grupos. - Conhecimento específico do conteúdo programático do sistema. - Conhecimento sobre suporte pessoal, ou seja, como cuidar daquele que também cuida. Atuação do psicólogo em programas de DST/AIDS - Dentro do sistema promotor de saúde pública, principalmente nas equipes multidisciplinares, existe uma série de atividades, onde a responsabilidade pertence a todos os profissionais de saúde que, na maioria das vezes, não é reconhecida como própria de uma ou outra profissão. - É comum, nestes casos, ver o psicólogo questionar a pertinência de dirigir uma ação educativa, uma vez que “não se formou para isso”. As ações comuns à equipe, no entanto, se inserem no paradigma da prevenção e da promoção da saúde, e estas constituem campo de atuação de todos os indivíduos envolvidos com as questões de saúde. - Há relevância em como o profissional psicólogo deve se portar, em sua ação diante da fragilidade ao vírus HIV ou a qualquer DST, não só pela vulnerabilidade social que desfavorece em maior ou menor grau o indivíduo em análise, mas também pela exposição a transtornos ou desordens emocionais. Sistema de prevenção de saúde De acordo com a lógica de atenção proposta pelo SUS, além de desenvolver as noções de campo, núcleo e vulnerabilidade, as ações deverão estar organizadas em atividades de prevenção, promoção e assistência. O sistema de prevenção de saúde é divido em três níveis de complexidade: - Prevenção primária – Esta seria a primeira linha de defesa contra determinados agentes patógenos. São ações que visam à divulgação dos cuidados de prevenção ao DST/AIDS, e o psicólogo também se enquadra neste trabalho de palestras, aconselhamento individual e coletivo pré e pós-teste, oficinas e qualquer atividade que vise o esclarecimento a respeito do tema. - Prevenção secundária – As ações da prevenção secundária devem ser exercidas pelo psicólogo e visam impedir o avanço da doença ou a sua cronicidade. Neste ponto, é importante a escuta psicológica e o aconselhamento com monitoramento da situação psicológica do sujeito atendido. - Prevenção terciária – É a última linha de defesa e trabalha buscando a reabilitação, além de evitar ou diminuir o risco de invalidez total ou parcial, logo após a doença ter sido curada ou estabilizada, como no caso da AIDS. As ações de prevenção terciária constituem em intervenções na comunidade com o intuito de -Diminuir o preconceito e a discriminação; -Cuidar da reinserção no mercado de trabalho ou na comunidade do sujeito que acaba de travar uma luta contra a doença; -Manter uma relação de atendimento com a família e comunicantes; -Preparar a construção de uma rede de apoio social dentro da comunidade onde o sujeito está instalado. O psicólogo no sistema de prevenção de saúde O psicólogo, no sistema de prevenção de saúde, pode atuar nos três níveis! As necessidades de saúde que não podem ser resolvidas no nível da atenção básica são encaminhadas à atenção especializada, no nível de média complexidade ou atenção secundária. Os serviços de alta complexidade – atenção terciária – estão no mais alto nível de recursos tecnológicos para o atendimento à necessidade de saúde do usuário, como, por exemplo, no serviço de transplante de órgãos ou nas unidades de tratamentos intensivos. Gestão do trabalho nos programas de DST/AIDS - Descentralização dos serviços - De acordo com Lei nº 8.080/1990 dispõe sobre a descentralização político-administrativa nas três instâncias do poder público e dá ênfase à municipalização de todos os serviços e ações de saúde pública. Também observa como se dá a redistribuição de poder, responsabilidades e recursos financeiros para os municípios. - Princípio da integralidade - Antes separadas, as ações de saúde agora devem manter o princípio de integralidade em todo o sistema SUS. Isto se faz para dar organicidade ao sistema, tornando cada vez mais unificadas as ações nos Ministério da Saúde e da Previdência. - Controle social - Os psicólogos envolvidos no sistema de prevenção de DST e AIDS podemparticipar dos Conselhos locais, municipais, estaduais e nacionais como profissionais da área de saúde. Assim, ampliam o toque da informação participativa aos membros da comunidade, principalmente em dois pontos específicos: • Prover o preparo de novos profissionais capazes de atuar dentro dos projetos de DST/AIDS no Brasil; • Investir na capacitação para atuar de forma mais eficiente no processo de gestão, utilizando métodos integrativos e participativos no planejamento, programação, vigilância e avaliação, melhorando a capacidade de autonomia gerencial e tornando o processo de decisão mais rápido, adaptativo e participativo, capaz de ter sustentabilidade das ações, que é um subcomponente de gestão. Nesta aula, você: Reconheceu a dimensão ético-política do atendimento a pessoas com DST, HIV e AIDS; Refletiu sobre a Psicologia e o campo DST/AIDS; Identificou as características da atuação do psicólogo em programas de DST/AIDS; Conheceu a gestão do trabalho nos programas de DST/AIDS: princípios do SUS na prática cotidiana e o trabalho em equipe multiprofissional. Na próxima aula, você estudará sobre os assuntos seguintes: O significado do termo saúde mental; A desospitalização e a inclusão social do doente mental; CAPS: o que são, seus principais objetivos e atividades terapêuticas; A relação dos CAPS com a rede de saúde básica e com a comunidade.
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