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DROGAS VASOATIVAS Profª Aloísia Pimental e Patríca Maia Comumente empregadas nos pacientes graves, as drogas vasoativas são de uso corriqueiro nas Unidades de Terapia Intensiva. O conhecimento exato de sua farmacocinética e farmacodinâmica é de vital importância para os profissionais intensivistas, pois daí decorre o sucesso ou mesmo insucesso de sua utilização. Conceito São substâncias que apresentam efeitos vasculares periféricos, pulmonares ou cardíacos. Atuam em pequenas doses e com respostas dose dependente de efeito rápido e curto, através de receptores situados no endotélio vascular. Por isso, na maioria das vezes, é necessário o uso da monitorização hemodinâmica invasiva quando essas substâncias são utilizadas. As drogas vasoativas têm ação, principalmente, sobre os parâmetros que regulam o débito cardíaco(DC). Este é determinado pelo produto do volume sistólico (VS) e freqüência cardíaca (FC). O VS depende das pressões e dos volumes de enchimento ventricular (pré-carga), da contratilidade do miocárdio e da resistência ao esvaziamento ventricular (pós-carga). As drogas vasoativas mais empregadas são as catecolaminas, também denominadas aminas vasoativas ou drogas simpatomiméticas. Dentre elas destacam-se a noradrenalina, a adrenalina, a dopamina, a dopexamina, a dobutamina e o isoproterenol. Dispõe-se ainda também de amrinone e dos vasodilatadores: nitroprussiato de sódio (nipride), nitroglicerina (tridil), clorpromazina, captopril, enalapril e bloqueadores de cálcio. As ações das catecolaminas são determinadas pelas suas ligações às três classes principais de receptores: alfa, beta e dopa. Esses receptores se localizam na superfície da célula efetora e possuem estrutura molecular específica com a qual as moléculas de uma determinada substância, o mediador, reagem para causar uma resposta característica ou específica sobre a célula. Essas drogas dão suporte ao DC e promovem um fluxo sanguíneo ao coração e ao cérebro Ações e efeitos dos agentes vasoativos Ação Efeito Melhora a FC Cronotrópico Melhora a contratilidade cardíaca Inotrópico Melhora a PA Vasoconstrictor Reduz a pós-carga Vasodilatador Drogas Simpaticomiméticas Catecolaminas Agem diretamente nas células efetoras simpáticas por meio de receptores específicos, localizados na membrana celular. Adrenalina Noradrenalina Dopamina Dobutamina Dopexamina Isoproterenol 1 – Dopamina ( Revivan® ) É o precursor imediato da noradrenalina. Trata-se de uma substância derivada da fenilanina, agindo através da estimulação direta nos receptores β-1 e, indiretamente, nos demais receptores, através da NA. Possui inúmeros efeitos, pois estimula todos os tipos de receptores, sendo estes dose dependentes. Não atravessa a barreira hematoencefálica, não apresentando assim ação no SNC. Possui vida média de 1,7 minutos, sendo metabolizada e inativada diretamente pela catecol-o-metil transferase e monoamina oxidase (MAO), e parte transformada em noradrenalina e adrenalina. É eliminada por via renal. Indicações Estados de baixo débito com volemia controlada ou aumentada (efeito β-adrenérgico). Pelo fato de em baixas doses possuir um efeito vasodilatador renal, também é indicada em situações em que os parâmetros hemodinâmicos estejam estáveis, porém com oligúria persistente (efeito dopaminérgico). Condições de choque com resistência periférica diminuída (efeito α-adrenérgico) Doses A diluição padrão é de cinco ( 5) ampolas ( 250mg ) em 200 ml de solução (SG 5%). Incompatível com soluções alcalinas inativação parcial da droga. Essa diluição apresentará uma concentração final da droga de 1mg/ml. A dopamina é disponível na forma de cloridrato de dopamina em ampolas com 50 mg (10 ml) e 200 mg (5 ml) da droga. Deve ser utilizada sempre diluída, em bomba de infusão e a dose administrada de acordo com o efeito desejado e individualizado para cada paciente. Cuidados Deve ser utilizada somente para uso endovenoso, de preferência veia de grosso calibre ou veia central, com o cuidado de não haver extravazamento tissular, o que poderá acarretar uma intensa vasoconstricção local, com necrose tecidual. Durante a terapia monitorar PA, ECG, PVC, DC, FC, balanço hídrico, cor e temperatura das extremidades. Efeitos colaterais: náuseas, vômitos, arritmias e agravamento da vasoconstricção pulmonar. 