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Prof. Luciano da Costa Bandeira 1 UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA CURSO: ENGENHARIA CIVIL DISCIPLINA: GERENCIAMENTO DE OBRAS CIVIS PROFESSOR: Msc. Luciano da Costa Bandeira. CAPÍTULO 4: Gestão da Produção no Canteiro de Obras O Canteiro de obras é o chão de fábrica da indústria da construção civil. Nele são realizadas todas as operações que estão ligadas ao processamento do produto final. Por esse motivo organizar e administrar a forma de produção no canteiro, com alta produtividade, sem desperdícios e minimizando as agressões ao meio ambiente torna-se um fator essencial para o sucesso do empreendimento. Pode-se dividir a gestão da produção no canteiro em três etapas: Planejamento, Execução e Controle. 1 – PLANEJAMENTO No planejamento da produção incluem-se as etapas de análise do projeto, estudo do lay out e do fluxo no canteiro (capítulo 1) e também do orçamento, cronograma físico-financeiro, determinação do caminho crítico (capítulo 2), planejamento da rede de suprimentos e relação com fornecedores, fluxo de caixa e planejamento da logística da obra (capítulo 3). Como todos esses assuntos já foram vistos nos capítulos anteriores, concentraremos nossa atenção na execução e no controle da produção. 2 – EXECUÇÃO Em busca de uma maior produtividade, os métodos construtivos mais modernos e econômicos direcionam-se cada vez mais à montagem de Kits, elaborados em centrais específicas, para depois serem aplicados no local definitivo. Nas centrais, os funcionários são treinados para fazerem serviços específicos e padronizados, com utilização de máquinas e equipamentos próprios. Com as operações sendo executadas repetidamente, o índice de conformidade (produtividade??) cresce de forma progressiva. As centrais mais comuns nos canteiros de obra são as seguintes: Central de Armações: Primeiramente, a equipe da central recebe o projeto, os materiais (barras de ferro, arame recozido) e os equipamentos, entregando a peça (vigas, pilares, lajes) cortada, Prof. Luciano da Costa Bandeira 2 dobrada e, às vezes, já amarrada ou soldada. O fluxo de serviços em uma central de armações assemelha-se muito à linha de montagem em uma indústria de grande porte (como uma montadora de veículos, por exemplo). Geralmente, a central é instalada em um local onde as baias/depósito de barras de aço, são divididas por bitola. Em seguida, na linha de serviço, instalam-se uma ou mais bancadas e a máquina de corte das barras. Na sequência, instala-se a máquina de dobra. Se a dobra for realizada manualmente, utiliza-se uma bancada com pinos de aço soldados para possibilitar a sua execução. Em último lugar fica o espaço destinado à amarração da ferragem já dobrada. Atualmente, existem empresas especializadas em corte e dobra de aço. Muitas vezes é interessante terceirizar o serviço de corte e dobra, e deixar somente a amarração para a obra. Central de formas: Em um canteiro com grande volume de formas a serem confeccionadas, a central de formas recebe as chapas de compensado, tábuas e pontaletes e entrega as formas batidas e prontas para montagem. Uma central de formas com padrão convencional, é constituída de um depósito de madeira (normalmente com separadores por tipo de material), uma primeira bancada com os gabaritos para preparação do corte, a serra circular onde é feito o corte, uma bancada de montagem e o estoque de material pronto. Prof. Luciano da Costa Bandeira 3 Para que o serviço de central de formas seja eficiente é essencial a elaboração de um projeto de formas, em que todas as peças a serem confeccionadas estejam detalhadas e com o respectivo quantitativo. Central de concreto e argamassas: Na central de concreto e argamassas serão produzidos todo o concreto e a argamassa a serem consumidos na obra, tanto na execução da estrutura quanto no serviço de elevação da alvenaria e no serviço de revestimento (reboco e emboço). A estrutura de uma central de concreto e argamassas deve possuir depósito de cimento protegido contra umidade (de preferência, com piso elevado do solo), depósito de agregados (areias e britas para o concreto, areias para argamassas) com estruturas separadoras (formando as baias) que podem ser de alvenaria, concreto ou madeira; além disso, deve conter depósito para cal (caso se utilize este produto na composição das argamassas) e baias para separação de tipos de argamassas diferentes. Outra recomendação importante é a