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SEGURANÇA DO TRABALHO E ERGONOMIA NO AGRONEGÓCIO AULA 1 Prof. Luiz Antonio Forte 2 CONVERSA INICIAL A segurança do trabalho e a ergonomia são fundamentais no setor de agronegócio para garantir a saúde e a segurança dos trabalhadores, bem como para aperfeiçoar a produtividade. O agronegócio envolve uma série de atividades que podem ser física e mentalmente desgastantes, além de apresentar riscos específicos, como exposição a produtos químicos, maquinaria pesada e condições climáticas adversas. Portanto, é crucial programar medidas de segurança e ergonomia adequadas. Vamos aprofundar o conhecimento sobre os conceitos básicos utilizados na segurança do trabalho e na ergonomia. TEMA 1 – HISTÓRICO DA SEGURANÇA NO TRABALHO A história da segurança do trabalho e da ergonomia é marcada por uma evolução significativa ao longo dos séculos, refletindo a preocupação crescente com a saúde e o bem-estar dos trabalhadores em todo o mundo. Desde as primeiras civilizações até os dias de hoje, as práticas de segurança no ambiente de trabalho e a compreensão da ergonomia têm se desenvolvido para melhorar as condições laborais e prevenir acidentes e doenças ocupacionais. 1.1 Na antiguidade Os registros mais antigos relacionados à segurança do trabalho datam da antiguidade. Na Mesopotâmia, cerca de 2000 a.C., o Código de Hamurabi já continha leis que protegiam os trabalhadores da construção civil, especificando penalidades para os construtores que negligenciassem a segurança dos seus trabalhadores. No Egito Antigo há evidências de preocupação com a saúde dos operários envolvidos na construção das pirâmides, incluindo a existência de hospitais e médicos do trabalho. 1.2 Revolução Industrial e primeiros avanços A Revolução Industrial, no século XVIII e XIX, trouxe uma transformação significativa nas condições de trabalho. A falta de regulamentações e a exploração da mão de obra levaram a condições extremamente perigosas e insalubres nas fábricas e minas. Isso resultou em uma série de movimentos sociais e leis que buscavam melhorar a segurança e as condições de trabalho. 3 Na Grã-Bretanha, a Lei das Fábricas de 1833 estabeleceu limitações nas horas de trabalho infantil e aumentou o controle sobre as condições nas fábricas têxteis. A partir de então, outras legislações surgiram para abordar a segurança do trabalho, incluindo a Lei de Saúde e Moral dos Aprendizes de 1848, que estabeleceu requisitos mínimos para a proteção dos trabalhadores. 1.3 Desenvolvimento da Ergonomia A ergonomia, que estuda a relação entre os trabalhadores e suas tarefas, também começou a ganhar importância durante o século XIX, com o trabalho pioneiro do cientista polonês Wojciech Jastrzębowski. Ele cunhou o termo “ergonomia” em 1857 e enfatizou a importância de projetar tarefas e equipamentos de trabalho para se adequarem às capacidades humanas (Abrahão et al., s.d.). No entanto, a ergonomia como campo de estudo formal só se desenvolveu mais tarde, durante e após a Segunda Guerra Mundial, quando houve uma necessidade crescente de projetar sistemas militares complexos de forma a aperfeiçoar o desempenho humano e minimizar a fadiga e os erros humanos. 1.4 Avanços no Século XX Ao longo do século XX, houve um aumento significativo na conscientização sobre a segurança do trabalho e a ergonomia. O crescimento da indústria, dos setores de serviços e a introdução de novas tecnologias tornaram esses campos ainda mais relevantes. A criação da Organização Internacional do Trabalho (OIT), em 1919, e sua ênfase na promoção de condições de trabalho seguras e justas foi um marco importante na história da segurança do trabalho a nível internacional. Ao longo do século, várias convenções e recomendações da OIT foram adotadas para abordar questões relacionadas à segurança e saúde no trabalho. No Brasil, a legislação de segurança do trabalho está baseada no capítulo 5 da Consolidação das Leis do Trabalho CLT promulgada inicialmente pelo Decreto-Lei n. 5.452/1943, e revisada pelo Senado Federal brasileiro em 2017 (Brasil, 2017). Apesar de constar na CLT desde 1943, as disposições legais necessitavam de legislação complementar para que pudessem entrar em vigor. 4 Essa regulamentação aconteceu por meio da Portaria 3.214, de julho de 1978, do Ministério do Trabalho, que instituiu as Normas Regulamentadoras de Saúde e segurança do Trabalho. 1.5 Desenvolvimentos contemporâneos Atualmente, a segurança do trabalho e a ergonomia são áreas de crescente importância em todo o mundo. Normas e regulamentações rigorosas são implementadas em muitos países para proteger os trabalhadores e prevenir acidentes e doenças ocupacionais. Além disso, avanços tecnológicos, como a automação e a robótica, estão sendo incorporados aos ambientes de trabalho com foco na melhoria da segurança e da eficiência. A ergonomia desempenha um papel crucial, especialmente com a crescente digitalização e automação de tarefas. A adaptação de espaços de trabalho e equipamentos para atender às necessidades dos trabalhadores é fundamental para evitar lesões relacionadas ao trabalho e melhorar a produtividade. Em resumo, a história da segurança do trabalho e da ergonomia é uma narrativa de evolução e progresso. À medida que a sociedade reconhece a importância de proteger a saúde e o bem-estar dos trabalhadores, esses campos continuam a se desenvolver, contribuindo para ambientes de trabalho mais seguros e eficientes em todo o mundo. TEMA 2 – CONCEITOS DE PERDAS E DANOS, PERIGO, RISCO E GESTÃO DE SEGURANÇA DO TRABALHO A segurança do trabalho é um campo vital que se concentra na prevenção de acidentes, lesões e doenças ocupacionais nos locais de trabalho. Os conceitos fundamentais nesse domínio são perdas e danos, perigo e o risco. Compreender esses conceitos é essencial para implantar medidas eficazes de segurança no ambiente de trabalho e proteger os trabalhadores. Vamos explorar o significado de perigo e risco, sua diferença e como são aplicados na segurança do trabalho. 