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Adobe Stock, 2019 Auditoria da Qualidade em Organizações de Saúde Renata Farias Ferreira da Silva 2 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. Faculdade Novoeste© Mantida pela Novoeste Educacional LTDA - EPP Direção Geral Prof. Dr. Rodrigo Pereira Coordenação NEAD Esp. Josué Rodrigues dos Anjos Júnior Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - Brasil Triagem Organização LTDA ME Bibliotecário responsável: Rodrigo Pereira CRB 1/2167 Silva, Renata Farias Ferreira da. S586a Auditoria da qualidade em organizações de saúde / Renata Farias Ferreira da Silva. -- Campo Grande, MS: Novoeste Educacional, 2020. 68 p.: il. ISBN: 978-65-88049-37-2 Organização: Josué Rodrigues dos Anjos Júnior 1. Auditoria em Saúde. 2. Qualidade e Saúde. 3. Organizações de Saúde. I. Silva, Renata Farias Ferreira da. II. Título. CDD 614 3 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. Renata Farias Ferreira da Silva, formada em Ciências Econômicas e Comércio Exterior, com mestrado em Administração do Agronegócio, atuando como prestadora de serviço da Faculdade Novoeste na produção de materiais escritos e produção de videoaulas para cursos EAD da universidade. 4 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. Sumário Capítulo 1 - Auditoria interna e metodologias de controles internos .......................................... 5 1.1 Conceitos, Natureza, Formas e Produtos ............................................................................ 6 1.2 Metodologias e estruturas .................................................................................................. 9 1.3 Introdução à Auditoria em Saúde Pública e Privada ......................................................... 14 Capítulo 2 - Gestão nos Sistemas de Saúde ................................................................................ 18 2.1 Sistemas de saúde brasileiros: públicos e privados .......................................................... 22 2.2 Políticas Públicas de Saúde ............................................................................................... 23 2.3 Política Nacional de Regulação do SUS ............................................................................. 24 2.4 Estado e Consumidor ........................................................................................................ 27 Capítulo 3 - Processo de Auditoria na Saúde .............................................................................. 30 3.1 Conceito de auditoria em saúde ....................................................................................... 32 3.2 Principais regulamentações da Agência Nacional de Saúde (ANS) e Sistema Nacional de Auditoria (SNA) ........................................................................................................................ 33 3.3 Indicadores assistenciais e de qualidade do serviço de saúde ao público. ....................... 37 Capítulo 4 - Gestão de Custos em Saúde .................................................................................... 41 4.1 Conceitos e métodos de apuração .................................................................................... 42 4.2 Planejamento e controle de custos nas empresas de saúde ............................................ 45 4.3 Regulamentação orçamentária, econômica e financeira ................................................. 47 Capítulo 5 - Avaliação da qualidade da prestação de serviços de saúde .................................... 51 5.1 Programa Nacional de Avaliação dos Serviços de Saúde (PNASS) .................................... 52 5.2 Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB) ................................................................................................................................................. 55 5.3 Programa de Qualificação de Operadoras da Agência Nacional de Saúde Suplementar: avaliação de desempenho das operadoras, dimensões do Índice de Desempenho da Saúde Suplementar (IDSS) ................................................................................................................. 57 5.4 Pesquisa de Satisfação de usuários ................................................................................... 59 Referências .................................................................................................................................. 61 5 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. Capítulo 1 - Auditoria interna e metodologias de controles internos O conceito de auditoria surgiu na Inglaterra por volta do século XIV após a Revolução Industrial; momento caracterizado pela necessidade de verificar e controlar os procedimentos e as informações desenvolvidas com as atividades econômicas da época. No Brasil a auditoria tornou-se presente a partir das instalações de empresas internacionais, que buscaram desenvolver suas atividades como em seus países de origem (FLOZINO; SILVÉRIO, 2014). A auditoria interna constitui o conjunto de procedimentos técnicos que tem por objetivo examinar a integridade, adequação e eficácia dos controles internos e das informações da Entidade; que ajudarão na análise e manutenção da qualidade do trabalho da empresa (XERPA, 2018). É realizada com a intenção de garantir que os processos empresariais estejam alinhados com as metas almejadas (FRANCO; MARRA, 2001). O objetivo da auditoria interna é beneficiar a organização com melhor controle de seu patrimônio, procurando reduzir a ineficiência, negligência, incapacidade, erros e fraudes. A realização de procedimentos regulares/frequentes visando identificar as falhas e preveni-las, reforçando os controles. A análise da adequação dos mecanismos de controle é realizada preventivamente, visando maior segurança patrimonial e confiabilidade nos relatórios contábeis e gerenciais (DIAS, 2012). Fonte: Adobe Stock, 2019. 6 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. A auditoria interna é de suma importância para as organizações, desempenhando papel de grande relevância, ajudando a eliminar desperdícios, simplificar tarefas, servir de ferramenta de apoio à gestão e transmitir informações aos administradores sobre o desenvolvimento das atividades executadas. A gestão de controles implica na elaboração de procedimentos internos, sua execução e avaliação, visando eficácia na manutenção e criação do controle interno. A ausência de controle administrativo, dentre outras consequências, torna todo sistema de contabilidade inadequado, por falta de confiança em suas informações e em seus relatórios. O auditor interno deve obter informações físicas, contábeis, financeiras e operacionais, para analisar, interpretar e documentar os dados obtidos, dando suporte aos resultados de seu trabalho; prescreverá recomendações e as providências a seremdas atividades, do desempenho e dos resultados mediante a confrontação entre uma situação encontrada e um determinado critério técnico, operacional ou legal (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2017). A estrutura do componente de auditoria deve variar conforme a complexidade da rede de serviços de saúde. Recomenda-se a adoção do Sistema Informatizado de Auditoria do SUS (SISAUD/SUS) para garantir a padronização de procedimentos, rotinas, fluxos e geração de relatórios. Isto possibilita a atuação uniforme das equipes e a sistematização e acompanhamento das atividades de auditoria no SNA. O 33 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. SISAUD/SUS está sobre gestão do Ministério da Saúde por meio do Departamento Nacional de Auditoria do SUS (DENASUS) (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2015). O Departamento Nacional de Auditoria do SUS (DENASUS), departamento vinculado à Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa (SGEP), é a unidade do Ministério da Saúde competente para realizar atividade de auditoria para verificar a adequação das ações e serviços públicos de saúde e a sua regularidade quanto aos aspectos técnico-científicos, contábeis, financeiros e patrimoniais da aplicação dos recursos do SUS. O DENASUS é responsável por três macroatividades desenvolvidas com vistas a atingir a sua consecução, quais sejam: auditoria, monitoramento e promoção do SNA (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2019). A atividade de controle exercida pelo DENASUS, a Auditoria, somada às atividades de supervisão e de monitoramento próprias da gestão, representam o controle interno do SUS. Além disso, nos termos do Decreto nº 1.651/1995, que regulamenta o Sistema Nacional de Auditoria (SNA), o DENASUS é o órgão de atuação federal do Sistema e, de acordo com a Lei nº 8.689/1993, o órgão central do SNA. A missão do DENASUS é “realizar auditoria no SUS, contribuindo para qualificação da gestão, visando melhoria da atenção e do acesso às ações e aos serviços de Saúde" e a visão é “ser referência em auditoria, reconhecido pela construção do SNA e sua contribuição para a universalização do acesso e qualidade da atenção à saúde do SUS" (MELO; VAITSMAN, 2008). 3.2 Principais regulamentações da Agência Nacional de Saúde (ANS) e Sistema Nacional de Auditoria (SNA) 3.2.1 Agência Nacional de Saúde (ANS) Há cerca de 20 anos, no dia 3 de junho de 1998, foi sancionada a Lei nº 9.656, que estabeleceu as regras dos planos privados de assistência à saúde e implementou as garantias básicas para os beneficiários da saúde suplementar. O conjunto de normas instituído passou a vigorar em janeiro de 1999 e tornou-se, junto com a criação da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), no ano seguinte, o principal marco desse importante setor, responsável pelo atendimento de mais de 47 milhões de brasileiros que contam com plano de assistência médica e de 23 milhões que possuem planos exclusivamente odontológicos. 34 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. Fonte: Elaborada pela autora, 2019. Em janeiro de 2000, com a publicação da Lei nº 9.961, foi criada a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), entidade vinculada ao Ministério da Saúde, que passou, então a ser responsável pela regulação das operadoras setoriais e fiscalização do cumprimento das regras do setor recém estabelecidas. O resumo dos principais acontecimentos nos vinte anos de história pode ser visto através da linha do tempo seguinte: Fonte: Elaborado pela autora, 2019. Lei nº 9.656 Definição dos tipos de planos de saúde e suas características. Cobertura miníma para todas as doenças classificadas na Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a saúde (CID), da Organização Mundial de Saúde (OMS). Manutenção do palno em caso de demissão sem justa causa ou aposentadoria Limitação de prazos máximos para carência. Regras para definição de reajuste dos contratos. Proibição de negativa de clientes por conta de deficiência, doença ou idade. Proibição da suspensão ou recisão unilateral do contrato individual ou familiar. Registro Obrigatório das operadoras, de seus produtos e informações sobre beneficiários e de despesas na ANS. 35 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. A saúde suplementar passou a conviver com o sistema público, consolidado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), nascido a partir da Constituição Federal de 1988. Com o SUS, a saúde foi legitimada como um direito da cidadania, assumindo status de bem público. Após o marco regulatório e com a criação da ANS, se um cliente de plano de saúde precisa de internação hospitalar, ele ficará internado pelo tempo que for preciso para sua recuperação, não podendo haver limite de dias. Os prazos de carência foram padronizados e limitados a períodos efetivamente necessários para coibir o risco moral na utilização do plano. O rol de coberturas mínimo obrigatório não permite restringir-se doenças e busca compatibilizar a necessária atualização tecnológica dos procedimentos em saúde com a sustentabilidade do setor. Antes da Lei, as seguradoras de planos de saúde não tinham uma legislação exclusiva e seguiam as regras determinadas pela Superintendência de Seguros Privados (Susep). Segundo Leandro Fonseca (ANS, 2018), diretor-presidente substituto da ANS: "Com a publicação da Lei, e, posteriormente, com a criação da ANS, o beneficiário de plano de saúde passou a ter mais garantias e direitos. A regulação setorial busca o equilíbrio e a sustentabilidade, observando o interesse público”. A diretora de Normas e Habilitação de Produtos, Karla Coelho, também aponta a regulamentação como um meio de maior segurança, garantia de direitos, como a determinação de prazos máximos de carência e cobertura para todas as doenças, ao consumidor. Pois, sem regulamentação, os planos podiam estabelecer prazos máximos de internação e prazos de carência alongados; excluíam cobertura de algumas doenças importantes, como o câncer (ANS, 2018). Portanto, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) é a agência reguladora vinculada ao Ministério da Saúde responsável pelo setor de planos de saúde no Brasil. De forma simplificada, a regulação pode ser entendida como um conjunto de medidas e ações do Governo que envolvem: 1. A criação de normas; 2. O controle; 3. A fiscalização de segmentos de mercado explorados por empresas para assegurar o interesse público. A ANS tem como missão promover a defesa do interesse público na assistência suplementar à saúde, regular as operadoras setoriais - inclusive quanto às suas relações com prestadores e consumidores - e contribuir para o desenvolvimento das ações de saúde no país. E busca ser reconhecida como indutora de eficiência e qualidade na produção de saúde. A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) tem por valores institucionais a transparência e ética dos atos, o conhecimento como 36 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. fundamento da regulação, o estímulo à inovação para busca de soluções e sustentabilidade setorial e o foco no compromisso social. 3.2.2 Sistema Nacional de Auditoria (SNA) A Lei nº 8080/1990 estabeleceu o Sistema Único de Saúde (SUS), como a política nacional de saúde, demarcando a necessidade de criação do SNA como um mecanismo de regulação e controle técnico e financeiro do SUS e das ações e serviços de saúde em todo o territórionacional, em cooperação com os estados, Distrito Federal e municípios. A instituição do SNA se deu apenas pelo art. 6º da Lei 8689, de 27 de julho de e sua regulamentação, como o órgão responsável pela auditoria no âmbito do SUS, ocorreu em 28 de setembro de 1995, através do Decreto-lei 1651 (BRASIL, 1998). O SNA tem como competência precípua a avaliação técnico-científica, contábil, financeira e patrimonial do SUS. As ações de auditoria estão voltadas para o diagnóstico e a transparência, com estímulo ao controle social. O Departamento Nacional de Auditoria do SUS (Denasus/Ministério da Saúde), órgão central do SNA, tem se caracterizado como um órgão relevante de controle interno no âmbito do SUS, a partir de mudanças conceituais, normativas e operacionais, em consonância com seus princípios e diretrizes, alterando a lógica da produção/ faturamento para a lógica da atenção aos usuários cidadãos e em defesa da vida, incorporando a preocupação com o acompanhamento das ações e análise dos resultados. Fonte: Adobe Stock, 2019. A concretização do SNA se dá de forma descentralizada, por meio dos órgãos estaduais, municipais e da representação do Ministério da Saúde em cada estado da Federação, expressando assim a sua dimensão técnica e política. Por isso, o componente estadual e municipal do SNA deve ser instituído por ato formal no organograma da secretaria de saúde, com estrutura físico-financeira e logística definida e equipe multiprofissional. Bem como aquele que utiliza sistema informatizado 37 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. e procedimentos padronizados na realização da ação de auditoria. A equipe multiprofissional deve ser capaz de desenvolver ações técnicas e administrativas de auditoria. 