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03_Conhecimento_Do mito à razão

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Filosofia e Ética
Do mito à razão: O nascimento da filosofia
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Do mito à razão: O nascimento da filosofia
Costuma-se dizer que os primeiros filósofos foram gregos; 
Isso significa que as doutrinas do século VI a.C. na China (Confúcio e Lao Tsé), na Índia (Buda) e na Pérsia (Zaratustra) estão por demais vinculadas à religião para que se possa falar propriamente em reflexão filosófica.
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Do mito à razão: O nascimento da filosofia
Periodização da história da Grécia Antiga:
Civilização micênica (sécs. XX a XII a.C.) – desenvolveu-se desde o início do segundo milênio a.C. e tem esse nome pela importância da cidade de Micenas, de onde, por volta de 1250 a.C., partem Agamenon, Aquiles e Ulisses para sitiar e conquistar Tróia;
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Do mito à razão: O nascimento da filosofia
Tempos Homéricos (sécs. XII a VIII a.C.) – no final desse período teria vivido Homero (século IX ou VIII a.C.); na transição de um mundo essencialmente rural, os senhores enriquecidos formam a aristocracia proprietária de terras; recrudesce o sistema escravista.
Período arcaico (sécs. VIII a VI a.C.) – com o advento das cidades-estados (póleis), ocorrem grandes alterações sociais e políticas, bem como o desenvolvimento do comércio e a expansão da colonização grega.
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Do mito à razão: O nascimento da filosofia
Período clássico (sécs. V a IV a.C.) – apogeu da civilização grega; na política, expressão da democracia ateniense; desenvolvimento das artes, literatura e filosofia; época em que vivem os sofistas e os filósofos Sócrates, Platão e Aristóteles.
Período helenístico (sécs. III a II a.C.) – decadência política, domínio macedônico e conquista da Grécia pelos romanos; culturalmente, significativa influência das civilizações orientais.
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Do mito à razão: O nascimento da filosofia
Como se dá a passagem da consciência mítica para a consciência filosófica?:
Os mitos gregos surgem quando ainda não havia escrita, portanto eram preservados pela tradição e transmitidos oralmente;
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Do mito à razão: O nascimento da filosofia
De um modo geral as histórias eram engendradas de forma coletiva e anônima;
Homero teria sido o provável autor de dois poemas épicos, Ilíada e Odisséia (Séc. IX ou VIII a.C.);
As ações heróicas relatadas nas epopéias mostram a constante intervenção dos deuses, ora para auxiliar o protegido, ora para perseguir o inimigo;
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Do mito à razão: O nascimento da filosofia
O herói vive na dependência dos deuses e do destino, faltando a ele a noção de vontade pessoal, de liberdade;
Hesíodo (final do séc. VIII e princípio do VII) relata as origens dos deuses, em que as forças emergentes da natureza vão se divinizando;
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Do mito à razão: O nascimento da filosofia
No período arcaico surgem os primeiros filósofos gregos (fins do século VII e durante o século VI a.C.);
Alguns autores chamam de “milagre grego” à passagem da mentalidade mítica para o pensamento crítico racional e filosófico, por destacarem o caráter repentino e único desse processo.
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Do mito à razão: O nascimento da filosofia
Para outros não há “milagres” pois a filosofia grega é a culminação do processo gestado através dos tempos e que, portanto, tem sua dívida com o passado mítico;
Algumas novidades do período arcaico ajudam a transformar a visão que o mito oferecia sobre o mundo e a existência humana, dando condições ao surgimento da filosofia. São as invenções da escrita e da moeda, a lei escrita e o nascimento da pólis (cidade-estado).
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Do mito à razão: O nascimento da filosofia
A Escrita:
A consciência mítica predomina em cultura de tradição oral, quando ainda não há escrita;
Mythos significa “palavra”, “o que se diz”;
Enquanto os rituais religiosos são cheios de fórmulas mágicas, termos fixos e inquestionados, os escritos deixam de ser reservados apenas aos que detêm o poder e passam a ser divulgados em preaça pública, sujeitos à discussão e à crítica.
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Do mito à razão: O nascimento da filosofia
A Moeda:
Entre os séculos VIII e VI a.C. dá-se o desenvolvimento do comércio marítimo, decorrente da expansão do mundo grego, com a colonização da Magna Grécia (atual sul da Itália e Sicília) e Jônia (litoral da atual Turquia);
Por essa época, mais precisamente no século VII a.C., a moeda inventada na Lídia, aparece na Grécia facilitando os negócios e impulsionando o comércio;
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Do mito à razão: O nascimento da filosofia
A moeda faz reverter seus benefícios para a própria comunidade. Além desse efeito político de democratização de um valor, a moeda sobrepõe aos símbolos sagrados e afetivos o caráter racional de sua concepção;
Nesse sentido, a invenção da moeda desempenha papel revolucionário, pois está vinculada ao nascimento do pensamento racional crítico.