5 2.1 Conceito de perdas e danos Perdas e danos são termos que geralmente se referem a situações em que algo é prejudicado, danificado ou perdido. No entanto, eles podem ser usados em diferentes contextos e com significados ligeiramente diferentes. Aqui estão algumas definições comuns. Danos referem-se a qualquer tipo de prejuízo, dano ou lesão causada a algo ou a alguém. Isso pode incluir danos físicos, como ferimentos a pessoas ou propriedades, ou danos não físicos, como danos emocionais ou reputacionais. Perdas geralmente se referem à diminuição ou privação de algo de valor. Isso pode incluir perda de propriedade, perda financeira, perda de vidas humanas, perda de tempo ou oportunidades, entre outras. As perdas podem ser causadas por diversos eventos, como acidentes, desastres naturais, roubo, má administração etc. Em muitos casos, os danos podem resultar em perdas, pois quando algo é danificado, muitas vezes há uma consequência financeira ou emocional associada à essa depreciação. Por exemplo, se um carro é danificado em um acidente, a perda pode incluir os custos de reparo do veículo e a dor emocional do proprietário. Em contextos legais e de seguros, esses termos são frequentemente usados para determinar responsabilidades e compensações em casos de danos ou perdas. É importante entender esses termos e como eles se aplicam em diferentes situações, especialmente quando se lida com questões jurídicas, seguros ou reivindicações de indenização. 2.2 Perigo: identificando ameaças potenciais O perigo é a primeira peça do quebra-cabeça da segurança do trabalho. Refere-se a qualquer fonte, situação ou condição que tenha o potencial de causar dano, lesão ou doença aos trabalhadores. Perigos podem ser físicos, químicos, biológicos, ergonômicosou psicossociais. Vamos explorar cada um deles. • Perigos físicos: incluem condições como calor excessivo, ruído, eletricidade, má iluminação, máquinas perigosas, entre outros. Esses perigos podem causar ferimentos graves, como queimaduras, lesões por esmagamento ou perda auditiva; 6 • Perigos químicos: são substâncias ou produtos químicos que podem causar danos à saúde quando inalados, ingeridos ou em contato com a pele. Exemplos incluem produtos químicos tóxicos, solventes, ácidos, entre outros; • Perigos biológicos: são organismos vivos que podem causar doenças, como bactérias, vírus, fungos e parasitas. Trabalhadores expostos a esses perigos estão em risco de infecções ocupacionais; • Perigos ergonômicos: relacionam-se com o desenho inadequado das tarefas, equipamentos e estações de trabalho que podem levar a lesões musculoesqueléticas, como a LER/Dort (Lesões por Esforços Repetitivos/Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho); • Perigos psicossociais: envolvem fatores como estresse, assédio moral, carga de trabalho excessiva, entre outros, que podem afetar a saúde mental e emocional dos trabalhadores. 2.3 Risco: avaliando a probabilidade e a gravidade Depois de identificar os perigos, é essencial avaliar o risco. O risco é a combinação da probabilidade de um evento ocorrer e da gravidade das consequências caso ocorra. Esta avaliação é frequentemente representada pela seguinte fórmula: Risco = Probabilidade x Gravidade • Probabilidade: refere-se à chance de um perigo se concretizar. Quanto mais provável for um evento, maior será o risco associado; • Gravidade: refere-se à extensão das consequências de um evento adverso. Quanto mais graves forem as consequências, maior será o risco. O risco pode ser quantificado, isto é, pode ser medido com a utilização de matrizes que correlacionam a severidade com a frequência de eventos acidentais como no exemplo da figura a seguir. 7 Figura 1 – Exemplo de matriz de quantificação de riscos MATRIZ DE RISCOS CONSEQUÊNCIAS SEVERIDADE 1 INSIGNIFICANTE 2 MENOR 3 MODERADA 4 MAIOR 5 CATASTRÓFICA PESSOAS Lesão leve sem necessidade de tratamento médico Lesão com necessidade de tratamento médico sem afastamento Lesão com necessidade de tratamento médico e afastamento Fatalidade ou doença ocupacional Múltiplas fatalidades/ múltiplos casos de doenças ocupacionais MEIO AMBIENTE Impacto leve sem necessidade de remediação Impacto menor com necessidade de remediação interna Impacto moderado com necessidade de remediação extramuros Impacto maior com necessidade de acionar órgãos oficiais para contenção Impacto extensivo ao meio ambiente sem remediação total INSTALAÇÕES Dano leve sem necessidade de reparos Dano menor com necessidade de pequeno reparo sem perda de produção Dano moderado com necessidade de reparos e perda de produção/ equipamento Dano maior com necessidade de parada geral para manutenção Dano catastrófico com perda total das instalações REPUTAÇÃO/ IMAGEM Impacto leve sem divulgação externa Impacto menor com divulgação local Impacto moderado com divulgação regional Impacto maior com divulgação nacional Impacto catastrófico com divulgação internacional PR O B A B IL ID A D E E FREQUENTE O evento ocorre várias vezes por ano na empresa E1 E2 E3 E4 E5 D PROVÁVEL O evento ocorre pelo menos uma vez por ano na empresa D1 D2 D3 D4 D5 C POSSÍVEL O evento ocorreu pelo menos uma vez na história da empresa C1 C2 C3 C4 C5 B IMPROVÁVEL O evento ocorreu pelo menos uma vez mundialmente no ramo da empresa B1 B2 B3 B4 B5 A REMOTA O evento nunca ocorreu mundialmente no ramo da empresa A1 A2 A3 A4 A5 Legenda: COR VERDE – RISCO BAIXO / COR AMARELA – RISCO MODERADO / COR VERMELHA – RISCO INACEITÁVEL Fonte: Forte, 2023. A avaliação de risco permite classificar as ameaças de acordo com a sua urgência de mitigação. Perigos com alta probabilidade e graves consequências devem ser priorizados e abordados imediatamente, enquanto aqueles com baixa probabilidade e consequências menores podem ser gerenciados de forma menos urgente. 