3.3 Indicadores assistenciais e de qualidade do serviço de saúde ao público. Os indicadores são medidas-síntese que contêm informação relevante sobre determinados atributos e dimensões do estado de saúde, bem como do desempenho do sistema de saúde. Em conjunto devem refletir a situação sanitária de uma população e servir para a vigilância das condições de saúde. Espera-se que os indicadores possam ser analisados e interpretados com facilidade, e que sejam compreensíveis pelos usuários da informação, especialmente gerentes, gestores e os que atuam no controle social do sistema de saúde (RIPSA, 2019). A qualidade e a comparabilidade dos indicadores de saúde dependem da aplicação sistemática de definições operacionais e de procedimentos padronizados de medição e cálculo. Para assegurar a confiança dos usuários na informação produzida, é preciso monitorar a qualidade dos indicadores, revisar periodicamente a consistência da série histórica de dados, e disseminar a informação com oportunidade e regularidade (RIPSA, 2019). Segundo o RIPSA (2019), a qualidade e o grau de excelência de um indicador dependem das seguintes propriedades: a) Formulação: frequência de casos, tamanho da população em risco; b) Precisão dos sistemas de informação empregados: registro, coleta, transmissão dos dados; c) Validade: capacidade de medir o que se pretende; é determinada por sua sensibilidade (capacidade de detectar o fenômeno analisado) e especificidade (capacidade de detectar somente o fenômeno analisado); d) Confiabilidade: reproduzir os mesmos resultados quando aplicado em condições similares; e) Mensurabilidade: basear-se em dados disponíveis ou fáceis de conseguir; f) Relevância: responder a prioridades de saúde; g) Custo-efetividade: os resultados justificam o investimento de tempo e recursos; h) Integridade: dados completos; 38 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. i) Consistência interna: valores coerentes e não contraditórios. Se gerados de forma regular e manejados em um sistema dinâmico, os indicadores são instrumentos valiosos para a gestão e avaliação da situação de saúde, em todos os níveis. Um conjunto de indicadores se destina a produzir evidência sobre a situação sanitária e suas tendências, como base empírica para identificar grupos humanos com maiores necessidades de saúde, estratificar o risco epidemiológico e identificar áreas críticas. Constitui, assim, insumo para o estabelecimento de políticas e prioridades melhor ajustadas às necessidades da população (RIPSA, 2019). Além de prover matéria prima essencial para a análise de saúde, a disponibilidade de um conjunto básico de indicadores tende a facilitar o monitoramento de objetivos e metas em saúde, estimular o fortalecimento da capacidade analítica das equipes de saúde e promover o desenvolvimento de sistemas de informação de saúde intercomunicados. Os indicadores destinados à análise da situação de saúde se referem ao estado de saúde da população e aos fatores que a determinam. Na RIPSA, convencionou-se classificá-los em: I. Indicadores demográficos; II. Indicadores socioeconômicos; III. Indicadores de mortalidade; IV. Indicadores de morbidade e fatores de risco; V. Indicadores de recursos; e, VI. Indicadores de cobertura. A relação completa dos indicadores selecionados para o IDB consta da Matriz de Indicadores, que dispõe a sua denominação, conceituação, método de cálculo, categorias de análise e fontes de dados. A produção de cada indicador é responsabilidade da instituição melhor identificada com a temática específica, a partir de fontes relevantes para a análise da situação de saúde, vinculadas ou não diretamente ao SUS: sistemas nacionais de informação, bases demográficas, pesquisas de base populacional e outras. A partir da Matriz de Indicadores, o Departamento de Informática do SUS do Ministério da Saúde (DATASUS) elabora a base publicada anualmente na Internet (RIPSA, 2019). Corrêa e Corrêa (2006) construíram um modelo de critérios, que pode ser adaptado para a área de saúde, segundo Abelha (2012): CRITÉRIO 1: CUSTO/PREÇO - é um indicador financeiro. Custo de Internação /atendimento. 39 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. Custo de Exames/Diagnóstico. • Custo de materiais (órteses e próteses). Custo de medicamentos. CRITÉRIO 2: VELOCIDADE - significa o tempo transcorrido entre a requisição e o recebimento do produto ou serviço pelo cliente. Tempo de acesso às consultas. Tempo de atendimento (liberação de guias). Tempo de realização de exames e procedimentos. Tempo de resultados de exames. CRITÉRIO 3: CONFIABILIDADE - significa fazer a coisa com tempo para os consumidores receberem seus produtos ou serviços quando necessários pelo menor tempo prometido. Pontualidade nos prazos estipulados com o cliente. Integridade no cumprimento dos contratos. Segurança em relação ao atendimento (profissionais e aparelhagem). Robustez referente à rede. CRITÉRIO 4: FLEXIBILIDADE - significa ser capaz de alterar a operação de alguma forma produzindo uma grande variedade de novos produtos e serviços. Produtos: diversificação do plano considerando sexo, idade e patologia. Mix: customização dos planos e serviços. Entregas: planos e serviços por períodos determinados. Volume: planos com economia de escala. Horários: amplitude de horários para melhor atendimento do usuário. Área (amplitude): maior abrangência da área de atendimento CRITÉRIO 5: QUALIDADE - Percepção do cliente sobre o desempenho de um produto ou serviço. Desempenho da rede: Hospitais, laboratórios e serviços médicos. Conformidade do atendimento como foi contratado. Consistência (especificações)no atendimento. Clareza nas informações. Recursos (acessórios) para transferência e internação do paciente. 40 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. Durabilidade ou permanência (fidelização) do cliente ao plano ou serviço. Confiabilidade: certeza de atendimento e satisfação nos resultados. Limpeza das áreas comuns, higienização dos ambientes. Conforto: Áreas amplas e confortáveis para o cliente interno e externo. Estética: Individualização dos atendimentos e uniformização de condutas. Comunicação com os clientes. Competência para resolução dos problemas. Simpatia nos atendimentos aos clientes e fornecedores. Atenção e respeito aos clientes e fornecedores. 41 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. Capítulo 4 - Gestão de Custos em Saúde A área da Economia da Saúde (ECOS) é responsável por promover o uso racional e eficiente dos recursos públicos, a partir da construção de uma cultura do uso de informações econômicas para a tomada de decisão em saúde. Essa área assume, cada vez mais, papel relevante em todo mundo, justificada pela limitação dos recursos utilizados na prestação da atenção médica e a demanda crescente das necessidades de saúde. Paralelamente, a elevação dos gastos e custos com a assistência médica é uma tendência explicada por fatores como aumento populacional, envelhecimento, e o surgimento de novas doenças (DALLORA; FORSTER, 2008). O processo gerencial tradicionalmente utilizado com foco individual na saúde e não na ótica econômica do setor, fortalece a carência de informações sobre custos e sobre a otimização das atividades, isto é, eficiência entre qualidade do serviço em saúde e a quantidade de instrumentos e medicamentos fornecidos tanto para os profissionais, quanto para os pacientes. Porém, o cenário mais competitivo das organizações de saúde, tanto públicas quanto privadas, necessita de uma gestão econômica para viabilização e manutenção de um serviço na saúde de qualidade; além disso, pressupõe a ação planejada e transparente, prevenção de riscos e correção de desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas na saúde (DALLORA; FORSTER, 2008; SCHUH; VIEIRA; DEZORDI, 2018). Considera-se que a gestão de custos aplicada às organizações públicas de saúde é de fundamental importância para a maior eficiência e orientação na alocação de recursos e, dessa forma, constitui uma importante ferramenta para tomada de decisão. A gestão de custos é vista como um instrumento necessário às instituições hospitalares com a finalidade de melhorar o desempenho da organização e de redefinir prioridades na utilização dos recursos disponíveis (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2018; MARTINS; PORTULHAK; VEOSE, 2015). A avaliação econômica da saúde exige uma busca contínua dos profissionais pela eficiência no setor, isto é, a qualidade associada à utilização racional dos recursos. Os profissionais da saúde (médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, cirurgiões dentista, nutricionistas, farmacêuticos) e profissionais da área meio (administrador, economista, contador, estatístico), tem por objetivo na economia da saúde (ECOS) criar as condições para que as ações e serviços de saúde sejam prestados de forma eficiente, equitativa e com qualidade para melhor acesso da população, atendendo aos princípios da universalidade, igualdade e integralidade da atenção à saúde, 42 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. estabelecidos constitucionalmente para o Sistema Único de Saúde (SUS) (DALLORA; FORSTER, 2008). Na gestão pública não existe sistema de custos pronto, cada entidade molda seu sistema de acordo com a sua complexidade, necessidades de informação e realidade operacional (SCHUH; VIEIRA; DEZORDI, 2018). De acordo com Mauss e Souza (2008) “o nível de detalhe deverá refletir a estrutura da organização, dos objetos de custo, dos relatórios legais e gerenciais e do nível da informação demandada”. Porém é possível realizar a análise econômica em saúde através da apuração dos seguintes custos, segundo Dallora e Forster (2008): Custo Benefício: avalia se os benefícios resultantes de um programa compensam seus custos. Custo Efetividade: destina-se à escolha da melhor estratégia para atingir um determinado objetivo, ou seja, trata-se de estudo comparativo de alternativas para executar uma mesma ação. Custo Utilidade: comparam-se diferentes tratamentos destinados, fundamentalmente, a pacientes crônicos. A unidade de compareço é a relação custo/sobrevida, que leva em conta o tempo e a qualidade da sobrevida decorrente de diferentes tipos de intervenção. Custo Mínimo: compara alternativas de programas/projetos/ações de saúde, que apresentam o mesmo resultado e escolhe-se aquela com menor custo. Custo Oportunidade/Social: incorpora a noção de que os recursos utilizados para uma intervenção/projeto não estarão mais disponíveis para outros. Reflete a escassez de recursos. 4.1 Conceitos e métodos de apuração A Contabilidade de Custos foi desenvolvida a partir de uma visão gerencial para a tomada de decisão, devido à preocupação de mensuração monetária dos estoques e resultados. Os custos são classificados: Quanto ao seu comportamento em relação ao volume de produção dos serviços em: custos fixos e variáveis. a) Os custos fixos são aqueles que permanecem constantes independentes do volume de produção. 43 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. b) Os custos variáveis possuem relação direta com a produção, ou seja, à medida que o volume de atividades aumenta, os custos variáveis aumentam. Quanto à forma de apropriação aos produtos e serviços em: custos diretos e indiretos. a) Os custos diretos podem ser identificados no produto ou serviço, enquanto os indiretos necessitam de algum critério de rateio para a sua identificação. As dificuldades para a implementação de um sistema de custos e a correspondente geração de informações relevantes ao processo de gestão compreendem fatores de naturezas diversas, sendo o fator humano elemento fundamental para o sucesso. Para a implantação de alguns sistemas de custeio é necessário dividir a instituição em centros de custos, isto é, dividi-la em unidades administrativas homogêneas, que são classificadas em produtivas ou especiais, auxiliares e administrativas (DALLORA; FORSTER, 2008). Os centros de custos produtivos são representados pelas unidades assistenciais e desenvolvem as atividades de prestação de serviço direto ao paciente. Os de custos auxiliares e administrativos correspondem aos serviços de apoio e às funções de natureza administrativas, ou seja, caracterizam-se pela prestação de serviços internos. A implementação de um sistema de custeio é ferramenta útil para a gestão eficiente dos hospitais, que estão inseridos em um contexto de custos elevados, recursos escassos, pressão por qualidade e bons serviços (DALLORA; FORSTER, 2008). A implementação de um sistema de custos em uma unidade de saúde permite estimar os custos envolvidos em determinado serviço, gerando resultados representados pela adequação do uso dos recursos, independente do seu nível de complexidade do estabelecimento. A informação de custos auxilia os gestores na tomada de decisão para alocação de recursos, contribuindo com o ganho de eficiência e, em última instância, com a qualificaçãoda atenção e ampliação do acesso. Ao se procurar fazer mais com menos recursos, colabora-se com os princípios da universalidade e integralidade do SUS, maximizando os benefícios para a sociedade. Os Gestores das unidades de saúde devem conforme o Ministério da Saúde (2018): Conhecer e melhorar seus custos; Estimar o valor final de seus procedimentos e serviços; 44 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. Identificar, com maior precisão, os centros de custos que consomem mais recursos que os orçados; Elaborar o orçamento com base nos custos apurados; Melhorar a utilização da capacidade instalada; Auxiliar na decisão de investir e incluir novos procedimentos na unidade; Possibilitar a cuidadosa comparação de seus custos com outras unidades assemelhadas, com base em critérios adequados e conscientes. Estimar os custos de um novo serviço e/ou procedimento a ser disponibilizado à população; Auxiliar na elaboração do planejamento dos recursos disponíveis para a atenção a saúde; Analisar regionalmente o desempenho dos estabelecimentos, serviços e redes assistenciais, podendo otimizar o uso dos recursos públicos e consequentemente garantir maior acesso a custos mais adequados; Fortalecer o controle social por meio da transparência na utilização dos recursos; Melhorar a gestão dos recursos do teto orçamentário municipal e estadual. Para a elaboração e envio do Relatório Anual de Gestão (RAG) ao Conselho de Saúde, foi criado o SargSUS, que é uma ferramenta eletrônica desenvolvida pela Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa do Ministério da Saúde em conjunto com o DATASUS, com o objetivo de apoiar os gestores municipais (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2018; DATASUS, 2019). O Relatório de Gestão é o instrumento da gestão do SUS, do âmbito do planejamento, conforme item IV do art. 4º da Lei Nº 8.142/90, referenciado também na Lei Complementar 141/2012 e Portaria 575/2012 do Ministério da Saúde. Além de constituir-se no instrumento de comprovação da aplicação dos recursos, o relatório tem a finalidade de apresentar os resultados alcançados com a execução da Programação Anual de Saúde, orientar a elaboração da nova programação anual, bem como eventuais redirecionamentos que se fizerem necessários no Plano de Saúde, nas três esferas de direção do Sistema. É a principal ferramenta de acompanhamento da gestão da saúde no município, estado, Distrito Federal e União (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2018). 