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Do mito à razão: O nascimento da filosofia
A Lei Escrita e o Cidadão da Pólis:
O nascimento da pólis se dá por volta dos séculos VIII e VII a.C. e provoca grandes alterações na vida social e nas relações humanas;
A justiça, até então dependente da interpretação da vontade divina ou da arbitrariedade dos reis é codificada numa legislação escrita. Regra comum a todos, sujeita à discussão e modificação, a lei escrita passa a encarnar uma dimensão propriamente humana.
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Do mito à razão: O nascimento da filosofia
As reformas da legislação de Clístenes fundam a pólis sobre nova base: estabelecem-se relações não mais resultantes da consangüinidade, mas determinadas por outra organização administrativa;
Os que compõem a cidade, por mais diferentes que sejam por sua origem, sua classe, sua função, aparecem de um certa maneira “semelhantes” uns aos outros;
Surge o conceito de isonomia: igual participação de todos os cidadãos no exercício do poder.
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Do mito à razão: O nascimento da filosofia
A originalidade da cidade grega é que ela está centralizada na ágora (praça pública), espaço onde se debatem os problemas de interesse comum;
A pólis se faz pela autonomia da palavra não mais a palavra mágica dos mitos, palavra dada pelos deuses e, portanto, comum a todos, mas a palavra humana do conflito, da discussão, da argumentação;
O saber deixa de ser sagrado e passa a ser objeto de discussão;
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Do mito à razão: O nascimento da filosofia
A expressão da individualidade por meio do debate faz nascer a política, que liberta o indivíduo dos exclusivos desígnios divinos e lhe permite tecer seu destino na praça pública.
A instauração da ordem humana dá origem ao cidadão da pólis, figura inexistente no mundo da comunidade tribal;
Apesar de que apenas 10% da população ateniense eram considerados cidadãos capacitados para decidir por todos (90% eram escravos, mulheres, estrangeiros e crianças), o importante deste processo é a mutação do ideal político e uma concepção inovadora de poder, a democracia.
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Do mito à razão: O nascimento da filosofia
Mito e filosofia: continuidade e ruptura:
Já podemos notar a diferença entre pensamento mítico e filosofia nascente: os filósofos divergem entre si e a filosofia se distingue da tradição mítica oferecendo uma pluralidade de explicações possíveis, uma atitude característica do filósofo;
No entanto, para alguns estudiosos, apesar das diferenças, o pensamento filosófico nascente ainda presente apresenta vinculações com o mito;
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Do mito à razão: O nascimento da filosofia
Por exemplo, Hesíodo relata na Teogonia como Gaia (Terra) gera sozinha, por segregação, o Céu e o Mar; depois, a união da Terra com o Céu, presidida por Eros (princípio de coesão do Universo), resulta na geração dos deuses;
Examinando-se textos jônicos, nota-se a mesma estrutura de pensamento existente no relato mítico: os jônios afirmam que, de um estado inicial de indistinção, separam-se pares opostos (quente e frio, seco e úmido) que vão gerar os seres naturais (o céu de fogo, o
ar frio, a terra seca, o mar úmido);
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Do mito à razão: O nascimento da filosofia
Para os filósofos, a ordem do mundo deriva de forças opostas que se equilibram reciprocamente, e a união dos opostos explica os fenômenos meteóricos, as estações do ano, o nascimento e a morte de tudo que vive;
Portanto, na passagem do mito à razão, há continuidade no uso comum de certas estruturas de explicação;
O aparecimento da filosofia é um fato histórico enraizado no passado;
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Do mito à razão: O nascimento da filosofia
Conclusão:
Embora existam aspectos de continuidade entre mito e filosofia, o pensamento filosófico é algo muito diferente do mito, por resultar de uma ruptura quanto à atitude diante do saber recebido;
Enquanto o mito é uma narrativa cujo conteúdo não se questiona, a filosofia problematiza e, portanto, convida à discussão;
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Do mito à razão: O nascimento da filosofia
No mito a inteligibilidade é dada, na filosofia ela é procurada. A filosofia rejeita o sobrenatural, a interferência de agentes divinos na explicação dos fenômenos;
A filosofia busca a coerência interna, a definição rigorosa dos conceitos, organiza-se em doutrina e surge, portanto, como pensamento abstrato.

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