8 2.4 Gerenciamento de perigo e risco na Segurança do Trabalho Uma vez identificados e avaliados os perigos e riscos, o próximo passo é o gerenciamento eficaz. Isso envolve a adoção de medidas de controle apropriadas, como estabelecer procedimentos escritos de segurança, o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), treinamento, manutenção preventiva de equipamentos e revisão contínua das políticas de segurança. Atualmente, as grandes empresas e organizações buscam demonstrar para todas as partes interessadas (acionistas, empregados, comunidade, clientes, fornecedores, órgãos de fiscalização) que atuam em conformidade com os mais altos padrões de segurança em suas operações excedendo o disposto na legislação. Uma forma de demonstrar esse compromisso com a excelência é obter uma certificação em normas técnicas de prevenção de acidentes. As normas certificadas de gestão de segurança do trabalho podem variar de acordo com o país e a indústria específica em que uma organização opera. No entanto, algumas das normas mais reconhecidas internacionalmente incluem: • ISO 45001:2018 – Sistema de Gestão de Segurança e Saúde no Trabalho: A ISO 45001 é uma norma internacional que estabelece os requisitos para um sistema de gestão de segurança e saúde ocupacional eficaz. Ela fornece diretrizes para identificar, controlar e mitigar riscos relacionados à segurança e saúde no trabalho; • OHSAS 18001 (substituída pela ISO 45001): Embora a OHSAS 18001 tenha sido substituída pela ISO 45001, muitas organizações ainda a utilizam como referência. Ela também se concentra na gestão de segurança e saúde ocupacional e ajudou a estabelecer a base para a ISO 45001; • ANSI Z10 – Occupational Health and Safety Management Systems: nos Estados Unidos, a ANSI Z10 fornece diretrizes para o desenvolvimento e implementação de sistemas de gestão de segurança e saúde ocupacional; • OSHA (Occupational Safety and Health Administration) – Estados Unidos: a OSHA é a agência federal dos Estados Unidos responsável por estabelecer regulamentos e normas de segurança e saúde ocupacional. Embora não seja uma norma certificada, suas regulamentações são 9 amplamente seguidas por empresas que operam nos Estados Unidos e suas filiais. É importante notar que a escolha das normas certificadas a serem seguidas depende da localização geográfica da empresa, da indústria em que ela atua e dos requisitos específicos de conformidade aplicáveis. É essencial consultar as autoridades regulatórias relevantes e especialistas em segurança do trabalho para determinar as normas adequadas à sua situação. Além disso, buscar a certificação de acordo com essas normas pode ser uma demonstração valiosa do compromisso de uma organização com a segurança e saúde ocupacional. 2.5 Risco de acidentes típicos no agronegócio O agronegócio é uma atividade que envolve diversas operações e atividades, muitas das quais apresentam riscos específicos de acidentes. Esses riscos podem variar dependendo do tipo de cultura ou criação de animais, do tamanho da propriedade, da tecnologia utilizada e das condições locais. Aqui estão alguns riscos específicos de acidentes comuns no agronegócio: • máquinas agrícolas e equipamentos: o uso de tratores, colheitadeiras, implementos agrícolas e outras máquinas pesadas pode resultar em acidentes, como capotamentos, colisões e quedas de máquinas; • produtos químicos: a utilização de pesticidas, herbicidas e fertilizantes químicos pode representar riscos de exposição a produtos químicos tóxicos, bem como riscos de incêndiose explosões; • manuseio de animais: o manejo de animais pode ser perigoso devido a riscos de mordidas, chutes, pisoteio e transmissão de doenças zoonóticas; • silos e armazenamento de grãos: a entrada em silos ou instalações de armazenamento de grãos pode resultar em soterramentos, asfixia devido a gases tóxicos e quedas; • acidentes com veículos: o transporte de produtos agrícolas em estradas pode resultar em acidentes de trânsito, especialmente durante a colheita e o transporte sazonal; 10 • condições climáticas: condições meteorológicas extremas, como tempestades, ventos fortes e secas, podem causar danos às colheitas, às instalações agrícolas e aos trabalhadores; • quedas e escorregões: superfícies irregulares, úmidas ou escorregadias podem levar a quedas e lesões, especialmente em áreas de processamento e armazenamento; • trabalho em altura: a manutenção de estruturas agrícolas, como celeiros e silos, envolve riscos de quedas de altura; • equipamentos elétricos: o uso de equipamentos elétricos em fazendas e instalações agrícolas pode resultar em choques elétricos e incêndios; • ferramentas manuais: o uso inadequado de ferramentas manuais, como facas e machados, pode levar a cortes e ferimentos; • armazenamento de combustíveis: o armazenamento inadequado de combustíveis e líquidos inflamáveis pode aumentar o risco de incêndios e explosões; • exposição a agentes biológicos: agricultores e trabalhadores agrícolas podem estar expostos a agentes biológicos, como bactérias, vírus e fungos, que podem causar doenças; • lesões musculoesqueléticas: o trabalho repetitivo e o manuseio de cargas pesadas podem resultar em lesões musculoesqueléticas, como dor nas costas e distúrbios relacionados ao esforço repetitivo; • explosões de poeira em silos e armazéns. • ferimentos e fatalidades por agressão física devido a invasões à propriedade. Para reduzir esses riscos de acidentes no agronegócio, é fundamental implementar medidas de segurança, fornecer treinamento adequado aos trabalhadores, manter equipamentos em bom estado de funcionamento e seguir as regulamentações de segurança aplicáveis. Além disso, é importante estar ciente dos riscos específicos associados a cada atividade agrícola e tomar as precauções necessárias para proteger a saúde e a segurança dos trabalhadores e do ambiente. 11 TEMA 3 – CONCEITO DE PREVENÇÃO A segurança no local de trabalho é uma preocupação fundamental para empregadores, trabalhadores e governos em todo o mundo. Acidentes de trabalho podem ter consequências devastadoras, tanto para os indivíduos envolvidos quanto para as empresas. Portanto, o conceito de prevenção de acidentes de trabalho desempenha um papel crucial na manutenção de ambientes laborais seguros e saudáveis. Vamos explorar o significado e a importância da prevenção de acidentes de trabalho e discutir estratégias para promover a segurança no local de trabalho. 