45 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. 4.2 Planejamento e controle de custos nas empresas de saúde O Departamento de Regulação, Avaliação e Controle de Sistemas, parte integrante da estrutura da Secretaria de Atenção à Saúde, é responsável pelo desenvolvimento e sistematização das ações de regulação da atenção, programação das ações e serviços de saúde, gestão e controle de sistemas de informação, e avaliação dos serviços de saúde, além da gestão dos repasses de recursos de Média e alta complexidade (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2017). FONTE: Ministério da Saúde, 2017. O Programa Nacional de Gestão de Custos (PNGC) é formado por um conjunto de ações que visam promover a gestão de custos no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), a partir da geração, aperfeiçoamento e difusão de informações relevantes e pertinentes a custos, utilizadas como subsídio para otimização do desempenho de serviços, unidades, regiões e redes de atenção em saúde do SUS. A implementação de um sistema de custos em uma unidade de saúde, independente do seu nível de complexidade, permite estimar os custos envolvidos em determinada ação, gerando resultados representados, em última análise, pela qualificação da atenção, adequado uso dos recursos e/ou ampliação do acesso (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2018). O PNGC gera ferramentas para auxiliar os gestores durante o planejamento e tomada de decisão, na adoção de medidas racionalizadoras que propiciem a redução de custos sem impactar negativamente a qualidade do serviço prestado ao usuário do 46 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. SUS, ou seja, aumentar a eficiência sem prejudicar a eficácia e efetividade. Ao se procurar fazer mais com menos recursos, colabora-se com os princípios da universalidade e integralidade do SUS, maximizando os benefícios para a sociedade. Para implementar o Programa Nacional de Gestão de Custos (PNGC), segundo o Ministério da Saúde (2018) são realizadas quatro etapas: 1. Sensibilização no nível estratégico com a Secretaria Estadual de Saúde ou Secretaria Municipal de Saúde, para esclarecer a gestão acerca das vantagens de adesão ao PNGC. 2. Definição dos técnicos que ficarão responsáveis pela implantação do programa nas Unidades de Saúde e/ou no Núcleo de Economia de Saúde do Estado (NES). 3. Responsável indicado preenche questionários preliminares para fazer o diagnóstico, com o objetivo de conhecer mais detalhadamente a realidade das unidades e traçar a estratégia de implantação. 4. Com o resultado do diagnóstico, inicia-se a primeira fase de capacitação e sensibilização do nível técnico operacional nos conceitos e metodologias do PNGC, por meio do Curso Aplicado de Gestão de Custos. Durante a capacitação, os participantes se apoderam de conhecimento e informações essenciais para a implantação do programa: O que é a Economia da Saúde e a importância de apurar custos; O que é o Programa Nacional de Gestão de Custos (PNGC); Noções de Contabilidade de Custos - Padronização de terminologia e conceitos; Custeio por absorção - visão geral da metodologia; tipos de centro de custos, itens de custos, produção e critério de rateio, primeira alocação de custos; alocação direta, sequencial e recíproca; metodologia de alocação dos gastos totais aos objetos de custos; O Sistema de Apuração de Custos do SUS (ApuraSUS) - ferramenta que otimiza de forma padronizada e estruturada a apuração e gestão de custos em saúde; Apresentação das Unidades; Além de orientações para o trabalho em campo, com o objetivo de mapear a unidade: Planilhas eletrônicas em Excel para coleta de dados referentes a itens de custos e de produção (Mapa de Relacionamento). 47 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. Durante todo esse processo, o Ministério da Saúde e os NES (Núcleo de Economia em Saúde) oferecem o suporte necessário aos técnicos das unidades de saúde na realização de todas as etapas de implantação da apuração de custos, desde a estruturação de centros de custos até a geração de resultados, esclarecendo dúvidas e acompanhando o desenvolvimento das atividades; como também realizam monitoramento e avaliação permanente, desde a sensibilização do nível estratégico até a análise dos resultados por meio de relatórios obtidos através do ApuraSUS. O APURASUS é um software específico de custos que tem portabilidade, sendo integrável, parametrizável e público, com flexibilidade para as especificidades de cada instituição de saúde (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2018). 4.3 Regulamentação orçamentária, econômica e financeira O Estado moderno para cumprir o seu objetivo primordial de bem comum desenvolve várias atividades e deve ser possuidor de meios financeiros que possibilitem desempenhar de forma adequada o seu papel. A atividade financeira do Estado se realiza a partir da obtenção da receita pública,execução da despesa pública e gestão do orçamento público (elaboração, aprovação e controle) (CONASS, 2016). As Finanças públicas, segundo o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (2016) compreendem métodos, princípios e processos financeiros por meio dos quais os Governos Federal, Estadual, Distrital e Municipal desempenham suas funções alocativas, distributivas e estabilizadora. Função alocativa: processo pelo qual o governo divide os recursos para utilização no setor público e privado, oferecendo bens públicos, semipúblicos ou meritórios, como rodovias, segurança, educação, saúde, entre outros, aos cidadãos. Função distributiva: distribuição, por parte do governo, de rendas e riquezas, buscando assegurar uma sociedade menos desigual, tal como a destinação de parte dos recursos provenientes de tributação ao serviço público de saúde. Função estabilizadora: aplicação das diversas políticas econômicas, pelo governo, a fim de promover o emprego, o desenvolvimento e a estabilidade, diante da incapacidade, por parte do mercado, de assegurar o alcance desses objetivos. Instrumento essencial para o funcionamento do Estado, as finanças públicas não apenas asseguram a manutenção da administração e dos 48 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. serviços públicos, como também podem ter grande influência na economia do país e corrigir seus desequilíbrios. Os processos de planejamento do setor público significam o conjunto de tarefas e procedimentos relacionados à elaboração dos orçamentos, determinação dos meios necessários e dos seus custos. No campo orçamentário da saúde temos: SIOPS, BPS, SGIF e SISGERF. 4.3.1 Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em Saúde (SIOPS) O financiamento do Sistema Único de Saúde (SUS) é feito pelas três esferas de governo, federal, estadual e municipal, como determina a Constituição Federal de 1988. O estabelecimento das fontes de recursos para custear as despesas com ações e serviços públicos de saúde atende a um dos pilares da "Seguridade Social", fazendo valer o direito de acesso da população. Para garantir tanto o acesso da população como o financiamento do SUS foi criado Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em Saúde (SIOPS), que constitui instrumento para o acompanhamento do cumprimento do dispositivo constitucional que determina, em orçamento, a aplicação mínima de recursos em ações e serviços públicos de saúde (ASPS) (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2019). Fonte: Adobe Stock, 2019. O SIOPS é o sistema informatizado, de alimentação obrigatória e acesso público, operacionalizado pelo Ministério da Saúde, instituído para coleta, recuperação, processamento, armazenamento, organização, e disponibilização de informações referentes às receitas totais e às despesas com saúde dos orçamentos públicos em 49 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. saúde. O sistema possibilita o acompanhamento e monitoramento da aplicação de recursos em saúde, no âmbito da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, sem prejuízo das atribuições próprias dos Poderes Legislativos e dos Tribunais de Contas. É um sistema disponibilizado pela internet que tem por objetivo apurar as receitas totais e os gastos em ações e serviços públicos de saúde; é nesse sistema que gestores da União, Estados e municípios declaram todos os anos os dados sobre gastos públicos em saúde. São essas declarações que garantem as transferências constitucionais de recursos para a oferta de ASPS (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2019). 4.3.2 Banco de Preços em Saúde O Banco de Preços em Saúde é um sistema criado pelo Ministério da Saúde com objetivo de registrar e disponibilizar on-line as informações das compras públicas e privadas de medicamentos e produtos para a saúde. O BPS é gratuito e qualquer cidadão, órgão ou instituição pública ou privada pode acessá-lo para consultar preços de medicamentos e produtos para a saúde. Criado em 1998, atualmente é gerenciado pela Coordenação Geral de Economia da Saúde (CGES), do Departamento da Economia da Saúde, Investimentos e Desenvolvimento (DESID), da Secretaria Executiva (SE), do Ministério da Saúde. O BPS foi desenvolvido a partir de quatro objetivos prioritários: i. Atuar como ferramenta de acompanhamento do comportamento dos preços no mercado de medicamentos e produtos para a saúde; ii. Fornecer subsídios ao gestor público para a tomada de decisão; iii. Aumentar a transparência e a visibilidade no que se refere à utilização dos recursos do SUS para a aquisição de medicamentos e produtos para a saúde; iv. Disponibilizar dados que possam subsidiar o controle social quanto aos gastos públicos em saúde. Esse sistema contribui para a melhoria das negociações diante dos fornecedores, gera para a administração governamental e cidadãos conhecimento dos preços do mercado e aumenta a transparência e a visibilidade para aquisição de medicamentos e produtos. O uso dessa ferramenta é fundamental para o desenvolvimento de todo Sistema Único de Saúde. Em junho de 2017 foi publicada a Resolução nº 18 da Comissão Inter gestores Tripartite que tornou obrigatória a utilização do BPS pelos estados, municípios e distrito federal. Para cumprir com as determinações da Resolução, as instituições de saúde que realizam licitações de medicamentos deverão possuir um cadastro no BPS de forma que consigam fazer a inserção das informações de suas compras no sistema. 50 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. 4.3.3 SGIF - Sistema de Gestão de Informações Financeiras do SUS O SGIF é um instrumento de gestão direcionado aos gestores federal, estadual e municipal, que facilita o controle de todos os desembolsos referentes à parcela do orçamento que visa financiar as ações e serviços em saúde. No que se refere aos atendimentos ambulatoriais e hospitalares, viabiliza a emissão de diversos relatórios, geração da DIRF com o seu respectivo demonstrativo de imposto de renda. Além disso, o sistema mantém atualizadas as informações cadastrais dos prestadores de serviços do SUS. 4.3.4 SISGERF - Sistema de Gerenciamento Financeiro O Ministério da Saúde desenvolveu o Sistema de Gerenciamento Financeiro do SUS (SISGERF) para consolidar as funcionalidades existentes no departamento responsável pelos repasses de verbas federais aos estados e municípios e pagamentos de Campanhas aos estados e municípios. 51 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. Capítulo 5 - Avaliação da qualidade da prestação de serviços de saúde Avaliar a qualidade do serviço prestado por hospitais, clínicas e profissionais da saúde é uma necessidade dos diversos contratantes de serviços, sejam eles públicos ou privados, desde o serviço universal do SUS até os Planos de Saúde. Existem diversos sistemas de avaliação tanto nacionais quanto internacionais para avaliar e emitir um parecer objetivo sobre a qualidade do serviço prestado pela instituição avaliada. Os métodos atuais são baseados em comparações com modelos ideais de prestação de serviço, quanto a sua estrutura e seus processos (NEVES, 2010). A constatação dessa realidade revela a necessidade de que os novos modelos de atenção à saúde devem incorporar, entre outras ações, a avaliação da qualidade baseada nas expectativas e percepções dos usuários (ANDRADE et al, 2019). O setor de serviços vemcrescendo de forma acelerada e tem uma grande importância na economia nacional e mundial, entretanto, a qualidade nos serviços para satisfação do cliente nem sempre é analisada e considerada em todos os seus aspectos relevantes dentro das organizações. A gestão da qualidade nos serviços de saúde teve durante muito tempo, uma visão muito conservadora onde a qualidade era somente baseada na habilidade do médico, sua competência e decisões. Na visão atual, a qualidade é de responsabilidade compartilhada, pensar em gestão pela qualidade visando à satisfação do paciente em unidades de saúde, como em um hospital ou outra instituição deste segmento de mercado, ultrapassa a realização de um diagnóstico preciso, sendo necessário, que todos da organização busquem a melhora contínua no processo de trabalho. (SOUZA et al, 2004). A satisfação do paciente é baseada nas Dimensões da Qualidade que devem ser adaptadas aos hospitais, para que a gestão desse segmento consiga ter a melhor satisfação nos serviços prestados. São ela, segundo Souza et al (2004): Confiança: fundamenta-se na habilidade de prestar o serviço proposto de forma segura e precisa; Receptividade: destaca a disposição em ajudar os clientes, além de fornecer o serviço com presteza e prontidão em tempo hábil; Segurança: aborda o conhecimento e a cortesia dos funcionários e suas habilidades em demonstrar confiança; 52 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. Aspectos tangíveis: aspectos físicos que circulam a atividade de prestação de serviços, tais como instalações, equipamentos e aparência dos funcionários; Empatia: grau de cuidado e atenção pessoal dispensado aos clientes internos e externos. Nessas perspectivas, a satisfação é percebida como uma função de desempenho e expectativas percebidos, e pode ser influenciada por múltiplos aspectos diretos e indiretos que estão relacionadas ao indivíduo, ou seja, por meio de experiências anteriores e expectativas (KOTLER, 2000; RIBEIRO, 2003). De acordo com Souza et al (2004), o contexto de qualidade para a satisfação do paciente envolve alguns aspectos como: Análise da receptividade inicial hospitalar (portaria, recepção); Análise do atendimento assistencial primário (médicos e enfermeiros); Análise do atendimento assistencial secundário (exames laboratoriais e radiológicos); Análise do serviço de hotelaria (acomodações, serviços de lavanderia, higienização e serviço de nutrição). 