2 – Dobutamina ( Dobutrex ®) É uma droga simpatomimética sintética, com ação predominantemente β 1-adrenérgica. Possui baixa afinidade por receptores β 2 e é quase desprovida de efeitos α-adrenérgicos. Ao contrário da dopamina, a ação farmacológica da dobutamina não depende das reservas liberáveis da noradrenalina. Possui vida média de dois minutos, seu início de ação é rápida e sua excreção é renal. Indicações É utilizada para melhorar a função ventricular e o desempenho cardíaco, em pacientes nos quais a disfunção ventricular acarreta diminuição no VS e no DC, como, por exemplo, choque cardiogênico ,ICC, sepse. A estimulação dos betarreceptores provoca leve queda da PA por vasodilatação periférica. Há também aumento da velocidade de condução atrioventricular, o que limita seu uso na vigência de flutter ou fibrilação atrial. Doses É disponível na forma de hidrocloridrato de dobutamina, em ampolas de 20 ml, com 250 mg da droga. Dilui-se uma ampola em 230 ml de solução (exceto soluções alcalinas). Sua utilização é sempre diluída , endovenosamente, em BIC. Cuidados: os mesmos referidos para a dopamina. Efeitos colaterais: arritmias, dores de cabeça, ansiedade, tremores, aumentos ou reduções excessivas da PA. 3 – Noradrenalina (NA) É o neurotransmissor do SNS e precursor da adrenalina. A NA possui atividade tanto no receptor α, como β 1-adrenérgico, com pouca ação sobre receptores β 2. Dependendo da dose utilizada, obtém-se do VS, reflexa da FC e importante vasoconstricção periférica com da PA. A contratilidade e o trabalho cardíaco também aumentam se o aumento da pós-carga for tolerado pelo ventrículo. A NA também é um potente vasoconstrictor visceral e renal, o que limita sua utilização clínica. Indicações É uma droga de eleição no choque séptico, cuja finalidade é elevar a PA em pacientes hipotensos, que não responderam à infusão de volumes e a outros inotrópicos menos potentes. Pode ser utilizada durante as manobras de RCP, como droga vasoconstrictora. Vida média: 2 minutos Doses Utilizam-se normalmente cinco ampolas diluídas em 250 ml de qualquer solução rotineira (exceto as alcalinas), cuja concentração final será de 0,04 mg/ml. Durante as manobras de RCP, podem-se usar doses de 0,1 a 0,2 mg/kg, endovenosas ou intraqueais, diluídas em 10 ml de água destilada. Cuidados As infusões de NA devem ser administradas preferivelmente através de veia central, em BIC. A PA deve ser monitorada a cada 15 min principalmente durante o ajuste da dose. A função renal também deve ser monitorizada através de dosagens de uréia, creatinina e volume de diurese, Se infundida por veia periférica de grosso calibre, manter atenção quanto ao extravazamento e a localização desta veia deve ser alterada, no mínimo, a cada 24 h. 4 – Adrenalina ( cloridrato de epinefrina) É um hormônio endógeno, largamente produzido pela supra-renal e liberado em resposta ao estresse. É um potente estimulador e β adrenérgicos, com notáveis ações sobre o miocárdio, músculos vasculares e outros músculos lisos, cujo efeito vasopressor é muito conhecido. O mecanismo de elevação da PA é devida a uma ação direta no miocárdio com ↑ da contração ventricular (inotropismo +), um ↑ da FC (cronotropismo +) e uma vasoconstricção em muitos leitos vasculares. Exerce também importantes efeitos na musculatura brônquica (broncodilatação) A adrenalina também eleva as concentrações de glicose (aumento da neoglicogênese e inibição da secreção de insulina) e do lactato sérico. Também pode provocar hipopotassemia e aumento dos níveis de ácidos graxos livres. A absorção da adrenalina, quando administrado por via SC, é lenta. Todavia, é mais rápida, quando usada por via IV ou IM. A sua metabolização é hepática, sendo que sua vida média é de aproximadamente 