3.1 O que é prevenção de acidentes de trabalho A prevenção de acidentes de trabalho refere-se a um conjunto de medidas e práticas destinadas a evitar a ocorrência de acidentes, incidentes e doenças relacionadas ao trabalho. Ela envolve a identificação de riscos potenciais no ambiente de trabalho, a implementação de medidas preventivas e a promoção de uma cultura de segurança que motive todos os envolvidos a agir de maneira segura e responsável. A prevenção de acidentes de trabalho refere-se, ainda, a um conjunto de medidas, ações e políticas adotadas por empresas, governos e trabalhadores para evitar ou reduzir a ocorrência de acidentes no ambiente de trabalho. O objetivo principal da prevenção de acidentes de trabalho é garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores, bem como minimizar os riscos associados às atividades laborais. A prevenção de acidentes de trabalho envolve diversas etapas e abordagens, incluindo: • identificação de riscos: identificação e avaliação dos riscos presentes no local de trabalho, incluindo riscos físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e psicossociais; • medidas de controle: implementação de medidas para controlar e reduzir os riscos identificados. Isso pode envolver o uso de equipamentos de proteção individual (EPI), modificações no ambiente de trabalho, treinamento dos trabalhadores, entre outras ações; 12 • treinamento e conscientização: fornecer treinamento adequado aos trabalhadores para que eles estejam cientes dos riscos e saibam como agir de maneira segura. A conscientização sobre segurança no trabalho é fundamental; • legislação e normas: cumprir as leis e regulamentos relacionados à segurança no trabalho estabelecidos pelas autoridades governamentais. Em muitos países, existem órgãos reguladores responsáveis por estabelecer diretrizes e normas de segurança; • investigação de acidentes: realizar investigações detalhadas sempre que ocorrer um acidente de trabalho para identificar suas causas e evitar que acidentes semelhantes ocorram no futuro; • promoção da saúde: além de prevenir acidentes, é importante promover a saúde dos trabalhadores, incluindo a prevenção de doenças ocupacionais e a promoção do bem-estar no ambiente de trabalho; • cultura de segurança: fomentar uma cultura de segurança no local de trabalho, em que todos os colaboradores estejam comprometidos com a segurança e assumam a responsabilidade pela prevenção de acidentes. A prevenção de acidentes de trabalho é uma preocupação importante em todo o mundo, pois não apenas protege a integridade física e mental dos trabalhadores, mas também beneficia as empresas, reduzindo custos associados a acidentes, absenteísmo e perda de produtividade. Além disso, contribui para o desenvolvimento sustentável e a qualidade de vida dos trabalhadores e suas famílias. 3.2 A importância da prevenção A prevenção de acidentes de trabalho é essencial por diversas razões: • proteção dos trabalhadores: a segurança no local de trabalho é um direito fundamental de todos os trabalhadores. Prevenir acidentes é uma maneira de proteger a saúde e o bem-estar dos empregados, garantindo que eles retornem para suas casas em segurança todos os dias; • redução de custos: acidentes de trabalho podem ser extremamente dispendiosos para as empresas, devido a despesas médicas, licenças por doença, indenizações e custos de treinamento para substituir funcionários lesionados. A prevenção de acidentes ajuda a reduzir esses custos; 13 • aumento da produtividade: ambientes de trabalho seguros tendem a ser mais produtivos. Os funcionários se sentem mais motivados e confiantes quando sabem que sua segurança é uma prioridade; • conformidade com a legislação: a legislação em muitos países exige que as empresas forneçam um ambiente de trabalho seguro e tomem medidas para prevenir acidentes. O não cumprimento dessas regulamentações pode resultar em multas substanciais e penalidades. 3.3 Estratégias para prevenção de acidentes de trabalho A prevenção de acidentes de trabalho é um processo contínuo que envolve várias estratégias: • avaliação de riscos: identificar e avaliar os riscos no ambiente de trabalho é o primeiro passo essencial. Isso inclui a análise de processos, máquinas, produtos químicos e condições de trabalho para identificar possíveis ameaças à segurança; • treinamento e educação: garantir que os funcionários estejam bem treinados e conscientes dos riscos é crucial. O treinamento regular em segurança no trabalho e procedimentos de emergência ajuda a reduzir acidentes; • Equipamentos de Proteção Individual (EPIs): fornecer e garantir o uso adequado de EPIs é fundamental para proteger os trabalhadores de riscos específicos. Isso inclui capacetes, óculos de proteção, luvas e outros dispositivos de segurança; • melhorias na infraestrutura: fazer melhorias físicas no local de trabalho, como reparosem equipamentos danificados, instalação de sistemas de ventilação adequados e a sinalização clara de áreas de risco, também desempenha um papel importante na prevenção de acidentes; • cultura de segurança: promover uma cultura de segurança envolve criar um ambiente onde os trabalhadores se sintam à vontade para relatar riscos e incidentes sem medo de retaliação. Reconhecer e recompensar comportamentos seguros são uma parte crucial dessa cultura. A prevenção de acidentes de trabalho não é apenas uma obrigação legal, mas também uma responsabilidade moral e econômica. A segurança no local de trabalho é benéfica para empregadores e trabalhadores, garantindo que todos 14 possam desempenhar suas funções de maneira segura e produtiva. A prevenção de acidentes requer um compromisso contínuo com a identificação e mitigação de riscos, o treinamento adequado e a promoção de uma cultura de segurança. Ao fazê-lo, podemos criar ambientes de trabalho mais seguros e saudáveis para todos. 