5.1 Programa Nacional de Avaliação dos Serviços de Saúde (PNASS) O Programa Nacional de Avaliação de Serviços de Saúde (PNASS) é o sistema de avaliação implantado pelo SUS como instrumento de apoio a gestão. O Programa Nacional de Avaliação de Serviços de Saúde (PNASS) originou-se do Programa Nacional de Avaliação dos Serviços Hospitalares (PNASH), desenvolvido a partir de 1998. Em 2004, o Departamento de Regulação, Avaliação e Controle de Sistemas, em parceria com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e o Departamento Nacional de Auditoria do SUS (DENASUS), ampliou o escopo do PNASH, possibilitando a avaliação da totalidade dos estabelecimentos de atenção especializada e dando origem ao PNASS (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2015). O objetivo geral é avaliar a totalidade dos estabelecimentos de atenção especializada em saúde, ambulatoriais e hospitalares, contemplados com recursos financeiros provenientes de programas, políticas e incentivos do Ministério da Saúde, quanto às seguintes dimensões: estrutura, processo, resultado, produção do cuidado, gerenciamento de risco e a satisfação dos usuários em relação ao atendimento recebido 53 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2015). Já os objetivos específicos, segundo o Ministério da Saúde (2015) são: 1. Consolidar o processo de avaliações sistemáticas dos estabelecimentos de atenção especializada em saúde, ambulatoriais e hospitalares. 2. Conhecer o perfil da gestão dos estabelecimentos de Atenção Especializada avaliados. 3. Aferir a satisfação dos usuários do SUS nos estabelecimentos avaliados. 4. Incorporar indicadores que meçam o resultado da atenção/assistência prestada pelos estabelecimentos avaliados. 5. Conhecer a inserção dos estabelecimentos de Atenção Especializada avaliados como ponto de atenção da Rede de Atenção à Saúde. 6. Incentivar, pedagogicamente, a cultura avaliativa no processo de trabalho dos gestores de saúde. 7. Incentivar a cultura avaliativa em estabelecimentos de saúde do SUS. 8. Consolidar o PNASS como um instrumento de gestão do SUS. 9. Transformar o PNASS em uma ferramenta estratégica de regulação do SUS. Conforme o Ministério da Saúde (2015), o Programa Nacional de Avaliação de Serviços de Saúde possui um conjunto de três instrumentos avaliativos distintos: 1. Roteiro de itens de verificação: avalia basicamente os vários elementos da gestão e é composto por cinco blocos que, por sua vez, se subdividem em 30 critérios, que correspondem a um conjunto de variáveis qualitativas, sendo elas mutuamente exclusivas ou independentes entre si, e podem ser vistos na tabela a seguir. BLOCOS CRITÉRIOS I. Gestão Organizacional Gestão de Contratos Planejamento e Organização Gestão da Informação Gestão de Pessoas Modelo Organizacional II. Apoio Técnico e Logístico para a produção de cuidado Gerenciamento de Risco e Segurança do paciente Gestão da Infraestrutura e Ambiência Gestão de Equipamentos e Materiais Alimentação e Nutrição Assistência Farmacêutica Processamento de Roupas e Materiais Serviço de Apoio Técnico e Administrativo à Atividade Finalista do Estabelecimento III. Gestão da Atenção à Saúde e do Cuidado Integração nas Redes Atenção à Saúde Protocolos Administrativos e Clínicos Gestão do Cuidado Acesso à Estrutura Assistencial 54 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. IV. Serviços/Unidades Específicas Atenção Imediata – Urgência e Emergência Atenção em Regime Ambulatorial Especializado Atenção em Regime de Internação Atenção em Regime de Terapia Intensiva Atenção Cirúrgica e Anestésica Atenção Materna e Infantil Atenção em Terapia Renal Substitutiva Atenção em Hemoterapia Atenção em Serviços de Reabilitação V. Assistência Oncológica Obrigações dos Estabelecimentos e Responsabilidades Atenção em Radioterapia Atenção em Oncologia Clinica Atenção Hematológica Atenção Oncológica Pediátrica Fonte: Elaborado pelo autor, 2019. 2. Questionário dirigido aos usuários: avalia basicamente a satisfação do usuário para com a assistência recebida pelos estabelecimentos a serem avaliados, e corresponde a um questionário com questões fechadas. Este questionário será aplicado pelo Departamento de Ouvidora-geral do SUS (DOGES) da Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. O DOGES aplicará o questionário por ligação telefônica aos usuários que serão relacionados pelo estabelecimento no período estabelecido e entregues aos avaliadores das universidades no momento da aplicação do Roteiro de Itens de Verificação nos estabelecimentos. A quantidade de usuários que serão ouvidos nessa pesquisa será definida por amostragem. O volume desta amostra será calculado para cada estabelecimento. Essa amostra terá a confiabilidade de 95% com margem de erro de 5%. 3. Conjunto de indicadores: avalia basicamente resultados e corresponde a um conjunto variado de indicadores, construídos a partir dos vários bancos de dados ou sistemas de informação alimentados pelos estabelecimentos.A sua definição e construção dos indicadores será realizada por um grupo técnico do Departamento de Monitoramento e Avaliação do SUS (DEMAS). Os indicadores a serem analisados são: Indicadores Da Atenção Ambulatorial De Alta Complexidade (SIA) e Indicadores Da Atenção Hospitalar (SIH). 55 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. 5.2 Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB) Um dos principais objetivos do Ministério da Saúde é executar a gestão pública com base na indução, monitoramento e avaliação de processos e resultados mensuráveis, garantindo acesso e qualidade da atenção em saúde a toda a população. Por isso, diversificados esforços têm sido empreendidos no sentido de ajustar as estratégias previstas na Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) na direção de reconhecer a qualidade dos serviços de atenção básica (AB) ofertados à sociedade brasileira e estimular a ampliação do acesso e da qualidade nos mais diversos contextos existentes no País. A questão da qualidade da gestão e das práticas das equipes de AB tem assumido maior relevância na agenda dos gestores do Sistema Único de Saúde (SUS). Nesse sentido, o Ministério da Saúde tem proposto várias iniciativas centradas na qualificação da atenção básica e, entre elas, destaca-se o Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ) (MINISTÉRIO DA SAÚDE 2012). O PMAQ foi instituído pela Portaria nº 1.654 GM/MS, de 19 de julho de 2011, e foi produto de um importante processo de negociação e pacto das três esferas de gestão do SUS. Em 2015, o programa iniciou seu terceiro ciclo com a participação de todas as equipes de saúde da Atenção Básica (Saúde da Família e Parametrizada), incluindo as equipes de Saúde Bucal, Núcleos de Apoio à Saúde da Família e Centros de Especialidades Odontológicas que se encontrem em conformidade com a PNAB. O PMAQ-AB tem como objetivo incentivar os gestores e as equipes a melhorarem a qualidade dos serviços de saúde oferecidos aos cidadãos. O PMAQ se insere em um contexto no qual o governo federal, progressivamente, se compromete e desenvolve ações voltadas para a melhoria do acesso e da qualidade no SUS. Logo, propõe um conjunto de estratégias de qualificação, acompanhamento e avaliação do trabalho das equipes de saúde, a partir do repasse de recursos do incentivo federal para os municípios participantes que atingirem a melhoria no padrão de qualidade no atendimento. O compromisso com a melhoria da qualidade deve ser permanentemente reforçado com o desenvolvimento e aperfeiçoamento de iniciativas mais adequadas aos novos desafios colocados pela realidade, tanto em função da complexidade crescente das necessidades de saúde da população, devido à transição epidemiológica e demográfica e ao atual contexto sociopolítico, quanto em função do aumento das expectativas da população em relação à eficiência e qualidade do SUS (MINISTÉRIO DA SAÚDE 2012). 56 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. O Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica está organizado em quatro fases que se complementam e que conformam um ciclo contínuo de melhoria do acesso e da qualidade da AB, segundo o Ministério da Saúde (2012): 1. Adesão e contratualização: consiste na etapa formal de adesão ao programa, mediante ao contrato de compromissos e indicadores a serem firmados entre as equipes de atenção básica e os gestores municipais, e destes com o Ministério da Saúde, num processo que envolve o pacto local, regional e estadual e a participação do controle social. 2. Desenvolvimento: consiste na etapa de desenvolvimento do conjunto de ações que serão empreendidas pelas equipes de atenção básica, pelas gestões municipais e estaduais e pelo Ministério da Saúde, com o intuito de promover os movimentos de mudança da gestão, do cuidado e da gestão do cuidado que produzirão a melhoria do acesso e da qualidade da atenção básica. Essa fase está organizada em quatro dimensões. São elas: a) Autoavaliação: identificação e reconhecimento, pelas próprias equipes, das dimensões positivas e também problemáticas do seu trabalho, produzindo sentidos e significados potencialmente facilitadores/mobilizadores de iniciativas de mudança e aprimoramento. b) Monitoramento: acompanhamento sistemático daquilo que tem sido produzido pelas equipes permitirá a verificação do alcance de resultados mínimos nos indicadores contratualizados. c) Educação permanente: deve embasar-se num processo pedagógico que contemple desde a aquisição/atualização de conhecimentos e habilidades até o aprendizado que parte dos problemas e desafios enfrentados no processo de trabalho, envolvendo práticas que possam ser definidas por múltiplos fatores (conhecimento, valores, relações de poder, planejamento e organização do trabalho etc.) e que considerem elementos que façam sentido para os atores envolvidos (aprendizagem significativa). d) Apoio institucional: deve ser pensado como uma função gerencial que busca a reformulação do modo tradicional de se fazer supervisão em saúde. Busca auxiliar as equipes na tarefa de colocar o seu trabalho e as suas práticas em análise. 57 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. 3. Avaliação externa: se realizará um conjunto de ações que averiguará as condições de acesso e de qualidade da totalidade de municípios e equipes da atenção básica participantes do programa. Essa fase subdivide-se em duas dimensões: a) Certificação de desempenho das equipes de atenção básica e gestões municipais participantes do PMAQ: avaliação do acesso e da qualidade das instituições participantes do PMAQ, por meio do monitoramento dos indicadores contratualizados e pela verificação de um conjunto de padrões de qualidade no próprio local de atuação das equipes; b) Avaliação do acesso e da qualidade da atenção básica não relacionada ao processo de certificação: constituída por um processo avaliativo que contempla a avaliação da rede local de saúde pelas equipes de atenção básica e processos complementares de avaliação da satisfação do usuário e da utilização dos serviços. 4. Recontratualização: Com base na avaliação de desempenho de cada equipe, uma nova contratualização de indicadores e compromissos deverá ser realizada, completando o ciclo de qualidade previsto pelo programa. Os indicadores utilizados na PMAQ-AB consideram as seguintes áreas, segundo o Ministério da Saúde (2015): Saúde da Mulher Saúde da Criança Controle de Diabetes Mellitus e Hipertensão Arterial Sistêmica Saúde Bucal Produção Geral Vigilância – Tuberculose e Hanseníase Saúde Mental 5.3 Programa de Qualificação de Operadoras da Agência Nacional de Saúde Suplementar: avaliação de desempenho das operadoras, dimensões do Índice de Desempenho da Saúde Suplementar (IDSS) O Índice de Desempenho da Saúde Suplementar (IDSS) é a avaliação de desempenho das operadoras de planos de saúde que compõe o Programa de 58 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. Qualificação da Saúde Suplementar, definido pela Agência Nacional de Saúde Suplementar – ANS. O principal objetivo é demonstrar como o mercado está se comportando com relação às questões assistenciais, sendo um importante parâmetro de avaliação para os beneficiários de planosde saúde (SEGUROS UNIMED, 2019; ANS, 2018). O IDSS é constituído por indicadores que compõem uma nota 0 – pior resultado (indica que a atuação da operadora está distante do esperado pela ANS); e nota 1 – melhor resultado (indica que a atuação da operadora está em conformidade com o estabelecido pela ANS), distribuídos em quatro dimensões, segundo ANS (2018): Qualidade e Atenção à Saúde: avaliação do conjunto de ações em saúde que contribuem para o atendimento das necessidades de saúde dos beneficiários, com ênfase nas ações de promoção, prevenção e assistência à saúde prestada; Garantia de Acesso: condições relacionadas à rede assistencial que possibilitam a garantia de acesso, abrangendo a oferta de rede de prestadores; Sustentabilidade de Mercado: monitoramento da sustentabilidade da operadora, considerando seu equilíbrio econômico-financeiro e satisfação do beneficiário; Gestão de Processo e Regulação: afere o cumprimento das obrigações técnicas e cadastrais das operadoras junto à ANS. O IDSS permite a comparação entre operadoras, estimulando a disseminação de informações qualificadas e a concorrência no setor. A medida amplia a transparência e reduz a assimetria de informação, reduzindo falhas de mercado que comprometem a capacidade do consumidor de fazer suas escolhas no momento da contratação ou troca de um plano de saúde, além de subsidiar as ações regulatórias da Agência (ANS, 2018). Entre os critérios de pontuação no IDSS, está a realização da Pesquisa de Satisfação de Beneficiário, que deve ser aplicada seguindo as diretrizes estabelecidas pela ANS. O objetivo da publicação é acompanhar a qualidade do setor e conhecer o grau de satisfação dos usuários de planos de saúde no país. A metodologia a ser aplicada foi desenvolvida pela ANS de forma a padronizar os dados pesquisados pelas operadoras, permitindo assim uma comparação dos resultados. A pesquisa é voluntária e as operadoras que se dispuserem a realizá-la deverão divulgar os resultados até dia 30 de abril de 2019 (data de corte do Programa de Qualificação das Operadoras) (ANS, 2018). 59 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. Em 2018(ano base 2017), a Seguros Unimed se destacou, ficando pelo segundo ano consecutivo na faixa de excelência com nota 0,8509, o melhor desempenho desde o início da série histórica. O resultado posiciona a Companhia entre as três melhores seguradoras especializadas em saúde do país. Em 2017 (ano base 2016), a Central Nacional Unimed conquistou por dimensão: Qualidade em atenção à saúde 0.8929; Garantia de acesso 0.7082; Sustentabilidade no mercado 0.6987; Gestão de processos e regulação 1.0000; e, Total 0.8249 (SEGUROS UNIMED, 2018; CENTRAL NACIONAL UNIMED, 2017). 