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INSTITUTO FEDERAL DA BAHIA
DEPARTAMENTO DE HUMANIDADES
ECONOMIA-ADM530
GABRIEL DO VALE SANTOS MAIA
RESENHA CRÍTICA 
DO FILME: INSIDE JOB
Salvador
Abril - 2012
O documentário Inside Job (Trabalho Interno) tem como objetivo deixar claro que todo sistema elaborado por grandes instituições financeiras e sustentado por inúmeras pessoas que não fazem a mínima idéia de que são ludibriadas diariamente, foi o responsável pela crise financeira ocorrida na última década e conseguintemente prejudicando milhares de pessoas. O filme, dividido em partes, faz uma análise de todo o fenômeno da crise norte-americana passando desde as causas da desregulamentação esboçadas décadas atrás até as conseqüências da crise e o como todo o ciclo parece estar se repetindo com problemas éticos mais sérios.
O filme está dividido em 5 partes: Parte 1 – Como nós chegamos aqui; Parte 2 – A bolha; Parte 3 – A crise; Parte 4 – Prestação de contas; Parte 5 – Onde estamos agora. O filme começa a primeira parte tratando dos desvios éticos por parte de líderes financeiros que levaram a sociedade a chegar à beira da crise financeira. Trata dos fenômenos de abertura econômica com pouco controle para dar margem a manobras econômicas mais ousadas. A segunda parte se aprofunda na formação da bolha, citando a cadeia de empréstimos hipotecários que surgiu aliada à estrutura da venda desses títulos de dívida. Com o tempo essa venda de títulos começou a ficar absurdamente perigosa, pois embora fossem considerados títulos seguros as chances deles gerarem reembolso caíam drasticamente. Os altos lucros financeiros criaram uma atmosfera de prosperidade para os homens de Wall Street que aliaram seus ganhos com uma vida regada a luxo, drogas e prostituição.
Porém o filme, na terceira parte, mostra que todo este sistema começou a desmoronar. A instabilidade do sistema foi percebida quando se deram conta de que ninguém era capaz de pagar as dívidas. Instaurou-se uma avalanche de execuções hipotecárias que traumatizaram a sociedade, perdendo a confiança no sistema norte-americano, que se viu sem muitas opções, pois a falência de grandes conglomerados significaria danos irreversíveis. Então vem a quarta e quinta parte do filme, que mostram o total senso de descaso dos articuladores da crise diante dos prejuízos criados. Os grandes corporativistas de Wall Street, embasados nas teorias de professores de economia das melhores universidades norte-americanas (muito bem pagos), continuam até hoje a liderar as decisões mais importantes dos Estados Unidos e não há nenhuma movimentação por parte do governo em responsabilizá-los e modificar esses sistemas de desregulamentação.
	
O documentário Inside Job mostra de forma calara e concisa a estrutura maquiavélica, opressora e ilegal construída ao longo dos anos para manter a especulação financeira aumentar os lucros de uma minoria da sociedade. Não há um excesso de recursos apelativos para mostrar a face oculta do sistema financeiro norte-americano, já que uma pesquisa detalhada por parte dos responsáveis pelo documentário consegue desmontar os argumentos dos entrevistados, geralmente situados entre os responsáveis pelos acontecimentos.
	O espectador acompanha a construção de um quadro com as causas que levaram a formação da crise. A excessiva desregulamentação financeira advinda do pensamento neoliberalista foi um fator sine qua non para que as instituições públicas não tivessem controle em decisões importantes que mudariam os rumos da crise. A crise de 1929, muito alimentada pelos ideais liberais, iniciou uma volta da regulação estatal que dominou o pensamento econômico mundial durante décadas. O documentário nos leva a pensar que a ambição desenfreada do homem e sua necessidade de especular mais capital levaram a uma diminuição gradual dessa regulação. Isso se tornou mais claro durante o governo de Reagan, que aprovou medidas que davam mais liberdade aos homens que controlavam o setor financeiro, gerando mais riqueza para estes.
	Outro aspecto importantíssimo é o crescimento acelerado de crédito. Após o governo de Reagan, explodiu a cultura de endividamento nos EUA devido à facilidade que os cidadãos tinham de obter empréstimos, gerando uma falsa sensação de enriquecimento. Os títulos destes empréstimos, que eram uma mistura de várias formas de dívidas, foram comercializados de forma cada vez mais especulativa, porém como não havia produtividade real em cima dos valores negociados, isso cegou a economia apenas por um tempo. Com a explosão da bolha, configuraram-se mais uma grande crise cujos efeitos ainda são sentidos. Cada vez mais rápido elas estão surgindo e a solução é sempre a mesma, na qual o governo age de bom pai e salva as instituições, desta vez sendo com volumosas quantias de dinheiro, como o filme fez questão de mostrar, ao dizer na propaganda do filme que ele havia custado 20 trilhões de dólares.
	Sentida em várias economias menores que perdem seu mercado interno devido à falta de competitividade, a crise financeira destrói a vida de milhares de famílias, privando-as de concretizarem seus sonhos e sofrendo muitas vezes para atenderem suas necessidades mais básicas. Diante de tantos estragos que estas bolhas causam e do fato de todas as economias viverem interdependentes, soluções de caráter global poderiam ser tomadas para evitar os contornos que iniciam as crises.
	A começar pelo problema de economias maiores sofrerem com estes eventos, os fundos internacionais estariam preparados para assisti-los no que precisassem para voltarem a girar o mercado. O documentário mostra muitos casos como o de Cingapura que ao ver seu antigo crescimento reduzir-se a uma enorme recessão, ficou a espera de uma ajuda internacional que não apareceu. Após isso, medidas fortes devem ser tomadas em relação ao pânico entre investidores durante crises econômicas. É grande o número de pesquisas que investigam o relacionamento da economia com a psicologia, e como o caráter subjetivo do ser humano ao entrar em situações de perigo como a quebra dos mercados financeiros, gera pânico generalizado e graves prejuízos. Caberia estudar as melhores formas de regular o mercado com mecanismos que impedissem essas decisões generalizadas. Como decisão final, o FMI deve estar pronto para pagar em última instância qualquer socorro de dívida que possa vir a aparecer, com o discernimento adequado de quem deve ser salvo e o que essas instituições devem fazer depois de salvas.
	Tendo-se em vista todo arcabouço financeiro projetado para a próxima década e dos eventos marcantes demonstrados no filme temos que buscar soluções para que as variações no mercado não continuem destruindo as vidas e as expectativas de um futuro melhor de bilhões de pessoas que correm o risco contínuo de passar fome, serem privados de moradia e saúde. Se quisermos progredir sem agredir ao próximo, não devemos repetir a história, mas fazer uma história nova.

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