3.4 Prevenção de incêndios O setor agrícola enfrenta desafios significativos relacionados à prevenção de incêndios devido às características específicas das operações agrícolas. Incêndios podem surgir de diversas formas, como queimadas descontroladas, falhas mecânicas em máquinas agrícolas, faíscas de equipamentos elétricos, entre outros. Portanto, é fundamental adotar medidas de prevenção eficazes para proteger as propriedades e o meio ambiente. Causas comuns de incêndios no agronegócio: • queimadas descontroladas: a prática de queimadas para limpeza de áreas agrícolas é uma causa frequente de incêndios. Essas queimadas podem sair do controle devido a mudanças repentinas no clima ou à falta de planejamento; • máquinas e equipamentos: falhas mecânicas em tratores, colheitadeiras e outros equipamentos agrícolas podem gerar faíscas que iniciam incêndios; • atividades humanas: descuidos, como o descarte irresponsável de pontas de cigarro ou fósforos acesos, também podem desencadear incêndios; • redes elétricas: problemas elétricos, como curtos-circuitos em sistemas de irrigação ou na rede elétrica são outras fontes de incêndios. Para prevenir incêndios no agronegócio, é essencial adotar medidas de prevenção rigorosas: • treinamento e conscientização: os funcionários devem receber treinamento regular sobre a prevenção de incêndios, incluindo como agir em caso de incêndio e como usar equipamentos de combate ao fogo; • manutenção de equipamentos: realizar manutenção preventiva em máquinas e equipamentos agrícolas ajuda a reduzir o risco de falhas mecânicas que podem causar incêndios; 15 • controle de queimadas: evitar queimadas em condições climáticas desfavoráveis e adotar técnicas adequadas de queimada controlada, quando necessário; • infraestrutura contra incêndios: instalar sistemas de irrigação, cercas corta-fogo e áreas de queima controladas podem ajudar a conter incêndios; • equipamentos de combate ao fogo: manter extintores, mangueiras e outros equipamentos de combate ao fogo prontos para uso em locais estratégicos; • monitoramento meteorológico: acompanhar as condições climáticas e a previsão do tempo pode ajudar a evitar atividades agrícolas potencialmente perigosas em dias de ventos fortes e baixa umidade. Além das medidas práticas, é crucial criar uma cultura de conscientização sobre a prevenção de incêndios no agronegócio. Isso envolve educar os colaboradores, proprietários rurais e a comunidade local sobre os riscos associados aos incêndios e às ações que todos podem tomar para reduzir esses riscos. A cooperação entre os diferentes atores do agronegócio, como agricultores, empresas agrícolas e autoridades governamentais, desempenha um papel fundamental na prevenção de incêndios. 3.5 Prevenção de explosões A prevenção de explosões de poeira no agronegócio é uma preocupação importante de segurança, uma vez que a poeira de diversos materiais, como grãos, sementes, fertilizantes e outros produtos agrícolas, pode se tornar inflamável e causar explosões perigosas se as condições certas estiverem presentes. Aqui estão algumas medidas que podem ser adotadas para prevenir explosões de poeira no agronegócio: • identificação de áreas de risco: o primeiro passo é identificar as áreas onde a poeira está presente em concentrações significativas, como silos de armazenamento, instalações de processamento, secadores e transportadores de grãos; • limpeza regular: manter as instalações limpas e livres de poeira é fundamental. Isso inclui a limpeza regular de superfícies, dutos, equipamentos e áreas de armazenamento; 16 • uso de sistemas de coleta de poeira: instalar sistemas de coleta de poeira, como coletores de poeira e filtros, em áreas onde a poeira é gerada ou transportada. Isso ajuda a capturar a poeira antes que ela se torne um problema; • ventilação adequada: garantir uma ventilação adequada nas instalações para diluir qualquer poeira no ar e evitar a formação de concentrações explosivas; • controle de temperatura e umidade: manter o controle da temperatura e umidade nas instalações, pois a poeira pode se tornar mais inflamável em condições específicas; • manutenção regular: fazer manutenção regular em equipamentos, sistemas elétricos e outros componentes para evitar faíscas ou superaquecimento que possam desencadear uma explosão; • treinamento de pessoal: treinar os funcionários sobre os riscos de explosões de poeira, os procedimentos de segurança e o uso adequado de equipamentos de proteção; • sinalização e isolamento: utilizar sinalização adequada para identificar áreas de risco e isolando-as para evitar o acesso não autorizado; • equipamento a prova de explosão: utilizar equipamentos elétricos e mecânicos certificados a prova de explosão em áreas onde a poeira é uma preocupação; • plano de resposta a emergências: desenvolver um plano de resposta a emergências que inclua procedimentos para lidar com explosões de poeira, evacuação segura e combate a incêndios; • conformidade com regulamentações: cumprir todas as regulamentações locais, estaduais e federais relacionadas à prevenção de explosões de poeira no agronegócio. A prevenção de explosões de poeira é fundamental para a segurança dos trabalhadores e a preservação das instalações no agronegócio. É importante implementar um programa abrangente de segurança que inclua todas essas medidas e manter-se atualizado sobre as melhores práticas e regulamentos relevantes para garantir um ambiente de trabalho seguro. 17 TEMA 4 – CONCEITOS DE ERGONOMIA A ergonomia é uma disciplina que se dedica ao estudo da relação entre o ser humano e o ambiente de trabalho, com o objetivo de melhorar a eficiência, a segurança e o bem-estar dos trabalhadores. Ela desempenha um papel crucial em todos os tipos de locais de trabalho, desde escritórios até fábricas, hospitais e ambientes industriais. Vamos abordar os conceitos de ergonomia aplicados nos locais de trabalho e como eles podem impactar positivamente a saúde e o desempenho dos trabalhadores. 