5.4 Pesquisa de Satisfação de usuários A Pesquisa de Satisfação dos Usuários do SUS foi desenvolvida com o objetivo de avaliar o grau de satisfação dos usuários do Sistema Único de Saúde quanto aos aspectos de acesso e qualidade percebida na atenção básica e urgência/emergência, mediante inquérito amostral (CONASS, 2012). A qualidade da assistência é o tema principal da pesquisa, são avaliados: o atendimento feito pelos médicos e enfermeiros; e, os serviços de recepção e portaria dos estabelecimentos do SUS (CONASS, 2003). Trata-se de estratégia para avaliar a dimensão subjetiva dos serviços prestados, isto é, a percepção do usuário sobre as unidades de saúde e os procedimentos ali realizados (SECRETÁRIA DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2010). A pesquisa de satisfação do usuário é realizada em diversos estados com parcerias entre o ministério da saúde, a secretária do estado, hospitais e clinicas e as universidades federais. Nessa pesquisa não há a utilização de outras informações e métodos, como dados de produção, a não ser a entrevista ou questionário direto com os pacientes e familiares. A avaliação da assistência ocorre em diferentes níveis de complexidade de atendimento, desde a atenção básica e as ações de vacinação até as cirurgias eletivas. A pesquisa mostra, então, de que modo satisfação do usuário se relaciona com a complexidade e a resolutividade da assistência recebida (SECRETÁRIA DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2010). Segundo a Secretária do estado de São Paulo (2010): [...] ao identificar as opiniões dos pacientes, suas percepções relativas às condições gerais da unidade (acomodações), às atitudes dos profissionais, ao tempo de espera para realização do procedimento e, no caso das maternidades, às informações sobre alguns procedimentos de humanização dos partos, deve-se reconhecer que, apesar dos limites deste tipo de instrumento de pesquisa, seus resultados devem ser considerados, principalmente se comparados com os outros instrumentos de avaliação da qualidade dos serviços. Além disso, a pesquisa permite a identificação de possíveis 60 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. irregularidades na prestação de serviços ao SUS, como por exemplo, os procedimentos registrados nos sistemas de informação (para efeito de pagamento) e não realizados efetivamente, as cobranças ilegais aos pacientes, entre outros. Os usuários poderão participar respondendo aos questionários de avaliação de três formas: 1. Questionário de autopreenchimento disponibilizado nas Unidades de Saúde: as unidades de saúde que serão avaliadas receberão os questionários impressos e um cartaz a ser fixado na unidade, que convida os usuários a participarem da avaliação. É importante que as unidades façam a divulgação e incentivem os usuários a preencherem o questionário, e que os profissionais estejam aptos a responder eventuais dúvidas que possam surgir. 2. Questionário de autopreenchimento disponibilizado na página eletrônica da Secretaria Municipal de Saúde: os usuários poderão acessar os questionários na página eletrônica da Secretaria Municipal de Saúde e fazer o preenchimento online. É importante que essa forma de participação também seja divulgada nas unidades de saúde. 3. Entrevistas realizadas semestralmente por acadêmicos de Universidades: os mesmos questionários disponíveis para autopreenchimento serão aplicados semestralmente por acadêmicos, em unidades de saúde pactuadas com a Secretaria Municipal de Saúde. Quando as Unidades Básicas de Saúde são avaliadas, as entrevistas estão sendo realizadas nos domicílios, para evitar constrangimento dos usuários em avaliar o serviço no momento em que está o utilizando. 61 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. Referências ABELHA, M. C. 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Acesso em: Julho de 2019tomadas pela administração (FETEIRA, 2013; FEIZIZADEH, 2012). 1.1 Conceitos, Natureza, Formas e Produtos A auditoria é uma técnica contábil constituída por um conjunto de procedimentos para aferição de controles internos da organização, que avalia a veracidade e a qualidade de documentos, registros e informações. É uma atividade destinada a observar, indagar, questionar, checar e propor alterações e procedimentos a empresa e através de um controle administrativo e verificar se os mesmos estão de acordo com as normas estabelecidas, se há necessidade de novas normas e procedimentos, e avalia a eficiência e eficácia para que todos os processos de auditoria sejam executados por um profissional especializado (FRANCO & MARRA, 2001; FLOZINO; SILVÉRIO, 2014; ATTIE, 2011). “A auditoria interna é o conjunto de técnicas que visa avaliar, de forma amostral, a gestão da Companhia, pelos processos e resultados gerenciais, mediante a confrontação entre uma situação encontrada com um determinado critério técnico, operacional ou normativo. Trata- se de um importante componente de controle das corporações na busca da melhor alocação dos recursos do contribuinte, não só atuando para corrigir os desperdícios, as impropriedades/disfunções, a negligência e a omissão, mas, principalmente, antecipando-se a essas ocorrências, buscando garantir os resultados pretendidos, além de destacar os impactos e benefícios sociais advindos, em especial sob a dimensão da equidade, intimamente ligada ao imperativo de justiça social” (CONAB, 2009). A origem da auditoria interna remonta aos antigos conceitos de controle e de desempenho das empresas, não sendo um tema tão recente. Entretanto, repaginou-se, sem alterar a sua função primordial de monitoramento dos controles internos e, mitigação dos riscos e compliance. Pode ser definida como uma abordagem sistemática e disciplinada à avaliação e aprimoramento da eficiência dos processos, de gestão de 7 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. risco, controle e governança corporativa para ajudar uma organização a atingir seus objetivos (IPAI; 2009). O objetivo geral da Auditoria Interna é avaliar e prestar ajuda a alta administração e desenvolver adequadamente suas atribuições, proporcionando-lhes análises, recomendações e comentários objetivos, acerca das atividades examinadas; fortalecendo a gestão e racionalizando as ações de controle da organização. A Auditoria Interna tem por finalidade: 1) desenvolver um plano de ação que auxilie a organização a alcançar seus objetivos adotando uma abordagem sistêmica e disciplinada para a avaliação; 2) melhorar a eficácia dos processos de com o objetivo de adicionar valor; e, 3) melhorar as operações e resultados de uma organização (LIMA; CASTRO 2003; NUNES, 2006; CONAB, 2009). O fortalecimento da gestão consiste em fornecer julgamentos imparciais, com independência e objetividade, no intuito de agregar valor aos processos de trabalho, contribuindo para o cumprimento das metas previstas, a execução dos programas de governo e do orçamento anual da Companhia, a comprovação da aderência aos normativos internos e a avaliação dos resultados, consubstanciados em indicadores de desempenho quanto à economicidade, eficiência, eficácia, efetividade e equidade da gestão, relativamente às variáveis: tempo, custo, quantidade, qualidade, acesso, etc. (CONAB, 2009). O profissional da Auditoria Interna é denominado de auditor interno e tem como função obter, analisar, interpretar e documentar as informações físicas, contábeis, financeiras e operacionais para dar suporte aos resultados sobre a análise da organização. O auditor interno, portanto, deve assessorar a administração no trabalho de prevenção de erros e fraudes, obrigando-se a informá-la, de maneira reservada, sobre quaisquer indícios ou confirmações de erros ou fraudes detectadas no decorrer de seu trabalho (LIMA; CASTRO 2003; NUNES, 2006). O termo "fraude" aplica-se a atos voluntários de omissão e manipulação de transações e operações, adulteração de documentos, registros, relatórios e demonstrações contábeis, tanto em termos físicos quanto monetários; isto é, engloba um conjunto de irregularidades e ilegalidades ocasionadas intencionalmente, encobertamente ou por violação de confiança. O principal mecanismo para eliminação da fraude é o controle administrativo. O termo "erro" aplica-se a atos involuntários de omissão, desatenção, desconhecimento ou má interpretação de fatos na elaboração de registros e demonstrações contábeis, bem como de transações e operações da organização, tanto em termos físicos quanto monetários (LIMA; CASTRO, 2003; CONAB, 2009; CREPALDI, 2016). O auditor interno deve, portanto, preocupar-se com qualquer fase das atividades da empresa na qual possa ser de utilidade à administração, esse papel está diretamente 8 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. ligado ao planejamento estratégico da empresa. Para conseguir o cumprimento deste objetivo geral de serviços à administração, há necessidades de desempenhar certas atividades, segundo Lisboa (2016): Revisar e avaliar a eficácia, suficiência e aplicação dos controles contábeis, financeiros e operacionais. Determinar a extensão do cumprimento das normas, dos planos e procedimentos vigentes. Determinar a extensão dos controles sobre a existência dos ativos da empresa e da sua proteção contra todo tipo de perda. Determinar o grau de confiança, das informações e dados contábeis e de outra natureza, preparados dentro da empresa. Avaliar a qualidade alcançada na execução de tarefas determinadas para o cumprimento das respectivas responsabilidades. Avaliar os riscos estratégicos e de negócio da organização. Em relação à organização do departamento, um ponto de maior relevância é a autonomia e independência com que conta o departamento de Auditoria Interna da empresa. Além disso, o auditor interno deve seguir Princípios Fundamentais, para fins de eficácia da auditoria interna, segundo o Instituto dos Auditores Internos do Brasil (2019): Demonstrar integridade; Demonstrar a proficiência e o zelo profissional devido; Seu objetivo é livre de influências indevidas (independente); Estar alinhado às estratégias, objetivos e riscos da organização; Estar devidamente posicionado e com recursos adequados; Demonstrar qualidade e melhoria contínua; Comunicar-se de modo efetivo; Fornecer avaliações baseadas em risco; Ser perspicaz, proativo e focado no futuro; Promover a melhoria organizacional. Esses Princípios Fundamentais devem ser seguidos juntamente com a execução da auditoria, mas os auditores também estão subordinados aos seguintes órgãos, segundo Almeida (2009): 9 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. - Comissão de Valores Mobiliários (CVM): é um órgão fiscalizador do mercado de capitais no Brasil, que estabelece regras para os auditores independentes e normas de contabilidade a serem seguidas. - Instituto Brasileiro de Contadores (IBRACON): é uma pessoa jurídica de direito privado sem fins lucrativos, também emite normas de contabilidade. - CFC e Conselhos Regionais de Contabilidade (CRC): esses conselhos representam entidades de classe dos contadores, ou seja, registra e fiscaliza o exercício da profissão de contabilista. - Instituto dos Auditores Internos do Brasil (AUDIBRA): é uma entidade civil de direito privado e sem fins lucrativos, promove o desenvolvimento da auditoria internapor meio de intercâmbio de ideias, reuniões, conferências, publicações, etc. Segundo a CONAB (2009), a importância da auditoria interna no processo de gestão tem aumentado a exigência por um alto grau de especialização, pressupondo uma equipe com visão multidisciplinar, atuando de forma coordenada e visando alcançar por meio do exame e avaliação, entre outros, dos seguintes aspectos: a) adequação e eficácia dos controles; b) integridade e confiabilidade das informações, dos registros e dos sistemas estabelecidos para assegurar a observância das políticas, metas, planos, procedimentos, leis, normas e regulamentos, assim como da sua efetiva utilização; c) eficiência, eficácia e economicidade do desempenho e utilização dos recursos, dos procedimentos e métodos de salvaguardas dos ativos e a comprovação de sua existência, assim como a exatidão dos ativos e passivos; d) compatibilidade das operações e programas com os objetivos, planos e meios de execução estabelecidos; e) mensuração dos problemas e riscos, assim como o oferecimento de alternativas de solução. 1.2 Metodologias e estruturas As auditorias são feitas por etapas, desde o planejamento até a fase final de fechamento das não conformidades, considerando as informações disponíveis no sistema de gestão de qualidade (RIBEIRO, 2013). Segundo a NBR ISO-9001:2000, basicamente são oito os processos que a auditoria em geral deve seguir: 10 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. 1º ETAPA - Planejamento Operacional: esta etapa representa o início do trabalho do auditor, onde o mesmo começa, de forma planejada, a organizar e definir as estratégias e objetivos para executar suas atividades, ou seja, o seu plano de trabalho; 2º ETAPA - Seleção e entrevistas dos principais operadores dos controles internos do ciclo: nessa etapa realiza-se entrevistas com os principais operadores dos controles internos, para se conhecer o fluxo das atividades do processo e seu desenvolvimento, coletando informações essenciais para realização da auditoria; 3º ETAPA - Elaboração dos fluxos operacionais dos processos: aqui o auditor junta as informações coletadas, permitindo ter uma visão integrada do sistema e começa a elaborar os fluxos operacionais dos processos, sabendo quais testes serão necessários aplicar para averiguar as falhas existentes; 4º ETAPA - Identificação dos pontos críticos de controle do fluxo: depois da elaboração do processo é possível identificar os pontos críticos que estejam causam impactos relevantes nas atividades do processo; 5º ETAPA - Construção da Matriz de Análise de riscos e impactos: após a identificação dos pontos críticos tem-se a construção da matriz de análise de riscos e impactos, uma ferramenta para auxiliar e priorizar as ações a serem executada; 6º ETAPA - Elaboração do Programa de trabalho para coleta de evidências: nessa etapa são expostas as evidências coletadas em campo, redefinindo as formas de trabalho para possível adequação do mesmo; 7º ETAPA - Elaboração do relatório de auditoria operacional de controles internos: os resultados mensurados durante o processo e as recomendações e medidas para possíveis adequações devem constar na elaboração do relatório; 8º ETAPA - Elaboração de Plano de Ação para implantação das recomendações: após a apresentação dos resultados da auditoria operacional nos controles internos, é proposto um Plano de Ação para implantação das recomendações, ou seja, a implantação de mecanismos de controle para sanar as falhas encontradas, garantindo assim que a entidade passe a exercer suas atividades com mais eficiência e eficácia, obtendo os resultados esperados. A auditoria, na entidade pública e na entidade privada, tem os mesmos fundamentos, possuindo em seu teor os procedimentos que são aplicados para ambas às entidades, que nada mais são do que o conjunto de técnicas as quais permitem ao auditor obter evidências ou provas suficientes e adequadas para fundamentar a opinião sobre as demonstrações contábeis ou processos auditados. Ao abranger os testes de observância e os testes substantivos a auditoria procura demonstrar certo grau de segurança de que os procedimentos de 11 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. controle interno estabelecidos pela administração estão sendo cumpridos e, também evidenciam a suficiência, exatidão e a veracidade dos dados confeccionados pelo sistema contábil da entidade (NUNES, 2006). As informações que fundamentam os resultados da auditoria interna são denominadas de "evidências", que devem ser suficientes, fidedignas, relevantes e úteis, de modo a fornecerem base sólida para as conclusões e recomendações. Os procedimentos de auditoria interna, para chegar à constatação de evidências, constituem-se em: exames, incluindo testes de observância e testes substantivos, que permitem ao auditor interno obter provas suficientes para fundamentar suas conclusões e recomendações. Os testes que caracterizam os procedimentos de auditoria interna são classificados em duas espécies, segundo Lima e Castro (2003) e a CONAB (2009): 1. Testes de observância (também denominados de aderência ou de conformidade): Visam à obtenção de razoável segurança de que os procedimentos de controle interno estabelecidos pela organização estão em efetivo funcionamento e cumprimento. Os Questionários de Avaliação dos Controles Internos – QACI são ferramentas adequadas para os testes de observância. 