3min. Indicações Estados de choque que não respondem às outras catecolaminas menos potentes, em particular no choque cardiogênico, quando de uso combinado com agentes redutores da pós-carga. Broncoespasmos severos Anafilaxia RCP Doses É disponível numa variedade de formulações para as diferentes indicações clínicas e vias de administração. A droga é instável em solução alcalina e é oxidada quando exposta ao ar ou à luz. A sua apresentação mais comumente encontrada são ampolas de 1 ml com 1 mg da droga (1:1000). Utilizam-se cinco ampolas em 250 ml de SG 5%. Durante a RCP, as doses padronizadas são de 0,5 a 1 mg puras ou diluídas, repetidas a cada 3 a 5 min. Cuidados Deve ser administrada com o auxílio de bombas de infusão, preferivelmente através de uma veia central, uma vez que o extravasamento pode provocar lesões cutâneas. Efeitos colaterais: tremores, ansiedade, tensão, cefaléia, vertigem, cefaléia, dificuldade respiratória, hipertensão grave, hemorragia cerebral, arritmias e angina. Não catecolaminas Vasopressina ( Arginina de vasopressina - AVP) Indicação Tratamento da D. insípidos sangramento digestivo, distúrbios plaquetários, PCR, e choque séptico refratário. Posologia , modo de preparo e administração. Limitada a 0,01 a 0,04 U/min. Ampola de 0,5;1;10 ml com 20 U/ml. Padronizada uma ampolas de ( 20 U) em 250 ml de SG 5% . Via endovenosa em BIC de preferência. Risco de isquemia coronária, esplâncnia, DC. 5 – Nitroprussiato de Sódio (Nipride ®) Vasodilatador misto, com efeitos sobre artérias e veias. Age diretamente na musculatura lisa, vascular. Não apresenta efeito direto sobre as fibras musculares cardíacas, sendo seu incremento no DC devido à ação vasodilatadora. Promove uma redução no consumo de O2 do miocárdio, da resistência vascular periférica e pulmonar, da PA e pouca alteração da FC. É rapidamente metabolizada e convertida em tiocianato no fígado e este oxidado a cianeto nos eritrócitos. Outro metabólito ativo da droga é o óxido nítrico. Indicações Emergências hipertensivas Estados de choque Doses Infusão endovenosa contínua. As doses são variáveis, dependentes da idade do paciente e do grau de hipotensão desejada. A duração da terapêutica não deve exceder 3 a 4 dias. Dispõe-se de ampolas com 50 mg da droga, normalmente diluídas em 2ml de solvente e adicionadas a 250 ml de SG 5%. Como existe uma sensibilidade da substância à luz, proteger o frasco, assim como o equipo com material opaco. Efeitos Colaterais As intoxicações pelo cianeto e tiocianato podem ocorrer com doses acima de 5 μg/kg/min por tempo prolongado. Parece que a toxicidade é proporcional à velocidade de infusão e não à quantidade total administrada. Cianeto: acidose metabólica. Tiocianato: náuseas, fraqueza, espasmos musculares, confusão mental, taquicardia, diarréia. 6 – Nitroglicerina (Tridil) Dilata principalmente as veias, e em doses mais elevadas também dilata as artérias. É a droga de escolha na isquemia do miocárdio, pois reduz o consumo de O2, além de ser utilizada também na IC e nas emergências hipertensivas. Pode ser administrada por várias vias: IV, SL, tópico, oral. Apresentação de ampola com 50 mg em 5 ml. Diluição: 1 ampola diluída em 250 ml de SG 5% ou SF Efeitos colaterais: rubor, cefaléia pulsátil, hipotensão e taquicardia. Bloqueadores de Canais de Cálcio São antagonistas do cálcio. a automaticidade do nó sinusal e a condução do NAV, resultando em uma FC e em uma da contratilidade. Esses efeitos diminuem a carga de trabalho do coração. Também relaxam os vasos sanguíneos, provocando uma diminuição na PA. Ex: verapamil (cordilat), diltiazem (balcor) Bloqueadores β-Adrenérgicos Bloqueiam a estimulação simpática beta-adrenérgica para o coração. O resultado é uma na FC, na contratilidade, na condução e na PA. Esses efeitos estabelecem um equilíbrio mais favorável entre as necessidades miocárdicas de O2 e a quantidade de O2 disponível. Efeitos colaterais: hipotensão, bradicardia, ICC descompensada. Ex: propranolol (inderal), atenolol
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