4.1 Definição de ergonomia A palavra “ergonomia” deriva do grego “ergon”, que significa trabalho, e “nomos”, que significa leis ou regras. Portanto, ergonomia pode ser compreendida como o conjunto de regras e princípios que visa adequar as condições de trabalho às características físicas e psicológicas do trabalhador. Isso envolve o design de espaços, equipamentos e processos de trabalho que sejam seguros, eficientes e confortáveis para os colaboradores. 4.2 Áreas de atuação da ergonomia A ergonomia é uma disciplina multidisciplinar que se concentra no estudo da interação entre seres humanos e sistemas, produtos e ambientes. Ela busca melhorar o desempenho, a segurança, o conforto e o bem-estar das pessoas, otimizando a concepção e o design de objetos e sistemas para seadequarem às necessidades e capacidades humanas. Para atender a diferentes necessidades e áreas de aplicação, a ergonomia é frequentemente subdividida em diversas áreas ou subcampos. Aqui estão algumas das principais subdivisões da ergonomia: • ergonomia física: também conhecida como ergonomia antropométrica, esta área lida com o estudo das características físicas e biomecânicas dos seres humanos. Isso inclui considerações relacionadas à postura, movimento, força e fadiga muscular, bem como a adaptação de ferramentas, móveis e equipamentos para se ajustarem ao corpo humano; 18 • ergonomia cognitiva: concentra-se nos processos mentais, como percepção, memória, raciocínio, tomada de decisões e carga mental de trabalho. Ela busca projetar sistemas e interfaces de maneira a facilitar a compreensão, o aprendizado e o desempenho eficazes de tarefas cognitivas; • ergonomia organizacional: esta área da ergonomia se preocupa com a organização do trabalho, sistemas de gerenciamento e cultura organizacional. Ela visa melhorar a eficiência, a satisfação dos funcionários e a qualidade de vida no trabalho, considerando aspectos como escalas de trabalho, estrutura de autoridade, comunicação e trabalho em equipe; • ergonomia ambiental: lida com o design de ambientes físicos, como edifícios, espaços de trabalho, veículos e residências, para garantir que sejam seguros e propícios ao desempenho humano. Isso inclui iluminação, acústica, qualidade do ar, temperatura e outros fatores ambientais; • ergonomia de produto: esta área concentra-se no design de produtos e dispositivos que são utilizados por seres humanos, como utensílios domésticos, ferramentas, equipamentos de escritório, dispositivos eletrônicos e veículos. O objetivo é tornar esses produtos mais seguros, eficientes e fáceis de usar; • ergonomia da interface do usuário (UI/UX): este subcampo se concentra na concepção de interfaces de usuário de sistemas computacionais, aplicativos e dispositivos eletrônicos. Visa criar interfaces intuitivas e eficazes para melhorar a usabilidade e a experiência do usuário; • ergonomia de transporte: envolve o estudo e o design de sistemas de transporte, como veículos automotores, aeronaves, embarcações e sistemas de transporte público, para garantir a segurança, o conforto e a eficiência dos passageiros e operadores; • ergonomia da saúde ocupacional: lida com a prevenção de lesões e doenças relacionadas ao trabalho, bem como com a promoção da saúde e do bem-estar dos trabalhadores. Isso inclui o design de locais de trabalho seguros e a implementação de práticas de ergonomia para reduzir riscos ocupacionais. 19 Cada uma dessas subdivisões da ergonomia tem suas próprias áreas de foco e especializações, mas todas compartilham o objetivo comum de melhorar a interação entre os seres humanos e seus ambientes, sistemas e produtos. 4.3 Princípios fundamentais da ergonomia A ergonomia tem como princípios fundamentais: • adaptação ao ser humano: o principal objetivo da ergonomia é adaptar o ambiente de trabalho às capacidades e limitações dos trabalhadores. Isso inclui a altura das mesas, a disposição dos equipamentos, a iluminação e até mesmo a temperatura do ambiente; • prevenção de lesões: a ergonomia busca prevenir lesões musculoesqueléticas, como dores nas costas, tendinites e síndrome do túnel do carpo, que podem surgir devido a posturas inadequadas e movimentos repetitivos no trabalho; • aumento da eficiência: ambientes ergonomicamente projetados geralmente resultam em maior eficiência no trabalho. Os trabalhadores podem executar suas tarefas de forma mais rápida e com menos esforço, o que beneficia tanto a empresa quanto os colaboradores; • redução de riscos: a ergonomia também contribui para a redução de riscos ocupacionais, como acidentes de trabalho e fadiga, que podem ocorrer devido a condições inadequadas de trabalho. 4.4 Aplicação da ergonomia nos locais de trabalho A aplicação prática dos princípios da ergonomia nos locais de trabalho pode ocorrer de diversas maneiras: • design de mobiliário e equipamentos: a escolha de móveis e equipamentos ergonômicos, como cadeiras ajustáveis, teclados ergonomicamente projetados e estações de trabalho ajustáveis em altura pode contribuir para a redução das lesões musculoesqueléticas e aumentar o conforto dos colaboradores; • organização do espaço: a disposição de móveis e equipamentos de forma a aperfeiçoar o fluxo de trabalho e minimizar movimentos desnecessários é essencial. Isso pode incluir a colocação estratégica de monitores de computador, telefones e outros dispositivos; 20 • treinamento e conscientização: é fundamental fornecer treinamento aos colaboradores sobre boas práticas ergonômicas. Isso inclui orientações sobre posturas corretas, pausas regulares para alongamento e a importância de relatar qualquer desconforto ou dor; • avaliações ergonômicas: realizar avaliações ergonômicas regulares dos postos de trabalho pode identificar problemas e oportunidades de melhoria. Profissionais de ergonomia podem fornecer orientações específicas para otimizar as condições de trabalho. 