2. Testes substantivos: visam à obtenção de evidência quanto à suficiência, exatidão e validade dos dados produzidos pelos sistemas de informações da organização. São agrupados em dez tipos básicos, apresentador a seguir. As espécies de testes substantivos são agrupadas nos seguintes tipos básicos: a) Circularização (confirmação, junto a terceiros, de fatos alegados pelo auditado); b) Verificação física (in loco, com registro fotográfico, se possível); c) Conciliações (confronto de registros de fontes diferenciadas); d) Exame dos registros; e) Análise documental; f) Conferência de cálculos; g) Entrevistas (indagação escrita ou oral); h) Corte das operações (cut-off); i) Rastreamento; j) Teste laboratorial. 12 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. Para realização dos testes substantivos é necessária à solicitação de auditoria, isto é, um documento endereçado ao dirigente máximo da unidade auditada, que será utilizado pela equipe de auditores ao longo da fase de apuração de evidências. A solicitação é utilizada para: 1) O acesso da equipe de auditores às dependências da unidade auditada; informar à unidade auditada as ocorrências identificadas pela equipe de auditoria, que poderão constituir-se em registros do relatório de auditoria a ser emitido; 2) Apresentação de documentos, informações, justificativas e demais elementos necessários às atividades de auditagem. Já para uma ação corretiva das informações coletadas é utilizado pelos auditores à nota de auditoria, um documento para proposição de ação corretiva sobre questões pontuais e falhas formais de caráter não postergável. Também servem à recomendação de solução para eliminação de situações potencialmente danosas ao patrimônio da Organização, passíveis de serem evitadas pela instauração de procedimentos corretivos (XERPA, 2018). Logo, para a instauração da solicitação de auditoria e da nota de auditoria, há um processo de avaliação de informações a ser seguido. O processo de avaliação das informações contábeis compreende:a) a obtenção de informações sobre todos os assuntos relacionados com os objetivos e alcance da auditoria interna: As informações devem ser suficientes, adequadas, relevantes e úteis no fornecimento de evidências às conclusões e recomendações da auditoria interna. b) a aplicação dos procedimentos de auditoria interna: Incluindo os testes e técnicas de amostragem e, onde praticável, deve ser definida antecipadamente e ampliada ou alterada se as circunstâncias assim o exigirem. O processo deve ser supervisionado para alcançar razoável segurança de que o objetivo do trabalho da auditoria interna está sendo atingido. c) Identificação mais acertada dos riscos: A realização de uma auditoria interna busca fazer uma identificação de quais são os pontos fortes e fracos da empresa. Enquanto os pontos fortes podem e devem ser bem aproveitados, as fraquezas podem indicar riscos que, se concretizados, influenciam nos resultados. d) Elaboração de planos de ação mais eficazes: O levantamento das falhas que existem nos processos permite a criação de planos de ação mais eficazes, que vão atuar diretamente na raiz do problema, eliminando-o ou minimizando os seus impactos. e) Melhorias no processo de tomada de decisão: O acompanhamento da rotina da empresa, a avaliação por diversos ângulos e a possibilidade de eliminar os pontos fracos, com soluções permanentes, garantem que a tomada de decisão do gestor seja realizada com maior eficiência e eficácia. 13 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. f) Identificação de oportunidades de melhoria: Estudos dos processos sob a ótica de quais melhorias podem ser adotadas nos métodos de trabalho. Isso permite enxergar e criar oportunidades positivas, ou seja, torna-se possível alcançar resultados cada vez mais otimizados. Alguns gestores ainda supõem que a auditoria interna é uma opção que apenas as grandes empresas recorrem para adequar melhor seus processos. Contudo, é preciso ressaltar que esse procedimento atende as mais variadas organizações, de todos os tamanhos, desde que apresentem características necessárias de mudança, ou até mesmo para melhoria de funcionamento. Alguns momentos podem ser imprescindíveis para investir em uma análise de auditoria interna, como: Quando a empresa passa por problemas financeiros (ex.: endividamento). Quando existem problemas com os Recursos Humanos (ex.: índice de absenteísmo). Quando os resultados ficam frequentemente distantes da meta (processos ineficientes). Quando o objetivo é expandir o negócio de maneira estruturada. Os procedimentos analíticos propiciam ao auditor interno da Companhia um meio eficiente e efetivo de fazer uma avaliação da informação recolhida numa auditoria. A avaliação resulta da comparação dessa informação com expectativas identificadas ou desenvolvidas pelo auditor interno (NUNES, 2006; CONAB, 2009). Segundo Peter e Machado (2003), “O parecer de auditoria é o documento que representa a opinião do auditor, sobre a exatidão regularidade ou não da gestão e a adequação ou não das peças examinadas”. Já, conforme Lima & Castro (2003), “São pareceres de auditoria parecer sem ressalva, parecer com ressalva, parecer adverso e parecer com abstenção de opinião”. Quando os procedimentos analíticos de auditoria identificam resultados ou relações inesperadas, os empregados auditores internos devem examinar e avaliar esses resultados ou relações, no intuito de que se convençam de que os resultados e relações são suficientemente explicados. Os resultados ou relações que não forem convenientemente explicados devem ser comunicados aos níveis adequados da gestão. O auditor interno pode recomendar a adoção de providências, dependendo das circunstâncias. Os fatos devem ser apresentados com objetividade e fidedignidade, omitindo-se a vontade, emoção e interesses de quem elaborou o relatório (PETER; MACHADO, 2003; NUNES, 2006; CONAB, 2009). 14 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. Os relatórios de não conformidade funcionam como uma ferramenta para tratar problemas e não para identificar um culpado pelo fato ocorrido e a auditoria interna serve como um filtro para identificar as oportunidades de melhorias e pontos potenciais para serem tratados (RIBEIRO, 2013). Sendo assim, é importante estabelecer que após a realização das auditorias as ações devem ser planejadas contribuindo para que a instituição alcance os objetivos. Segundo a CONAB (2009), os diagnósticos sobre o desempenho de uma determinada unidade organizacional se darão sob três dimensões do desempenho: economicidade, eficiência e eficácia. Economicidade: tem relação direta com a minimização dos custos de determinado processo ou atividade, sem o comprometimento dos padrões de qualidade. Eficiência: é a relação entre produtos (bens ou serviços) gerados numa atividade e os custos dos insumos empregados, num determinado período de tempo. Se a unidade organizacional consegue obter mais produção para um determinado insumo, ela aumentou a eficiência; se consegue obter os mesmos produtos com menos insumos (dinheiro, pessoas e/ou equipamentos), também foi eficiente. Eficácia: mede o nível de alcance das metas oriundas do planejamento da empresa, em um determinado período de tempo, independentemente dos custos incorridos na execução. 1.3 Introdução à Auditoria em Saúde Pública e Privada A gestão na área de saúde é uma atividade complexa e que requer acompanhamento, desse modo se utiliza a auditoria hospitalar, cuja finalidade é reduzir custos e aumentar a eficiência do processo. O objetivo é promover o desenvolvimento sustentável do hospital e manter ou elevar a qualidade do atendimento aos pacientes, através da implantação de práticas que reforcem o cuidado, a qualidade e a segurança com quem está sendo atendido, assim como melhorar e aumentar a vantagem competitiva do hospital, sem desconsiderar a ética e a transparência nas relações entre os profissionais (ROSA, 2017). A auditoria é uma análise sistemática e analítica de todas as ações realizadas pelo hospital, podendo ser implantada tanto nos atendimentos do Sistema Único de Saúde (SUS) quanto nos particulares ou de planos médicos. No primeiro caso se pretende avaliar se os convênios e programas estão sendo executados de modo 15 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. adequado e se os recursos têm destinação correta. Já nos particulares e de convênios médicos, o objetivo é que a auditoria sirva como um indicador de qualidade e redução de custos (ROSA, 2017). A ideia de auditoria aplicada ao âmbito hospitalar pela primeira vez, nos Estados Unidos no início do século XX, como uma ferramenta importante na avaliação na qualidade da assistência prestada ao paciente, por meio da avaliação de prontuários médicos, um instrumento sigiloso, constituído de várias informações, como laudos de exames e registros da equipe de saúde, geradas a partir de avaliações do paciente e da assistência prestada. De modo geral, o auditor é um médico ou enfermeiro que estão ligados à organização que efetua o pagamento das contas. De modo a garantir a concretização das seguintes características: Sigilo; discrição; conhecimento; imparcialidade; cautela; e, ética (SOUZA, 2016; PINTO; MELLO, 2010). No Brasil, a auditoria hospitalar surgiu na década de 1970, quando começou a ser necessário o equilíbrio entre aplicação consciente de recursos e qualidade. Entretanto somente em 2001 o conselho federal de enfermagemreconheceu o papel do enfermeiro auditor, por meio da resolução nº 266/2001, que designa ao enfermeiro, privativamente, organizar, dirigir, coordenar, avaliar, ter visão holística, prestar consultora, controlar a implantação do sistema de gestão de qualidade, ente outras atividades (DORNE; HUNGARE, 2013). Na área de auditoria de qualidade, sob a perspectiva do SCIH (Serviço de Controle de Infecção Hospitalar), o enfermeiro tem a oportunidade de identificar inadequações no processo de trabalho assistencial, as quais demonstram falhas na qualidade, na segurança, no cumprimento de requisitos legais e recomendações. Essas falhas podem gerar gastos, trabalhos e eventos indesejados, além da utilização inapropriada de recursos (materiais e medicamentos), dentre outros inconvenientes (MELLO, COSTA, HOFFMANN, 2019). De acordo com a ISO 19011 as auditorias são importantes por serem ferramentas de gestão utilizadas para monitorar e verificar a eficácia da implementação, da política e da qualidade ambiental de uma organização (ABNT, 2012). Já para Maranhão (2001), as auditorias são utilizadas para determinar em que grau os requisitos do sistema de gestão da qualidade foram atendidos. Assim, é possível tomar ações com base nas evidências e não nas inferências (FERNANDES; DUARTE, 2016). A realização constante de auditorias de enfermagem consiste em uma proposta de trabalho com ferramentas de controle dos processos executados. Os profissionais de enfermagem necessitam de orientações e normatizações para que os registros se tornem cada vez mais efetivos, facilitando a sua averiguação e evitando glosas. O termo 16 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. glosa pode ser definido como o cancelamento ou a recusa parcial ou total do orçamento, conta ou verba, por serem considerados ilegais ou indevidos (GOTTO, 2001; PELLEGRINI, 2004; ROSA, 2017). A pratica de auditoria de enfermagem contribui para a otimização dos recursos físicos e materiais que estão disponíveis nos serviços de saúde e para a melhora da atuação dos profissionais, seja no planejamento ou na execução técnica do trabalho, gerando uma maximização dos custos envolvidos e maiores benefícios para paciente, hospital e administradores de planos de saúde. O resultado, portanto, é a correção de falhas e identificação de processos críticos, trazendo vantagens como: maior qualidade; maior assistência à saúde; relação mais segura, justa e eficaz para todos envolvidos; manutenção da competitividade no mercado; e, crescimento sustentável no âmbito financeiro (LEOPARDI, 2008; PINTO; MELLO, 2010; ROSA, 2017). A auditoria em enfermagem visa o controle de custos, a qualidade do atendimento, um pagamento justo na conta hospitalar. Para tudo isso é imprescindível o prontuário médico, sendo este uma importante ferramenta na qualidade da assistência prestada ao paciente, fornecendo assim informações vitais para possíveis processos judiciais a convênios de saúde, pois estes são um conjunto de documentos padronizados e ordenados, destinados ao registro dos cuidados dos profissionais prestados pelo serviço de saúde privado. Desta forma, todas as informações são analisadas conforme as anotações no prontuário, havendo alguma dúvida quanto aos procedimentos realizados ou a falta de algumas anotações da enfermagem, podem incidir em glosas das contas hospitalares (D’INNOCENZO, 2010; MELO; SANTOS; SOUZA, 2013). A qualidade dos serviços hospitalares é verificada através da análise detalhada dos prontuários, que tem por objetivo identificar: 1) rotina da equipe interdisciplinar; 2) o cumprimento dos protocolos; 3) a eficiência na interface entre diferentes setores. A partir dessa verificação é possível colocar as estratégias de auditoria em ação, as quais buscam melhorar a eficiência da gestão hospitalar. Simultaneamente são identificados os pontos críticos de cada setor, que podem ser melhorados por meio de ações estratégicas específicas. Por exemplo: se uma das falhas encontradas foi o uso dos recursos, é possível estabelecer mecanismos de controle que assegurem a redução dos desperdícios. Para isso, o auditor hospitalar pode realizar alguns tipos de auditoria dentro dos hospitais, de maneira a facilitar a coleta de dados com veracidade e/ou poucas distorções no preenchimento dos prontuários, como segue na tabela abaixo: 17 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. Tipo de Auditoria Procedimento Realizado AUDITORIA PREVENTIVA Os procedimentos são auditados antes de algum erro ou falha ser identificado. Comumente ocorre a integração ao departamento de liberações de procedimentos ou guias do convênio médico. Executada por médicos. AUDITORIA OPERACIONAL Os fatos e documentos são observados de maneira direta e depois dos procedimentos serem executados. Cabe ao auditor: 1) Interagir com os colaboradores que atuam na assistência; 2) Monitorar o histórico dos pacientes internados; 3) Colaborar na liberação de medicamentos, materiais ou procedimentos; 4) Verificar a qualidade da assistência. A partir dessa avaliação, o auditor pode indicar uma assistência alternativa para o paciente, desde que o médico assistente dê sua anuência. A auditoria operacional inclui as contas, que é realizada no hospital ou na fonte pagadora a fim de encontrar irregularidades ou não conformidades. Nesse processo são analisados: procedimentos, diagnósticos, laudos, exames, medicamentos e materiais gastos, taxas hospitalares, entre outros. AUDITORIA ANALÍTICA Esse tipo de auditoria é composto por análise de relatórios, documentos e processos que são coletados nas auditorias operacional e preventiva, além da comparação com indicadores gerenciais, principalmente os voltados para o gerenciamento de recursos organizacionais. Fonte: Elaborado pelo autor, 2019. Dados os tipos de auditoria, é possível verificar a importância das anotações realizadas pelas equipes médicas e de enfermagem, pois são necessárias para o acompanhamento e a avaliação na qualidade da assistência prestada. As incorreções nestes registros impossibilitam uma auditoria real e de veracidade. A elevada frequência ainda das incorreções mostra a necessidade de estratégias para conscientizar e motivar a equipe de hospitalar na busca de soluções para eventuais falhas, juntamente com a auditoria (MELO; SANTOS; SOUZA, 2013). 