proximidade do depósito de areia e brita com o mecanismo de transporte vertical (guincho ou elevador de carga). Central de instalações: A montagem de kits para instalações elétricas, hidráulicas e de esgoto proporciona grande aumento de produtividade, economia no material, redução na geração de resíduos, facilidade no controle dos estoques, Prof. Luciano da Costa Bandeira 4 melhor organização do canteiro e melhoria na qualidade dos serviços. Medir, montar e soldar tubos e conexões em uma bancada, em posição confortável e com o auxílio de gabaritos, é um processo muito mais confiável que as tradicionais montagens no local de aplicação. As soldagens são feitas com muito mais cuidado, com os tubos alinhados, sem esforços laterais. Porém, trabalhar com processos industrializados e padronizados de instalações requer alguns cuidados: - O processo de armazenamento e transporte das peças prontas deve ser bem mais cuidadoso, já que as peças coladas são mais rígidas, assimétricas e quebram mais facilmente. - As passagens deixadas no concreto, no momento de execução das estruturas, devem obedecer a medidas rígidas, estabelecidas com gabarito, pois um pequeno deslocamento na posição de instalação do kit pode fazer com que todo o trabalho seja perdido. Fisicamente, uma central de instalações compõe-se de um depósito de tubos, uma banca de corte gabaritada e outra de montagem, que se situa entre as prateleiras onde estão depositadas as conexões, adesivos etc. Layout básico de uma central de instalações: o apresentado a seguir: Prof. Luciano da Costa Bandeira 5 Central de pré-moldados: Dependendo do volume de pré-moldados (blocos, pisos, placas e lajes) a serem usados em uma obra civil, e dependendo do espaço disponível, justifica-se a instalação de uma central para a sua produção. A maior limitação na montagem de uma central de produção de pré-moldados consiste no espaço disponível, pois geralmente as máquinas e os estoques de material (tanto insumos quanto material pronto) ocupam significativa extensão. A fabricação dos pré-moldados no canteiro da obra, traz como vantagem, em relação às peças produzidas externamente, em uma indústria, a economia no transporte e no controle do tempo de sua produção. Além disso, como os insumos são da própria obra, o gestor/gerente tem uma segurança financeira maior sobre os gastos efetivos com esses produtos. A estrutura de produção de uma central de pré-moldados consiste, basicamente, em um depósito de insumos, as máquinas usadas para a fabricação e uma área de secagem. Quando se fabricam diversos tipos de pré-moldados, cada um tem sua linha de produção. Tradicionalmente, as linhas de produção de pré-moldados mais comuns em canteiros de obra são: - Linha de produção de blocos de concreto – a linha de produção de blocos exige somente umdepósito de insumos (cimento, areia e brita) e a própria máquina, além de uma área de secagem / cura . Da secagem, os blocos já saem prontos para serem transportados ao local de aplicação. - Linha para a produção de vigas e pilares – normalmente, as formas são encaixáveis e de fácil armazenamento. Além do local para armazenamento das formas torna-se necessário uma área para o armazenamento do aço a ser utilizado e uma área específica para Prof. Luciano da Costa Bandeira 6 secagem/cura, antes do transporte do material. - Linha de produção de tubos de concreto – assim como as outras, a linha de produção de tubos compõe-se de um depósito de insumos (areia, brita e aço), a própria máquina e uma área para secagem / cura, de onde os tubos já são transportados. 3– CONTROLE DA PRODUÇÃO O primeiro passo para se controlar a produção é estabelecer processos que efetuem a sua medição. Em um canteiro de obras a maneira mais eficiente de se medir a produção consiste no cálculo de indicadores de produção. Um indicador deve ser, antes de tudo, um número gerado por uma operação matemática que tenha um resultado final. Deve-se usar um critério padronizado para que possa ser comparado com futuras medições. O indicador pode ser desenvolvido pela própria equipe, conforme a necessidade e as condições de desenvolvimento da própria obra. Costa (2013) apresenta algumas sugestões de indicadores de produção. Índices de Produtividade por Serviço Este indicador tem como objetivo obter índices específicos da empresa, levando em consideração as particularidades dos procedimentos adotados e dos operários envolvidos. A fórmula de cálculo desse indicador é, onde: HH = Homens-hora: Quantidade de horas trabalhadas por todos os operários envolvidos no processo. Qserv = Quantidade de serviço produzida, que corresponde à quantidade levantada em projeto de acordo com os seguintes critérios: o Alvenaria – área de alvenaria, descontando os vãos. o Reboco interno – perímetro das paredes X altura, descontando-se todos os vãos. o Armação – aço medido em Kg. o Fôrmas – faces de contato com o concreto para pilares; laterais e fundo Prof. Luciano da Costa Bandeira 7 para as vigas; área de superfície de apoio das lajes. o Argamassas / concreto – quantidade em m3 de argamassa ou concreto produzido. o Instalações – Quantidade de kits completos por unidade habitacional. o Pré-moldados – Quantidade (em Kg) de pré-moldados produzidos. Índices de Produtividade por Tempo O objetivo do cálculo deste índice consiste em verificar o percentual do tempo dedicado a Atividades PRODUTIVAS (Tp), AUXILIARES (Ta) e IMPRODUTIVAS (Ti). Calcula-se o índice, dividindo-se o tempo de cada uma delas pelo tempo total de trabalho (Tt). Atividades PRODUTIVAS são aquelas que agregam valor ao produto final, que podem ser medidas e estarão definitivamente na obra. Como exemplo temos as atividades de estrutura, alvenaria, reboco, contra-piso, pintura etc. Atividades AUXILIARES são aquelas que não agregam valor ao produto final, mas proporcionam os meios absolutamente necessários para a produção, como carga e descarga, transporte, medições. Atividades IMPRODUTIVAS são aquelas que não agregam valor e não apoiam atividades produtivas. Normalmente, são decorrentes de falhas no planejamento, falta de material, falta de componentes na equipe, chuvas, greves. Fórmulas: Tempo produtivo = Tp / Tt. Tempo auxiliar = Ta / Tt. Tempo improdutivo = Ti / Tt. Índice de Aproveitamento dos Materiais Usa-se este indicador para se verificar o aproveitamento dos materiais adquiridos, assim como estimar a perda de materiais. A fórmula de cálculo é a quantidade de material adquirido (Ma) dividida pela quantidade de serviço efetivamente executado (Qserv). Fórmulas: Índice de aproveitamento = Ma / Qserv Exemplo: Para se calcular o índice de aproveitamento da areia, durante a execução do serviço de reboco em uma obra, o cálculo seria o seguinte: Índice de aproveitamento da areia = ____ m3 / ____ m2 de reboco. Índice de Aproveitamento dos Equipamentos Com este indicador verifica-se o aproveitamento dos equipamentos adquiridos ou Prof. Luciano da Costa Bandeira 8 locados. A partir desse cálculo pode-se decidir, por exemplo, se a locação de determinado equipamento ainda é necessária. A fórmula de cálculo é o tempo de utilização do equipamento (Te) dividido pelo tempo total de trabalho (Tt). Fórmulas: Índice de aproveitamento = Te / Tt Exemplo: Para se calcular o índice de aproveitamento de uma betoneira, durante a execução do serviço de reboco em uma obra, o cálculo seria o seguinte: Índice de aproveitamento da betoneira = ____ horas / ____ horas de trabalho no dia. QUESTIONÁRIO 1) Para se fazer o planejamento da produção em um canteiro de obras devem ser usadas algumas ferramentas, dentre elas estão: a) Controles de produção e indicadores de produção. b) Orçamento, cronograma, controles de estoque e indicadores de produção. c) Indicadores de produção e controle de estoques. d) Índices de aproveitamento de mão de obra, tempo, materiais e equipamentos. e) Orçamento, cronograma, fluxo do canteiro e fluxo de caixa. 2) Considere as afirmativas a seguir I. A montagem de Kits hidrossanitários facilita o transporte para o local de aplicação. II. A execução centralizada da produção reduz o número de funcionários necessários para a execução do serviço. III. Em uma central de massas e concreto o cimento deve ser empilhado sobre o piso. Atribuindo “V” para a afirmação verdadeira e “F” para a afirmação falsa, a combinação que se associa às afirmações acima é: a. F, V, F b. V, F, V. c. V, F, F. d. F, V, V. e. V, V, V. 3) Faça um esboço de uma central de armações, definindo as posições e os principais equipamentos usados. Prof. Luciano da Costa Bandeira 9 4) São equipamentos usados em uma central de armações: a) Máquina de corte, de dobra e desengrosso. b) Máquina de corte, de dobra e mesa de pinos. c) Serra, desengrosso e máquina de corte. d) Máquina de corte, de dobra e mesa de pinos. e) Serra, Bolsadeira e máquina de corte. 5) São equipamentos usados em uma central de formas: a) Máquina de corte, de dobra e desengrosso. b) Máquina de corte, de dobra e mesa de pinos. c) Serra, desengrosso e bancada de corte. d) Serra, máquina de corte e mesa de pinos. 