4.5 Benefícios da ergonomia nos locais de trabalho A aplicação adequada da ergonomia nos locais de trabalho pode resultar em uma série de benefícios: • redução de lesões e afastamentos: menos lesões musculoesqueléticas significam menos afastamentos por problemas de saúde, o que reduz custos para a empresa e melhora a qualidade de vida dos trabalhadores; • aumento da produtividade: ambientes de trabalho ergonomicamente projetados tendem a ser mais eficientes, o que se traduz em maior produtividade; • melhoria da satisfação dos colaboradores: colaboradores que se sentem confortáveis e seguros em seus locais de trabalho tendem a estar mais satisfeitos e engajados; • menos acidentes: a ergonomia também contribui para a redução de acidentes de trabalho, tornando o ambiente mais seguro. A ergonomia é fundamental para a promoção da saúde e eficiência nos locais de trabalho. Ao aplicar os princípios da ergonomia no design de espaços, equipamentos e processos de trabalho, as empresas podem criar ambientes mais seguros, eficientes e agradáveis para seus colaboradores. Isso não apenas beneficia os trabalhadores, mas também resulta em ganhos para as empresas em termos de produtividade e redução de custos relacionados à saúde e à segurança ocupacional. Portanto, a ergonomia deve ser uma consideração central em qualquer ambiente de trabalho preocupado com o bem-estar de seus colaboradores e o sucesso de suas operações. 21 TEMA 5 – BENEFÍCIOS E DIFICULDADES PARA A IMPLANTAÇÃO DA SEGURANÇA DO TRABALHO E DA ERGONOMIA NO AGRONEGÓCIO O agronegócio desempenha um papel fundamental na economia global, fornecendo alimentos, matérias-primas e empregos para milhões de pessoas. No entanto, o setor também é conhecido por apresentar diversos riscos ocupacionais, devido à natureza das atividades agrícolas e pecuárias. Para garantir a saúde e a segurança dos trabalhadores rurais e aumentar a eficiência das operações, a aplicação de medidas de segurança do trabalho e ergonomia é essencial. Vamos entender os benefícios e dificuldades para a implantação da segurança do trabalho e da ergonomia no agronegócio. 5.1 Impactos positivos da Segurança do Trabalho no Agronegócio A segurança do trabalho no agronegócio diz respeito à prevenção de acidentes e doenças ocupacionais no ambiente agrícola. Os impactos positivos dessa abordagem são vastos e abrangem diversas áreas, como: • redução de acidentes: a aplicação de medidas de segurança, como o uso de equipamentos de proteção individual (EPIs) e a implementação de procedimentos seguros, reduz significativamente o número de acidentes no campo. Isso não apenas protege a saúde dos trabalhadores, mas também evitaperdas de produção e custos associados a acidentes; • bem-estar dos trabalhadores: trabalhar no agronegócio muitas vezes envolve atividades físicas desgastantes e exposição a condições climáticas extremas. A segurança do trabalho visa minimizar os riscos à saúde dos trabalhadores, promovendo seu bem-estar e qualidade de vida; • cumprimento de regulamentações: o setor agrícola está sujeito a regulamentações rigorosas em muitas regiões do mundo. O cumprimento dessas normas não apenas evita multas e penalidades, mas também contribui para uma imagem positiva da empresa junto aos consumidores. 22 5.2 Dificuldades para implantação da segurança do trabalho no agronegócio A implantação da segurança do trabalho no agronegócio pode enfrentar várias dificuldades devido à natureza específica desse setor. Aqui estão algumas das principais dificuldades: • diversidade de atividades: o agronegócio envolve uma ampla gama de atividades, desde o plantio e colheita até o processamento e transporte de produtos agrícolas. Cada uma dessas atividades apresenta diferentes riscos e desafios de segurança, o que torna a implementação de medidas de segurança mais complexa; • mão de obra sazonal: muitas fazendas e empresas agrícolas dependem de mão de obra sazonal, o que pode tornar difícil treinar e manter funcionários atualizados sobre práticas seguras de trabalho. A alta rotatividade de trabalhadores pode resultar em falta de continuidade na aplicação das políticas de segurança; • condições ambientais adversas: as condições climáticas e ambientais no setor agrícola podem ser desafiadoras, com exposição a temperaturas extremas, chuvas, poeira e produtos químicos. Isso torna essencial o fornecimento de equipamentos de proteção adequados e a educação sobre os perigos associados; • falta de conscientização: em muitas áreas rurais pode haver uma falta de conscientização sobre os riscos ocupacionais e a importância da segurança no trabalho. Isso pode resultar em uma cultura de segurança subdesenvolvida; • infraestrutura inadequada: algumas fazendas e áreas rurais podem ter infraestrutura inadequada para a implementação de medidas de segurança, como falta de acesso a instalações médicas, comunicação limitada e recursos de treinamento limitados; • custos: a implementação de medidas de segurança, como a compra de equipamentos de proteção individual (EPIs), treinamento e manutenção de máquinas seguras, pode ser cara. Isso pode ser um obstáculo para pequenos agricultores e empresas do agronegócio; 23 • regulamentação complexa: as regulamentações de segurança no trabalho no agronegócio podem ser complexas e variar de acordo com a região e o tipo de atividade. Isso pode criar confusão e dificuldades de conformidade; • resistência à mudança: algumas pessoas que trabalham no agronegócio podem resistir a mudanças nas práticas de trabalho, especialmente se isso envolver a introdução de medidas de segurança que considerem inconvenientes ou demoradas. Para superar essas dificuldades, é fundamental que as empresas do agronegócio estejam comprometidas com a segurança no trabalho e implementem programas abrangentes de treinamento, conscientização e monitoramento. Além disso, a colaboração com órgãos reguladores, sindicatos, associações agrícolas e outros parceiros pode ajudar a promover uma cultura de segurança mais sólida no setor. 