18 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. Capítulo 2 - Gestão nos Sistemas de Saúde A gestão em saúde é quase tão antiga quanto a Saúde Pública, que sempre recorreu a várias especialidades e campos de conhecimento, ou seja, nasceu interdisciplinar. Foi, portanto, nos primórdios da Saúde Pública que ocorreu a constituição de um campo de conhecimentos, denominada ‘administração sanitária e de práticas em saúde'. Tratava-se de uma área que procurava compatibilizar conhecimentos sobre administração pública com procedimentos sanitários considerados eficazes no combate a epidemias. A administração em saúde na medicina de mercado apresentava menos especificidades; em geral, adaptava elementos da teoria geral a hospitais e clínicas (CAMPOS; CAMPOS, 2008). A gestão em saúde é um desdobramento contemporâneo dos conceitos originários da Ciência Política, da Sociologia e da Teoria Geral da Administração. Em meados do século XX houve uma ampliação do objeto e do campo de intervenção da gestão em saúde. Nessa época, em alguns países europeus, inicialmente na Grã- Bretanha, Suéciae União Soviética e, mais tarde, em inúmeras outras nações da Europa, América e Oceania, foram construídos os Sistemas Nacionais e Públicos de Saúde. Com essa finalidade desenvolveu-se toda uma cultura sanitária voltada para a organização de serviços e programas de saúde segundo uma nova racionalidade (CAMPOS; CAMPOS, 2008). O Estado foi responsabilizado pelo financiamento e gestão de uma rede de serviços constituída segundo o conceito de integração sanitária. Essa rede pública não executaria apenas ações de caráter preventivo e de relevância coletiva, mas assumiria também a atenção clínica, ou seja, a assistência individual em hospitais e outros serviços. Com essa finalidade foi cunhado o conceito de hierarquização e regionalização dos serviços, inventando-se a modalidade de rede denominada de atenção primária (CAMPOS; CAMPOS, 2008). O antigo arcabouço de conhecimentos da administração sanitária era claramente insuficiente para dar conta da complexidade dessa nova política pública. Em função disso, em vários desses países houve, ao longo do século XX, um esforço de investigação voltado para o desenvolvimento de novos arranjos organizacionais e novos modelos de atenção à saúde (CAMPOS; CAMPOS, 2008). A Organização Mundial de Saúde (OMS) e Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) estimularam tanto a produção de conhecimentos nessa área quanto trataram de sistematizar a difusão dessas experiências e dessa tecnologia sobre organização, planejamento e gestão dos serviços de saúde. Em decorrência desse 19 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. fenômeno houve uma aproximação entre as áreas da Clínica e o campo da Saúde Pública. São desse período o desenvolvimento de estudos sobre sistemas locais de saúde, modelos de atenção, gestão de pessoal, atenção primária, planejamento e programação em saúde. Observa-se como um fato curioso o pequeno envolvimento da área de Gestão e Planejamento, no Brasil, com hospitais, talvez explicado pelo afastamento histórico da Saúde Pública deste pedaço dos sistemas de saúde. A formação de gestores para hospitais foi marcada por cursos compostos segundo a lógica específica das áreas de Economia e da Administração de Empresas. Somente nos últimos anos, observa-se um esforço da área para recompor a formação e a pesquisa em gestão hospitalar (CAMPOS; CAMPOS, 2008). Buscando superar a perspectiva restrita das teorias administrativas têm sido desenvolvidas análises que procuram ampliar e democratizar a gestão, através da gestão participativa e do controle social dos gestores pela sociedade civil (CAMPOS; CAMPOS, 2008). As práticas de saúde no século XXI é foco de atenção diante das novas concepções de: ser humano, vida, saúde e sociedade, remetendo à construção de tecnologias de processos de gestão que integram o ser, o pensar e o fazer (ERDMANN et al., 2006). Logo, cabe repensar segundo Campos (2003) modelos de gestão que reforcem a educação em saúde, com o objetivo de ampliar a autonomia e a capacidade na gestão de atendimento dos sistemas de saúde, assim como o trabalho em equipe em diferentes contextos, tanto social quanto cultural (CECCIM; FEUERWERKER, 2004). Compreender este ser humano implica na necessidade de estabelecer estruturas sociais, políticas e econômicas mais flexíveis, através de novas práticas de saúde. Esse novo modelo visa à necessidade de trabalhar cada vez mais em equipes multidisciplinares, com alto grau de responsabilidade e contribuição de todos. Isto decorre do fato do trabalhador de saúde estabelecer relações sócio afetivas e político- culturais. Na condição de trabalhador da saúde é necessário o conhecimento para desenvolver tarefas que envolvem o processamento humano da informação, com foco para o resultado coletivo, melhorando as práticas de saúde, especialmente envolvendo o conhecimento tácito, isto é, as atividades cotidianas (ERDMANN et al., 2006). 20 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. Fonte: Adobe Stock, 2019. Alguns critérios para definição de melhores práticas no cuidado à saúde são: sucesso comprovado; quantificação e demonstração por diversos indicadores; novação; certo grau de criatividade; promoção de resultados (outcomes) positivos; replicação com modificações em outros cenários; e importância local (na organização que busca melhoria) no momento de sua adoção. O conceito de melhores práticas de saúde considera a reflexão crítica uma ferramenta para pensar a ação, o porquê da ação e como esta poderia ser mais efetiva, permitindo intensificá-la, garantindo o aprendizado contínuo e o crescimento pela revisão das práticas. Também reconhece que cada programa e política de saúde devem adaptar-se às circunstâncias locais, à população para a qual se destina, aos recursos disponíveis e aos atores participantes, trabalhadores, usuários/clientes, gestores, fornecedores, etc. (ERDMANN et al., 2006). No campo da saúde, a questão das melhores práticas oferece dificuldades para padronização de processos e procedimentos, e requerem a adoção de adequado tratamento gerencial, de modo a maximizar os benefícios para a população, devido às diferenças socioeconômicas e culturais. As dificuldades constituem desafio adicional ao gerenciamento no setor saúde, para compreender e eliminar a distância entre a atual realidade e outra melhor. O avanço exige olhares para dentro e para fora da organização, através da busca por um plano mais abrangente, aproximando a relação recursos e demanda, para que se faça mais e melhor, com um dado recurso, ou seja, perseguir melhores práticas com atributos de eficiência, eficácia e efetividade. (ERDMANN ET AL., 2006; SOUSA; CAMPOS, 2009). As organizações que realizam essa nova forma de gestão multidisciplinar destacam-se por serem capazes de solucionar problemas de maneira sistemática, 21 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. experimentar novas abordagens, aprender a partir das próprias experiências e antecedentes e transferir de forma rápida e eficaz os conhecimentos por toda organização. A interconexão das práticas mediante efetivação de ações conjuntas, interdisciplinares, é uma das estratégias para a promoção da saúde frente à atual realidade. As organizações obterão melhores resultados mediante a criação de sistemas e processos que respaldem essas atividades e as integrem nas ações cotidianas. Este desafio inclui a busca pela horizontalidade e flexibilidade nas decisões, fazendo com que os serviços de saúde estejam voltados às necessidades das comunidades e aos conceitos de qualidade de vida, promoção da saúde da coletividade, e de cuidado no processo de viver, ser saudável e adoecer (ERDMANN et al., 2006). O quadro seguinte esquematiza as inter-relações entre os diversos agentes e fatores envolvidos na complexa gestão de saúde no Brasil, segundo Mercer et al (2003): Fonte: Mercer et al. (2003) Dado a estrutura complexa da gestão do sistema de saúde, a Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta atividades a serem implantadas pela equipe de gestão estratégica e tácita em curto, médio e longo prazo, que incluem: Curto Prazo: fortalecimento das práticas gerenciais; desenvolvimento de políticas para incentivos e fixação de recursos humanos; treinamento em serviço; e, disseminação de novas práticas. 22 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. Médio Prazo:estudos sobre a implementação e o impacto das políticas implementadas no curto prazo; e, desenvolvimento de sistemas de informações dos recursos humanos. Longo Prazo: fortalecimento da capacidade de política nacional e regional; e, construção de infraestrutura. 2.1 Sistemas de saúde brasileiros: públicos e privados O Sistema Único de Saúde (SUS), criado pela constituição de 1988, é um conjunto de todas as ações e serviços de saúde prestados por órgãos e instituições públicas federais, estaduais e municipais, da administração direta ou indireta, que pode ser complementado pelos serviços de saúde ofertados pela iniciativa privada. O desenvolvimento do setor privado na saúde no Brasil está profundamente ligado à opção modernizante implementada pelo regime militar. Foi ainda na ditadura que se erigiu o complexo industrial na saúde, formado para suprir uma necessidade de consumo de produtos de saúde em nosso país (REIS et al., 2016). Para Gadelha et al. (2009), o complexo da saúde pode ser dividido em três subsistemas: um que congrega indústrias de base química e biotecnológica (farmacêutica, vacinas, hemoderivados e reagentes para diagnóstico); o das indústrias de base mecânica, eletrônica e de materiais (equipamentos e materiais médico- hospitalares e odontológicos); e, por fim, o de serviços de saúde (produção hospitalar, laboratorial e de serviços de diagnóstico e tratamento). Deve-se acrescentar a esse modelo um quarto subsistema, o da saúde suplementar (REIS et al., 2016). Segundo Pereira (2009), as agências reguladoras da saúde foram criadas para que o Estado moderno pudesse regular o setor privado de uma forma mais organizada, trazendo homogeneidade, estabilidade e competitividade para esses setores. Os três segmentos privados se instituíram e cresceram de formas e com objetivos diferentes. Enquanto o setor de fornecimento e de prestação de serviços cresceu para atender toda a população brasileira, usuária ou não do SUS, o de prestação de serviço suplementar se instalou como prestador de assistência médica previdenciária, a quem deve parte significativa do seu crescimento. Os setores de fornecimento e de prestação de serviços conseguiram se organizar e dependem, de certa forma, do SUS. Quanto mais recursos e acesso a compras públicas, maior o faturamento, levando-os a pressionar por preços e incorporação de suas tecnologias e produtos. Essa disputa estimulou a competição na 23 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. indústria de medicamentos e insumos. Assim, o complexo produtivo em saúde conseguiu produzir uma pauta comum para o setor, com ênfase na incorporação, desburocratização, aumento de recursos financeiros e compras públicas, compreendendo o poder do SUS como fomentador e garantidor de um ambiente de negócios favoráveis aos seus interesses (REIS et al., 2016). Todos os profissionais de saúde, como trabalhadores do conhecimento, têm o compromisso de operar mudanças e transformações através da prática do cuidado à saúde e à vida. Uma prática voltada ao viver saudável permite que se reconheçam os princípios da participação, da defesa dos direitos de cidadão, da autonomia, da responsabilidade individual e coletiva para que as mudanças estruturais e sociais se potencializem. O exercício profissional voltado ao enfoque interdisciplinar, considerando os diversos olhares e facetas das situações, busca esta visão integral e dinâmica do processo saúde-doença-cuidado junto aos indivíduos, famílias e coletividade, para que possa contribuir com novos rumos e possibilidades na efetivação do processo de promoção da saúde (ERDMAN et al., 2006). 2.2 Políticas Públicas de Saúde As políticas públicas, por definição, são conjuntos de programas, ações e decisões tomadas pelos governos nacional, estadual ou municipal que afetam a todos os cidadãos, de todas as escolaridades, independente de sexo, cor, religião ou classe social. No Brasil, o direto à saúde é viabilizado por meio do Sistema Único de Saúde (SUS) que deverá ser universal, integral e gratuito. Os modelos de atenção e gestão à saúde representam a forma de organização do sistema de saúde e suas práticas em resposta às necessidades da população. Os modelos são expressos em políticas, programas e serviços de saúde que estejam em harmonia com os princípios e diretrizes que estruturam o SUS (FIOCRUZ, 2019). Neste contexto, o programa de Políticas Públicas e Modelos de Atenção e Gestão à Saúde (PMA) tem como papel estratégico a indução do processo de aplicação dos resultados das pesquisas em soluções no campo das políticas públicas e modelos de atenção e gestão à saúde, buscando aperfeiçoar o desempenho do SUS e a melhoria das condições de vida e saúde da população. Além disso, o PMA busca fomentar pesquisas que abordem uma perspectiva múltipla, interdisciplinar, participativa, na qual a intervenção sobre o processo saúde-doença seja resultante da interação e troca de saberes entre os diversos atores sociais envolvidos na temática da pesquisa, tais como: 24 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. Profissionais de saúde, usuários do sistema de saúde, gestores, organizações civis e pesquisadores (FIOCRUZ, 2019). O PMA apresenta como compromissos e atribuições, segundo a Fiocruz (2019): Constituir redes temáticas de pesquisa; Alinhar os projetos das redes de pesquisas com os propósitos da Fiocruz; Facilitar e fortalecer a articulação entre as unidades da Fiocruz com instituições externas; Captar financiamento interno e externo para as Redes Temáticas de Pesquisa; Desenvolver estratégias de articulação e integração entre as atividades e os produtos das pesquisas da Redes Temáticas; Articular com a gestão dos serviços e da administração pública nas esferas municipal, estadual e federal, para garantir a aplicabilidade dos resultados das pesquisas; Promover aportes técnicos e multidisciplinares para o desenvolvimento das pesquisas; Induzir ações e estratégias de divulgação dos resultados dos projetos em acesso aberto; Incentivar a transferência de conhecimento técnico-científico entre os participantes de cada rede temática para a comunidade científica e a sociedade civil; Potencializar a interdisciplinaridade e a intersetorialidade, por meio de ações colaborativas de trabalho entre pesquisadores, tecnologistas, serviços de saúde e sociedade civil. Incentivar processos de tradução do conhecimento. 