6) Serra, Bolsadeira e máquina de corte. 7) Faça um desenho esquemático (croqui) de uma central de formas, mostrando os principais móveis, equipamentos, depósitos e o fluxo de materiais. 8) A produção centralizada em um canteiro de obras gera economia de mão de obra, reduz o desperdício e um aproveitamento melhor dos resíduos. Sobre as centrais de produção montadas em um canteiro de obras é incorreto afirmar que: a) Para a execução da produção em uma central de formas, é necessário um projeto específico detalhado só para a produção das mesmas, com detalhes e quantitativos. b) Para a execução da produção em uma central de armações, é necessário um projeto específico, diferente dos projetos tradicionais de armação. c) A central de massas deve ser elevada para garantir que o depósito de cimento não fique em contato com o solo. d) Uma desvantagem da montagem de kits hidrossanitários é a dificuldade de Prof. Luciano da Costa Bandeira 10 transporte, pois as peças montadas ficam mais rígidas e assimétricas. e) Quando forem usados kits hidrossanitários pré-montados o cuidado com relaçãoàs medidas das passagens deixadas na estrutura deve ser muito maior. 9) Faça um croqui (esquema) mostrando os equipamentos, os ambientes e o fluxo de trabalho em uma central de instalações. 10) As linhas de produção mais comuns em uma central de pré-moldados de concreto são as apresentadas abaixo, exceto: a. Linha de produção de estrutura (vigas, pilares e lajes) b. Linha de produção de placas. c. Linha de produção de blocos. d. Linha de produção de formas. e. Linha de produção de tubos. 11) Apresente um croqui (esboço) mostrando os ambientes, equipamentos e o funcionamento de uma central de argamassas e concreto. 12) Os indicadores que medem o índice de produtividade por serviço são calculados dividindo: a. Tempo gasto pela quantidade de serviço executado. b. Tempo gasto pelo valor gasto para execução dos serviços. c. Homens/Hora pela quantidade de serviço executado. d. Valor gasto pela quantidade de serviço executado. Prof. Luciano da Costa Bandeira 11 e. Homens/Hora pelo valor gasto para execução dos serviços. 13) No cálculo de indicadores, normalmente, são usadas algumas unidades de medidas para fazer a medição da quantidade de serviços executados. Na primeira coluna, temos a relação de serviços. Na segunda coluna, a relação de unidades: ( a )Alvenaria ( 1 ) perímetro das paredes X altura, menos os vãos. ( b )Reboco ( 2 ) faces de contato com o concreto. ( c )Formas (Fôrmas?) ( 3 ) medido em Kg. ( d )Argamassas ( 4 ) área descontando os vãos. ( e )Armação ( 5 ) m3 produzido Associando as duas colunas, a combinação que melhor representa o conjunto é: a. a4, b1, c2, d5, e3. b. a1, b4, c5, d2, e3. c. a2, b1, c4, d5, e3. d. A2, b5, c3, d1, e3. e. A5, b1, c2, d4, e3. 14) Os índices de aproveitamento de equipamentos calculam: a. Tempo gasto pela quantidade de serviço executado. b. Tempo utilizado do equipamento pelo tempo total de trabalho. c. Homens/Hora pela quantidade de equipamentos. d. Valor gasto pela quantidade de equipamentos. e. Valor dos equipamentos pelo valor gasto para execução dos serviços. GLOSSÁRIO Gabarito – Peça de madeira e de metal que serve de molde para direcionar a fabricação de uma nova peça. Índice de conformidade – percentual do item que está de acordo com um padrão pré- estabelecido. Prof. Luciano da Costa Bandeira 12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANTUNES, Anivaldo da Costa. Logística no canteiro de obras utilizando os princípios da construção enxuta. Disponível em http://www.comunidadedaconstrucao.com.br, acesso em 22/02/2013. COSTA, Dayana B. Indicadores de produtividade na construção civil. Disponível em http://www.comunidadedaconstrucao.com.br/ ativos/42/modulo-3-indicadores -de- produtividade -na - construcao-civil.html, acesso em 08/03/2013. OLIVEIRA, Marcos Berberick de; LONGO, Orlando Celso. Gestão da cadeia se de? suprimentos.In: IV CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO, 2008, Niterói. OLIVEIRA, Otávio J de; MELHADO, Silvio Burrattino. Como administrar empresas de projeto de arquitetura e engenharia civil. São Paulo: Editora PINI, 2006. SANTOS, Adriana de Paula Lacerda; JUNGLES, Antonio Edésio. Como gerencial(?) as compras de materiais na construção civil. São Paulo: Editora PINI, 2008.
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