5.3 Benefícios da ergonomia no agronegócio A ergonomia no agronegócio se concentra na adaptação das tarefas, ferramentas e equipamentos ao trabalhador, visando melhorar a eficiência e reduzir o risco de lesões relacionadas ao trabalho. Os benefícios dessa abordagem são igualmente notáveis: • aumento da produtividade: a ergonomia pode melhorar a eficiência das tarefas agrícolas, tornando-as menos desgastantes e mais adequadas ao corpo humano. Isso resulta em maior produtividade e menos fadiga dos trabalhadores; • prevenção de lesões musculoesqueléticas: lesões como a LER/Dort são comuns no agronegócio devido às atividades repetitivas. A ergonomia ajuda a prevenir essas lesões, reduzindo o estresse físico sobre o corpo; • retenção de talentos: empresas que se preocupam com a saúde e o conforto de seus trabalhadores têm maior probabilidade de atrair e reter talentos qualificados, o que é essencial para o sucesso em longo prazo no agronegócio. 24 5.4 Dificuldades para a implantação da ergonomia no agronegócio A implantação da ergonomia no agronegócio pode enfrentar várias dificuldades devido às características específicas desse setor. Embora a ergonomia seja fundamental para garantir a saúde e a segurança dos trabalhadores, algumas barreiras comuns podem dificultar sua implementação, como: • condições de trabalho desafiadoras: o agronegócio muitas vezes envolve ambientes de trabalho ao ar livre, exposição a condições climáticas adversas e uso de equipamentos pesados. Isso torna a adaptação de princípios ergonômicos mais complexa; • variedade de tarefas e equipamentos: o trabalho agrícola envolve uma ampla gama de tarefas e equipamentos diferentes, desde o plantio até a colheita. Cada tarefa pode ter demandas ergonômicas distintas, o que torna difícil estabelecer diretrizes gerais; • mão de obra sazonal: em algumas regiões, o agronegócio emprega mão de obra temporária sazonal. Isso pode dificultar a implementação de treinamentos ergonômicos consistentes e a manutenção de boas práticas ao longo do tempo; • falta de conscientização: muitos trabalhadores e empregadores do agronegócio podem não estar cientes dos benefícios da ergonomia ou das práticas corretas para prevenir lesões relacionadas ao trabalho; • custos associados: a implementação da ergonomia pode exigir investimentos em equipamentos ergonômicos, treinamento de pessoal e mudanças nos processos de trabalho. Isso pode ser visto como um custo inicial significativo, especialmente para pequenas propriedades; • pressões econômicas: a pressão para maximizar a produtividade e os lucros pode levar os empregadores a priorizarem a produção em detrimento da ergonomia e da segurança dos trabalhadores. 5.5 O que fazer para superar as dificuldades de implantação da segurança do trabalho e da ergonomia no agronegócio A implantação da segurança do trabalho e ergonomia no agronegócio pode ser um desafio devido às condições muitas vezes adversas e ao trabalho 25 manual envolvido. No entanto, é fundamental garantir um ambiente de trabalho seguro para os trabalhadores agrícolas. Aqui estão algumas etapas para superar esses desafios. Em relação à segurança do trabalho: Deve-se realizar uma avaliação detalhada dos riscos associados às tarefas agrícolas. Identifique as áreas de maior perigo, como operação de máquinas, manuseio de produtos químicos, levantamento de cargas pesadas, entre outros. Familiarizar-se com as normas de segurança do trabalho e ergonomia específicas para o setor agrícola, e certificar-se de que todas as regulamentações sejam cumpridas. Oferecer treinamento adequado aos funcionários sobre práticas seguras de trabalho, identificação de riscos e uso correto de equipamentos de proteção individual (EPI). Garantir que os trabalhadores tenham acesso aos EPIs apropriados, como capacetes, óculos de proteção, luvas, protetores auriculares, máscaras, botas de segurança etc. Armazenar e manipular produtos químicos de acordo com as diretrizes de segurança. Forneça treinamento sobre manuseio seguro e uso de EPIs quando necessário. Manter máquinas e equipamentos em boas condições por meio de manutenção preventiva regular. Isso ajuda a reduzir o risco de acidentes. Estabelecer programas de monitoramento de saúde para verificar regularmente a condição de saúde dos trabalhadores e identificar problemas precocemente. Envolver os trabalhadores na identificação de riscos e nodesenvolvimento de políticas de segurança pode aumentar a adesão às medidas de segurança. Realizar investigações detalhadas de acidentes sempre que ocorrerem e implementar medidas corretivas para evitar que se repitam. Fazer revisões periódicas das políticas e procedimentos de segurança, ajustando-os conforme necessário com base na experiência e nas mudanças nas condições de trabalho. 26 Alocar recursos adequados para implementar medidas de segurança, incluindo treinamento, equipamentos e pessoal dedicado à segurança do trabalho. Em relação à Ergonomia: Considerar a ergonomia no design das máquinas e ferramentas utilizadas no agronegócio, visando minimizar o risco de lesões musculoesqueléticas. Educar trabalhadores e gerências sobre os benefícios da ergonomia e as práticas seguras pode aumentar a adesão às diretrizes ergonômicas. Realizar avaliações ergonômicas regulares nas operações agrícolas para identificar riscos e implementar soluções específicas. Promover a pesquisa e o desenvolvimento de equipamentos e ferramentas agrícolas mais ergonômicos para facilitar o trabalho. Trabalhar em conjunto com as organizações agrícolas, sindicatos e instituições de pesquisa para desenvolver estratégias e recursos ergonômicos específicos para o setor. FINALIZANDO A segurança do trabalho e a ergonomia desempenham papéis cruciais no agronegócio, proporcionando benefícios tangíveis para as empresas e para os trabalhadores. Além de reduzir acidentes e melhorar a saúde dos trabalhadores, essas abordagens aumentam a eficiência das operações e contribuem para a sustentabilidade do setor. É essencial que as empresas do agronegócio continuem investindo em segurança do trabalho e ergonomia para garantir um ambiente de trabalho mais seguro, saudável e produtivo para todos os envolvidos. 27 REFERÊNCIAS ABRAHÃO, J. et al. Introdução à ergonomia da prática a teoria. (s.d). Disponível em: . Acesso em: 2 out. 2023. BRASIL. Consolidação das leis do trabalho – CLT e normas correlatas. Brasília: Senado Federal, Coordenação de Edições Técnicas, 2017. 189 p. Conversa inicial FINALIZANDO REFERÊNCIAS