2.3 Política Nacional de Regulação do SUS O termo regulação está associado aos atos de regulamentar, ordenar, sujeitar a regras e relacionado à satisfação do usuário quanto ao atendimento de suas necessidades. A regulação em saúde vem tomando espaço por se configurar como uma importante ferramenta para transpor desafios que acometem o Sistema Único de Saúde (SUS) desde a sua criação (OLIVEIRA; ELIAS, 2012). Está relacionada à função do Estado de ordenar a distribuição de recursos, bens e serviços de saúde, ou seja, está atrelada à superação de problemáticas tais como na oferta de serviços de saúde (OLIVEIRA; ELIAS, 2012; ALBUQUERQUE et al., 2013; PEITER; LANZONI; OLIVEIRA, 2016). 25 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. A regulação em saúde busca o alcance dos objetivos do SUS por meio da garantia do direito à saúde, ao acesso com eficiência, eficácia e efetividade, prestação das ações e serviços de saúde com qualidade e suficientes para a resposta às necessidades da população, a partir dosrecursos disponíveis (LIMA et al., 2013). A ampliação do acesso às ações e aos serviços de saúde é um dos grandes desafios do SUS. A transposição dessa problemática exige dos gestores a organização e a disponibilização de mecanismos que, atuando juntos, busquem alcançar a consolidação do sistema (PEITER; LANZONI; OLIVEIRA, 2016). Os princípios e diretrizes do SUS, dispostos na Constituição Federal e na Lei nº 8.080 de 19 de setembro de1990, estabelecem que a gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) seja fundamentada na distribuição de competências entre a União, os estados e os municípios. Dessa forma, cabe às três esferas de governo, de maneira conjunta, definir mecanismos de controle e avaliação dos serviços de saúde, monitorar o nível de saúde da população, gerenciar e aplicar os recursos orçamentários e financeiros, definir políticas de recursos humanos, realizar o planejamento de curto e médio prazo e promover a articulação de políticas de saúde, entre outras ações. Os gestores do SUS ficam assim responsáveis por executar a política de saúde de maneira a garantir a toda população o pleno usufruto do direito à saúde (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2019). A Regulação do Acesso à Assistência, em especial, consiste na ordenação e qualificação dos fluxos de acesso às ações e serviços de saúde, de modo a otimizar a utilização dos recursos assistenciais disponíveis e promover a transparência, a integralidade e a equidade no acesso às ações e aos serviços, em tempo oportuno, dispondo, para tal, entre outros instrumentos, de diretrizes operacionais e protocolos de regulação. Como estratégia da Regulação do Acesso à Assistência foi instituída, no âmbito do SUS, a Central Nacional de Regulação de Alta Complexidade (CNRAC), por meio da Portaria GM/MS nº 2.309/2001 (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2019). O CNRAC tem como finalidade organizar a referência interestadual de pacientes que necessitam de assistência em alta complexidade nas especialidades de cardiologia, neurologia, oncologia, traumatologia e ortopedia e procedimentos cirúrgicos relativos à cirurgia bariátrica. Dessa forma, podem garantir o acesso à população de estados com oferta de serviços ausentes ou insuficientes. Permite o dimensionamento do fluxo migratório de pacientes entre Unidades Federativas (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2019). A fim de estabelecer incentivo financeiro de investimento e custeio para os programas de regulação e controle foi disponibilizado pelo Ministério da Saúde, o 26 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. SISREG, isto é, um sistema web, criado para o gerenciamento de todo complexo regulador, por meio de módulos que permitem a regulação do acesso de consultas, exames, procedimentos de média e alta complexidade, bem como a regulação das internações de urgência e cirurgias eletivas. Esse sistema divide-se em cinco programas, descritos na tabela a seguir: Programas do SISREG Características e-SUS-SAMU Sistema utilizado para captura de dados dos procedimentos que tiverem sido realizados nos atendimentos de urgência e que deverão ser incorporados nos boletins de produção gerenciados pela central de regulação do SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), desenvolvido para funcionar de forma autônoma. REDOMENet - Relação de Doadores Não Aparentados de Medula Óssea É um software utilizado como estratégia do Sistema Nacional de Transplantes em conjunto com REDOME/INCA, para o gerenciamento das atividades executadas em laboratórios, desde o cadastro de doadores até o lançamento das análises de compatibilidades feitas com DNA e sorologia (tipagens) para futuros transplantes de medula e envio dessas informações ao REDOME/INCA. SNT - Órgãos - Sistema Nacional de Transplantes Sistema que gerencia a lista de transplantes no Brasil, responsável pela lista de espera de pacientes de órgãos e tecidos (córnea), doação de órgãos de doadores vivos e cadáveres e distribuição destes órgãos pelos estados. Sistema com tecnologia cliente/servidor utilizando uma rede exclusiva para que os usuários acessem um servidor centralizado. SIPNASS - Sistema do Programa Nacional de Avaliação de Serviços de Saúde Sistema que avalia os serviços de saúde por meio de auto avaliações, avaliação técnica do gestor, pesquisas de satisfação dos usuários, pesquisas de relações e condições de trabalho e indicadores de saúde. SISREG II - Sistema de Centrais de Regulação Sistema que permite o controle e regulação dos recursos hospitalares e ambulatoriais especializados no nível Municipal, Estadual ou Regional. Fonte: Elaborado pela Autora, 2019. 27 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. 2.4 Estado e Consumidor A operacionalização das diretrizes constitucionais de descentralização e de participação social para a organização e gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) produz expressivas mudanças no modo de atuação do Estado brasileiro no campo social. (LUCCHESE, 2013). O setor de saúde no Brasil passou por mudanças decorrentes da nova ordem de organização produtiva, pois o trabalho deixou de ser apenas de força e passou a ser de inteligência, isto é, exigiu melhor qualificação do trabalhador na área da saúde, tanto pública quanto privada. Essa mudança também reformulou o papel do Estado, que além de garantir à população os direitos referentes à proteção social, que envolvem o direito à saúde e qualidade de vida; também passou a exercer atividades regulatórias e gerenciais (PIERANTONI; VARELLA; FRANÇA, 2004). Nesse sentido, o Sistema Único de Saúde (SUS) surge com a Constituição de 1988, para garantir esse direito, tendo algumas ações focadas na Atenção Primária à Saúde (APS), aproximando o acesso à saúde da população. Dentro das políticas do SUS, a Atenção Primária à Saúde se realiza por intermédio da Estratégia Saúde da Família (ESF), como é conhecido hoje o antigo Programa Saúde da Família (PSF), que, tendo uma gestão descentralizada, tem como principal objetivo a promoção da saúde (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002). Essa estratégia possibilita que cada equipe de saúde conheça a realidade da comunidade em que desenvolve suas ações, sendo mais pontual e, portanto, mais eficiente no que tange aos indicadores de saúde e qualidade de vida. Antes do PSF e antes da Constituição de 1988, a saúde no Brasil tinha uma perspectiva mais curativa, concentrando-se no tratamento de doenças, e, não preventiva, focada apenas na promoção da saúde. A ação preventiva de saúde ficava a cargo de instituições filantrópicas e alguns órgãos focados em trabalhadores e segurados (MATTA et al., 2016) Dessa forma, a Constituição de 1988 determina a saúde enquanto um direito de todos os cidadãos, de acordo com o qual o Estado deve garantir “mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação” (BRASIL, 1988). Nesse horizonte de expectativas, são esperadas ações do Estado para que a saúde seja um direito alcançado para toda a população (MATTA et al., 2016). A “Carta dos Direitos dos Usuários da Saúde” traz informações para que você conheça seus direitos na hora de procurar atendimento de saúde. Ela reúne os seis princípios básicos de cidadania que asseguram ao brasileiro o ingresso digno nos 28 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. sistemas de saúde, seja ele público ou privado. Segundo o Ministério da Saúde e ConselhoNacional de Saúde (2011), são: 1) Todo cidadão tem direito ao acesso ordenado e organizado aos sistemas de saúde. 2) Todo cidadão tem direito a tratamento adequado e efetivo para seu problema. 3) Todo cidadão tem direito ao atendimento humanizado, acolhedor e livre de qualquer discriminação. 4) Todo cidadão tem direito a atendimento que respeite a sua pessoa, seus valores e seus direitos. 5) Todo cidadão também tem responsabilidades para que seu tratamento aconteça da forma adequada. 6) Todo cidadão tem direito ao comprometimento dos gestores da saúde para que os princípios anteriores sejam cumpridos. Fonte: Adobe Stock, 2019. Através do Portal de Saúde do Cidadão, o usuário do Sistema Único de Saúde (SUS) passa a ter acesso ao seu histórico de registros das ações e serviços de saúde no SUS. Assim poderá conferir as informações de internações hospitalares, com dados sobre atendimento ambulatorial de média e alta complexidade e aquisição de medicamentos no programa Farmácia Popular. O Portal é dividido em duas áreas, são elas: 29 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. 1ª) Acesso livre: onde é possível encontrar informações sobre o Cartão Nacional de Saúde, permitindo ainda a pesquisa de um Cartão existente e o pré- cadastro para quem ainda não possui o cartão. 2ª) Acesso restrito: àqueles que já possuem o cartão e senha de acesso, onde estão contidas informações pessoais, como exames, procedimentos médicos e medicamentos adquiridos no Programa Farmácia Popular. O usuário pode acrescentar informações que julgue importantes relacionadas a sua saúde, como alergias, por exemplo, o que pode subsidiar a equipe médica que lhe atender; também poderá autorizar profissionais de saúde a terem acesso às informações pessoais. Todavia, quem ainda não tem o cartão poderá agilizar sua emissão efetuando um pré-cadastro e se dirigir a uma unidade de saúde ou rede credenciada para emissão do cartão e geração da senha de acesso ao Portal que será enviada, de forma automática, para o endereço eletrônico do usuário. Tornando toda a gestão mais efetiva. 30 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. Capítulo 3 - Processo de Auditoria na Saúde As instituições públicas e privadas de saúde estão em constante crescimento, exigindo uma maior qualidade do serviço e a otimização dos custos, em vista disso a auditoria em saúde torna-se necessária. Logo, é de suma importância a atuação de profissionais capacitados para operacionalizar o processo de auditoria, melhorando a eficiência do serviço. O enfermeiro auditor tem grande importância na execução desses processos e seu trabalho apresenta-se como uma tendência de mercado (SIQUEIRA, 2014). A auditoria de enfermagem tem como objetivo identificar áreas de deficiência do serviço, fornecer dados para melhoria dos programas e da qualidade do cuidado no serviço de enfermagem, e obter dados para programação de atualização do pessoal de enfermagem (KURCGANT, 2016; SIQUEIRA, 2014). No que tange a área de atuação do profissional enfermeiro auditor Dorne e Hungare (2013) citam os convênios e os hospitais, delineando características e processo nesses dois âmbitos: 1. Convênios: Avaliar a assistência de enfermagem prestada ao cliente por meio do prontuário médico; Verificar a observância dos procedimentos frente aos padrões e protocolos estabelecidos; Adequar o custo por procedimento; Elaborar relatórios/planilhas as quais se define o perfil do prestador: custo por dia, custo por procedimento, comparativos entre prestadores por especialidade; Participar de visitas hospitalares; avaliar, controlar (com emissão de parecer) as empresas prestadoras de serviços, fornecendo dados para a manutenção/continuidade do convênio (assessoria ao credenciado); Elo entre as partes (parceria). 2. Hospital: Análise do Prontuário Médico, verificando se está completo e corretamente preenchido nos seus diversos campos tanto médico como de enfermagem, como por exemplo: história clínica, registro diário da prescrição e evolução médica e de enfermagem, checagem dos serviços, relatórios de anestesia e cirurgia; 31 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. Avaliar e analisar a conta hospitalar, se condiz com o evento realizado; Fornecer subsídios e participar de treinamentos do pessoal de enfermagem; Analisar contas e glosas, além de estudar e sugerir reestruturação das tabelas utilizadas, quando necessário; Fazer relatórios pertinentes: glosas negociadas, aceitas ou não, atendimentos feitos, dificuldades encontradas e áreas suscetíveis de falhas e sugestões; Manter-se atualizado com as técnicas de enfermagem, com os serviços e recursos oferecidos pelo hospital, colocando-se a par (inclusive) de preços, gastos e custos alcançados; Utilizar, quando possível, os dados coletados para otimizar o Serviço de Auditoria: saber apontar custos de cada setor, locais onde pode ser feita a redução nos gastos, perfil dos profissionais envolvidos e dados estatísticos. Fonte: Adobe Stock, 2019. Para D`Innocenzo et al. (2006), a auditoria de enfermagem é classificada em auditoria de cuidados, que mensura a qualidade da assistência em enfermagem, verificada por meio dos registros no prontuário do cliente e das próprias condições deste, e a auditoria de custos, que confere e controla o faturamento enviado para os planos de saúde, quanto aos procedimentos realizados, visitas de rotina, cruzando as informações recebidas com as que constam no prontuário. O objetivo desse processo é o controle de custos, a qualidade do atendimento ao cliente, pagamento justo da conta 32 Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização escrita da Novoeste Educacional Ltda. Imagens e outros conteúdos citados em links são de propriedade de seus titulares. hospitalar e a transparência da negociação, embasada na conduta ética (SIQUEIRA, 2014). Buscando priorizar as diretrizes do SUS, os processos de auditoria têm sido sistematizados como instrumentos de suporte e estabelecidos para avaliar os serviços e suas intervenções, principalmente quando a auditoria assume a posição de marco para a redefinição de objetivos, estabelecimento de conteúdos e estratégias para consolidar melhorias nos serviços de saúde (MELO, 2007). Dentre outras competências, quanto integrante de equipe de Auditoria em Saúde, segundo Siqueira (2014), estão: a) Atuar no planejamento, execução e avaliação da programação de saúde; b) Atuar na elaboração, execução e avaliação dos planos assistenciais de saúde; c) Atuar na elaboração de medidas de prevenção e controle sistemático de danos que possam ser causados aos pacientes durante a assistência de enfermagem; d) Atuar na construção de programas e atividades que visem a assistência integral à saúde individual e de grupos específicos, particularmente daqueles prioritários e de alto risco; e) Atuar na elaboração de Contratos e Adendos que dizem respeito à assistência de Enfermagem e de competência do mesmo; 3.1 Conceito de auditoria em saúde A auditoria é um instrumento de gestão para fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS), contribuindo para a alocação e utilização adequada dos recursos, a garantia do acesso e a qualidade da atenção à saúde oferecida aos cidadãos e conceitualmente é o conjunto de técnicas que visa avaliar a gestão pública, de forma preventiva e operacional, sob os aspectos da aplicação dos recursos, dos processos,